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LEISHMANIOSE Prof. Rosiane Teles Centro Universitário Estácio do Ceará – Estácio/FIC Disciplina de Parasitologia Básica em Enfermagem INTRODUÇÃO Gênero Leishmania - espectro de doenças tegumentares e viscerais, de caráter crônico, muitas vezes deformante e até fatal, transmitidas por flebotomíneos. Mais de 12 milhões de infectados em todo o mundo. Franca expansão no Brasil, ocorrendo de forma endêmica no Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. Ordem Kinetoplastida Família Trypanossomatidae Gênero Leishmania várias espécies. MORFOLOLOGIA Parasitas dixênico: Hosp. Vertebrado – mamíferos; Hosp. Invertebrado: Phlebotomus - Velho Mundo Lutzomya – Americas. Duas formas: Promastigota: Formato fusiforme, flagelada. É inoculada pelo vetor e converte-se em amastigota. Amastigota: Formato oval ou esférico. Forma intracelular do hospedeiro vertebrado. São ingeridas pelo flebotomíneo durante a hematofagia. MORFOLOLOGIA Nas Américas, o homem se infecta quando um flebotomíneo do gênero Lutzomyia (conhecido vulgarmente como “mosquito-palha”, “cangalhinha”, “birigui”) Inocula formas promastigotas durante seu repasto sangüíneo. Estas formas são fagocitadas por macrófagos teciduais e convertem-se em amastigotas Reproduz-se por divisão binária até que a célula hospedeira fique repleta de parasitos e se rompa. Com a destruição da célula, inúmeras amastigotas são liberadas e fagocitadas por outros macrófagos, dando continuidade aos ciclos de reprodução assexuada. O vetor, por sua vez, se infecta durante a hematofagia quando ingere células parasitadas por amastigotas as quais, ao chegarem no intestino do flebotomíneo, transformam-se em promastigotas. FORMAS CLÍNICAS Doenças do sistema fagocítico mononuclear com características clínicas e epidemiológicas diversas – 4 grupos: Leishmaníase cutânea - produz exclusivamente lesões cutâneas limitadas. Leishmaníase cutâneo-mucosa - freqüentemente se complicam pelo aparecimento de lesões destrutivas em algumas mucosas. Leishmaníase cutânea difusa - formas cutâneas disseminadas. Leishmaníase visceral ou Calazar - o parasito tem tropismo pelo sistema fagocítico mononuclear de órgãos como o fígado, o baço e a medula, que se tornam hipertrofiados. Fase inicial da doença Formação de pequeno nódulo Forma benigna Remissão dos sintomas Manifestações clínicas espécie de Leishmania resposta do hospedeiro Leishmaniose tegumentar AMERICANA É a forma mais comum da doença e cerca de 12 milhões de pessoas estão infectadas em todo o mundo; Dois milhões de novos casos a cada ano. A forma disseminada é relativamente rara e pode ser observada em até 2% dos casos. A forma mucosa ou mucocutânea - lesões destrutivas e mutilantes nas mucosas das vias aéreas superiores - 3 a 5% dos casos. Região Norte – 45% (PA, MA, RO) Região Nordeste – 26% (MA, BA e CE) Região Centro-Oeste – 15% (MT) Região Sul – 3% (PR) Atinge adultos e crianças, com percentuais variáveis entre as regiões. FORMA CUTÂNEA localizada Úlcera indolor áreas expostas da pele; Pode ser única ou múltipla (até 20); Formato arredondado ou ovalado; Base eritematosa, infiltrada e de consistência firme; Bordas bem-delimitadas e elevadas; Fundo avermelhado e com granulações grosseiras. Fase inicial, sem ulceração Estágio inicial da ulceração Lesão ulcerada franca Forma cutânea disseminada Variação da leishmaniose cutânea - Forma clínica rara; Ocorre em pacientes imunodeprimidos; Inicia-se de maneira insidiosa, com má resposta ao tratamento; Evolução lenta; Formação de placas e múltiplas nodulações não ulceradas em grandes extensões cutâneas. Lesões em placas infiltradas, com tubérculos nas orelhas e faces Leishmaniose cutâneo-mucosa Curso clínico inicial semelhante ao da forma cutânea; Capaz de causar lesões destrutivas secundárias em mucosas e cartilagens, meses ou anos após a lesão primária. Disseminação metastática – nariz, faringe, boca e laringe FORMA CUTÂNEA DIFUSA Múltiplas lesões papulares, de aspecto acneiforme; Acomete vários locais do corpo, em especial face e tronco; Cerca de 24 horas após as lesões primárias, aparecem lesões em locais distantes da picada; O número de lesões pode chegar a centenas. Acometimento mucoso (língua) – 30% Lesão em placa extensa, com crostas Polimorfismo lesional Diagnóstico laboratorial Exames Parasitológicos Demonstração direta do parasita: biópsia, escarificação, punção aspirativa. Método de 1ª escolha: barato, rápido, de fácil execução. Quanto maior o tempo de evolução, menor a probabilidade de encontrar o parasito. Cultura: Método que permite posterior identificação da Leishmania. Meios de cultura: NNN e LIT Isolamento in vivo: pouco utilizado. Diagnóstico laboratorial Exames Imunológicos: Intradermorreação de Montenegro Visualização da resposta de hipersensibilidade celular retardada; Pode permanecer positiva após o tratamento; Em áreas endêmicas, pode corresponder a leishmaniose anterior, infecção sem doença e outras doenças (dç Chagas, Hanseníase virchowiana, Tb, etc.). Na forma mucosa: muito positiva, Forma cutânea difusa: negativa. Sorologia: ELISA, Imunofluorescência indireta Não estão disponíveis comercialmente, só para pequisa. Títulos mais altos estão associados a lesões múltiplas Testes moleculares - PCR Contra-indicações: Absoluta: Gestantes; Relativa: pessoas acima de 50 anos, nefropatas, cardiopatas, hepatopatas e portadores de dç de Chagas. Efeitos colaterais: Inversão e achatamento da onda T, prolongamento do intervalo QT: dose/tempo-dependente Artralgia, mialgia, anorexia, vômitos, plenitude gástrica, febre, tontura; Pancreatite, insuficiência renal aguda. Drogas de 2ª escolha: Anfotericina B, pentamidinas LEISHMANIOSE VISCERAL OU CALAZAR L. donovani, L. infantum, no Brasil causada por L. chagasi. Enfermidade crônica e endêmica em algumas regiões do Brasil. Crianças são as mais acometidas. Caracterizada por: Febre irregular e de longa duração Hepatoesplenomegalia Linfoadenopatia Anemia com leucopenia Hipergamaglobulinemia Emagrecimento Edema Caquexia e morte se não for tratado, dentro de 2 anos MUNICÍPIOSCOM MAIOR NÚMERO DE CASOS Fortaleza 49 Sobral 21 Maracanaú Coreaú 11 Camocim 6 Juazeiro do Norte 5 DIAGNÓSTICO Pesquisa de parasitos - Aspirado de medula óssea, do baço ou de linfonodos, punção esternal (ou a punção da crista ilíaca, em crianças) as preferidas. Sorologia (ELISA, imunofluorescência indireta): Para quando não forem encontrados os parasitos. TRATAMENTO Antimoniais pentavalentes, de uso prolongado e administração parenteral: Antimoniato de meglumine (ou antimoniato de N-metilglucamina). Estibogluconato de sódio (ou gluconato de sódio e antimônio). Segunda linha estão: Pentamidina, por via intravenosa. Anfotericina B, para perfusão intravenosa. Alopurinol, por via oral. CUIDADOS DE ENFERMAGEM Orientações sobre a doença, a importância do diagnóstico e do tratamento; Analisar exames laboratoriais e registrar alterações; Estar atento as possíveis reações adversas causadas pelo drogas usadas no tratamento; Identificar e reduzir os vários estressores ambientais proporcionando um ambiente confortável e passível de sua recuperação; Permitir ao paciente que desenvolva atividades que promovam sentimentos de conforto e tranquilidade; FIM
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