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– Enquanto a cefaleia do tipo tensional episódica é o tipo de cefaleia mais frequente em estudos de base populacional, a enxaqueca é o diagnóstico mais comum em doentes que procuram cuidados médicos com cefaleia. Como distiguir as duas patologias? Quais as modalidades de tratamento? CEFALEIA TENSIONAL A cefaleia do tipo tensional causa dor generalizada leve (normalmente compressiva) sem incapacidade, náuseas ou fotofobia associadas à enxaqueca. As cefaleias do tipo tensional podem ser episódicas ou crônicas: − As cefaleias tensionais episódicas ocorreme visuais − Admitir que qualquer cefaleia represente outro ataque de enxaqueca (uma cefaleia “em trovoada” ou a alteração no padrão anterior de cefaleia pode indicar um novo distúrbio potencialmente grave) − Confundir a enxaqueca com aura com um ataque isquêmico transitório, em especial quando a aura ocorre sem cefaleia, em indivíduos idosos − Diagnosticar cefaleia “em trovoada” como enxaqueca porque um triptano a alivia (o triptano também pode aliviar cefaleia devido à hemorragia subaracnoide) Vários distúrbios incomuns podem mimetizar a enxaqueca com aura: − Dissecção da artéria carótida ou vertebral − Vasculite cerebral − Doença de Moyamoya − AADCISL (arteriopatia autossômica dominante cerebral com infartos subcorticais e leucoencefalopatia) − Síndrome EMALAV (encefalomiopatia mitocondrial, acidose láctica e episódios de acidentes vasculares) Tratamento − Eliminação de gatilhos óbvios − Técnicas de relaxamento, ioga ou intervenções comportamentais − Para cefaleias leves, paracetamol ou AINEs − Para crises agudas, triptanos, lasmiditan, gepants, ou di-hidroergotamina além de um antiemético antagonista da dopamina − Aparelhos neuromoduladores para tratamento agudo e prevenção Uma explicação completa sobre o distúrbio ajuda os pacientes a entenderem que, embora a enxaqueca não possa ser curada, pode ser controlada, o que os faz participar melhor do tratamento. Deve-se solicitar aos pacientes que mantenham um diário sobre as cefaleias para documentar o número e a hora das crises, possíveis fatores desencadeantes e resposta ao tratamento. Quando possível, os fatores desencadeantes identificados são eliminados. Contudo, a eliminação dos gatilhos pode ser exagerada. Para pacientes que fazem uso frequente (p. ex., > 2 dias/semana) de fármacos para tratar crises de enxaqueca (analgésicos, triptanos, lasmiditana, opioides), particularmente aqueles com cefaleia por uso excessivo de medicamentos, os fármacos preventivos (ver tabela Fármacos para enxaqueca) devem ser combinados com um programa para interromper os analgésicos usados em excesso. Os médicos algumas vezes recomendam intervenções comportamentais (biofeedback, controle de estresse e/ou psicoterapia) para tratar a enxaqueca especialmente quando o estresse é o principal gatilho ou quando analgésicos são usados em excesso. Ioga pode reduzir a frequência e intensidade da cefaleia; aumenta o tônus vagal e diminui o estímulo simpático, melhorando assim o equilíbrio autonômico cardíaco. Técnicas de relaxamento podem reduzir a atividade do sistema nervoso simpático, aliviar a tensão muscular e alterar a atividade das ondas cerebrais. O tratamento da enxaqueca aguda baseia-se na frequência, duração e intensidade das crises. Pode incluir analgésicos, antieméticos, triptanos, e/ou di-hidroergotamina . Se os pacientes desejam evitar um tratamento farmacológico ou se este for ineficaz, algumas vezes pode-se usar tratamentos neuromoduladores para crises agudas e prevenção. REFERÊNCIAS Marmura MJ, Silberstein SD, Schwedt TJ: The acute treatment of migraine in adults: The American Headache Society evidence assessment of migraine pharmacotherapies. Headache 55 (1):3–20, 2015. http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/head.12499/full