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PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
1 - CONCEITO: princípios são valores fundamentais que expiram a criação e
a aplicação do Direito. Os princípios antecedem as leis penais. Os princípios
do Direito Penal podem estar posi�vados (consagrados em norma jurídica,
ex.: Reserva Legal, Anterioridade, etc.) ou não (ex.: Alteridade,
Insignificância, etc.). Posi�vados ou não eles são acolhidos pela doutrina e
jurisprudência.
2 – FUNÇÃO: servem para orientar a atuação do legislador e também do
aplicador (operador) do Direito. Os princípios são vetores que os
legisladores e os aplicadores do Direito Penal usam para limitar o poder
puni�vo do Estado.
3 - PRINCÍPIOS EM ESPÉCIE
3.1 - PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL ou ESTRITA LEGALIDADE
Origem: “nullum crimen nulla paena sine lege” (não há crime e não há
pena sem lei).
1215 – Inglaterra: Magna Carta (art. 39) do rei João sem Terra.
Feurback (jurista alemão) desenvolveu a chamada Teoria da Coação
Psicológica: toda imposição de pena impõe/exige uma lei penal.
Brasil: art. 1º CP e art. 5º, XXXIX, CF.
É uma clausula pétrea.
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há
pena sem prévia cominação legal.
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem dis�nção de
qualquer natureza, garan�ndo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
(...)
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal;
(...).
Conceito: a lei tem o monopólio, a exclusividade na criação de crimes e na
cominação de penas. A lei é a fonte formal imediata do Direito Penal.
Fundamentos: JURÍDICO: é a taxa�vidade, certeza ou determinação
(a lei penal deve descrever com precisão o conteúdo
mínimo da conduta criminosa, conteúdo mínimo
para legi�mar os crimes culposos, os �pos penais
abertos e as normas penais em branco).
POLÍTICO: é a proteção do ser humano contra o
arbítrio do Estado (direito fundamental de 1ª
geração/dimensão)
DEMOCRÁTICO: o STF, além do fundamento jurídico e polí�co, diz que o P.
da Reserva Legal também tem um fundamento Democrá�co, que é a
aceitação pelo povo da opção legisla�va em âmbito criminal.
→ Para a Defensoria Pública os crimes culposos, os �pos penais abertos
e as normas penais em branco só devem ser ins�tuídos em hipótese
excepcionais.
Efeito Lógico: proibição da analogia “in malam partem” (em prejuízo da
parte).
Franz Von Liszt: O Código Penal é a Magna Carta do criminoso (o que está
no CP é proibido, mas o restante é livre).
QUESTÃO: Medida Provisória pode ser u�lizada no Direito Penal?
1ª POSIÇÃO: o STF diz que sim, desde que favoravelmente ao réu.
Ex.: o Estatuto do desarmamento criou uma a�picidade temporária para a
entrega voluntária de arma de fogo, posteriormente, o prazo para entrega
das armas foi prorrogado por medida provisória.
2ª POSIÇÃO: não, pois o art. 62, §1º, I, b, CF proíbe a edição de medida
provisória em todo e qualquer caso.
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da
República poderá adotar medidas provisórias, com força de
lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso
Nacional.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre
matéria:
I – rela�va a:
(...)
b) direito penal, processual penal e processual civil;
(...).
QUESTÃO: Existe diferença entre Reserva legal e Legalidade?
Existem doutrinadores que dizem que não, mas outros que dizem que sim.
Esta segunda corrente diz que o P. da Reserva Legal está prevista no art. 5º,
XXXIX, CF, enquanto que o P. da Legalidade está no art. 5º, II, CF.
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem dis�nção de
qualquer natureza, garan�ndo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
(...)
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude de lei;
(...).
Aqui, o Princípio da Legalidade se contenta com uma lei em sen�do amplo
(com qualquer espécie norma�va). Já o P. da Reserva Legal aceitaria
somente lei em sen�do estrito, tanto em sen�do formal (aquela que tem
forma de lei, foi criada de acordo com o processo legisla�vo previsto na CF)
quanto em sen�do material (aquela que trata de matéria
cons�tucionalmente reservada à lei).
MANDADOS DE CRIMINALIZAÇÃO ou De Incriminação: (ou Mandados
Cons�tucionais de Criminalização) mandados são ordens, são
determinações, são mandamentos emi�dos pela CF ao legislador ordinário,
no sen�do da criminalização de determinados comportamentos. Nesses
mandados o legislador ordinário tem obrigação, ele é obrigado a criar os
crimes, ele não tem discricionariedade alguma (existe também nas
cons�tuições da Alemanha, Espanha, França, Comunidade Européia).
Espécies de Mandados de Criminalização:
- EXPRESSOS (a ordem está explícita no texto cons�tucional)
Ex.: art. 225, §3º, CF.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à cole�vidade o dever de defendê-lo e preservá-
lo para as presentes e futuras gerações.
(...)
§ 3º - As condutas e a�vidades consideradas lesivas ao meio
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas �sicas ou
jurídicas, a sanções penais e administra�vas,
independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
(...).
(Este mandado de criminalização já foi atendido pelo legislador na Lei dos
Crimes Ambientais - Lei 9605/98).
- TÁCITOS (a ordem não está expressa no texto cons�tucional, mas é
extraída da sua interpretação global).
Ex.: combate à corrupção no Poder Público.
3.2 - PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
Previsto também nos art. 1º CP e art. 5º, XXXIX, CF.
Conceito: a lei penal deve ser anterior ao fato cuja punição se pretende.
Efeito Automá�co: irretroa�vidade da lei penal (salvo para beneficiar o
réu).
QUESTÃO: Para se respeitar o Princípio da Anterioridade basta que a lei
tenha sido publicada ou é preciso que ela esteja em vigor?
É preciso que ela esteja em vigor. Não há crime se o fato for pra�cado
durante a vaca�o legis.
QUESTÃO: A lei não benéfica retroage mesmo durante o seu prazo de
vaca�o?
2 posições:
Sim (Defensoria Pública).
Não (MP, PC, PF), o entendimento majoritário da doutrina diz que a lei não
benéfica não retroage durante o prazo de vaca�o.
3.3 – PRINCÍPIO DA ALTERIDADE
Não há crime na conduta que prejudica somente quem a pra�cou.
A auto-lesão não é punível.
Ex.: o uso pretérito da droga não é crime (art. 28 da Lei 11.343/06 - Lei de
Drogas).
Art. 28. Quem adquirir, guardar, �ver em depósito,
transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal,
drogas sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar será subme�do às
seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educa�va de comparecimento a programa ou
curso educa�vo.
(...).
STJ HC 81.175: pelo P. da Alteridade há a necessidade de intersubje�vidade
nas relações penalmente relevantes.
3.4 – PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL
Não há crime na conduta que, embora �pificada em lei, não afronte o
sen�mento social de jus�ça.
Ex.: trotes acadêmicos moderados, circuncisão, tatuagem.
STJ HC 45.153: o fato de exis�r uma lei regulamentando determinada
profissão, não autoriza a prá�ca de toda e qualquer a�vidade no exercício
dessa profissão.
Ex.: camelô vendendo bens fruto de descaminho.
3.5 - PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
A a�vidade penal (criação de crimes, cominação de penas) deve ser
vantajosa para a sociedade. Tem que a atender interesses cole�vos
(interesses superiores).
1215 – Inglaterra: Magna Carta (arts. 20 e 21) do Rei João sem Terra.
Conceito: o P. da Proporcionalidade apresenta uma DUPLA FACE. De um
lado, o princípio representa a proibição do excesso (não se pode punir mais
que o necessário para a proteção do bem jurídico; é o Garan�smo
Nega�vo) e de outro lado, é a proibição da proteçãoPreexistentes: são causas anteriores, mas só se manifestam em decorrência
direta da ação do agente. Não rompem o nexo causal. O agente responde pelo
resultado
Ex.: A a�ra em B, para matar. O �ro, por si só, não mataria, pois pegou de
raspão. Porém a ví�ma �nha diabetes ou hemofilia, e morre.
Concomitantes: não rompem o nexo causal. O agente responde pelo resultado
(com base na Teoria da Equivalência dos Antecedentes).
Ex.: A a�ra em B, que, atordoado, atravessa a rua sem olhar, é atropelado e
morre.
Supervenientes: as concausas supervenientes rela�vamente independentes
podem ser de dois �pos:
Não produzem por si só o resultado: imperícia médica e infecção hospitalar.
Não rompem o nexo causal, o agente responde pelo resultado.
Ex.: A a�ra em B, que no hospital pega uma infecção e morre. Como se A não
�vesse a�rado em B, B não teria ido para o hospital, A é responsável pela sua
morte.
Produzem por si só o resultado: ambulância e incêndio no hospital. O agente
não responde pelo resultado. Estas concausas rompem o nexo causal, pois
todo mundo que se encontra nessa situação (dentro da ambulância ou do
hospital) morre.
IAL QUED PLERUM QUE ACCIDIT: Máxima da
Superveniência de causa independente Art. 13 § 1º - A
superveniência de causa rela�vamente independente exclui
a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os
fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os
pra�cou.
Ex.: A a�ra em B, que, gravemente ferido é levado por uma ambulância para o
hospital. Porém, no meio do trajeto, a ambulância se envolve em um acidente
e todos morrem.
Teoria da Condição Adequada (ou Causalidade Adequada): esta teoria foi
adotada a �tulo de exceção no ar�go 13, §1º, CP.
Teoria da Imputação Obje�va: não foi adotada pelo CP, é uma mera proposta
doutrinária (mas já foi u�lizada pelo STJ, por ser mais prote�va ao réu, e para
proteger o réu não precisa de previsão legal).
Relevância da Omissão: prevista no ar�go 13, §2º, CP, a Relevância da Omissão
também é chamada de Omissão Penalmente Relevante. Só é aplicada em
crimes omissivos impróprios (espúrios ou comissivos por omissão).
Art. 13. § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o
omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever
de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
vigilância; DEVER LEGAL
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o
resultado; GARANTIDOR
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da
ocorrência do resultado INGERÊNCIA
→ Este ar�go deixa claro que o CP adota a Teoria Norma�va da
Omissão: a omissão não é simplesmente um não fazer, mas sim um “não fazer
aquilo que a lei determina que seja feito”.
→ Quanto às hipóteses do dever de agir, o CP adota um Critério
Legal/Legisla�vo: significa que as hipóteses do dever de agir estão
expressamente previstas na lei.
→ Alberto Silva Franco e Rui Stocco defendem o Critério Judicial, que
seria se as hipóteses do dever de agir não es�vessem previstas na lei. O juiz
que deveria dizer no caso concreto (Posição Minoritária). Porém, esse critério
causaria muita insegurança jurídica.
HIPÓTESES DO DEVER DE AGIR
a) DEVER LEGAL: é aquele imposto pela lei a determinadas pessoas. Seja a
�tulo de dolo ou culpa.
Ex.: pais em relação aos filhos menores, o policial em relação aos cidadãos,
bombeiro em relação ao banhista se afogando.
Quando o CP u�liza a palavra lei, ele seguiu a chamada Teoria das Fontes,
ou seja, a palavra “lei” tem que ser interpretada em sen�do amplo, tem
que ser interpretada pela ordem jurídica “lato sensu”.
b) GARANTIDOR: garan�dor da não ocorrência do resultado. A expressão
“de outra forma” significa qualquer outra forma que não a lei. Pode derivar
de um contrato, mas este contrato não é necessário. Caso a figura do
garan�dor decorra de Contrato de Trabalho, o dever de agir permanece
enquanto o agente permanece no local de trabalho, mesmo que já
encerrado o horário de trabalho.
Ex.: babá e o bebê, enfermeira e a idosa que é cuidada por ela, professor e
aluno, pessoa que aceita ficar de olho nas coisas de alguém que vai dar um
mergulho na praia.
c) INGERÊNCIA ou SITUAÇÃO PRECEDENTE: quem cria uma situação de
perigo tem a obrigação de impedir o resultado.
Ex.: um amigo, em um churrasco, joga o outro na piscina. Mas o outro não
sabe nadar. O amigo então tem o dever de salvá-lo.
QUESTÃO: Se o agente �nha o dever de agir ele responde
automa�camente pelo crime?
Não. Não basta o dever de agir, é preciso que ele também possa agir no
caso concreto. A lei não pode obrigar ninguém a ser herói, ou seja, a
sacrificar a própria vida para salvar o outro.
TEORIA DO TIPO PENAL
Conceito de Tipo Penal: é o modelo genérico e abstrato / previsto na lei
penal que / descreve a conduta proibida ou permi�da.
Tipos incriminadores ou legais: descrevem as condutas proibidas. Estão
todos previstos na parte especial do CP e na legislação extravagante. Não
existe nenhum �po incriminador na parte geral do CP.
Tipos permissivos ou jus�ficadores: descrevem as condutas permi�das.
São as causas de exclusão da ilicitude. Estão previstos na parte geral e
também na especial e na legislação extravagante. Ex.: art. 128 – hipóteses
do aborto permi�do.
Tipo ≠ Tipicidade
TIPO: modelo de crime. Segundo Zaffaroni, �po é a figura que resulta da
imaginação do legislador.
TIPICIDADE: juízo de adequação entre o fato e o �po. Tipicidade é a
operação efetuada para analisar se a conduta apresenta os caracteres
imaginados pelo legislador (Zaffaroni).
FUNÇÕES DO TIPO PENAL
a) Função de GARANTIA: blinda o indivíduo contra o arbítrio do Estado (STF
Inq. 1145).
Franz Von Liszt: “o Código Penal é a Magna Carta do delinqüente”
b) Função FUNDAMENTADORA: é o oposto da função de garan�a. O �po
penal fundamenta o direito de punir do Estado.
c) Função SELETIVA: tem a ver com o caráter fragmentário do Direito Penal
(o DP não pode punir qualquer conduta, ele deve selecionar as mais
importantes).
ESTRUTURA DO TIPO PENAL
NÚCLEO: é um verbo, que é o ponto de par�da do �po penal (também
chamado de “ação nuclear”).
Ex.: “matar” em “matar alguém”.
ELEMENTOS ou Elementares: depois do núcleo, o legislador acrescenta
elementos ou elementares, que são os dados que formam a modalidade
básica do crime.
Elementos OBJETIVOS/DESCRITIVOS: são aqueles elementos que revelam
um juízo de certeza, porque podem ser compreendidos por qualquer
pessoa.
Ex.: “alguém” em “matar alguém”.
Elementos SUBJETIVOS: são aqueles que dizem respeito a uma especial
finalidade buscada pelo agente.
Ex.: para si ou para outrem em “subtrair coisa alheia móvel para si ou para
outrem”. Ou seja, é o dolo + elemento subje�vo. É o fato de a pessoa
subtrair com intenção de não mais devolver, não simplesmente subtrair
para simples uso.
Elementos NORMATIVOS: é aquele cuja compreensão reclama um juízo de
valor.
Ex.: ato obsceno
Divide-se em dois grupos:
Elementos Norma�vos Jurídicos ou Impróprios: são aqueles que traduzem
conceitos próprios do Direito.
Ex.: “Duplicata”, “Funcionário Público” etc.
Elementos Norma�vos Extrajurídicos, Culturais ou Morais: são conceitos
de outras áreas de conhecimento, que não do Direito.
Ex.: “fogo”, “veneno” (é a Química que determina qual substancia é
considerada veneno).
Elementos MODAIS: poucos autores u�lizam esta classificação. Para eles,
elementos morais são aqueles que dizem respeito a condições específicas
de tempo, local e modo de execução do crime.
Ex.: infan�cídio – não pode ocorrer a qualquer momento, apenas em
estado puerperal.
CIRCUNTÂNCIAS: são os dados que se agregam ao �po fundamental para o
fim de aumentar ou diminuir a pena.
→ Em regra, os �pos fundamentais geralmente estão no caput e os
�pos derivados nos parágrafos.
Porém, existe o crime de Excesso de Exação, por exemplo, que está
inteiramente descrito no §1º do ar�go 316/CP.
ESPÉCIES/CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS PENAIS
Tipo NORMAL: (Neutro, Avalorado ou Acromá�co) é aquele que contém
apenas elementos obje�vos.
Ex.: Homicídio – “matar alguém”.Tipo ANORMAL: É aquele que, alem do núcleo e dos elementos obje�vos,
também contém elementos subje�vos e/ou norma�vos.
Tipo FECHADO: (ou Cerrado) é o que apresenta uma descrição detalhada,
minuciosa, completa da conduta criminosa.
Ex.: crime de furto
Tipo ABERTO: não apresenta uma descrição detalhada da conduta. Contém
elementos norma�vos.
Ex.: crimes culposos
Tipo CONGRUENTE: perfeita congruência entre a vontade e a conduta.
Ex.: crime doloso consumado.
Tipo INCONGRUENTE: não há coincidência entre a vontade do agente e o
resultado produzido
Ex.: crimes culposos.
Tipo PREVENTIVO: é o �po penal que prevê os chamados crimes
obstáculo.
→ Crimes OBSTÁCULO: é aquele que a lei incrimina de forma
autônoma, são atos preparatórios para crimes, mas que são considerados
por si só.
Tipo SIMPLES: é aquele que contem um único núcleo (único verbo).
Tipo MISTO: contém dois ou mais núcleos.
Este �po se divide em dois:
Misto ALTERNATIVO: se o agente pra�car dois ou mais núcleos em relação
ao mesmo objeto material ele responde por um único crime.
Ex.: tráfico de drogas – art. 33, caput, Lei 11.343/06.
Misto CUMULATIVO: se o agente pra�car dois núcleos, ele responde pelos
dois crimes em concurso material.
Ex.: art. 244/CP – abandono material.
Finalismo: (elementos da conduta) dolo natural
Causalismo: (integra a culpabilidade) dolo norma�vo
TEORIAS SOBRE O DOLO
a) TEORIA DA REPRESENTAÇÃO: para existência do dolo, basta a previsão
do resultado. Esta é a teoria adotada na Culpa Consciente.
b) TEORIA DA VONTADE: é preciso que o agente queira produzir o
resultado.
c) TEORIA DO CONSENTIMENTO: (do Assen�mento ou da Anuência) existe
o dolo quando o agente assume o risco de produzir o resultado.
→ O Código Penal Brasileiro adotou as Teorias da Vontade e do
Consen�mento (art. 18, I):
Art. 18 - Diz-se o crime:
I - doloso, quando o agente quis o resultado TEORIA DA
VONTADE ou assumiu o risco de produzi-lo; TEORIA DO
CONSENTIMENTO
ESPÉCIES DE DOLO
Dolo DIRETO: (Determinado ou Incondicionado) o agente quer um
resultado determinado, a vontade dele se dirige a uma única direção.
Dolo ALTERNATIVO: o agente quer produzir com igual intensidade um ou
outro resultado. É punido pelo crime mais grave, consumado ou tentado.
Ex.: a�rar para matar ou ferir, mesmo se só ferir, responde por tenta�va de
homicídio.
Dolo EVENTUAL: o agente não quer o resultado, mas assume o risco de
produzi-lo.
Reinhart Frank criou a Teoria Posi�va do Conhecimento para explicar o
dolo eventual: “seja qual for, der no que der, eu não vou deixar de agir”.
Atenção! O Código Penal equipara todas essas modalidades de dolo. Ou é
dolo ou não é dolo. Não tem grau nem intensidade. Não se pode dizer que
o dolo Direto é mais grave que o Alterna�vo, por exemplo.
Dolo de SEGUNDO GRAU: (ou De conseqüências necessárias) Nome
proposto por Claus Roxin, o agente almeja um resultado, mas aceita a�ngir
outros objetos também.
Ex.: matar um piloto de avião enquanto ele pilota – o agente aceita matar
todos os outros passageiros também.
Dolo GENÉRICO: (no Sistema Clássico é o dolo) diz respeito à realização do
núcleo do �po.
Dolo ESPECÍFICO: É o que o Finalismo chama de elemento subje�vo do �po
ou elemento subje�vo específico. É a finalidade específica buscada pelo
agente. Ex.: não basta o dolo de subtrair, é preciso subtrair para si ou para
outrem.
Dolo de PRÓPÓSITO (ou Refle�do): é o que resulta da reflexão do agente.
Está presente nos crimes premeditados.
Dolo de ÍMPETO (ou Repen�no): é aquele que deriva de uma explosão
emocional repen�na. Comum nos crimes passionais.
Dolo PRESUMIDO (ou “In re ipsa”): o Direito Penal brasileiro não admite o
dolo presumido. O dolo deve ser provado. O dolo presumido, na verdade,
nada mais é do que uma responsabilidade penal obje�va.
Dolo GERAL (ou Dolo por erro sucessivo ou Dolus generalis): o agente
pra�ca uma conduta e acredita ter alcançado o resultado desejado. Em
seguida, ele realiza uma nova conduta com finalidade diversa e
posteriormente se descobre que foi esta segunda conduta que produziu a
consumação.
CRIME CULPOSO
A culpa é o elemento norma�vo da conduta, sua análise reclama um juízo
de valor.
REGRA: Os crimes culposos estão previstos em �pos penais abertos.
EXCEÇÃO: crime de receptação culposa (180, §3º/CP) e outros.
Art. 180. § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua
natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou
pela condição de quem a oferece, deve presumir-se ob�da
por meio criminoso
Fundamento da punibilidade da culpa: interesse público + defesa da
sociedade frente a pessoas incautas.
→ A pena do crime culposo sempre vai ser menor que a modalidade
dolosa desse crime. Por mais que o resultado seja igual, o desvalor da
conduta é sensivelmente menor.
Conceito de crime culposo: é o que se verifica quando o agente, deixando
de observar o dever obje�vo de cuidado, por imprudência, negligência ou
imperícia, realiza voluntariamente uma conduta que produz resultado
naturalís�co, não previsto nem querido, mas obje�vamente previsível, e
excepcionalmente previsto e querido, se podia, com a devida atenção, ter
evitado.
ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO
1 – A conduta é voluntária.
E pode ser pra�cada por ação ou omissão.
2 – Violação do dever obje�vo de cuidado.
Dever obje�vo de cuidado é aquele imposto pelo Direito a todas as
pessoas para a vida em sociedade.
Esta violação pode ocorrer pelas seguintes formas:
(MODALIDADES DA CULPA)
Imprudência (“culpa posi�va” ou “in agendo”): é fazer aquilo que a cautela
não recomenda. A imprudência sempre é paralela à ação.
Ex.: dirigir em alta velocidade, manusear uma arma carregada em local
público.
Negligência (“culpa nega�va” ou “in omitendo”): é não fazer o que a
cautela recomenda que seja feito. A negligência sempre é anterior à ação
Ex.: checar os freios do carro antes de uma viagem.
Imperícia (“culpa profissional”): só pode ocorrer no contexto de uma
profissão, de uma arte ou um o�cio. O sujeito esta autorizado a exercer
determinada profissão, mas não tem conhecimentos prá�cos ou teóricos
para exercê-la regularmente.
Imperícia
Culpa profissional ≠ Erro profissional
A imperícia, também chamada de “culpa profissional”, não se confunde
com o erro profissional. Na imperícia a falha é do agente, mas existe culpa
e ele responderá pelo crime. No erro profissional o erro é da ciência, e não
do agente. Neste caso, não há culpa. A ciência ainda não consegue resolver
aquele problema.
3 – Resultado naturalís�co involuntário.
Os crimes culposos são crimes materiais. NÃO ADIMITEM TENTATIVA, eles
são logicamente incompa�veis com a tenta�va.
Exceção: culpa imprópria.
4 – Nexo causal.
5 – Tipicidade.
A �picidade é elemento de todo e qualquer crime, inclusive do crime
culposo.
6 – Previsibilidade obje�va.
É aquela que dispõe o homem médio.
O homem médio, também chamado de “homo medius” ou “homo
standarol” é uma figura hipoté�ca, imaginária de inteligência e de
prudência mediana. Ele representa a maioria e a normalidade das pessoas.
A previsibilidade subje�va é a do agente.
➢ HC 44.015
7 – Ausência de previsão.
O agente não prevê o resultado que era obje�vamente previsível.
ESPÉCIES DA CULPA
CULPA INCONSCIENTE (“sem previsão” ou “ex ignoran�a”): é aquela em
que o agente não prevê o resultado obje�vamente previsível (que era
previsível ao homem médio).
CULPA CONSCIENTE (“com previsão” ou “ex lascivia”): é aquela em que o
agente prevê o resultado, mas acredita, sinceramente, que não ocorrerá.
QUESTÃO: A culpa consciente é mais grave que a culpa inconsciente?
Não, o tratamento dado pelo CP é o mesmo para ambas espécies.
Dolo eventual ≠ Culpa Consciente
No Dolo Eventual o agente prevê o resultado e assume o risco de
produzi-lo (Teoria do Consen�mento). Já na Culpa Consciente o agente
prevê o resultado, mas não assume o risco de produzi-lo (Teoria da
representação).
CULPA PRÓPRIA: é aquela em que o agente não quer o resultado e nem
assume o risco de produzí-lo.
CULPA IMPRÓPRIA: prevê o resultado e quer o resultado,só que atua com
erro inescusável quanto à ilicitude do fato.
A culpa imprópria ocorre no contexto de uma descriminante puta�va. O
agente supõe uma situação de fato que se exis�sse sua ação seria legí�ma.
Descriminantes puta�vas
Art. 20. § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente
jus�ficado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que,
se exis�sse, tornaria a ação legí�ma. Não há isenção de
pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como
crime culposo.
Atenção! Culpa imprópria na verdade é dolo, mas o CP chama de culpa.
CULPA MEDIATA: é aquela em que o resultado é indiretamente produzido a
�tulo de culpa.
CULPA PRESUMIDA (ou “in re ipsa)”: consiste na simples inobservância de
alguma disposição regulamentar. A culpa não pode ser presumida. Ela tem
que ser provada.
QUESTÃO: Existem diferentes graus de culpa?
NÃO. O Direito Penal Brasileiro não admite graus de culpa. Ou a culpa está
presente ou não.
QUESTÃO: Existe “compensação de culpas”?
NÃO. O Direito Penal Brasileiro não admite compensação de culpas. Cada
um responderá pelo crime pra�cado.
Ex.: “A” esta trafegando pela via em velocidade superior à permi�da, “B”
passa no sinal vermelho. Um acidente ocorre. “A” responde pela lesão
corporal causada a “B” e vice-versa.
→ No caso de culpa exclusiva da ví�ma não ocorre compensação de
culpa, pois, neste caso, o agente não tem culpa nenhuma.
CONCORRÊNCIA DE CULPAS: ocorre quando dois ou mais agentes pra�cam
ações que resultem em um crime culposo. NÃO HAVERÁ CONCURSO DE
PESSOAS, pois falta o vínculo subje�vo, que é um dos elementos do
concurso.
CARÁTER EXCEPCIONAL DO CRIME CULPOSO: a regra é o dolo e a culpa é a
exceção, portanto, o crime culposo só é aceito nas hipóteses
expressamente previstas em lei.
Art. 18. Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei,
ninguém pode ser punido por fato previsto como crime,
senão quando o pra�ca dolosamente.
CASOS DE EXCLUSÃO DA CULPA:
1 - Caso fortuito ou força maior;
2 – Erro profissional;
3 – Risco tolerado;
4 – Princípio da confiança.
ITER CRIMINIS
Conceito: é o i�nerário do crime, o caminho do crime. São as fases de
realização do crime. Há uma fase interna e uma fase externa. A fase interna
é a COGITAÇÃO. A fase externa se divide em três: PREPARAÇÃO, EXECUÇÃO
e CONSUMAÇÃO. O exaurimento não integra o iter criminis (ele acaba na
consumação).
COGITAÇÃO:
Também chamada de “claustro psíquico”, pois a vontade criminosa ainda
está aprisionada à mente do agente. A cogitação NUNCA é punível. Ainda
não há sequer perigo ao bem jurídico.
Ela se divide em 3 momentos dis�ntos: idealização, deliberação (pensar
nos prós e contras do crime, método etc.) e resolução.
PREPARAÇÃO: é a fase dos atos preparatórios. Aqui, o agente vai se
municiar do que é necessário para a prá�ca do crime. Em regra, a
preparação não é punível, pois ainda não há ofensa ao bem jurídico.
Exceção: crimes obstáculo (o legislador incriminou de forma autônoma ato
de preparação de outro crime. Ex.: associação criminosa, falsificação de
documento etc.)
Petrechos para falsificação de moeda
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a �tulo oneroso ou
gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho,
instrumento ou qualquer objeto especialmente des�nado à
falsificação de moeda:
Petrechos de falsificação
Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar
objeto especialmente des�nado à falsificação de qualquer
dos papéis referidos no ar�go anterior:
EXECUÇÃO: com a prá�ca de atos de execução, existe PELO MENOS um
crime tentado.
Art. 14. II - tentado, quando, iniciada a execução, não se
consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Ato de execução = Ato idôneo + Ato inequívoco
ATO IDÔNEO: aquele capaz de lesar o bem jurídico. Esta idoneidade tem
que ser avaliada no caso concreto.
ATO INEQUÍVOVO: é aquele que se dirige à lesão do bem jurídico.
TRANSIÇÃO DOS ATOS PREPARATÓRIOS PARA OS EXECUTÓRIOS
Teoria Subje�va: vontade do agente. Esta teoria não é aceita no Brasil.
Teoria Obje�va: não basta a vontade do agente, para se diferenciar um ato
preparatório de um ato executório são necessários outros elementos. Esta
teoria se subdivide em outras:
Teoria da Hos�lidade ao bem jurídico (Max Ernest Mayer): ato de execução
é aquele que ataca o bem jurídico. Enquanto que, ato preparatório é
aquele em que o bem jurídico permanece no seu estado de paz. Esta
teoria não foi aceita.
Teoria Obje�vo-formal ou Lógico-formal (Franz Von Liezt): é aquele em que
o agente inicia a realização do núcleo do �po. Esta teoria é a teoria
dominante no Brasil.
Teoria Obje�vo-material: atos de execução são aqueles em que o agente
inicia a realização do núcleo do �po, e também, os atos que lhe são
imediatamente anteriores, na visão de um “terceiro observador”. Esta
teoria adianta os atos de execução.
Teoria Obje�vo-individual (Hanz Welzel): ato de execução é aquele em que
o agente inicia a realização do núcleo do �po e também os que lhe são
imediatamente anteriores, de acordo com o plano concreto do autor.
CONSUMAÇÃO: O crime consumado também é chamado de “crime
perfeito” ou de “crime acabado”. É aquele em que o agente realiza todos
os elementos do �po.
Crime consumado
Art. 14. I - consumado, quando nele se reúnem todos os
elementos de sua definição legal;
EXAURIMENTO: não faz parte do inter crimes. Só se verifica em crimes
materiais. É o conjunto de efeitos posteriores à consumação. O
exaurimento nada mais é do que a superveniência do resultado
naturalís�co nos crimes formais. Zaffaroni chama o exaurimento de
“consumação material”. O exaurimento não altera a �picidade do crime.
Porém, ele interfere na aplicação/dosimetria da pena base (art. 59, caput).
Fixação da pena
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos
antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente,
aos mo�vos, às circunstâncias e conseqüências do crime,
bem como ao comportamento da ví�ma, estabelecerá,
conforme seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime:
O exaurimento também vai influir na qualificadora (art. 329, §1º/CP).
Resistência
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante
violência ou ameaça a funcionário competente para
executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: Pena -
detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.
O exaurimento pode também funcionar como causa de aumento de pena
(art. 317, §1º/CP).
Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou
aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em
conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário
retarda ou deixa de pra�car qualquer ato de o�cio ou o
pra�ca infringindo dever funcional.
TENTATIVA
É também chamada de “conatus”, “crime imperfeito”, “crime incompleto”
ou “crime inacabado”.
Tenta�va
Art. 14. II - tentado, quando, iniciada a execução, não se
consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Conceito: é o início da execução de um crime que somente não se
consuma por circunstancias alheias à vontade do agente.
Para ocorrer tenta�va, exige-se um ato de execução. O legislador vinculou
a tenta�va à prá�ca de um ato de execução.
ELEMENTOS DA TENTATIVA
1 – Início da execução do crime;
2 – Não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente;
3 – Dolo de consumação (o dolo da tenta�va é idên�co ao dolo da
consumação).
ADEQUAÇÃO TÍPICA MEDIATA: na tenta�va, ocorre a adequação �pica
mediata, ou seja, o fato não se encaixa perfeitamente ao �po penal, para
isso é preciso u�lizar outra norma penal (Normas de Extensão da
Tipicidade). Ex.: ar�go 121, caput, c/c ar�go 14, II, CP. Vai ser uma norma
de extensão temporal, pois permite a aplicação da lei penal em um
momento anterior à consumação.
PUNIBILIDADE DA TENTATIVA: existem algumasteorias para explicar o
porquê de se punir a tenta�va.
a) Teoria Subje�va, Voluntarís�ca ou Monista: diz que a pena do crime
tentado deve ser igual à pena do crime consumado. É adotada pelo
CP em caráter de EXCEÇÃO.
Estes são os Crimes de Atentado ou de Empreendimento (aqueles em que
a tenta�va recebe a mesma pena que a consumação).
Ex.: crime de evasão mediante violência contra a pessoa
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o
indivíduo subme�do a medida de segurança deten�va,
usando de violência contra a pessoa:
Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em
lugar de outrem:
Pena - reclusão até três anos.
b) Teoria Sintomá�ca: surgiu na Escola Posi�va do Direito Penal (Ferri,
Lombros e Garofalo). Esta teoria diz que a tenta�va revela a periculosidade
do agente. A tenta�va seria um “sintoma” da periculosidade do agente,
logo, deve ser aplicada uma medida de segurança.
c) Teoria Obje�va, Realís�ca ou Dualista: para esta teoria, o dano ao bem
jurídico é menor que na consumação. Logo, a pena na tenta�va deve ser
menor. Esta é a REGRA GERAL adotada pelo CP.
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a
tenta�va com a pena correspondente ao crime consumado,
diminuída de um a dois terços.
REGRA: a tenta�va é causa obrigatória da diminuição da pena (de 1/3 a 2/3
da pena). O juiz só tem liberdade somente ao “quantum” da diminuição. O
que vai orientar o juiz na diminuição da pena na tenta�va é a maior ou
menos aproximação da consumação. É o transcurso do inter crimes. São
irrelevantes as condições pessoais do agente, a gravidade do crime, etc.
➢ HC 95.960 STF
TENTATIVA E DOLO EVENTUAL: predomina no Brasil que o dolo eventual é
compa�vel com a tenta�va. Ou seja, é perfeitamente possível a tenta�va
em um crime pra�cado com dolo eventual.
ESPÉCIES DE TENTATIVA
a) Tenta�va Branca ou Incruenta: é aquela em que a ví�ma não é a�ngida.
Não tem derramamento de sangue, por isso se chama branca.
b) Tenta�va Vermelha ou Cruenta: a ví�ma é a�ngida.
c) Tenta�va Perfeita, Acabada ou Crime falho: é aquela em que o agente
esgota os atos de execução que �nha a sua disposição.
d) Tenta�va Imperfeita, Inacabada ou Propriamente dita: o agente não
esgota os atos de execução que �nha a sua disposição.
ADMISSIBILIDADE E INADMISSIBILIDADE DA TENTATIVA
Crimes Dolosos
REGRA: admissibilidade (basta ser plurissubsistente - aquele em que a
conduta é composta de dois ou mais atos).
EXCEÇÃO: crimes unissubsistente NÃO ADMITEM TENTATIVA. A conduta é
composta de um único ato suficiente para a consumação. Ex.: crimes
contra a honra come�dos verbalmente. Aqui se incluem os crimes
omissivos próprios ou puros e os crimes de perigo abstrato.
Crimes Culposos
REGRA: inadimissibilidade (são logicamente incompa�veis com a tenta�va).
EXCEÇÃO: culpa imprópria e crimes preterdolosos.
Contravenções penais (art. 4º, LCP) – NÃO ADMITE.
Crimes de atentado ou de empreendimento – NÃO ADMITE.
Crimes condicionados – NÃO ADMITEM (aqueles em que a punibilidade
depende de um resultado previsto em lei).
Crimes subordinados a uma condição obje�va de punibilidade (crimes
falimentares) – NÃO ADMITEM TENTATIVA, pois dependem de sentença
declaratória de falência (condição obje�va de punibilidade).
Crimes Compostos de condutas extremamente abrangentes – NÃO
ADMITEM TENTATIVA, pois neles, qualquer ato já representam a
consumação. Ex.: Lei 6766/59, art. 50, I.
Art. 50. Cons�tui crime contra a Administração Pública.
I - dar início, de qualquer modo, ou efetuar loteamento ou
desmembramento do solo para fins urbanos, sem
autorização do órgão público competente, ou em
desacordo com as disposições desta Lei ou das normas
per�nentes do Distrito Federal, Estados e Municipíos;
Crimes Obstáculo – NÃO ADMITEM TENTATIVA, pois a própria preparação
já representa um crime autônomo.
Crimes Habituais – É POLÊMICO. Crime habitual é aquele cuja consumação
depende da reiteração de atos indica�vos do es�lo de vida do agente.
1ª POSIÇÃO: não admite, pois ou o agente reitera esses atos, e há crime.
Ou ele não reitera, e não há crime.
2ª POSIÇÃO: admite. Posição defendida primeiramente por Mirabete. Ex.:
uma pessoa que não é médica abre um consultório para realizar
atendimentos. Ele só atende um paciente e já é preso pela policia.
CRIMES PUNIDOS SOMENTE NA FORMA TENTADA: Lei 7170/83 (Lei de
Segurança Nacional).
Art. 9º - Tentar submeter o território nacional, ou parte
dele, ao domínio ou à soberania de outro país.
Pena: reclusão, de 4 a 20 anos.
Art. 11 - Tentar desmembrar parte do território nacional
para cons�tuir país independente.
Pena: reclusão, de 4 a 12 anos.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
Desistência voluntária e arrependimento eficaz
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de
prosseguir na execução ou impede que o resultado se
produza, só responde pelos atos já pra�cados.
Também chamada de “Execução abandonada”, pois a execução não ocorre
pela vontade do agente.
Fórmula de Frank
Tenta�va: “quero, mas não posso”
DV e AE: “posso, mas não quero”
Fundamento: direito premial – é o prêmio concedido aos criminosos
arrependidos. É um es�mulo para o agente desis�r da ação.
“Ponte de Ouro”: é a terminologia criada por Franz von Liszt para se referir
à desistência voluntária e ao arrependimento eficaz. É chamada pelos
doutrinadores argen�nos de “Ponte de Prata”.
Natureza Jurídica: existem 3 posições
1ª POSIÇÃO: causas pessoais de ex�nção da punibilidade.
Defendida por Nélson Hungria e Zaffaroni. Elas re�ram do Estado o direito
de punir em relação ao crime mais grave.
2ª POSIÇÃO: causas de exclusão da culpabilidade.
Defendida por Claus Roxin. Não há culpabilidade em relação ao crime
desejado pelo agente.
3ª POSIÇÃO: causas de exclusão da �picidade.
Esta é a posição dominante. Exclui-se a �picidade do �po inicialmente
desejado, e o agente só responde pelos atos pra�cados.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA: o agente interrompe a execução do crime.
REGRA: a desistência voluntária representa uma conduta nega�va, pois o
agente �nha mais atos a pra�car, mas ele para.
EXCEÇÃO: nos crimes omissivos impróprios, a DV será uma conduta
posi�va.
ARREPENDIMENTO EFICAZ: (também chamado de “Resipiscência”). Aqui, o
agente já esgotou os meios do crime. Depois de esgotar a execução, ele
adota providências para impedir a consumação.
Tanto no AE quanto na tenta�va perfeita, o agente esgota a consumação
do crime. Mas no primeiro caso, após ter consumado, ele adota medidas
para impedir a consumação.
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de
prosseguir na execução ou impede que o resultado se
produza, só responde pelos atos já pra�cados.
O arrependimento eficaz só é possível nos crimes materiais, porque só
neles é possível evitar o resultado naturalís�co. A desistência voluntária é
possível em qualquer crime.
REQUISITOS
a) Voluntariedade
Voluntário ≠ Espontâneo
VOLUNTARIEDADE: livre de coação.
ESPONTÂNEO: aquilo que é in�mo da reflexão do agente. É a honesta
vontade.
b) Eficácia
É preciso impedir a consumação.
Caso o agente desista, se arrependa, mas não impede o resultado e o crime
se consumar, o agente apenas irá se beneficiar de uma atenuante genérica
(art. 65, III, b).
OBS.: os mo�vos da DV e do AE são irrelevantes.
COMUNICABILIDADE NO CONCURSO DE PESSOAS: a DA ou o AE se
comunica ao par�cipe. É possível a comunicabilidade na DA e AE.
“TENTATIVA” QUALIFICADA: É aquele que contem em seu interior um
crime menos grave já consumado. A DA e o AE entram aqui também.
INCOMPATIBILIDADE: crimes culposos
A DA e o AE são incompa�veis com os crimes culposos. Salvo, na culpa
imprópria.
(AULA SEGUNDA FOTO)
SISTEMA/CRITÉRIOS DE IDENTIFICAÇÃO DA INIMPUTABILIDADE
a) Biológico: é inimputável todo aquele que apresenta uma causa mental
deficiente. Pouco importa se o agente estava lúcido ou �nha capacidade
de compreender a ilicitude e determinar-se por ela. ADOTADO NO BRASIL
EM CARÁTER DE EXCEÇÃO.
Menores de dezoito anos
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmenteinimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na
legislação especial.
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de
dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.
Causa mental deficiente Doença Mental
Desenvolvimento Mental Retardado
Incompleto
b) Psicológico: não se exige a causa mental deficiente. Basta que o agente,
no momento da conduta, não tenha capacidade de entendimento e de
autodeterminação, será inimputável. TAMBÉM ADOTADO NO BRASIL EM
CARÁTER DE EXCEÇÃO, no caso da embriaguez completa fortuita ou
acidental.
Art. 28. § 1º - É isento de pena o agente que, por
embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força
maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
c) Biopsicológico: é a fusão dos 2 critérios anteriores. Só é inimputável
quem, em razão de uma causa mental deficiente não tem capacidade de
entender a ilicitude e determinar-se conforme esse entendimento. REGRA
ADOTADA NO BRASIL.
Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental
CRITÉRIO BIOLÓGICO ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da
omissão, inteiramente CRITÉRIO PSICOLÓGICO incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
HIPÓTESES DE INIMPUTABILIDADE
a) MENORIDADE: menores de 18 anos (critério biológico).
O Brasil adotou o critério obje�vo (etário/opção legisla�va).
Para os menores de 18 anos incide uma presunção absoluta (iuris et de
iuri) porque não admite prova em sen�do contrário.
PROVA DA EMBRIAGUEZ
Admite qualquer meio de prova (testemunhal, exame clínico, exame
laboratorial etc.)
Art. 155 CPP: livre apreciação das provas.
TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA (ação livre na causa)
“A causa da causa também é a causa do que foi causado”
Teoria criada na Itália para solucionar os crimes pra�cados em estado de
embriaguez preordenada (embriaguez dolosa). Ela antecipa a análise da
imputabilidade penal, ao momento anterior em que o agente livremente se
colocou em estado de embriaguez.
Causalidade mediata: o agente é mandante e executor do crime.
Posteriormente, esta teoria foi ampliada para ser aplicada à embriaguez
voluntária e culposa (art. 28 CP):
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou
substância de efeitos análogos.
Esta teoria na embriaguez voluntária e culposa é um resquício da
responsabilidade penal obje�va (o agente vai ser punido mesmo sem dolo
ou culpa).
O Código Penal contempla uma ficção jurídica (não se pode comparar uma
pessoa que dolosamente se embriaga para ter coragem de pra�car um
crime, com outra que não teve dolo, mas que, após se embriagar pra�ca
um crime).
Esta teoria causa polêmica. Por isso, existem 3 POSIÇÕES:
1 - Já que isso é uma responsabilidade penal obje�va, o ar�go 28/CP seria
incons�tucional, e não poderia ser aplicada;
2 – Esta teoria estaria jus�ficada pelo interesse público (Paulo José da
Costa Jr. e Código Penal Português);
3 – Vontade residual: uma terceira corrente diz que por mais embriagado
que a pessoa esteja, ela ainda tem um resquício de vontade, e esse
resquício jus�fica/embasa a responsabilidade penal. O que faria desta
teoria apenas uma teoria sem aplicabilidade prá�ca (Vicenzo Manzini,
Giiulio Ba�aglini, Nelson Hungria).
Atenção! Esta teoria não se aplica para a embriaguez fortuita ou acidental.
→ Atualmente, esta teoria é aplicada para todo e qualquer crime
pra�cado em estado de inconsciência diverso da embriaguez (Sebas�an
Soler).
Ex.: uma mãe resolve dormir com o filho recém nascido na cama com a
finalidade de “matá-lo dormindo”.
POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE
Natureza Jurídica: elemento da culpabilidade
Conceito: é a possibilidade de o agente conhecer no caso concreto o
caráter ilícito do fato.
CRITÉRIOS: (para iden�ficação da potencial consciência da ilicitude)
a) FORMAL (Binding, Beling, von Liezt): diz que o agente deve conhecer a
norma penal violada. Este critério não é adotado no Brasil, pois ele reclama
uma análise de juízo do jurista (apenas os operadores do Direito teriam
este conhecimento e, conseqüentemente, a potencial consciência da
ilicitude);
b) MATERIAL: reclama do agente apenas o conhecimento da injus�ça da
sua conduta. Este critério também não foi adotado no Brasil por ser muito
vago
c) INTERMEDIÁRIO (Hanz Welzel): basta que o agente, enquanto pessoa
leiga, tenha conhecimento de que aquele comportamento é contrário ao
Direito. Esta é a posição majoritária.
Valoração Paralela da Esfera do Profano: terminologia criada pelo
português Jorge de Figueiredo Dias. Se relaciona com a potencial
consciência da ilicitude. Para se iden�ficar a potencial consciência da
ilicitude, não se reclama do agente um juízo técnico (do jurista). Basta um
juízo leigo, comum.
Excludente da culpabilidade: (dirimente) erro de proibição inevitável.
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
Surge em 1907, quando o alemão Reinhard desenvolve a “Teoria da
Normalidade das Circunstâncias Concomitantes”.
Conceito: só é culpável aquele que pra�ca o fato �pico e ilícito em uma
situação de normalidade, ou seja, quando lhe era exigível uma conduta
diversa.
Excludentes legais Coação moral irresis�vel
Obediência hierárquica
Art. 22 - Se o fato é come�do sob coação irresis�vel ou em
estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de
superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da
ordem
Atenção! A exigibilidade de conduta diversa comporta elementos não
previstos em lei.
Causas supralegais: surgem na Suprema Corte Alemã no inicio do século
XX. Com os casos do “cavalo bravio” e da “parteira dos filhos dos
mineradores”.
Excludentes supralegais: São situações que embora não previstas
expressamente em lei, revelam um quadro de inexigibilidade de conduta
diversa. A doutrina é unânime em aceitar as causas supralegais de exclusão
da culpabilidade (HC 16.865).
Atenção! O MP não simpa�za com esta tese nos crimes de competência do
tribunal do júri. Já a Defensoria sim.
COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL: exclui a culpabilidade porque elimina a
exigibilidade de conduta diversa.
Coação MORAL irresis�vel ≠ Coação FÍSICA irresis�vel
Já a coação �sica irresis�vel torna o fato a�pico, porque exclui a conduta.
Requisitos:
1 – Ameaça do coator: é a promessa do mal grave e passível de realização
iminente;
2 – Inevitabilidade do mal pelo coagido;
3 – Caráter irresis�vel da ameaça;
4 – No mínimo 3 pessoas envolvidas: coator, coagido e ví�ma do crime. Ex.:
o bandido, o gerente do banco, o próprio branco.
QUESTÃO: É possível vislumbrar uma coação moral irresis�vel só com 2
pessoas?
A regra exige 3 pessoas, porém, em casos excepcionais é possível exis�r só
duas, é no caso de quando o próprio coator é a ví�ma do crime. Ex.: “A”
querendo se matar, mas sem coragem, manda “B” a�rar nele, caso
contrário matará o filho de “B” no dia seguinte.
EFEITOS:
1 – Exclui a culpabilidade do coagido: somente o coator responde pelo
crime. NÃO HÁ CONCURSO DE PESSOAS ENTRE COATOR E COAGIDO,
porque falta o vínculo subje�vo. Estamos diante de um caso de autoria
mediata.
QUESTÃO (MP/GO): João e Maria, um casal de namorados, são abordados
por Pedro, que ameaça matar Maria em 30 minutos caso João não vá até a
empresa em que ele trabalhava e pegasse o dinheiro lá guardado, ao qual
ele teria acesso. E assim João faz. Qual crime cada um cometeu?
Maria: não cometeu crime
João: exclusão da culpabilidade
Pedro: responde pelo crime que João pra�cou, ou seja, furto; e também
pelo crime de tortura (art. 1º, I, “b”, Lei 9455/97).
ERRO DE TIPO
1 – TERMINOLOGIA
Na redação original do CP era chamado de “erro de fato”. Hoje é chamado
de “erro sobre elementos do �po”.
A expressão “erro de �po” é uma criação da doutrina.
Tipo Legal = Tipo incriminador
A palavra “ERRO” é u�lizada no Código Penalem sem sen�do amplo, pois
engloba erro propriamente dito e ignorância
Erro propriamente dito: é a falsa percepção, falsa compreensão de algo.
Ignorância: é o total desconhecimento de algo.
Erro de �po significa erro quando aos elementos ou elementares do �po.
2 – CONCEITO: erro de �po é a falsa percepção ou o total
desconhecimento de um ou mais elementos do �po penal.
Ex.: João pega livro de Pedro achando que é seu. Furto. Erro sobre “coisa
alheia”. É erro de �po.
Tal conceito define erro de �po essencial.
Já Damásio de Jesus (apenas) diz que erro de �po essencial engloba não só
o erro sobre elementares do �po, mas também as circunstâncias.
Elementares: dados básicos do �po fundamental.
Circunstância: são dados complementares para aumento ou diminuição da
pena (Ex.: qualificadoras).
3 – ESPÉCIES DE ERRO DE TIPO ESSENCIAL
O critério de diferenciação é a figura do “homem médio” (figura hipoté�ca
representa�va da normalidade humana, em prudência e inteligência
mediana).
a) Erro de �po ESCUSÁVEL (invencível ou inevitável): o agente errou, mas o
“homem médio” em seu lugar, também erraria. Por isso, não há culpa do
agente.
b) Erro de �po INESCUSÁVEL (vencível ou evitável): há culpa do agente. O
agente errou, mas o “homem médio”, no seu lugar, não erraria.
4 – EFEITOS DO ERRO DE TIPO ESSENCIAL
O erro de �po SEMPRE EXLCUI O DOLO, seja ele escusável ou inescusável.
Segundo Zaffaroni, “o erro de �po é a cara nega�va do dolo”. Significa que
o erro de �po é logicamente incompa�vel com o dolo.
O erro de �po escusável também exclui a culpa. Já o erro de �po
inescusável admite a punição do agente por crime culposo, caso seja
previsto em lei.
ESCUSÁVEL: sem dolo + sem culpa
INESCUSÁVEL: sem dolo + com culpa
QUESTÃO: É possível que o erro de �po seja inescusável e, ainda assim, o
agente não responda por nenhum crime?
Sim. É possível quando o crime não admi�r a modalidade culposa. Ex.: no
furto do livro não há crime culposo, pois não se admite forma culposa no
furto.
QUESTÃO: É possível que o erro de �po seja escusável e o agente responda
por algum crime?
Sim. É possível quando se opera a desclassificação para outro crime,
mesmo com o erro. Ex.: “A” discute com policial civil a paisana e o xinga. O
policial dá voz de prisão por desacato. O erro de que é policial exclui o
desacato. Mas xingar configura crime de injúria (subsiste).
5 – OUTRAS ESOPECIES DE ERRO DE TIPO ESSENCIAL
a) Erro de �po ESPONTÂNEO: o agente erra sozinho por conta própria.
b) Erro de �po PROVOCADO: também chamado de “erro determinado por
terceiro” (art. 20, §2º). O agente não erra sozinho. Existe um agente
provocador do erro e é esse agente que responde pelo crime doloso ou
culposo. Se o agente provocador causau o erro dolosamente, responderá
por crime doloso; se causou culposamente, responde por crime culposo –
SE PREVISTO EM LEI.
Erro determinado por terceiro
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
6 – ERRO DE TIPO ACIDENTAL
É aquele que incide sobre as circunstâncias (posição dominante, com
ressalva a Damásio) ou sobre dados irrelevantes do crime.
6.1 – MODALIDADES DE ERRO DE TIPO ACIDENTAL
Os crimes aberrantes envolvem três modalidades de erro de �po acidental:
causae, ictus e delic�.
O erro de �po é acidental porque não exclui o crime. O agente responde
pelo crime. Não torna o fato a�pico.
a) Erro sobre a PESSOA: (error in persona) o agente confunde a pessoa que
queria a�ngir (ví�ma virtual) com pessoa diversa (ví�ma real). Esse erro é
irrelevante ou acidental porque o agente queria pra�car o crime.
Ex.: “A” quer matar “B”. “A” mata “C” pensando que era “B”. “A” responde
por homicídio.
O CP, no erro de �po acidental sobre a pessoa, adota a Teoria da
Equivalência, pela qual os bens jurídicos se equivalem.
Erro sobre a pessoa
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é
pra�cado não isenta de pena. Não se consideram, neste
caso, as condições ou qualidades da ví�ma (ví�ma REAL),
senão as da pessoa contra quem o agente queria pra�car o
crime. (ví�ma VIRTUAL)
Palavras-chave: ví�ma virtual/ví�ma real confusão
No plano da �picidade, o erro sobre a pessoa é irrelevante.
Ocorre que o erro sobre a pessoa gera efeitos/reflexos sobre aplicação da
pena. Ex.: “A” quer matar o pai. “A” mata “B” pensando que era o pai.
Aplica-se a qualificadora de crime contra ascendente na pena.
b) Erro sobre o OBJETO: (erro sobre a coisa) o agente queria pra�car o
crime contra determinada coisa, mas acabou pra�cando crime contra coisa
diversa.
Ex.: “A” quer roubar um Rolex de R$ 30 mil, mas rouba uma réplica de R$
30,00.
Advertência! No exemplo, pode-se aplicar o Princípio da Insignificância,
diante valor ínfimo do relógio.
c) Erro sobre a QUALIFICADORA: o agente desconhece a presença de uma
qualificadora. O erro sobre a qualificadora exclui apenas a qualificadora em
sim, mas subsiste o crime na modalidade simples/fundamental.
d) Erro sobre o NEXO CAUSAL (aberra�o causae): o agente pra�ca e
adredita ter alcançado o resultado desejado. Em seguida, ele pra�ca uma
nova conduta com finalidade diversa. Posteriormente, se descobre que foi
essa úl�ma conduta de levou à consumação do crime. Tem duas condutas.
Ex.: “A” a�ra em “B” e pensa que o matou. “A” joga o corpo de “B” no rio
que morre afogado.
Solução:
Prova da magistratura/MP: aplica a qualificadora do afogamento
Defensoria: não se aplica qualificadora, porque “A” não queria a
qualificadora (afogar).
e) Erro na EXECUÇÃO: (aberra�o ictus) é o erro na execução. É a aberração
no ataque.
Erro na execução
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de
execução, o agente, ao invés de a�ngir a pessoa que
pretendia ofender, a�nge pessoa diversa, responde como
se �vesse pra�cado o crime contra aquela, atendendo-se
ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser
também a�ngida a pessoa que o agente pretendia ofender,
aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
Fórmula: Pessoa x Pessoa
O crime não se altera, só mudam os envolvidos.
Quanto à aplicação da pena, o erro na execução segue a mesma regra do
erro sobre a pessoa. O juiz levará em conta as condições da ví�ma virtual e
não da pessoa efe�vamente a�ngida pelo crime.
Erro sobre a pessoa ≠ Erro na execução
Em ambos há ví�ma virtual e ví�ma real.
No erro sobre pessoa há CONFUSÃO. O agente confunde a ví�ma. A ví�ma
virtual não corre perigo.
No erro na execução não há nenhuma confusão sobre a pessoa da ví�ma.
A ví�ma virtual corre perigo.
Ex.: “A” quer matar o pai. “A” a�ra no pai, mas erra, e acerta “C”. Houve
erro na execução.
ESPÉCIES DE ERRO NA EXECUÇÃO
Erro na execução com “unidade simples” ou “resultado único”: o agente
a�nge somente a pessoa diversa da desejada. Aplica-se a mesma regra do
erro sobre a pessoa na dose da pena (art. 20, §3º).
Erro na execução com “unidade complexa” ou “resultado duplo”: o agente
a�nge a pessoa desejada e também pessoa diversa. Há 2 crimes. O agente
responde pelos dois crimes em concurso formal.
Atenção! Só existe erro na execução com resultado duplo quando o
segundo crime é culposo.
f) Erro sobre resultado diverso do pretendido: (aberra�o delic�) o agente
queria pra�car um crime, mas por erro pra�cou crime diverso.
Resultado diverso do pretendido = Crime diverso do pretendido
Resultado diverso do pretendido
Art. 74 - Fora dos casos do ar�go anterior, quando, por
acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado
diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o
fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o
resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste
Código.
Fórmula: Crime x Crime
Ex.: “A” joga pedra na vidraça de “B”, crime de dano. “A” acerta a cabeça de
“B”, crime de lesão corporal.
ESPÉCIES
Erro sobre resultado com “unidade simples” ou “resultado único”
Erro sobre resultado com “unidade complexa” ou “resultado duplo”
(mesma sistemá�ca do erro na execução)
Atenção! Erro de �po ≠ Crime puta�vo por erro de �po
São ins�tutos completamente opostos. No errode �po, o agente não sabe
que está pra�cando um fato definido como crime quando o faz. No crime
puta�vo por erro de �po o agente quer pra�car o crime, mas não o faz por
falta de um elemento do �po penal.
Crime Puta�vo: também é chamado de crime imaginário ou de
erroneamente suposto, é o crime que não tem existência real, só existe na
mente do agente. Ex.: “A” se torna traficante. Adquire droga para vender.
Mas sem saber, vende farinha de trigo ao invés de cocaína.
ERRO DE PROBIÇÃO
Erro de proibição é o erro de direito.
O CP não usa o termo “erro de proibição”, mas sim “erro sobre a ilicitude
do fato”.
Erro sobre a ilicitude do fato
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro
sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se
evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente
atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato,
quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou a�ngir
essa consciência. (Erro de Proibição EVITÁVEL)
1 – DIFERENCIAÇÃO
DESCONHECIMENTO DA LEI: é inescusável (art. 21/CP). Também previsto
no art. 3º LINDB, há a presunção absoluta de que uma vez publicada a lei,
todos a conheceram. Mo�vo: razões de segurança jurídica. No Direito
Penal produz dois efeitos: atenuante genérica (art. 65,II/CP) e autoriza
perdão judicial (art. 8º, Lei das Contravenções Penais)
ERRO DE PROIBIÇÃO: o agente conhece a lei (até porque seu
desconhecimento é inescusável). Entretanto, ignora o caráter ilícito do fato
(o conteúdo da lei). Conhece a lei, só não sabe que sua conduta se
enquadra no conteúdo da lei. Ex.: homem humilde mora na roça a vida
toda. Ele mata um tatu para comer. Apesar de conhecer a lei, não sabe que
essa conduta configura crime ambiental.
2- ESPÉCIES DE ERRO DE PROIBIÇÃO
a) Erro de Proibição Inevitável ou Escusável: o critério de dis�nção é o
perfil subje�vo do agente. Valoração paralela do “juízo do profano”. O
agente errou, mas se �vesse se esforçado no caso concreto, ainda assim
erraria, conforme suas condições pessoais.
Ex.: homem humilde da roça. Em seu juízo profano, por mais que se
esforçasse, ainda erraria.
O erro de proibição INEVITÁVEL isenta de pena, excluía a culpabilidade por
eliminar a potencial consciência da ilicitude (elemento da culpabilidade).
b) Erro de Proibição Evitável ou Inescusável: o agente errou, mas se �vesse
se esforçado teria evitado o erro no caso concreto (ver REsp. 870.055/STJ ).
Ex.: “A” abre casa de pros�tuição, como tantas outras. “A” veria com pouco
esforço que é errado, evitaria.
O erro de proibição EVITÁVEL não isente de pena, não exclui a
culpabilidade, mas a pena será diminuída de 1/6 a 1/3 (é causa de
diminuição da pena).
NATUREZA JURÍDICA
Erro de proibição evitável Excludente da culpabilidade
Erro de proibição evitável Causa de diminuição da pena
3 – OUTRAS ESPÉCIES
a) Erro de Proibição Direto: é o erro de proibição propriamente dito. O
agente ignora o caráter ilícito do fato.
b) Erro de Proibição Indireto: é a chamada discriminante puta�va por erro
de proibição.
c) Erro de Proibição Mandamental: é o erro sobre o dever de agir (art. 13,
§2º/CP).
Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente
devia e podia agir para evitar o resultado.
4 – DIFERENCIAÇÃO
Erro de proibição ≠ Crime puta�vo por erro de proibição
Erro de proibição: o agente desconhece o caráter ilícito do fato.
Crime puta�vo por erro de proibição: também chamado de “delito de
alucinação” o agente quer pra�car um crime, acredita que pra�ca um
crime, mas não o faz, porque a conduta não configura crime.
Ex.: pai pra�ca sexo com filha maior e capaz, com consen�mento dela. Ele
acredita que pra�ca crime (incesto). Sua conduta não é crime no Brasil.
Crime puta�vo por erro de proibição.
5 – DIFERENCIAÇÃO
ERRO DE TIPO: ins�tuto relacionado ao fato �pico, à conduta (dolo e
culpa). Agente desconhece a realidade fá�ca que o cerca, não sabe o que
faz (erro de fato).
Critério: homem médio.
ERRO DE PROIBIÇÃO: Ins�tuto relacionado à culpabilidade (potencial
consciência da ilicitude). O agente conhece a realidade, mas ignora seu
aspecto jurídico, seu caráter ilícito.
Critério: perfil subje�vo do agente – valoração paralela da esfera do
profano (juízo do profano).
QUESTÃO: Existe alguma situação em que o erro de proibição é tratado
como erro de �po?
Sim, item 6 (a seguir).
6 – ERRO DE TIPO QUE RECAI SOBRE A ILICITUDE DO FATO
Alguns �pos penais têm elementos subje�vos que dizem respeito à
especial finalidade do agente.
Ex.: Art. 153/CP - crime de Divulgação de Segredo
Divulgação de Segredo
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de
documento par�cular ou de correspondência confidencial,
de que é des�natário ou detentor, e cuja divulgação possa
produzir dano a outrem:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
A expressão “sem justa causa” é o elemento do �po.
A princípio o caso sobre a justa causa seria erro de proibição, pois diz
respeito à ilicitude do fato. Ocorre que “justa causa” integra o �po. Daí é
tratado como erro de �po.
O erro de proibição será tratado como erro de �po quando o erro recair
sobre elemento subje�vo do �po.
DISCRIMINANTES PUTATIVAS
REQUISITOS
1 - PLURALIDADE DE AGENTES CULPÁVEIS: quanto ao número de agentes,
os crimes se dividem em 3 grandes grupos:
UNISSUBJETIVOS (unilaterais ou de concurso eventual): São aqueles
normalmente come�dos por uma única pessoa, mas que admitem o
concurso de agentes. Ex.: homicídio
PLURISSUBJETIVOS (plurilaterais ou de concurso necessário): também
chamados de São aqueles em que o �po penal reclama a pluralidade de
agentes para a prá�ca do delito. Ex.: associação criminosa, organização
criminosa, bigamia.
EVENTUALMENTE COLETIVOS (ou acidentalmente cole�vos): são aqueles
que podem ser pra�cados por uma única pessoa, mas a pluralidade de
agentes faz surgir uma modalidade mais grave do delito. Ex.: furto sozinho
– furto simples, furto de mais pessoas – furto qualificado pelo aumento de
pessoas.
→ O concurso de pessoas, da parte geral do CP, dos ar�gos 29 a 31/CP,
só se aplica aos crimes unissubje�vos. E todos os agentes devem ser
culpáveis, para que haja o concurso de pessoas. Se um dos agentes não for
culpável, estará caracterizada autoria mediata, e não concurso de pessoas.
Nos plurissubje�vos e nos eventualmente cole�vos, basta que um agente
seja culpável. Nestes úl�mos não se aplicam os ar�gos 29 a 31/CP da parte
geral.
2 - RELEVÂNCIA CAUSAL DAS CONDUTAS: todas as condutas de todos os
agentes são relevantes para a produção do resultado.
Art. 29
Não há concurso de pessoas na “par�cipação inóqua”: aquela que em
nada contribui para a produção do resultado.
3 – VÍNCULO SUBJETIVO (liame psicológico ou concurso de vontades): é a
intenção de colaborar para o crime de terceiro, ainda que este terceiro
desconheça a colaboração. Ausente este vínculo subje�vo, não haverá
concurso de pessoas, mas sim autoria colateral. O vínculo subje�vo não se
confunde com o ajuste prévio, pois o prévio ajuste é o conluio, é a o
acordo entre os agentes. Já aqui, os agentes devem apresentar a chamada
“vontade homogênea”: todos os agentes devem ter o mesmo elemento
subje�vo. Ex.: se o crime é doloso, todos devem concorrer dolosamente
para o resultado. Se o crime é culposo, todos devem concorrer
culposamente.
Conclusão: Não há par�cipação dolosa em crime culposo e nem
par�cipação culposa em crime doloso.
4 – UNIDADE DE INFRAÇÃO PENAL PARA TODOS OS AGENTES:
Esta Teoria Unitária ou Monista foi adotada como regra geral.
O CP seguiu a risca o P. da Culpabilidade do concurso de pessoas. Então,
não é porque todos respondem pelo mesmo crime que receberão a
mesma pena.
Porém, há exceções pluralís�cas à Teoria Unitária: são os casos em que os
agentes buscam o mesmo resultado, mas respondem por crimes diversos.
Ex.1: ar�gos 124 e 126/CP.
Aborto provocado pela gestante ou com seu consen�mento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consen�r que
outremlho provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.
Aborto provocado por terceiro
Art. 126 - Provocar aborto com o consen�mento da
gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Ex.2: ar�gos 317 e 333.
5 – EXISTÊNCIA DE UM FATO PUNÍVEL: auto explicável. Também chamado
de Princípio da Exterioridade.
FORMAS/MODALIDADES DO CONCURSO DE PESSOAS
COAUTORIA: presença de 2 ou mais autores. Sendo autor, no Direito Penal,
um conceito explicado por diversas teorias. Porém, 2 teorias se destacam:
Teoria restri�va obje�vo-formal: restringe o conceito de autor, admi�ndo
também a figura do par�cipe. Para esta teoria, autor é quem pra�ca o
núcleo do �po. E par�cipe, é quem concorre de qualquer modo para o
crime, sem executá-lo. Historicamente, esta teoria sempre foi a preferida
no Brasil.
Para esta teoria, o autor intelectual é, na verdade, par�cipe.
Quem adota esta teoria diz que a autoria deve ser complementada pela
autoria mediata: autor mediato ("de trás”) + autor imediato (pessoa sem
culpabilidade). Ou seja, o autor mediato se vale de uma pessoa sem
culpabilidade para execução do crime.
Teoria do Domínio do Fato: criada na Alemanha no ano de 1939, esta teoria
é in�mamente relacionada com o Finalismo penal. Esta teoria foi criada
para ampliar o conceito de autor. Para ela, autor é quem tem o controle
final do fato. Welzel, criador desta teoria, diz que autor é o “senhor do
fato”. Autor é quem executa o núcleo do �po. Mas, ainda, o autor
intelectual e o mediato, aqui, também são considerados autores. Autor é
toda e qualquer pessoa que tem o controle final do fato.
Esta teoria só se aplica aos crimes dolosos, pois é logicamente incompa�vel
com os crimes culposos.
Esta teoria admite a figura do par�cipe, sendo ele quem concorre de
qualquer modo para o crime, sem executá-lo e sem ter o controle final do
fato.
Esta teoria ganhou força no STF com o julgamento do Mensalão (Ação
Penal 470), pois alguns ministros adotaram esta teoria.
A Lei do Crime Organizado (Lei 12850/13, art. 2º, §3º) adotou algumas
idéias desta teoria.
§ 3o - A pena é agravada para quem exerce o comando,
individual ou cole�vo, da organização criminosa, ainda que
não pra�que pessoalmente atos de execução.
Autoria de escritório (Zaffaroni)
Teoria do Domínio da Organização (Claus Roxin)
Essas duas teorias dependem da adoção da Teoria do Domínio do fato.
Tanto a autoria de escritório como a Teoria do Domínio da Organização são
adotas nas chamadas “Estruturas ilícitas de poder”, que são as
organizações criminosas e os grupos terroristas. A autoria de escritório
(aquela em que o autor não executa o crime, apenas fica em seu escritório
dando ordens) e a Teoria do Domínio da Organização tem dois pontos
marcantes: primeiro, a hierarquia, pois toda organização criminosa/grupo
terrorista tem uma hierarquia e, segundo, a facilidade na subs�tuição do
executor da ordem.
Coautoria:
a) Parcial/Funcional: os coautores pra�cam atos de execução diversos que,
somados, levam à consumação do crime. Ex.: um segura a ví�ma e o outro
a esfaqueia.
b) Direta/Material: os dois agentes realizam o crime.
→ Executor de Reserva: é um sujeito que tanto pode ser coautor como
também pode ser par�cipe. É aquele que presencia a execução do crime.
Espécies de PARTICIPAÇÃO
Moral: pode se dar por INDUZIMENTO ou INSTIGAÇÃO.Esta par�cipação se
limita a idéias, conselhos. Induzimento é fazer surgir na mente de alguém a
vontade criminosa. Ins�gação é reforçar a vontade criminosa que já existe.
Ambos devem ser direcionados a uma pessoa determinada, e também a
um fato determinado. Não há par�cipação no induzimento e na ins�gação
de natureza genrérica.
➢ O sofrimento do jovem - Ghethe
Material: é o auxílio. Também chamado de cumplicidade. Auxiliar é
concorrer materialmente para o crime, sem executá-lo. Em regra, o auxilio
ocorre durante os atos preparatórios ou executórios. Não se admite o
auxilio posterior à consumação, SALVO se ajustado previamente.
Auxilio posterior à consumação COM ajuste prévio: ambos respondem
pelo crime, um como autor e outro como par�cipe.
Auxilio posterior à consumação SEM ajuste prévio: um responde pelo
crime e o outro pelo crime de favorecimento pessoal (art. 348/CP).
→ Par�cipação de menor importância: também chamada de
“par�cipação mínima”, é a par�cipação de reduzida eficácia causal (ou
seja, ela concorre para o resultado, porém, em grau menor). É uma CAUSA
DE DIMINUIÇÃO DA PENA (art. 29, § 1º).
Art. 29. §1º - Se a par�cipação for de menor importância, a
pena pode ser diminuída de um sexta a um terço.
Par�cipação de menor importância ≠ Par�cipação inócua
Na de menor importância o agente concorre para o resultado, existe
concurso de pessoas. Na inócua, não há concurso de pessoas, o agente em
nada contribui para o resultado.
STF HC 72.893: a par�cipação de menor importância não se aplica à
coautoria. Primeiro, porque o CP só fala em par�cipação e não à coautoria.
E, segundo, porque a coautoria nunca é de menor importância. Ela sempre
é relevante.
(15 min)
TEORIAS DA ACESSORIEDADE
O que o autor deve fazer para se punir o par�cipe e a par�r de que
momento pode se punir o par�cipe. As teorias 1 e 4 são consideradas
absurdas.
1 – MÍNIMA: diz que para se punir o par�cipe, basta que o autor pra�que
um fato �pico. Esta teoria não é muito defendida.
Ex.: A contrata B para matar sua sogra após uma semana. Porém, no
mesmo dia, a sogra tenta matar B, e, em legi�ma defesa, B a mata. Para
esta teoria, B não seria punido por estar em legi�ma defesa, porém, A,
como par�cipe, seria punido.
2 – LIMITADA: para se punir o par�cipe, o autor deve pra�car um fato
�pico e ilícito. Esta teoria se confunde com a autoria mediata, onde não há
concurso de pessoas.
3- MÁXIMA ou EXTREMA: para se punir o par�cipe é preciso que autor
pra�que um fato �pico e ilícito e que ele também seja culpável. TEORIA
ATUALMENTE ADOTADA NA DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA.
4 – HIPERACESSORIEDADE: pra se punir o par�cipe é preciso que o autor
pra�que um fato �pico, ilícito, que ele seja culpável e que ele tenha sido
efe�vamente punido. Esta teoria é equivocada por exigir que o autor seja
punido. Ex.: A contrata B para matar C. B mata C, porém, logo em seguida,
se arrepende e comete suicídio. Para esta teoria, em que pese A tenha
a�ngido seu obje�vo, uma vez que B não foi punido, A também não será.
PARTICIPAÇÃO POR OMISSÃO: É possível a par�cipação por omissão
quando o agente �nha o dever de agir para evitar o resultado.
PARTICIPAÇÃO NEGATIVA, CONCURSO ABSOLUTAMENTE NEGATIVO ou
CRIME SILENTE: É a omissão de quem NÃO tem o dever de agir para evitar
o resultado. Não é par�cipação e não há concurso de pessoas.
PARTICIPAÇÃO EM CADEIA ou PARTICIPAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO: uma
pessoa induz, ins�ga ou auxilia outra, para que esta, induza, ins�gue ou
auxilie um 3º a pra�car o crime.
PARTICIPAÇÃO SUCESSIVA: quando alguém é induzido, auxiliado ou
ins�gado, por duas ou mais pessoas, a cometer um crime.
CIRCUNSTÂNCIAS INCOMUNICÁVEIS: comunicabilidade é quando algo que
diz respeito a A, também se aplica a B.
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições
de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
Elementares: são os dados que integram a modalidade básica do crime. Ex.:
no homicídio, “matar” é o núcleo, o verbo, e “alguém” é o elementar.
Circunstâncias: são os dados que se agregam ao �po fundamental para
aumentar ou diminuir a pena. Fazem surgir o �po derivado. Podem ser
Pessoais/subje�vas (dizem respeito ao agente) ou Reais/obje�vas (dizem
respeito ao fato). Ex.: as qualificadoras – uso de fogo, de tortura - e os
privilégios.
Condições: são fatores que existem independentemente da prá�ca do
crime. Também se dividem em pessoais/subje�vas e reais/obje�vas. As
condições pessoais dizem respeito ao agente. Ex.: reincidência,
menoridade rela�va. Já as condições reais ou obje�vas, dizem respeito ao
fato. Ex.: noite.
REGRAS DO ARTIGO 30:
1 – As elementares SEMPRE se comunicam no concurso de pessoas, desde
que sejam do conhecimento de todos os agentes.2 – As circunstâncias pessoais NUNCA se comunicam.
3 – As circunstâncias reais ou obje�vas se comunicam, desde que sejam do
conhecimento de todos os agentes.
4 – As circunstâncias pessoais ou subje�vas NUNCA se comunicam.
5 - As condições reais ou obje�vas se comunicam, desde que sejam do
conhecimento de todos os agentes. Ex.: A contrata B para invadir uma casa
á noite. A agravante noite se comunica a A.
AUTORIA COLATERAL ou COAUTORIA IMPRÓPRIA ou AUTORIA PARELHA:
duas ou mais pessoas pra�cam atos de execução do mesmo crime, cada
uma desconhecendo a vontade da outra. NÃO HÁ CONCURSO DE PESSOAS,
pois falta um de seus requisitos, o vínculo subje�vo. Na autoria colateral é
possível iden�ficar quem produziu o resultado. Cada um responde pelo
crime que efe�vamente pra�cou.
AUTORIA INCERTA: pressupõe uma autoria colateral, porém nela não se
descobre quem produziu o resultado. Neste caso, ambos respondem pelo
crime.
(15min)
Art. 29 § 2º - Se algum dos concorrentes quis par�cipar de
crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa
pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido
previsível o resultado mais grave.
Ex.: A e B combinaram de furtar C. Porém, a ví�ma C aparece. A, então,
foge e responde por tenta�va de furto qualificada. B, fica, furta e mata a
ví�ma, responde por latrocínio.
Se o crime mais grave era previsível para o B, então ele responde pelo
crime menos grave, aumentada a pena até a metade.
PRESCRIÇÃO
INTRODUÇÃO: o Estado é o �tular exclusivo do direito de punir. O Estado
detém o monopólio do direito de punir. Este direito é genérico e abstrato,
ele paira indis�ntamente sobre todas as pessoas. Porém, esse direito só se
concre�za com a prá�ca do crime. O direito de punir tem limites materiais
(Ex.: Princípio da Reserva Legal, da Insignificância, da Materialidade),
formais (Ex.: Princípio do Contraditório, da Ampla Defesa, do Devido
Processo Legal) e temporais (Ex.: prescrição). A PRESCRIÇÃO É UM LIMITE
TEMPORAL AO DIREITO DE PUNIR.
Conceito: prescrição é a perda da pretensão puni�va ou da pretensão
executória em face da inércia do Estado durante determinado prazo
legalmente previsto.
PRETENSÃO PUNITIVA: é o interesse do Estado em aplicar a pena a quem
violou a lei penal. Sempre ocorre antes do trânsito em julgado da
condenação.
PRETENSÃO EXECUTÓRIA: é o interesse do Estado em fazer com que uma
pena já aplicada, seja efe�vamente cumprida. Ela somente se manifesta
após o trânsito em julgado da condenação.
FUNDAMENTOS DA PRESCRIÇÃO
1 – Segurança jurídica;
2 – Inadequação/imper�nência da pena aplicada muito tempo após a
prá�ca do crime: a pena aplicada muito tempo depois é uma mera
vingança do Estado contra o agente, perdendo sua finalidade prá�ca;
3 – Combate à ineficiência do Estado.
NATUREZA JURÍDICA DA PRESCRIÇÃO: É uma causa de ex�nção da
PUNIBILIDADE (art. 107, IV/CP). Ela não apaga o crime, não o exclui. O
crime permanece intacto. O Estado somente perde o direito de punir. O
CRIME NÃO PRESCREVE, O QUE PRESCREVE É A PENA.
Art. 107 - Ex�ngue-se a punibilidade:
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
CONTAGEM DO PRAZO: A contagem é penal, calculada nos moldes do
ar�go 10/CP. Ou seja, inclui o dia do começo e exclui o dia do final.
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário
comum.
MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA: por ser matéria de ordem pública a
prescrição pode e deve ser reconhecida em qualquer tempo e em
qualquer grau de jurisdição, inclusive de o�cio pelo juiz (STF HC 110.221 –
Inf. 731).
MATÉRIA PRELIMINAR: a prescrição é considerada matéria preliminar
porque ela antecede e impede a análise do mérito (STJ Rcl. 4515 – Inf. 470).
IMPRESCRITIBILIDADE PENAL: no Código Criminal do Império, de 1830, em
seu ar�go 65, era previsto que as penas jamais prescreviam. A regra geral
era, portanto, a da imprescri�bilidade penal. Atualmente no Brasil, porém,
a regra geral é a prescrição. As penas, em geral, prescrevem. Inclusive, nos
crimes hediondos. Existem, no entanto, duas EXCEÇÕES:
1ª Exceção RACISMO (art. 5º, XLII/CF).
2ª Exceção Ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
cons�tucional e o Estado de Direito (art. 5º, XLIV/CF).
XLII - a prá�ca do racismo cons�tui crime inafiançável e
imprescri�vel, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIV - cons�tui crime inafiançável e imprescri�vel a ação de
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
cons�tucional e o Estado Democrá�co;
QUESTÃO: O legislador pode criar novas hipóteses de imprescri�bilidade
penal?
Existem 2 posições sobre o assunto. 1ª POSIÇÃO: não podem ser criados
novos casos de imprescri�bilidade penal, uma vez que as duas únicas
exceções encontram-se no ar�go 5º da CF, e por terem status de cláusula
pétrea. A prescrição, portanto é um direito fundamental do ser humano,
direito de ser processado e julgado dentro de prazos previamente
estabelecidos em lei. 2ª POSIÇÃO: sim, pois a CF não esgota as hipóteses
de imprescri�bilidade penal, ela se limitaria a indicar casos de
imprescri�bilidade penal, sem esgotá-los. Posição adotada pelo STF (RE
460.971).
→ Pelo Decreto 4388/2002, o Tribunal Penal Internacional passou a
fazer parte do Direito brasileiro. Em seu ar�go 29, ele dispõe que os crimes
de competência do TPI não prescrevem. Porém a competência do TPI é
especializada (é só para os crimes nela indicados) e subsidiária (só age se a
jus�ça brasileira se omi�r).insuficiente ou
deficiente de bens jurídicos (Garan�smo Posi�vo; Ex.: Lei 4898/65).
Ex.: a Lei 4898/65 (Lei de Abuso de Autoridade) datada da época da
ditadura militar, que pune a lesão corporal pra�cada por policial em
exercício da função com pena mínima de apenas 10 dias. Os ar�gos 273 e
349-A do CP também são considerados desatualizados, fora de contexto e
fora do P. da Proporcionalidade.
Espécies / Des�natário / Momentos :
a) Proporcionalidade ABSTRATA ou LEGISLATIVA
Manifesta-se no momento da criação da lei e tem como des�natário o
legislador. O legislador faz uma seleção qualita�va e quan�ta�va das penas.
b) Proporcionalidade CONCRETA ou JUDICIAL
Diz respeito ao magistrado no momento da individualização da pena.
c) Proporcionalidade EXECUTÓRIA ou ADMINISTRATIVA
Diz respeito ao cumprimento da pena, deve ser respeitada pelos órgãos da
execução penal.
3.6 - PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE OU LESIVIDADE
Só existe crime quando a conduta é capaz de lesar, de ofender ou, no
mínimo, de colocar em perigo o bem jurídico penalmente protegido. O
Princípio da Ofensividade é inseparável do “Princípio da Exclusiva Proteção
do Bem Jurídico”.
Princípio da Exclusiva Proteção do Bem Jurídico: a missão do Direito Penal
moderno e democrá�co é a proteção de bens jurídicos. O Direito Penal
não deve se ocupar de questões polí�cas, filosóficas, morais, religiosas,
etc.
BEM JURÍDICO: são valores ou interesses relevantes para a manutenção e o
desenvolvimento do indivíduo e da sociedade.
Nem todo Bem Jurídico é penal (merece proteção penal). Bem Jurídico
Penal são apenas os bens jurídicos importantes, indispensáveis para o
indivíduo e para a sociedade (apenas estes merecerão proteção penal).
Seleção: a CF é que faz a seleção dos bem jurídicos relevantes.
Teoria Cons�tucional do Direito Penal: Claus Roxin diz que o Direito Penal
só é legí�mo quando protege valores consagrados na Cons�tuição Federal.
Ex.: o Homicídio é crime porque a CF assegura a todos o direito à vida; o
furto é crime porque a CF assegura o direito à propriedade; calúnia,
difamação são crimes porque a CF assegura o direito à inviolabilidade da
honra; etc.
QUESTÃO: O que se entende por “espiritualização de bens jurídicos” no
Direito Penal?
Crimes de dano tutelavam bens jurídicos individuais
O Direito Penal não espera mais o dano ao bem jurídico, ele se antecipa
(Ex.: porte de arma de fogo passa a ser crime para evitar o perigo, e
consequentemente o dano)
Crimes de perigo (Direito Penal do Risco) tutela bens jurídicos
difusos e cole�vos
Assim, ocorreu a Espiritualização do Direito Penal, que segundo Claus Roxin
também pode ser chamado de Crime por Liquefação ou Desmaterialização
de bens jurídicos.
3.7 – PRINCÍPIO DA RESPONSABIIDADE PENAL PELO FATO
Direito Penal do Autor ≠ Direito Penal do Fato
Direito Penal do AUTOR: é aquele que vai rotular, estereo�par, e�quetar
determinadas categorias de pessoas. É um Direito Penal autoritário,
an�democrá�co. Leva em conta quem a pessoa é.
Ex.: Direito Penal da Alemanha nazista.
Direito Penal do FATO: é um Direito Penal moderno, garan�sta,
democrá�co. Leva em conta o fato �pico e ilícito pra�cado, pouco
importando quem é o agente.
3.8 – PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO BIS IN IDEM
Não se admite dupla punição pelo mesmo fato.
Ex.: Súm. 241 STJ.
STJ Súmula nº 241 - A reincidência penal não pode ser
considerada como circunstância agravante e,
simultaneamente, como circunstância judicial.
Atenção!
A reincidência é uma agravante genérica (art. 61, I).
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena,
quando não cons�tuem ou qualificam o crime:
I - a reincidência
(...).
A Defensoria Pública diz que a reincidência viola o P. da Responsabilidade
Penal pelo Fato e a proibição do bis in idem. A reincidência considerada
como circunstância agravante ou judicial está de acordo com o Direito
Penal do Autor, pois considera a pessoa e não se refere ao fato. Assim
como o bis in idem, que seria como usar o mesmo fato penal para
aplicação da pena e depois como agravante. Porém, o STF decidiu, por
unanimidade, no RE 453.000/RS que a reincidência é legí�ma e de acordo
com o Direito Penal do Fato.
Ainda, a pena tem as finalidades de repressão e prevenção. O STF diz,
então, que reincidência demonstra que a pena não cumpriu as suas
finalidades. Portanto a próxima pena tem que ser mais rígida e mais
elevada.
3.9 – PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ou “da Criminalidade da Bagatela”
Origem: Direito Romano - “de minimus non curat praetor” (os tribunais
não cuidam do que é mínimo) – este princípio era restrito ao direito
romano privado.
Direito Penal: este princípio foi incorporado ao Direito Penal por Claus
Roxin, na década de 1970. Roxin diz que muito mais que um princípio, a
insignificância é um fator de polí�ca criminal.
POLÍTICA CRIMINAL: segundo Claus Roxin, é aplicar a letra da lei de acordo
com os interesses da sociedade. A polí�ca criminal é um filtro entre a letra
da lei e a vontade social.
Natureza Jurídica: é uma causa supralegal de exclusão da �picidade.
TIPICIDADE PENAL = Tipicidade Formal + Tipicidade Material
Tipicidade FORMAL: juízo de adequação entre o fato e a norma.
Tipicidade MATERIAL: é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico.
Conclusão: O princípio da insignificância exclui a �picidade, pois, em que
pese exis�r a �picidade formal, falta a �picidade material.
Função: efetuar uma interpretação restri�va do �po penal (limita o poder
puni�vo do Estado). Evita a banalização do Direito Penal.
Conceito: o Direito Penal não deve se ocupar de assuntos irrelevantes,
insignificantes, incapazes de lesar ou, no mínimo, de colocar em perigo o
bem jurídico tutelado.
Requisitos: segundo o STF, tem 2 requisitos, os obje�vos e os subje�vos.
Requisitos obje�vos são os que dizem respeito ao fato, enquanto que
requisitos subje�vos são os que dizem respeito ao agente e à ví�ma.
Requisitos Obje�vos 1- Mínima ofensividade da conduta;
2- Ausência de periculosidade social;
3- Reduzido grau de reprovabilidade do
comportamento;
4- Inexpressividade da lesão ao bem
jurídico.
Subje�vos Agente
Ví�ma
Requisitos subje�vos relacionados ao AGENTE:
QUESTÃO: Aplica-se o Princípio da Insignificância ao crime pra�cado por
policial militar?
Segundo entendimento atual do STF não se aplica o P. da insignificância em
crimes pra�cados por militares (HC 108.884 em Inf. 670)
→ Também não se aplica à policiais civis, federais, membros do MP,
magistrados, e demais entes responsáveis pela Segurança Pública.
QUESTÃO: Se o agente é reincidente, aplica-se o Princípio da
Insignificância?
No STJ prevalece (não é totalmente pacífico) que sim (HC 163.004 em Inf.
441).
No STF prevalece que não (HC 106.367 em Inf. 635). A sociedade não quer
a aplicação do Princípio da Insignificância pra quem é reincidente.
QUESTÃO: Aplica-se o P. da Insignificância para o “criminoso habitual”?
Não. Para o criminoso habitual, aquele que faz da pra�ca de crimes um
es�lo de vida, não se aplica o p. da insignificância (HC 150.236 em INF. 489
STJ).
Requisitos subje�vos relacionados à VÍTIMA: deve-se analisar a
importância do bem para a ví�ma e o valor sen�mental do bem (HC
107.615 em Inf. 639).
Aplicabilidade: o P. da Insignificância é aplicado em todo e qualquer crime
que seja com ele compa�vel, e NÃO apenas aos crimes patrimoniais.
Ex.: descaminho (crime de natureza tributária), o STF diz que cabe o P. da
Insignificância quando o valor do tributo não ultrapasse 10 mil reais.
→ Nos crimes patrimoniais não existe um teto para o Princípio da
Insignificância (mas o STF e o STJ costumam aplicar o princípio quando o
valor do bem gira em torno de até 20% do salário mínimo).
→ Os crimes tributários são de “vi�mização difusa”, pois a�ngem toda
a sociedade, no sen�do de que quando uma pessoa deixa de pagar seus
tributos, faltará dinheiro para o governo inves�r em saúde, educação, etc.
O STF e o STJ foram buscaro teto de 10 mil reais no art. 20 da Lei
10.522/01, que diz que quando o valor do débito não ultrapassar 10 mil
reais, o Procurador da Fazenda Nacional vai arquivar o processo sem dar
baixa na distribuição, ou seja, o débito poderá ser cobrado no futuro (com
os juros acrescidos com o tempo, por exemplo).
Art. 20. Serão arquivados, sem baixa na distribuição,
mediante requerimento do Procurador da Fazenda
Nacional, os autos das execuções fiscais de débitos inscritos
como Dívida A�va da União pela Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado
igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).
§ 1º Os autos de execução a que se refere este ar�go serão
rea�vados quando os valores dos débitos ultrapassarem os
limites indicados.
(...).
→ As Portarias 75 e 130, ambas de 2012, aumentaram o valor para 20
mil reais. O STF (HC 120.069 – 1ª turma) e o STJ (Ag. Rg. no REsp.
1.409.202), porém, disseram que con�nua valendo o valor de 10 mil reais
ao Princípio da Insignificância (mas a 2ª turma do STF já disse que se aplica
o valor de 20 mil reais, resta esperar decisão pacificadora do plenário).
Incompa�bilidade do P. da Insignificância:
⦁ CRIMES CONTRA A VIDA;
⦁ CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL;
⦁ ROUBO E DEMAIS CRIMES PARIMONIAIS PRATICADOS COM
VIOLÊNCIA À PESSOA OU GRAVE AMEAÇA;
⦁ LEI DE DROGAS (11.343/06): no crime de tráfico (art. 33, caput) e
relacionados ao tráfico; (já no crime do porte de droga para consumo
pessoal - ar�go 28 - o STF sempre foi contrário ao P. da insignificância, pois
os crimes da lei de drogas são crimes de saúde pública e são crimes de
perigo abstrato, porém o entendimento adotado pelo STF não foi esse no
HC 110.475 – 1ª turma em Inf. 655);
⦁ CRIMES AMBIENTAIS (tradicionalmente o STF era contrário à
aplicação do P. da Insignificância aos crimes ambientais, por ser o meio
ambiente um bem de todos, de interesse difuso; porém, o STF no HC
112.563 no Inf. 676 admi�u o P. da insignificância em crime ambiental).
QUESTÃO: Somente o juiz aplica o P. da Insignificância ou a autoridade
policial também pode fazer essa valoração?
O STJ diz que só pode ser aplicado pelo juiz (HC 154.949 em Inf. 441).
Porém, posição minoritária, diz que uma vez que o Princípio da
Insignificância exclui a �picidade, não há crime nem para o Delegado e
nem para o juiz.
PRINCÍPIO DA BAGATELA IMPRÓPRIA: (ou Insignificância Imprópria)
trata-se de uma nova teoria criada pela Suprema Corte da Alemanha, que o
Brasil começou a importar, porém ainda não tem previsão legal.
Princípio da Bagatela Própria x Princípio da Bagatela Imprópria
PRÓPRIA IMPRÓPRIA
- Fato a�pico (Exclui a a�picidade)
- Não há Ação Penal
- Fato �pico e ilícito
- Há Ação Penal
- Desnecessidade da pena
→ A bagatela imprópria se aproxima bastante do PERDÃO JUDICIAL,
porém este úl�mo está previsto em lei (o perdão judicial previsto no art.
107, IX, CP é uma causa de ex�nção da punibilidade).
→ A bagatela imprópria é uma causa supra legal de ex�nção da
punibilidade.
3.10 - PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA
Este princípio é a base do Direito Penal Mínimo.
Origem: França – 1789 (Declaração Universal dos Direitos do Homem e do
Cidadão).
Conceito: o Direito Penal só é legí�mo quando funciona como meio
indispensável para a proteção do bem jurídico. O Direito Penal só deve ser
u�lizado quando o problema não puder ser solucionado por outros ramos
do Direito.
→ O Princípio da Intervenção Mínima é um reforço ao Princípio da
Reserva Legal.
Des�natários: Legislador (Fragmentariedade)
Operador do Direito (Subsidiariedade)
O P. da Intervenção Mínima se subdivide em outros dois: fragmentariedade
e subsidiariedade.
FRAGMENTARIEDADE: (caráter fragmentário do Direito Penal) No universo
da ilicitude, apenas alguns fragmentos representam os ilícitos penais. Nem
todo ilícito obrigatoriamente é ilícito penal, mas todo ilícito penal também
é ilícito perante os demais ramos do Direito. Essa fragmentariedade diz que
o Direito Penal é a úl�ma etapa, úl�ma fase, de proteção do bem jurídico.
Ex.: deixar de pagar um tributo (inadimplência), não é crime tributário,
porém, é ilícito tributário.
Fragmentariedade às avessas: existe um crime que com o passar do tempo
se mostra desnecessário.
Ex.: revogação do crime de adultério (art. 240 CP pela Lei 11.106/05).
SUBSIDIARIEDADE: se manifesta no plano concreto, pelo aplicador do
Direito.
Ex.: um juiz arquivar um IP de estelionato quando o fato puder ser
resolvido na esfera cível.
→ Nélson Hungria dizia que o Direito Penal é um executor de reserva,
só pode ser aplicado se o problema não foi resolvido por outras áreas do
Direito.
→ San�ago Mir Puig diz que o Direito Penal é a “ul�ma ra�o” (ul�ma
razão, úl�ma medida a ser adotada no caso concreto).
Ex.: HC 50.863 STJ.
HC 197.601 do Inf. 479.
→ Luiz Flávio Gomes, em posição minoritária, diz que a
fragmentariedade é em concreto e a subsidiariedade em abstrato.
FUNCIONALISMO PENAL
CONCEITO: é um movimento doutrinário, surgido na Alemanha, e que
rapidamente se expandiu, inclusive no Brasil, que discute qual é a
verdadeira função do Direito Penal.
Porém não existe um único funcionamento penal, o funcionalismo penal
vai variar de acordo com o doutrinador, jurista, aplicador do Direito.
Existem, porém, as principais posições, que veremos a seguir.
1 – NOTAS PRINCIPAIS
a) Proteção do bem jurídico: a função do Direito Penal é a de proteger bens
jurídicos.
b) Desapego do formalismo / técnica jurídica excessiva: o Direito Penal tem
que deixar de ser meramente legalista (exemplo de aplicação do desapego
do formalismo: princípio da insignificância).
c) Prevalência do jurista sobre o legislador: o papel do jurista, do operador
do Direito, é mais importante que o papel do legislador. A lei é tão somente
um ponto de par�da que não vincula, não prende o operador do Direito
(exemplo de aplicação da prevalência do jurista sobre o legislador:
princípio da insignificância).
ESCOLA DE MUNIQUE - Claus Roxin
Caracterís�cas:
Funcionalismo Moderado: porque o D. Penal tem limites impostos pelo
próprio direito penal, pelos demais ramos do direito e pela própria
sociedade.
Dualista: o D. Penal é um conjunto de regras e valores, mas que convive
pacificamente com o ordenamento jurídico em geral.
Funcionalismo de Polí�ca Criminal: é aplicar a lei de acordo com os anseios
da sociedade. É o filtro entre a letra da lei e os interesses da cole�vidade.
Racional Teleológico: é um D. Penal movido pela razão, pelo bom senso,
pela coerência; e teleológico porque o D. Penal busca uma finalidade
(auxiliar na solução dos problemas sociais; o D. Penal é um instrumento a
serviço da sociedade).
FUNÇÃO DO DIREITO PENAL: segundo Roxin, o D. Penal é um instrumento
a serviço da sociedade, serve para auxiliar na solução dos problemas
sociais
→ TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA (nexo causal)
→ TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO (no concurso de pessoas)
ESCOLA DE BONM - Gunther Jakobs
CARACTERÍSTICA:
Monista: o D. Penal é um sistema próprio de regras e valores, que
independe dos demais ramos do Direito.
Radical: os limites do D. Penal são apenas aqueles impostos pelo próprio D.
Penal.
Sistêmico: o D. Penal é um sistema autônomo (tudo o que o D. Penal
precisa, está nele mesmo), autorreferente (todos os conceitos e referências
que o D. Penal precisa estão nele próprio) e autopoié�co (o D. Penal se
atualiza, se renova, cria o que tem que criar, exclui o que tem que excluir,
ele se movimenta, caminha por conta própria). As caracterís�cas dessa
definições foram inspiradas na “Teoria dos sistemas” de Luhman
FUNÇÃO DO DIREITO PENAL: segundo Jakobs, é tão somente a proteção da
norma. É punir. Não é o D. Penal que deve se ajustar à sociedade, mas sim
a sociedade que tem que se adaptar a ele.
→ Por isso também se fala em:
- Direito Penal do MEDO / TERROR
- Hipertrofia do Direito Penal
- Inflação Legisla�va
VELOCIDADES DO DIREITO PENAL
Teoria criada por Jesús-Maria Silva Sánchez,da Universidade Pompeu Fabra
(Barcelona).
Conceito: o D. Penal sempre se desenvolveu em duas velocidades, em dois
blocos dis�ntos de ilícitos penais.
1ª VELOCIDADE: Direito Penal da Prisão ou “Nuclear”
É mínimo e rígido.
Mínimo porque o D. Penal se refere àqueles poucos crimes que
efe�vamente levam a prisão (Ex.: homicídio qualificado, latrocínio, extorsão
mediante seqüestro, estupro).
É rígido porque a liberdade do ser humano está em jogo, por isso ele
respeita rigorosamente os direitos e garan�as do ser humano.
2ª VELOCIDADE: Direito Penal sem prisão ou “Periférico”
É o D. Penal das penas alterna�vas, das penas restri�vas de direitos e da
pena de multa.
É rápido porque permite a flexibilização de direitos e garan�as do ser
humano (Ex.: Lei 9099/95 – infrações de competência do Juizado Especial
Criminal).
A liberdade não está em jogo, então tudo pode ser mais rápido, mais
célere.
OBS.: Em ambas as Teorias a competência sempre é da Jus�ça Penal.
DIREITO PENAL DO INIMIGO
→ Também chamado de 3ª velocidade do Direito Penal.
ORIGEM: teoria desenvolvida por Gunther Jakobs.
MOMENTO: esta teoria começa a ser desenvolvida na década de 1980.
Mas a base fá�ca dele foram os ataques terroristas de 11 de setembro de
2001.
Em 2003 é publicado o livro “Direito Penal do Inimigo”.
QUEM É O INIMIGO: é o oposto do cidadão, é o “não cidadão”.
QUESTÃO: como se dá a transição entre o cidadão e o não cidadão?
Todo e qualquer sujeito nasce e cresce na posição de cidadão. Jakobs diz
que primeiro o sujeito pra�ca um crime grave, depois ele é reincidente
nessa prá�ca, e posteriormente se transforma em um criminoso habitual
(fazer da prá�ca de crime o seu meio de vida, seu es�lo de vida). Porém,
somente a par�r do momento em que o sujeito decide entrar para uma
organização criminosa (segundo o conceito de Jakobs é uma estrutura
ilícita de poder – o Brasil tem seu conceito previsto na Lei 12.850/13)
Crime Grave
Reincidência Cidadão
Crime Habitual NÃO Cidadão
+ Organização Criminosa
Inimigo: Terrorista
QUESTÃO: Todo criminoso é inimigo?
Não, nem todo criminoso é inimigo. Inclusive, a maior parte dos
criminosos, tecnicamente, pertence ao grupo dos cidadãos.
QUESTÃO: Para ser inimigo o sujeito tem que cumprir todas as etapas?
Não. Um sujeito que logo de cara assume um ato de terrorista já pode ser
considerado inimigo.
Ex.: caso do menino de Realengo/RJ.
Na Teoria de Jakobs existem 2 Direitos Penais Direito Penal do Cidadão
Direito Penal do Inimigo
DO CIDADÃO: é amplo, é garan�sta (respeita os direitos e as garan�as do
ser humano), é retrospec�vo (olha para o passado, se fundamenta na
culpabilidade do agente, o agente é punido pelo que ele fez no passado). É
um direito penal do fato, porque ele se preocupa com o fato ilícito em que
o agente se envolveu.
DO INIMIGO: é pequeno, restrito, é autoritário (não respeita alguns
direitos e garan�as do ser humano), é prospec�vo (olha para o futuro, é
baseado na periculosidade, defende a aplicação de penas indeterminadas).
Aqui, o que mais interesse não é o que o sujeito fez ou deixou de fazer, mas
sim o que ele pode vir a fazer, pois o inimigo apresenta um comportamento
imprevisível. É um Direito Penal do Autor, sendo o sujeito iden�ficado
como inimigo é o que basta.
→ O Direito Penal do Inimigo não é desrespeitoso à Cons�tuição de um
país, pois como ele se divide em dois blocos, ao cidadão é dado seus
devidos direitos, porém o mesmo tratamento não é dado ao inimigo.
BASE FILOSÓFICA:
⦁ Rousseau (Contrato Social – pra viver em sociedade todos nós
abrimos mão de parte da nossa liberdade; assinamos um contrato social, e
quem descumpre esse contrato deve ser excluído da sociedade);
⦁ Kant (a exclusão de quem quer destruir o Estado é um “impera�vo
categórico”);
⦁ Hobbes (Leviatã é o Estado, é quem luta com o inimigo, mas que tem
que vencer);
⦁ Fichte (contrato cidadão).
EFEITOS:
1- Supressão de direitos e garan�as
O inimigo não vai ter contraditório e nem ampla defesa.
Ele terá uma defesa meramente formal.
Não tem direito ao duplo grau de jurisdição.
É possível a incomunicabilidade do inimigo.
2 - Antecipação da tutela penal
Punição dos atos preparatórios, com a mesma pena do crime consumado.
3- Em relação à Prova
O principal meio de prova volta a ser a confissão.
Para obter a confissão o Estado pode se valer do “interrogatório severo”
(tortura). Encontra respaldo na “Teoria do Cenário da Bomba Relógio”.
4 – Fortalecimento dos poderes da polícia
Deixa a polícia fazer a inves�gação por conta própria, e depois o judiciário
apenas faz o controle.
ADOÇÃO NO BRASIL: Não é possível por violar o ar�go 5º, caput, CF. Já que
TODOS são iguais perante a lei, não se pode dividir as pessoas em dois
blocos, cidadão e inimigo. Todo cidadão tem que ser tratado com
dignidade, seja ele cidadão ou inimigo. Viola também vários incisos do art.
5º.
ANÁLISE CRÍTICA: Estas idéias estão sendo cada vez mais adotadas,
principalmente em países vi�mas de terrorismo. Informalmente, o Direito
Penal do Inimigo já existe (grupos de extermínio que atuam no Brasil).
QUESTÃO: O RDD é Direito Penal do Inimigo?
O STJ já decidiu que o RDD (art. 52 LEP) não é Direito Penal do Inimigo e
por isso não é incons�tucional (HC 40.300).
Art. 52. A prá�ca de fato previsto como crime doloso
cons�tui falta grave e, quando ocasione subversão da
ordem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou
condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime
disciplinar diferenciado, com as seguintes caracterís�cas:
I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem
prejuízo de repe�ção da sanção por nova falta grave de
mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada;
II - recolhimento em cela individual;
III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as
crianças, com duração de duas horas;
IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias
para banho de sol.
§ 1o O regime disciplinar diferenciado também poderá
abrigar presos provisórios ou condenados, nacionais ou
estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem e a
segurança do estabelecimento penal ou da sociedade.
§ 2o Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar
diferenciado o preso provisório ou o condenado sob o qual
recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou
par�cipação, a qualquer �tulo, em organizações criminosas,
quadrilha ou bando.
3ª VELOCIDADE: Direito Penal do Inimigo
O D. Penal do Inimigo é considerado a 3ª velocidade porque ele aplica a
pena de prisão, mas ainda assim é extremamente rápido porque elimina
direitos e garan�as.
4ª VELOCIDADE: Neopuni�vismo
Criado pelo argen�no Daniel Pastor.
É aplicada pelos Tribunais internacionais “ad hoc” no julgamento de
ex-chefes de Estado.
Está no contexto do Direito Penal internacional.
Ex.: julgamento de Saddam Hussein.
PANPENALISMO: inserido na 4ª velocidade. É um direito penal absoluto. É
mais arbitrário (até mesmo que o D. Penal do Inimigo).
→ Direito de Intervenção ou Intervencionista:
É a proposta do alemão Winfred Hassemer, que sugere diminuir o núcleo
fundamental do Direito Penal, e deixar apenas os Crimes de Dano e Crimes
de Perigo Concreto contra bens individuais. Os crimes de perigo abstrato e
contra bens difusos e cole�vos perdem a natureza penal e deixam de ser
crimes. Eles passam a ser apenas ilícitos administra�vos. Aqui surge o
Direito Administra�vo Sancionador. Estes ilícitos administra�vos serão
examinados pela Administração Pública e não pela Jus�ça Penal.
LEI PENAL
NORMA PENAL EM BRANCO:
Toda norma penal incriminadora, todo �po penal, tem a seguinte estrutura
Preceito Primário: definição da conduta criminosa
Preceito Secundário: pena cominada
Portando, norma penal em branco é aquela em que o preceito
SECUNDÁRIO é completo, mas o preceito primário depende de
complementação.
“São corpos errantes em busca de alma”
Ela também é chamada de norma penal cega ou aberta.
Norma Penal em Branco PreceitoPrimário: depende de complementação
Preceito Secundário: completo
TIPOS Heterogênia
Homogênia Homovitelina
Heterovitelínea
HOMOGÊNIA (ou latu sensu): a lei penal é complementada por uma outra
lei. É aquela em que o complemento tem a mesma natureza jurídica e a
mesma origem da lei penal a ser complementada.
Norma Penal em branco homogênea HOMOVITELINA: a norma penal e seu
complemento estão con�das no mesmo diploma legal.
Ex.: Crime de uso de documento falso.
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou
alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
Norma Penal em branco homogênea HETEROGÊNIA (ou strictu sensu ou
fragmentária): a norma penal e o seu complemento estão em diplomas
legais diversos.
Ex.: Crime de apropriação de tesouro (a definição de tesouro esta no CC)
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu
poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
(...)
Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no
todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário
do prédio;
(...).
QUESTÃO: A norma penal em branco homogênea heterogênea pode ser
complementada por lei estadual ou municipal?
1ª POSIÇÃO: Sim, pois o crime está definido na lei penal. A lei municipal ou
estadual só apresenta o complemento.
Ex.: a Lei 9605/98 (Lei de Crimes Ambientais)
2ª POSIÇÃO: Não, pois somente a União pode legislar sobre Direito Penal
(art. 22, I, CF).
HETEROGÊNEA (ou strictu sensu ou fragmentária): o complemento esta
con�do em um ato administra�vo. É aquela em que o complemento tem
natureza jurídica e origem diversas da norma penal complementada.
Ex.: o art. 33 (tráfico) da Lei de Drogas só tem verbos (vender, portar,
transportar drogas, etc), mas o conceito de drogas está na Portaria 344/88
da Anvisa.
→ Norma Penal em Branco ou “ao avesso” ou “inversa” ou “contrária”:
É quando o preceito primário está completo enquanto que o secundário
que depende de complementação.
O complemento obrigatoriamente deve estar con�do em uma lei.
Ex.: Lei de Genocídio (Lei 2889/56)
Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em
parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal:
a) matar membros do grupo;
b) causar lesão grave à integridade �sica ou mental de
membros do grupo;
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de
existência capazes de ocasionar-lhe a destruição �sica total
ou parcial;
d) adotar medidas des�nadas a impedir os nascimentos no
seio do grupo;
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para
outro grupo;
Será punido:
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da
letra a;
Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b;
Com as penas do art. 270, no caso da letra c;
Com as penas do art. 125, no caso da letra d;
Com as penas do art. 148, no caso da letra e.
→ Norma Penal em Branco de fundo cons�tucional:
É aquela em que o complemento está previsto na CF.
Ex.: o crime de abandono intelectual (art. 246 CP) é complementado pelo
ar�go 208 da CF.
Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução
primária de filho em idade escolar:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efe�vado
mediante a garan�a de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos
17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua
oferta gratuita para todos os que a ela não �veram acesso
na idade própria;
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;
III - atendimento educacional especializado aos portadores
de deficiência, preferencialmente na rede regular de
ensino;
IV - educação infan�l, em creche e pré-escola, às crianças
até 5 (cinco) anos de idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e
da criação ar�s�ca, segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às
condições do educando;
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da
educação básica, por meio de programas suplementares de
material didá�coescolar, transporte, alimentação e
assistência à saúde.
§ 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
público subje�vo.
§ 2º - O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder
Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade
da autoridade competente.
§ 3º - Compete ao Poder Público recensear os educandos
no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto
aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola.
Norma Penal em Branco x Tipo Penal Aberto
Ambos são incompletos e precisam de complementação. Na penal em
branco o complemento esta previsto em uma lei, em um ato administra�vo
ou até mesmo na CF. Já no �po penal aberto o complemento é dado pela
valoração do intérprete (juízo de valor).
Ex.: crime de ato obsceno (não há definição específica, mas sim no juízo de
valor).
LEI PENAL NO TEMPO
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DAS LEIS: depois de ingressar no
ordenamento jurídico, a lei vigora até ser revogada por outra lei. A lei penal
só pode ser revogada por outra lei, de igual natureza. No Direito Penal, este
princípio possui duas exceções:
1ª EXCEÇÃO: Leis Temporárias;
2ª EXCEÇÃO: Leis Excepcionais.
→ as leis temporárias e as leis excepcionais são autorrevogáveis.
Toda e qualquer lei pode ser revogada.
DESUETUDO: é o costume contrário à lei. Porém, costume não revoga lei.
Ex.: jogo do bicho
Decisão judicial também não revoga lei, mesmo que venha do STF em sede
de controle concentrado de cons�tucionalidade. Essa decisão apenas re�ra
a eficácia da lei.
CONFLITO DE LEIS NO TEMPO
Conceito: é a situação em que se verifica quando uma nova lei entra em
vigor, revogando a anterior.
DIREITO PENAL INTERTEMPORAL: conjunto de regras e princípios que
soluciona o conflito de leis no tempo.
REGRA GERAL: “tempus regit actum” (o tempo rege o ato; aplica-se a lei
penal que estava em vigor ao tempo da prá�ca do fato).
Esta regra geral atende ao Princípio da Anterioridade da lei penal.
EXCEÇÕES: baseadas na retroa�vidade benéfica Aboli�o criminis
Nova�o legis in melius
Art. 5º, XL, CF - a lei penal não retroagirá, salvo para
beneficiar o réu;
1ª EXCEÇÃO: “aboli�o criminis”
Conceito: é a nova lei que exclui do âmbito do Direito Penal um fato até
então considerado criminoso (art. 2º CP)
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei
posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude
dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.
Natureza Jurídica: é uma causa de ex�nção da punibilidade (art. 107, III,
CP).
Art. 107 - Ex�ngue-se a punibilidade:
(...)
III - pela retroa�vidade de lei que não mais considera o fato
como criminoso;
→ O CP optou por considerar a “aboli�o criminis” é uma clausula
ex�n�va da punibilidade. Mas, mais que isso, ela é uma causa que exclui a
�picidade.
Efeitos: apaga todos os efeitos penais de eventual sentença condenatória
já proferida. Subsistem os efeitos extra penais da condenação (Ex.:
obrigação de reparar o dano).
Requisitos: Revogação formal do �po penal (Ex.: adultério)
Supressão material do fato criminoso (o fato deixa de
ter relevância penal)
Quando ocorre revogação formal do �po penal, mas não ocorre a
supressão material do fato criminoso, então não ocorre aboli�o criminis.
Pois aplica-se o Princípio da Con�nuidade Norma�va ou Con�nuidade
Típico-norma�va (STF HC 101.035 inf. 606 e STJ 163.545 inf. 527)
TRANSMUDAÇÃO GEOGRÁFICA ou TOPOGRÁFICA: quando o �po penal
apenas migra dentro do código penal.
Ex.: atentado violento ao pudor que agora é �pificado como estupro.
2ª EXCEÇÃO: “nova�o legis in melius”
Conceito: é a nova lei que, de qualquer modo, favoreça o réu.
Aqui, o fato con�nua sendo criminoso, porém a situação do réu será
favorecida.
Deve ser interpretado de forma mais ampla possível.
TEORIA DA PONDERAÇÃO CONCRETA: a lei mais favorável deve ser a com
mais bene�ciosconcretos.
QUESTÃO: E quando o juiz ficar na dúvida sobre qual lei é a mais favorável
ao réu?
O juiz é o único que pode solucionar a dúvida. A a�vidade jurisdicional é
exclusiva dele.
→ Em uma prova da Defensoria Pública deve-se responder que o réu
deve ser consultado.
OBSERVAÇÕES COMUNS:
a) a retroa�vidade da lei penal benéfica é automá�ca, independe de
clausula expressa;
b) a retroa�vidade benéfica pode ser decretada, de o�cio, pelo juiz ou
mediante provocação de qualquer das partes;
c) a retroa�vidade benéfica alcança, inclusive, fatos já defini�vamente
julgados, desde que a pena não tenha sido ex�nta. A coisa julgada não é
óbice à retroa�vidade benéfica.
d) Aplicação: quem aplica a lei penal benéfica é o juiz, dependendo da
etapa da persecução penal.
IP ou 1ª instância Juiz de 1ª instância
Tribunal Tribunal respec�vo
Trânsito em julgado Juízo da Execução (art. 66, I, LEP e Súm. 611
STF)
STF Súmula nº 611 - Transitada em julgado a sentença
condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação
de lei mais benigna.
Art. 66. Compete ao Juiz da execução:
I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer
modo favorecer o condenado;
NEOCRIMINALIZAÇÃO: é a nova�o legis incriminadora. É a nova lei
incriminadora (cria fato �pico novo). Tal lei nunca retroage. Obedece aos
princípios da Anterioridade e da Irretroa�vidade da lei penal.
Nova�o Legis in Pejus: (ler gravior) é a nova lei que, de qualquer modo,
prejudica o réu. O crime já exis�a, con�nua exis�ndo, mas a situação do
réu é, de qualquer modo, agravada. Também não retroage.
Ex.: no crime de quadrilha ou bando, que passou a ser de associação
criminosa, era exigido 4 pessoas, agora bastam 3 (art. 288 CP). A pena
permanece a mesma, mas essa nova lei é prejudicial ao réu.
Lei Penal Benéfica Retroa�vidade
Ultra�viade: a lei benéfica con�nua aplicável mesmo
depois de revogada, desde que o fato tenha sido
pra�cado quando ela estava em vigor (a lei penal
benéfica se aplica no futuro).
LEI PENAL INTERMEDIÁRIA: é aquela que não é a lei penal ao tempo do
fato e nem aquela ao tempo da sentença. Ocorre quando 3 leis se
sucederam no tempo. É possível a aplicação da lei penal intermediária,
desde que ela seja a mais favorável ao réu. (STF. RE 418.876). A lei penal
intermediária é simultaneamente dotada de retroa�vidade e de
ultra�vidade.
COMBINAÇÃO DE LEIS PENAIS
Lei Híbrida: “Lex ter�a”
2 posições:
1ª POSIÇÃO: (Nélson Hungria) NÃO é possível a combinação de leis penais.
O juiz deve aplicar toda a lei nova ou toda a lei an�ga. É veda a combinação
de leis penais, pois assim o juiz estaria indevidamente se colocando no
lugar do legislador, base no principio cons�tucional da separação dos
poderes. Posição do STF. TEORIA DA PONDERAÇÃO UNITÁRIA.
2ª POSIÇÃO: (José Frederico Marques) é possível a combinação de leis
penais, pois o juiz não estaria legislando, ele estaria apenas transitando
entre parâmetros legais já existentes. TEORIA DA PONDERAÇÃO
DIFERENCIADA.
➢ Américo Taipa de Carvalho – Sucessão de leis penais
TEORIA DA PONDERAÇÃO UNITÁRIA (ou ponderação global): ou o
juiz aplica toda a lei nova ou toda a lei an�ga.
Histórico: Tráfico de drogas. A Lei 16.368/76 estabelecia a pena de 3 a 15
anos para o crime de tráfico de drogas. Já a Lei 11.343/06, em seu ar�go
33, “caput”, previa pena de 5 a 15 anos; e, ainda, estabelecia causa de
diminuição de pena de 1/6 a 2/3 para os “traficantes eventuais”. Então, a
Defensoria Pública passou a exigir a aplicação da pena da lei an�ga com a
causa de diminuição de pena da lei nova. Em novembro de 2013, o STJ
editou a súmula 501 proibindo a combinação de leis. O STF, no RE 600.817,
plenário, inf. 727, também não admite a combinação de leis penais.
Súmula 501: é cabível a aplicação retroa�va da Lei
11.343/06, desde que o resultado da incidência das suas
disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o
advindo da aplicação da Lei 6.368/76, sendo vedada a
combinação de leis.
Art. 2º CPM
Apuração da maior benignidade
2° Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e
a anterior devem ser consideradas separadamente, cada
qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato.
LEI TEMPORÁRIA e LEI EXCEPCIONAL
LEI PENAL TEMPORÁRIA: é aquela que tem prazo de validade, é aquela em
que o seu período de vigência é pré-definido.
Lei excepcional ou temporária
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido
o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que
a determinaram, aplica-se ao fato pra�cado durante sua
vigência.
Ex.: Lei Geral da Copa (art. 36 Lei 12.663/12)
Art. 36. Os �pos penais previstos neste Capítulo terão
vigência até o dia 31 de dezembro de 2014.
LEI PENAL EXCEPECIONAL: é aquela que vigora, excepcionalmente, durante
uma situação de anormalidade.
→ Essas duas leis são auto-revogáreis, ou seja, encerrada o prazo de
validade ou a situação de anormalidade, elas se revogam. Não precisam de
outra lei para revogá-las. Elas são chamadas de “leis intermitentes” (não é
permanente, não é duradoura). Também são dotadas de ultra�vidade, pois
a lei con�nua aplicada, mesmo após revogada, aos fatos pra�cados quando
elas estavam em vigor.
Fundamento da ultra�vidade da lei temporária e da lei excepcional: evitar
que manobras protelatórias levem a impunidade do agente.
STF: RE 768.494
Leis penais em branco x Conflitos de leis no tempo
Em caso de revogação do complemento da lei penal em branco, para
verificar se ela irá retroagir ou não, depende do complemento. Caso o
complemento se relacione a uma situação de normalidade ou
anormalidade/excepecionalidade no Direito Penal. Caso a situação seja de
normalidade, a revogação do complemento retroage e exclui o crime. Mas,
se a situação for de anormalidade, a situação do complemento não
retroage e não exclui o crime.
CONFLITO APARENTE DE LEIS PENAIS
Conceito: é a situação em que para um único fato pra�cado pelo agente,
duas ou mais leis penais se revelam aparentemente aplicáveis.
Requisitos: - unidade de fato (fato único)
- pluralidade de leis aparentemente aplicáveis
- vigência simultânea de todas elas
Conflito aparente de leis penais ≠ Concurso de crimes
CONFLITO APARENTE DE LEIS PENAIS: só existe um fato, logo o agente só
responde por um crime.
CONCURSO DE CRIMES: existem dois ou mais fatos; o agente responde por
dois ou mais crimes.
No conflito aparente, todas as leis penais estão em vigor ao tempo do fato.
No conflito de leis no tempo, somente uma delas estava em vigor ao
tempo do dato
Finalidade do ins�tuto: evitar o “bis in idem”
Manter a unidade e a coerência do sistema jurídico (an�nomias)
Aulas onlines
TEORIA DO CRIME
Conceito: o conceito de crime varia em conformidade com o critério que
se adote para defini-lo. Ou seja, não existe um único conceito de crime.
1 – Conceito pelo critério Material ou Substancial: crime é a ação ou
omissão humana / que lesa ou expõe a perigo de lesão / bens jurídicos
penalmente tutelados.
Esse conceito funciona como um fator de legi�mação do Direito Penal.
Esse critério material serve como reforço ao Princípio da Reserva Legal,
pois não é porque o legislador tem a lei a sua disposição que ele pode
incriminar qualquer conduta.
Ex.: o legislador resolve criar uma lei considerando o fato de “usar camisa
azul com gravata preta” como crime. Por mais que se tenha atendido ao P.
da Reserva Legal (uma lei foi criada para criar o crime), uma vez que não
lesa nem expõe a perigo de lesão um bem jurídico tutelado, esse crime não
pode exis�r.
“ação ou omissão humana”: também se deve acrescentar as pessoas
jurídicas em crimes ambientais;
“lesa ou expõe a perigo”: refere-se a crimes de dano e de perigo.
2 – Conceito pelo Critério Legal: o conceito de crime é fornecido pelo
legislador.
O Conceito legal de crime está no ar�go 1ª na LICP (Dec.3914/41):
Art. 1º - Considera-se crime a infração penal que a lei
comina pena de reclusão ou de detenção, quer
isoladamente, quer alterna�va ou cumula�vamentecom a
pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei
comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa,
ou ambas. alterna�va ou cumula�vamente.
CRIME (delito): é a infração penal para a qual se aplica
pena de reclusão ou detenção; e, isolada, alterna�va ou
cumula�vamente, a pena de multa.
INFRAÇÃO
PENAL
CONTRAVENÇÃO PENAL: também chamada de “crime
anão”, “crime vagabundo” ou “crime lilipu�ano”. É a
espécie de infração penal a que a lei comina pena de
prisão simples ou de multa.
A diferença entre crime e contravenção penal não é ontológica, ou seja,
não é de essência, de estrutura. Não são duas coisas completamente
dis�ntas. São espécies do mesmo gênero. A diferença é meramente
qualita�va e quan�ta�va:
QUALITATIVA: qualidade da pena;
QUANTITATIVA: a quan�dade da pena é muito maior no crime do que na
contravenção.
Critério para diferenciar crime de contravenção penal: são valores
escolhidos, eleitos, pelo legislador. Esses valores são mutáveis no tempo.
Podem se alterar.
Atenção! O ar�go 109, inciso IV, da CF, exclui expressamente as
contravenções penais da competência da Jus�ça Federal. Mesmo que
a�nja interesse da União. EXCEÇÃO: (segundo o STJ) quando o réu tem foro
por prerroga�va de função.
→ Pouco importa o nome que o legislador dá, o que vale é a natureza
jurídica.
QUESTÃO: O delito é crime, é contravenção penal ou é uma terceira figura?
No Brasil, delito é sinônimo de crime. O Brasil adota um Sistema
Dicotômico ou Dualista. Ele divide o gênero “infração penal” em apenas
duas espécies, de um lado, crime ou delito, de outro lado, contravenção
penal.
→ Existem países que adotam um critério tricotômico. Ex.: França e
Itália.
Advertência! Em algumas passagens, a CF e o CPP u�lizam a palavra
“delito” como sinônimo de infração penal. Para preservar uma tradição
terminológica da expressão “flagrante delito”.
Ex.: ar�go 5º, XI, CF; ar�go 301 CPP.
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
podendo penetrar sem consen�mento do morador, salvo
em caso de flagrante delito (LEIA-SE CRIME OU
CONTRAVENÇÃO PENAL) ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades
policiais e seus agentes deverão prender quem quer que
seja encontrado em flagrante delito (LEIA-SE CRIME OU
CONTRAVENÇÃO PENAL).
Atenção! Conceito legal de crime e o ar�go 28 da Lei de Drogas:
As penas aqui cominadas não incluem multa, detenção ou prisão.
Esse ar�go 28, na visão de Luiz Flávio Gomes é uma infração penal sui
geniris. ESSA POSIÇÃO NÃO VINGOU.
O STF, então, firmou o entendimento, no RE 430.105, de que o ar�go 28 é
CRIME. Não houve descriminalização da conduta, mas sim a
despenalização da conduta (despenalização restrita, pois não cabe aqui a
pena priva�va de liberdade, mas cabem outras penas).
O porte de droga con�nua sendo crime, mas não cabe prisão (nem prisão
provisória, durante a inves�gação penal, nem pena decorrente de
condenação).
Art. 28. Quem adquirir, guardar, �ver em depósito,
transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal,
drogas sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar será subme�do às
seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educa�va de comparecimento a programa ou
curso educa�vo.
Conclusão: o ar�go 28 da Lei de Drogas criou um conceito específico de
crime, aplicável exclusivamente à conduta nele descrita.
3 – Conceito Formal / Analí�co / Dogmá�co: este conceito se baseia na
estrutura do crime. É aquele que leva em conta os elementos estruturais
do crime.
Dentro deste conceito, despontam algumas posições:
POSIÇÃO QUADRIPARTIDA: (Basileu Garcia/Brasil e Giulio Ba�aglini/Itália)
dizia que o crime é composto de 4 elementos:
1 – Fato Típico
2 – Ilicitude
3 – Culpabilidade
4 – Punibilidade
CRÍTICA: essa posição não vigora mais devido à punibilidade, que não é
elemento do crime. A punibilidade é efeito, é conseqüência do crime.
POSIÇÃO TRIPARTIDA: diz que o crime é composto por 3 elementos:
1 – Fato Típico se refere ao FATO
2 – Ilicitude se refere ao FATO
3 – Culpabilidade se refere ao AGENTE
Atenção! Crime é o FATO TÍPICO E ILÍCITO, pra�cado por AGENTE
CULPÁVEL.
Clássica: (Nelson Hungria, Aníbal Bruno,
Magalhães Noronha) quem é clássico,
obrigatoriamente é tripar�da.
Posição Tripar�da
Finalista: (Hanz Welzel, César Bi�encourt, Luís
Régis Prado) quem é finalista pode ser tripar�do
ou bipar�do.
POSIÇÃO BIPARTIDA: para essa posição o crime só tem dois elementos:
1 – Fato Típico
2 – Ilicitude
A culpabilidade aqui não é elemento do crime, mas sim pressuposto de
aplicação da pena.
Quem adota uma posição bipar�da, obrigatoriamente, é finalista.
Essa posição foi criada no Brasil após a reforma da parte geral do Código
Penal, com a Lei 7209/84, pelo paranaense René Ariel Do�, no ar�go “O
incesto”. Essa posição ganhou destaque nas obras do Damásio e Mirabete.
OBS.: o termo an�juridicidade não é mais usado.
Naturais (ou involuntários)
Fatos jurídicos
Voluntários Atos Lícitos
Atos Ilícitos Penais (crime/contrav.)
Não penais
SISTEMA CLÁSSICO
FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE
Conduta Imputabilidade
Resultado
Relação de Causalidade
Tipicidade
Relação de contrariedade
Dolo Norma�vo
(contem em seu interior
a consciência da
ilicitude) ou Culpa
Culpabilidade: mero vínculo psicológico entre o agente imputável e a o fato
�pico e ilícito por ele pra�cado.
A culpabilidade adota a “Teoria psicológica da culpabilidade”
SISTEMA NEOCLÁSSICO
FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE
Conduta Imputabilidade
Resultado
Relação de Causalidade
Dolo Norma�vo
(contem em seu interior
a consciência da
ilicitude) ou Culpa
Tipicidade
Relação de contrariedade
Exigibilidade de conduta
diversa
Criado por Franklin. Teoria de normalidade das circunstancias
concomitantes.
Acrescenta na culpabilidade um 3º elemento: exigibilidade de conduta
diversa. E adota a Teoria psicológica norma�va da culpabilidade.
SISTEMA FINALISTA
FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE
Conduta (dolo e culpa) Imputabilidade
Resultado Potencial Consciência
da ilicitude
Relação de Causalidade
Tipicidade
Relação de contrariedade
Exigibilidade de conduta
diversa
O finalismo surge na Alemanha em 1930. Seu pai foi Hans Welzel, na obra
“O novo sistema jurídico penal”.
Aqui a culpabilidade passa a contar com uma “Teoria Norma�va Pura”. A
culpabilidade perde o aspecto psicológico. A Culpabilidade não tem mais o
dolo e a culpa. Eles agora pertencem à conduta.
A Teoria Norma�va Pura pode ser extremada ou limitada, vai depender do
tratamento das descriminantes puta�vas.
Neste sistema o dolo é natural, ou seja, independe da consciência da
ilicitude.
Culpabilidade vazia: é a culpabilidade do finalismo, pois a culpabilidade
aqui foi esvaziada no tocante aos elementos psicológicos. Ela só tem
elementos norma�vos.
QUESTÃO: Por que quem é clássico tem que obrigatoriamente adotar o
conceito tripar�do de crime?
No Sistema Clássico o dolo e a culpa estavam alojados na culpabilidade,
caso re�re a culpabilidade, o crime será sem dolo ou sem culpa.
Já quem é finalista pode ser bipar�do ou tripar�do, que não vai ter
responsabilidade penal obje�va. Porque aqui o dolo e a conduta estão no
fato �pico. Ou posso tratar como elemento do crime ou como
pressuposto.
QUESTÃO: O Código Penal Brasileiro é clássico ou finalista?
O Código Penal Brasileiro é o Decreto 2848/40. Em sua redação original, ele
era clássico. Com a reforma da parte geral, promovida pela Lei 7209/84, o
Código Penal Brasileiro passou a ser finalista.
O maior indício disso é o ar�go 20, CP, que trata do erro sobre o fato �pico,
que exclui o dolo. Ouseja, daqui se extrai que o fato está no fato �pico (e a
culpa também).
Art. 20 – O erro sobre elemento cons�tu�vo do �po legal
de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime
culposo, se previsto em lei.
OBS.: o Código Penal Militar DL 1001/69 é clássico.
FATO TÍPICO
Conceito: é o fato humano que se amolda com perfeição à descrição do
�po penal.
→ A expressão “fato humano” inclui o fato pra�cado por pessoa
jurídica, com base no art. 225, §3, CF.
§ 3º - As condutas e a�vidades consideradas lesivas ao meio
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas �sicas ou
jurídicas, a sanções penais e administra�vas,
independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
Natureza Jurídica: elemento do crime.
Fato A�pico: é aquele que não se ajusta ao �po penal.
ELEMENTOS ou REQUISITOS do Fato Típico:
1 – Conduta;
2 – Resultado (naturalís�co);
3 - Relação de causalidade (nexo causal);
4 – Tipicidade.
→ Estes 4 elementos do fato �pico só estarão presentes
simultaneamente nos CRIMES MATERIAIS CONSUMADOS (também
chamados de “crimes causais” ou, segundo o STF, “crimes de resultado”).
CRIME MATERIAL: é aquele em que o �po penal contém conduta e
resultado naturalís�co, e exige a produção deste úl�mo para consumação.
Ex.: Homicídio Conduta: matar alguém.
Resultado: morte (morte encefálica - Lei 9434/97, art. 3º).
→ Em todos os demais crimes (tentados, formais, mera conduta) o fato
�pico só tem 2 elementos Conduta
Tipicidade
Atenção! O STF chama os crimes formais e os crimes de mera conduta de
“Crimes sem resultado”.
CRIME FORMAL ou “De consumação antecipada” ou “De resultado
cortado”: É aquele em que o �po penal contém conduta e resultado
naturalís�co, mas dispensa este úl�mo para consumação.
Ex.: extorsão mediante seqüestro (art. 159); ameaça (art. 147).
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou
para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço
do resgate:
CRIME DE MERA CONDUTA ou “De simples a�vidade”: é aquele em que o
�po penal se limita à descrição da conduta, ou seja, não contem resultado
naturalís�co.
Ex.: Ato obsceno (art. 233).
Conclusão: em todo e qualquer crime o fato �pico tem CONDUTA e
TIPICIDADE; e nos crimes materiais consumados também entram o
resultado naturalís�co e a relação de causalidade.
QUESTÃO: Qual é a diferença de um crime formal e um crime de mera
conduta?
Crimes formais e de mera conduta pertencem ao gênero de crime que
independe de resultado naturalís�co. São crimes em que o fato �pico
possui apenas os elementos conduta e �picidade. São os crimes,
chamados pelo STF, de crimes sem resultado. A diferença é que nos crimes
formais o resultado naturalís�co não é necessário para consumação, mas
ele pode ocorrer (e quando ocorre, estamos diante do exaurimento do
crime). Enquanto que, nos crimes de mera conduta o resultado
naturalís�co jamais ocorrerá (até porque o �po não prevê).
1 – CONDUTA:
Não existe um único conceito de conduta. Mas existem algumas teorias
que buscam explicar o conceito de conduta.
Teoria Causalista: (também chamada de Teoria Naturalís�ca, Mecanicista
ou Causal) adotada pelo Sistema Clássico e pelo Sistema Neoclássico. Para
esta teoria, conduta é o comportamento humano voluntário que produz
um resultado no mundo exterior. Para esta teoria, a conduta é a fotografia
do crime.
A grande crí�ca que se faz a esta teoria é que a Teoria Cuasalista é “cega”,
pois ela não analisa o querer interno do agente. Ela não faz diferença entra
conduta dolosa e culposa. Pois a conduta está no fato �pico, enquanto que
o dolo e a culpa fazem parte da Culpabilidade.
Teoria Finalista: adotada pelo Sistema Finalista. Para esta teoria, a conduta
tem que ser dolosa ou culposa, não basta a conduta exis�r. A conduta é
irrelevante para o Direito Penal. Ela precisa ter dolo ou culpa. A teoria
finalista é “vidente”, pois é guiado pelo dolo ou pela culpa.
Conceito finalista de conduta: é a ação ou omissão humana consciente e
voluntária (dolo ou culpa) dirigida a um fim.
A grande crí�ca que se faz aqui é que a Teoria Finalista diz respeito aos
crimes culposos, pois ela é incompa�vel com os crimes culposos.
Teoria Social: desenvolvida pelo alemão Johannes Wessels. Não é adotada
no Brasil. Esta teoria pega a estrutura finalista e acrescenta o elemento
“relevância social”. A vantagem desta teoria é que ela permite suprir a
lacuna entre a letra da lei e a realidade social.
A crí�ca a esta teoria é a insegurança jurídica que ela proporciona.
OBSERVAÇÕES GERAIS SOBRE A CONDUTA
1 – Não há crime sem conduta;
2 – O Direito Penal brasileiro não admite os “crimes de mera suspeita” (aqui
o agente seria punido por conduta, mas sim por uma suspeita que ele
desperta);
Ex.: Art. 25 da Lei de Contravenções Penais
Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois de condenado,
por crime de furto ou roubo, ou enquanto sujeito à
liberdade vigiada ou quando conhecido como vadio ou
mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou
instrumentos empregados usualmente na prá�ca de crime
de furto, desde que não prove des�nação legí�ma:
RE 583.533: o plenário do STF disse por unanimidade que esta
contravenção do ar�go 25 é incons�tucional.
FORMAS DE CONDUTA
Ação (Crime Comissivo – normas proibi�vas)
Omissão (Crime Omissivo – normas precep�vas)
CRIMES OMISSIVOS:
Próprios ou Puros: são aqueles em que a omissão está descrita no próprio
�po penal. Em regra, são crimes comuns ou gerais. Não admite tenta�va
porque são unissubsistentes (aquele em que a conduta é comporta de um
único ato, suficiente para a consumação). Em regra, são de mera conduta.
Impróprios, Expúrios ou Comissivos por omissão: são aqueles onde o �po
penal descreve uma ação, mas a inércia do agente que descumpre o seu
dever de agir (art. 13, §2º) leva à produção do resultado naturalís�co. São
crimes próprios ou especiais, pois só podem ser pra�cados por quem tem
o dever de agir.
Crime próprio ou especial é aquele que reclama uma situação fá�ca ou
jurídica diferenciada no tocante ao sujeito a�vo. Admitem tenta�va pois
são plurisubsistentes (a conduta é composta de dois ou mais atos que
compõem a ação). São crimes materiais.
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente
devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir
incumbe a quem:
tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o
resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da
ocorrência do resultado.
→ Crime de Conduta Mista: fase inicial pra�cada por ação + fase final
pra�cada por omissão. Ex.: art. 169, § ú, CP;.
→ Em relação à omissão, o Código Penal Brasileiro adota uma Teoria
Norma�va da Omissão. Esta teoria diz que a omissão não é simplesmente
um “não fazer”, mas sim de “não fazer aquilo que a lei impõe que seja
feito”.
CARACTERÍSTICAS DA CONDUTA:
1 – Apenas o ser humano pode pra�car condutas penalmente relevantes
(com a ressalva da PJ nos crimes ambientais);
2 - Apenas a conduta voluntária interessa ao Direito Penal;
3 – Apenas os atos projetados no mundo exterior ingressam no conceito
de conduta. O Direito Penal não se ocupa de idéias, pensamentos. Por isso
que a cogitação, também chamada de “claustro psíquico” nunca é punida.
QUESTÃO: Explique o direito à perversão do Direito Penal.
O Direito à perversão é o direito a toda e qualquer pessoa de ser má, de
ser perverso, em seus pensamentos. Pois estes pensamentos não podem
ser punidos.
EXCLUSÃO DA CONDUTA
a) Caso fortuito e força maior: são acontecimentos imprevisíveis,
inevitáveis, em que não há vontade do agente.
b) Movimentos reflexos: são reações fisiológicas do corpo, não há vontade.
Ela não pode ser controlada pela vontade.
Movimento reflexo ≠ Ações em curto circuito ≠ Atos habituais
Ação em curto circuito: ação emocional repen�na que pode ser controlada
pela vontade.
Atos habituais: são comportamentos repe�dos pelo agente. Aqui tem
vontade, portanto, tem conduta.
c) Sonambulismo e Hipnose
d) Coação �sica irresis�vel: o coagidoé fisicamente controlado pelo coator.
Exclui a conduta, o fato é a�pico.
Coação �sica ≠ Coação moral
Coação MORAL irresis�vel: exclui a culpabilidade, o fato é �pico e ilícito,
mas o agente não é culpável.
RESULTADO
Conceito: é o efeito, é a conseqüência, o desdobramento da conduta.
A doutrina u�liza a palavra “evento” como sinônimo de resultado. Porém,
o CP u�liza apenas o termo “resultado”.
ESPÉCIES DE RESULTADO
Jurídico/Norma�vo
Naturalís�co/Material
JURÍDICO ou NORMATIVO: é a mera violação da lei penal, com ofensa ao
bem jurídico protegido.
NATURALÍSTICO ou MATERIAL: é a modificação do mundo exterior
provocada pela conduta criminosa.
QUESTÃO: Existe crime sem resultado?
Depende de qual resultado estamos falando. Todo crime tem resultado
jurídico (ou norma�vo), pois todo crime viola uma lei penal, ofende um bem
jurídico. Mas nem todo crime tem resultado naturalís�co (ou material), pois só
os crimes materiais tem resultado naturalís�co.
TIPICIDADE
Conceito: é um elemento do fato �pico presente em todo e qualquer crime.
Tipicidade PENAL = Tipicidade FORMAL + Tipicidade MATERIAL
Tipicidade FORMAL: analisa se o fato pra�cado na vida real se encaixa no
modelo de crime descrito na norma penal.
Tipicidade MATERIAL: (ou substancial) é a lesão ou perigo de lesão ao bem
jurídico.
→ A �picidade formal é excluída quando se aplica o Princípio da
Insignificância.
QUESTÃO: O que é “adequação ao catálogo” no Direito Penal?
É a �picidade formal.
QUESTÃO: Relacione �picidade formal, �picidade material e Princípio da
Ofensividade (ou da Lesividade).
O Princípio da Ofensividade diz que o Direito Penal só é legí�mo quando a
conduta é capaz de lesar ou pelo menos de colocar em perigo um bem
jurídico. Nem toda conduta que tem �picidade formal está de acordo com o P.
da Ofensividade. É preciso que o fato tenha também �picidade material.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
1º – Direito Romano: corpus delic�
Para o Direito Romano, o crime era simplesmente o conjunto de ves�gios
materiais. Não se fazia a dis�nção entre �picidade, ilicitude e culpabilidade. O
crime era o corpo de delito.
2º – 1906: Ernst Von Beling
O Alemão Ernst Von Beling criou a fase da independência do �po penal. Foi o
primeiro a analisar de forma separada a �picidade, ilicitude e culpabilidade.
3º – 1915: Max Ernst Mayer
Criou a “Teoria Indiciária da Tipicidade” ou da “Ra�o Congnoscend”, que diz
que a �picidade é indício da ilicitude, ou seja, se o fato é �pico, presume-se
que ele também é ilícito. A �picidade acarreta na presunção de ilicitude,
porém esta presunção é rela�va (iuris tantum). Esta teoria ainda é a mais aceita
no mundo.
Efeito prá�co: esta teoria acarreta na inversão do ônus da prova, no tocante às
excludentes da ilicitude.
4º – 1931: Edmund Mezgen
Cria a teoria da “Ra�o Essendi” ou “Teoria da Iden�dade”, que trata a
�picidade como essência da ilicitude. Aqui surge a ilicitude qualificada, que é a
�picidade + a ilicitude. O CÓDIGO PENAL BRASILEIRO NÃO ADOTOU ESTA
TEORIA, portanto, a expressão “injusto penal” adotada por alguns
doutrinadores, deve ser entendida apenas como o fato �pico e ilícito.
Ilicitude qualificada = �picidade + ilicitude
Teoria dos Elementos Nega�vos do Tipo: criada pelo alemão Hellmuth Von
Weber, esta teoria diz que as excludentes da ilicitude funcionam como
elementos nega�vos do �po. Surge aqui o �po total de injusto.
Teoria da Tipicidade Conglobante: criada por Eugenio Raul Zaffaroni, diz que a
�picidade conglobante é a �picidade legal (ou penal) + a an�norma�vidade
(que significa que não basta violar a norma penal, é preciso ofender também o
ordenamento jurídico como um todo). Ou seja, ele antecipa a análise da
ilicitude.
Tipicidade Conglobante = Tipicidade Penal + An�norma�vidade
ADEQUAÇÃO TÍPICA
Conceito: é a �picidade formal colocada em prá�ca.
Imediata
Adequação �pica
Mediata
Adequação �pica IMEDIATA (ou de subordinação imediata): o fato pra�cado
pelo agente se encaixa diretamente no �po penal. Ou seja, não há necessidade
de se u�lizar nenhuma outra norma.
Ex.: homicídio consumado
Adequação �pica MEDIATA (ou de subordinação mediata ou adequação �pica
ampliada ou por extensão): o fato pra�cado pelo agente não se encaixa
diretamente no �po penal. É preciso u�lizar outra norma para exis�r a
�picidade. Aqui surgem as chamadas “Normas de Extensão da Tipicidade” ou
“Normas Complementares da Tipicidade”, que são 3:
1 – Tenta�va (art. 14, II, CP)
A tenta�va é uma norma de extensão temporal da �picidade porque permite a
aplicação da lei penal ao momento anterior à consumação.
2 – Par�cipação (art. 29, caput, CP)
A par�cipação é uma norma de extensão pessoal da �picidade porque permite
a aplicação da lei penal às pessoas diversas dos autores;
3 – Dever de agir (art. 13, §2º, CP)
Serve para os crimes omissivos impróprios (espúrios ou comissivos por
omissão). Esta é uma norma de extensão da conduta, pois aquela conduta que
era pra�cada inicialmente só por ação, passa a ser também pra�cada por
omissão.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
Terminologia: nexo causal.
Relação de causalidade Art. 13 - O resultado leia-se
resultado NATURALÍSTICO, de que depende a existência do
crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
resultado não teria ocorrido.
Conceito: é o vínculo que se estabelece entre a conduta e o resultado
naturalís�co.
Âmbito de aplicação: o estudo da relação de causalidade só tem relevância nos
crimes materiais (ou de resultado).
Teorias relacionadas à Relação de Causalidade:
Teoria da Equivalência dos Antecedentes
ou “Equivalência das Condições”
ou “Condição Simples”
ou “Condição Generalizadora”
ou “Condicio sine qua non”
Esta teoria é a regra geral no Brasil, prevista no ar�go 13, caput, CP.
Criada por Glauser, mas foi sistema�zada em 1873 por Von Buri e Stuart Mill.
Diz que causa é todo e qualquer acontecimento sem o qual o resultado não
teria ocorrido (como ocorreu e quando ocorreu). Ou seja, se contribuiu de
qualquer modo para o resultado: é causa.
Não há diferença entre causa – condição – ocasião.
Crí�ca: esta teoria permite o “regressus ad infinitum” (regresso ao infinito) que
diz que, se tudo for relacionado ao resultado, este ciclo será infinito.
Afastamento da crí�ca: a relação de causalidade não é somente �sica, a relação
de causalidade é a �sica (relação de causa e efeito) e a psíquica (dolo ou culpa).
Iden�ficação da causa: é feita pelo método da eliminação hipoté�ca, depois
que o crime foi pra�cado, volta-se no tempo e, hipote�camente, elimina-se
alguns fatos.
Concausas: (concorrência de causas) é a convergência de causa externa à
conduta do agente, e que influi na produção do resultado. Existem concausas
dependentes e independentes
Dependentes
Independentes
DEPENDENTES: derivam da conduta do agente, ou seja, precisam da conduta
do agente – elas nunca excluem o nexo causal.
INDEPENDENTES: é quando ela é capaz de produzir por si só o resultado. Elas
podem ser absolutas ou rela�vas. Absoluta é aquela que não tem origem “na
conduta do agente” (não está na mesma linha do desdobramento causal),
enquanto que a Rela�va tem origem na conduta do agente (está na mesma
linha de desdobramento causal).
Concausas absolutamente independentes:
Preexistentes: (ou “estado anterior”) são aquelas que antecedem a conduta do
agente.
Ex.: a pessoa
Concomitantes: são aquelas simultâneas à conduta do agente.
Ex.: pessoa leva um �ro, mas, ao mesmo tempo, é a�ngido por um raio, e
morre em decorrência da descarga elétrica.
Supervenientes: posteriores à conduta do agente.
Ex.: A envenena B, mas antes do veneno fazer efeito, C a�ra em B e o mata.
Efeito Jurídico das concausas absolutamente independentes: rompem o nexo
causal. O agente não responde pelo resultado, responde apenas pelos atos
pra�cados. Estas situações são resolvidas pela Teoria da Equivalência dos
Antecedentes.
Concausas supervenientes rela�vamente independentes:
Tem origem na conduta do agente, e produzem por si só o resultado