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GUSTAVO CEDRO SOUZA LAÍS FERNANDA CORREIA PIMENTEL YELLOWBOOK PROCEDIMENTOS 2022 © Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos à Editora Sanar Ltda. pela Lei nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou qualquer parte deste livro, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, gravação, fotocópia ou outros), essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem como às suas características gráficas, sem permissão expressa da Editora. título: Yellowbook Procedimentos editor: Fernanda Fernandes, Guilherme Melo projeto gráfico: Bruno Brum capa: Bruno Brum diagramação: Igor Esquivel, Editorando Biro, Gustavo Cedro, Laís Pimentel, Marconi Cedro copidesque: Lindsay Viola conselho editorial: Caio Vinicius Menezes Nunes, Paulo Costa Lima, Sandra de Quadros Uzêda, Silvio José Albergaria Da Silva ilustrador: Igor Esquivel Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Pedro Anizio Gomes CRB-8 8846 Tuxped Serviços Editoriais (São Paulo-SP) C389y Cedro, Gustavo; Fernanda, Laís. Yellowbook procedimentos / Gustavo Cedro e Laís Fernanda. – 1. ed. – Salvador, BA : Editora Sanar, 2022. 416 p.; il.; 17 x 24 cm. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-5462-322-7. 1. Clínicos. 2. Medicina. 3. Procedimentos. I. Título. II. Assunto. III. Autores. CDD 610 CDU 61 ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO 1. Medicina. 2. Medicina / Saúde. YELLOWBOOK PROCEDIMENTOS CEDRO, Gustavo; FERNANDA, Laís. Yellowbook procedimentos. 1. ed. Salvador, BA: Editora Sanar, 2022. 235 28. ACESSO VENOSO CENTRAL MATERIAIS NECESSÁRIOS Luva estéril Capote estéril Máscara Protetor ocular Lidocaína 1% Degermante (solução de iodopovidona ou clorexidina degermante) Campo estéril Fio-guia Dilatador Bisturi + Lâmina Cateter Seringa 10 mL Agulha (18 ou 20G, 2,5 cm para aspirar o anestésico do frasco; 25 ou 27G, 3,8 cm para aplicar o anestésico) Material de sutura Gaze estéril Laís Fernanda Correia Pimentel Gustavo Cedro Souza Marconi Moreno Cedro Souza Fonte: Banco de Imagens Sanar. 236 ACESSO VENOSO CENTRAL VEIA JUGULAR INTERNA Coloque o paciente em decúbito dorsal em posição de Trendelenburg. A face do paciente deve estar voltada de 30º a 45º para o lado oposto ao da punção. Limpeza da pele no local do acesso: usar solução de iodopovidona ou de clorexidina. Isolar área com campo estéril. Fo nt e: B an co d e Im ag en s S an ar . Independentemente do local de escolha, é sempre recomendável realizar a limpeza no local de acesso da veia jugular interna e veia subclávia, em caso de falha na primeira escolha. Identificar a linha que vai do processo mastoide até a inserção esternal do músculo esternocleidomastoideo. Localizar o ápice do triângulo de Sedillot formado lateralmente pelas porções esternal e clavicular do ECM, tendo a clavícula como base. Palpar a pulsação da artéria carótida (medial ao bordo interno do ECM). Identificar visualmente, ou por palpação, a posição da veia jugular externa para evitar punção acidental). Fonte: Banco de Imagens Sanar. Identificar o local de inserção: ápice do triângulo de Sedillot. 237 Administrar anestésico local via subcutânea e profundamente no local de inserção. Utilizar lidocaína a 1% sem epinefrina. Fonte: Daria Serdtseva/Shutterstock.com Inserir a agulha no ápice do triângulo de Sedillot, com um ângulo de 45º, apontando-a para o mamilo ipsilateral até a punção da VJI. Lembrar sempre de aspirar a agulha antes de injetar o anestésico. Penetrar lentamente a agulha enquanto se traciona levemente o êmbolo da seringa. Quando aparecer o refluxo de sangue na seringa, retirar a seringa, mantendo a agulha. Se o refluxo for pulsátil provavelmente você está na artéria! Caso não for pulsátil, provavelmente você está na veia. Passar o fio-guia pela agulha, com a orientação da ponta J medialmente. Após a passagem do fio-guia, remover a agulha. Fonte: Daria Serdtseva/Shutterstock.com 238 Passar o dilatador sobre o fio-guia usando um movimento de saca-rolhas, criando um trato maior para a colocação do cateter. Remover o dilatador, mantendo o fio-guia no local. Para facilitar a passagem do dilatador, pode-se fazer um pequeno corte na pele com o bisturi. Fo nt e: D ar ia S er dt se va /S hu tte rs to ck .co m Fo nt e: D ar ia S er dt se va /S hu tte rs to ck .co m 239 Introduzir o cateter sobre o fio-guia para dentro do vaso. Inserir o cateter sobre o fio-guia até uma profundidade predeterminada. Remover o fio-guia. Fo nt e: D ar ia S er dt se va /S hu tte rs to ck .co m Fonte: Daria Serdtseva/Shutterstock.com Conforme o cateter é avançado, o fio-guia sai da porta distal. O controle deve ser mantido tanto do cateter quanto do fio-guia ao longo deste processo. Conectar o cateter ao equipo de soro e testar sua permeabilidade. Realizar teste do refluxo de sangue do cateter. Após a colocação do cateter, o sangue deve ser aspirado de cada porta e, em seguida, cada porta deve ser lavada. Fo nt e: D ar ia S er dt se va /S hu tte rs to ck .co m 240 Suturar o cateter na pele e colocar curativo sobre o cateter. Solicitar uma radiografia de tórax. A punção pode ser supra ou infraclavicular: Supraclavicular: A agulha deve ser inserida 1 cm posterior à borda clavicular do ECM e 1 cm superior à clavícula. A agulha é pressionada 10º a 15º abaixo do plano coronal e orientada a bissectar o ângulo entre a clavícula e o esternocleidomastóideo. A agulha é avançada em direção ao mamilo contralateral. OUTROS LOCAIS DE PUNÇÃO Fonte: Daria Serdtseva/Shutterstock.com Fonte: Banco de Imagens Sanar. VEIA SUBCLÁVIA 241 Infraclavicular: A agulha é inserida 2 a 3 cm abaixo do ponto médio da clavícula (aproximadamente 1 a 2 cm lateral à curva da clavícula) e dirigida apenas posteriormente à fossa supraesternal/fúrcula. Com o bisel da agulha para cima, puncionar a pele na junção dos terços médio e proximal da clavícula. Com a agulha paralela a pele, direcionar a agulha à fúrcula esternal, inserindo-a por trás da clavícula. Aspirar a seringa continuamente durante a inserção da agulha. VEIA FEMORAL Identificar o local de inserção: aproximadamente 1,5 cm medial ao pulso femoral e aproximadamente 1,5 cm abaixo do ligamento inguinal. A veia femoral fica, em geral, diretamente medial à artéria femoral (nervo, artéria, veia, espaço vazio, linfáticos). Puncionar a pele com o bisel da agulha para cima paralelamente a pele e direcionar a agulha para a cabeça do paciente. Manter palpação do pulso da artéria femoral durante todo processo. Fonte: Banco de Imagens Sanar. Fo nt e: B an co d e Im ag en s S an ar . 242 INDICAÇÕES Acesso venoso periférico inadequado. Administração de medicamentos nocivos: como vasopressores, quimioterapia e nutrição parenteral, pois podem causar infla- mação das veias (flebite) quando administrados por meio de um cateter intravenoso periférico. Monitorização hemodinâmica: permite a medição da pressão venosa central, saturação da oxi-hemoglobina venosa (ScvO2) e parâmetros cardíacos (via cateter de artéria pulmonar). Terapias extracorpóreas: o acesso venoso de grande calibre é necessário para suportar o fluxo de alto volume necessário para muitas terapias extracorpóreas, incluindo hemodiálise, terapia de subs- tituição renal contínua e plasmaférese. Estimulação cardíaca transvenosa. Colocação do filtro de veia cava inferior. Terapia trombolítica venosa. Implante de stent venoso. CONTRAINDICAÇÕES CONTRAINDICAÇÕES RELATIVAS Coagulopatia e trombocitopenia. Distorção anatômica. Vasculite, celulite local. Injeções prévias de agentes esclerosantes. Presença de outro dispositivo. Lesão vascular proximal ao local da inserção. Necessidade de mobilidade. Hipersensibilidade antibiótica (se estiver usando cateteresimpregnados com antibiótico). 243 COMPLICAÇÕES Pneumotórax ou hemotórax. Trombose venosa. Lesão neurológica ou arterial. Fístula arteriovenosa. Quilotórax. Infecção. Embolia gasosa. Posicionamento inadequado. Sangramento e hematoma. Arritmias. COMO FIXAR O CATETER? A fixação do cateter deve ser feita com ponto único, pois é mais simples e seguro. Uma fixação muito comum utilizada é com ponto de bailarina, o qual era feito ignorando o uso do clamp borboleta. No entanto, um problema bem frequente do uso da “fixação por bailarina” em alguns tipos de cateter é o estreitamento do lúmen semilunar pelos sucessivos nós no corpo do cateter. Fixação do cateter em ponto único: 1. Passar o fio na braçadeira do clamp borboleta. 2. Passar um ponto largo na pele. 3. Retornar o fio pela outra braçadeira e dar um nó com alças longas e sem apertar a pele. Pode-se cortar a agulha antes de dar o nó. 4. Puxe o fio cruzando sobre o cateter sem dar nó e amarre nas abas fixas do cateter. SAIBA MAIS 244 POR QUE USAR O LADO DIREITO? Principalmente nos casos de punção das veias jugular interna (VJI) e subclávia (VSC), dá-se preferência ao lado direito, pois a cúpula pleural é mais baixa (menor risco de pneumotórax, especialmente na punção de VSC), o trajeto até o átrio direito é mais retilíneo (menor possibilidade de mau posicionamento do cateter, especialmente pela VJI) e o ducto torácico desemboca na VSC à esquerda (menor risco de quilotórax). COMO DETERMINAR A PROFUNDIDADE DE INSERÇÃO DO CATETER? Recomenda-se que a ponta do cateter esteja localizada na veia cava superior, fora do pericárdio, para evitar o tamponamento cardíaco. Em relação à veia jugular interna direita, podem ser usados dois métodos para definir a profundi- dade de inserção do cateter. A primeira é a fórmula descrita por Peres: altura (cm)/10. O segundo método é feito por meio da mensuração topográfica, que é feita colocando-se o cateter naturalmente com curvatura própria sobre a pele (sem contato direto com a pele), a partir do ponto de inserção da agulha através da incisura clavicular ipsilateral, e até o ponto de inserção da segunda cartilagem costal direita com a articulação manúbrio-esternal. No entanto, o método topográfico é superior ao método de fórmula na decisão da profundi- dade de inserção dos cateteres venosos centrais (CVC) da veia jugular direita. Uma vez que a abordagem topográfica tem a vantagem de considerar a variabilidade anatômica interindividual na profundidade de inserção do CVC. Em relação à veia subclávia direita, é usada a seguinte fórmula: Comprimento previsto da inserção de cateter em VSC (cm) = −0,037 + 0,036 x Altura (cm) + 0,903 x I-T-IC (cm) I-T-IC: distância do ponto de inserção da agulha até a incisura clavicular ipsilateral, passando diretamente pela parte superior do arco da VSC. Fonte: Banco de Imagens Sanar.Fonte: Banco de Imagens Sanar. 245 COMO FAZER O CURATIVO NOS PRIMEIROS DIAS? Para fazer o curativo você deve calçar a luva de procedimentos, retirar delicada- mente o curativo anterior com uma pinça dente de rato ou luva de procedimento, observando o aspecto da inserção e da gaze retirada. Descarte o material em saco plástico, inclusive as luvas se utilizadas na remoção do curativo anterior. Calce as luvas (procedimentos se usar a pinça Kelly ou estéreis). Limpe o local de inserção do cateter com gaze embebida de solução fisiológica. Seque com gaze estéril, observando o aspecto da inserção e da pele ao redor. Passe a gaze embebida em clorexidina na inserção do cateter. Oclua com gazes esterilizadas e fixe com adesivo. Ou oclua o cateter com filme transparente, preferencialmente. QUANTO RETIRAR O CATETER? • Ao término do tratamento. • Na presença de sinais flogísticos (calor, rubor, edema, endurecimento, necrose, secreção purulenta). • Na presença de febre sem foco definido; • Na tração parcial do cateter; • Na perda do acesso venoso (edema, sangramento, hematoma, dor local, tração/ dobra do cateter). • Não substitua rotineiramente os cateteres venosos centrais apenas com o objetivo de reduzir a incidência de infecção! QUAL A ORDEM DE SÍTIOS DE INSERÇÃO PREFERENCIAIS? 1. Veia jugular interna (VJI). 2. Veia subclávia (VSC). 3. Veia femoral (VF). COMO O ULTRASSOM PODE NOS AJUDAR? Orienta a colocação do cateter durante a punção venosa, ajuda a escolher a veia mais apropriada, verifica a progressão do fio-guia e/ou do cateter no sistema venoso, descarta complicações precoces relacionadas à punção (por exemplo, pneumotórax, hematoma local), avalia a localização central da ponta e descarta complicações tardias (migração da ponta, trombose venosa relacionada ao cateter, formação de manga fibroblástica). Visualização no ultrassom: Veias = formato oval com paredes finas e mais facilmente comprimidas com leve pressão, veias geralmente se distendem com manobras que impedem ou aumentam o retorno venoso. 246 Artérias = circulares com paredes mais grossas e menos facilmente comprimidas, apresentam pulsação arterial. Passo a passo: 1º passo: assepsia e antissepsia do operador e do paciente, colocação de campos estéreis, utilização de dispositivos estéreis protegendo o transdutor (luva estéril ou dispositivo específico de transdutor, colocação de gel estéril entre a interface do trans- dutor e da superfície corpórea do paciente). Observação: a técnica pode ser realizada com dois operadores, ou seja, um posicio- nando o transdutor e o outro realizando a punção, ou um operador realizando todo o procedimento. 2º passo: posicionar a orientação do transdutor em relação às estruturas anatômicas pode ser com eixo transversal (eixo curto) ou eixo longitudinal (eixo longo). A diferen- ciação das estruturas anatômicas se faz por meio de movimentos de compressão, utilizando o transdutor. 3º passo: deve-se posicionar a veia no centro do monitor e realizar a inserção da agulha em um ângulo de 45 graus em relação ao transdutor e equidistante deste com a veia. Uma vez ultrapassado a pele no sentido transversal com a agulha, deve-se progredir a agulha em direção à parede anterior da veia, tendo como referência sua movimentação. 4º passo: após certificar de que a agulha está dentro da veia, por meio da aspiração de sangues pelo embolo, retira-se o embolo e introduz o fio pela técnica usual (Seldinger). Incidência longitudinal (modelo experimental de punção). A – utilizando transdutor linear (vascular); B – Transdutor microconvexo (setorial ecocardiograma). Fonte: Banco de Imagens Sanar. 247 Eixo tranversal (eixo curto). A – demonstrando artéria carótida direita em amarelo e veia jugular interna direita em verde; B – Sinal de colabamento de veia jugular interna com realização de compressão do transdutor (sinal de compressibilidade). Fonte: Banco de Imagens Sanar. REFERÊNCIAS 1. Alan CH, Mark PA. Overview of central venous access in adults. UpToDate, 2021[acesso em 11 nov 2021]. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/ overview-of-central-venous-access-in-adults. 2. Vinay M, Tejesh CA. Depth of insertion of right internal jugular central venous catheter: Comparison of topographic and formula methods. Saudi J Anaesth . 2016; 10 (3): 255-258. doi: 10.4103 / 1658-354X.174904- Índia 3. Yoon Ji Choi, Kyung-Don Hahm, Koo Kwon, Eun-Ho Lee, Young Jin Ro, Hong Seuk Yang. Previsão do comprimento de inserção de cateter em veia subclávia direita à beira do leito. Rev Bras Anestesiol. 2014;64 (6): 419 -424. 4. Gaynes R, Jacob JT. Intravascular catheter-related infection: Prevention. UpToDate, 2021[acesso em 5 nov 2021]. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/ intravascular-catheter-related-infection-prevention. 5. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Brasília: Anvisa: 2017. 6. Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Acesso venoso central por cateteres de curta permanência. Uberaba: Núcleo de Protocolos Assistenciais Multiprofissionaisdo HC-UFTM; 2017. 7. Alan CH, Mark PA. Placement of subclavian venous cetheters[acesso em 5 nov 2021]. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/placement-of-subclavian- venous-catheters.