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EXMO. SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 20ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE MANAUS - AM
 
	PROCESSO Nº: 0554107-09.2024.8.04.0001
	PARTE AUTORA: CHARLES GOMES DOS SANTOS
	PARTE RÉ: SKY SERVIÇOS DE BANDA LARGA LTDA
SKY SERVIÇOS DE BANDA LARGA LTDA, já qualificada nos autos da presente demanda, que lhe move CHARLES GOMES DOS SANTOS, também já qualificado, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, requerer e expor o que segue
A L E G A Ç Õ E S F I N A I S
Nas quais se pede o que segue da apreciação ao quadro fático e probatório:
I. DA SÍNTESE DOS FATOS
	A ação versa sobre a plataforma Serasa Limpa Nome. A parte autora alega estar prescrita a dívida ali indicada para negociação. Afirmou que tal situação também prejudicaria, supostamente, seu “score”. Assim, ingressou com a presente demanda requerendo seja determinado o cancelamento do débito, a retirada da restrição, bem como danos morais no valor de R$ 13.000,00 pelos abalos supostamente suportados.
II. DA REALIDADE DOS FATOS
Alguns esclarecimentos precisam ser, de plano, estabelecidos: (1) não houve negativação, (2) não houve prejuízo ao score, (3) nenhum dano (material ou moral) foi realmente comprovado na Inicial, (4) houve contratação com a Sky, comprovada por meio da tela abaixo:
 
Tela da assinatura em nome do Autor.
Além disso, conforme se demonstrará a seguir, nenhum dos argumentos jurídicos contidos na Inicial merece prosperar, razão pela qual a total improcedência da ação é medida inevitável. 
III.1. QUESTÃO DE ORDEM – NECESSÁRIA RETIFICAÇÃO DO POLO PASSIVO
Primeiramente, insta esclarecer haver erro material no que tange ao polo passivo da presente demanda. Ao invés de SKY SERVIÇOS DE BANDA LARGA LTDA, consta SKY BRASIL SERVIÇOS LTDA.
Contudo, conforme documentos acostados, a empresa SKY BRASIL SERVIÇOS LTDA foi incorporada pela SKY SERVIÇOS DE BANDA LARGA LTDA, em razão de Operação de Incorporação, aprovada em Assembleia Geral da Incorporadora na em 09/01/2017.
Dessa forma, sucederá àquela empresa, em todos os direitos e obrigações, de acordo com os ditames do artigo 227 da Lei nº 6.404/1976, art. 110 do NCPC e art. 1.116 do CC/02.
 Assim, em decorrência disto, importante que Vossa Excelência conheça a incorporação societária e, neste contexto, determine a adequação do polo passivo para que conste, em lugar de SKY BRASIL SERVIÇOS LTDA, a denominação SKY SERVIÇOS DE BANDA LARGA LTDA, procedendo-se às anotações necessárias, nos autos, alteração esta necessária em razão da própria segurança jurídica.
III.2. DA CONFIABILIDADE DAS TELAS SISTÊMICAS JUNTADAS PELA REQUERIDA
Com o uso crescente de sistemas informatizados nas atividades empresariais, é cada vez mais comum que as partes apresentem, como material probatório, telas e registros de sistemas informatizados.
O Superior Tribunal de Justiça já teve a oportunidade de analisar o tema:
[...] Com efeito, é de conhecimento comum que adesão a serviço telefônico não é necessariamente formalizada por escrito, eis que é mesmo usual ocorrer por solicitação verbal, ficando o aderente, assim, vinculado ao contrato padrão aprovado pela Anatel.
[...] Realmente, ela exibiu o "print" de seus controles internos nos quais constavam os dados pessoais do Autor, seu endereço, a data da habilitação e o período em que persistiu a prestação do serviço, durante o qual as faturas foram quitadas, o que ocorreu até o cancelamento do serviço.
Ao se manifestar sobre a contestação o Autor afirmou que as telas reproduzidas pela ré eram "facilmente manipuláveis", não servindo, destarte, como prova do que lá se informava, além de apontar que a contratante dos serviços tinha nome diferente do seu, o que reforçava o descabimento da negativação de seu nome.
Ocorre que motivo algum havia para se negar validade ou fé àqueles elementos informativos.
De fato, sendo informatizado o controle de contas, não se haveria mesmo de exigir da demandada outra forma de prova que não a reprodução dos dados presentes em seus computadores.
O Autor, por sua vez, não acostou aos autos um único documento sequer que indicasse nunca ter residido nem que tivera qualquer relação com o endereço onde a linha telefônica fora instalada.
(AREsp n. 1.597.029, Ministro Antonio Carlos Ferreira, DJe de 30/06/2020.)
Conforme se destacou acima, o “print” das telas sistêmicas são suficientes para fazer prova, não havendo motivo para que lhe seja negada validade.
 É importante relembrar que tal forma probatória pode ser analogicamente comparada à permissão legal prevista no artigo 422, §1º, CPC, que prevê que as fotografias extraídas da rede mundial de computadores fazem prova das imagens que reproduzem.
O entendimento de inadmissibilidade desse meio de prova, sob a justificativa de que são produzidas unilateralmente, ou que são manipuláveis, implicam no cerceamento do direito à ampla defesa (art. 5º, LV, CRFB/88), contrariam o princípio da atipicidade e liberdade probatória (art. 369, caput, CPC) e, consequentemente, geram nulidade processual.
Além disso, o Código de Processo Civil também estabelece que a distribuição do ônus da prova não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil (art. 373, §2º). 
Assim, vemos que as telas que serão utilizadas nesta defesa para comprovação da contratação realizadas pelo Autor são válidas, devendo ser consideradas como prova por este d. juízo.
III.3. DA PERDA DO OBJETO
A presente demanda já perdeu seu objeto. 
Se a parte autora busca pela interrupção das cobranças, a Requerida gostaria de demonstrar que assinatura já foi cancelada os valores devidos já estão isentos:
 
Assinatura – CANCELADA E ADIMPLENTE.
 
Assinatura – SEM DÉBITOS EM ABERTO.
A perda do objeto de uma ação acontece em razão da superveniente falta de interesse processual, seja porque já houve a satisfação da pretensão pretendida – não necessitando mais da intervenção do Estado-Juiz – seja porque a prestação jurisdicional já não é mais útil, pois houve a modificação das condições de fato e de direito que motivaram o pedido.
A partir desta circunstância, impõe-se a extinção do processo sem resolução do mérito, na forma do art. 485, inciso VI do Código de Processo Civil. 
III.4. DO TRÂNSITO EM JULGAMENTO DO INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA – PROSSEGUIMENTO DO FEITO – LEGITIMIDADE DE PLATAFORMAS DE NEGOCIAÇÃO – INEXISTÊNCIA DE DANO MORAL.
O processo nº 0003543-23.2022.8.04.9000 uniformizou a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Amazonas no sentido de que “o registro de débito, mesmo prescrito, em plataformas eletrônicas de negociação de dívida, não configura ato ilícito ensejador de dano moral”.
INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. DIREITO DO CONSUMIDOR. PLATAFORMA DENEGOCIAÇÃO DE DÍVIDAS. NATUREZA DIVERSA DEÓRGÃO DE PROTEÇÃO AO MERCADO DE CONSUMO. INSTRUMENTO QUE SE PRESTA TÃO SOMENTE À INTERMEDIAÇÃO DE ACORDO ENTRE CREDORES E DEVEDORES. REGISTROS QUE NÃO SE CONFUNDEM COM NEGATIVAÇÃO. REFLEXOS NO CREDIT SCORE. INEXISTÊNCIA. AUSÊNCIA DE CONSEQUÊNCIAS GRAVOSAS AO CONSUMIDOR. IRREGULARIDADE NÃO VERIFICADA. AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL NÃOCONFIGURADO.
1: As plataformas de negociação de dívidas não possuem a mesma natureza dos instrumentos de proteção ao mercado de consumo, i.e., dos serviços de proteção ao crédito, e os registros delas constantes não configuram negativação – inscrição em cadastros ou banco de dados desabonadores do histórico do consumidor para fins de análise de risco - não estando sujeitos, portanto, ao prazo do art. 43, § 1º da Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), desde que respeitados o sigilo das informações e a ausência de coerção para aderir às propostas .
2: A inserção de registro de dívidas prescritas em plataformas de negociação é legítima e não configura indevida restrição de crédito, por não afetar o credit score do consumidor.
3: O registro de débito, mesmo prescrito, em plataformas eletrônicas de negociação de dívida, não configura ato ilícito ensejador de dano moral e, portanto, dacorrespondente reparação.
Incidente de Uniformização de Jurisprudência nº 0003543-23.2022.8.04.9000
Nesse sentido, o Incidente de Uniformização de Jurisprudência assentou os seguintes entendimentos quanto as plataformas de negociação de dívida em geral:
· Não se trata de negativação; 
· Não há coação; 
· O acesso às informações é sigiloso; não há afetação no credit score; 
· A proposição de negociação de dívida prescrita é legitima e não configura ato ilícito.
Portanto, os pedidos autorais que se amoldem em qualquer das hipóteses supra não podem ser providos em nenhuma hipótese, sob pena de configurar violação à jurisprudência uniformizada e insegurança jurídica.
A reclamação acerca de quaisquer pedidos sobre débito oriundo das plataformas de negociação é incabível, porquanto, trata-se tão somente de proposta de negociação do débito, razão pela qual não há afetação no Score, negativação ou publicidade.
Vale ressaltar que não há qualquer diferença entre o presente caso e a situação já analisada e com entendimento já sedimentado na jurisprudência do TJ/AM. Por esse motivo, requer-se o prosseguimento do feito para que seja julgado totalmente improcedente o pleito Autoral para indenização por danos morais.
III.5. DA AUSÊNCIA DE NEGATIVAÇÃO – PLATAFORMA SERASA LIMPA NOME 
É importante destacar, inicialmente, que conta atrasada não é conta negativada, ou seja, a dívida cobrada na plataforma Serasa Limpa Nome não se confunde com negativação feita nos órgãos de proteção ao crédito.
A plataforma Serasa Limpa Nome é uma plataforma de negociação de dívidas com até 90% de desconto e condições especiais. 
O acesso às propostas existentes é realizado mediante cadastro, o consumidor precisa criar um login e senha para conseguir acessar a plataforma.
Em resumo, o Serasa Limpa Nome, que é visível apenas ao consumidor, não se confunde com negativação.
Abaixo, está um exemplo de como a dívida atrasada, como esta trazida à baila, aparece na plataforma. Note-se que a identificação de “conta atrasada” é evidente:
 
Print extraído de Plataforma de negociação juntado á inicial.
O próprio site do Serasa Limpa Nome[footnoteRef:1], cumprindo rigorosamente o dever de informação insculpido no artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor, esclarece claramente sobre como se dá o funcionamento do portal, sendo certo que não há como se alegar desconhecimento sobre o assunto. [1: https://www.serasa.com.br/limpa-nome-online ] 
Assim, diante de tudo o que se expôs até aqui, não resta qualquer possibilidade de condenação, uma vez que restou comprovada a contratação e prestação do serviço e não há ilícito na utilização da plataforma Serasa Limpa Nome (lembrando, neste ponto, que sequer houve negativação).
III.6.  INEXISTÊNCIA DE COBRANÇA EXTRAJUDICIAL 
III.6.1 - O acórdão afirma, claramente, que Plataforma de Negociação NÃO É cobrança extrajudicial
De acordo com a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, no Recurso Especial nº 2.088.100 - SP (2023/0264519-5), o conceito de cobrança extrajudicial seria aquela realizada por meio de telefonemas, e-mail, mensagens de texto de celular (SMS e WhatsApp), bem como, por meio de cadastro de inadimples que acarretem impacto no score (o que não ocorre nas plataformas de negociação).[1]
Inclusive, a própria relatora, no seu voto, afirma claramente que a inserção de dívida na plataforma do Serasa Limpa Nome NÃO É cobrança extrajudicial, quiçá impacta no score.
40. Acrescente-se que o chamado “Serasa Limpa Nome” consiste em uma plataforma na qual credores conveniados informam dívidas – prescritas ou não – passíveis de transação com o objetivo de facilitar a negociação e a quitação de débitos pendentes, normalmente com substanciosos descontos. Não se trata, portanto, de cadastro negativo, não impactando no score de crédito do consumidor e acessível somente ao credor e ao devedor mediante login e senha próprios (https://www.serasa.com.br/limpa-nome-online/blog/o-que-e-serasa-limpa-nome/)
41. Nesse contexto, embora a parte autora não tenha requerido, na exordial, a exclusão de seu nome da referida plataforma (e-STJ fl. 7), é oportuno destacar que eventual inclusão ou permanência do nome do devedor no "Serasa Limpa Nome", em razão de dívida prescrita, não pode acarretar – ainda que indiretamente – cobrança extrajudicial, tampouco impactar no score do consumidor.
Ou seja, não há que se falar em cobrança extrajudicial na plataforma Serasa Limpa nome.
III.7.DA INEXISTÊNCIA DE DANO MORAL
III.7.1 – Não houve concessão de dano moral no precedente invocado, Recurso Especial nº 2.088.100 - SP (2023/0264519-5)
Conforme já se elucidou acima, a decisão ora atacada menciona o acórdão proferido pela 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, no Recurso Especial nº 2.088.100 - SP (2023/0264519-5). Naquela ocasião, o STJ decidiu por não dar provimento ao Recurso Especial, mantendo a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo.
O Tribunal de Justiça de São Paulo (processo nº 1008351-83.2021.8.26.0009), por sua vez, mesmo dando provimento à apelação do Autor, não concedeu danos morais.
Ou seja, não houve concessão de danos morais nem pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, nem pelo Superior Tribunal de Justiça.Se a concessão de danos morais está sendo baseada em aspectos pontuais do caso em apreço, o dano moral não pode ser presumido, conforme se demonstrará a seguir.
III.7.2 – Impossibilidade de presunção do dano moral – Inexistência de precedente ou lei que assim o permita
De acordo com o princípio da legalidade, ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei (art. 5º, II, CRFB/88).Qualquer pedido ou decisão pela condenação à indenização por dano moral precisar estar fundamentado, não bastando apenas a menção de que a situação caracteriza dano moral presumido. É preciso explicar qual é o fundamento para isso.
A simples alegação de suposta ocorrência de fraude, ou assunção dos riscos do negócio não é fundamentação suficiente. Mesmo porque, nos presentes autos, não há qualquer comprovação de dano ao nome, ao score ou a qualquer outro elemento da vida imaterial da parte autora. Frise-se: não há dano!
[1] Tal conceito pode ser extraído do parágrafo 39 do acórdão: “39. A partir da fundamentação apresentada, extraem-se as seguintes consequências práticas: não é lícito ao credor efetuar qualquer cobrança extrajudicial da dívida prescrita, seja por meio de telefonemas, e-mail, mensagens de texto de celular (SMS e Whatsapp), seja por meio da inscrição do nome do devedor em cadastro de inadimplentes com o consequente impacto no seu score de crédito.”
[2] Direito civil: lei de introdução e parte geral – v. 1 / Flávio Tartuce. – 15. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2019.
[3] Direito civil: lei de introdução e parte geral – v. 1 / Flávio Tartuce. – 15. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2019.
A reparação dos danos é exigível apenas na existência de elementos indispensáveis, consubstanciados na comprovação do ato ilícito + comprovação do nexo causal + comprovação do dano. No presente caso, não houve a demonstração de qualquer dano.
Ora, a presunção do dano é a exceção, e não a regra! De qualquer maneira, seja na exceção ou na regra, a permissão legal precisa ser esclarecida.
Portanto, mesmo que se fale em dano moral in re ipsa, é necessário que seja indicado qual é o fundamento legal, ou o precedente judicial que autoriza o afastamento da regra (comprovação do ato ilícito + nexo causal + dano)."Elevada a cânone constitucional, a fundamentação apresenta-se como uma das características do processo contemporâneo, calcado no 'due process of law', representando uma 'garantia inerente ao Estado de direito'" (REsp. 131.899 - MG - STJ - 4ª T. - Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira).
Assim, a decisão judicial precisa indicar qual é a norma ou jurisprudência que autoriza a presunção do dano moral, sob pena de violação do princípio da fundamentação e coerência com a jurisprudência, ofendendo diretamente o art. 489, §1º, inciso II do CPC, e art. 93, inciso IX, da Constituição Federal.
O mandamento do art.373, I, do CPC não pode ser obscurecido pela hipossuficiência. Tratar-se-ia de prova diabólica se exigir que a empresa comprovasse não ter havido abalo moral na vida pessoal da parte requerente.
Conforme já mencionado acima, a parte requerente não trouxe aos autos qualquer prova de cobrança extrajudicial, nem mesmo mencionou qualquer autorização, legal ou jurisprudencial, para a presunção de um dano. 
Por esse motivo, seu pedido por dano moral deve ser afastado e, no caso de ser acolhido, precisa estar fundamentado, sob pena de nulidade por vício na fundamentação.
III.8. DA AUSÊNCIA DE PREJUÍZO AO SCORE 
Segundo o site da Serasa[footnoteRef:2]2, o score de crédito é reflexo do comportamento financeiro do indivíduo. Ele reúne todo o histórico de crédito e não apenas as contas que deixaram de ser pagas. São levados em consideração o pagamento das contas em dia (como água, luz, gás e telefone), a manutenção de dados cadastrais atualizados, a busca de crédito com moderação. [2: 2Mais informações em https://www.serasa.com.br/score/blog/pontuacao-cai-ao-fazer-consulta-score/ e em https://www.serasa.com.br/score/blog/score-de-credito/] 
Ou seja, por meio da construção de histórico de bom pagador é que o score é calculado.
Assim, o débito que se discute nos autos não afeta o cálculo do SCORE. 
O site do Serasa fornece diversos esclarecimentos sobre o assunto e, da simples leitura das informações ali contidas, é possível identificar que não seria possível atribuir eventual baixa pontuação apenas à dívida exibida como “Conta Atrasada” na plataforma de negociação da Serasa Limpa Nome.
Caso restem dúvidas deste juízo sobre isso, requer-se a expedição de ofício à Serasa para maiores esclarecimento, contudo, é preciso já realçar, diante do exposto, o fato de que não resta qualquer condenação que possa ser atribuída à Requerida a respeito desse assunto. 
III.9. DA SÚMULA 550/STJ, TEMA REPETITIVO 710/STJ E TEMA 802/STF– BAIXO SCORE NÃO ACARRETA DANOS MORAIS.
Em que pese a Plataforma Serasa Limpa Nome não afetar o sistema de Credit Score do usuário, é importante ressaltar que, ainda que assim não fosse, não haveria que se falar em danos morais.
Importante esclarecer que, conforme Súmula 550 do STJ, a utilização dos sistemas de bancos de dados para o fim de avaliação de risco é permitida, independentemente da existência de prescrição da dívida:
STJ - Súmula n. 550: A utilização de escore de crédito, método estatístico de avaliação de risco que não constitui banco de dados, dispensa o consentimento do consumidor, que terá o direito de solicitar esclarecimentos sobre as informações pessoais valoradas e as fontes dos dados considerados no respectivo cálculo.
Inclusive, insta mencionar que o Tema Repetitivo 710 do STJ, que deu origem à Súmula 550, já havia estabelecido a legalidade do sistema Credit Score:
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA (ART. 543-C DO CPC). TEMA 710/STJ. DIREITO DO CONSUMIDOR. ARQUIVOS DE CRÉDITO. SISTEMA "CREDIT SCORING". COMPATIBILIDADE COM O DIREITO BRASILEIRO. LIMITES. DANO MORAL. I - TESES: 1) O sistema "credit scoring" é um método desenvolvido para avaliação do risco de concessão de crédito, a partir de modelos estatísticos, considerando diversas variáveis, com atribuição de uma pontuação ao consumidor avaliado (nota do risco de crédito). 2) Essa prática comercial é lícita, estando Autorizada pelo art. 5º, IV, e pelo art. 7º, I, da Lei n. 12.414/2011 (lei do cadastro positivo). 3) Na avaliação do risco de crédito, devem ser respeitados os limites estabelecidos pelo sistema de proteção do consumidor no sentido da tutela da privacidade e da máxima transparência nas relações negociais, conforme previsão do CDC e da Lei n. 12.414/2011. 4) Apesar de desnecessário o consentimento do consumidor consultado, devem ser a ele fornecidos esclarecimentos, caso solicitados, acerca das fontes dos dados considerados (histórico de crédito), bem como as informações pessoais valoradas. 5) O desrespeito aos limites legais na utilização do sistema "credit scoring", configurando abuso no exercício desse direito (art. 187 do CC), pode ensejar a responsabilidade objetiva e solidária do fornecedor do serviço, do responsável pelo banco de dados, da fonte e do consulente (art. 16 da Lei n. 12.414/2011) pela ocorrência de danos morais nas hipóteses de utilização de informações excessivas ou sensíveis (art. 3º, § 3º, I e II, da Lei n. 12.414/2011), bem como nos casos de comprovada recusa indevida de crédito pelo uso de dados incorretos ou desatualizados. II - CASO CONCRETO: [...] 4) Acolhimento da alegação de inocorrência de dano moral "in re ipsa". 5) Não reconhecimento pelas instâncias ordinárias da comprovação de recusa efetiva do crédito ao consumidor recorrido, não sendo possível afirmar a ocorrência de dano moral na espécie. 6) Demanda indenizatória improcedente. III - NÃO CONHECIMENTO DO AGRAVO REGIMENTAL E DOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS, E RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO. (STJ - REsp: 1419697 RS 2013/0386285-0, Relator: Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Data de Julgamento: 12/11/2014, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 17/11/2014 RSSTJ vol. 45 p. 323 RSTJ vol. 236 p. 368 RSTJ vol. 240 p. 256)
Conforme ressaltado nos votos dos Ministros Teori Zavascki e Marco Aurélio, no julgamento do Tema 802 do STF, a simples circunstância de se atribuir uma nota insatisfatória a uma pessoa não acarreta, por si só, um dano moral.Dessa forma, ainda que a plataforma Serasa Limpa Nome incorresse em afetação do score, a legalidade do sistema Credit Score é expressamente reconhecida e, saliente-se, um score baixo não acarreta, segundo o STJ e o STF, um dano moral.
Portanto, qualquer possibilidade de se cogitar o dano moral no presente caso, deve ser afastada pela incidência da Súmula 550 do STJ, pela tese firmada no Tema Repetitivo nº 710 do STJ, e pelo entendimento exposto no julgamento do Tema 802 do STF.
III.11. IMPOSSIBILIDADE DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA POR AUSÊNCIA DE VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES INICIAIS
Vale lembrar que a inversão do ônus da prova garantida no artigo 6º, inciso VIII, do CDC, estabelece uma condição para isso: quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências.
Entretanto, a doutrina e o próprio Superior Tribunal de Justiça consideram que a conjunção “ou” utilizada no preceito legal, na realidade, foi um equívoco do legislador. 
Nesse contexto, a melhor leitura do artigo 6º, inciso VIII, do CDC, seria considerar que a inversão do ônus da prova deverá ocorrer, tão somente, quando for verossímil a alegação e quando o Autor for hipossuficiente.
É evidente, portanto, que a mera hipossuficiência ou a verossimilhança isolada das alegações do consumidor não enseja a inversão de um dos mais relevantes ônus processuais. Os processualistas Cândido Rangel Dinamarco e Bruno Vasconcelos Carrilho Lopes também entendem que a inversão do ônus da prova em demandas consumeristas somente se justifica “quanto presentes os requisitos da hipossuficiência do consumidor e da verossimilhança de suas alegações”.
Nesse mesmo sentido eis outro precedente de lavra do Col. Superior Tribunal de Justiça sobre o tema:
"A inversão ou não do ônus da prova, prevista no art. 6º, VIII, da Lei n. 8.078/90, depende da análise de requisitos básicos (verossimilhança das alegações e hipossuficiência do consumidor), aferidos com base nos aspectos fático-probatórios peculiares de cada caso concreto" (STJ, 4ª T., REsp. n. 284.995-SE, j. 26.10.01, rel. Min. Fernando Gonçalves).Orientados pelo Col. Superior Tribunal de Justiça, diversos Tribunais pátrios passaram aplicar esse (correto) entendimento, no sentido de que a inversão do ônus da prova em demandas consumeristas indubitavelmente exige tanto a presença de verossimilhança nas alegações autorais como a hipossuficiência do consumidor. [footnoteRef:3] [3: Artigo “A indispensabilidade do requisito da verossimilhança para a inversão do ônus da prova”, por Caio Veronesi Cunha, publicado em 02/02/21,no link https://www.migalhas.com.br/depeso/339798/inversao-do-onus-da-prova-em-demandas-consumeristas
] 
No presente caso, não se verifica a verossimilhança das alegações, pois conforme se demonstrará adiante, não há respaldo suficiente para que a inversão do ônus da prova seja decretada. 
Não há, nem mesmo, como se ter certeza de que as imagens colacionadas na Inicial são, realmente, do aparelho da parte autora.Dessa forma, se não há razões para a inversão, o ônus da prova incumbe à parte autora, que deveria comprovar que as supostas ligações foram, realmente, efetuadas pela Ré (art. 373, inciso I, CPC).  
III.12. DAS AÇÕES IDÊNTICAS PROMOVIDAS PELO PATRONO DA PARTE AUTORA - AFRONTA AO PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA
No presente caso, verifica-se que os Drs. LUAN CARLOS BRASIL BARBOSA e AMANDA MOREIRA BARROS
OAB/AM 14.197 e OAB/AM 13.113, tem movimentado o Judiciário com elevado número de ações na comarca de MANAUS - AM, ações tais que quase sempre apresentam a mesma causa de pedir.
Há que se ressaltar que a função do advogado é a de obter o máximo em favor de seus clientes, respeitando sempre os limites éticos e as normas disciplinadoras de sua atividade profissional.
Todavia, não é o que temos enfrentado. Diariamente nos deparamos com a seguinte situação:
Desta feita, tendo em vista a quantidade vultosa de processos com o mesmo objeto, argumentos e fatos, necessário se faz a apuração. Importante evidenciar que outros juizados já tomaram conhecimento da prática e determinaram o envio dos autos para comissão de ética da OAB.
III.12. DA FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS – PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE
Como já explanado anteriormente, a ação proposta traz à baila o tema do Enunciado nº 11 e, de acordo com o art. 332, do Código de Processo Civil, não demandaria nem a citação da Ré para ser julgada liminarmente improcedente.
Assim, para que seja definido o cabimento de honorários advocatícios, o fator balizador a ser seguido é o princípio da causalidade, ou seja, a parte que deu causa à lide deverá arcar com as verbas advocatícias.
O conceito do princípio da causalidade está intimamente relacionado à “evitabilidade do litígio”, aquele que dá causa a uma ação judicial deve pagar honorários ao advogado daquele que foi envolvido injustamente nessa ação. Dessa forma, o advogado não tem direito aos honorários porque seu cliente é vencedor. O advogado tem direito aos honorários porque o adversário do seu cliente, vencido ou vencedor, deu causa ao processamento.
Como dito alhures, é fato incontroverso que a ação não demandaria nem a citação da Ré para ser julgada liminarmente improcedente. Nesse sentido, a jurisprudência deste Tribunal já tem considerado que as verbas sucumbenciais devem recair à parte autora:
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE DÉBITOS Sentença de procedência, declarando a inexigibilidade das dívidas, determinando que o réu exclua as dívidas na plataforma Serasa Limpa Nome e condenando o réu ao pagamento de R$3.500,00 a título de indenização por danos morais – Irresignação do réu - O fato de a dívida estar prescrita não a torna inexistente Prescrição que alcança tão somente o direito de ação do credor em exigir judicialmente o pagamento do débito contraído pelo Autor - Cadastro da dívida na plataforma “Acordo Certo”, de acesso exclusivo do consumidor, para a negociação da dívida Inexistência de inscrição desabonadora Danos morais inexistentes Verbas de sucumbência carreadas à parte autora de acordo com o princípio da causalidade, visto ter dado causa ao ajuizamento da ação ao descumprir o negócio até operar-se a prescrição do débito que não pagou. Sentença reformada em parte Recurso parcialmente provido. 
(TJ/SP, Apelação nº1022522-29.2021.8.26.0564, 11ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Marco Fábio Morsello, j. 27.05.2022).
APELAÇÃO CÍVEL. Ação declaratória de inexistência de débito cumulada com indenização por danos morais. Sentença de parcial procedência para declarar a inexigibilidade do débito apontado na inicial, rejeitada a pretensão indenizatória. Insurgência do Autor. Inadmissibilidade. Embora incontroversa a inexistência do débito e os transtornos enfrentados pela apelante, a mera inclusão do nome do Autor na plataforma “Serasa Limpa Nome”, destinada à facilitação de negociação e quitação de dívidas, apontando um débito, ainda que indevido, por si só, não gera o dever de indenizar. Ausência de inscrição indevida dos dados da suplicante nos órgãos de proteção ao crédito. Peculiaridade que obsta a caracterização de dano moral indenizável. Mero aborrecimento cotidiano. Não conhecimento do pedido de majoração da verba honorária. Matéria estranha. Sentença que condenou o Autor, por inteiro, com o pagamento das custas, das despesas processuais e dos honorários advocatícios, por força do princípio da causalidade. Sentença mantida. Aplicação do artigo 252 do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Recurso conhecido em parte e não provido na parte conhecida. 
(TJ/SP, Apelação nº1000777-15.2021.8.26.0007, 18ª Câmara de Direito Privados, Rel. Des. Helio Faria, j. 08.09.2021).
Desta forma, se o pedido deve ser julgado liminarmente improcedente, de acordo com o Código de Processo Civil, não há que se falar em condenação da Requerida ao pagamento de honorários sucumbenciais, uma vez que sequer haveria necessidade de estabelecimento do contraditório.
Na verdade, se houver condenação em honorários nesta ação, esta deverá ser arcada pela parte autora, que é quem acionou o Poder Judiciário para discutir tema com entendimento já consolidado pelo Enunciado nº 11. 
Por tais motivos, requer seja afastada a incidência de honorários de sucumbência e despesas processuais em face da Requerida e, via de consequência, por ter a parte autora dado início à ação ciente do entendimento consolidado, que ela seja condenada ao pagamento de honorários em favor do patrono da Requerida.
III.12. DO PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE E DO QUANTUM INDENIZATÓRIO – VEDAÇÃO AO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
Ainda que pudesse se falar na ocorrência de danos passíveis de indenização, o que se cogita apenas em respeito ao princípio da eventualidade, o valor da indenização precisa evitar o enriquecimento ilícito. 
Cumpre ao órgão julgador arbitrar um valor com moderação, cumprindo o critério da razoabilidade e proporcionalidade, adstrito à realidade identificada nos autos, sobretudo por se tratar de um caso sem a existência de negativação.
Portanto, caso pudesse se cogitar uma condenação no presente caso, hipótese levantada apenas em observância ao princípio da eventualidade, requerer-se-ia que, diante da superficialidade dos fatos, a verba indenizatória fosse módica, levando-se em consideração os primados acima indicados.
Por fim, os fatos narrados pelo Autor não comprovam a ocorrência de violação à sua dignidade e moral, pois o mesmo não foi afligido por qualquer dor, sofrimento, ou exposta à situação constrangedora que caracterizasse o dano, e, consequentemente, indenização compensatória. Na verdade, os elementos constantes nos autos, bem como o comportamento do Autor FORÇAM O ENTENDIMENTO DE QUE O MESMO SOFREU UM MERO ABORRECIMENTO, O QUAL NÃO CARACTERIZA DANOS MORAIS.
Assim, ante o exposto, reitera os termos da Contestação e requer-se a IMPROCEDÊNCIA IN TOTUM DOS PEDIDOS DA INICIAL em todos os seus termos, pela não ocorrência de danos que possam amparar o pleito almejado.
Por derradeiro, requer que as publicações e intimações sejam realizadas, exclusivamente, em nome do patrono aqui constituído, ou seja, DENNER B. MASCARENHAS BARBOSA.
Nestes termos, pede deferimento.
MANAUS - AM, 28 de outubro de 2024.
 
DENNER B. MASCARENHAS BARBOSA OAB/AM 1183-A
	
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