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A MODALIZAÇÃO 
Considerando que, no interagir com o outro e com a linguagem, os falantes mobilizam recursos linguísticos e expressivos para atingir seus objetivos numa dada situação comunicativa. A linguagem é o lugar da interação humana, visto que ela permeia todos os nossos atos, articula nossas relações com os outros e nos constitui enquanto sujeitos. Essa interação social, por intermédio da língua, caracteriza-se, necessariamente, pela argumentatividade.
Esses elementos modalizadores têm como função principal indicar a força argumentativa dos enunciados ao relacionar, contrapor temas, valores e crenças compartilhadas por uma comunidade linguística. É, nesse sentido que a modalização destaca-se por indicar a orientação
argumentativa dos enunciados e servir como instruções que permitem especificar a conclusão para a qual o enunciado aponta. 
O fenômeno da modalização ganha destaque nos estudos linguísticos, pois tem a função de determinar “o modo de como aquilo que se diz é dito”. Na produção de um discurso, o locutor manifesta suas intenções e sua atitude no enunciado que produz, o que pode ser considerado como atitude ilocucionária de modalização. 
Observemos os exemplos abaixo. 
a) Eu ordeno que você se retire daqui. 
b) É preciso que você se retire daqui. 
Em (a) o locutor coloca-se explicitamente num patamar de autoridade e manifesta em seu enunciado a intenção de levar o interlocutor a agir conforme o citado. Já em (b) o locutor é menos incisivo e autoritário, porém manifesta a necessidade de que a ação seja concretizada. 
c) É possível que Maria tenha feito a prova. 
d) Provavelmente será preciso estudar. 
Em (c), o locutor parte de suas percepções acerca da realidade, de suas convicções, porém não garante a verdade da proposição, o que permite que a responsabilidade sobre a asseveração seja atenuada. Já no exemplo (d) nota-se que o locutor, avalia o conteúdo como uma possibilidade não como uma verdade. Ele deseja ver realizada a ação de estudar, porém a apresenta de modo menos incisivo, podendo receber contestações, pois não é apresentada como uma certeza. 
Modalidade do discurso: 
– modalização e modulação 
– valores 
A polaridade e a modalidade são recursos interpessoais da linguagem. A polaridade ocorre em respostas a perguntas do tipo sim/não. A modalidade, por sua vez, pode ocorrer como probabilidade, usualidade, obrigação e prontidão. 
A probabilidade e a usualidade servem a proposições (declarações e perguntas). É o caso propriamente dito de modalização. A obrigação e a prontidão, por sua vez, servem a propostas (ofertas e comandos). É o caso da modulação. 
Valores da modalidade: 
Sempre com base na polaridade, a modalidade pode trazer um grau alto, médio ou baixo de julgamento. 
– Grau alto: “certamente”, “sempre”... 
– Grau médio: “provável”, “usualmente”... 
– Grau baixo: “possível”, “às vezes”... 
A função interpessoal também ocorre por meio do metadiscurso. O metadiscurso consiste em “comentários” do locutor que permeiam seu discurso. O metadiscurso pode ser analisado por meio de seus índices (tarefa da interpretação). 
Índices do metadiscurso: 
 Marcadores ilocucionais: – “afirmo”, “prometo”, “discuto”, “por exemplo”... 
 Narradores: – “O diretor informou que...” 
 Salientadores: – “mais necessário”, “mais importante”... 
 Enfatizadores: – “sem dúvida”, “é óbvio”, “é lógico”... 
 Marcadores de validade: – “pode”, “deve”, “talvez”... 
 Marcadores de atitude: – “infelizmente”, “é incrível que”, “curiosamente”... 
 Comentadores: – “talvez você queira...”, “meus amigos” e todas as formas de vocativo, “vocês poderão”...
RELATÓRIO JURÍDICO: 
1. O relatório é um texto de tipo narrativo; 
2. Caracteriza-se por ser uma narrativa simples, sem valoração. Sempre que possível, aponte as alegações de ambas as partes; 
3. Todos os fatos relevantes do caso concreto devem ser narrados no pretérito e na 3ª pessoa; 
4. O que não existir no relatório não pode figurar como argumento na fundamentação; 
5. A organização dos eventos deve seguir a ordem cronológica; 
6. O primeiro parágrafo deve indicar o fato gerador da demanda e os sujeitos envolvidos; 
7. O texto não pode deixar de responder às seguintes indagações: qual o fato gerador do conflito? Quem são os envolvidos na lide? Onde e quando os fatos ocorreram? Como se desenvolveu o conflito? Por que ocorreu o conflito de interesses? Quais as consequências dos fatos narrados? 
8. Sugere-se, para iniciar o primeiro parágrafo, a redação “Trata-se de questão sobre...”; 
9. A paragrafação deve seguir as orientações tradicionais de um texto redigido em norma culta; 
10. Cada parágrafo deve receber um recuo inicial de, aproximadamente, 1,5 cm; 
11. Não há limite mínimo ou máximo de linhas, mas sua narração deve ser clara e concisa; 
12. Recorra à polifonia; 
13. Terminado o relatório, na linha abaixo, use a expressão “É o relatório”.
NARRATIVA JURÍDICA:
Algumas características da narrativa jurídica: Impessoalidade, Verbos no passado, Paragrafação, Elementos, constitutivos da demanda (Quem quer? O quê? De quem? Por quê?), Correta identificação do fato gerador, Narrativa jurídica simples, Narrativa jurídica valorada, A construção de versões.
Os fatos mais relevantes no mundo jurídico: O que narrar? ; Os fatos que contribuem para a ênfase daqueles mais relevantes; Os fatos que satisfazem a curiosidade do leitor, despertando seu interesse; Os fatos que contribuem para a compreensão dos mais relevantes.
 Narrativa simples dos fatos: É uma narrativa sem o compromisso de representar qualquer das partes. Deve apresentar todo e qualquer fato importante para a compreensão da lide, de forma imparcial. O quê; Quem (ativo e passivo); Onde; Quando; Como; Por quê; Inicia-se por “trata-se de questão sobre...”
Narrativa Valorada dos fatos: É uma narrativa marcada pelo compromisso de expor os fatos de acordo com a versão da parte que se representa em juízo. Por essa razão, apresenta o pedido (pretensão da parte autora) e recorre a modalizadores. Inicia-se por “Fulano ajuizou ação de... em face de Beltrano, na qual pleiteia...”.

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