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Formação de Palavras

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FORMAÇÃO DE PALAVRAS
DERIVAÇÃO:
1. Processo de formação de novos vocábulos em que se utiliza apenas um MLB, ampliado por morfemas aditivos ou afetado por reduções. As noções expressas pelos elementos que se acrescem ou se reduzem são geralmente de caráter geral, já gramaticalizadas (noções como negação, grau dimensional, avaliativo ou intensificativo, abstratização, agente, coletivo, etc.), o que lhes garante produtividade, de variados graus, na língua,. 
2. Análise das palavras derivadas por constituintes imediatos:
Assim como ocorre com os sintagmas da língua, podemos analisar as palavras derivadas em constituintes imediatos, dois a dois, ou seja, isolaremos sempre um radical e um morfema derivacional. Essa análise explicita o fato de que, quando temos mais de um afixo derivacional na palavra, cada um deles foi anexado a um radical primário, ou secundário, ou terciário, e assim por diante. Tratamos, então, um desses constituintes como nuclear (o radical) e outro periférico (o morfema derivacional). 
form-al
formal-iz
formaliz-a-r
formaliza-çã-o
3. Tipos de derivação:
3.1. Derivação por sufixação – quando se acresce morfema derivacional (MDS) em seguida ao radical. O sufixo geralmente atribui traços de uma classe de palavras ao elemento resultante do processo. 
Exs.: surf-ist-a; açougu-eir-o; form-al; atu-a-çã-o; isol-a-ment-o; cont-a-bil-iz-a-r; otim-iz-a-r; flor-e-a-r; lent-a-ment-e; inici-al-iz-a-r.
3.2. Derivação por prefixação.- quando se acresce morfema derivacional (MDP) antecedendo o radical. Geralmente se agrega a verbos e adjetivos e, normalmente, não os desloca da classe de palavras do elemento base do processo.
Exs.: in-feliz; des-dobr-a-r; co-orden-a-r; ex-pô-r; vice-re-i; sub-chef-e; super-útil; trans-port-e; infra-vermelh-o; não-viol-ê-nci-a; sem-terr-a.
OBS: Alguns autores classificam a prefixação como um caso de composição, considerando a possibilidade de ocorrência do elemento formador de palavras como forma de uso autônomo na língua (contra, entre). Considerando-se, contudo, a baixíssima ocorrência do fenômeno e o fato de essas formas serem formas dependentes, adota-se a prefixação como um processo de derivação. 
3.3. Derivação parassintética: quando ocorre adição simultânea de um prefixo e de um sufixo a um radical, de forma que a exclusão de um deles produzirá forma inaceitável na língua.
Exs.: es-clar-ec-e-r. Retirando es- teremos *clarecer; retirando –ec- , teremos *esclaro. 
OBS.: Observe que é diferente de: in-sens-at-ez, porque temos in-sens-at-o e sens-at-ez.
Caso problemático se apresenta na formação de verbos a partir da agregação simultânea de um prefixo e dos morfemas verbais a um MLB presente em outra classe de palavras. A GT geralmente considera este um caso de derivação parassintética, mas a verdade é que não se trata de anexação simultânea de prefixo e de sufixo. essas formas também sofrem a restrição citada na observação acima.
Exs.: en – gord –a – r; a – clar – a – r. 
3.4. Derivação regressiva (regressão): quando ocorre a formação de nova palavra pela retirada de elemento que se avalia, equivocadamente, como um morfema derivacional. 
Exs. clássicos: sarampão > sarampo; aceiro > aço; rosmaninho > rosmano. 
Contudo, observe-se que, nesses casos, não se forma uma nova palavra, e sim uma espécie de hipocorístico, uma outra denominação para o mesmo elemento (Caso de redução? V. abaixo).
O maior número de palavras consideradas derivadas por regressão forma substantivos a partir de verbos (vocábulos deverbais). As formas são extraídas da 1ª. ou da 3ª. pessoa do presente do indicativo (ou apenas coincidem com elas?), daí serem, geralmente, nomes de tema em –o (1ª. pessoa), em –a (3ª. pessoa da 1ª. conj.) ou em -e (3ª. pessoa das 2ª. e 3ª. conjugações).
Exs.: agitar – agito; comprar – compra; abater – abate
Mas ocorrem casos como: empatar – empate; sacar – saque. E como: ameaçar – ameaço / ameaça; gritar – grito / grita. Por isso, é mais prudente dizer-se que as vogais temáticas dos derivados por regressão não são predizíveis.
OBS: a) É mesmo um processo de derivação? Se assim for, os elementos retirados são os morfemas verbais (a VT e o MMT).
b) Por que considerar que vêm de verbos? Poderiam ser apenas um nome como todos os outros, formados pelo MLB + VT ou MLB + Sufixo?
 
Processo de identificação de nomes formados indiscutivelmente por regressão: em casos como florear > floreio, verifica-se que a forma resultante copia a 1ª. pessoa do presente do indicativo de florear.
Contudo, em muitos casos, não se pode afirmar ao certo o que veio primeiro, o verbo ou o substantivo. 
 
3.5. Derivação por abreviação (redução): pode ser confundido com formação por regressão, mas apresenta duas diferenças em relação à derivação regressiva:
1. Os elementos retirados não são sempre da mesma natureza e quase nunca podem ser confundidos com morfemas; em geral são parte aleatória do vocábulo. 
Exs.: cinema > cine; delegado > delega; hortifrutigranjeiro > hortifruti; refrigerante > refri
2. O vocábulo formado freqüentemente é sinônimo do vocábulo-base, ou seja, não há propriamente formação de novo vocábulo. Contudo, não são sempre sinônimos perfeitos, já que podem ser especializados por contexto sintático ou social.
 
3.6. Derivação por siglas – formação de palavras pelas letras iniciais de palavras sintaticamente juntas 
Ex.: PMDB, TPM, IBGE, IBOPE
3.7. Derivação por acronímia – formação de palavras a partir de sílabas ou de letras iniciais e sílabas de palavras sintaticamente juntas ou da mistura de letras iniciais e sílabas.
Ex.: GLOBOCOP, PETROBRÁS, SAMPA, UFBA.
3.8. Derivação imprópria ou conversão – não implica em acréscimo ou subtração. Consiste no uso do mesmo significante em posição sintática distinta, o que produz mudança de classe de palavras (cf. morfema de posição, proposto por Mattoso Câmara Jr.). Por isso, é fenômeno do âmbito da morfossintaxe. Algumas línguas, como o latim, devido a sua morfologia mais expandida e rica em formas, inibem mais o processo, outras, como o português, o facilitam. 
Há elementos no contexto sintático que produzem a conversão: artigos; posição; a configuração flexional (passam a receber as flexões adequadas à nova classe). Observe-se que se pode notar o grau de integração do vocábulo na nova classe, a partir da observação do seu comportamento flexional ou de sua distribuição sintática:
1. Mudança de classe a partir da anteposição de determinantes.
Exs.Qualquer classe > subst.: o/ este/ meu/ brilhante; o/este/meu/ olhar; o sim; o talvez; o porquê.
2. Mudança de classe a partir da mudança de posição sintática:
Exs.: Verbo (particípio) > adj: o menino tinha querido viajar > menino querido Subst > adj. : burro de carga > menino burro 
Várias classes > interjeição: Viva! Socorro!
Verbo (particípio) > preposição: durante, mediante
3. Adoção de características mórficas, geralmente flexionais (ganho ou perda):
Exs.: Verbo > conjunção: quer... quer 
Advérbio > conjunção: ora...ora
Adjetivo > advérbio: (falar) alto
Várias classes > nome: os saberes; os finalmentes
4. Outros processos:
a) Subst próprio > comum: quixote, gilete, bom-bril, q-boa, xerox. 
b) Subst. comum > próprio: Ribeiro.
OBS.: Basílio ressalta que a derivação imprópria pode ser analisada, não como um processo de formação de novas palavras, mas como um processo de extensão de uso e de propriedades gramaticais de itens lexicais ou gramaticais diversos.
COMPOSIÇÃO:
4. Formação de novos vocábulos por combinação de mais de um MLB, ampliado ou não por MD, o que, implica, muitas vezes, na junção de duas palavras anteriormente existentes, embora na composição possam entrar radicais que só aparecem como formas presas. O novo vocábulo receberá significação diferente da significação de cada uma das suas partes componentes e também se integrará em classe que pode ser diferente daquelas dos elementos formadores. 
Os processos de composição são mais imprevisíveis que os processos de derivação, trabalhando com noções particulares,
geralmente ainda não disponíveis por morfemas gramaticalizados na língua. Por isso, são mais coloquiais, regionais, esporádicos, em oposição à derivação, que é mais sistemática, regular, previsível.
Os processos de composição utilizam-se de estruturas sintáticas para o enriquecimento do léxico, ou seja, mecanismos que são normalmente utilizados para a formação de enunciados são usados para a denominação, função prototípica do léxico. 
Exs.: Mesa-redonda (substantico + adjetivo, um SN)
Guarda-roupa (verbo + substantivo, um SV)
A palavra formada por composição para denominar um elemento pode ser de natureza descritiva (sofá-cama; navio-escola) ou metafórica (olho-de-sogra; louva-a-deus). 
5. Tipos de composição:
5.1. Composição por justaposição – quando os termos associados conservam a sua individualidade
Ex.: passatempo, sempre-viva; música-tema; bolsa-família.
5.2. Composição por aglutinação – quando há perda ou alteração fonética de um ou de todos os elementos, e os elementos aglutinados passam a ter apenas um acento tônico. Por vezes, um dos elementos é um radical sincronicamente não utilizado.
Ex.: boquiaberto, pernalta, agricultura, vinagre, monocórdio, showmício, petrodólar, frigobar, ciclovia.
OBS: Se o processo de fusão for muito acentuado e/ou os falantes não mais reconhecerem os elementos componentes, deve-se considerar o vocábulo como primitivo, do ponto de vista sincrônico. 
Ex.: fidalgo
Uso do hífen – parcialmente motivado. Geralmente, o hífen é usado, quando:
1. Os elementos constitutivos podem ser formas livres na língua, mas o composto apresenta significação diversa do sintagma que pode ser constituído pelos mesmos elementos ou elementos equivalentes.
Ex.: mesa-redonda : mesa redonda.; segunda-feira; lobo-marinho; deus-nos-acuda; maria-vai-com-as-outras.
	
2. O composto é formado de vocábulos idênticos ou de vocábulos formados de elementos da mesma classe gramatical:
Ex.: corre-corre; assim-assim; ganha-perde; econômico-financeiro; navio-escola; quebra-quebra; corre-corre; mexe-mexe; bole-bole; 
3. O composto é um nome pátrio derivado de topônimo que se compõe de mais de um vocábulo:
Ex.: norte-americano; cabo-verdiano; belo-horizontino 
OBS: As regras de hifenização na convenção ortográfica brasileira são muito inconsistentes. Assim, há muitas exceções aos casos apresentados acima, o que nos alerta para o fato de que a utilização ou não do hífen na grafia do vocábulo não deve ser o guia para a análise do elemento como um composto. 
Processos estritamente lingüísticos de caracterização dos compostos:
1. A ordem de sucessão é rígida e não permite intercalação:
Ex.: lindo bem-te-vi / bem-te-vi lindo; *bem-lindo-te-vi / *bem-te-lindo-vi.
2. Os elementos não podem ser substituídos por sinônimos ou elementos equivalentes, nem por antônimos, o que significa que o elemento inteiro funciona como uma unidade nas relações paradigmáticas. .
Ex.: O amor-perfeito é uma flor delicada
*O amor-completo é uma flor delicada
*O carinho-perfeito é uma flor delicada
 O lírio é uma flor delicada.
3. Compostos podem apresentar configurações sintáticas anômalas. Por exemplo, substantivos, verbos, adjetivos podem aparecer juntos, sem preposições ou conjunções que os liguem:
Exs.: mestre-escola; econômico-financeiro; vaivém.
OBS.: Os elementos que formam um composto normalmente preexistem na língua como elementos sintaticamente seqüenciais.
Composições a partir de radicais presos (quase-afixos): 
Exs.: agricultura; agronegócio; agrário; agricultável; agrimensura; agrológico
sociologia; psicologia; biologia; arqueologia; cardiologia; angiologia; futurologia.
Por vezes, o processo de composição caminha para a regularização, tanto pelos significantes selecionados quanto pelo significado previsível. 
Exs.: guarda-roupa; guarda-chaves; guarda-pó; guarda-chuva; guarda-costas; guarda-livros.	
porta-aviões; porta-copos; porta-luvas; porta-bandeira. 
pára-lama; pára-quedas; pára-raios; pára-brisa; pára-sol;pára-choque
não-violência; não-intervenção; não-agressão
sem-teto; sem-cerimônia; sem-noção
6. Redução na composição: uma das partes da composição passa a ser usada como o todo:
Exs.: psicanálise > análise; navio-submarino > submarino; sanduíche- americano > americano; telefone-celular > celular; 
Há casos problemáticos quanto à classificação: seriam derivados por redução ou casos de redução na composição? 
Exs.: microcomputador > micro; automóvel > auto – observe-se que o elemento que persiste já é considerado prefixo, portanto poderíamos considerar uma regressão do vocábulo derivado, contudo geralmente se considera derivação por regressão o caso de vocábulos formados por retirada de elementos aleatórios, não-previsíveis. 
Exs.: motocicleta – moto – neste caso, teríamos uma verdadeira redução na composição.
7. Recomposição - ocorre quando, após um processo de redução bem sucedido, o elemento, que antes era, geralmente, um prefixo ou um MLB de um processo de composição, passa a funcionar como um novo MLB, visto que o antigo significado do prefixo ou do elemento de composição muda.
Exs.: aeronave - aeroporto, aeromoça;
 automóvel - auto-estrada, autopeça
 fotografia – fotomontagem, fotonovela
televisão – telenovela, telespectador
microcomputador – micreiro
motocicleta – motoqueiro
ecologia - ecochato
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