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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – NEaD Comunicação de Marketing Livro-texto EaD Natal/RN 2011 C426c Chaga, Marco Maschio. Comunicação de Marketing / Marco Maschio Chaga. – Natal: Edunp, 2011. 284p. : il. ; 20 X 28 cm Ebook – Livro eletrônico disponível on-line. 1. Comunicação – Marketing. I. Título. RN/UnP/SIB CDU 007:658.8 DIRIGENTES DA UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP Reitoria Sâmela Soraya Gomes de Oliveira Pró-Reitoria de Graduação e Ação Comunitária Sandra Amaral de Araújo Pró-Reitoria de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação Aarão Lyra NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DA UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP Coordenação Geral Barney Silveira Arruda Coordenação Acadêmica Luciana Lopes Xavier Coordenação Pedagógica Edilene Cândido da Silva Design Instrucional Priscilla Carla Silveira Menezes Coordenação de Produção de Recursos Didáticos Michelle Cristine Mazzetto Betti Revisão de Linguagem e Estrutura em EaD Priscilla Carla Silveira Menezes Thalyta Mabel Nobre Barbosa Úrsula Andréa de Araújo Silva Gravação e Edição de Vídeos Daniel Rizzi Coordenação de Logística Helionara Lucena Nunes Supervisão de Logística (Mossoró) Fábio Pereira da Silva Apoio Acadêmico Flávia Helena Miranda de Araújo Thalyta Mabel Nobre Barbosa Úrsula Andréa de Araújo Silva Assistente Administrativo Eliane Ferreira de Santana Gibson Marcelo Galvão de Sousa Miriam Flávia Medeiros de Araújo Ricardo Luiz Quirino da Silva Marco Maschio Chaga Comunicação de Marketing 1a edição Natal/RN 2011 EQUIPE DE PRODUÇÃO DE RECURSOS DIDÁTICOS Organização Luciana Lopes Xavier Michelle Cristine Mazzetto Betti Coordenação de Produção de Recursos Didáticos Michelle Cristine Mazzetto Betti Revisão de Linguagem e Estrutura em EaD Thalyta Mabel Nobre Barbosa Ilustração do Mascote Lucio Masaaki Matsuno EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO Delinea - Tecnologia Educacional Coordenação Pedagógica Margarete Lazzaris Kleis Coordenação de Editoração Charlie Anderson Olsen Larissa Kleis Pereira Coordenação de Revisão Gramatical e Normativa Simone Regina Dias Eduard Marquardt Revisão Gramatical e Normativa Jacqueline Iensen Coordenação de Diagramação Alexandre Alves de Freitas Noronha Diagramação Gizelle Regina Damasco de Araújo Ilustrações Alexandre Beck MARCO MASCHIO CHAGA Olá, sou graduado em História (1991) pela Universidade Estadual de Londrina, tenho mestrado (1996) e doutorado (2001) em Letras pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente, coordeno a Pós-Graduação em Multimídia no CESUSC e o curso de Jogos Digitais na FATENP, ambos em Florianópolis, e sou presidente do Instituto Esfero de Comunicação, que mantém um coletivo de profissionais de multimídia chamado Contexto Digital, cuja produção está voltada para o desenvolvimento de inteligência digital. Atuo em cursos de Comunicação com as disciplinas de Redação Publicitária, Planejamento de Mídia e Semiótica, entre outras. Na área empresarial, planejo e desenvolvo sistemas de comunicação voltados à educação, integrando-os a outros sistemas. Também trabalho em educação a distância desde 2004; como coordenador de design instrucional e educacional, produzindo conteúdos corporativos e educacionais; como gerente de projeto e como coordenador de cursos. Como avaliador do MEC da área de EaD, visito polos em todo o país, credenciando cursos e Instituições de Ensino Superior para atuarem com EaD. CO N H EC EN D O O A U TO R COMUNICAÇÃO DE MARKETING Seja bem-vindo à disciplina de comunicação de marketing. Esta disciplina tem a finalidade de apresentar as principais questões que envolvem a comunicação corporativa e institucional das organizações. Minha preocupação será a de usar exemplos e situações em que tais informações e conhecimentos tenham o foco no ambiente da comunicação de marketing. A finalidade do enfoque serve para desenvolver competências tais como o reconhecimento dos principais conceitos e definições da área de comunicação e marketing, além de permitir uma compreensão clara sobre as mudanças em curso quando o assunto é o novo contexto da comunicação por intermédio das redes sociais. Esta disciplina mostrará a você como a tomada de decisões na área de comunicação é crucial para construir e manter a imagem de uma empresa. Isso porque atualmente esta é uma área que envolve muitas pessoas e lida com o cérebro das organizações. As empresas e instituições necessitam da comunicação e de conhecimentos nesta área para se manterem e se desenvolverem. É certo que essa dependência da comunicação aumentará de forma significativa nas próximas décadas. Então, você se pergunta: como posso aperfeiçoar a comunicação e o marketing da empresa em que trabalho ou da minha própria empresa? Bom, você pode fazer um favor a todos nós: estude e estude cada vez mais, procurando sempre trazer soluções para os dilemas e problemas que enfrentamos no dia a dia desta área de conhecimentos. Espera-se que você, ao final da disciplina, seja capaz de reconhecer os principais mecanismos usados nos processos de comunicação e de marketing. Vamos começar? CO N H EC EN D O A D IS CI PL IN A SU M Á RI OCapítulo 1 - Processos e fluxos da comunicação ...................................... 131.1 Contextualizando ........................................................................................................... 131.2 Conhecendo a teoria ..................................................................................................... 14 1.2.1 Comunicação, linguagem e comportamento ........................................... 14 1.2.2 O campo da comunicação ................................................................................ 21 1.2.3 Os caminhos da comunicação ........................................................................ 24 1.2.5 A comunicação voltada ao marketing ......................................................... 31 1.3 Aplicando a teoria na prática ..................................................................................... 38 1.4 Para saber mais ............................................................................................................... 38 1.5 Relembrando ................................................................................................................... 39 1.6 Testando os seus conhecimentos ............................................................................. 40 Onde encontrar ...................................................................................................................... 41 Capítulo 2 - Conceitos associados ao marketing ...................................... 43 2.1 Contextualizando ........................................................................................................... 43 2.2 Conhecendo a teoria ..................................................................................................... 44 2.2.1 Entendendo o marketing .................................................................................. 44 2.2.2 Princípios do mix de comunicação de marketing ................................... 50 2.2.3 Abrangência do marketing nas organizações ........................................... 64 2.2.4 Práticas de marketing empresarial ................................................................ 66 2.3 Aplicando a teoria na prática ..................................................................................... 70 2.4 Para saber mais ............................................................................................................... 71 2.5 Relembrando ................................................................................................................... 71 2.6 Testando os seus conhecimentos ............................................................................. 73 Onde encontrar ......................................................................................................................74 Capítulo 3 - Características da comunicação de marketing .................... 75 3.1 Contextualizando ........................................................................................................... 75 3.2 Conhecendo a teoria ..................................................................................................... 76 3.2.1 Estratégias da comunicação empresarial .................................................... 76 3.2.2 Conhecendo os públicos ................................................................................... 79 3.3.3 Tipologia e classificação do público .............................................................. 84 3.3.4 O valor da marca – branding ............................................................................ 92 3.3 Aplicando a teoria na prática ...................................................................................103 3.4 Para saber mais .............................................................................................................104 3.5 Relembrando .................................................................................................................105 3.6 Testando os seus conhecimentos ...........................................................................107 Onde encontrar ....................................................................................................................108 Capítulo 4 - Gestão da comunicação ....................................................... 109 4.1 Contextualizando .........................................................................................................109 4.2 Conhecendo a teoria ...................................................................................................110 4.2.1 Comunicando empresas e instituições ......................................................110 4.2.2 Criando imagem e identidade ......................................................................117 4.2.3 Gerenciando imagem e identidade ...........................................................124 4.2.4. Endomarketing e RH .......................................................................................134 4.2.5 Relacionamento com a mídia ........................................................................137 4.2.6 Comunicação e gerenciamento de crises: estratégias da comunicação empresarial ........................................................................................140 4.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................143 4.4 Para saber mais ......................................................................................................................................144 4.5 Relembrando ..........................................................................................................................................145 4.6 Testando os seus conhecimentos ....................................................................................................147 Onde encontrar .............................................................................................................................................148 Capítulo 5 - Estratégias: composto promocional e comunicacional .........................149 5.1 Contextualizando ..................................................................................................................................149 5.2 Conhecendo a teoria ............................................................................................................................150 5.2.1 Comunicando produtos e serviços .......................................................................................150 5.2.2 Posicionamento estratégico ...................................................................................................163 5.2.3 Composto promocional no contexto de marketing ......................................................168 5.2.4 Ferramentas do composto promocional e comunicacional ......................................172 5.2.5 Novas estratégias da área ........................................................................................................174 5.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................179 5.4 Para saber mais ......................................................................................................................................180 5.5 Relembrando ..........................................................................................................................................181 5.6 Testando os seus conhecimentos ....................................................................................................183 Onde encontrar .............................................................................................................................................184 Capítulo 6 - Plano de comunicação .............................................................................185 6.1 Contextualizando ..................................................................................................................................185 6.2 Conhecendo a teoria ............................................................................................................................186 6.2.1 Aspectos da Comunicação Integrada de Marketing (CIM) ..........................................186 6.2.2 Estratégias de comunicação de marketing .......................................................................202 6.2.3 Profissionais envolvidos ...........................................................................................................204 6.2.4 Políticas de comunicação empresarial ................................................................................207 6.2.5 Elaboração de plano de comunicação .............................................................................. 210 6.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................212 6.4 Para saber mais ......................................................................................................................................214 6.5 Relembrando ..........................................................................................................................................214 6.6 Testando os seus conhecimentos ....................................................................................................216 Onde encontrar .............................................................................................................................................217 Capítulo 7 - A comunicação publicitária .....................................................................219 7.1 Contextualizando ..................................................................................................................................219 7.2 Conhecendo a teoria ............................................................................................................................220 7.2.1 Propaganda corporativa ...........................................................................................................220 7.2.2 A redação publicitária ...............................................................................................................231 7.2.3 Conceitos e valores de mercado............................................................................................236 7.2.4 A comunicação digital ...............................................................................................................240 7.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................245 7.4 Para saber mais ......................................................................................................................................2467.5 Relembrando ..........................................................................................................................................246 7.6 Testando os seus conhecimentos ....................................................................................................248 Onde encontrar .............................................................................................................................................248 Capítulo 8 - Canais de veiculação tradicionais e digitais ...........................................249 8.1 Contextualizando ..................................................................................................................................249 8.2 Conhecendo a teoria ............................................................................................................................250 8.2.1 Conhecendo as mídias ..............................................................................................................250 8.2.2 A utilidade das mídias ...............................................................................................................254 8.2.3 Cenários da nova comunicação .............................................................................................260 8.2.4 Redes sociais – Wikieconomia ................................................................................................261 8.2.5 Estratégias de mídia social .......................................................................................................273 8.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................276 8.4 Para saber mais ......................................................................................................................................277 8.5 Relembrando ..........................................................................................................................................278 8.6 Testando os seus conhecimentos ....................................................................................................280 Onde encontrar .............................................................................................................................................281 Referências ................................................................................................................... 283 Capítulo 1 13 Comunicação de Marketing PROCESSOS E FLUXOS DA COMUNICAÇÃO CAPÍTULO 1 1.1 Contextualizando Vamos iniciar nosso estudo da comunicação de marketing pela parte mais geral da comunicação. A comunicação de marketing reúne duas áreas de estudos que precisarão ao longo da nossa jornada ser colocadas, inicialmente, de forma separada para que o nosso entendimento seja mais preciso. A comunicação é uma vasta área de estudo que envolve muitas outras áreas e o marketing, por sua vez, se constitui também como um campo específico. É certo, contudo, que o marketing depende da comunicação e, na prática, ambos se fundem. Espera-se que você seja capaz de compreender o campo da comunicação de forma abrangente para formar suas opiniões a respeito da função que o marketing exercerá nos processos específicos que lhe cabe. Portanto, ao fim deste capítulo você estará habilitado a: • reconhecer a comunicação como uma área de conhecimento com capacidade de se espalhar por todas as outras áreas e segmentos; • identificar os principais conceitos atrelados às principais teorias da comunicação e do marketing, seu campo de ação e de atuação; • distinguir a especificidade do marketing dentro do universo da comunicação. Capítulo 1 14 Comunicação de Marketing 1.2 Conhecendo a teoria 1.2.1 Comunicação, linguagem e comportamento Você já exercita a comunicação em seu dia a dia, mas talvez nunca tenha parado para pensar como o mecanismo da comunicação funciona, como ele abrange as outras áreas do conhecimento ou quais são as funções, específicas e amplas, da comunicação. O leque destas questões é grande e para começar a compreendê-las melhor é preciso distinguir alguns aspectos. Quando o assunto é comunicação, é preciso notar que a maior parte dos problemas enfrentados hoje se localiza justamente em nossa capacidade de comunicar algo. Não importa se pensamos na esfera pública, privada ou empresarial, a dificuldade de comunicar é uma constante. Esta dificuldade de comunicar se reflete em todos os campos e não é tarefa fácil entender os mecanismos que dificultam o processo. Vamos dividir a comunicação em unidades para começar a enfrentar o problema. Toda comunicação precisa de um veículo. O veículo pode ser uma língua, por exemplo, mas também pode ser uma mídia, como uma revista. Outra unidade da comunicação, que pode ser entendida como maior que anterior, é a linguagem. Por linguagem podemos entender o agrupamento de veículos. Por exemplo, todas as línguas comunicam uma linguagem. O ordenamento interno dos computadores também serve como exemplo, pois os computadores precisam de uma ou mais linguagens para funcionar. A linguagem, construção social da humanidade através dos tempos, é o instrumento usado para a comunicação. Ela é histórica, ou seja, está em constante transformação. Os fatos marcantes, as descobertas científicas, o uso de novas tecnologias vão alterando a forma de lidar com a realidade e por isso vão alterando a linguagem. Existem várias linguagens: oral, escrita, científica, etc. A linguagem musical, por exemplo, é composta de sinais gráficos, claves, marcações de ritmo. A conversação e a socialização das regras de combinação desses elementos permitem que uma pessoa escreva uma melodia e outra tenha condições de compreendê-la (PIMENTA, 2004, p. 21). O uso de uma linguagem varia de acordo com o contexto no qual estamos inseridos. A linguagem da comunicação empresarial é diferente da comunicação afetiva, por exemplo, mas ambas são linguagens. Veremos com mais detalhes estas divisões e subdivisões oportunamente. Capítulo 1 15 Comunicação de Marketing No momento, precisamos entender que a comunicação é constituída por linguagens e o contexto onde ambas se manifestam influencia nosso comportamento. Embora isso pareça banal, e sabendo-se que nós usamos estes elementos em nossa comunicação diária, como podemos cometer tantos erros neste processo? Este será um dos nossos desafios ao longo desta disciplina. A comunicação verbal e não verbal A linguagem pode ser verbal ou não verbal. A comunicação verbal se caracteriza pela escrita e pelo domínio de um código específico. A língua portuguesa é um código, por exemplo. Segundo Pimenta (2004), a comunicação verbal deve primar pelo uso correto das regras gramaticais, sintaxe, ortografia e pontuação, além se de preocupar com a clareza de seu texto, evitando-se escrever textos obscuros e, finalmente, devemos sempre pensar no leitor. Para fazermos isso é preciso evitar o uso de um estilo duro ou seco demais, procurando usar expressões agradáveis, visando conquistar a confiança de nossos interlocutores. A comunicação verbal impõe diversos desafios, pois temos muitas dificuldades quando as palavras têm graus distintos de abstração ou possuem duplo sentido. Devemos lembrar sempre que o significado das palavras não está nelas mesmas, mas nas pessoas. Isso quer dizer que todos nós temos um conjunto de palavras conhecidas (isso se chama repertório) do qual somos capazes de interpretar e entender seus significados. Todavia, não necessariamente, o repertório será o mesmo de todas as pessoas. Sendo assim, precisamos entender que o repertório varia de acordo com a formação, leitura e interesses de cada um. Por isso mesmo não podemos supor que todos tenhamos os mesmos conhecimentos baseados em fatores tais como idade ou grau de instrução, pois sempre haverá variação de repertórios. Figura 1 – Exemplode comunicação verbal e não verbal utilizadas diariamente por nós Fonte: Beck (2011) Capítulo 1 16 Comunicação de Marketing Conhecer o grupo com o qual nos comunicamos é fundamental para que exista uma comunicação eficiente, capaz de informar e/ou esclarecer a mensagem desejada. Isto quer dizer também que precisamos usar todos os recursos disponíveis para atingir o nosso objetivo em qualquer situação comunicacional. Por outro lado, a comunicação não verbal é constituída por elementos corporais, sociais e culturais que podem ser observados por meio dos movimentos corporais, expressão dos olhos e da face, os nossos gestos, a aparência, a postura e o toque nas outras pessoas (aperto de mão ou tapinha nas costas). As emoções humanas podem ser transmitidas por meio da comunicação não verbal. Olhar nos olhos pode significar confiança, mas se vamos falar coisas desagradáveis costumamos evitar os olhos alheios. O movimento de cabeça durante uma conversa pode ser entendido como concordância ou discordância, mas até mesmo a intensidade do gesto denota o grau de concordância ou de discordância que sentimos. Muitas vezes, a comunicação não verbal escorre, por assim dizer, sem que tenhamos controle consciente do que fazemos. Um exercício pode ser feito: filme as suas reações durante uma conversa e depois de alguns dias assista ao vídeo e interprete as suas reações ou a de seu interlocutor para perceber o gestual que ficou subentendido durante a conversa. Outras vezes saímos de uma reunião que foi aparentemente proveitosa, mas que não gera resultados satisfatórios. Se pudermos relembrar os gestos ou mesmo assistir ao vídeo da reunião mencionada, nossa percepção poderá mudar, visto que observaremos que as reações não foram tão boas assim. A comunicação não verbal é muito complexa e é preciso treino e estudo para interpretá-la com propriedade, pois nem sempre a nossa percepção está treinada para avaliar o sentido do que não é verbal. No caso da comunicação verbal, precisamos ter repertório, mas em matéria de comunicação não verbal, isso é mais complicado, pois não se trata de conhecer as palavras, e sim de desvendar o gestual que envolve a comunicação não verbal. O campo da comunicação e do marketing Como se pode perceber na figura 1, a comunicação é uma área muito abrangente e o marketing é uma porção dela. Por sua vez, o marketing tem Capítulo 1 17 Comunicação de Marketing um pequeno campo fora da área da comunicação, que é seu espaço específico. Outro desafio nosso será o de perceber, ao longo do nosso estudo, como as divisões e as nuances que envolvem o campo da comunicação e do marketing. Responder a pergunta “O que é um processo de comunicação?” é fundamental para começarmos nosso entendimento da matéria. Sabemos que a comunicação é toda troca de experiência ou de estímulos, mas isso precisa ocorrer dentro de um processo, pois isso será determinante para que ocorra algum tipo de aprendizado. Vejamos o que diz Argenti (2006, p. 27): A comunicação, mais do que qualquer outro assunto no mundo corporativo, tem implicações para todos em uma organização – do mais novo assistente administrativo ao CEO. A maioria dos gerentes aprendeu a pensar de maneira estratégica sobre o seu negócio como um todo, mas poucos pensam estrategicamente sobre o que gastam mais tempo fazendo – se comunicando. As trocas promovidas pela comunicação geram aprendizado e isso configura a principal atração de um processo, ou seja, o cerne da questão está em entender a sinergia que deve ocorrer entre a comunicação empresarial e a estratégia geral da empresa. Processo de comunicação Um processo básico precisa de um emissor, uma mensagem e um receptor. Figura 3 – Processo de comunicação Processo de comunicação Emissor ReceptorMensagem Fonte: Chaga (2011) Figura 2 – A intersecção entre as áreas de comunicação e marketing Comunicação . Marketing Fonte: Chaga (2011) Capítulo 1 18 Comunicação de Marketing Embora a figura 3 represente um processo de comunicação básico, este modelo se tornará mais complexo com o passar de nossa disciplina, visto que haverá elementos que serão agregados e isto tornará o processo cada vez mais complexo. Fluxos da comunicação O fluxo da informação diz respeito ao sentido que a comunicação assume dentro do processo. Por exemplo, a comunicação pode ser lateral, vertical, linear, horizontal. Depois veremos isso em detalhes, mas o importante agora é perceber que o fluxo depende muito do contexto no qual a comunicação está inserida. No ambiente corporativo, a comunicação assume um papel bem mais controlado do que a comunicação em ambiente público ou quando usamos a comunicação com finalidade privada. Dessa forma já é possível perceber que o contexto significa o lugar da comunicação, por exemplo, o contexto da comunicação privada se refere ao nosso ambiente familiar, bem como ao nosso círculo de amigos. Figura 4 – Fluxo linear em contexto privado Contexto Privado Processo de comunicação em um fluxo linear Pai FilhoConversa sobre futebol Fonte: Chaga (2011) Comunicação empresarial No campo empresarial, o fluxo da comunicação pode variar muito porque este contexto possui uma série de variantes. Existe comunicação agindo em vários sentidos dentro de uma empresa. O fluxo pode ser descendente, quando a diretoria precisa comunicar algo a todos ou a alguns. O fluxo é lateral quando pessoas aprendem entre si estando em posições iguais ou equivalentes. O fluxo pode ser ascendente quando a gerência precisa se dirigir à direção. Capítulo 1 19 Comunicação de Marketing Cada fluxo precisa estar de acordo com um tipo de linguagem. Isso quer dizer que a linguagem usada no fluxo ascendente não será a mesma no fluxo descendente. O que determina, muitas vezes, a forma como a comunicação empresarial ocorre no interior das organizações está previsto em seu organograma ou em um fluxograma específico para atender a área de comunicação. Quadro 1 – Fluxo da comunicação Fluxo descendente Este tipo de fluxo é comumente usado para informar sobre rotinas ou sobre como se deve trabalhar ou se comportar, por exemplo. Normalmente é usada por organizações extremamente burocratizadas, onde a mobilidade de posições fica estagnada. Fluxo ascendente Este tipo de fluxo caracteriza o interesse da direção de conhecer melhor os problemas e os anseios dos seus colaboradores. Dessa forma se pode tomar decisões que envolvem o desenvolvimento de estratégias e ações com a finalidade de melhorar o relacionamento com os subordinados. Fluxo lateral O fluxo lateral pode ser positivo ou negativo. Quando positivo, este fluxo cria um clima favorável entre os colaboradores favorecendo o surgimento de soluções entre pessoas e departamentos da organização. Quando negativo, o fluxo lateral pode criar ruídos na comunicação, favorecendo o surgimento de fofocas que podem atrapalhar o desempenho da organização. Fonte: Chaga (2011) Como se percebe, a organização social e empresarial atual depende demais da comunicação. Tal dependência começou a se tornar um ponto crítico desde a criação e a consolidação da chamada sociedade da informação. O que caracteriza esta nova sociedade é justamente o fato de todos estarem “viciados” em se comunicar. Por outro lado, todos os artefatos que se tornaram objetos de consumo estão vinculados direta ou indiretamente ao fato de que eles favorecem a comunicação. São aparelhos com as mais diversas funcionalidades, mas na raiz de tudo isso está a comunicação. Argenti (2006) chama nossa atenção para este fato aplicado ao universo das organizações. Dessa forma, podemos perceber que a comunicação é vital para aperfeiçoar uma empresa, mas isso não pode se tornar uma obsessão ao Capítulo 1 20 Comunicação de Marketing ponto de a empresa se comunicar demais. Comunicar demais ou de menos pode ser um problema,mas o mais complicado é encontrar o ponto de equilíbrio. Comunicação: a dependência dos sistemas de informação As organizações são como pessoas, ou seja, elas precisam impor limites em sua ânsia de comunicar as coisas, pois é necessário encontrar um ponto de equilíbrio. Uma forma de impor tais limites pode ser encontrada no uso racional dos chamados sistemas de informação. Sistemas de informação possuem aplicabilidades diversas, contudo, no âmbito da comunicação interna e externa de uma organização existem sistemas desenvolvidos específicos, capazes de gerenciar a comunicação de uma empresa, de uma área da empresa, de um grupo de pessoas e, finalmente, de uma única pessoa. Os sistemas de informação colocam desafios porque normalmente eles exigem que as pessoas sejam capazes de alterar a forma como faziam uma tarefa, tornando o aprendizado de novas formas de se fazer a mesma coisa uma constante. Isso parece simples, mas não é bem assim. A mudança cultural dentro do ambiente da organizacional é um dos pontos mais críticos e isto é um problema de difícil solução. Roman Jakobson (1896-1982) foi um filósofo da linguagem que iniciou vários estudos interessantes relacionados à teoria da informação e da comunicação. Predestinado, sua vida se voltou para o conhecimento tendo sempre se preocupado em compartilhar o saber com o maior número de pessoas possíveis. Suas idéias e conceitos são seguidos até hoje. Sua vida foi marcada pela resistência aos regimes totalitários e, por causa disso, viveu como refugiado político em diversos países. Suas principais pesquisas abrangem o estudo da relação entre a língua e a fala e suas interdependências, o funcionamento da fala e da língua, o estudo da cibernética e a descoberta das funções da linguagem. Fonte: <www.infoescola.com> BIOGRAFIA Capítulo 1 21 Comunicação de Marketing O comportamento define a linguagem? Os processos e os fluxos da comunicação possuem uma dimensão essencial sem a qual todo o aprendizado pode não ser absorvido em sua plenitude. Trata-se da dimensão comportamental, pois a linguagem define e é definida pelo comportamento. Um comportamento inadequado pode, por exemplo, jogar por terra uma engenhosa construção verbal ou mesmo não verbal. Em um ambiente organizacional, elaboramos ou ensaiamos o que vamos falar e podemos até controlar a forma como vamos fazer determinada apresentação. A organização da sala, a disposição das cadeiras, a posição das pessoas... Enfim, dá para pensar estrategicamente em tudo. Não podemos esquecer que existe um antes e um depois de tudo isso que pode, por assim dizer, ser jogado fora caso o nosso comportamento não estiver adequado ao que propomos. Muitas pessoas se esquecem que o cafezinho que precede ou que é posterior à reunião de negócio faz parte da reunião e que determinados comentários ou atitudes já estão influenciando as decisões que serão tomadas posteriormente. Ou seja, existe um processo de empatia ou de antipatia que está sendo elaborado durante todo o tempo em que estamos expostos, e o nosso comportamento é tão importante quanto aquilo que dizemos. O que dizemos, como dizemos e o que fazemos faz parte de um conjunto da comunicação. De certa forma, é preciso entender que a linguagem verbal complementa ou é complementada pela linguagem não verbal e, sob certa ótica estrita, a linguagem não verbal é constituída pelo comportamento. O contrário também é verdade porque nosso comportamento é constituído pelo uso da linguagem não verbal. Desse modo, percebe-se que existe uma relação direta entre as linguagens e o comportamento, não sendo possível separá-las – sobretudo quando pensamos em seu uso diário, seja no trabalho, seja em ambiente privado. 1.2.2 O campo da comunicação O campo da comunicação é extremamente abrangente. Hoje ele envolve todas as áreas do conhecimento. Um exemplo disso pode ser percebido no segmento da comunicação digital. Empresas desta área começaram a receber pedidos incomuns na última década. Capítulo 1 22 Comunicação de Marketing Profissionais liberais, inclusive ligados à saúde, estão procurando estas agências para cuidar de sua comunicação profissional e pessoal, incluindo perfis em redes sociais, além de sites e outros serviços. Isso demonstra que a comunicação de todos passou a ser importante, e até mesmo crucial, para se diferenciar em qualquer segmento do mercado. Outro exemplo é o da educação, que depende exclusivamente da comunicação e dos sistemas tecnológicos que estão na base de uma revolução na forma como se estudava. A educação a distância é um exemplo disso. A educação neste formato não significa apenas o uso de outro canal, mas significa produzir conhecimentos a partir de uma lógica completamente diferente daquela usada em sala de aula. Parte substancial dessas mudanças ainda não chegou e isso significa que o potencial de transformação da educação a distância ainda não está sendo usado em sua plenitude, mas as sementes já estão lançadas e as mudanças mais agudas serão sentidas em breve. Com a tecnologia é assim, mudamos muito rápido, mas a velocidade da mudança cultural é infinitamente inferior aos recursos e possibilidades tecnológicos disponíveis. O campo da comunicação parece avançar sobre toda a atividade humana e talvez por isso mesmo a comunicação se constitua como uma necessidade básica. A necessidade de interagir é o que caracteriza e o que move a indústria que se criou em torno dos bens de consumo simbólicos. Até meados dos anos 1960 a comunicação era percebida como um instrumento de dominação que precisava ser combatido. Isso se deve ao fator histórico. Visto que o mundo na década de 1960 era muito diferente, pois havia um clima de guerra fria no ar, bem como centenas de teorias da conspiração circulando pelo mundo. Todavia, a principal diferença se refere ao ambiente cultural. Foi neste cenário que a chamada contracultura nasceu e se fortaleceu nos anos seguintes. Este movimento sempre se caracterizou por questionar e enfrentar os meios de comunicação tradicionais que defendiam os valores das classes médias urbanas. Todas as questões sociais passaram, desde então, sob a ótica da indústria cultural. Porém, nos últimos anos surgiram novos desdobramentos que Capítulo 1 23 Comunicação de Marketing passaram a ser designados como um novo patamar da discussão, que envolve o debate da cultura digital. Contudo, neste novo patamar, a discussão sobre o campo da comunicação foi tão ampliada que se tornou um desafio dizer até onde ele se estende ou onde ele tem início. No ambiente das organizações No caso das organizações, pode-se dizer que a comunicação é alma do negócio, tanto interna como externamente. Com relação ao ambiente externo, a comunicação precisa chegar a cada um dos usuários ou clientes, enquanto do ponto de vista interno ela precisa ser distribuída de forma eficaz e inteligente para não poluir os mecanismos a ponto de as pessoas não darem mais atenção às mensagens. Ou seja, uma das dificuldades é encontrar o ponto de equilíbrio sobre o volume de comunicação que a organização deve distribuir por dia ou por semana, e assim por diante. A grande dificuldade para se entender estas questões reside no fato de que se tornou necessário aprender a ler os sinais de nossa época. Argenti (2006) destaca que a maior parte das lideranças empresariais da atualidade nasceu e cresceu em outra época. Existe uma assombrosa diferença entre o mundo dos atuais líderes e o mundo que seus netos deverão ter pela frente. Se as pessoas vão mudar desta forma, e com esta velocidade, é de se supor que não será diferente no ambiente das organizações. Espera-se uma mudança total, embora gradativa, na concepção das empresas. As expectativas atuais do público com relação às empresas também são diferentes daquelas de há 40 ou 50 anos. Para atrair clientes, funcionários einvestidores, as empresas precisam ser líderes progressistas sobre uma gama de questões globais e colocar sua visão em um contexto social mais amplo. A observação pública das empresas é constante e intensa e, na última década, a desilusão cresceu em relação aos excessos nos salários de executivos, práticas contábeis questionáveis, recalls de medicamentos e fraqueza moral por parte das grandes empresas (ARGENTI, 2006, p. 1). Capítulo 1 24 Comunicação de Marketing Mudar não é mais uma escolha, pois o processo de mudança se tornou imperioso. Argenti (2006) relata que em 2002 foi realizada uma pesquisa que demonstrava que 82% das pessoas entrevistas não confiavam nos executivos das grandes empresas americanas. A mesma desconfiança também abala os políticos de uma forma geral. Diante deste quadro de desconfiança nas instituições públicas e privadas é necessário pensar em formas de se recuperar a confiança das pessoas. Este não é um processo fácil, e tudo indica que será longo. Os departamentos de comunicação das empresas estão abarrotados de demandas que apontam nesta direção, ou seja, é preciso retomar a confiança das pessoas nas organizações. Aqui podemos encontrar uma demarcação para o campo da comunicação. Pode-se pensar este campo como espaço apropriado para se promover a recuperação das instituições, sobretudo, aliando-se comunicação e práticas que sejam conscientes de que os erros práticos no passado recente não estão sendo tolerados mais pelos usuários e/ou clientes. Uma de nossas metas é justamente a de entender melhor estas demandas de forma a ajudar na criação de estratégias mais eficazes e que sejam capazes de ajudar na solução dos problemas atuais e futuros da comunicação de marketing. 1.2.3 Os caminhos da comunicação Como competir em um ambiente em constante mutação? Abusar das calorias contidas nos alimentos que você fabrica e vende; fazer experiências com animais; produzir bens se beneficiando de práticas trabalhistas abusivas – tudo isso que era comum até algum tempo atrás está sendo questionado por uma rede de consumidores mais conscientes. Argenti (2006) relata casos exemplares derivados destas práticas que estão questionando o papel ético das empresas. Um desses exemplos clássicos de reconhecimento de ambiente que engloba a própria mudança de comportamento do consumidor é dado a seguir. O McDonald’s percebeu isso quando, no final da década de 1980 e início da década de 1990, consumidores com consciência ambiental Capítulo 1 25 Comunicação de Marketing levantaram preocupações em relação ao uso de embalagens plásticas não-recicláveis do tipo ‘concha’ para acondicionar os populares sanduíches da rede. Consumidores insatisfeitos enviaram as embalagens pelo correio, juntamente com milhares de cartas hostis, para a matriz da empresa em Oak Brook, no estado norte-americano de Ilinois. Em agosto de 1990, o MacDonald’s estabeleceu um acordo com o Environmental Defense Fund (EDF), um grupo de pesquisa ambiental e lobby, para unir uma força-tarefa conjunta em um brainstorming (tempestade de idéias), a fim de reduzir a produção anual de resíduos sólidos da empresa (ARGENTI, 2006, p.12). Todos possuem responsabilidade neste processo e isso já indica uma reviravolta no mundo da comunicação. Mais especificamente, é algo que possui relação direta com o marketing. Muitas empresas desapareceram nas últimas décadas, mas outras, ao contrário, continuam a existir e até se fortaleceram. O que caracteriza uma empresa a ter tanta longevidade? Muitos autores respondem a esta pergunta da mesma forma, ou seja, capacidade de adaptação ao ambiente onde atuam. Esta capacidade é o cerne do sucesso e da longevidade empresarial. Esta capacidade se caracteriza pela intensa pesquisa da concorrência, das novas necessidades dos usuários ou clientes, das condições macroeconômicas e/ou microeconômicas e das mudanças nos padrões culturais. EXPLORANDO No site <http://www.mundodomarketing.com. br> você pode navegar por diversos textos referentes à comunicação de marketing, incluindo casos de empresas conhecidas, experiências, blogs de assuntos atuais, guias de gestão, artigos e entrevistas. Neste sentido, deve-se salientar que estamos falando de condições sociais, econômicas, culturais, políticas e até mesmo ambientais, pois este conjunto de fatores será determinante para que o negócio seja sustentável. Não importa o tamanho do negócio, pois a análise destas condições é fundamental para se conhecer as principais tendências do mercado. Não é exagero enfatizar que reconhecer tendências somente é possível se houver pesquisa, conversa, orientação, enfim, muita comunicação. Capítulo 1 26 Comunicação de Marketing Teorias da comunicação Podemos dividir as teorias da comunicação em dois blocos bem distintos. O primeiro bloco de teorias pensou a comunicação em estado puro, como linguagem. O segundo bloco trabalha a comunicação conjugada aos desenvolvimentos tecnológicos. O primeiro bloco se refere aos gregos Aristóteles e Platão, que pensaram a comunicação como linguagem, mais especificamente como estudos de retórica. Teorias clássicas A assim chamada arte da retórica se caracteriza por meio do uso da linguagem com um objetivo bem específico que é o de persuadir o interlocutor a acreditar naquilo que você fala, a acreditar naqueles argumentos que você usa, no intuito de convencer o outro. “Toda enunciação contém três partes: o orador, o assunto a ser tratado e a pessoa a quem a fala se dirige, ou seja, o ouvinte, a quem se refere o objeto ou a finalidade da fala” (ARISTÓTELES apud ARGENTI, 2006, p. 28). A leitura atenta dos clássicos nos ajuda a entender os elementos básicos da comunicação (orador, assunto, ouvinte), incluindo aqui a questão da adequação. A adequação da linguagem pode ser entendida como o contexto, pois a linguagem oral tolera pequenos erros, enquanto a linguagem escrita tende a não tolerar equívocos. O contexto também dá um sinal claro sobre como devemos nos adequar à linguagem de nosso interlocutor, não deixando transparecer que o nosso repertório é superior ao do nosso ouvinte. Ou seja, isso indica que, para funcionar bem, a persuasão precisa estar adequada ao ouvinte. Caso isso não aconteça, corre-se o risco de parecer antipático. A simpatia é essencial para a adequação seja plena e satisfaça a todos os agentes da comunicação. As teorias clássicas não se preocupavam com o suporte no qual a comunicação estava amparada, até porque naquela época não existia a imprensa mecânica, o rádio ou a televisão. Capítulo 1 27 Comunicação de Marketing Teorias da comunicação modernas As teorias da comunicação têm um papel fundamental na compreensão do processo atual no qual a comunicação está inserida. Desde a década de 1930, alguns filósofos e pesquisadores com diversas bagagens teóricas começaram a se preocupar com o fenômeno comunicação associado aos meios nos quais a comunicação viaja. A invenção do rádio acendeu este pavio e a chegada da televisão deflagrou uma verdadeira corrida para entender o encantamento provocado pelos meios de comunicação de massa e os seus respectivos potenciais políticos, econômicos, sociais e culturais. A criação dos aparelhos de rádio e, posteriormente, da televisão reforçou a importância de todas as mídias, inclusive provocando também o renascimento da mídia impressa, com destaque aos jornais. Assim os jornais passaram a desempenhar uma importância até então desconhecida porque as outras invenções tecnológicas ampliavam todas as mídias. Nesta época começavam a surgir várias teorias sobre o papel das mídias. Algumas dessas teorias enxergavam a oportunidade de educar a população, pois as ondas de televisão e de rádio podiam chegar a todos os lugares. Outros enxergavam o potencial do negócio. Este assunto é bastante polêmico e ainda costuma gerar muitosatritos e debates. De um lado havia a perspectiva negativa gerada pelos estudiosos da Escola de Frankfurt, que viam certa vocação de dominação dos meios de comunicação e, em virtude disso, percebia-se o perigo do controle estatal desses meios. De outro lado se dava a manifestação positiva do canadense Marshall McLuhan, que percebia a criação de uma época positiva, pois o potencial da comunicação nunca tinha tido apoio tecnológico tão potente como este propiciado pelo rádio e televisão. Mas vamos entender melhor estas duas perspectivas de enxergar os avanços tecnológicos aliados à comunicação. Capítulo 1 28 Comunicação de Marketing Rumos da teoria da comunicação Theodor Adorno, à frente da Escola de Frankfurt, iniciou uma série de estudos que culminaram no clássico texto chamado “Indústria cultural”. Neste estudo, Adorno refletia o pensamento da Escola de Frankfurt sobre o papel dos meios de comunicação. Além do alerta sobre o uso dos meios de comunicação pelo Estado e os perigos que isso poderia representar à sociedade, havia também uma crítica aguda sobre o que Adorno chamou de standardização (banalização) da cultura. Isso quer dizer que a indústria cultural acabaria por banalizar os valores culturais contidos na educação clássica e na cultura erudita. É neste cenário que surge o termo cultura de massa, que serve para designar o potencial dos meios de comunicar de forma ampla e genérica a um elevado número de pessoas ao mesmo tempo. A chamada Escola de Frankfurt surgiu em 1923, como anexo do Instituto de Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt, na Alemanha. A escola aglutinava pensadores ligados às ciências sociais, constituindo-se como o primeiro centro de estudos marxistas dentro de uma escola alemã. Seu principal expoente foi Theodor W. Adorno, filósofo preocupado em debater os temas contemporâneos, sobretudo os ligados ao que ele batizou de “Indústria Cultural”, que designava a mudança radical na forma de se produzir os bens culturais (música, arte). Esta escola se notabilizou ainda pela criação da chamada “Teoria Crítica” (por Max Horkheimer), que tinha como base um marxismo renovado, que se opunha à teoria tradicional de base cartesiana. SAIBA QUE Figura 5 – A Escola de Frankfurt Fonte: <http://www.marxists.org/> Capítulo 1 29 Comunicação de Marketing O declínio da música clássica, a ascensão de formas musicais populares e o surgimento de escritores com respaldo popular – e não da crítica especializada – compunha o cenário negativo das novas invenções tecnológicas aliadas aos meios da comunicação de massa. Dessa forma, os primeiros estudos sobre os impactos da tecnologia na comunicação não eram muito bem recebidos pela crítica de orientação marxista. Na verdade, é preciso entender que a Escola de Frankfurt tinha sido perseguida e praticamente destruída pelo aparato de Hitler nos anos mais duros da repressão nazista. Não podemos esquecer também que foi neste período que Hitler e seus estrategistas usaram e abusaram do rádio, dando início aos ensinamentos sobre como usar este meio em uma campanha de propaganda de massa. A destruição, a miséria e a desilusão causadas com uso do rádio pelo regime nazista naquela época alimentaram a crítica da Escola de Frankfurt, que enxergou, logo em seu início, o perigo que se escondia por detrás do uso político dos meios de comunicação. Aliás, foi nessa época que se percebeu que o rádio era o primeiro veículo de comunicação de massa da história, pois foi capaz de mobilizar a nação alemã inteira em favor de um ideal político. Imaginemos então o raciocínio lógico: se o rádio foi capaz disso, o que podemos pensar do uso da televisão? Quer dizer, além do áudio, a televisão continha um elemento novo que nunca tinha sido usado com muita extensão: a imagem. O rádio tinha sido capaz de mobilizar uma nação inteira, e da televisão se esperava que fosse capaz de mobilizar o planeta. De inúmeras maneiras, foi exatamente isso que aconteceu. Temos muitos exemplos do sucesso planetário da televisão, porém não tivemos o desfecho traumático previsto pelos teóricos da Escola de Frankfurt nos anos de 1930 e de 1940. Muito embora muitos governantes ditatoriais tenham tentado usar a televisão para impor uma visão única das coisas, de forma geral o saldo foi positivo, tendo a sociedade se beneficiado do uso da televisão como instrumento de comunicação. A aldeia global Outra importante teoria da comunicação começou a ser desenhada na América pelo canadense Marshall McLuhan quando trabalhou o conceito Capítulo 1 30 Comunicação de Marketing de aldeia global. Nesta aldeia, o mundo seria totalmente interconectado. Além deste conceito, o autor introduziu os de impacto sensorial e o meio é a mensagem. Tais conceitos foram usados pelo autor para representar a sociedade contemporânea. Hoje em dia estes conceitos foram incorporados a nossa linguagem e muitas vezes esquecemos a sua origem. LEMBRETE Guarde bem este nome: Marshall McLuhan. Este autor será citado muitas vezes quando o assunto for comunicação, sobretudo se associado ao termo aldeia global. Entretanto, não é costume aprofundar as questões criadas pelo autor. Visto como pensador liberal, ele foi negligenciado pela crítica de esquerda durante muito tempo. O termo aldeia global significa que o progresso tecnológico tinha potencial para transformar o mundo, criando condições sociais semelhantes, o que seria capaz de reduzir todas as sociedades à mesma situação, tal como ocorre em uma aldeia. Ao contrário dos teóricos da Escola de Frankfurt, McLuhan não tinha interesse em discutir os aspectos ideológicos dos meios de comunicação sobre as pessoas. O objetivo do autor foi o de explorar as potencialidades dos meios de comunicação e como isso poderia se configurar no futuro. A desintegração das fronteiras nacionais, associada à liberalização do comércio e das finanças na “aldeia global” atual, impulsionou também um aumento de fusões corporativas que cruzam fronteiras e do número de empresas multinacionais. Hoje em dia, as empresas tendem a se especializa em suas competências essenciais e terceirizar o restante ou, como alternativa, partem para fusões para integrar os fornecedores a sua própria organização (ARGENTI, 2006, p.9). Outro objetivo de McLuhan foi o de estudar o impacto dos meios de comunicação nas sensações humanas. Surge neste ponto outro conceito importante para nós que diz respeito aos meios de comunicação como extensões do homem. Para o autor, os meios de comunicação mudariam o perfil da nossa sociedade a ponto de sua organização se refletir na sociedade. Capítulo 1 31 Comunicação de Marketing 1.2.5 A comunicação voltada ao marketing Tudo que envolve comunicação precisa de estratégia. Tanto a comunicação interna quanto a visual deve ser elaborada de maneira a favorecer a comunicação da empresa como um todo. Quando se fala em comunicação empresarial, temos que estar atentos para o fato de que a empresa não constrói a comunicação, são as pessoas que fazem isso. Quando as pessoas trabalham em equipe e estão de acordo sobre o que precisa ser comunicado, a comunicação deslancha. Tudo o que envolve a comunicação é estratégico. Isso quer dizer que precisamos entender o que é estratégia. Talvez você já tenha ouvido falar que a estratégia é uma palavra que pode ser sinônimo de planejamento e, em muitos casos, é também sinônimo de marketing. Estratégia é um conjunto de ações que preveem, por sua vez, um conjunto de reações. Tudo começou com as guerras de campo, quando as armas ainda não tinham alcance para atingir os oponentes a grande distância. Nestes casos, os generais começaram a pensar em formas de ganhar, utilizando-se de tudo que pudesse jogar a seu favor. Por exemplo, o relevo de uma determinada localidade onde haveria uma batalha poderia ser decisivo para determinar o vencedor.Quem conhecesse melhor o clima, o relevo, a história, enfim... Todo tipo de informação era bem-vinda, e era nos detalhes que se decidiam muitas batalhas, ou até mesmo guerras. Figura 6 – Alternativas de marketing Fonte: Chaga (2011) Capítulo 1 32 Comunicação de Marketing A arte da guerra é o nome de um livro que se tornou famoso entre nós nas últimas décadas. Ele tem sido usado como metáfora, com a finalidade de compreendermos a estratégia como uma ferramenta de trabalho. Este livro do chinês Sun Tzu é um tratado militar e foi escrito durante o século 4 a.C. É composto por 13 capítulos que abordam as estratégias de guerra, compondo um quadro onde se pode localizar os principais eventos, bem como o que podemos usar durante o combate. O livro pode ter sido utilizado por generais famosos, dentre os quais se destacam Napoleão e Mao Tse Tung. SAIBA QUE Evidentemente, isso é apenas um artifício para entendermos o sentido da palavra estratégia. Hoje a batalha é como ser visto e ouvido pelo maior número de pessoas. Precisamos, assim, de uma estratégia para chegar ao objetivo traçado, que é o de comunicar. Uma estratégia de comunicação eficiente possui três tipos de iniciativas: determinar os objetivos da comunicação; os recursos disponíveis e diagnosticar a reputação da organização. Vamos entender isso mais de perto. Ao se determinar os objetivos, é preciso ter claro qual será a finalidade daquela comunicação específica ou de um conjunto de ações interligadas. Por exemplo, uma empresa pode desejar anunciar aos funcionários uma mudança no seu pacote de benefícios para o ano seguinte. Vamos supor que a organização tenha decidido eliminar benefícios de saúde dos aposentados em razão dos crescentes custos dos planos de saúde. Neste caso, seu objetivo é mais do que anunciar a mudança; envolve também convencer os funcionários de que a empresa tem um bom motivo para tirar algo deles. Assim, o objetivo (da comunicação) é conseguir que os funcionários aceitem a mudança com o mínimo de protesto (ARGENTI, 2006, p.29). Para se destacar, qualquer empresa precisa obter sucesso em sua comunicação. O que define o sucesso é a resposta do público ao que foi comunicado e, para que isso ocorra, é preciso ter objetivos claros em nossa comunicação. Capítulo 1 33 Comunicação de Marketing Nosso segundo passo está relacionado aos recursos disponíveis. Por recursos se entende o dinheiro disponível, o tempo e o pessoal. • Em relação ao dinheiro, deve-se destacar que a maior parte das organizações não costuma investir em comunicação. Quando precisa investir, tratam esta ação como gasto. A maioria das empresas, infelizmente, em geral erra buscando soluções baratas e de curto prazo para os problemas de comunicação, porque tais questões não são consideradas da perspectiva do público-alvo. Isso é semelhante a um problema que os indivíduos geralmente enfrentam: analisam as próprias necessidades de seu público e acabam tendo dificuldades em atingir seu objetivo de comunicação (ARGENTI, 2006, p. 30). • Em relação aos recursos humanos, as deficiências continuam. Normalmente os funcionários designados para tratar da comunicação não têm formação adequada e são quase sempre inexperientes. Imaginem uma empresa que tenha aberto o capital e tenha decidido criar uma função de relações com os investidores para tratar do relacionamento com os acionistas e da comunicação com os analistas de títulos. [...] A empresa, listada na Fortune 500, mudou seu enfoque depois que os analistas começaram a diminuir o valor de suas ações, apesar das sólidas perspectivas para o futuro do negócio. O CEO descobriu que os analistas sentiam que a pessoa responsável na empresa pela relação com os investidores não estava interessada em lhes passar informações suficientes para classificar as ações da empresa. A pessoa encarregada de das relações com os investidores, por outro lado, estava, na verdade, tentando realizar duas ou três tarefas ao mesmo tempo e simplesmente não conseguia dar conta do trabalho (ARGENTI, 2006, p.31). • O terceiro fator crítico nas operações estratégicas de comunicação é o tempo. Esta relação com o tempo varia de uma cultura para outra. O tempo tem relação com o planejamento das ações. Argenti compara uma situação concreta que envolve duas empresas, uma norte-americana e a outra japonesa. A empresa japonesa começou a preparar um folder de lançamento de um produto dois anos antes de seu lançamento. Para a empresa americana, este tempo de planejamento de comunicação é simplesmente inconcebível. As empresas americanas produzem o mesmo material em questão de semanas. Contudo, a quantidade de equívocos que podem ser gerados por este curto espaço de tempo é muito elevada. Neste caso, os dois Capítulo 1 34 Comunicação de Marketing extremos estão fora da situação ideal. Dois anos para executar esta ação pode dispersar os objetivos, enquanto algumas semanas pode não ser tempo suficiente para conhecer com segurança quais são os objetivos da campanha. Estes três fatores são básicos para conhecermos o alcance de uma boa estratégia de comunicação. Contudo, no final, podemos perguntar: para que serve tudo isso? A resposta está na reputação da própria empresa. Quanto menos problemas uma empresa tiver ao traçar suas estratégias, menores serão os riscos a sua reputação. Problema com reputação gera desconfiança e isso leva às chamadas crises de credibilidade, cujas consequências nós veremos mais adiante. Traços do marketing convencional O assim chamado marketing convencional ou tradicional se caracteriza por utilizar mídias ou meios de comunicação impressos, rádio e televisão. São exemplos do marketing impresso: outdoors, revistas, folderes e cartazes. Rádio e televisão são conhecidos também como meios de comunicação de massa. Servem basicamente para divulgar a comunicação institucional e também contribuem para se fazer a divulgação comercial de produtos e serviços. Existe hoje um grande debate sobre o alcance e a finalidade de cada uma dessas mídias tradicionais. Alguns defendem que eles têm grande audiência, mas não existem mecanismos capazes de medir o seu retorno de forma efetiva. Por outro lado, seus custos são muito elevados, sendo proibitivos para pequenas empresas e até para empresas médias. Além disso, há uma novidade preocupante neste meio, que refere-se ao fato de que muitas empresas estão congelando os investimentos nesta área, visto que não conseguem chegar a uma decisão sobre quanto e onde destinar as verbas para este tipo de marketing. Outras empresas investem porque a concorrência também está investindo. Existe um grande ponto de interrogação sobre os investimentos nesta área, sobretudo quando se observa o movimento das grandes marcas que estão migrando para a internet, diversificando sobremaneira a sua presença dentro dela. Capítulo 1 35 Comunicação de Marketing Estas questões citadas anteriormente nos fazem pensar se realmente investir nas mídias tradicionais ainda é um bom negócio. O que tudo indica é que cada vez mais estamos migrando para o meio digital, onde todos participam de alguma maneira. A vantagem de antigamente se desfez com a chegada da internet. Como rádio e televisão eram as mídias que proporcionavam maior alcance, a massificação ocorria justamente planejando a utilização destes dois meios. A cultura de massa foi intensa durante muitos anos, não oportunizando aos usuários algum poder de resposta. No marketing convencional anuncia-se sem saber de fato quem será o receptor final. Alguns mecanismos auxiliam para se chegar ao valor mais próximo, entretanto a incerteza é constante. A posição adotada até a metade da década 1990, na qual o indivíduo somente recebia a mensagem e não possuía nenhuma chance de resposta, é exatamente o oposto do que ocorre hoje em dia. Podemos afirmar de fato que o marketing tradicional está com osdias contados? Mesmo com todas as possibilidades que a internet oferece, muitas empresas ainda investem bastante em veículos como rádio e televisão, confiando na credibilidade dos muitos anos em que estão presentes na comunicação. Mas essa questão nos leva a pensar na perspectiva das diversas empresas que não possuem capital necessário para aplicar neste tipo de projeto, utilizando então a internet, onde os usuários também têm um poder de comunicação muito maior se comparado com os veículos citados anteriormente. REFLEXÃO Atualmente não é mais possível planejar uma campanha utilizando fórmulas do marketing tradicional. Se isso for feito, as chances de insucesso são muito altas. Na verdade, como a dinâmica no ambiente virtual é constante, não existe fórmula que seja adequada a todos os projetos desenvolvidos para este meio. Cada caso deve ser elaborado separadamente, analisando-se as variáveis presentes, que vão desde o público e as tecnologias até as necessidades. Capítulo 1 36 Comunicação de Marketing Vejamos oito dicas que ajudam a definir qual tipo de marketing utilizar em cada situação. 1. Defina sua estratégia e público-alvo (buyer personas) e lembre-se: ambos os métodos são ferramentas de comunicação para executar seus planos, ou seja, atingir seu cliente e posicionar sua marca. 2. Reavalie os resultados com propaganda tradicional (até online), eventos e veja o que realmente funciona. Migre o orçamento do que não funcionou para sua estratégia de Marketing de Atração. 3. Em um país dominado pela TV, a propaganda ainda tem sua eficiência. No entanto, este cenário está mudando em função da web. Agora, o consumidor tem o poder e um megafone virtual em suas mãos. 4. Criar conteúdo é chave, mas antes entenda o que tira o sono de seus clientes e em detalhes o ciclo de vendas de seu negócio. Com essa informação nas mãos, gere conteúdo para cada etapa. 5. Personalize suas páginas nas redes sociais, com a mesma identidade visual usada para as ações offline. E lembre-se: é essencial integrar as duas. 6. Utilize eventos para construir relacionamentos “reais” com seus clientes e aumentar a experiência que eles têm com seus produtos. As informações sobre estes serão buscadas online. Seu estande deve complementar as experiências e informações fornecidas online. 7. Se você ainda não tem uma estratégia de marketing de atração, comece a criar uma. Desta forma, se algum cliente irritado falar mal de sua marca, você poderá resolver o problema antes que se torne viral. 8. Se seu orçamento é mais limitado, invista na web e no Marketing de Atração. Com o custo de um estande, você poderá fazer projetos que colocarão sua marca em destaque na web o ano todo. Fonte: FERNANDES, M. Será que o marketing tradicional morreu? Mundo do marketing. Disponível em: <http://www. mundodomarketing.com.br/18230,artigos,sera-que-o-marketing-tradicional-morreu-.htm>. Acesso em: 25 jul. 2011. Traços do marketing digital Em outro extremo encontramos o marketing digital. Seu uso é muito recente e a cada dia surgem novas ferramentas e aplicações. O que mais chama nossa atenção neste tipo de comunicação é que ela atinge um número grande pessoas e, em princípio, a audiência parece ser mais qualificada. Enquanto o marketing possui uma amplitude limitada pela sua circulação, que pode ser local ou regional, o marketing digital chega a qualquer lugar e pode chegar com qualidade diante de quem está efetivamente interessado naquele produto ou serviço. Capítulo 1 37 Comunicação de Marketing Outro aspecto favorável ao meio digital se refere às ferramentas disponíveis para mensurar e qualificar a sua audiência, possibilitando saber exatamente quais foram os caminhos percorridos pelo internauta. Dá para saber se ele comprou, se cadastrou, ou se apenas pediu informações – enfim, é possível radiografar os itinerários, analisando as potencialidades e as fragilidades de um serviço oferecido pela internet. Existe outro fator favorável – por enquanto! – ao marketing digital. Trata- se de seu preço. O investimento neste tipo de serviço pode ser até 80% mais baixo que o investimento nas mídias tradicionais. Entretanto, a possibilidade de acertos é indefinida. Hoje já existem algumas estratégias consagradas, mas uma infinidade de maneiras de se fazer na internet. Diferentemente dos meios tradicionais de mídia que o marketing ainda utiliza, como você leu anteriormente, a internet tem se mostrado um ambiente cada vez mais favorável e inovador para desenvolver projetos ligados ao marketing. Entretanto, cada ideia deve ser pensada com estratégias diferentes do âmbito convencional da comunicação. Na verdade, não há fórmulas concretas de divulgação na web. Cada caso deve ser analisado e projetado de maneira diferente. Os diversos dispositivos que permitem acesso às redes sociais por meio da internet têm contribuído bastante para que as pessoas se mantenham conectadas quase que 24 horas diárias. A diminuição dos custos dos equipamentos e também do próprio acesso disponibilizado por empresas de telefonia móvel favoreceram para que este cenário fosse alterado, e muito, nos últimos anos. As tecnologias têm moldado constantemente a maneira como o marketing e a sociedade se relacionam. A atualização neste contexto é praticamente diária, devido às diversas ferramentas que surgem e rapidamente podem ganhar muitos adeptos em pouco tempo. As próprias redes sociais, a que você provavelmente tem acesso, funcionam dessa maneira. Muitas campanhas foram adequadas para o ambiente virtual visando justamente a integração, a rapidez e o alcance que este meio permite. O marketing viral consegue desenvolver esta concepção quando é necessário aumentar exponencialmente o conhecimento de uma determinada marca. Este difere do e-mail marketing, processo que é caracterizado pelo envio de conteúdo diretamente para a caixa de entrada nas mensagens virtuais do usuário. O processo viral visa atingir grandes redes sociais e um número Capítulo 1 38 Comunicação de Marketing muito maior, de maneira mais eficaz e produtiva que somente a mensagem para o e-mail – em alguns casos o indivíduo não se interessa pela mensagem, tornando-se, esta, um lixo eletrônico. O processo é conhecido atualmente como spam, que são e-mails não solicitados. 1.3 Aplicando a teoria na prática A empresa XYZ abriu várias filiais e pensa em se tornar uma franquia na área de comércio de produtos esportivos. Entretanto, o proprietário da marca não abre mão de visitar todas as lojas mensalmente e este cuidado passou a ser um problema: a partir do aumento significativo de filiais, o tempo necessário para visitar todas as lojas consome boa parte de sua agenda diária. De que modo você, como futuro profissional do marketing, aconselharia o proprietário a resolver este problema? Chegou a uma resposta? Acompanhe: uma solução economicamente viável para este caso pode ser o desenvolvimento de um ambiente digital de relacionamento e negócio em que o proprietário pode acompanhar na internet a situação de cada ponto de venda. A internet se tornou a opção mais atrativa e econômica para aproximar diferentes públicos em torno de ações conjuntas. A mediação de informações, serviços e relacionamentos pode ser gerida por meio de elementos de tecnologia da informação, que podem ser predefinidos pelo próprio dono do negócio, adequando as opções de acordo com as necessidades. 1.4 Para saber mais Título: Google Marketing: um guia definitivo de marketing digital Autor: VAZ, C. A. Editora: Novatec Ano: 2010 Neste ambiente de renovação constante propiciado pela internet, esta leitura se faz necessária para compreender os novos rumos do marketing digital e as grandes tendências acerca deste contexto. Capítulo 1 39 Comunicação de Marketing Título: Marketing & comunicação para pequenas empresas Autor: GARCIA, M. T. Editora: Novatec Ano: 2006 Cada vez mais pessoas estãotrocando grandes organizações para empreender. O próprio negócio é uma realidade cada vez mais constante no mercado, e a comunicação digital foi apenas um dos fatores importantes para que este processo se tornasse comum ao mercado. 1.5 Relembrando Neste capítulo, você aprendeu que: • toda comunicação precisa de um veículo. O veículo pode ser uma língua, por exemplo, mas também pode ser uma mídia, como uma revista; • a comunicação empresarial é importante no ambiente das organizações porque ela é um dos elementos que consolida a imagem da empresa; • a linguagem pode ser verbal ou não verbal. A comunicação verbal se caracteriza pela escrita e pelo domínio de um código específico. A língua portuguesa é um código, por exemplo; • a Escola de Frankfurt surgiu em 1923, na Alemanha, e reunia pensadores ligados às ciências sociais. Foi o primeiro centro de estudos marxistas dentro de uma escola alemã. Seu principal expoente foi Theodor Adorno, filósofo preocupado em debater os temas contemporâneos, principalmente os temas ligados à indústria cultural, que designava a mudança radical na forma de se produzir os bens culturais (música, arte). Esta escola se destacou pela criação da chamada “Teoria Crítica” (por Max Horkheimer), que tinha como base um marxismo renovado, que se opunha à teoria tradicional de base cartesiana; • enquanto o marketing possui uma amplitude limitada pela sua circulação, que pode ser local ou regional, o marketing digital chega a qualquer lugar e pode chegar com qualidade diante de quem está efetivamente interessado naquele produto ou serviço; Capítulo 1 40 Comunicação de Marketing • os sistemas de informação colocam desafios, pois normalmente exigem que as pessoas sejam capazes de alterar a forma como faziam uma tarefa, tornando o aprendizado de novas formas de se fazer a mesma coisa uma constante; • atualmente não é mais possível planejar uma campanha utilizando fórmulas do marketing tradicional. Se isso for feito, as chances de insucesso são muito altas; • o investimento no marketing digital pode representar, em alguns casos, 80% de economia se comparado ao custo das mídias tradicionais; • a possibilidade de acertos é indefinida. Hoje já existem algumas estratégias consagradas, mas também uma infinidade de maneiras de se fazer marketing na internet. 1.6 Testando os seus conhecimentos 1) A comunicação verbal: a) está presente somente quando conversamos com outra pessoa ao vivo. b) restringe-se apenas a língua falada. c) restringe-se apenas a língua escrita. d) divide-se em dois tipos: sonora (língua falada) e visual (língua escrita). 2) E-mail marketing é: a) o contato feito pelo usuário diretamente com o setor responsável de atendimento ao consumidor. b) utilização do e-mail como ferramenta de marketing direto. c) utilizado basicamente as redes sociais na internet para atingir o público-alvo. d) a campanha de produtos vendidos especificamente na internet. Capítulo 1 41 Comunicação de Marketing 3) Theodor W. Adorno alertou, a partir dos estudos para o clássico texto chamado Indústria cultura, sobre os perigos que esta poderia representar à sociedade e fez uma crítica sobre a standardização da cultura. Sobre esta questão: a) Isso quer dizer que a indústria cultural acabaria por banalizar os valores culturais contidos na educação clássica e na cultura erudita. b) Adorno defendia a padronização cultural. c) A crítica estava relacionada basicamente ao pensamento da escola de Frankfurt. d) Isso quer dizer que a indústria cultural acabaria por enaltecer os valores culturais contidos na educação clássica e na cultura erudita. Onde encontrar ARGENTI, P. A. Comunicação empresarial. Rio de Janeiro: Campus, 2006. PIMENTA, M. A. Comunicação empresarial. Campinas: Alínea, 2009. Capítulo 1 42 Comunicação de Marketing Capítulo 2 43 Comunicação de Marketing CONCEItOS ASSOCIADOS AO MARkEtINg CAPÍTULO 2 2.1 Contextualizando Olá! Este capítulo é destinado a apresentar os principais conceitos e campos do marketing nas organizações e definir suas principais práticas e relações com a comunicação. Neste caso, será preciso começar o estudo tratando sobre os princípios de comunicação que envolvem o campo do marketing. O que faz você escolher um determinado produto? A marca, características, valor, método de produção e disponibilidade? Atualmente, como os nichos de consumo estão segmentados e personalizados, a atuação do marketing se torna cada vez mais essencial e presente em qualquer área, desde produtos, serviços, cultura, entre outros. O consumo em massa encaminha-se cada vez mais para o passado, reforçando a ideia de como os novos consumidores têm poder de decisão nas escolhas. A Internet, por meio de fóruns e redes sociais, possui papel fundamental neste processo que alterou a maneira como consumimos produtos e serviços, contribuindo diariamente com inovações a serviço da sociedade. Apesar de a palavra marketing ser utilizada com frequência em textos e até mesmo no nosso cotidiano, é fundamental entender suas funções e a participação efetiva nos diversos contextos em que é aplicado. Marketing é propaganda? Ou está relacionado somente ao projeto? Como atua no mercado? Estas são algumas dúvidas que certamente você irá sanar ao final deste capítulo. Ao final do capítulo, você verá: Capítulo 2 44 Comunicação de Marketing • os principais conceitos e campos do marketing nas organizações; • a contextualização do conceito de marketing, compreendendo o seu significado e sua origem; • definições sobre as principais práticas e relações com a comunicação; • introdução ao mix de comunicação; • as características de atuação no mercado do profissional de marketing; • como reagir com clientes com características distintas; • os princípios da comunicação que envolvem o campo de marketing; • a venda pessoal como forma de atingir o cliente específico; e • a prática de marketing empresarial. 2.2 Conhecendo a teoria 2.2.1 Entendendo o marketing Para entender o marketing é interessante partir da própria palavra até chegar às suas funcionalidades e usos mais frequentes. A palavra marketing está associada à ideia de comércio, mas a história desta palavra é rica na proliferação de significados negativos ao seu redor. Aconteceu com esta palavra o que os linguistas chamam de entropia. Isto quer dizer que a palavra passou por um processo de aglutinação de significados ao longo do tempo e hoje ela serve para designar muitas ações, embora nem sempre isto seja visto com uma atividade legítima ou ética. Vamos entender melhor como isto aconteceu. A história do desvirtuamento da palavra começou no final do século 19 quando Phineas Taylor Barnum (1810-1891) lançou um livro chamado a Arte de ganhar dinheiro. Este livro é considerado o primeiro ato desabonador associado à palavra marketing. O livro de Barnum ensina várias supostas estratégias que visam enganar as outras pessoas e tirar vantagem nos negócios. Capítulo 2 45 Comunicação de Marketing A palavra marketing sofreu outro importante golpe durante os anos da Guerra Fria, entre 1950 e 1980, quando o regime comunista da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas lançou uma extensiva campanha contra o Ocidente. Um dos principais focos da campanha soviética era direcionado justamente ao marketing. Para os soviéticos, o marketing precisava ser demonizado porque ele é um dos pilares do capitalismo. Veja a seguir, conforme Pacheco e Serpa (2007, p. 1) os principais significados e respectivos conceitos do termo marketing: Significado 1: marketing = comunicação • Conceito redutivo/insuficiente. • Redução do marketing às suas funções de comunicação, somente. • Marketing como sinônimo de propaganda/promoção. • Omissão/ignorância das demais funções. Significado 2: marketing = onipotência • Conceito distorcido/”paranóico-conspiratório”. • Marketing como
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