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INTRODUÇÃO 
O pesquisador do pentecostalismo Eddie Hyatt afirma que a história 
do pentecostalismo não é tão evidente antes do século XX, devido à 
rejeição dos dons espirituais por parte de historiadores mais modernos, 
fazendo com que os dons do Espírito Santo fossem ignorados ou tratados 
de maneira detrativa. Desta maneira, há dentro do pentecostalismo um 
desafio da legitimidade histórica devido à crítica a ele dirigida de não 
possuírem uma tradição histórica e, consequentemente, ser apenas um 
movimento periférico ao cristianismo ortodoxo. Assim, se faz necessário 
apresentar a história do pentecostalismo, tendo como fundamento pessoas 
e movimentos que contribuíram de maneira direta ou indireta na 
formação teológica do pentecostalismo. 
A questão de rejeição ao pentecostalismo por parte dos historiadores 
abrange também o relato histórico dentro do próprio protestantismo. 
Segmentos protestantes, como reformados calvinistas, batistas, luteranos, 
anglicanos e outros, desprezam quase que completamente os eventos que 
ao longo da história foram definindo a teologia pentecostal. Na maioria 
das vezes esta rejeição se dá pela escassez de documentos históricos do 
próprio pentecostalismo ou pela rejeição à própria teologia pentecostal. 
Esta rejeição à teologia pentecostal tem como um dos fundamentos a 
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discussão sobre ser o livro de Atos dos Apóstolos apenas um livro histórico, 
ou um livro histórico e doutrinário simultaneamente. Pois para aqueles 
que rejeitam a teologia pentecostal, o livro de Atos dos Apóstolos é um livro 
exclusivamente histórico, não apresentando aspectos doutrinários que 
deveriam ser observados pela Igreja cristã no decorrer dos séculos. 
Consequentemente, um dos eventos bíblicos fundamentais para o 
pentecostalismo, o batismo com o Espírito Santo, não é doutrinário, mas 
apenas um relato histórico e, por isso, não é ensinado na maioria das 
denominações protestantes distintas das pentecostais e neopentecostais. 
Contudo, por parte do pentecostalismo e suas mais diversas segmentações 
é defendido que Atos dos Apóstolos é simultaneamente histórico e 
doutrinário. 
ATOS: HISTÓRICO OU DOUTRINÁRIO 
Teólogos, intérpretes do Novo Testamento e diversos autores 
afirmam que Lucas, o autor de Atos dos Apóstolos, não tinha a intensão de 
desenvolver um propósito didático ou instrutivo na elaboração do escrito, 
mas, apenas um relato histórico. Por isso, para estes, quando afirmamos 
que queremos ser guiados pelas Escrituras pelo entendimento da obra do 
Espírito, devemos buscar essa orientação primeiramente nas partes 
didáticas, mais que nas partes históricas. As partes didáticas da Bíblia 
encontram-se nos ensinos de Jesus e nos sermões e escritos dos apóstolos, 
não nas partes puramente narrativas de Atos. Ou seja, o que é doutrinário 
deve ter maior relevância de ser praticado pela igreja, do que apenas uma 
narrativa histórica, como no caso de Atos dos Apóstolos. Esta argumentação 
defende a separação do que é didático (ensino) e o que é histórico 
(narrativa de um fato). Afirmam ainda que o processo de formular 
doutrinas e práticas na base de matérias históricas é hermenêutica 
incorreta ou ainda uma hermenêutica pragmática no lugar de uma 
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hermenêutica científica. Além disso, defendem que o Evangelho de Lucas e 
o livro de Atos dos Apóstolos devem estar dentro de uma separabilidade, 
ou seja, são dois escritos com propósitos diferentes. 
Por outro lado, diversos outros teólogos, intérpretes do Novo 
Testamento e inúmeros escritores defendem que é bastante arbitrária o 
pensamento de que a matéria histórica não tem valor didático. Isto é, 
mesmo que o escrito lucano de Atos dos Apóstolos seja uma narrativa 
histórica, mas não é destituída de intensões instrutivas. Esta posição 
afirma que o gênero literário de Atos não é meramente histórico, mas 
também intencionalmente teológico, ou seja, Lucas tinha a intenção de 
ensinar doutrina, prática e experiências cristãs. Neste sentido, o Evangelho 
de Lucas e o livro de Atos dos Apóstolos não são dois livros separados, mas, 
são realmente duas metades de uma única obra, e devem ser interpretados 
como uma unidade. Tanto o Evangelho de Lucas quanto Atos dos Apóstolos 
demonstram a intensão de ensinar doutrina e prática normativas, pois são 
de um mesmo autor e desenvolvido com o mesmo estilo literário. 
Para os que defendem o livro de Atos dos Apóstolos como histórico e 
doutrinária, Lucas empregava suas origens documentárias e desenvolveu 
sua matéria de modo semelhante aos historiadores veterotestamentários e 
interbíblicos. E assim fez especificamente para introduzir temas-chaves 
teológicos e para estabelecer, ilustrar e reforçar aqueles temas mediante 
episódios históricos específicos. O propósito de Lucas era didático, de 
catequese e instrução, e não meramente informático, ao contar a história 
da origem e expansão do Cristianismo. Além disso, um texto de Paulo que 
merece atenção nesta discussão é o seu segundo escrito a Timóteo “Toda 
Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, 
para corrigir, para instruir em justiça” (2Tm 3.16 ARC). Paulo tinha em 
mente o Antigo Testamento, e neste mesmo Antigo Testamento estavam 
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incluídas as narrativas de Gênesis bem como outros trechos históricos. 
Desta maneira, segundo este texto do apóstolo Paulo, tanto um de Atos dos 
Apóstolos como um texto da Epístola aos Romanos, escritos inspirados por 
Deus, são “proveitosos para ensinar, para redarguir, para corrigir, para 
instruir em justiça”. Em outro escrito o apóstolo Paulo afirma “Porque 
tudo o que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito, para que, pela 
paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15.4 
ARC). Novamente Paulo tem em mente todos escritos do Antigo 
Testamento, incluindo as narrativas históricas e os livros poéticos. 
CONCLUSÃO 
Não somente os pentecostais defendem a posição de que o livro de 
Atos dos Apóstolos seja também didático, autores não pentecostais como I. 
Howard Marshall defende “que Lucas era tanto historiador quanto 
teólogo”. Neste sentido, “o material de Lucas, da mesma forma que o dos 
demais teólogos do Novo Testamento, é fonte válida para as normas de 
doutrina e prática cristã”. Além disso, diversos outros teólogos apontam 
nos escritos de Lucas (Evangelho de Lucas e Atos dos Atos dos Apóstolos) uma 
verdadeira teologia do Espírito muito rica tanto no caráter histórico como 
normativo. Gary B. McGee afirma: Hermeneuticamente, portanto, os 
pentecostais fazem parte de uma linhagem respeitada e histórica de 
cristãos evangélicos que têm reconhecido legitimamente que Atos dos 
Apóstolos é um repositório vital de verdades teológicas. 
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