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Kant - Agradável

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amizade 15
ção, como não sendo sensível nem racional, nem exigindo a presença de objeto ou con-
ceito.
Para explorar a fundo o contraste entre agradável e bom, Kant exagera as caracte-
rísticas infelizes do primeiro. Toma desnecessário ou supérfluo umjuízo e gratifica o de-
sejo; e, como mero prazer, oferece um deleite "patologicamente condicionado (por
estímulos)" (§5). Pior ainda, é um fator significativo "até com animais irracionais", um
"sentimento privado" essencialmente associa!. Essa forma de argumentação foi usada
como exemplo dos efeitos deletérios sobre a análise filosófica do pensamento expresso
em função de dicotomias. De fato, alguns autores vêem o procedimento de Kant como
partícipe numa série de formulações dicotômicas herdadas que caracterizam a filosofia
ocidental, dicotomias que, entre outras coisas, privilegiam a razão em detrimento do cor-
po, o masculino sobre o feminino, o europeu sobre o não-europeu (ver lrigaray, 1974 e
1984). Contudo, o procedimento de Kant pode ser defendido como a descoberta de for-
mulações filosóficas alternativas através da repetição de oposições culturalmente recebi-
das (ver Caygill, 1989).
~adav~ [Angenehm] ver também AFETO; BELEZA; COMPLACÊNCIA; ESTÉTICA;
GOSTO-;PRAZER; SENTIMENTO
De um grupo de vocábulos presentes na estética e filosofia prática de Kant, "agradável" é
usado para descrever o sentimento de prazer. Apresenta-se como um termo numa oposi-
ção histórica que Kant repete a fim de definir a sua própria posição. Associa-o aos es-
critos da escola britânica do "senso moral", que ele contrasta com a escola racional-per-
feccionista alemã de Christian Wolff e seus seguidores. Em FMC, o sentimento do agra-
dável "só influenciá subjetivamente a vontade por intermédio da sensação" (FMC pA13,
p.24) e é o oposto da determinação racional ,pura da vontade proposta pelos wolffianos.
Kant situa-se entre os dois argumentos ao desenvolver c conceito de um imperativo, o
qual tem características subjetivas e objetivis.
Uma forma análoga de argumentação é adotada ,emCJ §§3-7, onde o contraste en-
tre o agradável (isto é, a teoria britânica do "gosto") e:'obom (ou seja, a teoria alemã de
"'estefica") é usado para ressaltar a terceira posição do ~róprio Kant. O agradável, o bom
e o belo são espécies do gênero "12razer"*;cada uma constitui uma "modificação do sen-
timento de prazer e desprazer", assim como uma relação de uma representação com o seu
üOjetO( CJ 93). Mas o prazer no agradável consiste em que os "sentidos encontram prazer
na sensação" (§3) ou no seritimento de prazer evocado pela resença de_um objeto de
sensa ão. nversamente, o bom ~nvolve a llresença de um conceito de entendimento. A
noção de Kant da natureza do prazer no belo é definida negativamente contra essa oposi-

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