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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ITAJUBÁ – FEPI Curso de Fisioterapia ANA HELOÍSA QUIRINO MARQUES DA SILVA BIANCA APARECIDA COLI LÍVIA DE MELO MACIEL MARIANA BORSATO BATISTA VENTOSATERAPIA NAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES: Atividades Acadêmicas de Extensão Itajubá 2024 ANA HELOÍSA QUIRINO MARQUES DA SILVA BIANCA APARECIDA COLI LÍVIA DE MELO MACIEL MARIANA BORSATO BATISTA VENTOSATERAPIA NAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES: Atividades Acadêmicas de Extensão Trabalho apresentado à disciplina de Atividades Acadêmicas de Extensão do curso de Fisioterapia do Centro Uni-versitário de Itajubá – FEPI como requisito parcial para obtenção de nota do 1º bimestre. Orientadora: Profª Marta Maria Delfino Soares Pinto Itajubá 2024 1 INTRODUÇÃO Há mais de 4 mil anos os chineses faziam o uso da ventosaterapia em busca de cura e alívio da dor e realizam até os dias de hoje. Atualmente, a técnica foi aperfeiçoada pela Medicina Tradicional Chinesa, que se fundamenta nos princípios da filosofia taoísta – equilíbrio da energia vital, exercida com copo de vidro, silicone, bambu ou acrílico. Acredita-se que o desequilíbrio do Qi é a causa de muitas doenças e que a aplicação de ventosas pode restaurar o fluxo energético adequado, promovendo a saúde e o bem-estar (SANTOS, 2020). Segundo Oliveira, Silva e Pereira (2018), a técnica consiste na aplicação dos copos sobre a pele em pontos de acupuntura ou na musculatura tensionada ocasionando sucção mediante a uma pressão negativa realizada pela bomba de vácuo, podendo ser realizado por meio de técnicas distintas, sendo estática ou pontual com o objetivo de ativar a circulação sanguínea, linfática, fluidos corporais de forma sistêmica e local e ainda mobilizar tecidos e liberar as toxinas acumuladas no corpo. O procedimento com ventosa vem ganhando popularidade, por ser uma técnica nada invasível, de simples execução, custo mínimo e ótimos benefícios (TORRES; JUNIOR, 2023). Portanto, neste projeto vamos abordar sobre a aplicação da prática de ventosaterapia em cuidadores de idosos. Sequeira (2010) declara que os cuidadores de idosos apresentam regularmente dores musculares, cansaço, alterações de sono, tristeza, tensão nervosa e irritabilidade. Marques, Teixeira e Souza (2012) concordam com o autor acima, e acrescentam que esses profissionais apresentam várias limitações físicas, dores nas costas e piora dentro do quadro ortopédico. Essa técnica, pode ser utilizada para tratar diversas doenças, como distúrbios reumatológicos, neurológicos, vasculares e dermatológicos (OLIVEIRA, M.; SILVA, A.; PEREIRA, 2018). Estudos recentes têm demonstrado que a ventosaterapia também pode modular a resposta inflamatória, promovendo a regulação do sistema imunológico e aliviando sintomas relacionados a condições crônicas como, dores musculoesqueléticas e fibromialgia (SILVEIRA; PEREIRA; CHAVES, 2019). De acordo com Santos, Melo e Alves (2020), a ventosaterapia também tem ação sobre o estresse, o procedimento estimula uma sensação de conforto e vitalidade, pois, a energia vital flui sobre o corpo. 2 OBJETIVOS Esse projeto tem como objetivo apresentar e aplicar a ventosaterapia nos cuidadores informais de idosos, visando o relaxamento muscular, a promoção de analgesia, o trabalho e a melhora do bem-estar desses cuidadores. 3 REFERENCIAL TEÓRICO A prática da Ventosaterapia é comumente conhecida e empregada em vários países ocidentais, incluindo a Europa, os Estados Unidos e os países árabes. Sendo um método antigo de cura, tem sido utilizado para diversos fins, envolvendo, principalmente, dores, como lombalgia, cervicalgia, fibromialgia e outras condições (CHOI et al.,2021). Consiste em uma prática promissora referente ao tratamento e também ao controle da dor crônica, pois há diminuição significativa da intensidade da dor (MOURA et al., 2018). Como forma de medicina alternativa para abordar diversas questões, a Ventosaterapia é um método antigo e de importância significativa que foi criado por volta de 8.000 a. C. (SAMPAIO, 2002). É realizada por meio da fixação de copos de vidro ou de acrílico sobre a pele com auxílio da pistola de sucção (Figura 1), causando uma pressão e, consequentemente, um vácuo entre a pele e o copo (CUNHA, 2012). Figura 1 – Aplicação dos copos com pistola de sucção Fonte: Eliziane Bach, 2021. Segundo, Cunha et al., (2011), a dor crônica é um problema sério que compromete a qualidade de vida das pessoas, estima-se que cerca de 100 milhões de indivíduos sofrem com essa condição. Diante disso, a procura por tratamentos alternativos ou complementares como a ventosa vem aumentando e ganhando espaço a cada dia, uma vez que se trata de um tratamento não agressivo, fácil de realizar, com um custo financeiro acessível e que traz inúmeros benefícios (CONCER et al,. 2021) De acordo com Moura et al., (2018), as tensões musculares, ligadas a dores crônicas, causam alterações físicas e psicológicas, aumentando, assim, a procura e o uso de medicamentos para inibição da dor. A procura por alternativas contribuintes na diminuição das dores proporciona uma maior busca por tratamentos não medicamentosos, como massagens e ventosaterapia, uma vez que suas aplicações reduzem de forma considerável a dor muscular e os pontos de tensão. Além de ajudar nas trocas gasosas e equilibrar o pH do sangue, a ventosaterapia é também utilizada como uma forma massageadora, com aplicação de óleos, os quais facilitam seu deslizamento proporcionando o descongestionamento dos bloqueios causados pelos nódulos rígidos no local da dor e ativam a circulação sanguínea (CUNHA, 2012). Dentre os benefícios dessa técnica, pode-se citar o aumento da produção de líquido sinovial, melhor vascularização, alívio das dores e contraturas musculares, dissolução dos nódulos e relaxamento (PINHEIRO, 2019). Além desses citados, tem-se também a regulação das funções das terminações nervosas, a capacidade de aumentar a resistência imunológica, a desintoxicação dos tecidos e a promoção da flexibilidade dos vasos sanguíneos (OLIVEIRA, et al., 2018). Gua Sha, água, fogo, agulhas, moxa, ervas, medicamentos e até mesmo sangria, uma técnica molhada com um pequeno sangramento expelido da pele para dentro do copo, podem ser algumas técnicas conjuntas combinadas à aplicação da ventosaterapia. A estimulação de pontos acupunturais e de escavação, parte do mecanismo de ação da ventosa, ativa o sistema imunológico pela teoria da imunomodulação, realizando uma modulação celular pela sucção da pressão atmosférica. Além disso, o mecanismo de controle da dor inibe o estímulo nociceptivo do local aplicado (SANTOS, 2020). Entre seus objetivos, os efeitos gerais do uso dessa técnica, descritos na literatura, incluem a desintoxicação do sangue com a liberação de toxinas diante o aumento do diâmetro dos vasos sanguíneos, a promoção de analgesia em razão do aumento do limiar de dor, o relaxamento muscular, a eliminação de pontos gatilhos, a manutenção da flexibilidade e a melhora dos fluidos sinoviais (Figura 2). Por outro lado, alguns efeitos colaterais podem ser observados: formação de bolhas, hiperpigmentação, pequenos hematomas, prurido ou dor local da aplicação, dependente do tipo de ventosa aplicado e não sendo, na maioria das vezes, grave em razão de sua segurança (SANTOS, 2020). Figura 2 – Áreas de correspondência de tratamento da ventosaterapia e coluna vertebral Fonte: BH Acupuntura & Saúde Atualmente, com diversas implicações sobre as políticas sociais, um dos maiores desafios enfrentados pela saúde pública contemporânea é o envelhecimento. Envelhecendo de forma rápida e intensa, o Brasil já conta com mais de 14,5 milhões de idosos, o que resulta, consequentemente, em um maior número de cuidadores, visto que esses idosos dependem, cada vez mais, de cuidados especiais. Contudo, o papel de cuidador ainda não é reconhecido no sistema de saúde no Brasil (AREOSA, 2014). Diante da precariedade frente aos cuidados com os idosos, oolhar para seus cuidadores também se torna carente de atenção. De acordo com a Constituição Brasileira de 1988, o suporte ao idoso deve ser, primeiramente, familiar, seguido da sociedade e, por último, do Estado, sendo de preferência em seu domicílio (AREOSA, 2014). Definido como o responsável por cuidar de uma pessoa doente ou dependente e facilitar suas atividades diárias, acompanhando-o junto aos serviços de saúde ou outros requisitos de seu cotidiano, o cuidador de idosos pode experimentar situações desgastantes e de sobrecarga ao assumir e realizar tal tarefa (Ministério da Saúde, 1999; Ministério do Trabalho e Emprego/Secretaria de Políticas Públicas e de Emprego, 2002). A busca pela promoção da autonomia e independência do idoso leva o cuidador a exigir dedicação exclusiva e praticamente integral, levando-o a assumir novas dinâmicas de vida baseadas nas necessidades da pessoa cuidada. Normalmente, é uma tarefa cansativa e desgastante, visto que o cuidador passa a desenvolver atividades que, antes, eram de natureza pessoal e realizadas de maneira independente e autônoma pelo idoso (ARAUJO, et al., 2013). A necessidade de estruturação e formação de uma equipe multidisciplinar qualificada e com um vasto conhecimento gerontológico e geriátrico é indispensável, buscando melhora na qualidade de vida dos idosos e, também, de seus cuidadores (GARBIN, 2010). A sobrecarga vivenciada pelos cuidadores pode gerar desenvolvimento de sintomas psiquiátricos, fadiga, uso de medicamentos psicotrópicos, além da falta de condições para cuidar do idoso em razão do prejuízo de sua própria saúde. Dores mecânicas no aparelho locomotor, dores de cabeça tensionais, fadiga e fadiga crônica, alterações no ciclo sono-vigília, depressão, ansiedade e insônia podem ser alguns dos sintomas vivenciados e expressados pela via de desconforto emocional (MARQUES, et al., 2006; SCAZUFCA, et al., 2002). Em razão do cuidador estar diretamente relacionado com as diferentes mudanças dos estados físico e emocional do idoso, a ventosaterapia pode auxiliar na melhora dos desequilíbrios físicos ou emocionais causados pelo excesso de trabalho, cansaço e sobrecarga de sua profissão, atuando de acordo com os objetivos e benefícios apresentados no decorrer deste texto (GNATTA, J. R., 2011). 4 METODOLOGIA Este projeto baseia-se em uma revisão bibliográfica, no qual foram utilizadas as bases de dados: SCIELO (Scientific Electronic Library Online), Puc Goiás (Pontifícia Universidade Católica de Goiás), livros e artigos, utilizando como critério de inclusão dados significativos entre os anos 2010 a 2024 e o idioma em Português, excluindo certos estudos datados anteriormente, que se destacam pela sua importância no contexto dos efeitos e preceitos históricos relacionados ao tema, em um período de busca no mês de Abril de 2024. Os descritores utilizados foram: Ventosaterapia; Cuidadores de Família; Promoção do Bem-Estar; Práticas de Saúde Integrativas e Complementares. 5 RESULTADOS ESPERADOS O presente Projeto de Extensão trará contribuições quanto à utilização da técnica Ventosaterapia para redução do quadro álgico tanto articular quanto muscular, melhora da circulação sanguínea e até mesmo aumento da resistência do organismo nos profissionais da área da saúde, especificamente cuidadores de idosos. Espera-se com a presente prática comprovar que a utilização das ventosas pode intensificar os efeitos analgésicos e promover uma melhor resolução de quadros álgicos nos cuidadores de idosos. Esta prática também pode acrescentar à sociedade sendo, no caso, especificamente estudantil, o conhecimento do tratamento da Ventosaterapia, a qual são contribuições demonstrativas na prática, a intervenção para alívio da dor lombar e demais benefícios prévios. Espera-se ainda ser útil não só para os cuidadores, mas para a sociedade como um todo, uma vez que, devido as suas atividades de vida diária e atividade de vida profissional, aliados às más posturas ao sentar, dirigir, entre outros, tem-se o desencadeamento de sensações de dores e desconfortos. REFERÊNCIAS ARAUJO, J. S., et al. Perfil dos cuidadores e as dificuldades enfrentadas no cuidado ao idoso, em Ananindeua, PA. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. v. 16, n. 1, p. 149-158. 2013. AREOSA, S.V. C., et al. Cuidar de si e do outro: estudo sobre os cuidadores de idosos. Psicologia, Saúde & Doenças. v. 15, n. 2, p. 482-494. 2014. CHOI, T. Y.; ANG, L.; KU, B.; JUN, J. H.; LEE, M. S.; Evidence Map of Cupping Therapy. Journal Clinical Medicine.1 vol. 10, ed. 8, 2021. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33920643/. Acesso em: 25 abr 2024. GARBIN, C. A. S., et al. O envelhecimento na perspectiva do cuidador de idosos. Ciência & Saúde Coletiva. v. 15, n. 6, p. 2941-2948. 2010. GNATTA, J. 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