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CURSO DE DIREITO CONSUMERISTA – AULA 01 (14/09)
· Introdução:
O direito consumerista existe para proteger o consumidor, vindo de uma necessidade histórica, uma proteção ao público que consome para com possíveis abusos dos fornecedores e para proteger a qualidade do produto fornecido. Também se pensou em proteger o empresário, numa dualidade entre prezar o lucro e garantir a qualidade do produto. Entende-se fatores como competição sendo essenciais para que preços não se tornem abusivos e que se combata o monopólio de empresas, para assim, proteger o consumidor.
A preocupação da legislação é dar visibilidade ao consumidor que este está adquirindo um produto com garantia da lei, do fabricante, que o mesmo tem direito a um seguro, a ter informações que podem protege-lo, um canal para exigir qualidade do produto adquirido, atendimento, informação sobre o produto e suporte. Clarificar o que é tributo e o que é o valor bruto do produto.
· Lei de Liberdade Econômica - L13874 (2019) – início de uma abordagem sobre uma reforma administrativa. Pensamento no mercado internacional, pode gerar em desproteção do consumidor, vide que o custo para o empresário é alto para garantir tais medidas de qualidades exigidas pelo governo. Torna dificultoso a desconsideração da personalidade jurídica de pequenas empresas/microempresários, trata-os como grandes profissionais liberais, transferindo a responsabilidade para o grupo consumidor, dificulta questões como indenizações, garantia de preservação de bens pessoais por conta da notória dificuldade de um pequeno empresário cumprir com tais exigências.
O consumidor acaba enxergando que não valerá a pena entrar com litígio em tal ocasião por estes motivos.
· Art. 1/CDC: O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5º, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.
Em princípio, consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço. O consumidor não é somente aquele que compra o produto ou o serviço, mas quem o usufrui, de modo que está abrangido quem recebe um presente ou doação, pois é esse o destinatário final. 
· Art. 3/CDC: Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
 Garantia em produtos internacionais: Aplica-se apenas a garantia de acordo com a legislação do país de origem deste produto.
 Produto: Poderá ser um bem móvel, imóvel, material e imaterial. É um bem que se torna um produto ao ponto em que é lançado ao mercado e comercializado.
 Serviço: é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
· Política Nacional de Relações de Consumo
· Art. 4/CDC: A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: 
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo.
 Entende-se a relação de poder que o fornecedor tem sobre o consumidor, seja pela relação de necessidade de fornecimento de tal produto para o consumidor e por conta de um padrão de qualidade que é exigido deste serviço.
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores.
 O sistema de proteção ao consumidor busca alinhar os interesses das duas partes. O princípio que norteia esta relação entre fornecedor e consumidor é o mesmo princípio de boa-fé, conciliação de interesses, respeitar o direito do outro, em harmonia.
IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo;
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores;
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.
· A insuficiência do direito privado clássico para a tutela efetiva do consumidor:
O século XX foi um período repleto por grandes mudanças de esfera global, com diversos avanços tecnológicos, políticos, científicos e sociais; portanto, por meio da inovação das mais distintas áreas, a sociedade vivenciou problemáticas nas quais se fez necessário proporcionar mudanças ao ordenamento jurídico, que já se encontrava insuficiente para atender específicas demandas geradas pelos avanços extraordinários da humanidade. Com isso, o clássico direito civil se encontrou obsoleto, não sendo capaz de regular as novas necessidades sociais, e como resultado, houve a criação de novos ramos do direito para contemplar especificamente assuntos que tiveram sua origem derivada das conquistas humanas em diversas áreas da ciência e cultura.
A origem do direito do consumidor se deu, portanto, neste período de expansão da esfera do clássico direito privado, trabalhando como campo de incidência a relação entre o consumidor e o fornecedor do produto. Especificamente, a necessidade da criação de um direito que possibilitaria a tutela efetiva do consumidor é relacionada diretamente às consequências geradas pela Revolução Industrial, resultando na mudança no método de produção, distribuição e fornecimento, gerando novos tipos de contratos e relações jurídicas cujas cláusulas gerais eram regidas de maneira unilateral pelo fornecedor, sem qualquer tipo de participação da contraparte.
Destaca-se também que com as mudanças no sistema de produção das indústrias por conta das descobertas tecnológicas que automatizaram as linhas de fabricação, apesar dos benefícios, ocorreram inúmeros malefícios e riscos ao consumidor. Em uma produção em série, defeitos e erros de concepção e fabricação podem se tornar mais corriqueiros, gerando em danos e riscos para todos os indivíduos que consumiram aquele produto, como por exemplo, as indústrias farmacêuticas e seus produtos que atuam na área da saúde humana. 
Sendo assim, apenas se tornava notória a disparidade de poder na relação contratual entre o fornecedor e o consumidor, vide que os remédios contratuais clássicos não se mostravam suficientes para proteger efetivamente o consumidor; portanto, o clássico direito privado tornava-se ultrapassado, obsoleto. Os princípios de origem romana que regiam os contratos como a autonomia da vontade e a obrigatoriedade dos contratos não se mostravam suficientes para garantir e preservar os direitos do consumidor, não proporcionando equilíbrio algum nas tratativas contratuais.
O resultado desta ausência de uma garantianormativa que protegesse de maneira eficiente e estruturada a parte consumidora se deu em uma série de práticas abusivas e práticas de mercado que tornavam a vida do comprador um verdadeiro inferno. Hão de se citar exemplos tais quais o controle de mercado, cláusulas limitativas de responsabilidade, ausência de atos indenizatórios por danos causados, o estabelecimento de monopólios e assim por diante. Todos esses comportamentos que exploravam a vulnerabilidade do consumidor resultaram em desigualdade, tanto econômica quanto social, entre os donos dos meios de produção, protegidos por um sistema jurídico que os favorecia, e os demais consumidores que não gozavam de qualquer garantia ou direito para sua própria proteção, porém, alimentavam este sistema pela necessidade de consumir produtos ou serviços.
· Necessidade de tutela específica do consumidor:
Com a existente disparidade de poder e controle econômico entre o consumidor e o fornecedor, verificou-se que não somente era necessário reestruturar a ordem jurídica nas relações de consumo, mas também era preciso adotar uma nova postura jurídica; nesta linha de pensamento, surgiu a possibilidade de delinear uma nova vertente, fundada em princípios modernos e que pudesse proteger o consumidor de maneira eficaz. Sendo assim, com o surgimento de diversos movimentos pró-consumidor ao longo da história e ao redor do planeta, além de um longo processo de atividade jurisprudencial, resultou-se na criação de legislações específicas que tratavam e disciplinavam as relações de consumo.
O estado reconhece que é necessário tutelar o direito do consumidor para proteger e respaldar uma das partes mais importantes para que o sistema capitalista possa prosperar, sem o consumo, não haverá ganhos expressivos na economia. Também é possível com uma tutela específica do estado, combater de forma mais eficiente as práticas como o monopólio, preços abusivos e ausência na qualidade dos produtos por falta de regulamentação estatal, praticas estas que também não contribuem para a obtenção de um estado de bem estar social.
É evidente que também o Estado deva proteger o seu cidadão, assegurar os seus direitos agindo por meio do ordenamento, através de regras materiais e processuais para proporcionar proteção normativa, e isto não exclui o consumidor. No Brasil, é direito fundamental ao indivíduo a defesa ao consumir, isto é, o direito do consumidor será promovido pelo Estado e é tutelado de maneira específica com o Código de Defesa do Consumidor, tal movimento também é evidenciado ao redor do planeta, com múltiplos códigos que tratam especificamente desta matéria, mudando assim toda a estrutura da relação de consumo e assegurando juridicamente o consumidor.
· Evolução Histórica do Direito do Consumidor:
Durante o período de forte desenvolvimento industrial, datados em períodos dos séculos XIX e XX, diversos movimentos populares pró-consumidor foram criados em busca de melhorias nas condições de trabalho, qualidade dos produtos e prestação de serviços, além da luta contra a exploração do trabalho infantil e de mulheres em fábricas e comércios. Inicialmente, estes movimentos foram mais expoentes em países como a França, Inglaterra, Alemanha e os Estados Unidos, estes que eram os pontos centrais deste boom industrial.
Como exemplo de um movimento exponente, exalta-se a associação de consumidores de Nova York, criada por Josephine Lowell, que elaborava várias listas com produtos e de acordo com sua qualidade, denominadas ‘listas brancas’. As listas eram uma recomendação para os consumidores escolherem tais produtos de maneira preferencial, privilegiando assim certas empresas, que respeitavam os direitos dos trabalhadores, proporcionavam boas condições de trabalho e higiene e prezavam por qualidade de sua produção. Sendo assim, era uma maneira direta de influenciar a conduta das empresas pelo poder de compra da classe consumidora.
Contudo, o fator principal para que o consumidor fosse finalmente reconhecido como sujeito de direitos específicos a serem tutelados pelo Estado se deu apenas na década de 1960, com uma declaração do presidente norte-americano John F. Kennedy após incidentes com veículos da Ford. Este episódio consistiu em uma falha no tanque de combustível nos carros de modelo ‘Pinto’ da Ford, empresa que se recusou a fazer uma grande mobilização para consertar os carros defeituosos, optando por deixá-los no mercado. A omissão da empresa em consertar e proporcionar segurança em seu produto acabou resultando em milhares de mortos e feridos, levando o grande público a um protesto em massa, clamando por seus direitos, e então, chamando a atenção do presidente, que declarou uma mensagem especial tratando sobre a proteção dos direitos dos consumidores: 
“Consumidores, por definição, somos todos nós. Os consumidores são o maior grupo econômico na economia, afetando e sendo afetado por quase todas as decisões econômicas, públicas e privadas [...]. Mas são o único grupo importante da economia não eficazmente organizado e cujos posicionamentos quase nunca são ouvidos.” (John F. Kennedy – Special Message to the Congress on Protecting Consumer Interest).
Entende-se pelo posicionamento de Kennedy que a classe consumidora constitui o mais importante grupo econômico e se encontra desorganizado e desprotegido; para remediar isto, o presidente defendeu que os consumidores deveriam desde então, serem considerados nas decisões econômicas, e enumerou as garantias básicas dos consumidores: o direito à saúde, protegendo-os de riscos com produtos que comportassem um risco a vida e bem estar; direito à segurança, garantindo a proteção estatal; direito à informação, assegurando que o consumidor esteja protegido de chamadas enganosas e propagandas fraudulentas, dando-lhe a ampla informação dos produtos; direito de escolha, uma garantia de serem ouvidos e tratados justamente em políticas governamentais e tribunais administrativos.
A declaração e o desejo do ex-presidente norte-americano em defender o direito do consumidor obteve repercussões internacionais, tendo em destaque o reconhecimento da tutela de direitos básicos para o consumidor pela Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas. No mesmo ano, a Comunidade Europeia emitiu a Carta de Proteção ao Consumidor, apontando diretrizes para a prevenção e reparação de danos causados ao consumidor, servindo de base para a Resolução do Conselho da Comunidade Europeia, que dividiu os direitos dos consumidores em categorias similares às estabelecidas anteriormente por Kennedy.
Em 1985, a assembleia geral da Organização das Nações Unidas adotou uma série de normas internacionais que tratavam da proteção ao consumidor, estas normas tinham por finalidade oferecer um norte para todos os países, especialmente para aqueles em desenvolvimento, para que assim pudessem elaborar e aperfeiçoar legislações específicas para a proteção do consumidor, ressaltando a importância de implantar medidas e políticas que privilegiassem a defesa deste consumidor.
· Tutela do consumidor antes da Constituição Federal de 1988 e a criação do Código de Defesa do Consumidor
O consumo no Brasil começou a se intensificar na década de 30, com o aumento da industrialização no Governo Vargas, com a criação de estatais como a Petrobras e a Companhia Siderúrgica Nacional e também com o estímulo do governo para que os produtores de café em crise pudessem migrar para o ramo industrial. Essa industrialização possibilitou um desenvolvimento econômico no Brasil e a população viu seu poder aquisitivo aumentar e começou a consumir mais.
Outro momento que possibilitou esse aumento no consumo das famílias aconteceu na década de 40, mais precisamente no ano de 1946, quando o General Eurico Gaspar Dutra assume a presidência do Brasil. Com ele no cargo, o país adotou uma política de alinhamento político e econômico com os Estados Unidos, que naquele momento se fortalecia como uma potência mundial após as duas grandes guerras e estava prestes a entrar na Guerra Fria contra a União Soviética, e comisso se pretendia um apoio dos EUA com investimentos no Brasil.
Nesse contexto, Dutra trabalhou para estimular a ideia de que o Capitalismo era bom e que o Socialismo era mau, para isso o governo incentivou o consumismo das famílias, através do "American Way of Life", no qual era propagado o ideal de vida americano como o melhor para a população. E esse ideal consistia, dentre outras coisas, em se consumir de forma demasiada e em utilizar produtos americanos que eram vistos como superiores. Dessa forma, as pessoas poderiam alcançar o tão sonhado modo de vida americano que traria sucesso e felicidade. 
Com aumento do consumo, alguns problemas começaram a aparecer, sendo um deles a falta de segurança que o consumidor tinha naquele momento, pois não existia nada que pudesse lhe proteger e colocá-lo em condições de igualdade com o fornecedor, o qual tem um poderio econômico maior do que o consumidor e uma posição mais privilegiada nessa relação. Caso o produto comprado pelo consumidor desse algum problema, ele não tinha a quem recorrer para solucionar o seu problema.
Ao passar dos anos, se percebeu a necessidade de se proteger o consumidor nessa relação e se iniciou uma campanha em defesa do consumidor. Na década de 70, surgiram os primeiros órgãos de defesa do consumidor. Em 1976, foram fundadas a Associação de Proteção ao Consumidor de Porto Alegre (APC), a Associação de Defesa e Orientação do Consumidor de Curitiba (ADOC) e o Grupo Executivo de Proteção ao Consumidor (atual Fundação Procon São Paulo). Esses órgãos criaram uma proteção maior aos que consumiam, mas eles tinham uma atuação mais local e se tornava necessário que se tivesse um órgão que pudesse proteger o consumidor de forma mais abrangente.
Nesse sentido, no ano de 1985, foi criado o Conselho Nacional de Defesa do Consumidor que teve como objetivo difundir a importância da Defesa do Consumidor e também o de elaborar propostas para que a Assembleia Constituinte nesse assunto. Os esforços desse conselho foram bem sucedidos e a criação do Código de Defesa do Consumidor foi previsto no Inciso XXXII do Artigo 5º da Constituição Federa da República do Brasil, que diz o seguinte: " O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do Consumidor".
Dois anos após a promulgação da Constituição, foi promulgada no dia 11/09/1990 a lei nº 8078, que é usualmente conhecida como o Código de Defesa do Consumidor. Com esse código foi possibilitada uma segurança maior ao consumidor, que foi reconhecido como a parte mais frágil da relação de consumo e que necessita de proteção contra possíveis arbitrariedades por parte do fornecedor, além de que ele passou a ter direitos que foram positivados e garantidos por órgãos de fiscalização.
· Constituição da República Federativa do Brasil e o Código de Defesa do Consumidor:
A sociedade está em constante mudança. Seja em seus hábitos, comportamentos, ideais, consumo. É um fato que em um mundo cada vez mais globalizado, a mudança na sociedade é cada vez mais rápida e constante. Com toda mudança o Estado precisa se adaptar para atender, de forma satisfatória, às necessidades dessa sociedade cada vez mais complexa. Como grande exemplo se tem a Constituição de 1988, conhecida como a Constituição-cidadã, por trazer em seu texto diversas normas que vão desde a organização estatal até direitos e deveres para seus cidadãos. 
Como direito fundamental para seus cidadãos a Constituição de 88 trouxe em seu artigo 5º, inciso XXXII, a seguinte ordem: “o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor.” Ordem. Foi a forma que o constituinte abordou o tema, deixando claro a sua necessidade e importância para a sociedade. A Defesa do consumidor foi trazida dentre os direitos fundamentais, que são cláusulas pétreas, não podendo ser abolida.
Por que a Constituição trouxe a Defesa do consumidor como direito fundamental? Conforme explica o professor Sérgio Cavalieri Filho: 
“Na década de 1980 já havia se formado no Brasil forte conscientização jurídica quanto à necessidade de uma lei específica de defesa do consumidor, uma vez que o Código Civil de 1916, bem como as demais normas do regime privatista, não mais conseguiam lidar com situações tipicamente de massa” (Sérgio Cavalieri Filho - 2019 - p.22) 
Não apenas no art. 5º, a Constituição aborda a Defesa do Consumidor em mais dois outros momentos. Em seu artigo 48, ADCT, “O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor”. Tamanha era a necessidade e importância desse direito que o constituinte originário determinou um prazo para que fosse criado um código que abordasse o tema de forma a regular esse assunto que já não era mais tão bem atendido pelo direito privado. 
Por último, em seu artigo 170, que trata sobre os princípios gerais da atividade econômica, no inciso V, está também a defesa do consumidor, como um grande princípio a nortear a atividade econômica no país. 
Como se pode notar, trata-se de um código de grande importância no direito brasileiro. Pois ao mesmo tempo que a defesa do consumidor é um dever para o Estado, ela é um direito fundamental para os consumidores, que são, na relação de consumo, parte vulnerável. O consumidor a partir desse momento passa a ser titular de direito fundamental. 
O código de defesa do consumidor portanto é um código diferente dos demais códigos, diferente porque ele é a concretização da vontade de um princípio fundamental decorrente da Constituição de 88.

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