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Tiro final – Revisão – Delta PCPE 
 
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https://www.gran.com.br/
Tiro final – Revisão – Delta PCPE 
 
2 de 508 gran.com.br 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Olá, futuro(a) Delegado(a) de Polícia Civil de Pernambuco! 
 Elaboramos este material de revisão final com os tópicos que nossos professores 
julgam ser os essenciais para esse tiro final a poucos dias da sua prova. 
O material está direcionado para a sua banca, com muitas jurisprudências 
relevantes, questões apenas do CEBRASPE, tanto objetivas, quanto subjetivas, inclusive 
comentadas. 
Além disso, para auxiliar na memorização do conteúdo, o material está repleto de 
esquemas, tabelas, “bizus”, dicas, ilustrações, e muito mais, sempre buscando o trazer o 
melhor a vocês. 
Por isso, não se assustem com o número de páginas, garantimos que a leitura será 
leve e fluirá muito bem. 
Dividimos o seu material em duas parte: 
• Parte I – matérias do núcleo duro (Penal, Processo Penal, Constitucional, 
Administrativo, Legislação Extravagante) 
• Parte II – matérias periféricas (Civil, Processo Civil, Ambiental, Tributário, 
Criminologia, Medicina Legal, Legislação Estadual) 
 Não temos tempo a perder, bora começar? 
 
 BONS ESTUDOS! 
 
 
 
 
 
https://www.gran.com.br/
Tiro final – Revisão – Delta PCPE 
 
3 de 508 gran.com.br 
 
 
 
SUMÁRIO GERAL 
 
1. PENAL GERAL……………………………………………………………………………….……………...04 
2. PENAL ESPECIAL……………………………..………………………………….……………………….83 
3. PROCESSO PENAL……………………………………………..………………………………………150 
4. CONSTITUCIONAL……………………………………………..………………………………………262 
5. ADMINISTRATIVO……………………………………………………………………………………….350 
6. LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE………………………………………….………………………434 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Tiro final – Revisão – Delta PCPE 
 
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SUMÁRIO 
DIREITO PENAL 
1. PRINCÍPIOS E GARANTIAS .................................................................................................................... 5 
1.1. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS .............................................................................................. 5 
1.2. FONTES DO DIREITO PENAL ............................................................................................... 9 
1.3. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL ....................................................................................... 10 
2. DIREITO PENAL E POLÍTICA CRIMINAL .............................................................................................. 18 
3. ESCOLAS PENAIS ................................................................................................................................ 19 
3.1. TABELA RESUMO ............................................................................................................... 19 
4. A LEI PENAL ......................................................................................................................................... 20 
4.1. CARACTERÍSTICAS DA LEI PENAL .................................................................................... 20 
4.2. CLASSIFICAÇÃO DA LEI PENAL ......................................................................................... 20 
4.3. LEI PENAL NO TEMPO ....................................................................................................... 22 
4.4. LEI PENAL NO ESPAÇO ...................................................................................................... 26 
5. TEORIA DO CRIME ............................................................................................................................... 32 
5.1. INFRAÇÃO PENAL .............................................................................................................. 32 
5.2. CONCEITO DE CRIME ......................................................................................................... 34 
5.3. FATO TÍPICO ....................................................................................................................... 36 
5.4. ILICITUDE ........................................................................................................................... 51 
5.5. CULPABILIDADE ................................................................................................................. 56 
6. ITER CRIMINIS ...................................................................................................................................... 64 
6.1. FASES DO CRIME ............................................................................................................... 64 
6.2. TEORIAS QUE DIFERENCIAM ATOS PREPARATÓRIOS DE EXECUTÓRIOS ...................... 65 
6.3. TENTATIVA ......................................................................................................................... 66 
6.4. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA, ARREPENDIMENTO EFICAZ E ARREPENDIMENTO 
POSTERIOR .................................................................................................................................. 68 
6.5. CRIME IMPOSSÍVEL............................................................................................................ 72 
7. CONCURSO DE PESSOAS ................................................................................................................... 73 
7.1. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ............................................................................................ 73 
7.2. REQUISITOS ....................................................................................................................... 74 
7.3. TEORIAS SOBRE CONCURSOS DE PESSOAS ................................................................... 74 
7.4. AUTORIA ............................................................................................................................. 74 
7.5. COAUTORIA ........................................................................................................................ 78 
7.6. PARTICIPAÇÃO ................................................................................................................... 79 
7.7. CONCURSO DE PESSOAS EM CRIMES CULPOSOS .......................................................... 80 
7.8. CONCURSO DE PESSOAS EM CRIMES OMISSIVOS ......................................................... 80 
7.9. PUNIBILIDADE NO CONCURSO DE PESSOAS .................................................................. 81 
7.10. (IN)COMUNICABILIDADE DAS CIRCUNSTÂNCIAS, CONDIÇÕES E ELEMENTARES ........ 82 
7.11. COLABORAÇÃO PREMIADA E CONCURSO DE PESSOAS ................................................. 82 
 
 
 
 
 
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1 – PRINCÍPIOS E GARANTIAS 
 
 
1.1. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 
O conceito de “Direito Penal” passa por três aspectos: 
 
 
 
 
(CESPE - 2015 - TJ-DFT - Técnico Judiciário - Administrativa) - Sob o prisma formal, 
crime corresponde à concepção do direito acerca do delito, em uma visão legislativa do 
fenômeno; sob o prisma material, o conceito de crime é pré-jurídico, ou seja, é a 
concepção da sociedade a respeito do que pode e deve ser proibido. 
ITEM CORRETO! 
Conforme o entendimento doutrinário, as missões do Direito Penal dividem-se em 
duas, quais sejam: 
IMEDIATA MEDIATA 
• Assegurar bens jurídicos 
• Controle social; e 
• Limitação do poder punitivo estatal. 
Neste cenário, destaca-se o “funcionalismo”, corrente doutrinária que visa 
analisar a real função do Direito Penal e se apresenta entre “funcionalismo teleológico 
(ou moderado)” e “funcionalismo sistêmico (ou radical)”. 
Enquanto o primeiro visa assegurar proteção do bem jurídico (aqueles valores 
indispensáveis à convivência harmônica em sociedade), o segundo tem por objetivo 
assegurar o império da norma, validando o sistema. 
https://www.gran.com.br/
Tiro final – Revisão – Delta PCPE6 de 508 gran.com.br 
 
 
 
 
Ademais, o Direito Penal possui as seguintes classificações doutrinárias: 
SUBSTANTIVO ADJETIVO 
É o direito material, que cria as infrações 
penais (crimes + contravenções). 
É o direito formal, que trata das normas 
processuais. 
 
OBJETIVO SUBJETIVO 
Também chamado de “ius poenale”, é o 
conjunto de leis penais em vigor. 
Também chamado de “ius puniendi”, é o 
direito que o Estado possui de punir o 
infrator. 
Divide-se em: 
POSITIVO 
É a capacidade conferida ao 
Estado de criar e executar 
normas penais. 
NEGATIVO 
É a faculdade de derrogar ou 
restringir preceitos penais por 
meio da declaração de 
inconstitucionalidade. 
 
COMUM ESPECIAL 
É a norma penal objetiva aplicada através da 
justiça comum. 
É a norma penal objetiva aplicável por órgãos 
especiais e constitucionalmente previstos. 
Ex.: Justiça Militar, Eleitoral etc. 
 
Obs.: a distinção acima não pode ser confundida com legislação penal comum (CP) e 
legislação penal especial (leis extravagantes). 
 
 
 
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DE EMERGÊNCIA PROMOCIONAL SIMBÓLICO 
O Estado, atendendo 
demandas de criminalização, 
edita leis que cumprem 
função meramente 
representativa, assumindo 
feição punitivista e 
ignorando as garantias dos 
indivíduos. 
Afasta-se de seu caráter 
subsidiário e fragmentário. 
O Estado, objetivando 
concretizar seus fins políticos 
e efetivar políticas públicas, 
emprega leis buscando a 
transformação social. 
Afasta-se do princípio da 
intervenção mínima. 
O Estado, utilizando-se do 
medo e da sensação de 
insegurança da população, 
emprega instrumento 
demagógico ao Direito Penal, 
aprovando leis mais severas, 
mas que, na prática, 
mostram-se inócuas. Faz 
com que a sociedade tenha 
a falsa sensação de proteção. 
Se manifesta pelo “direito 
penal do terror” em duas 
facetas: inflação legislativa e 
hipertrofia do Direito Penal. 
 
DE INTERVENÇÃO 
COMO PROTEÇÃO DE CONTEXTOS DA VIDA EM 
SOCIEDADE 
O maior expoente desse viés é Winfried 
Hassemer, que defende o desalargamento do 
Direito Penal através da sua 
administrativização. Para tanto, o Direito 
Penal deveria ser utilizado apenas na 
proteção de infrações de bens jurídicos 
individuais e de perigo concreto. Já as 
infrações de bens jurídicos difusos (ou 
coletivos) e de perigo abstrato, deveriam ser 
tutelados pela Administração Pública, por 
meio de um sistema jurídico diverso, com 
sanções mais brandas, garantias materiais e 
processuais mais flexíveis e sem risco de 
privação da liberdade do infrator. Este seria o 
“Direito de Intervenção”, situado abaixo do 
Direito Penal, mas acima do Direito 
Administrativo. 
O formulador desse viés foi 
Günter Stratenwerth, cuja perspectiva se 
contrapõe à de Winfried Hassemer. 
Aqui, o enfoque máximo deveria ser dado à 
proteção dos interesses difusos e coletivos, 
colocando os direitos individuais em segundo 
plano. O Direito Penal seria transformado em 
um direito de gestão punitiva de riscos 
gerais. 
 
 
GARANTISTA 
O garantismo, utilizando-se dos direitos fundamentais consagrados na Constituição, passa a 
estabelecer o objeto e os limites do Direito Penal nas sociedades democráticas. 
Luigi Ferrajoli divide as máximas do garantismo em 10 axiomas que, ordenados em série e 
conectados sistematicamente, constituem as regras fundamentais do Direito Penal: 1) Nulla 
poena sine crimine; 2) Nullum crimen sine lege; 3) Nulla lex (poenalis) sine necessitate; 4) Nulla 
necessitas sine injuria; 5) Nulla injuris sine acione; 6) Nulla actio sine culpa; 7) Nulla culpa sine 
judicio; 8) Nullum judicio sine accusatione; 9) Nullum accusatio sine probatione; e 10) Nulla 
probatio sine defensione. 
Neste tema, cumpre destacar a crítica ao chamado “garantismo hiperbólico monocular”. 
É hiperbólico porque é aplicado de uma forma ampliada, desproporcional; e 
é monocular porque só enxerga os direitos fundamentais do réu (só um lado do processo). 
Contrapõe-se ao “garantismo penal integral”, que resguarda os direitos fundamentais afetos 
à coletividade. 
DO AUTOR DO FATO 
Punem-se os indivíduos em razão de 
suas condições pessoais. É utilizada no pós-
crime e não para incriminar alguém. 
Punem-se as condutas lesivas praticadas 
pelos indivíduos. É a adotada para incriminar 
alguém. 
 
 
 
 
 
 
 
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VELOCIDADES DO DIREITO PENAL 
1ª VELOCIDADE 
• Jesús-Maria Silva Sánchez; 
• Procedimento mais vagaroso; 
• Respeito aos direitos e garantias fundamentais; 
• Penas privativas de liberdade; 
• Delitos mais graves; 
Ex.: CPP. 
2ª VELOCIDADE 
• Jesús-Maria Silva Sánchez; 
• Procedimento mais célere; 
• Flexibilização de direitos e garantias fundamentais; 
• Penas alternativas; 
• Delitos menor gravidade; 
Ex.: JECRIM. 
3ª VELOCIDADE 
• Jesús-Maria Silva Sánchez; 
• Procedimento mais célere; 
• Flexibilização e até a supressão de direitos e garantias fundamentais; 
• Penas privativas de liberdade; 
• Direito Penal do Inimigo; 
• Delitos de maior gravidade; 
Ex.: ORCRIM. 
4ª VELOCIDADE 
• Daniel Pastor; 
• Está ligada ao Direito Penal Internacional; 
• Flexibilização de direitos e garantias fundamentais; 
• Aplicada aos chefes do Estado; 
• Neopunitivismo; 
Ex.: TPI. 
5ª VELOCIDADE 
• Sociedade com maior assiduidade do controle policial; 
• Maior densidade da presença de policiais nas ruas. 
 
 
(CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-RO - Delegado de Polícia) - Ao tratar de determinada 
função do direito penal, Cleber Masson esclarece que esta é “inerente a todas as leis, não 
dizendo respeito somente às de cunho penal. Não produz efeitos externos, mas somente 
na mente dos governantes e dos cidadãos. (...) Manifesta-se, comumente, no direito 
penal do terror, que se verifica com a inflação legislativa (direito penal de emergência), 
criando-se exageradamente figuras penais desnecessárias, ou então com o aumento 
desproporcional e injustificado das penas para os casos pontuais (hipertrofia do direito 
penal).” O autor ainda conclui que a função deve ser afastada, pois cumpre funções 
governamentais, ou seja, tarefas que não podem ser atribuídas ao direito penal. 
No texto apresentado anteriormente, Cleber Masson está se referindo à função 
denominada: simbólica. 
ITEM CORRETO! 
(CESPE / CEBRASPE - 2022 - MPE-AC - Promotor de Justiça Substituto) - O garantismo 
hiperbólico é uma consequência da racionalidade do garantismo monocular, que, por sua 
vez, acarreta uma proteção sistêmica. 
ITEM INCORRETO, pois há nessa alternativa uma indução que o garantismo hiperbólico se 
origina através do garantismo monocular, sendo que são um só e complementares! 
(CESPE / CEBRASPE - 2022 - MPE-AC - Promotor de Justiça Substituto) - O garantismo 
penal evoluiu para uma visão integral, protegendo, além dos direitos individuais, também 
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direitos sociais e coletivos, bem como os deveres, nos quais se insere, além do dever de 
investigar, processar e punir, também o direito das vítimas. 
ITEM CORRETO! 
(CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de Polícia Civil) - O direito penal do autor poderá servir 
de fundamento para a redução da pena quando existirem circunstâncias pessoais 
favoráveis ao acusado. 
ITEM CORRETO! 
(CESPE - 2014 - Câmara dos Deputados - Analista Legislativo - Consultor Legislativo Área 
XI) - O direito de punir do Estado está vinculado ao direito penal substantivo, ou direito 
penal objetivo. 
ITEM INCORRETO, pois o direito de punir do Estado está vinculado ao direito penal 
subjetivo! 
(CESPE - 2014 - Câmara dos Deputados - Analista Legislativo - Consultor Legislativo Área 
XI) – O direito penal subjetivo refere-se ao conjunto de princípios e regras que se ocupam 
da definição das infrações penais e da imposição de penas ou medidas de segurança. 
ITEM INCORRETO, poiso conceito acima diz respeito ao direito penal objetivo! 
 
1.2. FONTES DO DIREITO PENAL 
 
As fontes do Direito Penal se dividem em: 
• Material: é o órgão encarregado da criação do Direito Penal, ou seja, a fonte 
de produção da norma; 
• Formal: é o instrumento de exteriorização do Direito Penal, ou seja, a fonte 
de cognição da norma. 
No tocante à fonte material, cumpre ressaltar que, de acordo com o art. 22, I, da 
CRFB/88, a competência de legislar sobre direito penal é privativa da União. Todavia, 
conforme o parágrafo único do referido artigo, os Estados poderão, excepcionalmente, 
legislar sobre matéria de direito penal, desde que haja lei complementar autorizando e 
que o assunto seja sobre questões específicas (temas de interesse local). 
Já no que tange à fonte formal, acentua-se um ponto de divergência entre a 
divisão apresentada pela doutrina clássica e moderna. Vejamos: 
 
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Tiro final – Revisão – Delta PCPE 
 
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DOUTRINA CLÁSSICA DOUTRINA MODERNA 
FONTES 
FORMAIS 
IMEDIATAS 
Lei 
Lei, Constituição Federal, tratados 
internacionais de direitos humanos, 
jurisprudência, princípios e 
complementos da norma penal em 
branco própria 
FONTES 
FORMAIS 
MEDIATAS 
Costumes e princípios gerais do 
direito 
Doutrina 
(os costumes configuram fontes 
formais imediatas) 
 
(CESPE - 2015 - TRE-MT - Analista Judiciário - Judiciária) - Segundo a doutrina 
majoritária, os costumes e os princípios gerais do direito são fontes formais imediatas 
do direito penal. 
ITEM INCORRETO, pois, para a doutrina clássica, os costumes os princípios gerais do 
direito são fontes formais mediatas! 
(CESPE - 2011 - DPE-MA - Defensor Público - As fontes materiais revelam o direito; as 
formais são as de onde emanam as normas, que, no ordenamento jurídico brasileiro, 
referem-se ao Estado. 
ITEM INCORRETO, as fontes formais revelam o direito; as materiais são as de onde 
emanam as normas, que, no ordenamento jurídico brasileiro, referem-se à União. 
 
1.3. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 
1.3.1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
Encontra previsão no art. 5º, XXXIX da CRFB/88 e no art. 1º do CP: 
Art. 5º, XXXIX, CRFB/88 – “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena 
sem prévia cominação legal”; 
Art. 1º, CP - “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia 
cominação legal”. 
 Ele possui dupla função: constitutiva (criminalização da conduta e constituição de 
penas) e de garantia (limita o ius puniendi do Estado, conferindo ao cidadão garantias 
mínimas). 
Ademais, a legalidade deve ser compreendida sob dois aspectos: 
LEGALIDADE FORMAL LEGALIDADE MATERIAL 
Obediência ao devido processo legislativo. 
O conteúdo do tipo deve respeitar os direitos 
e garantias do cidadão. 
Lei vigente Lei válida 
Este princípio se desdobra em quatro postulados: 
LEX SCRIPTA Inadmissibilidade do costume incriminador 
LEX STRICTA Inadmissibilidade da analogia in malam partem 
LEX PRAEVIA Consiste na anterioridade da lei penal 
LEX CERTA 
Consiste na taxatividade penal, vedando-se a criação de tipos penais 
obscuros ou vagos 
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Tiro final – Revisão – Delta PCPE 
 
11 de 508 gran.com.br 
 
 
Os seus subprincípios são: 
a) PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL OU DA LEGALIDADE ESTRITA 
A fonte da norma penal é única e exclusivamente a lei em sentido estrito, de tal 
forma que somente lei ordinária ou lei complementar podem criar crimes ou agravar 
penas. 
De acordo com o art. 62, § 1º, I, b, da CRFB/88, é vedada a edição de medidas 
provisórias sobre matéria de direito penal. Entretanto, o STF tem admitido medidas 
provisórias que versem sobre direito penal não incriminador, desde que a norma seja 
benéfica ao réu. 
Como decorrência desse princípio, não é permitido o uso de costumes para criar 
infrações penais, tampouco tratados internacionalizados. 
Ademais, em caso de lacuna deixada pelo legislador, faz-se uso da analogia, que 
permite aplicar a uma hipótese não regulada por lei a legislação de um caso semelhante. 
Todavia, destaca-se que é possível aplicar a analogia apenas em benefício do réu (in 
bonam partem), jamais para prejudicá-lo (in malam partem). 
Não confunda os conceitos a seguir: 
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA ANALOGIA 
Forma de interpretação Forma de interpretação Forma de integração 
Existe norma Existe norma Não existe norma 
Amplia-se o alcance da 
palavra 
Utilizam-se exemplos 
seguidos de uma fórmula 
genérica 
Cria-se norma a partir de 
outra 
Aplicável no Direito Penal in 
bonam partem ou in malam 
partem 
Aplicável no Direito Penal in 
bonam partem ou in malam 
partem 
Aplicável no Direito Penal 
apenas in bonam partem 
Ex.: a expressão “arma” no 
crime de roubo majorado 
Ex.: homicídio mediante paga 
ou promessa de recompensa 
“ou por outro motivo torpe” 
Ex.: a isenção de pena 
prevista nos crimes contra o 
patrimônio é aplicável, 
analogicamente, também ao 
companheiro 
 
b) PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE 
Proíbe a edição de normas penais vagas, imprecisas e indeterminadas. Mostra-se 
necessário que elas possuam clareza denotativa e que a população consiga compreendê-
las. 
 
c) PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE 
Não há crime nem pena sem lei prévia, de tal forma que a lei penal só pode ser 
aplicada para os fatos ocorridos a partir de sua vigência. Trata da “irretroatividade da lei 
penal”, tema que será melhor estudado no tópico relativo à aplicação da lei penal no 
tempo. 
 
 
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Tiro final – Revisão – Delta PCPE 
 
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1.3.2. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA 
Trata-se de verdadeira complementação ao princípio da reserva legal, que orienta 
e limita o poder incriminador do Estado, pois nada impede que o legislador crie condutas 
criminosas de maneira desnecessária. 
Para Rogério Sanches, o princípio da intervenção mínima tem duas faces: 
• orienta quando e onde o direito penal deve intervir - neocriminalização; e 
• orienta quando e onde o direito penal deve deixar de intervir - abolitio 
criminis. 
Assim, a intervenção do Direito Penal depende do fracasso das demais esferas de 
controle (caráter subsidiário), observando apenas os casos de relevante lesão ou perigo 
de lesão ao bem juridicamente tutelado (caráter fragmentário). 
Deste princípio subdividem-se dois: 
a) PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE 
A aplicação do Direito Penal deve ser subsidiária, ou seja, em último caso (ultima 
ratio). Ele somente será utilizado quando as soluções apresentadas pelos outros ramos 
do Direito não se mostrarem suficientes. Direciona-se ao aplicador do direito, no plano 
concreto. 
b) PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE 
O Direito Penal deve tutelar apenas os bens jurídicos mais relevantes para a 
sociedade, não sendo razoável que o Estado o utilize para tutelar qualquer bem jurídico. 
Direciona-se ao legislador, no plano abstrato. 
 
 
1.3.3. PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DOS BENS JURÍDICOS 
Aborda que a norma penal deve ser criada apenas para tutelar bens jurídicos cuja 
relevância mereça a proteção que o Direito Penal oferece. Isto posto, não se pode 
criminalizar, por exemplo, pensamentos, intenções etc. 
Veda-se a chamada “proibição pela proibição”, ou a criminalização como 
“instrumento de mera obediência”. 
 
1.3.4. PRINCÍPIO DA PESSOALIDADE OU DA INTRANSCENDÊNCIA DA PENA 
Encontra previsão no art. 5º, XLV, da CRFB/88: 
Art. 5º, XLV, CRFB/88. Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo 
a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos 
termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do 
valor do patrimônio transferido. 
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Tiro final – Revisão – Delta PCPE 
 
13 de 508 gran.com.br 
 
 
A responsabilidade penal pertence ao agente que culposa ou dolosamente deu 
causa ao resultado. 
Obs.: não confunda a “obrigação de reparar o dano” com a “pena de multa”, pois 
enquanto aquela pode serestendida aos sucessores e contra eles executada, esta tem 
caráter punitivo, e como tal, fica vinculada à pessoa do condenado! 
 
1.3.5. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE 
É princípio constitucional implícito, que se configura como desdobramento do 
princípio da individualização da pena. Ocorre que, para que a sanção penal cumpra sua 
função, ela deve se ajustar à relevância do bem jurídico tutelado, sem ignorar as 
condições pessoais do agente. 
Tal princípio incide no plano legislativo, judicial e de execução da pena, e apresenta 
dupla face: de um lado proíbe o excesso (garantismo negativo) e do outro proíbe a 
proteção insuficiente (garantismo positivo). 
 
1.3.6. PRINCÍPIO DA HUMANIDADE 
Encontra previsão no art. 5º, XLVII, da CRFB/88: 
Art. 5º, XLVII, CRFB/88. XLVII - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis; 
Este princípio garante que os infratores da lei não sejam submetidos a penas 
cruéis ou degradantes, assegurando o respeito à dignidade da pessoa humana. 
 
1.3.7. PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE 
Nulla poena sine culpa, ou seja, não há pena sem culpa. 
Este princípio é a base para a ideia de que a responsabilidade penal é pessoal e 
subjetiva, de tal forma que só pode ser aplicada se existente dolo ou culpa. Veda-se 
consequentemente, a responsabilidade penal objetiva. 
Outrossim, o Estado só pode impor sanção penal ao agente imputável, com 
potencial consciência da ilicitude e quando dele exigível conduta diversa. 
 
• É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais 
independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em 
seu nome. A jurisprudência não mais adota a chamada teoria da dupla imputação. 
STJ. 6ª Turma. RMS 39173-BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
6/8/2015 (Info 566). 
 
 
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1.3.8. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA 
Encontra previsão no art. 5º, LVII, da CRFB/88: 
Art. 5º, LVII, CRFB/88 - ninguém será considerado culpado até o trânsito em 
julgado de sentença penal condenatória; 
 
1.3.9. PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE 
Nullum crimen sine iniuria, ou seja, não há crime sem ofensa ao bem jurídico. Assim, o 
princípio da ofensividade exige que o fato praticado ocorra em lesão ou em perigo de lesão ao 
bem jurídico tutelado. 
Relembre os conceitos a seguir: 
CRIME DE DANO CRIME DE PERIGO 
O bem jurídico penalmente tutelado é 
efetivamente lesado. 
O bem jurídico penalmente tutelado sofre 
um risco de lesão. Divide-se em: 
CONCRETO 
O risco para o bem jurídico 
deve ser comprovado. 
ABSTRATO 
O perigo é presumido pela 
própria lei, dispensando a sua 
comprovação. 
 
1.3.10. PRINCÍPIO DA ALTERIDADE 
Consiste no comando segundo o qual uma conduta, para ser penalmente 
relevante, deve transcender seu autor e atingir bem jurídico de outrem. Ninguém pode 
ser punido por causar mal a si próprio, fundamentando a impossibilidade da punição da 
autolesão. 
 
1.3.11. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO BIS IN IDEM 
Preconiza que ninguém pode ser julgado mais do que uma vez pela prática do 
mesmo crime. 
 
• Diante do trânsito em julgado de duas sentenças condenatórias contra o mesmo 
condenado, por fatos idênticos, deve prevalecer a condenação que transitou em primeiro 
lugar. STJ. 6ª Turma. RHC 69586-PA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio 
Schietti Cruz, julgado em 27/11/2018 (Info 642). 
 
1.3.12. PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL 
Apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal, ela não será típica quando 
socialmente aceita e adequada, isto é, se estiver em conformidade com a ordem social 
da vida historicamente condicionada. Trata-se de causa supralegal de exclusão da 
tipicidade material. 
Além disso, esse princípio possui a função de restringir o âmbito de abrangência 
do tipo penal e de orientar a atividade legislativa. 
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Importante salientar que a aplicação da adequação social em delito de direito 
autoral é vedada pelo STJ: 
Súmula 502 do STJ: Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação 
ao crime previsto no art. 184, § 2º, do CP, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas. 
 
1.3.13. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
Este princípio, conhecido também como criminalidade de bagatela ou infração 
bagatelar própria, não encontra previsão na legislação, mas é pacificamente admitido 
pela jurisprudência do STF e do STJ. 
A natureza jurídica do princípio da insignificância é de causa supralegal de 
exclusão da tipicidade material, e funciona, hermeneuticamente, como um instrumento 
de interpretação restritiva do tipo penal. 
 É imprescindível diferenciar “valor insignificante” de “pequeno valor” (um dos 
requisitos do furto privilegiado – art. 155, § 2º, do CP), visto que ambos não são 
sinônimos. 
 
Entretanto, não é apenas o valor que deve ser analisado para que a insignificância 
da conduta seja reconhecida. Para tal, o STF estabeleceu quatro requisitos: 
 
 
 
Tendo em vista que o estudo em questão é voltado para as carreiras policiais, 
questiona-se: o Delegado de Polícia pode aplicar o princípio da insignificância diante de 
uma situação flagrancial? 
• Primeira corrente (STJ): NÃO, pois essa função seria do Poder Judiciário, 
estando a autoridade policial obrigada a submeter a questão à autoridade 
judiciária. Portanto, ao receber uma prisão em flagrante, o delegado deverá 
apenas lavrar o APF - HC 154.949/MG. 
• Segunda corrente (doutrinária): SIM, pois conforme o art. 302 do CPP, o 
delegado lavrará o APF diante de uma infração penal, que é, conforme o 
conceito analítico, fato típico, ilícito e culpável. Portanto, ele estaria apto a 
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analisar a ausência de um desses elementos, deixando de lavrar o APF. Isto 
ocorreria em razão da ausência de fato típico, pelo princípio da 
insignificância. 
Devido à divergência de entendimentos, esse tema não é muito abordado em 
provas, porém, caso seja, para as provas de carreiras policiais, a corrente mais adequada 
é a segunda. 
Por conseguinte, destaca-se que esse é um dos princípios mais cobrados em 
provas, principalmente no que diz respeito à sua jurisprudência. Elas são muitas e, por 
vezes, conflitantes entre si, portanto, para que revisemos de forma mais rápida e 
objetiva, iremos destrinchá-las em tópicos: 
REINCIDÊNCIA 
• Reincidência por si só: “A reincidência não impede, por si só, que o juiz 
da causa reconheça a insignificância penal da conduta, à luz dos 
elementos do caso concreto” – STF; 
• Criminoso habitual: “A reiteração criminosa inviabiliza a aplicação do 
princípio da insignificância nos crimes de descaminho, ressalvada a 
possibilidade de, no caso concreto, as instâncias ordinárias verificarem 
que a medida é socialmente recomendável” – STJ. 
MULTIRREINCIDENTE 
• Regra: não; 
• Exceção: há julgado do STJ permitindo, em casos excepcionais, nos 
quais é reduzidíssimo o grau de reprovabilidade da conduta. 
DROGAS 
• Tráfico ilícito de drogas: inaplicável, porquanto trata-se de crime de 
perigo presumido ou abstrato, sendo irrelevante a quantidade de droga 
apreendida em poder do agente; 
• Posse de drogas para consumo pessoal: inaplicável, pois a pequena 
quantidade de droga faz parte da própria essência do delito em 
questão. 
CRIMES AMBIENTAIS 
• Nos crimes com bem jurídico difuso/coletivo, em regra, este princípio 
não é aplicável, pois a lesividade/exposição a perigo transcende o 
aspecto individual. Entretanto, nos crimes ambientais, essa regra é 
invertida, uma vez que os tribunais superiores adotam como regra a 
possibilidade de aplicação do princípio da insignificância em crimes 
ambientais, devendo ser analisadas as circunstânciasespecíficas no 
caso concreto; 
• Exceção: não se pode aplicar o princípio da insignificância ao crime de 
pesca ilegal – STF; 
• Hipótese em que a própria jurisprudência flexibiliza a exceção da 
pesca ilegal: o STJ aplicou, de forma excepcional, o princípio da 
insignificância no caso de pesca ilegal, na hipótese em que o indivíduo 
pescou 1 único peixe e devolveu esse peixe vivo ao rio, não havendo um 
prejuízo efetivo ao meio ambiente. 
CRIMES 
TRIBUTÁRIOS E 
DESCAMINHO 
• Crimes tributários federais e descaminho: o débito tributário 
verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00; 
• ATENÇÃO: o valor de 20 mil reais para aplicação do princípio da 
insignificância será somente aos crimes tributários FEDERAIS. De tal 
forma que, não se aplica, automaticamente, o parâmetro dos tributos 
federais aos crimes tributários estaduais, devendo ser observada a lei 
estadual vigente em razão da autonomia do ente federativo – STJ; 
CONTRABANDO 
• Regra: não se aplica o princípio da insignificância; 
• Exceção: pequena quantidade de medicamento destinada a uso 
próprio – STJ. 
CRIMES CONTRA A 
ADMINISTRAÇÃO 
PÚBLICA 
• Súmula 599-STJ: “O princípio da insignificância é inaplicável aos 
crimes contra a administração pública”. 
• Exceção: descaminho (apesar de ser um crime tributário, está 
topograficamente inserido no título dos “Crimes contra a 
Administração Pública”). 
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• Exceção: admite-se, excepcionalmente, a aplicação do princípio da 
insignificância a crime praticado em prejuízo da administração pública 
quando for ínfima a lesão ao bem jurídico tutelado - STJ. 
FURTO 
QUALIFICADO 
• Regra: o STF/STJ entendem não ser possível a aplicação do princípio 
da insignificância no furto qualificado, pois falta o requisito do reduzido 
grau de reprovabilidade do comportamento; 
• Exceção: quando presentes circunstâncias excepcionais que 
recomendam a medida. A despeito da presença de qualificadora no 
crime de furto possa, à primeira vista, impedir o reconhecimento da 
atipicidade material da conduta, a análise conjunta das circunstâncias 
pode demonstrar a ausência de lesividade do fato imputado, 
recomendando a aplicação do princípio da insignificância – STJ. 
FURTO SIMPLES 
• Regra: não deve se levar em conta apenas o valor da coisa furtada, mas 
sim o caso concreto, como o perfil subjetivo do agente, de tal forma que 
o STJ tem permitido a aplicação do referido princípio quando o valor do 
bem subtraído corresponda até 10% do salário-mínimo vigente na 
época – STJ. 
• Restituição imediata e integral do bem furtado: não constitui, por si 
só, motivo suficiente para a incidência do princípio da insignificância – 
STJ. 
• Multirreincidente: não se aplica a insignificância no furto de coisa 
superior a 10% do salário-mínimo, sendo o réu multirreincidente. – STJ. 
CRIMES CONTRA A 
FÉ PÚBLICA 
• Regra: não aplica; 
• Exceção: uso de atestado falso – STJ. 
POSSE OU PORTE DE 
ARMA OU MUNIÇÃO 
• Regra: não é possível, pois são crimes de perigo abstrato – STJ; 
• Exceção: crime de porte ilegal de pouca quantidade de munição 
desacompanhada da arma – STJ; uso de munição como pingente e 
aplicação do princípio da insignificância – STF. 
VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA 
• Súmula nº 589, STJ: “É inaplicável o princípio da insignificância nos 
crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito 
das relações domésticas.” 
ATOS INFRACIONAIS • É possível. 
 Por fim, faz-se um adendo à chamada “infração bagatelar imprópria”, que possui 
todos os elementos previstos no conceito analítico de crime, mas a sua punição torna-
se desnecessária (ex.: perdão judicial por homicídio culposo de filho). 
Desse modo, enquanto o princípio da insignificância próprio tem natureza jurídica 
de causa excludente da tipicidade material, o princípio da insignificância impróprio 
possui natureza jurídica de causa excludente da punibilidade. 
 
(CESPE / CEBRASPE - 2023 - MPE-SC - Promotor de Justiça Substituto (fase matutina) 
- O princípio da vedação à dupla persecução (ne bis in idem processual) poderá ser 
excepcionado quando o julgamento no exterior não se realizar de modo justo e legítimo. 
ITEM CORRETO! 
(CESPE / CEBRASPE - 2021 - MPE-SC - Promotor de Justiça Substituto - Prova 1) - Para 
o STF, de acordo com o princípio da culpabilidade, somente é possível imputar crime a 
pessoa jurídica se, simultaneamente, o ilícito penal for imputado à pessoa física que 
tenha sido o autor material da conduta. 
ITEM INCORRETO, pois, segundo o STF, é possível a responsabilização penal da pessoa 
jurídica por delitos ambientais independentemente da responsabilização concomitante 
da pessoa física que agia em seu nome! 
(CESPE / CEBRASPE - 2021 - MPE-SC - Promotor de Justiça Substituto - Prova 1) - 
Nenhum dos princípios que regem o direito penal veda a criminalização, pelo legislador, 
da tentativa de suicídio, embora, no momento, esta conduta não esteja tipificada. 
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ITEM INCORRETO, pois o princípio da alteridade veda a tipificação da autolesão! 
(CESPE / CEBRASPE - 2021 - TC-DF - Procurador) - Pelo princípio da fragmentariedade, 
o direito penal só deve intervir em ofensas realmente graves aos bens jurídicos mais 
relevantes. 
ITEM CORRETO! 
(CESPE - 2020 - MPE-CE - Promotor de Justiça de Entrância Inicial) - 
O princípio da adequação social serve de parâmetro fundamental ao julgador, que, à luz 
das condutas formalmente típicas, deve decidir quais sejam merecedoras de punição 
criminal. 
ITEM INCORRETO, pois o princípio da adequação social serve de parâmetro ao legislador, 
que deve buscar afastar a tipificação criminal de condutas consideradas socialmente 
adequadas! 
(CESPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal) - A norma penal deve ser instituída por 
lei em sentido estrito, razão por que é proibida, em caráter absoluto, a analogia no direito 
penal, seja para criar tipo penal incriminador, seja para fundamentar ou alterar a pena. 
ITEM INCORRETO, pois é possível a analogia in bonam partem! 
(CESPE - 2019 - TJ-BA - Juiz de Direito Substituto) - O princípio da bagatela imprópria 
implica a atipicidade material de condutas causadoras de danos ou de perigos ínfimos. 
ITEM INCORRETO, pois o princípio da bagatela imprópria não exclui a tipicidade do crime, 
apenas afasta a aplicação da pena, funcionando como causa excludente de punibilidade. 
O que afasta a materialidade do delito é a bagatela própria (ou princípio da 
insignificância), funcionando como causa supralegal de exclusão da tipicidade! 
(CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia) - Em razão do princípio da legalidade penal, 
a tipificação de conduta como crime deve ser feita por meio de lei em sentido material, 
não se exigindo, em regra, a lei em sentido formal. 
ITEM INCORRETO, pois em razão do princípio da legalidade penal, a tipificação de conduta 
como crime deve ser feita por meio de lei em sentido estrito, ou seja, atendendo, 
cumulativamente, ao critério material (conteúdo) e critério formal (processo legislativo) 
de lei! 
(CESPE - 2017 - TRF - 5ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) - Assinale a opção que 
apresenta princípios que devem ser observados pelas leis penais por expressa previsão 
constitucional: legalidade, irretroatividade, responsabilidade pessoal, presunção da 
inocência, individualização da pena. 
ITEM CORRETO! 
 
 
2 – DIREITO PENAL E POLÍTICA CRIMINAL 
 
 
DIREITO PENAL CRIMINOLOGIA POLÍTICA CRIMINAL 
É uma ciência normativa que 
estuda o “deve ser”. Analisa 
comportamentos humanos 
indesejados, define quais 
devem ser qualificados como 
infrações penais e fixa as suas 
respectivas sanções. Ocupa-
se do crime enquanto norma. 
É uma ciência indutiva, 
empírica e interdisciplinar 
que se ocupa com o estudo do 
crime, do criminoso, da vítima 
e dos mecanismos de 
controle social. Não recorre às 
normas penais. Ocupa-se docrime enquanto fato. 
É a ciência ou arte de 
selecionar os bens jurídicos 
que devem ser tutelados 
penalmente e os caminhos 
para tal tutela. É uma ciência 
de fins e meios, pois 
apresenta críticas e 
propostas para a reforma do 
direito penal em vigor. Para 
tanto, ela se dedica a receber 
as contribuições da 
Criminologia e a propor 
medidas para equacionar os 
delitos. Ocupa-se do crime 
enquanto valor. 
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3 – ESCOLAS PENAIS 
 
 
3.1. TABELA RESUMO 
De acordo com Rogério Sanches (Manual de Direito Penal – Parte Geral, págs. 58 e 
59): 
ESCOLA CRIME DELINQUENTE PENA AUTORES 
CLÁSSICA 
É um ente 
jurídico. 
É ser livre que 
pratica o delito 
por livre escolha. 
Retributiva 
Beccaria, Carrara e 
Fuerbach. 
POSITIVA 
É um fato 
humano. 
É ser anormal sob 
a ótica biológica 
e psicológica, 
sem livre-
arbítrio. Ideia do 
criminoso nato. 
Baseada no 
determinismo 
(defesa do corpo 
social). 
Lombroso, Ferri e 
Garofalo. 
TERZA 
SCUOLA 
ITALIANA 
É um fenômeno 
individual e 
social. Escola 
eclética com 
conceitos 
clássicos e 
positivistas. 
Não é um ser 
anormal e nem é 
dotado de livre-
arbítrio. 
Baseada na 
defesa social, 
reconhece o seu 
caráter aflitivo. 
Lassagne, Tarde e 
Maouvrier. 
HUMANISTA 
É o desvio 
moral de 
conduta. 
Induziu a noção 
de delinquência 
artificial” – 
crime que não 
viola a moral. 
É o imputável, 
por ser passível 
de educação. 
Baseada na 
educação, é 
forma de educar 
o delinquente. 
Vicenzo Lanza. 
TÉCNICO-
JURÍDICA 
É fenômeno 
individual e 
social. 
É dotado de 
livre-arbítrio e 
responsável 
moralmente. 
É meio de defesa 
contra a 
perigosidade do 
agente, cujo 
objetivo é 
castigá-lo. 
Karl Binding, 
Arturo Rocco, 
Vincenzo Manzini, 
Giacomo Delitala, 
Maggiore. 
MODERNA 
ALEMÃ 
É ente jurídico e 
fenômeno de 
ordem humana 
e social. 
É pessoa 
simultaneamente 
livre e 
parcialmente 
condicionada 
pelo ambiente 
que o circunda. 
Não há criminoso 
nato. 
É instrumento de 
ordem e 
segurança social, 
cuja função é 
preventiva geral 
negativa, o seja, 
de coação 
psicológica. 
Feuerbach, Franz 
Von Lizst, Van 
Hamel, Adolpho 
Prins. 
CORRECIO- 
NALISTA 
É um ente 
jurídico de 
criação da 
sociedade. 
É um ser 
anormal, 
portador de uma 
vontade 
reprovável. 
É a correção da 
vontade do 
criminoso e não a 
retribuição a um 
mal, motivo pelo 
qual pode ser 
indeterminada. 
Karl David August 
Roeder. 
DA NOVA 
DEFESA 
SOCIAL 
É um mal que 
desestabiliza o 
aprimoramento 
social. 
É a pessoa que 
precisa ser 
adaptada à 
ordem social. 
É uma reação da 
sociedade, cujo 
objetivo é 
proteger o 
cidadão. 
Filippo Gramatica 
e Marc Ancel. 
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4 – A LEI PENAL 
 
 
4.1. CARACTERÍSTICAS DA LEI PENAL 
 
4.2. CLASSIFICAÇÃO DA LEI PENAL 
As leis penais se dividem em: 
• Incriminadoras: definem as infrações penais e cominam penas; 
• Não incriminadoras: não definem infrações penais e nem cominam penas, 
classificando-se da seguinte forma: 
LEI PENAL NÃO INCRIMINADORA 
EXPLICATIVA / 
INTERPRETATIVA 
• Se destina a esclarecer o conteúdo da norma; 
• Ex.: conceito de funcionário público (art. 327, CP). 
EXTENSÃO / 
INTEGRATIVA 
• Se destina a viabilizar a tipicidade de alguns fatos. 
TEMPORAL • Tentativa (art. 14, II, CP). 
PESSOAL E 
ESPACIAL • Participação (art. 29, CP). 
CAUSAL • Crimes comissivos por omissão (art. 13, § 2º, CP); 
PERMISSIVA 
JUSTIFICANTE 
• Se destina a tornar lícita algumas condutas que seriam ilícitas; 
• Ex.: legítima defesa (art. 25, CP); 
PERMISSIVA 
EXCULPANTE 
• Se verifica quando elimina a culpabilidade; 
• Ex.: embriaguez acidental completa (art. 28, § 1º, CP) 
COMPLEMENTAR 
• Tem a função de delimitar a aplicação das normas incriminadoras; 
• Ex.: aplicação da lei penal no território brasileiro (art. 5º, CP). 
 
(CESPE - 2011 - TJ-ES - Comissário da Infância e da Juventude - Específicos) -Uma das 
funções do princípio da legalidade refere-se à proibição de se realizar incriminações 
vagas e indeterminadas, visto que, no preceito primário do tipo penal incriminador, é 
obrigatória a existência de definição precisa da conduta proibida ou imposta, sendo 
vedada, com base em tal princípio, a criação de tipos que contenham conceitos vagos e 
imprecisos. 
ITEM CORRETO! 
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(CESPE - 2010 - MPE-RO - Promotor de Justiça) -O dispositivo legal que prevê o estado 
de necessidade é uma norma penal não incriminadora permissiva justificante porque 
tem por finalidade afastar a ilicitude da conduta do agente. 
ITEM CORRETO! 
Além da divisão acima, as leis penais também se apresentam como: 
• Completas/perfeitas: possuem todos os elementos da conduta criminosa; 
• Incompletas/imperfeitas: a complementação da definição da conduta de 
determinada norma depende de complemento normativo (norma penal em 
branco) ou valorativo (tipo penal aberto). 
Um exemplo de tipo penal aberto, que necessita de complemento dado pelo juiz, 
é o crime culposo, pois o legislador não enuncia quais são as formas de negligência, 
imprudência e imperícia. Já a norma pena em branco, que necessita de complemento 
dado por outra norma, possui as seguintes classificações: 
NORMA PENAL EM BRANCO 
HOMOGÊNEA/IMPRÓPRIA/EM SENTIDO 
AMPLO 
HETEROGÊNEA/PRÓPRIA/EM SENTIDO 
ESTRITO 
O complemento normativo advém da mesma 
fonte de produção. Divide-se em: 
homovitelina e heterovitelina. 
O complemento normativo advém de fonte 
de produção diversa. 
 
Ex.: o crime de “tráfico de drogas” (art. 33, lei 
nº 11.343/06) extrai o rol de substâncias 
consideradas como “droga” da Portaria da 
Anvisa (Portaria 344 SVS/MS). 
HOMOVITELINA / 
HOMÓLOGA 
HETEROVITELINA / 
HETEROLÓGA 
O complemento 
advém da mesma 
instância legislativa. 
Ex.: o crime de 
“peculato” (art. 312, 
CP) extrai o conceito 
de funcionário 
público do próprio CP 
(art. 327, CP). 
O complemento 
advém de instância 
legislativa diversa. 
Ex.: o crime de 
“ocultação de 
impedimento para o 
casamento” (art. 326, 
CP) extrai as 
hipóteses 
impeditivas da união 
civil do CC (art. 1521, 
CC). 
AO QUADRADO DE FUNDO CONSTITUCIONAL 
A norma requer um complemento que, do 
mesmo modo, requer outro complemento. 
Ex.: art. 38 da lei nº 9.605/98 (crimes 
ambientais). 
A norma é complementada por uma norma 
constitucional. 
Ex.: o crime de “abandono intelectual” (art. 
246, CP) extrai o conceito de “instrução 
primária” da Constituição Federal (art. 208, I, 
CF). 
AO REVÉS/INVERTIDA/AO AVESSO 
A sanção da norma é complementada pelo preceito secundário de outra lei. 
Ex.: art. 1º da lei nº 2.889/56 (lei de genocídio). 
 
 
(CESPE / CEBRASPE - 2023 - MPE-BA - Promotor de Justiça Substituto) - A norma penal 
em branco invertida é admissível, desde que homogênea. 
ITEM CORRETO! 
(CESPE - 2015 - TRE-MT - Analista Judiciário – Judiciária) - Configura lei penal em branco 
em sentido estrito o artigo do Código Penal, que estabelece como criminosa a conduta 
de casar-se mesmo conhecendo existir impedimento que acarrete a nulidade absoluta 
do casamento. 
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ITEM INCORRETO, pois o seu complemento deriva do Código Civil - isto é, mesma fonte 
legislativa - trata-se de norma penal em branco homogênea. Além disso, por ser norma 
diversa do Código Penal, trata-se de norma penal em branco homogênea heteróloga! 
(CESPE - 2011 - DPE-MA - Defensor Público) - O complemento da norma penal em 
branco considerada em sentido estrito provém da mesma fonte formal, ao passo que o 
da norma penal em branco considerada em sentido lato provém de fonte formal diversa. 
ITEM INCORRETO, pois os conceitos estão invertidos! 
 
4.3. LEI PENAL NO TEMPO 
Em decorrência do princípioda legalidade, em regra, aplica-se a lei penal vigente 
ao tempo da realização da conduta criminosa (tempus regit actum). 
 
 
 
Excepcionalmente, a lei penal retroagirá, desde que benéfica ao réu. Vale destacar 
que essa sistemática só se aplica às normas de natureza material (penal) ou híbridas 
(penal e processual), uma vez que as normas de natureza puramente processual se 
situam na regra geral, não se submetendo à retroatividade benéfica. 
Portanto, a diferença entre normas penais e processuais penais no conflito de leis 
no tempo é a seguinte: 
NORMAS PENAIS NORMAIS PROCESSUAIS PENAIS PURAS 
Princípio da retroatividade benéfica Princípio do Tempus Regit Actum 
Art. 5º, XL, da CRFB/88. A lei penal não 
retroagirá, salvo para beneficiar o réu 
Art. 2º do CPP. A lei processual penal aplicar-
se—á desde logo, sem prejuízo da validade 
dos atos realizados sob a vigência da lei 
anterior. 
Entretanto, esses precedentes constitucionais (retroatividade benéfica) são 
inaplicáveis para precedentes jurisprudenciais: 
 
• Vigora no ordenamento jurídico brasileiro, o princípio da irretroatividade da norma mais 
gravosa. Esse princípio não se aplica (não vale) para interpretação jurisprudencial. Esse 
princípio se aplica apenas para lei penal. Assim, mesmo que a nova interpretação seja 
mais gravosa, deve ser aplicada para fatos anteriores. 
A CF/88 diz, no art. 5º, XL, que "a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;". 
A partir da leitura desse art. 5º, XL, é possível extrair dois preceitos: 
- é retroativa a aplicação da norma penal benéfica 
- é irretroativa a norma mais grave ao acusado 
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Esses preceitos constitucionais são inaplicáveis para precedentes jurisprudenciais (para 
decisões do Poder Judiciário). 
Assim, o art. 5º, XL, da CF/88 - que trazem esses preceitos - não se aplica para mudanças 
de entendimento jurisprudencial (só valem para mudanças legislativas). STF. 1ª Turma. 
HC 161452 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 6/3/2020. STJ. 5ª Turma. AgRg nos EDcl no 
AREsp 1361814/RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 19/05/2020. 
Em algumas situações, as leis penais se sucedem no tempo, suscitando cinco 
situações distintas: 
a) Sucessão de lei incriminadora 
Ocorre quando uma nova lei entra em vigor e passa a criminalizar uma conduta 
que antes era atípica. É irretroativa. 
Art. 1º, CP - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia 
cominação legal. 
 
b) Novatio legis in pejus 
Ocorre quando uma nova lei estabelece situação mais gravosa (lex gravior) ao réu 
em uma conduta que já era típica. Não há retroatividade prejudicial, de tal forma que a 
nova lei só valerá para aqueles que cometerem a conduta delituosa depois da sua 
entrada em vigor. 
Caso uma lei mais gravosa entre em vigor no decorrer da prática de um crime 
permanente ou continuado, esta será aplicada, pois as condutas criminosas em questão 
ainda não cessaram. É o que preconiza a súmula 711 do STF: 
Súmula 711 do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime 
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 
Obs.: não se deve confundir crime continuado com o crime permanente. No crime 
continuado, há diversas condutas que, separadas, constituem crimes autônomos, mas 
que são reunidas por uma ficção jurídica dentro dos parâmetros do art. 71 do Código 
Penal. No crime permanente há apenas uma conduta, que se prolonga no tempo. 
 
(CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Direito) - O crime 
permanente é aquele cujo resultado prolonga-se no tempo, atraindo a aplicação da lei 
penal vigente ao término do resultado. 
ITEM INCORRETO, pois não é o resultado, mas sim a consumação do crime que se 
prolonga no tempo. 
c) Novatio legis in mellius 
Ocorre quando uma nova lei estabelece situação mais benéfica (lex mitior) ao réu 
em uma conduta que já era típica. Há retroatividade benéfica, alcançando situações 
anteriores a sua entrada em vigor. 
Art. 2º, parágrafo único, CP – A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o 
agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença 
condenatória transitada em julgado. 
Ainda, prevalece no STJ e no STF a impossibilidade de combinação de leis penais 
para favorecer o réu (lex tertia): 
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Súmula 501 do STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o 
resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do 
que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis. 
Súmula 611 do STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao Juízo 
das execuções a aplicação de lei mais benigna. 
 
d) Abolitio criminis 
Ocorre quando uma conduta deixa de ser considerada típica (abolição de um 
crime) através da revogação de uma lei penal incriminadora por outra lei. Há 
retroatividade benéfica, extinguindo-se a punibilidade do agente. 
Art. 2º, CP - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de 
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da 
sentença condenatória. 
A partir da leitura do artigo supracitado, salienta-se que na abolitio criminis 
apenas são cessados os efeitos penais, uma vez que os efeitos extrapenais subsistem. 
 
e) Princípio da continuidade normativo-típica 
Ocorre quando o conteúdo criminoso é deslocado para outro tipo penal. Difere-se 
da abolitio criminis, pois não há a supressão formal e material da conduta criminosa, mas 
apenas formal. 
Portanto, enquanto na abolitio criminis a conduta deixa de ser considerada 
criminosa, na continuidade normativo-típica a conduta continua sendo punível, mas em 
outro tipo penal. 
ABOLITIO CRIMINIS CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA 
Supressão formal e material do crime Supressão formal do crime 
A conduta deixa de ser punível 
A conduta continua punível, mas em outro 
tipo penal 
 
4.3.1. LEI EXCEPCIONAL E TEMPORÁRIA 
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(CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-DFT - Juiz de Direito Substituto) - A lei temporária 
aplica-se ao fato praticado durante sua vigência, ainda que decorrido o período de sua 
duração. 
ITEM CORRETO! 
(CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-DFT - Juiz de Direito Substituto)) - A lei excepcional tem 
aplicação imediata, não gerando efeitos caso não aplicada durante sua vigência. 
ITEM INCORRETO, pois, de acordo com o art. 3º do CP, a lei excepcional aplica-se ao fato 
praticado durante sua vigência, ainda que tenham cessado as circunstâncias que a 
determinaram! 
(CESPE - 2013 - TJ-RN – Juiz) - Lei superveniente que abrande a penalidade referente a 
determinado crime somente beneficiará réu processado na vigência da lei anterior se não 
houver trânsito em julgado da sentença condenatória quando de sua entrada em vigor. 
ITEM INCORRETO, pois, de acordo com o art. 2º, parágrafo único, do CP, a lei posterior, 
que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que 
decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Trata-se de novatio in 
mellius! 
(CESPE - 2013 - TJ-RN – Juiz) - Se, no curso do cumprimento de pena por determinado 
réu condenado por sentença transitada em julgado, lei nova deixar de considerar crime o 
ato por ele praticado, cessará a execução da pena, mas não os efeitos da condenação. 
ITEM INCORRETO, pois, de acordo com o art. 2º, caput, do CP, em caso de abolitio criminis, 
os efeitos penais da sentença condenatória são cessados. Os únicos efeitos que 
subsistem são os extrapenais. 
 
4.3.2. LEI INTERMEDIÁRIA 
Considera-se lei intermediária aquela que, na sucessão de leis penais, esteve em 
vigência entre a lei anterior e a lei posterior. 
Suponhamos que o réu tenha praticadoum delito durante a vigência da “Lei A”, 
mas que durante o processo tenha entrado em vigor a “Lei B”, que modificou a pena do 
delito em questão para uma mais branda. Por último, quando da data da sentença, já 
está em vigor a “Lei C”, cuja pena é mais rigorosa. 
 
Apresentado o caso hipotético acima, questiona-se: qual lei deverá ser aplicada? 
A resposta já foi dada pelo STF, devendo ser aplicada a lei intermediária, pois é mais 
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benéfica ao réu. Esta lei tem duplo efeito: retroatividade em relação ao tempo da ação 
ou omissão e ultratividade em relação ao tempo do julgamento. 
 
4.3.3. TEMPO DO CRIME 
A teoria adotada pelo Código Penal é a “Teoria da Atividade”: 
Art. 4º, CP - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, 
ainda que outro seja o momento do resultado. 
 
4.4. LEI PENAL NO ESPAÇO 
4.4.1. LUGAR DO CRIME 
Em relação ao lugar do crime, a teoria adotada pelo Código Penal é a “Teoria da 
Ubiquidade”, que nada mais é do que uma junção da teoria da atividade e do resultado. 
Art. 6º, CP - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou 
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-
se o resultado. 
 
 
 
Obs.: nos crimes conexos não se aplica a teoria da ubiquidade, devendo cada crime ser 
julgado pelo país onde foi cometido, uma vez que não constituem propriamente uma 
unidade jurídica. Exemplo: furto cometido na Argentina e receptação praticada no Brasil. 
Aqui somente será julgada a receptação. 
 
4.4.2. CRIMES À DISTÂNCIA, EM TRÂNSITO E PLURILOCAIS 
 
CRIMES À DISTÂNCIA OU DE 
ESPAÇO MÁXIMO 
CRIMES EM TRÂNSITO 
CRIMES PLURILOCAIS OU DE 
ESPAÇO MÍNIMO 
O crime percorre o território 
de dois estados soberanos 
O crime percorre o território 
de mais de dois estados 
soberanos 
O crime percorre dois ou 
mais territórios do mesmo 
estado soberano 
Teoria da Ubiquidade Teoria da Ubiquidade Teoria do Resultado 
Conflito internacional de 
jurisdição 
Conflito internacional de 
jurisdição 
Conflito interno de 
competência 
 
4.4.3. TERRITORIALIDADE DA LEI PENAL 
 
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 A lei penal brasileira, aplica-se, em regra, ao crime cometido no território nacional, 
mas, excepcionalmente, a lei estrangeira é aplicável aos delitos cometidos em território 
nacional, quando assim determinarem as convenções, tratados e regras internacionais. 
 Portanto, a partir da leitura do art. 5º do CP, extrai-se que o Código Penal adotou 
o princípio da territorialidade mitigada/temperada, o qual não se confunde com o 
princípio da territorialidade absoluta adotado no Código de Processo Penal. 
Art. 5º, CP - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e 
regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. 
Para efeitos penais, de acordo com o art. 5º, § 1º, do CP, considera-se território 
nacional por extensão: 
 
O conceito acima trata de uma ficção jurídica com um nível elevado de cobrança 
em provas. Ademais, é também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de 
aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em 
pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em 
porto ou mar territorial do Brasil (art. 5º, § 2º, do CP). 
Neste tema, vale destacar o chamado “direito de passagem inocente”, regulado 
pela Lei nº 8.617/93, que estabelece que não será aplicada a lei brasileira aos crimes 
cometidos a bordo de embarcações privadas estrangeiras de passagem pelo mar 
territorial brasileiro, desde que não seja prejudicial à paz, a boa ordem ou à segurança do 
Brasil. Além disso, a passagem deve ser contínua e rápida. 
Obs.: as embaixadas, por mais que sejam invioláveis, não são extensão do território do 
país que representam. 
LUGAR DO CRIME APLICA-SE A LEI PENAL BRASILEIRA? 
EMBARCAÇÕES E AERONAVES BRASILEIRAS DE 
NATUREZA PÚBLICA 
SIM – onde quer que se encontrem 
EMBARCAÇÕES E AERONAVES BRASILEIRAS A 
SERVIÇO DO GOVERNO BRASILEIRO 
SIM – onde quer que se encontrem 
EMBARCAÇÕES BRASILEIRAS MERCANTES OU 
DE PROPRIEDADE PRIVADA 
SIM – desde que se encontrem em alto-mar 
AERONAVES BRASILEIRAS MERCANTES OU DE 
PROPRIEDADE PRIVADA 
SIM – desde que se encontrem em espaço 
aéreo correspondente ao alto-mar 
EMBARCAÇÕES ESTRANGEIRAS DE 
PROPRIEDADE PRIVADA 
SIM – desde que estejam atracadas em porto 
ou navegando em mar territorial do Brasil 
AERONAVES ESTRANGEIRAS DE PROPRIEDADE 
PRIVADA 
SIM – desde que em pouso no território 
nacional ou em voo no espaço aéreo brasileiro 
EMBARCAÇÕES OU AERONAVES DE NATUREZA 
PÚBLICA ESTRANGEIRA OU A SERVIÇO DE 
GOVERNO ESTRANGEIRO 
NÃO 
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EMBARCAÇÕES OU AERONAVES BRASILEIRAS, 
MERCANTES OU PRIVADAS, QUANDO EM 
TERRITÓRIO ESTRANGEIRO 
SIM - desde que não seja julgado no território 
estrangeiro. Aplica-se a regra da 
extraterritorialidade condicionada 
(art. 7º, II, “c”, CP) 
 
4.4.4. EXTRATERRITORIALIDADE 
Agora estudaremos as hipóteses em que, excepcionalmente, a lei penal brasileira 
pode ser aplicada aos crimes cometidos no estrangeiro. Elas estão previstas no art. 7º do 
CP e dividem-se em: incondicionada, condicionada e hipercondicionada. 
 
a) Incondicionada 
A simples prática do crime em território estrangeiro já autoriza a aplicação da lei 
brasileira, independentemente de qualquer requisito. Portanto, o agente é punido 
segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. As suas 
hipóteses estão previstas no art 7º, I, do CP: 
 
Obs.: o examinador costuma trocar “crimes contra a vida ou a liberdade do Presidente da 
República” por “crimes contra a honra do Presidente da República”. Não caia! Essa 
pegadinha é recorrente! 
 
b) Condicionada 
Ao contrário das hipóteses de extraterritorialidade incondicionada, aqui é 
necessário que todos os cinco requisitos sejam preenchidos cumulativamente. As suas 
hipóteses estão previstas no art. 7º, II, do CP: 
 
 
 
 
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As condições cumulativas previstas no art. 7º, § 2º, do CP, são: 
• entrar o agente no território nacional; 
• ser o fato punível também no país em que foi praticado – PRINCÍPIO DA DUPLA 
TIPICIDADE; 
• estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a 
extradição; 
• não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
• não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar 
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
 
c) Hipercondicionada 
Aqui, além dos requisitos que devem ser preenchidos na “extraterritorialidade 
condicionada”, também devem ser preenchidas mais duas condições. A sua hipótese está 
prevista no art. 7º, § 3º, do CP: 
 
 
 
As outras duas condições que devem ser preenchidas cumulativamente com as do 
§ 2º estão previstas no art. 7º, § 3º, do CP, sendo estas: 
• não tiver sido pedida ou foi negada a extradição; 
• ter havido requisição do Ministro da Justiça; 
 
(CESPE / CEBRASPE - 2023 - MPE-SC - Promotor de Justiça Substituto - fase matutina) 
- Em caso de crime que, por tratado, o Brasil se obrigue a reprimir, há 
extraterritorialidade incondicionada. 
ITEM INCORRETO, pois trata-se de extraterritorialidade condicionada! 
(CESPE / CEBRASPE - 2023 - MPE-SC - Promotor de Justiça Substituto - fase matutina) 
- Aplica-se o princípio da extraterritorialidade aos crimes praticados em aeronaves e 
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, 
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
ITEM INCORRETO, pois trata-se de territorialidade, mais especificamente o conceito de 
território nacional por extensão!(CESPE / CEBRASPE - 2022 - TCE-SC - Auditor Fiscal de Controle Externo - Direito) - 
Aplica-se a lei brasileira ao crime que tenha sido praticado em navio mercante de 
bandeira francesa ancorado no Porto de Itajaí, localizado no estado de Santa Catarina. 
ITEM CORRETO! 
(CESPE / CEBRASPE - 2022 - DPE-RO - Analista da Defensoria Pública - Jurídica) - Quanto 
à eficácia espacial da lei penal à luz do princípio da territorialidade, é correto afirmar que 
a lei penal só tem aplicação no Estado que a tenha determinado, independentemente da 
nacionalidade do agente e do bem jurídico tutelado. 
ITEM CORRETO! 
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(CESPE / CEBRASPE - 2021 - TC-DF - Auditor Conselheiro Substituto) - Aplica-se a lei 
penal brasileira a crimes cometidos dentro de aeronave ou embarcação brasileira que 
seja pública ou esteja a serviço do governo, independentemente de onde se encontrem, 
em razão do princípio da bandeira ou da representação. 
ITEM INCORRETO, pois o “princípio da bandeira” é aplicado às aeronaves e embarcações 
privadas, uma vez que nas públicas se aplica o “princípio da territorialidade”! 
(CESPE - 2019 - TJ-DFT - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Remoção) - Crime 
de genocídio praticado fora do território brasileiro poderá ser julgado no Brasil quando 
cometido contra povo alienígena por estrangeiro domiciliado no Brasil. 
ITEM CORRETO! 
(CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de Polícia Civil) - Nos crimes conexos, não se aplica a 
teoria da ubiquidade, devendo cada crime ser julgado pela legislação penal do país em 
que for cometido. 
ITEM CORRETO! 
(CESPE - 2011 - DPE-MA - Defensor Público) - Os crimes praticados no estrangeiro, em 
embarcações brasileiras mercantes, ficam sujeitos à lei brasileira, desde que, entre 
outras condições, não sejam julgados no estrangeiro. 
ITEM CORRETO! 
 
4.4.5. PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO 
De acordo com os art. 8º do CP, a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena 
imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando 
idênticas. 
PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO 
ATENUA COMPUTA 
Diversa Idêntica 
 Já nos termos do art. 9º do CP, a sentença estrangeira, quando a aplicação da lei 
brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil 
nas seguintes situações: 
EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA 
PODE SER HOMOLOGADA PARA: DEPENDE DE: 
• Obrigar o condenado à reparação do dano, a 
restituições e a outros efeitos civis 
• Pedido da parte interessada 
• Sujeitar o condenado à medida de 
segurança 
• Existência de tratado de extradição com o 
país de cuja autoridade judiciária emanou a 
sentença; ou 
• Na falta de tratado, de requisição do 
Ministro da Justiça 
 
4.4.6. CONFLITO APARENTE DE NORMAS 
O conflito de normas penais ocorre quando duas normas aparentam incidir sobre 
o mesmo fato. Como a própria denominação sugere, o conflito existente entre normas 
de Direito Penal é meramente aparente, já que, na verdade, não há conflito algum. 
 
a) Pressupostos 
São necessários três requisitos para a sua configuração: 
 
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b) PRINCÍPIOS 
b.1) Princípio da Consunção 
O crime previsto por uma norma funciona como fase de realização do crime 
previsto por outra. Ele atua no plano concreto e é visto nas situações a seguir: 
CRIME 
PROGRESSIVO 
• “Crime de passagem”; 
• O agente para alcançar resultado mais grave transita, necessariamente, 
por crime menos grave. 
Ex.: para chegar no homicídio, passa-se pela lesão corporal. 
PROGRESSÃO 
CRIMINOSA 
• O agente substitui o dolo, atingindo um mesmo bem jurídico; 
Ex.: agente que, inicialmente, pretende causar apenas lesões corporais na 
vítima e, após consumar tal ato, decide que quer matá-la, a levando a 
óbito. Responde apenas pelo homicídio. 
ANTEFACTUM 
IMPUNÍVEL 
• O crime antecedente está na linha de desdobramento do crime mais 
grave, mas não é, necessariamente, passagem para o crime-fim. 
Ex.: violação de domicílio para cometer furto. 
POSTFACTUM 
IMPUNÍVEL 
• É o exaurimento do crime-fim. 
Ex.: agente que furta um objeto e depois o deteriora. Responde apenas 
pelo furto e não por furto + dano. 
 
b.2) Princípio da Alternatividade 
Terá aplicabilidade diante de crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado 
(plurinucleares), ou seja, aqueles em que o tipo penal prevê mais de uma conduta em 
seus vários núcleos. 
Para alguns autores, o princípio da alternatividade não resolve o conflito aparente 
de normas, uma vez que o conflito ocorre dentro da própria norma. 
Ex.: agente que tem em depósito, expõe à venda e vende drogas. Neste caso, 
mesmo o agente preenchendo vários núcleos, o tipo penal é um só, tratando apenas do 
crime de tráfico de drogas. 
Obs.: o examinador costuma trocar “princípio da alternatividade” por “princípio da 
alteridade”. Como os nomes são parecidos, é uma casca de banana se você estiver 
desatento. De toda forma, essa pegadinha também é corriqueira, então redobre a 
atenção! 
 
b.3) Princípio da Subsidiariedade 
A lei primária (crime mais grave) prevalece sobre a lei subsidiária (crime menos 
grave). A relação é de maior ou menor gravidade e atua no plano concreto, podendo ser 
expressa ou tácita. 
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Ex.: importunação sexual. 
b.4) Princípio da Especialidade 
A lei penal especial preenche o tipo penal em sua integridade, sem se importar se 
o crime especial é punido mais gravemente ou mais brandamente. A relação é de espécie 
e gênero e atua no plano abstrato. 
Ex.: contrabando e tráfico de drogas. 
 
(CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Direito) - O 
princípio da consunção é um princípio de resolução de conflito de leis penais no tempo, 
sem previsão expressa na parte geral do Código Penal brasileiro. 
ITEM INCORRETO, pois o princípio da consunção não resolve o conflito de leis penais no 
tempo, mas diz respeito ao conflito aparente de normas! 
(CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-RO - Delegado de Polícia) - O cotejo se dá entre fatos 
concretos, de modo que o mais completo, o inteiro, prevalece sobre a fração. Não há um 
único fato buscando se abrigar em uma ou outra lei penal caracterizada por notas 
especializantes, mas uma sucessão de fatos, todos penalmente tipificados, na qual o 
mais amplo consome o menos amplo, evitando-se que este seja duplamente punido, 
como parte de um todo e como crime autônomo. Cleber Masson (com adaptações). No 
conflito aparente de normas, o trecho apresentado explica o princípio da consunção. 
ITEM CORRETO! 
(CESPE / CEBRASPE - 2003 - DPE-AM - Defensor Público) - Tratando-se de crime 
subsidiário e não se tendo consumado o crime-fim, por motivos alheios à vontade do 
agente (conatus), há de prevalecer o crime em sua ampliação temporal, não se podendo 
cogitar de ressurgimento da norma subsidiária. 
ITEM CORRETO! 
(CESPE - 2013 - PRF - Policial Rodoviário Federal) - Havendo conflito aparente de 
normas, aplica-se o princípio da subsidiariedade, que incide no caso de a norma 
descrever várias formas de realização da figura típica, bastando a realização de uma 
delas para que se configure o crime. 
ITEM INCORRETO, pois aplica-se o princípio da alternatividade! 
(CESPE - 2013 - DEPEN - Agente Penitenciário) - Considere que Alberto, querendo 
apoderar-se dos bens de Cícero, tenha apontado uma arma de fogo em direção a ele, 
constrangendo-o a entregar-lhe a carteira e o aparelho celular. Nessa situação 
hipotética, da mera comparação entre os tipos descritos como crime de 
constrangimento ilegal e crime de roubo, aplica-se o princípio da especialidade a fim de 
se tipificar a conduta de Alberto. 
ITEM INCORRETO, pois o crime-fim (roubo) absorve o crime-meio (constrangimento 
ilegal), aplicando-se o princípio da consunção! 
 
 
5 – TEORIA DO CRIME5.1. INFRAÇÃO PENAL 
De acordo com a legislação brasileira, a infração penal se divide em duas 
categorias: crime e contravenção penal. 
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Elas são divididas de acordo com a gravidade da conduta, pois enquanto os crimes 
são considerados infrações penais mais graves, as contravenções são aquelas 
classificadas como mais leves. 
Ademais, elas possuem pontos de divergência bem acentuados. Vejamos: 
CRIME CONTRAVENÇÃO 
PENA 
Reclusão ou detenção, quer 
isoladamente, quer alternativa ou 
cumulativamente com a de multa 
Prisão simples ou multa, ou 
ambas, alternativa ou 
cumulativamente 
AÇÃO PENAL Pública ou privada Pública 
PENA MÁXIMA 40 anos 5 anos 
EXTRATERRITO-
RIALIDADE 
É aplicada Não é aplicada 
SURSIS DA PENA 2 a 4 anos ou 4 a 6 anos 1 a 3 anos 
ERRO DE DIREITO Não é aplicado É aplicado 
ELEMENTO SUBJETIVO Dolo ou culpa 
Voluntariedade. 
(revogado tacitamente) 
COMPETÊNCIA Justiça Estadual e Federal 
Justiça Estadual (salvo foro por 
prerrogativa de função federal) 
PRISÃO PREVENTIVA Cabe Não cabe 
POSSIBILIDADE DE 
CONFISCO 
Cabe Não cabe 
Verifica-se a reincidência da seguinte forma: 
 
 
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(CESPE - 2009 - PC-RN - Escrivão de Polícia Civil) - Considera-se crime a infração penal a 
que a lei comina pena de reclusão, de detenção ou prisão simples, quer isoladamente, 
quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa. 
ITEM INCORRETO, pois considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de 
reclusão ou detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a 
pena de multa! 
(CESPE - 2009 - PC-RN - Escrivão de Polícia Civil) - A infração penal é gênero que abrange 
como espécies as contravenções penais e os crimes, sendo estes últimos também 
identificados como delitos. 
ITEM CORRETO! 
 
5.2. CONCEITO DE CRIME 
O conceito formal de crime é aquilo que a lei define como infração penal, não 
interessando a ótica da sociedade. Por outro lado, o conceito material de crime não é 
exatamente o que está previsto em lei, mas sim o que a sociedade entende como tal. Já 
o conceito analítico é o conceito científico e doutrinário pelo qual se estuda o direito 
penal. 
O conceito analítico de crime pode ser formado por dois ou três elementos: fato 
típico, antijuridicidade (ou ilicitude) e culpabilidade. Atualmente, no direito penal 
existem duas vertentes em relação ao conceito analítico de crime. 
Há uma parcela da doutrina que entende que o crime é fato típico e ilícito, 
enquanto a culpabilidade não é elemento do crime — trata-se da teoria bipartite de 
crime. Em contrapartida, para a teoria tripartite de crime (adotada pela doutrina 
majoritária), o crime é definido como fato típico, ilícito e culpável. 
Isto posto, para que você visualize melhor onde se encaixam os elementos e as 
suas respectivas excludentes, elaboramos o esqueminha abaixo: 
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5.3. FATO TÍPICO 
5.3.1. TEORIAS DA CONDUTA 
a) Teoria Causalista 
No início do século XIX, surgiu a teoria causalista (ou teoria mecanicista, teoria 
causal naturalista, teoria clássica, teoria naturalista), que foi idealizada por Franz von 
Liszt, Ernst von Beling e Gustav Radbruch. 
Segundo ela, o crime deve ser explicado sob uma ótica científica, natural, sob uma 
relação de causa-efeito, afastando elementos psicológicos para explicar a conduta. 
A conduta, na visão causalista, é mera ação voluntária que produz alteração no 
mundo exterior, sem qualquer finalidade. Trata-se de uma análise objetiva, que não leva 
em consideração o dolo e a culpa do agente. Diz-se que o modelo é avalorado. 
Ademais, as excludentes de ilicitude não são observadas, bastando a 
contrariedade ao sistema jurídico (antijuridicidade). 
No tocante ao dolo e a culpa, eles são apenas analisados no terceiro substrato do 
crime (teoria psicológica da culpabilidade). Logo, para a teoria causalista, o conceito 
analítico de crime é tripartite, visto que para se imputar um crime a alguém, é necessário 
que o dolo ou a culpa sejam analisados. 
Desse modo, encontram-se presentes na culpabilidade: imputabilidade 
(pressuposto) e dolo ou culpa (espécies). 
Por fim, destaca-se que o dolo é normativo, pois além da consciência e da vontade, 
ele também possui em seu interior a consciência atual da ilicitude, exigindo do autor 
conhecimento acerca da norma proibitiva. 
 
 
• Não explica de maneira adequada os crimes omissivos, bem como os delitos 
formais e de mera conduta. 
• Não há como negar a presença de elementos normativos e/ou subjetivos no tipo 
penal. 
• Não há como imaginar a ação humana como um ato de vontade sem finalidade. 
Toda ação humana é dirigida a um fim. 
• Ao fazer a análise do dolo e culpa no momento da culpabilidade, a finalidade do 
agente não é analisada quando da pesquisa da conduta. Portanto, não há como 
distinguir, por exemplo, a lesão corporal da tentativa de homicídio. 
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b) Teoria Neokantista 
Nas primeiras décadas do século XX, surgiu a teoria neokantista (ou teoria causal-
valorativa), que teve como maior expoente Edmund Mezger. Ela possui base causalista, 
mas fundamenta-se numa visão neoclássica, marcada pela superação do positivismo, 
através da introdução da racionalização no método. 
Nessa teoria, a conduta deixa de ser apenas uma ação e passa a ser um 
comportamento voluntário que produz alteração no mundo exterior, englobando 
também a omissão. 
Neste período, teorias que que começaram a reconhecer uma relação entre o fato 
típico e a antijuridicidade surgiram. Consequentemente, a teoria do tipo avalorado ou 
acromático, adotada no modelo causalista, que preconizava a ausência de relação prévia 
entre o fato típico e a antijuridicidade, se esvaiu. 
Ademais, a antijuridicidade passou a ter um aspecto normativo, sendo este a 
danosidade social do fato, ou seja, o fato, além de ser ilícito, precisava ser danoso. 
Já a culpabilidade passou a adotar a teoria normativa ou psicológico-normativa, 
acrescentando-se a ela um terceiro elemento: exigibilidade de conduta diversa. 
 
• É contraditória ao reconhecer elementos subjetivos e normativos no tipo e ao 
continuar considerando dolo e culpa como elementos de culpabilidade. 
• Continua sem explicar os crimes formais e de mera conduta, em razão da 
exigência de produção de alteração no mundo exterior. 
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c) Teoria Finalista 
Em meados do séc. XX, surgiu a teoria finalista (ou final), que foi criada por Hans 
Welzel. Dentre as diversas teorias da conduta criminal, esta é a adotada pelo Código 
Penal brasileiro. 
O dolo e a culpa migraram da culpabilidade para o fato típico, mais 
especificamente para dentro da conduta. Assim, a conduta passou a ser definida como 
comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim. 
O dolo perdeu seu status normativo (dolus malus) e ganhou um status natural 
(dolus bonus). Isto ocorreu, pois o elemento normativo (consciência atual da ilicitude) foi 
retirado do dolo, permanecendo-se apenas a consciência (elemento cognitivo) e a 
vontade (elemento volitivo). 
A consciência da ilicitude transformou-se em um elemento autônomo da 
culpabilidade: potencial consciência da ilicitude. É importante que você perceba que ela 
deixou de ser atual e passou a ser potencial. 
A culpabilidade, composta pela imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa e 
potencial consciência da ilicitude (como bem conhecemos e estudamos), perdeu todo o 
caráter psicológico e passou a ficar

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