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AULA ANATOMIA – 08/10/2024 – MEDULA ESPINAL CAPÍTULO 14 - NEUROANATOMIA FUNCIONAL - ANGELO MACHADO Estrutura da Medula Espinal 1. Divisões e Segmentos da Medula Espinal: - A medula espinal é uma estrutura cilíndrica que se estende desde o forame magno (onde continua o bulbo) até a região lombar, terminando na altura da vértebra L1-L2 em adultos. - Ela é dividida em segmentos espinhais que correspondem às regiões de onde emergem os nervos espinais. Essas divisões incluem: - Cervical: 8 segmentos (C1 a C8). - Torácica: 12 segmentos (T1 a T12). - Lombar: 5 segmentos (L1 a L5). - Sacral: 5 segmentos (S1 a S5). - Coccígeo: 1 segmento (Co1). - Os nervos espinais saem por entre as vértebras e inervam o corpo, com cada segmento responsável por áreas sensoriais e motoras específicas. 2. Substância Cinzenta e Substância Branca: - No corte transversal da medula espinal, há duas áreas distintas: Substância Cinzenta: - A substância cinzenta está localizada no centro da medula, em forma de “H” ou borboleta. - Ela é composta por corpos celulares de neurônios, e sua organização interna se dá em cornos: - Corno dorsal (posterior): recebe informações sensoriais da periferia através das raízes dorsais dos nervos espinais. Essas fibras trazem informações sobre temperatura, dor, tato e pressão. - Corno ventral (anterior): é composto principalmente por neurônios motores, que enviam impulsos nervosos aos músculos esqueléticos através das raízes ventrais dos nervos espinais. - Corno lateral: presente em segmentos torácicos e lombares superiores, é responsável pelo controle autonômico (involuntário), como a regulação da atividade dos órgãos internos (músculo liso, glândulas, etc.). - A substância cinzenta contém internunciais, que são neurônios que conectam diferentes regiões da medula e participam de circuitos reflexos. Substância Branca: - A substância branca circunda a substância cinzenta e é formada por axônios mielinizados, que são os prolongamentos das células nervosas responsáveis por conduzir os impulsos nervosos rapidamente. - Está dividida em funículos: - Funículo anterior: contém tratos que conduzem principalmente informações motoras do cérebro para a medula (tratos descendentes). - Funículo lateral: contém tanto tratos ascendentes (sensoriais) quanto tratos descendentes (motores). - Funículo posterior: contém majoritariamente tratos ascendentes, que levam informações sensoriais ao cérebro, como tato fino, vibração e propriocepção. - Os tratos ascendentes são responsáveis por levar sinais sensoriais da periferia ao cérebro, enquanto os tratos descendentes conduzem comandos motores do cérebro para a medula espinal e os músculos. 3. Raízes Dorsais e Ventrais: - A medula espinal dá origem aos nervos espinais, que saem da medula através de dois conjuntos de raízes: Raízes Dorsais (Sensitivas): - As raízes dorsais trazem informações sensoriais (tato, dor, temperatura) do corpo para a medula. Os corpos celulares desses neurônios sensoriais estão localizados nos gânglios da raiz dorsal, pequenos nódulos localizados nas raízes dorsais. - Essas fibras entram na medula espinal através do corno dorsal, onde se conectam com interneurônios ou sobem pelos tratos sensitivos. Raízes Ventrais (Motoras): - As raízes ventrais contêm os axônios dos neurônios motores localizados nos cornos ventrais da substância cinzenta. - Elas transmitem comandos do sistema nervoso central para os músculos, controlando o movimento voluntário (músculos esqueléticos) e algumas funções involuntárias (autonômicas). - Após a junção das raízes dorsais e ventrais, forma-se um nervo espinal que é misto (contém fibras motoras e sensoriais). 4. Tratos Ascendentes e Descendentes: - A medula espinal contém tratos que transmitem informações entre o corpo e o cérebro. Esses tratos estão organizados na substância branca em: Tratos Ascendentes (Sensoriais): Conduzem impulsos sensoriais da periferia para o cérebro. Alguns tratos importantes são: - Fascículo grácil e fascículo cuneiforme: transmitem informações sobre tato fino, vibração e propriocepção (percepção da posição do corpo). - Trato espinotalâmico: conduz sinais de dor e temperatura. - Trato espinocerebelar: transmite informações proprioceptivas para o cerebelo, que ajuda na coordenação dos movimentos. Tratos Descendentes (Motores): Conduzem comandos motores do cérebro para a medula espinal. Alguns exemplos são: - Trato corticoespinal (piramidal): responsável pelo controle motor voluntário, principalmente dos membros. - Tratos reticuloespinal, rubroespinal e vestibuloespinal: estão envolvidos no controle motor involuntário e postural. 5. Centro de Reflexos: - A medula espinal também atua como um importante centro de reflexos, ou seja, respostas motoras automáticas que ocorrem sem a intervenção do cérebro. - Um exemplo clássico é o reflexo patelar, onde o estiramento do tendão do joelho provoca uma contração imediata do músculo quadríceps, resultando no movimento da perna. - Esse tipo de resposta é possível devido à organização simples de circuitos reflexos, que envolvem neurônios sensoriais (nas raízes dorsais), interneurônios (na medula espinal) e neurônios motores (nas raízes ventrais). 6. Função Autonômica: - Além de controlar movimentos voluntários, a medula espinal também participa da regulação das funções do sistema nervoso autônomo (involuntário), como o controle da atividade dos órgãos internos. - Isso acontece principalmente através do corno lateral (presente nas regiões torácica e lombar), que contém neurônios responsáveis pelo controle simpático do sistema nervoso autônomo, envolvendo funções como o controle da pressão arterial e o ritmo cardíaco. 7. Vascularização: - A medula espinal é suprida por artérias espinais, que derivam de grandes vasos, como as artérias vertebrais e intercostais. - A vascularização é crítica para o bom funcionamento da medula, e a interrupção do fluxo sanguíneo pode levar a danos permanentes, resultando em paralisia ou perda sensorial. image5.png image6.png image7.png image1.png image2.png image3.png image4.png