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ESTUDO DIRIGIDO Aluno: Aldrin Pinheiro Belarmino Mecanismo de Agressão e Defesa – Maio 2018 Um homem de 25 anos de idade procurou o serviço de saúde com quadro de 1 ano de duração de lesões de pele no nariz e no braço. O exame físico foi notável por pápulas e nódulos eritematosos indolores com escamas e crostas sobrejacentes, algumas das quais tinham ulceração central (Painéis A e B). A paciente era de Meshkinshahr, no Irã, uma área em que a leishmaniose cutânea é endêmica. Um espécime de biópsia do nódulo no nariz revelou corpos Leishman-Donovan intracelulares (amastigotas), e a cultura de tecido juntamente com o ensaio de reação em cadeia da polimerase confirmou infecção por Leishmania tropica. A leishmaniose cutânea tipicamente começa como uma pápula indolor que aumenta para um nódulo com uma crosta central. As pápulas e nódulos aumentam, podem desenvolver ulceração central e levam aproximadamente 1 ano para cicatrizar sem tratamento. Lesões satélites também podem estar presentes. O paciente foi tratado com sucesso com injeções de estibogluconato de sódio. As lesões da pele foram resolvidas, com mínima cicatriz. De acordo com o caso acima, responda as seguintes questões: 1. Como as pessoas são infectadas? Através da picada da fêmeas dos mosquito flebomotomídeos hematófagos infectados pertencentes ao gênero Lutzomyia (Lutzumya intermedia, L. pessoai, L. wellcomei, L. whitmani, etc.), inoculando a forma promastigota. 2. Esquematize o ciclo de vida da Leishmania sp. 1. Flebotomídeo pica um animal infectado ingerindo amastigotas 2. Amastigotas vão para o tubo digestório do inseto se transformando em promastigotas. 3. Mosquito pica o ser humano o infectando com os promastigotas 4. Os promastigotas são fagocitadas pelos macrófagos 5. Os promastigotas se reproduzem dentro do macrófago por divisão binária dando origem aos amastigotas. 6. Os macrófagos se rompem liberando os amastigotas e reiniciando o ciclo com nova resposta imunológica O inseto flebotomídeo ou Lutzomyia se infecta ao picar um animal infectado (roedores silvestres, edentados, marsupiais) ingerindo o amastigotas. Essas formas se transferem para o tubo digestório do inseto se transformando em promastigotas. Quando o mosquito pica o ser humano para fazer seu respasto sanguíneo, ele inocula a forma promastigotas do seu aparelho bucal. Essas, já na corrente sanguínea do seu hospedeiro definitivo, se reproduzem nos macrófagos. Rapidamente as formas promastígotas se transformam em amastígotas que são encontradas 24 horas após a fagocitose. Os macrófagos se rompem para reiniciar o ciclo. 3. Qual o principal tipo de resposta imunológica desencadeada por este parasita neste paciente. Explique. Em pacientes com leishmanioses encontram-se elevadas taxas de linfócitos T CD4 helper (auxiliares) que secretam citocinas específicas, citocinas tipo I (IL12 e INFy), especialmente os IgG. as proteínas do complemento, e a fibronectina. As diversas espécies de Leishmania são capazes de ativaro complemento tanto pela via clássica como pela via alternativa.Os fatores do complemento, principalmente o C3 e seus produtos de clivagem (C3b, C3bi e C3dg), favorecem a fagocitose, uma vez que macrófagos possuem receptores específicos para os mesmos (CRI, CR2, CR3 e CR4). O complexo lítico final do complemento (C5-9) é capaz de aderir asuperfície dos promastígotas e provocar a lise dessas formas. Entretanto, os LPs (lipofosfossacarídeos) dos parasitos interferem na inserção do complexo C5-9, provavelmentepor impedimento estérico produzido pelo espessamento da LPG (lipofosfoglicano). 4. Explique a metodologia dos métodos diagnósticos utilizados no caso em questão e cite outros disponíveis. O diagnóstico clínico pode ser feito com base na característica da lesão que o paciente apresenta, associado a anarnnese, na qual os dados epidemiológicos são de grande importância. Deve ser feito o diagnóstico diferencial de outras dermatoses granulomatosas que apresentam lesões semelhantes à LTA e que podem ser confundidas, como tuberculose cutânea, hanseníase, infecções por fungos (blastomicose e esporotricose), úlcera tropical e neoplasmas. A PCR (reação em cadeia da polimerase) tem se mostrado como uma nova opção de diagnóstico, principalmente em função de sua grande sensibilidade. Assim sendo, busca-se suprir eventuais deficiências dos métodos que pesquisam a forma amastigota do parasito no material obtido da lesão. Recentes validações desta metodologia mostram que é possível identificar o agente etiológico em nível de gênero, a partir do material clínico obtido para os exames parasitológicos convencionais. Com isso, as biópsias das bordas das lesões de pacientes suspeitos de serem portadores são fontes de pesquisa de DNA de Leishmania sp., pela PCR. 5. Qual tratamento é utilizado no Brasil? O tratamento da LTA foi introduzido pelo médico brasileiro Gaspar Vianna, em 1912, com o uso do antimonial tártaro emético. Esta droga durante muitos anos se constituiu na única arma terapêutica em todo o mundo. Atualmente utiliza-se um antimonial pentavalente, Glucantimeo (antirnoniato de N-metilglucamina). Em casos de resistência ao tratamento, pode ser utilizado o isotianato de pentamidina ou a anfotericina B. image1.png image2.png image3.emf