Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

5 
 
INTRODUÇÃO 
No âmbito do Direito Constitucional, existem diversos instrumentos que visam garantir a 
defesa da Constituição e a preservação da ordem jurídica. Dentre eles, destacam-se as ações de 
controle concentrado de constitucionalidade, como a Ação Direta de Inconstitucionalidade 
(ADI), Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO), Ação Declaratória de 
Constitucionalidade (ADC), Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) e 
Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva. 
Essas ações representam importantes ferramentas para a defesa dos princípios e normas 
estabelecidos na Constituição Federal, permitindo que se questione a constitucionalidade de 
leis, atos normativos e omissões que possam violar direitos e garantias fundamentais. 
A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) é uma ação proposta perante o Supremo 
Tribunal Federal (STF), na qual se questiona a inconstitucionalidade de uma lei ou ato 
normativo federal ou estadual em face da Constituição Federal. Por meio dessa ação, busca-se 
a declaração de invalidade da norma impugnada. 
A Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) possui a finalidade de 
provocar o Supremo Tribunal Federal para que este declare a omissão do Poder Legislativo ou 
do Poder Executivo em editar normas necessárias para o cumprimento de preceitos 
constitucionais. A ADO é utilizada quando a ausência de regulamentação de determinada 
matéria gera uma lacuna normativa que compromete o pleno exercício de direitos e garantias 
fundamentais. 
A Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC), por sua vez, tem como objetivo obter 
uma decisão judicial que declare a constitucionalidade de uma lei ou ato normativo federal. 
Essa ação também é proposta perante o STF, e visa proporcionar segurança jurídica, 
especialmente em casos nos quais há divergências interpretativas acerca da constitucionalidade 
de uma norma. 
A Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) é uma ação que visa evitar 
ou reparar lesão a preceito fundamental decorrente da incompatibilidade de norma 
infraconstitucional com a Constituição Federal. Por meio da ADPF, busca-se a proteção de 
princípios e normas fundamentais, assegurando a supremacia da Constituição. 
Por fim, a Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva é utilizada quando há 
descumprimento de preceitos fundamentais da Constituição por parte de um Estado-membro. 
6 
 
Nesse caso, a União poderá intervir no Estado para assegurar a observância desses princípios 
constitucionais. 
Em suma, as ações de controle concentrado de constitucionalidade desempenham um 
papel fundamental na proteção da Constituição e na defesa dos direitos e garantias 
fundamentais. Cada uma delas possui características específicas e se aplica a situações distintas, 
mas todas têm como objetivo principal assegurar a supremacia da Constituição e a harmonia 
entre os poderes e entes federados. 
 
7 
 
1. Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 
A Constituição é a norma máxima de um país e estabelece os princípios e regras que 
regem a organização do Estado, os direitos e garantias fundamentais, bem como as 
competências dos poderes. No entanto, nem sempre as leis e atos normativos estão em 
conformidade com a Constituição, o que pode gerar conflitos e insegurança jurídica. Nesse 
contexto, a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) se torna uma importante ferramenta 
para assegurar a supremacia da Constituição. 
A Ação Direta de Inconstitucionalidade é uma forma de controle concentrado de 
constitucionalidade, ou seja, é um instrumento pelo qual se questiona a constitucionalidade de 
uma lei ou ato normativo perante o Supremo Tribunal Federal (STF). Ela se aplica quando há 
uma alegação de que determinada norma é incompatível com a Constituição Federal. 
1.1 Quando Aplicar 
A aplicação da ADI se dá quando há uma controvérsia acerca da constitucionalidade de 
uma norma, seja ela de âmbito federal, estadual ou municipal. Ela permite que entidades e 
autoridades com legitimidade proponham a ação perante o Supremo Tribunal Federal, órgão 
máximo responsável pela guarda da Constituição. 
A ADI pode ser proposta por entidades como partidos políticos com representação no 
Congresso Nacional, confederações sindicais, entidades de classe e o procurador-geral da 
República. No entanto, é importante ressaltar que a legitimidade para propor a ADI pode variar 
de acordo com a natureza da norma impugnada e a interpretação dada pelos tribunais. A ADI 
tem um alcance amplo, pois permite a impugnação de leis federais, estaduais e municipais, bem 
como atos normativos em geral, como decretos, resoluções e portarias. Ela abrange tanto 
normas pré-existentes como as editadas posteriormente à promulgação da Constituição. 
A ADI possui um caráter preventivo e repressivo, pois pode ser proposta tanto antes da 
entrada em vigor da norma impugnada como depois de sua vigência. Seu objeto primordial é 
resguardar a supremacia da Constituição, assegurando que as leis e atos normativos estejam em 
consonância com os princípios e regras fundamentais. 
1.2 Quem Analisa e Como 
A análise da ADI é realizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que é o órgão 
responsável por exercer a jurisdição constitucional no Brasil. O STF é composto por onze 
ministros indicados pelo Presidente da República e confirmados pelo Senado Federal. A 
8 
 
competência para julgar a ADI é conferida ao STF pelo artigo 102, inciso I, alínea "a", da 
Constituição Federal. 
A forma de análise da ADI pelo STF segue um procedimento específico. Após o 
ajuizamento da ação, o relator designado pelo presidente do STF realiza uma análise preliminar 
do caso, verificando a admissibilidade e a relevância da matéria constitucional discutida. Em 
seguida, é dada a oportunidade para que o Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da 
República se manifestem sobre a ação. 
Após essa fase inicial, o relator elabora um relatório e submete o caso ao Plenário do STF, 
onde os ministros realizam o julgamento. Durante o julgamento, são apresentados os votos dos 
ministros, que podem ser favoráveis ou contrários à inconstitucionalidade da norma impugnada. 
Para que uma norma seja declarada inconstitucional, é necessário o voto da maioria dos 
ministros presentes. 
Ao declarar a inconstitucionalidade de uma norma, o STF invalida seus efeitos jurídicos, 
tornando-a inaplicável. Essa decisão tem eficácia erga omnes, ou seja, vincula todos os órgãos 
do Poder Judiciário, do Poder Executivo e do Poder Legislativo, bem como a sociedade em 
geral. 
1.3 Qual o Objeto da Ação 
O objeto da ADI é garantir a observância dos princípios e normas constitucionais, 
evitando a aplicação de leis ou atos normativos que sejam contrários à Constituição. Ao declarar 
a inconstitucionalidade de uma norma, o STF estabelece que ela não possui validade jurídica, 
tornando-se inaplicável. 
Seu objeto principal é preservar a supremacia da Constituição Federal e garantir a 
observância das normas constitucionais em nosso ordenamento jurídico. 
A ADI tem como propósito questionar a constitucionalidade de leis ou atos normativos 
que sejam contrários às disposições constitucionais. Ao apresentar uma ADI, busca-se a 
declaração de inconstitucionalidade da norma impugnada, tornando-a inválida e sem efeito no 
ordenamento jurídico. 
O objeto primordial da ADI é assegurar a proteção da ordem constitucional, promovendo 
a defesa dos princípios e direitos fundamentais estabelecidos na Constituição. Por meio dessa 
ação, é possível corrigir eventuais violações constitucionais e evitar que normas incompatíveis 
com a Carta Magna tenham aplicação e causem prejuízos à sociedade. 
9 
 
Além disso, a ADI também tem um papel importante na uniformização da interpretação 
constitucional. O Supremo Tribunal Federal (STF), órgão responsável pela análise das ADIs, 
ao proferir suas decisões, estabelece diretrizese orientações sobre o entendimento da 
Constituição, criando jurisprudência e contribuindo para a segurança jurídica. 
Outro objeto relevante da ADI é a manutenção da estabilidade e coerência do sistema 
jurídico. Por meio dessa ação, é possível evitar que normas inconstitucionais permaneçam em 
vigor, evitando conflitos de normas e garantindo a harmonia do ordenamento jurídico como um 
todo. 
Ademais, a ADI também possui um caráter preventivo, pois busca evitar que 
determinadas leis ou atos normativos entrem em vigor e causem lesões aos direitos e princípios 
fundamentais consagrados na Constituição. 
Em síntese, o objeto principal da ação direta de inconstitucionalidade é preservar a 
supremacia da Constituição Federal e garantir a observância das normas constitucionais. Por 
meio dessa importante ferramenta jurídica, busca-se a declaração de inconstitucionalidade de 
leis ou atos normativos contrários à Carta Magna, promovendo a proteção dos direitos 
fundamentais, a uniformização da interpretação constitucional e a estabilidade do sistema 
jurídico. 
1.4 Qual seu Fundamento 
O fundamento jurídico da Ação Direta de Inconstitucionalidade encontra respaldo no 
artigo 102, inciso I, alínea "a", da Constituição Federal. O referido dispositivo confere ao 
Supremo Tribunal Federal a competência para julgar originariamente às ADIs que questionam 
a constitucionalidade de leis e atos normativos. Além disso, o Código de Processo Civil, em seu 
artigo 103, estabelece as condições e requisitos para a propositura da ADI, bem como os efeitos 
da declaração de inconstitucionalidade. 
A ADI possui efeito erga omnes, ou seja, a decisão proferida pelo STF possui eficácia 
vinculante para todos os órgãos do Poder Judiciário e para as esferas dos Poderes Executivo e 
Legislativo. Isso significa que a inconstitucionalidade reconhecida afeta não apenas as partes 
envolvidas na ação, mas também todas as pessoas e instituições que possam ser afetadas pela 
norma impugnada. 
Além da fundamentação constitucional, a ADI também encontra respaldo na Lei nº 
9.868/1999, que estabelece o processo e o procedimento para o julgamento da ação pelo STF. 
10 
 
Essa lei define os requisitos para a propositura da ADI, estabelece prazos e determina a 
necessidade de manifestação do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República. 
A Ação Direta de Inconstitucionalidade desempenha um papel fundamental na 
manutenção da ordem jurídica e no respeito aos princípios e normas constitucionais. Por meio 
dela, é possível questionar a validade de leis e atos normativos que contrariem a Constituição, 
assegurando a harmonia e a conformidade do ordenamento jurídico. 
2. Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão – ADO 
Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) é um importante instrumento 
jurídico previsto na Constituição Federal de 1988, que tem como finalidade combater a omissão 
do Poder Legislativo ou do Poder Executivo em adotar medidas necessárias para garantir a 
efetividade de preceitos constitucionais. A ADO por omissão é uma modalidade de controle 
concentrado de constitucionalidade, e sua aplicação ocorre quando há uma lacuna normativa 
que comprometa o cumprimento de direitos e princípios fundamentais previstos na 
Constituição. 
2.1 Quando Aplicar 
A ADO por omissão se aplica quando há uma lacuna normativa que prejudica a aplicação 
de preceitos constitucionais e a concretização de direitos fundamentais. Essa omissão pode 
ocorrer tanto no âmbito legislativo, quando o Poder Legislativo deixa de editar leis que 
deveriam existir para regulamentar determinadas matérias, como no âmbito executivo, quando 
o Poder Executivo não adota medidas necessárias para implementar políticas públicas previstas 
na Constituição. 
A aplicação da ADO por omissão exige que haja um nexo de causalidade entre a omissão 
e a violação dos direitos fundamentais. Ou seja, é necessário demonstrar que a ausência de 
norma ou a falta de ação por parte dos órgãos competentes está prejudicando a efetivação dos 
direitos constitucionais, resultando em lesões aos indivíduos ou à sociedade como um todo. 
É importante ressaltar que a ADO por omissão só pode ser proposta perante o Supremo 
Tribunal Federal (STF), que possui competência exclusiva para julgar a matéria. A ADO por 
omissão pode ser proposta por entidades e autoridades previstas no artigo 103 da Constituição 
Federal. Dentre as entidades estão o Presidente da República, a Mesa do Senado Federal, a 
Mesa da Câmara dos Deputados, o Procurador-Geral da República, os governadores de estado 
e o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Essas entidades possuem 
11 
 
legitimidade para acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) e requerer a declaração de 
inconstitucionalidade por omissão. 
2.2 Quem Analisa e Como 
A competência para analisar e julgar a ADO é conferida ao STF pela própria Constituição 
Federal de 1988, em seu artigo 102, inciso I, alínea "a". O Tribunal possui a atribuição exclusiva 
de apreciar e decidir sobre a constitucionalidade das omissões legislativas inconstitucionais, 
assegurando a supremacia da Constituição e garantindo a efetividade dos direitos e princípios 
nela estabelecidos. 
O procedimento de análise da ADO segue o rito previsto na Lei nº 9.868/1999, que 
disciplina o processo de julgamento das ações diretas de inconstitucionalidade em geral. No 
caso da ADO, o procedimento é adaptado para a discussão da omissão legislativa. O 
interessado, que pode ser o Procurador-Geral da República, partido político com representação 
no Congresso Nacional, confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional, deve 
propor a ação perante o STF, indicando a omissão inconstitucional e demonstrando o interesse 
jurídico na sua resolução. 
Após a propositura da ADO, o STF verifica se estão presentes os requisitos formais e 
materiais para o seu processamento. Caso seja admitida, é dada ciência ao órgão ou entidade 
responsável pela omissão, que terá um prazo para se manifestar sobre o caso. Em seguida, são 
abertas as oportunidades para a manifestação de outros interessados e a apresentação de 
pareceres pela Advocacia-Geral da União e pelo Ministério Público. 
Após a fase de instrução, o STF realiza o julgamento da ADO, no qual os ministros 
analisam a constitucionalidade da omissão legislativa. A decisão final do Tribunal pode declarar 
a inconstitucionalidade da omissão e determinar prazo para que o Poder Legislativo edite a 
legislação faltante, fixando ainda eventuais sanções em caso de descumprimento. Em alguns 
casos, o STF pode até mesmo suprir a omissão legislativa, estabelecendo, de forma excepcional, 
regras transitórias para a situação. 
A análise da ADO por omissão é um processo complexo, que envolve a análise do 
contexto normativo, jurisprudencial e fático que envolve a omissão legislativa. O STF busca 
verificar se a omissão é realmente inconstitucional e se a sua correção é necessária para a 
efetivação dos direitos e princípios constitucionais. A decisão do Tribunal pode declarar a 
12 
 
inconstitucionalidade da omissão e determinar prazo para que o Poder Legislativo tome as 
providências necessárias para sanar a lacuna legislativa. 
2.3 Qual o Objeto da Ação 
O objeto primordial da ADO é garantir a efetividade dos direitos e princípios 
fundamentais estabelecidos na Constituição, bem como assegurar a supremacia constitucional. 
A ação é utilizada quando o Poder Público deixa de cumprir sua obrigação de legislar sobre 
uma determinada matéria, comprometendo o pleno exercício dos direitos e garantias 
constitucionais. 
A ADO visa, portanto, suprir a lacuna legislativa existente, provocando o Poder Judiciário 
a tomar uma decisão e determinar ao Poder Legislativo que cumpra sua função de criar as 
normas necessárias para o cumprimento dos dispositivos constitucionais. Dessa forma, busca-
se prevenir situações de inérciaestatal que possam prejudicar direitos e interesses dos cidadãos. 
Um dos principais objetos da ADO é assegurar a efetivação dos princípios 
constitucionais, promovendo a concretização dos direitos fundamentais e a proteção dos valores 
e interesses amparados pela Constituição. A ação tem o propósito de preservar a ordem jurídica 
e garantir a observância dos preceitos constitucionais, evitando que a inércia do legislador 
comprometa a eficácia das normas e a concretização dos direitos fundamentais. 
Ao provocar o Judiciário por meio da ADO, busca-se, portanto, uma atuação concreta do 
Estado para garantir a plena realização dos direitos fundamentais previstos na Constituição. A 
ação é um importante mecanismo de controle da omissão legislativa, possibilitando a atuação 
do Poder Judiciário na proteção e promoção dos direitos constitucionais. 
Em resumo, o objeto da ação direta de inconstitucionalidade por omissão é suprir a 
omissão do Poder Público em legislar sobre matéria de competência constitucional, garantindo 
a efetividade dos direitos e princípios constitucionais. A ADO busca prevenir situações de 
inércia estatal, assegurando a concretização dos direitos fundamentais e a proteção dos valores 
e interesses amparados pela Constituição. 
2.4 Qual seu Fundamento 
O fundamento da ADO por omissão encontra-se no princípio da supremacia da 
Constituição, que estabelece a Constituição como a norma fundamental do ordenamento 
jurídico. Esse princípio confere ao Supremo Tribunal Federal (STF) a competência para 
13 
 
apreciar a constitucionalidade das leis e atos normativos, bem como para solucionar omissões 
legislativas que contrariem a Constituição. 
A ADO por omissão é fundamentada no artigo 103, § 2º, da Constituição Federal, que 
estabelece quem são os legitimados para propor essa ação, tais como o Presidente da República, 
a Mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara dos Deputados, o Governador de Estado, o 
Procurador-Geral da República, entre outros. Esses legitimados possuem o poder de acionar o 
STF e requerer a declaração de inconstitucionalidade por omissão, a fim de compelir o Poder 
Legislativo a cumprir sua obrigação de legislar. 
O fundamento da ADO por omissão também se apoia nos princípios da efetividade e da 
máxima eficácia das normas constitucionais. A Constituição estabelece direitos e princípios 
fundamentais que devem ser assegurados e concretizados pelo legislador ordinário. Quando há 
uma omissão legislativa, ou seja, a ausência de regulamentação de uma norma constitucional, 
isso pode comprometer a efetividade desses direitos e princípios. Nesse contexto, a ADO por 
omissão é uma forma de garantir que a Constituição seja efetivamente cumprida e que os 
direitos nela previstos sejam plenamente assegurados. 
A ação direta de inconstitucionalidade por omissão visa preencher as lacunas normativas 
deixadas pelo legislador, compelindo-o a tomar as providências necessárias para regulamentar 
a matéria omissa. O objeto é garantir a plena efetividade dos direitos e princípios 
constitucionais, preservando a harmonia e a coerência do ordenamento jurídico. 
Para embasar a fundamentação da ADO por omissão, é importante mencionar alguns 
dispositivos constitucionais relevantes. O artigo 5º, caput, da Constituição Federal estabelece 
que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza". Além disso, o artigo 
1º, inciso III, determina como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil a 
dignidade da pessoa humana. 
A partir desses princípios, é possível inferir a obrigação do Estado em adotar medidas que 
garantam o pleno exercício dos direitos fundamentais pelos cidadãos. Quando há omissão na 
criação de normas ou na adoção de políticas públicas necessárias para a concretização desses 
direitos, a ADO por omissão se apresenta como um meio legítimo de questionar essa falha e 
buscar a devida correção. 
Nesse contexto, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem reconhecido a 
importância da ADO por omissão como uma ferramenta para a efetivação dos direitos 
14 
 
fundamentais. Em diversos julgados, o STF tem reafirmado que a omissão legislativa ou 
administrativa pode ser tão prejudicial quanto a edição de normas inconstitucionais, pois ambas 
podem comprometer a plena realização dos direitos assegurados pela Constituição. 
3. Ação Declaratória de Constitucionalidade – ADC 
A ação declaratória de constitucionalidade (ADC) é um importante instrumento jurídico 
previsto no sistema constitucional brasileiro que tem como objeto principal afirmar a 
constitucionalidade de uma lei ou ato normativo em face da Constituição Federal. A ADC foi 
introduzida pela Emenda Constitucional nº 3/1993, como forma de fortalecer o controle 
concentrado de constitucionalidade e garantir a segurança jurídica. 
3.1 Quando Aplicar 
A ADC possui aplicação em situações em que há controvérsia acerca da 
constitucionalidade de uma lei ou ato normativo específico. Por meio dessa ação, busca-se obter 
uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que declare a compatibilidade da norma 
impugnada com a Constituição Federal, afastando assim qualquer dúvida ou insegurança 
jurídica sobre sua validade. 
Um dos principais critérios para a aplicação da ADC é a existência de controvérsia 
judicial relevante acerca da constitucionalidade da lei ou ato normativo. Isso significa que é 
necessário que haja uma discussão substancial sobre a adequação da norma impugnada aos 
preceitos constitucionais, de modo a gerar incertezas quanto à sua validade e aplicação. 
Além disso, é fundamental que a controvérsia seja de natureza constitucional, ou seja, 
que envolva a interpretação ou aplicação de dispositivos da Constituição Federal. A ADC não 
é adequada para resolver questões meramente infraconstitucionais, que não possuam relação 
direta com princípios ou normas constitucionais. 
Quanto aos legitimados para propor a ADC, eles estão definidos no artigo 103 da 
Constituição Federal. Dentre os legitimados estão o Presidente da República, a Mesa do Senado 
Federal, a Mesa da Câmara dos Deputados, a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara 
Legislativa do Distrito Federal, o Governador de Estado, o Procurador-Geral da República, 
entre outros. Esses legitimados possuem o poder de acionar o STF e requerer a declaração de 
constitucionalidade de uma lei ou ato normativo. 
A ADC também pode ser utilizada para pacificar a interpretação da Constituição Federal 
em casos de divergências entre diferentes tribunais ou órgãos do Poder Judiciário. Nesses casos, 
15 
 
a ação tem o propósito de uniformizar a interpretação constitucional, garantindo a segurança 
jurídica e evitando decisões contraditórias. 
3.2 Quem Analisa e Como 
A competência para analisar a ADC é exclusiva do STF, conforme previsto no artigo 102, 
inciso I, alínea "a", da Constituição Federal. Essa atribuição confere ao STF a função de ser o 
guardião da Constituição e garantir a sua supremacia sobre as demais normas do ordenamento 
jurídico. 
Quanto ao procedimento de análise da ADC, ele segue o rito estabelecido pela Lei nº 
9.868/1999, que regulamenta o processo de julgamento das ações diretas de 
inconstitucionalidade no STF. Esse procedimento visa garantir a efetividade e a celeridade do 
julgamento das questões constitucionais. 
Inicialmente, a ADC deve ser proposta por um legitimado, conforme previsto no artigo 
103 da Constituição Federal. Os legitimados para propor a ADC são o Presidente da República, 
a Mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara dos Deputados, a Mesa de Assembleia 
Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal, o Governador de Estado, o 
Procurador-Geral da República, entre outros. 
Uma vez proposta a ADC, o STF realiza uma análise prévia para verificar a 
admissibilidade da ação. Essa análise envolve questões formais, como a verificação dos 
requisitos de legitimação e o cumprimento dos prazose formalidades previstos na lei. 
Caso a ADC seja admitida, o STF passa a analisar o mérito da ação. Durante essa análise, 
são examinados os argumentos apresentados pelas partes envolvidas, bem como as eventuais 
manifestações de amicus curiae (terceiros interessados) que desejem se manifestar no processo. 
É importante destacar que, no caso da ADC, o STF tem a possibilidade de julgar 
liminarmente a constitucionalidade da lei ou ato normativo impugnado, desde que haja o 
quórum mínimo de 8 ministros favoráveis à declaração de constitucionalidade. Essa 
possibilidade é uma particularidade da ADC em relação às outras ações de controle concentrado 
de constitucionalidade. 
Após a análise do mérito, o STF profere uma decisão que possui efeito vinculante e erga 
omnes, ou seja, a declaração de constitucionalidade abrange todos os órgãos do Poder Judiciário 
e a administração pública, que devem seguir a interpretação dada pelo STF. 
16 
 
Durante a análise da ADC, o STF realiza uma profunda análise jurídica e constitucional 
da norma impugnada. Os ministros levam em consideração os argumentos apresentados pelas 
partes envolvidas, bem como as manifestações de terceiros interessados que possam contribuir 
para o debate. Além disso, são considerados os princípios constitucionais envolvidos, a 
jurisprudência consolidada do Tribunal e a finalidade da norma em questão. 
O processo de análise da ADC é pautado pelo princípio do devido processo legal, 
garantindo-se o contraditório, a ampla defesa e o direito ao contraditório das partes envolvidas. 
A transparência e a publicidade também são fundamentais, permitindo que a sociedade tenha 
conhecimento e possa acompanhar as discussões relacionadas à constitucionalidade das leis e 
atos normativos. 
Cabe ressaltar que a análise da ADC não se limita apenas à verificação da compatibilidade 
da norma impugnada com a Constituição Federal, mas também envolve uma reflexão sobre o 
impacto que a decisão do STF terá na ordem jurídica e na sociedade como um todo. Portanto, 
os ministros devem considerar os efeitos práticos da declaração de constitucionalidade, levando 
em conta a segurança jurídica, a estabilidade das relações sociais e a proteção dos direitos 
fundamentais. 
Uma vez proferida a decisão pelo STF, esta tem eficácia vinculante, ou seja, deve ser 
seguida por todos os órgãos do Poder Judiciário e pela administração pública. Dessa forma, a 
declaração de constitucionalidade na ADC contribui para a uniformização da interpretação da 
Constituição Federal e para a segurança jurídica no país. 
Em conclusão, a análise da ação declaratória de constitucionalidade ocorre no Supremo 
Tribunal Federal, mediante um processo que envolve análise jurídica aprofundada, 
consideração de princípios constitucionais, debate entre as partes envolvidas e a busca pela 
segurança jurídica e estabilidade das relações sociais. A decisão proferida pelo STF possui 
eficácia vinculante e erga omnes, sendo seguida por todos os órgãos do Poder Judiciário e pela 
administração pública. Assim, a ADC desempenha um papel essencial na interpretação e 
aplicação da Constituição Federal no Brasil. 
3.3 Qual o Objeto da Ação 
O principal objeto da ADC é obter uma decisão judicial que declare a constitucionalidade 
de uma lei ou ato normativo federal, conferindo-lhe uma presunção de validade e eficácia. 
Dessa forma, a ADC visa proporcionar segurança jurídica e uniformidade na interpretação da 
17 
 
Constituição, evitando conflitos de entendimento entre órgãos do Poder Judiciário e garantindo 
a estabilidade das relações jurídicas. 
A ADC surge como um mecanismo de controle concentrado de constitucionalidade, 
permitindo que uma norma que esteja sendo questionada em razão de sua constitucionalidade 
seja submetida ao Supremo Tribunal Federal (STF) para análise e pronunciamento. A partir daí, 
o STF decidirá se a norma é constitucional ou não, conferindo-lhe a chamada "força normativa" 
e garantindo sua aplicabilidade em todo o território nacional. 
3.4 Qual seu Fundamento 
A ADC encontra seu fundamento primordial no artigo 102, inciso I-A, da Constituição 
Federal de 1988, que estabelece a competência do Supremo Tribunal Federal (STF) para 
processar e julgar a ação. Esse dispositivo foi introduzido pela Emenda Constitucional nº 
3/1993, com o intuito de fortalecer o controle concentrado de constitucionalidade e a segurança 
jurídica no ordenamento brasileiro. 
Além disso, a ADC está fundamentada no princípio da supremacia da Constituição, que 
estabelece a norma constitucional como o ápice hierárquico do sistema jurídico, devendo ser 
observada por todos os demais órgãos estatais. A ADC contribui para a efetivação desse 
princípio ao garantir a declaração de constitucionalidade de uma norma por meio do 
pronunciamento do STF. 
A fundamentação da ADC deve se basear na análise criteriosa da norma em questão e na 
sua conformidade com os princípios e disposições constitucionais. Ao propor a ação, é 
necessário apresentar argumentos jurídicos sólidos que evidenciem a constitucionalidade da 
norma impugnada. 
A fundamentação da ADC deve incluir: 
1. Identificação da norma: é necessário especificar a lei ou ato normativo federal que se 
busca declarar constitucional. 
2. Exposição dos argumentos constitucionais: é preciso apresentar os fundamentos 
jurídicos que demonstram a conformidade da norma com a Constituição. Isso envolve 
uma análise minuciosa dos dispositivos constitucionais pertinentes, bem como a 
interpretação adequada dos mesmos. 
3. Precedentes jurisprudenciais: é importante referenciar decisões anteriores do STF ou de 
outros tribunais superiores que tenham tratado da matéria objeto da ADC. Isso fortalece 
18 
 
a argumentação e contribui para a construção de um posicionamento jurisprudencial 
consistente. 
4. Doutrina especializada: é recomendável citar obras de juristas renomados e artigos 
acadêmicos que abordem a temática da norma em discussão, demonstrando assim o 
respaldo doutrinário das teses apresentadas. 
A Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) encontra seu fundamento no artigo 
102, inciso I-A, da Constituição Federal, e tem sua fundamentação baseada na análise criteriosa 
da norma em questão à luz dos princípios e disposições constitucionais. A ADC desempenha 
um papel essencial na preservação da segurança jurídica e na harmonia do ordenamento 
jurídico. Ao fundamentar uma ADC, é necessário identificar a norma a ser declarada 
constitucional e apresentar argumentos sólidos que demonstrem sua conformidade com a 
Constituição. Isso envolve uma análise aprofundada dos dispositivos constitucionais relevantes, 
o embasamento em precedentes jurisprudenciais e a referência à doutrina especializada. 
A fundamentação adequada da ADC contribui para a construção de uma argumentação 
consistente e persuasiva, fortalecendo a validade da norma impugnada e garantindo sua eficácia 
plena em todo o território nacional. Além disso, a base jurídica da ADC, ancorada no princípio 
da supremacia da Constituição, reforça a importância da preservação dos valores e princípios 
constitucionais no sistema jurídico. 
É fundamental destacar que a fundamentação da ADC deve ser elaborada de forma 
técnica e embasada em argumentos jurídicos sólidos, levando em consideração a interpretação 
constitucional e o contexto normativo vigente. A correta fundamentação da ação é essencial 
para obter êxito no pedido de declaração de constitucionalidade e assegurar a segurança jurídica 
no país. 
4. Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF 
Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) é uma importante ferramenta 
de controle de constitucionalidade que visa proteger os preceitos fundamentais estabelecidos 
na Constituição Federal. A ADPF se aplica em situações em que haja uma lesão ou ameaça a 
preceitos fundamentais e não haja outros meios processuais específicos para a suaproteção. 
4.1 Quando Aplicar 
A ADPF se aplica em diversas situações, tais como: 
19 
 
1. Proteção de preceitos fundamentais: Quando há uma violação grave e atual a um 
preceito fundamental estabelecido na Constituição Federal, a ADPF pode ser utilizada 
como instrumento para preservar a sua observância. 
2. Defesa da ordem constitucional: A ADPF é cabível quando houver uma controvérsia 
constitucional relevante que afete a ordem constitucional como um todo, colocando em 
risco a harmonia e a estabilidade do sistema jurídico. 
3. Omissão legislativa: A ADPF pode ser utilizada para questionar omissões do Poder 
Legislativo na efetivação de preceitos fundamentais, quando a inércia do legislador 
cause lesão ou ameaça a direitos protegidos pela Constituição. 
4. Controle concentrado de constitucionalidade: A ADPF também pode ser utilizada como 
meio de controle concentrado de constitucionalidade, permitindo ao Supremo Tribunal 
Federal (STF) analisar a compatibilidade de uma norma ou ato normativo com a 
Constituição Federal. 
Em relação à competência para analisar a ADPF, cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF) 
processar e julgar a ação, sendo o órgão responsável por proteger a integridade da Constituição 
e garantir a sua interpretação uniforme em todo o território nacional. O procedimento da ADPF 
segue as regras estabelecidas na Lei nº 9.882/1999, que disciplina a sua tramitação. 
Em suma, a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) é um importante 
instrumento para proteger os preceitos fundamentais estabelecidos na Constituição Federal, 
garantindo a harmonia e a unidade do ordenamento jurídico. Ela se aplica em situações de 
violação ou ameaça a preceitos fundamentais, controvérsias constitucionais relevantes e 
omissões legislativas. O Supremo Tribunal Federal (STF) é o órgão competente para analisar a 
ADPF, seguindo o procedimento estabelecido em lei. 
4.2 Quem Analisar e Como 
Quanto ao procedimento da ADPF, ele é estabelecido pela Lei nº 9.882/1999, que 
regulamenta essa modalidade de ação constitucional. O processo de ADPF inicia-se com a 
petição inicial apresentada perante o STF, contendo a exposição do preceito fundamental 
supostamente violado ou ameaçado, a indicação do dispositivo constitucional violado, bem 
como a fundamentação jurídica que demonstra a relevância do tema e a necessidade de uma 
decisão do Tribunal para preservar a ordem constitucional. 
Após a protocolização da ADPF, o STF analisará a admissibilidade da ação, verificando 
se estão presentes os requisitos para o seu prosseguimento, tais como a relevância da matéria 
20 
 
constitucional discutida e a existência de controvérsia judicial relevante sobre o tema. Caso a 
ADPF seja admitida, serão requisitadas informações às autoridades ou órgãos responsáveis pelo 
ato questionado, bem como será aberta a oportunidade para a manifestação do Advogado-Geral 
da União e do Procurador-Geral da República. 
Após a instrução processual, o STF realizará o julgamento da ADPF, com a participação 
dos ministros que compõem a Corte. A decisão proferida pelo STF na ADPF possui eficácia 
erga omnes, ou seja, produz efeitos para todos os órgãos do Poder Público e particulares, 
vinculando-os ao entendimento firmado pelo Tribunal. 
Em síntese, a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) é analisada e 
julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que possui competência para garantir a guarda 
da Constituição e a proteção dos preceitos fundamentais. O procedimento da ADPF é 
estabelecido pela Lei nº 9.882/1999 e envolve a análise de admissibilidade, a instrução 
processual e o julgamento pelo STF, com eficácia erga omnes de suas decisões. 
4.3 Qual o Objeto da Ação 
O objeto da ADPF é o preceito fundamental que se encontra em situação de 
descumprimento ou ameaça de violação. O preceito fundamental pode ser entendido como um 
princípio ou regra de extrema relevância e centralidade no ordenamento jurídico, cuja proteção 
é essencial para a preservação dos valores constitucionais. 
Diferentemente das demais ações constitucionais, como a Ação Direta de 
Inconstitucionalidade (ADI) e a Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC), a ADPF 
possui um objeto mais amplo e flexível, permitindo sua utilização para a defesa de preceitos 
fundamentais não necessariamente ligados a dispositivos constitucionais específicos. 
O objeto da ADPF pode abranger diversas questões, tais como a violação de direitos 
fundamentais, a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos, a omissão legislativa 
inconstitucional, entre outros casos que envolvam a proteção dos preceitos fundamentais. Essa 
amplitude de objeto permite que a ADPF seja utilizada como instrumento de controle de 
constitucionalidade de maneira mais abrangente e eficaz. 
Ao propor uma ADPF, o autor busca que o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheça a 
existência do descumprimento ou ameaça de violação do preceito fundamental e adote as 
medidas necessárias para restabelecer a constitucionalidade, seja declarando a 
21 
 
inconstitucionalidade de leis ou atos normativos, seja determinando a adoção de medidas para 
suprir a omissão legislativa. 
Assim, o objeto da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) é a 
proteção e preservação dos preceitos fundamentais estabelecidos na Constituição Federal, com 
o intuito de assegurar a supremacia constitucional, a defesa dos direitos fundamentais e a 
harmonia do ordenamento jurídico. 
4.4 Qual seu fundamento 
O principal fundamento da ADPF encontra-se no artigo 102, parágrafo 1º, da Constituição 
Federal, que atribui ao Supremo Tribunal Federal (STF) a competência para julgar a ADPF 
quando houver controvérsia sobre a interpretação de preceito fundamental, seja decorrente da 
própria Constituição ou de tratado internacional. 
Além disso, a ADPF está prevista na Lei nº 9.882/1999, que regulamenta o seu 
procedimento e traz disposições específicas sobre a sua utilização. Essa lei estabelece os 
requisitos e as condições para a propositura da ADPF, bem como define as partes legitimadas 
para sua propositura, tais como o Procurador-Geral da República, o Presidente da República, a 
Mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara dos Deputados, entre outros. 
O fundamento jurídico da ADPF reside no princípio da supremacia da Constituição. A 
Constituição Federal é a norma hierarquicamente superior no ordenamento jurídico brasileiro, 
sendo responsável por estabelecer os direitos e garantias fundamentais, os princípios 
estruturantes do Estado e os limites ao exercício do poder estatal. 
A ADPF tem como objetivo principal assegurar a efetividade dos preceitos fundamentais 
e a preservação da harmonia e unidade do sistema jurídico. Por meio dessa ação, busca-se evitar 
ou corrigir situações em que haja descumprimento ou ameaça de violação de preceitos 
fundamentais, seja por atos normativos, omissões legislativas ou qualquer outra forma de 
violação aos direitos e garantias constitucionais. 
O fundamento da ADPF também está relacionado à proteção dos direitos fundamentais e 
à garantia da segurança jurídica. Através dessa ação, é possível buscar a declaração de 
inconstitucionalidade de leis ou atos normativos que violem preceitos fundamentais, bem como 
suprir omissões legislativas que comprometam o exercício pleno dos direitos e garantias 
constitucionais. 
22 
 
Portanto, o fundamento da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 
está embasado na supremacia constitucional, na legislação infraconstitucional que a 
regulamenta e no objetivo de garantir a efetividade dos preceitos fundamentais e a harmonia do 
sistema jurídico. 
5. Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva – ADI Interventiva 
A Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva (ADI Interventiva) é uma importante 
ferramenta do sistema jurídico brasileiro para a proteção da ordem constitucional e a garantia 
da autonomia dosentes federados. Ela se aplica em situações específicas em que há uma 
violação grave e iminente aos princípios fundamentais da Constituição que comprometam a 
autonomia de um Estado ou do Distrito Federal. 
5.1 Quando Aplicar 
A ADI Interventiva está prevista no artigo 36, inciso III, da Constituição Federal, que 
estabelece que é competência do Supremo Tribunal Federal (STF) julgar as ações contra as leis 
ou atos normativos estaduais ou distritais que contrariem a Constituição Federal e que afetem 
a intervenção federal. Essa ação é uma exceção à regra geral das ações diretas de 
inconstitucionalidade, pois seu objetivo principal não é apenas declarar a inconstitucionalidade 
de uma norma, mas sim possibilitar a intervenção do Poder Executivo Federal no Estado ou no 
Distrito Federal em caso de violação grave à ordem constitucional. 
A aplicação da ADI Interventiva ocorre quando há uma situação de crise institucional, em 
que um Estado ou o Distrito Federal viola de forma flagrante e sistemática os princípios e 
normas constitucionais, colocando em risco a autonomia e a própria estabilidade do sistema 
federativo. Nesses casos, a ação tem como objetivo principal possibilitar a intervenção federal, 
por meio de uma decisão do STF, a fim de restabelecer a ordem constitucional e preservar a 
autonomia dos entes federados. 
Para que a ADI Interventiva seja aplicada, é necessário que haja uma representação do 
Procurador-Geral da República, que atua como autor da ação, e que o STF analise a questão e 
decida pela intervenção federal, caso fique comprovada a violação grave e iminente à ordem 
constitucional. A intervenção federal consiste na nomeação de um interventor pelo Presidente 
da República, que assume temporariamente o controle do Estado ou do Distrito Federal, com o 
objetivo de sanar as irregularidades e restabelecer a normalidade institucional. 
23 
 
A ADI Interventiva é um instrumento excepcional e de extrema relevância no contexto 
do sistema federativo brasileiro. Sua aplicação visa a preservação da harmonia, equilíbrio e 
autonomia dos entes federados, garantindo a observância dos princípios e normas 
constitucionais. Por meio dessa ação, é possível assegurar a ordem constitucional e a 
estabilidade do sistema federativo brasileiro, evitando situações de crise institucional que 
possam comprometer os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos. 
Portanto, a Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva (ADI Interventiva) se aplica 
em situações de grave violação à ordem constitucional por parte de um Estado ou do Distrito 
Federal, visando possibilitar a intervenção federal para restabelecer a normalidade institucional 
e preservar a autonomia dos entes federados. É um instrumento de extrema importância para a 
manutenção da ordem constitucional e a estabilidade do sistema federativo brasileiro. Através 
dessa ação, o Supremo Tribunal Federal exerce sua competência de guardião da Constituição, 
garantindo que os princípios fundamentais e as normas constitucionais sejam efetivamente 
respeitados e observados. 
A ADI Interventiva deve ser aplicada de forma cautelosa e excepcional, sendo acionada 
apenas em casos de extrema gravidade, nos quais a violação constitucional comprometa de 
forma evidente a autonomia de um Estado ou do Distrito Federal. Essa ação é uma medida 
drástica, que tem como objetivo preservar a integridade da ordem constitucional e garantir que 
o pacto federativo seja mantido, respeitando a autonomia e a independência dos entes federados. 
Quanto ao procedimento de análise da ADI Interventiva, ele segue os trâmites regulares 
das ações diretas de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal. O processo é 
iniciado pela propositura da ação pelo Procurador-Geral da República, que deve apresentar 
argumentos consistentes e fundamentados acerca da violação à ordem constitucional e da 
necessidade de intervenção federal. 
Após a apresentação da ADI Interventiva, o STF analisará a questão, levando em 
consideração os argumentos das partes envolvidas, os precedentes jurisprudenciais e a própria 
Constituição Federal. O objetivo principal do Tribunal é verificar se a violação à ordem 
constitucional é grave e iminente, justificando a intervenção federal como medida extrema para 
restabelecer a normalidade institucional. 
Caso o STF decida pela procedência da ADI Interventiva, será determinada a intervenção 
federal, com a nomeação de um interventor pelo Presidente da República. O interventor terá a 
24 
 
função de assumir temporariamente o controle do Estado ou do Distrito Federal, a fim de sanar 
as irregularidades constitucionais e restabelecer a ordem. 
5.2 Quem Analisa e como 
O Supremo Tribunal Federal (STF) é o órgão responsável por analisar e julgar as ações 
diretas de inconstitucionalidade, incluindo a ADI Interventiva. Como guardião da Constituição, 
cabe ao STF garantir a observância dos princípios e normas constitucionais, bem como zelar 
pela harmonia e equilíbrio do sistema federativo brasileiro. 
O procedimento de análise da ADI Interventiva segue os mesmos trâmites das demais 
ações diretas de inconstitucionalidade perante o STF. A ação é proposta pelo Procurador-Geral 
da República, que atua como autor, e é dirigida ao STF. A petição inicial deve conter os 
fundamentos e argumentos que demonstram a violação grave e iminente à Constituição, bem 
como a necessidade de intervenção federal para restabelecer a ordem constitucional. 
Após a propositura da ADI Interventiva, o STF analisará a questão, observando os ritos e 
prazos estabelecidos na legislação processual. O Tribunal realizará uma análise minuciosa dos 
argumentos apresentados, levando em consideração os precedentes jurisprudenciais e a 
interpretação da Constituição Federal. 
5.3 Qual o objeto da ação 
O objeto da ADI Interventiva é a verificação da inconstitucionalidade de leis ou atos 
normativos que afetem de forma grave e iminente a autonomia de um ente federado. Essa ação 
visa proteger os princípios fundamentais estabelecidos na Constituição Federal, bem como 
garantir o equilíbrio e a harmonia entre os poderes e entes federativos. 
Podem ser objeto da ADI Interventiva as leis estaduais, distritais ou municipais que 
violem a Constituição Federal, bem como os atos normativos desses entes federados que 
apresentem vícios de inconstitucionalidade. A ação tem como objetivo principal a preservação 
da ordem constitucional e a correção de eventuais desvios que comprometam a autonomia do 
ente federado afetado. 
Vale ressaltar que a ADI Interventiva não se destina a discutir questões de mérito das leis 
ou atos normativos, mas sim a sua conformidade com a Constituição Federal. O foco da ação é 
verificar se há uma violação constitucional grave e iminente que justifique a intervenção federal 
no ente federado. 
25 
 
5.4 Qual seu Fundamento 
A fundamentação jurídica da Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva está 
estabelecida na própria Constituição Federal. Seu fundamento principal encontra-se no artigo 
34, inciso III, que dispõe sobre a possibilidade de intervenção federal nos estados e municípios 
quando houver descumprimento de preceitos fundamentais da Constituição. 
O artigo 34, inciso III, estabelece que "a União não intervirá nos Estados nem no Distrito 
Federal, exceto para: (...) III - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: 
a forma republicana, o sistema representativo e o regime democrático; a direção única do 
sistema financeiro nacional; a garantia do cumprimento das obrigações decorrentes de tratados 
internacionais; e a prestação de assistência ao Estado que a solicitar, se houver recusa 
injustificada ou retardamento". 
A partir desse fundamento, a ADI Interventiva se justifica quando há um descumprimento 
grave e iminente desses preceitos fundamentais da Constituição por parte de um ente federado. 
A ação visa, assim, garantira preservação da ordem constitucional e a harmonia entre os entes 
federativos. 
Além do artigo 34, inciso III, outros dispositivos constitucionais também amparam a ADI 
Interventiva. Dentre eles, podemos destacar o artigo 36, que trata das hipóteses de intervenção 
federal nos estados e municípios, e o artigo 102, inciso III, que atribui competência ao Supremo 
Tribunal Federal para julgar a ADI Interventiva. 
 
26 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Ao longo deste trabalho, exploramos as principais ações de controle concentrado de 
constitucionalidade presentes no ordenamento jurídico brasileiro, a saber: Ação Direta de 
Inconstitucionalidade (ADI), Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO), Ação 
Declaratória de Constitucionalidade (ADC), Ação de Descumprimento de Preceito 
Fundamental (ADPF) e Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva. 
Essas ações representam importantes mecanismos para a defesa da supremacia da 
Constituição, da harmonia entre os poderes e da proteção dos direitos e garantias fundamentais. 
Por meio delas, é possível questionar a constitucionalidade de leis, atos normativos e omissões 
que possam violar preceitos fundamentais estabelecidos na Carta Magna. 
A ADI permite que sejam questionadas normas federais ou estaduais perante o Supremo 
Tribunal Federal, buscando a declaração de sua inconstitucionalidade. A ADO, por sua vez, visa 
suprir a omissão do Poder Legislativo ou do Poder Executivo em editar normas necessárias para 
o cumprimento de preceitos constitucionais, garantindo o pleno exercício de direitos 
fundamentais. 
A ADC, por sua vez, busca a declaração de constitucionalidade de uma lei ou ato 
normativo federal, trazendo segurança jurídica em casos de divergências interpretativas. Já a 
ADPF tem o propósito de evitar ou reparar lesões a preceitos fundamentais decorrentes da 
incompatibilidade de normas infraconstitucionais com a Constituição Federal. 
Por fim, a ADI Interventiva é utilizada quando um Estado-membro descumpre preceitos 
fundamentais da Constituição, permitindo que a União intervenha no Estado para assegurar a 
observância desses princípios constitucionais. 
Em suma, essas ações constituem importantes instrumentos jurídicos para a preservação 
da ordem constitucional e a proteção dos direitos fundamentais. Cada uma delas possui 
particularidades e se aplica a situações específicas, demonstrando a preocupação do sistema 
jurídico em assegurar a validade e a conformidade das normas com a Constituição. 
Portanto, a compreensão e o estudo dessas ações são essenciais para os operadores do 
Direito, na busca pela concretização dos princípios e valores fundamentais estabelecidos na 
Constituição brasileira. A utilização correta desses instrumentos contribui para a efetividade do 
sistema jurídico e para a consolidação de um Estado Democrático de Direito. 
 
27 
 
REFERÊNCIAS 
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 35ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2019. 
BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo. 9ª ed. São Paulo: 
Editora Saraiva, 2019. 
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 24ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 
2020. 
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 41ª ed. São Paulo: Editora 
Malheiros, 2018. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
BRASIL. Lei nº 9.868, de 10 de novembro de 1999. Dispõe sobre o processo e julgamento da 
ADI. 
STF. Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão - ADO. Disponível em: 
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=processoADIADO. Acesso em: 16 de 
maio de 2023. 
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=processoADIADO

Mais conteúdos dessa disciplina