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Interação cardiopulmonar do paciente em ventilação mecânica Leonardo Rocha Fernandes Anatomia Cardiorrespiratória Circulação Normal Sangue chega pela VCS e VCI átrio direito ventrículo direito artérias pulmonares veias pulmonares átrio esquerdo ventrículo esquerdo Circulação sistêmica Membrana Alvéolo-capilar Membrana alvéolo-capilar Pressão intrapleural • A unidade cardiopulmonar é um sistema complexo e integrado que visa suprir as demandas metabólicas do organismo • Estas demandas dependem: –Reserva miocárdica –Volume sanguíneo circulante –Distribuição do fluxo de sangue – Tônus autonômico – Sistema endócrinológico –Volume pulmonar –Pressão intratorácica e pressões do restante da circulação • Pressão venosa central: pressão de sangue que chega para o átrio direito • Sem VM PVC varia de 2 a 8 cmH20 • Na VM há elevação da PVC para manter pressão arterial sistêmica e dependendo da volemia pode reduzir o retorno venoso e o DC Interação cardiopulmonar • A ventilação mecânica com pressão positiva pode levar a alterações hemodinâmicas com queda do débito cardíaco e portanto menor oferta de O2 aos tecidos Trabalho respiratório • Em condições normais, 5% de toda oferta de O2 é consumida com o trabalho respiratório, porém quando há disfunção respiratória este consumo pode aumentar para 25-30% • Com ↓ do DC, alteração de perfusão ou de fluxo pode haver desequilíbrio entre a oferta e a demanda de O2 • Metabolismo anaeróbio, hipoperfusão tecidual e acidose láctica Com uso de VNI ou VM há aumento de oferta de O2 aos tecidos com repouso da musculatura e redução níveis de lactato Circulação pulmonar • Vasos pequenos (SEPTOS ALVEOLARES) • Vasos extra-alveolares (ESPAÇO INTERSTICIAL) • Com ↓ volume pulmonar: ↓ pressão intersticial e o diâmetro dos vasos extra-alveolares • Com ↑ volume pulmonar: ↑ resistência dos vasos alveolares e eles são os responsáveis pela resistência vascular pulmonar Resistência Vascular Pulmonar • Pode se elevar em ambos os extremos dos volumes pulmonares: • Insuflação pulmonar acima da capacidade residual funcional resulta em hiperdistensão alveolar e compressão dos vasos alveolares • Queda dos volumes pulmonares para próximo do volume residual causa colapso dos vasos extra-alveolares hipóxia alveolar vasoconstrição pulmonar hipóxica Resistência Vascular Pulmonar Fatores que regulam o funcionamento cardíaco • Pré-carga: é função do retorno venoso e da complacência dos ventrículos • Pós-carga: depende da pressão média da aorta (pressão sistólica), perfusão periférica e a frequência cardíaca Interação cardiopulmonar • Função cardíaca depende de 6 variáveis: –Pré-carga de VD –Contratilidade do VD –Pós-carga do VD –Pré-carga do VE –Contratilidade do VE –Pós-carga do VE Pré-carga do VD depende do retorno venoso ↑ pressão intratorácica ↓retorno venoso ↓volume diastólico VD e baixo débito cardíaco Exemplos: hipovolemia, vasoplegia (choque hemorrágico e séptico), DPOC com auto-PEEP, uso de PEEP elevados Pós-carga do VD • Depende da resistência vascular pulmonar em todos os vasos pulmonares • Uso de PEEP pode piorar RVP • Uso de PEEP pode ser benéfico por recrutar áreas atelectasiadas e reduzir a hipoxemia com ↓ RVP Pré-carga do VE • depende de sua pré-carga, ou seja do retorno venoso do coração direito ↑ PIT ↓ retorno venoso e pré-carga de VD ↓ pré-carga de VE • ↑ RVP = ↑ volume diastólico de VD há desvio do septo interventricular para a E = ↓ complacência do VE (chega menos sg ao VE) piora contração VE ↓PA, ↓ retorno venoso e ↓DC Hiperinsuflação pulmonar também prejudica a pré-carga do VE ↑ volume pulmonar ↓ enchimento diastólico biventricular com compressão mecânica das aa. Coronárias Hipotensão, arritmia e isquemia coronariana Exemplo: recrutamento alveolar Pós-carga do VE • depende da resistência vascular sistêmica que depende por sua vez do gradiente de pressão entre a aorta e a pressão pleural (pressão transmural) Situações especiais • Função cardíaca normal com ↓ retorno venoso há ↓ DC • Hipovolemia: alteração do tônus vasomotor, ↑ pressão intratorácica, DC dependerá da pré-carga • ↓ pré-carga de VD: com IOT e VM além dos sedativos podem levar a hipotensão (melhora com reposição de volume) Situações especiais • Redução FE → volume sistólico menor VE → represa sg no VE → represa sangue AE → eleva pressão artéria pulmonar que se fica acima 25 mmHg Edema agudo de pulmão ICC e EAP • Com PEEP: expansão alvéolo → líquido sai do alvéolo e juntamente com diurético • Reduz retorno venoso • Melhora performance cardíaca e diminui trabalho respiratório Uso de VNI e VM no EAP: nível de evidência A Hipertensão Pulmonar • Evita-se fatores que exacerbem a vasoconstrição: –Hipóxia –Acidose –Atelectesia –E excessivas mudanças de volume pulmonar • VAFO – volume pulmonar mantido próximo da CRF, evitando os efeitos deletérios na RVP de grandes alterações pulmonares Cardiopatias congênitas • Alterações na PIT são transmitidas às estruturas cardíacas e podem alterar drasticamente a performance cardiovascular • Miocárdio do RN é sensível à pequenas alterações na pré-carga e pós-carga após cirurgia cardíaca –Miocárdio imaturo e não complacente – Incisões transmiocárdicas e intracardíacas –Próteses intracardíacas – Edema miocárdico – Função ventricular anormal Situações especiais • SDRA há lesão da mb alvéolo-capilar com ↑ permeabilidade vascular com extravasamento de líquido para o interstício • ↓ Volumes pulmonares e alteração de troca gasosa → ↓PaO2 com ↑ resistência vascular pulmonar Situações especiais Situações especiais • DPOC: hiperinsuflação dinâmica com presença de auto-PEEP –Há compressão cardíaca com ↓ retorno venoso e ↓ pressão arterial, portanto devemos extubar o paciente o mais precoce possível Obrigado!!!! leonardo.fernandes@hc.fm.usp.br