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d) III. 52 - (UEG GO) Poucos temas da história brasileira têm sido tão discutidos e investigados como a escravidão. Um dos assuntos de destaque é a existência de uma “brecha camponesa”, defendida por autores que destacam a importância do setor dedicado ao mercado interno na economia brasileira. FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2010, p. 125. (Adaptado). A “brecha camponesa” que existiu no tempo da escravidão era formada pelos a) escravos das monoculturas de cana e café que tiveram permissão de trabalhar em pequenas porções de terras, produzindo para a subsistência e para o mercado. b) imigrantes europeus, sobretudo italianos, que vieram para o Brasil trabalhar como pequenos camponeses nas fazendas de café. c) quilombolas que, por meio da produção coletiva, abasteceram as principais cidades do Império com a produção de alimentos. d) indígenas que, sob a proteção das leis indigenistas do Império, recebiam pequenos lotes individuais para a produção agropecuária. 53 - (UFPR) “(...) a aldeia é um espaço escolhido e organizado pelo próprio índio, e ‘o aldeamento é resultado de uma política feita por vontade dos europeus para concentrar comunidades indígenas’." (Aldeias que não estão no mapa. Entrevista com a Profa. Dra. Nanci Vieira de Oliveira por Maria Alice Cruz. Jornal da Unicamp. 197, novembro de 2002, p.5.). A afirmação acima refere-se aos aldeamentos missionários e às transformações que eles trouxeram à vida dos indígenas no período colonial da América portuguesa. Os objetivos das missões jesuíticas eram a) a catequese e a escravidão dos indígenas como mão-de-obra para a monocultura, o que implicou para os índios a mestiçagem com os escravos negros e a modificação de sistema de trabalho e organização social. b) a aculturação, a conversão religiosa e a escravização dos indígenas para extração do pau-brasil, o que implicou para os índios a mestiçagem com os brancos europeus e a modificação da sua organização social. c) a catequese, o isolamento político e cultural dos jesuítas e o controle das áreas de fronteiras com as colônias espanholas, o que implicou para os índios uma grande mortalidade por conta dos confrontos com os espanhóis. d) a aculturação e a proteção dos indígenas perante os bandeirantes, o que implicou para os índios a conversão religiosa e a formação de clérigos e de noviças para a Companhia de Jesus. e) a catequese, a proteção dos indígenas e a assimilação dos nativos ao sistema colonial, o que implicou para os índios a modificação de hábitos, crenças religiosas, sistema de trabalho e organização habitacional. 54 - (UniCESUMAR SP) A resistência negra à escravidão, durante o período colonial brasileiro, incluiu a a) aceitação passiva do trabalho nas lavouras de cana, para evitar castigos físicos e aprisionamentos. b) a organização de embarques regulares e clandestinos em navios mercantes, para retornar à África. c) rejeição de atividades na pecuária ou na mineração, para evitar deslocamentos e perda de contato com a família. d) colaboração com senhores de engenho e bandeirantes, na caça a escravos foragidos. e) prática secreta ou disfarçada de religiões de origem africana, no esforço de preservar crenças e tradições. 55 - (UEPA) Chefes indígenas de povos situados no que hoje corresponde aos litorais sul do Rio de Janeiro e norte de São Paulo promoveram entre 1554 e 1567 a mobilização que ficou conhecida como Confederação dos Tamoios. Os vários povos tupinambá reuniram-se em torno de seus chefes anciãos (“Tamuya”) e promoveram um levante contra a escravidão e as violências promovidas pelos colonizadores portugueses. O ponto de partida da revolta foi a aliança selada entre portugueses e índios guaianazes para a escravização das populações tupinambá. Esta estratégia de colonização: a) permitiu a cooptação de lideranças indígenas, inclusive entre os tupinambá, o que impediu a criação da confederação. b) era ineficiente dada a intervenção de outras potências europeias, como no caso dos franceses, que incentivaram a união dos tupinambá. c) foi mal sucedida em função da unidade política e territorial dos povos tupinambá, que facilitou a defesa contra as investidas portuguesas. d) assemelhava-se àquela adotada na África desde o século XV, de promoção de guerras entre os nativos para facilitar a aquisição de escravos. e) abriu espaço para a criação de alianças políticas entre povos indígenas, resultando na formação de estruturas governamentais unificadas. 56 - (UNCISAL AL) Durante o período colonial, a escravidão indígena não foi questionada, mas o que se discutia eram quais índios deveriam ser escravizados e em que circunstâncias. [...] Neste sentido, leis sucessivas foram editadas, permitindo a apropriação dos indígenas. [...] Os cativeiros referiam-se aos índios apresados nas "guerras justas". Os índios capturados nesse contexto se tornavam escravos por toda a vida. JESUS, Nauk Maria de. A guerra justa contra os Payaguá (1ª metade do século XVIII). História em Reflexão: Revista Eletrônica de História, Dourados v. 1, n. 2, p. 1-17, jul./dez., 2007 No Brasil colonial a guerra justa era entendida como a) aquela em que havia equilíbrio entre os dois lados do conflito, podendo a vitória pertencer a qualquer um dos contendores. começando da periferia procurava rumos opostos. Nas terras auríferas a ocorrência irregular dos minérios trouxe primitivamente a desconexão dos núcleos, mais tarde corrigida onde foi possível. A maioria constava de mestiços; a mestiçagem variava de com- posição conforme as localidades. Na Amazônia prevalecia o elemento indígena, abundavam mamalucos, rareavam os mulatos. Na zona pasto- ril existiam poucos negros e foram assimilados muitos índios. À beira- mar e nas comarcas dos metais sobressaía o negro, com todos os deri- vados deste radical. Ao sul dos trópicos elevava-se a porcentagem dos brancos. Das três raças irredutíveis, oriunda cada qual de um continente e compelidas à convivência forçada, eram os africanos a que maior número de representantes puros possuía, em conseqüência das levas anualmente fornecidas pelo tráfico dos negreiros. Na baixada amazônica o predomínio da água e o da mata re- stringiam as ocupações agrícola e pastoril. Lavoura existia apenas nas proximidades dos povoados maiores, limitada à cana, ao café, a poucos cereais e à mandioca: esta desfazia-se em farinha-d’água, mais resistente à umidade; o tucupi ou manipuera dava um molho apreciado; cru servia também para apanhar aves. O gado vacum criado na ilha do Marajó, perto do Paru, em Óbidos, no Tapajós, nos campos do rio Branco, não chegava para o consumo interno. De gado cavalar ainda menos se curava: as embarcações, desde a montaria, verdadeira sucedânea do cavalo, como o nome está indicando, até as grandes canoas, arqueando centenas de arrobas, e durante parte do ano impelidas rio arriba pelos ventos gerais, eram o quase exclusivo meio de transporte. O povo alimentava-se de peixe, fresco, pegado diariamente pelos múltiplos e engenhosos processos recebidos dos indígenas, ou salgado, como pirarucu, a tainha e o peixe-boi; de tartaruga, mais abundante à medida que se caminhava para oeste, ou porque assim estivesse distribuída originariamente, ou por se não ter adiantado tanto por aquelas bandas a obra de devastação. Verdadeira vaca amazônica, gado do rio como a chamavam podia-se guardar às centenas em currais, e fornecia manteiga; a gema do ovo de uma espécie tomava-se com café, como leite. Sua manteiga, além de condimento usual, fornecia iluminação; o casco, sem brilho e por isso imprestável para obras delicadas, empregava-se como vasilha. 200 J. Capistrano de Abreu A extração de produtos florestais, cacau, salsa, piaçaba, cravo, ocu- pava a maioria da população masculina em certas quadras do ano, mar- cadaspelas enchentes e vazantes do rio-mar, durante as quais as aldeias ficam reduzidas a velhos, meninos e mulheres. Estas fabricavam louça, pintavam coités, não raro reveladoras de talento artístico, fiavam e teciam. A seringueira, já conhecida e utilizada, entrava apenas no fabrico de objetos caseiros, como o que lhe deu o nome, ou no tornar imper- meáveis botas e tecidos. Nem de longe se poderia ainda prever a im- portância que lhe adveio depois de descobertos os modernos processos de manipulação. "Nenhuns cuidados parecem ter comumente no estado", escrevia Fr. João de São José em tempo de Pombal, e continuava a ser verdade: "havendo rede, farinha e cachimbo, está em termos. A frugalidade da mesa pode passar se fosse coerente a de beber; e quanto ao mais é ex- pressão vulgar a da seguinte endecha ou trova: Vida do Pará, Vida de descanso. Comer de arremesso, Dormir de balanço." Da bacia amazônica passando à zona pastoril, notava-se logo a falta de mata e a escassez de água. A mata aparece apenas às margens das correntes mais caudalosas, em algumas baixadas úmidas, em serras elevadas de mil metros mais ou menos de altitude. A água, excetuando alguns rios permanentes, limitava-se a ipueiras, olhos-d’água, poços naturais, mais ou menos grandes e constantes; fora destes casos tem-se de procurá-la no seio da terra, operação fácil nos álveos secos, em ou- tros casos empresa árdua e até frustrânea. Em geral não prima quanto ao gosto, em conseqüência da salinidade dos terrenos que a filtram. O caráter salino do solo, a abundância de pastos suculentos, os campos mi- mosos e agrestes, determinaram a multiplicação do gado vacum. Vivia solto o maior do tempo. Na época da parição, as vacas eram recolhidas ao curral, por causa dos cuidados exigidos pelo bezerro, e também do leite, e mais tarde do queijo e do requeijão; pouco valia a manteiga, se merece este nome o esquisito produto guardado em botijas, que se aquecia para extrair o conteúdo. Capítulos de História Colonial 201 O gado não se prendia ao descampado; internava-se pelas caatingas e amontoava. O vaqueiro corria-lhe ao encalço, e com uma vara de fer- rão em alguns pontos, em outros pela simples apreensão do rabo, dei- tava a rês em terra e subjugava-a. "Quando o vaqueiro se aproxima o boi foge para o mato mais próximo", informa Koster; "segue-o o homem tão de perto quanto possível a fim de aproveitar a aberta que o animal faz apartando os galhos, os quais se aproximam logo depois e re- tomam sua posição antiga. Algumas vezes o boi passa sob o grosso e baixo galho de uma árvore grande; o cavaleiro passa igualmente por baixo do galho; para consegui-lo inclina-se tanto à direita que pode agar- rar a cilha com a mão esquerda; ao mesmo tempo prende-se com o cal - canhar esquerdo à aba da sela; nesta posição, roçando quase em terra, de aguilhada em punho segue sem diminuir a andadura, endireitando-se no- vamente no assento desde que transpôs o obstáculo. Se pode alcançar o boi, mete-lhe o aguilhão na anca e, fazendo-o com jeito, derriba-o. Apeia então, liga as pernas do animal, ou passa-lhe uma das mãos por cima dos chifres, o que o segura do modo mais eficaz. Estes homens re- cebem muitas vezes ferimentos, mas raro é que ocasionem mortes." A tradição popular celebrou alguns dos barbatões mais famosos, como o boi Espaço (espaço, isto é, de chifres espaçados, não espácio, como José de Alencar escreveu e outros têm repetido), o Surubim, o Rabicho da Geralda. Na boca deste uma poesia publicada por Sílvio Romero põe as seguintes quadras: Foi uma carreira feita Para a serra da Chapada, Quando eu cuidei era tarde, Tinha o cabra na rabada. Tinha adiante um pau caído Na descida de um riacho, O cabra passou por riba, O ruço passou por baixo. Apertei mais a carreira Fui passar no boqueirão, O ruço rolou no fundo, O cabra pulou no chão. 202 J. Capistrano de Abreu