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CADERNO LITERATURA ENEM 2009 a 2018 35 novocadernoenem@gmail.com Questão 88 (2010.2) Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas que as notas de uma escala musical. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito mais variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos ou- tros, imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos, faze- mos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el – carnavau, Raqueu... Já os paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer. (Queiroz, R. O Estado de São Paulo. 09 maio 1998 - fragmento adaptado) Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se percebe no falar de pessoas de diferentes regiões. As ca- racterísticas regionais exploradas no texto mani- festam-se: A) na estruturação morfológica. B) no uso do léxico. C) na organização sintática. D) no grau de formalidade. E) na fonologia. Questão 89 (2010.2) (AMARAL, Tarsila do. O mamoeiro, 1925, óleo sobre tela, 65x70, IEB/USP) O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente. Tomando como referência o quadro O mamoei- ro, identifica-se que, nas artes plásticas, a: A) forma estética ganha linhas retas e valoriza o cotidiano. B) imagem privilegia uma ação moderna e in- dustrializada. C) imagem passa a valer mais que as formas vanguardistas. D) natureza passa a ser admirada como um espaço utópico. E) forma apresenta contornos e detalhes huma- nos. Questão 90 (2010.2) Açúcar O branco açúcar que adoçará meu café Nesta manhã de Ipanema Não foi produzido por mim Nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. [...] Em lugares distantes, Onde não há hospital, Nem escola, homens que não sabem ler e mor- rem de fome Aos 27 anos Plantaram e colheram a cana Que viraria açúcar. Em usinas escuras, homens de vida amarga E dura Produziram este açúcar Branco e puro Com que adoço meu café esta manhã Em Ipanema. (GULLAR, F. Toda Poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,1980) A Literatura Brasileira desempenha papel impor- tante ao suscitar reflexão sobre desigualdade sociais. No fragmento, essa reflexão ocorre porque o eu lírico: A) se revela mero consumidor de açúcar. B) descreve as propriedades do açúcar. C) destaca o modo de produção do açúcar. D) explicita a exploração dos trabalhadores. E) exalta o trabalho dos cortadores de cana. Questão 91 (2011.1) TEXTO I O meu nome é Severino, não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria, deram então de me chamar Severino de Maria; como há muitos Severinos