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O Darwinismo em uma Tecnologia da Informação


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TRANSFERÊNCIA DE FUNCIONALIDADES DOS SISTEMAS DE APOIO À 
DECISÃO EM GRUPO PARA A COMPUTAÇÃO COLABORATIVA: O 
DARWINISMO EM UMA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 
 
 
 
CARLOS EDUARDO MARQUES THOMPSON ( eduardothompson@ig.com.br , prof.thompson@gmail.com ) 
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO 
JAIRO SIMIÃO DORNELAS ( jairo@ufpe.br ) 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 
 
 
 
 
Resumo 
As tecnologias da informação e comunicação estão em freqüente evolução. Seguindo esta 
tendência, os Sistemas de Apoio à Decisão em Grupo, utilizados há anos para dar suporte à 
resolução dos problemas organizacionais em grupo, vem sofrendo importantes modificações, 
deixando inclusive de ser alvo produtivo da academia. Este ensaio mostra como novas 
tecnologias colaborativas, com outros nomes e apresentando outras funcionalidades surgem a 
cada dia, passando a oferecer modernos recursos de comunicação e permitindo que as pessoas 
realizem diversas atividades em grupo, incluindo absorvendo funcionalidades típicas de 
suporte à decisão em grupo, sugerindo que possa tomar o lugar daquela tecnologia. 
 
Palavras-chave: sistemas de apoio à decisão em grupo; tecnologias colaborativas; 
transferência de funcionalidades de tecnologia. 
 
1 Introdução 
As mudanças e inovações são um fenômeno estudado em diversas áreas do 
conhecimento. Na antropologia os interesses repousam sobre aquilo que atinge o homem e 
sua natureza, modificando o cotidiano de sua vida na coletividade. Na sociologia o foco se 
desloca para os movimentos que interferem nas sociedades. Já no campo das organizações 
mudanças e inovações são estudadas nos níveis do indivíduo, da organização, do ambiente e 
são fortemente influenciadas pela evolução e propagação tecnológica. 
Mesmo assim, embora ainda se mantenham como estruturas renitentes e de difícil 
adaptação, as organizações têm passado por mudanças profundas nas últimas décadas, muitas 
das quais provocadas pelas demandas de mercado e da própria sociedade e outra vez com 
larga influência da tecnologia, especialmente da tecnologia da informação e comunicação 
(TIC). A fim de fazer frente a este arranjo, as organizações removem níveis hierárquicos 
intermediários, tornando suas estruturas mais horizontais e mais descentralizadas, mudam os 
processos para atender a flexibilidade e o conhecimento requeridos na nova economia, 
direcionam seu foco para estreitas esferas de atividades, seja reduzindo o escopo, 
terceirizando ou realizando alianças estratégicas (PETTIGREW et al., 2003). 
Neste cenário, a tecnologia de informação constitui-se em vetor-mor das mudanças 
nos ambientes institucionais e nos conhecimentos acumulados (STRACHMAN; DEUS, 2005) 
que surgem ancoradas nos sistemas de informação, para apoio às decisões e às operações 
empresariais. Como um moto contínuo a mudança tecnológica acelera a mudança processual 
que por sua vez requer novos artefatos tecnológicos. Na classe destes artefatos notoriedade 
ganharam os sistemas de apoio à decisão (SAD). 
 
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De fato, movidas pela necessidade de obter eficiência, mais qualidade e maior 
desempenho concorrencial frente às freqüentes mudanças e inovações, e também pelas novas 
demandas dos usuários, os SAD se aninharam dentro do arsenal de computação empresarial, 
ora em ritmo solo, com seus modelos e critérios (SAATY, 2000), ora com suas abordagens 
construtivistas de valoração do processo. 
Não tardou que o desempenho maduro dos SAD e as crescentes ondas de participação 
na gestão dos arranjos organizacionais, ofertassem aos grupos (e às suas menções de gestão 
participativa) o artefato denominado de sistema de apoio à decisão para grupos (SAD-G), que 
representariam na modernidade do interpretativismo gerencial, a metamorfose, em vera a 
ampliação, do apoio dos SAD aos grupos de gestores de qualquer natureza (operacional, tático 
e estratégico). 
Creu-se, piamente, que a evolução das tarefas organizacionais, o gregarismo gerencial 
e a velocidade em que os computadores se aperfeiçoavam levando à constante evolução do 
software, cada vez mais munidos de recursos e facilidades para uso em aspectos de 
comunicação, colaboração e coordenação, dotassem os gestores de auxílio para resolução de 
problemas organizacionais e suporte eficiente à tomada de decisão. Dessa conotação surgiram 
derivações guarda-chuva como groupware, intranet e portais corporativos (COLEMAN, 
1995). 
Assim, antevia-se que decisões importantes em ambientes organizacionais, 
normalmente tomadas por um grupo de pessoas cuja capacidade de tomada de decisão 
coletiva é considerada mais pragmática do que opiniões individuais, se tornasse o método 
mais amplamente reconhecido para melhorar a eficácia das decisões. Este corolário, fincando-
se em uma modelagem 3C´s (FAVIER, 1999), apontava que o SAD-G seria, ele mesmo, a 
computação empresarial para o século XXI (BIDGOLI, 1999). 
Todavia, o que se perpetuou na década seguinte foi, de fato, uma grande 
descentralização decisória, mas um declínio quase extintivo de noções como groupware e 
mesmo o trabalho cooperativo clássico (computer cooperative supported work - CSCW). Esse 
declínio decorreu, aparentemente, da massificação das tecnologias baseadas em web 2.0 
(LEVY, 2005) que fizeram surgir fenômenos como a computação ubíqua (CASTELS, 2004), 
as comunidades de prática (WENGER et al, 2002) e as diversas redes sociais. Não obstante as 
funções atribuíveis aos SAD-G coexistem nestes novos artefatos. 
Genericamente, de fato, estas novas tecnologias, usualmente rotuladas como 
tecnologias ou computação colaborativa, têm sido usadas em muitas organizações para ajudar 
os grupos em suas tarefas de tomada de decisão, pela combinação de sistemas de apoio 
baseados em computador (à feição SAD), comunicação (chat, VoIP etc), fóruns (NING, 
Facebook etc), mas preservando em essência aquele tripé conceitual em C. Realmente, o 
objeto da trabalho cooperativo ainda persiste em colaboração, coordenação e comunicação, 
apenas sob outra roupagem. 
Assim, faz bastante sentido tentar estabelecer e estipular a real associação existente 
entre o que se convenciona como escopo SAD-G e as funcionalidades dessa computação 
colaborativa ou novas tecnologias sociais, em viés aparentemente de um sucedâneo 
tecnológico, caracterizável aqui em forma darwiniana. 
É justamente este o intento deste ensaio, qual seja: averiguar a pertinência da 
transferência das funcionalidades do conceito de SAD-G para as novas tecnologias da 
informação colaborativas, decorrentes da evolução da web 2.0. 
Do ponto de vista conceitual trata-se de um seqüenciamento quase nomológico de um 
conceito e pode trazer ao campo prático um reerguimento de uma tecnologia que 
aparentemente era consagrada como a solução empresarial do futuro, e que, aparentemente, 
 
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sucumbiu, mas deixando uma contribuição indelével, a ponto de ser motriz de um conjunto 
afamado de tecnologias sociais na atualidade. 
 
1.1 Contexto 
As organizações cada vez mais buscam solidificar suas posições sociais e de contato 
evolutivo com a comunidade. Neste particular, modernas técnicas de gestão apontam para 
soluções diretivas colegiadas, decisões compartilhadas e constante gestão de mudanças 
(DAFT, 2000). 
A tecnologia da informação, em especial a sua matiz colaborativa, calcada em 
modernidades como Internet, intranet e TIC colaborativas vem fornecendo o suporte 
necessário para que esta vaga de modernidade e de retorno às origens gregárias do ser humano 
possa ser implementada. 
De fato, de portais corporativos a controle de acesso coletivo, de computação para 
usuário final, a metodologias participativas de concepção de sistemas, de chats e mensagens 
instantâneas em blogs e twiters com vertiginosa velocidade de disseminação a ontologias e 
redes de significado semântico (SIQUEIRA, 2008), assiste-se a uma metamorfose social que 
tem como fim delineado o reposicionamento da noção de coletividade como instância gestorada comunidade. 
As primeiras áreas a alinharem este conceito como uma panacéia para a computação 
empresarial foram a área de groupware e sua posterior materialização em SAD-G, pelo lado 
da ciência administrativa, e a aplicação da computação cooperativa (computer supported 
cooperative work) pelo lado da ciência da computação. Todavia, quiçá por baixo suporte 
tecnológico à época, nenhuma das duas vertentes se firmou. O que se seguiu foi uma querela 
conceitual entre correntes que culminou com um incremento da confusão e da coexistência 
dos conceitos. Ellis, Gibbs e Rein (1991) foram autores que destacaram fortemente essa 
confusão conceitual que envolvia a temática. 
Aqueles autores ainda propuseram que o campo seria multidisciplinar e que envolveria 
tecnologias de nível organizacional para integrar processamento de informação e atividades 
de comunicação para interação de pessoas. Nessa perspectiva, os SAD-G seriam um tipo de 
groupware que forneceria funcionalidades baseadas em computador para explorar problemas 
não estruturados num contexto de grupo. Esta definição, no entanto, põe os SAD-G numa 
posição relativamente perigosa do ponto de vista conceitual, já que quase tudo que envolve 
grupo, tecnologia e tomada de decisão pode ser visto como um SAD-G. 
Com a massificação da Internet, o SAD-G, como uma ferramenta para melhorar as 
decisões do grupo, assumiu uma nova dimensão, prestando-se fundamentalmente a suportar e 
reuniões de grupos geograficamente dispersos, suplantando assim barreiras de espaço e 
tempo, facilitando esforços colaborativos. Reuniões não mais precisavam envolver interações 
face-a-face, mas interações tela-a-face (BARKHI, 2002). Os colaboradores agora podiam 
trabalhar a partir de diferentes lugares e em tempos diferentes, utilizando a tecnologia para 
mediar sua comunicação. Em SAD-G baseados na Internet, redes de computadores permitem 
que os membros digitem suas idéias e leiam as idéias dos outros, sem as restrições 
tradicionais do tempo para falar, típicas de encontros presenciais. Esta comunicação mediada 
por computador pode encorajar os membros do grupo a obterem idéias fora do grupo, sem 
responder imediatamente às idéias de outros membros, permitindo assim a comunicação 
paralela (LIMAYEM; BANERJEE, 2006). 
Contudo, ao maximizar os aspectos de apoio e principalmente de comunicação a 
tecnologia de SAD-G, enfraqueceu seus aspectos decisório, de coordenação e de cooperação. 
De fato, Costa et al. (2003) evidenciaram a necessidade de estudar os aspectos funcionais do 
trabalho cooperativo suportado por computador fornecido por SAD-G distribuídos, a luz das 
 
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funcionalidades antes presentes nos SAD e agora distribuídos via rede. Estes autores 
sugeriram que novas pesquisas são necessárias para compreender plenamente os usos 
síncronos e assíncronos desta nova modalidade de SAD-G. 
Assim, ao posicionarem-se os avanços em telecomunicações e de novas tecnologias, 
especialmente as tecnologias colaborativas e sociais, que predominante enfatizam aspectos de 
comunicação e de cooperação comunicativa, há de se perseguir em que formatos os demais 
aspectos do escopo de um SAD-G são sucedidos em aplicações Internet e web 2.0. 
A priori ainda se revelam fortes as bases da modelagem 3C que fez surgir os SAD-G, 
o que os posicionariam como importantes instrumentos tecnológicos de apoio; mas as visões 
práticas que estão resultando através de esforços colaborativos em novas peças de gestão e de 
participação social não têm referido a anciã tecnologia. Cabe detalhar, então a problemática 
acessória a este aparente paradoxo. 
 
1.2 Cenário 
A produção científica na área de Sistemas de Apoio à Decisão (SAD) tem oscilado 
bastante, reduzindo-se na última década nas publicações dos Encontros da Associação 
Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração. Mas esta realidade não é exclusiva 
do Brasil. 
Uma discussão que já tem pouco mais de 10 anos questiona as razões da pesquisa em 
SAD ter perdido força (MANDVIWALLA; GRAY, 1998), concluindo por alguma 
manutenção de relevância e interesse. Briggs, Nunamaker e Sprague (1998) propuseram que a 
investigação nesta área estava longe de ter se esgotado, propondo cerca de 250 oportunidades 
de pesquisa sobre o tema à época da publicação de seu estudo. Tais questões tangenciavam 
também o escopo de aplicação dos SAD-G. 
Durante as duas últimas décadas, pesquisas em SAD-G foram realizadas em diferentes 
contextos e perspectivas. Obteve-se e revela-se um pequeníssimo inventário destes achados 
relativos a ultima década (1999-2009). 
Fjermestad e Hiltz (1999) apresentaram a descrição e a análise de todas as variáveis 
independentes de 200 experimentos em SAD-G, publicados em artigos de jornais e 
conferências até aquele momento. 
Quaddus e Tung (2002) estudaram as maneiras que ocidentais e culturas asiáticas 
lidam com a geração de conflitos e gestão de grupos, mediante a facilitação de um SAD-G. 
Dennis e Wixom (2002) analisaram cinco fatores moderadores e seus efeitos 
potenciais sobre a utilização de SAD-G. 
Dennis e Garfield (2003) descobriram que SAD-G transforma os processos em 
processos mais participativos e potencializa a obtenção de resultados mais participativos, via 
apropriação das estruturas do sistema para atividades de paralelismo, de anonimato, e 
memória reunião. 
Lee et al (2003) investigaram a possibilidade de utilizar uma abordagem baseada em 
agentes inteligentes no desenvolvimento de um SAD-G assíncrono para atender equipes 
móveis. 
Fjermestad (2003) afirma que apesar dos SAD-Gs terem sido estudados por quase um 
quarto de século através de estudos de caso, surveys e experimentos, mais de 90% dos 
experimentos realizados com estes sistemas foram conduzidos a partir de 1990. 
Em um estudo recente, Barkhi et al (2004) investigaram o impacto de duas diferentes 
estruturas de incentivo e dois modos de comunicação diferentes no objetivo e vários 
resultados mensuráveis e variáveis de processo para os grupos utilizando-se de SAD-G. 
 
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É também possível encontrar aumento da utilização de SAD-G em contextos 
educativos, de treinamento e de ensino à distância, havendo afinco em compreender como os 
artefatos podem contribuir para ampliar e facilitar a aprendizagem (FUKS et al, 2005). 
Limayem e Banerjee, (2006) comentam que embora os estudos de SAD-G mostrem a 
diversidade de áreas investigadas no âmbito da gestão, têm, na sua maior parte, assumido uma 
abordagem de caixa preta em que o processo de SAD-G tem recebido pouca ou nenhuma 
atenção como um fator que impacta os resultados. Estes autores argumentam que são 
priorizadas as pesquisas sobre o uso do SAD-G, em que as variações em seu design ou as 
configurações da decisão foram manipuladas, e os efeitos na qualidade da decisão, eficiência 
ou atitudes dos decisores foram observados deixando o processo inexplorado. 
Assim, a última década de pesquisa produziu resultados tímidos e mistos sobre os 
SAD-G e seus efeitos sobre os grupos e resultados das decisões. Estes resultados são muitas 
vezes incoerentes ou conflitantes. Os reais impactos que esses sistemas possuem na tomada de 
decisão do grupo ainda não são conhecidos com certeza e apesar de todos os esforços persiste 
uma questão relevante sobre estes estudos: saber o quanto os SAD-G melhoram o processo e 
resultados das decisões em grupo e seus aspectos fundamentais: comunicação, colaboração e 
coordenação. 
Parte desta problemática e desta escassez pode estar associada à multiplicidade de 
formas que um SAD-G pode assumir. Os SAD-G são uma tecnologia baseada em 
computadores desenvolvida para ajudar comitês, equipes de projetos e outros pequenos 
grupos com atividades de identificação e análise de problemas, tomada de decisão, 
planejamento, criatividade, gerenciamento de conflito, negociação e gerenciamento de 
reuniões (DeSANCTIS; GALLUPE, 1987; DeSANCTIS et al, 2008). Para tal, combinam 
tecnologias de informação, comunicação ede suporte à decisão num ambiente integrado. 
Rigorosamente pode-se observar que as funcionalidades acima listadas também 
caracterizam as tecnologias colaborativas que também estão apoiadas no modelo 3C (FUKS 
et al., 2005). A partir deste modelo, a ação colaborativa e grupal pode ser entendida como a 
combinação de comunicação, coordenação e cooperação. Os SAD-G são, então, ao menos de 
início, um representante das tecnologias colaborativas (DeSANCTIS et al, 2008). 
Comunicação está relacionada com o intercâmbio de mensagens e informação entre as 
pessoas. Coordenação está relacionada com o gerenciamento das pessoas, suas atividades e 
recursos. Cooperação acontece quando o que é produzido é disponibilizado para 
compartilhamento. Este modelo foi originalmente proposto por Ellis, Gibbs e Rein (1991) 
com algumas terminologias diferentes. 
Acontece que há uma infinidade de novas tecnologias colaborativas que estão 
passando a atender as funcionalidades 3C, que antes eram típicas do SAD-G. Em profusão, há 
novas tecnologias surgindo e sempre com novos nomes, como comunidades de prática 
(WENGER et al, 2002); web semântica e web 2.0 (SALAM; STEVENS, 2007); redes e 
comunidades sociais (FONSECA el al, 2008); e-collaboration support systems 
(KARACAPILIDIS, 2008) e outras. Presencia-se então uma eventual transferência gradativa 
de várias das facilidades ancoradas nos SAD-G para essas novas tecnologias. 
Para Hayen, Holmes e Scott (2004), essas funcionalidades são, de fato, absorvidas por 
outras aplicações nas organizações, até por conta dos pacotes de aplicações de business 
intelligence (BI). Assim haveria para os SAD-G, tomando em conta as funcionalidades do 
modelo 3C, uma assimilação funcional por novas tecnologias colaborativas. 
 
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 Transferência das funcionalidades 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1: Transferência das funcionalidades do Modelo 3C 
Fonte: Baseado em Hayen, Holmes e Scott (2004). 
 
Desta maneira, gerentes e pesquisadores poderão visualizar estas novas tecnologias ao 
invés dos SAD-G para a decisão compartilhada e para o apoio à coletivização gerencial. Em 
longo prazo, isto pode caracterizar a “morte” dos SAD-G já que estes estariam 
progressivamente sendo substituídos por outras tecnologias, às vezes de maior apelo social e 
mercadológico. Um exemplo disto pode ser encontrado na segunda edição da Encyclopedia of 
Information Science and Technology que, diferentemente de sua primeira edição, já não 
apresenta uma seção relativa aos SAD-G, mas, em vez disso, cataloga conceitos como o e-
collaboration support systems (KARACAPILIDIS, 2008) são explorados. 
A análise de caminhos com este pode auxiliar no reconhecimento de como o processo 
de mudança, transferência e absorção funcional da tecnologia acontece e se encaminha para 
uma seleção natural, darwinista, na qual a espécie SAD-G, como área específica de 
conhecimento, sucumbe, ou se recicla, e como se soergue um sucedâneo ampliando as 
características vencedoras das restrições ambientais. 
Os indícios descritos no cenário supra-apresentado podem ser sumarizados nos 
seguintes tópicos, que possuem relações mútuas que se encadeiam para a composição da de 
uma questão a pesquisar: 
• Os estudos em SAD-G têm perdido força, com reduzido número de publicações 
em nível nacional e internacional; 
• Apesar da variedade de estudos e de suas abordagens, os resultados das pesquisas 
em SAD-G são muitas vezes incoerentes e conflitantes; 
• Não se sabe com precisão quanto os SAD-G melhoram o processo e resultados das 
decisões em grupo; 
• O SAD-G possui um conceito amplo e que se confunde com outras tecnologias, 
oferecendo margem para que seja substituído por estas, desde que cumpram com 
as mesmas funcionalidades e em feição evolutiva; 
• Novas tecnologias colaborativas estão absorvendo as funcionalidades típicas da 
modelagem SAD-G, embora algumas persistam ainda não-atendidas. 
 
Diante do exposto, esta proposição se destina a investigar o processo evolutivo do 
SAD-G e do conjunto de funcionalidades e das implementações que lhe são típicas, sugerindo 
que estas estão sendo transferidas e absorvidas pelas novas tecnologias da informação 
colaborativas. 
 
 
SAD-G 
 
 TIC 
 Comunicação 
 Coordenação Cooperação 
 
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2 Revisão de literatura 
Esta seção apresenta o encadeamento dos conceitos dedica-se a prover fundamentos 
para as discussões que serão travadas no desenvolvimento do trabalho. Seus maiores resgates, 
neste momento, direcionam-se ao foco dos SAD-G. 
 
2.1 Informações e processo decisório 
Revisando a literatura é possível de encontrar diversos elementos, conceitos e usos 
ligados ao tema informação. 
Campos Filho (1994, p. 35) destaca que “a informação pode ser considerada um 
conjunto de dados cuja forma e o conteúdo são apropriados para uma utilização em 
particular”. Nesta mesma direção, pode-se dizer que a informação tratada é o subconjunto de 
dados que é relevante para os objetivos gerencial e organizacional e que pode ser usado para 
guiar uma ação (MATTHEWS; SHOEBRIDGE, 1992). 
Neste contexto, uma das ações mais atinentes é o processo de tomada de decisão. É 
comum, então, considerar a idéia de que o decisor não possui capacidade ilimitada de 
obtenção e processamento de todas as informações e, portanto, seleciona alternativas de 
comportamento preferidas de acordo com algum sistema de valores que permite avaliar as 
conseqüências desse comportamento (MACIEL; HOCAYEN-DA-SILVA; CASTRO, 2006). 
Esse é o desenho da clássica racionalidade limitada, proposto por Simon (1971). 
De uma forma geral, o processo proposto por essa modelagem aplica-se à maneira 
como os indivíduos buscam, processam e utilizam as informações. As necessidades de 
informação também variam, entre outros motivos, de acordo com o tipo de decisão a ser 
apoiada. Segundo Bidgoli (1996), as decisões em uma organização podem ser classificadas 
como: decisões estruturadas, decisões semi-estruturadas e decisões não-estruturadas. 
Tendo em vista a limitada capacidade de processamento informacional do ser humano 
(DORNELAS, 2000), o suporte tecnológico para tratamento que vise à redução do volume da 
informação, ou mesmo o incremento na velocidade de seu processamento, é de grande valia 
por viabilizar os processos de tomada de decisão de forma rápida e precisa. Este suporte pode 
ser realizado por meio da tecnologia de SAD. 
 
2.2 Sistemas de Apoio à Decisão 
Embora seja, reconhecidamente, uma das disciplinas de apoio à decisão suportada por 
computador, Keen (1980) propõe que é impossível dar uma definição precisa de SAD, 
incluindo todos os seus aspectos, posto ser um ente termo amplo e genérico que envolve todos 
os aspectos relacionados com o apoio às pessoas na tomada de decisões. 
Para Sprague e Carlson (1982), um SAD é um sistema interativo baseado em 
computador que ajuda os decisores a utilizar dados e modelos para resolver problemas não 
estruturados. Seus principais marcos estão listados no quadro 1. 
 
Data Evento Creditado a 
1965 DSS são desenvolvidos a partir dos estudos teóricos sobre a tomada de decisão nas organizações 
Peter Keen 
Charles Stabell 
1970 
São publicados artigos em periódicos de negócios sobre Sistemas 
Gerenciais de Decisão, Sistemas de Planejamento Estratégicos e 
Sistemas de Decisão 
Sprague e Watson 
1970 Critérios para a concepção de modelos e sistemas de apoio à gestão de tomada de decisões são publicados 
J.D.C. Little 
 
Meados de 
1970 
Assuntos relacionados com teoria e prática são discutidos em 
conferência sobre SAD ACM SIGBDP Conference 
1971 Escrito o livro Management Decision Systems: Computer-Based Support for Decision Making. Michael S. Scott Morton 
 
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1970-1974 O primeiro DSS baseado em dados foi construído utilizando-se um 
sistema de Data Warehouse 
Richard Klass 
Charles Weiss 
1974 
Os Sistemas de Gerenciamento de Informaçãosão definidos como 
"um sistema integrado homem / máquina para fornecer 
informações para apoiar as operações, gestão e tomadas de decisão 
em uma organização." 
Gordon Davis 
1975 Brandaid foi concebido para apoio à produção, promoção, aos preços e às decisões de publicidade. J.D.C. Little 
1978 Livro-texto sobre SAD deu suporte para análise de sistemas, design, implementação, avaliação e desenvolvimento. 
Peter Keen 
Michael S. Scott Morton 
1980 
Resultado de tese de doutorado é publicado em livro influente. 
Pesquisas e artigos expandiram as formas de pensar sobre 
negócios e gerenciamento de SAD. 
Steven Alter 
1980 São iniciadas atividades ligadas à construção e design de SAD. Universidades 
1981 SADs identificados em três categorias distintas: 
• SAD para indivíduos, grupos e organizações 
Hackathorn and Keen 
 
1981 
Modelos teóricos associados ao design de SAD orientados à 
conhecimento explicados a partir de quatro componentes: 
• Um sistema de linguagem que especifica todas as mensagens que 
um SAD específico pode aceitar 
• Um sistema de apresentação para todas as mensagens que um 
SAD pode emitir 
• Um sistema de conhecimento para todo o conhecimento que tem 
um SAD 
• Um sistema de processamento de problemas que é o “motor do 
software", que tenta reconhecer e resolver os problemas durante o 
uso do SAD específico. 
Robert Bonczek 
Clyde Holsapple 
Andrew Whinston 
 
Nos final 
dos anos 
1980 
São desenvolvidos os sistemas de apoio à decisão espacial 
(SADE) baseados em modelos. 
Armstrong, Densham, 
e Rushton 
 
1990 
Surveys e estudos bibliométricos sugeriram que a maior parte das 
aplicações de SAD enfatizava a manipulação de modelos 
quantitativos. 
Alavi e 
Joachimsthaler 
1995 SAD espacial começa a se tornar realidade e se firma na literatura Crossland, Wynne, e 
1995 SAD baseado na web começa a se desenvolver Power, Bhargava, Quek 
Quadro 1: Breve história dos Sistemas de Apoio à Decisão 
Fonte: Baseado em Power (2010a). 
 
Nas duas últimas décadas ou mais, a pesquisa de SAD evoluiu para incluir uma série 
de conceitos e visões adicionais (COURTNEY, 2001): 
� Os sistemas de apoio à decisão em grupo que permitem brainstorming, avaliação de 
idéias, facilidades de comunicação para suportar a resolução de problemas em 
grupos; 
� Sistemas de informação executiva que aumentaram o escopo do SAD do nível 
individual ou de pequenos grupos para o nível corporativo; 
� Sistemas de gerenciamento de modelos, SADs baseados em conhecimento, que se 
valem de teorias e técnicas da inteligência artificial e sistemas especialistas, para 
promover suporte mais inteligente para o decisor. 
Esta multiplicidade de variações de sistemas fez com que os próprios SADs passassem 
a utilizar outras nomenclaturas (FORGIONNE et al, 2008). 
Nizetic et al (2007) apresentam uma visão geral dos tipos de SAD de acordo com a 
forma de assistência e considerando o critério do relacionamento com o usuário dividindo-os 
em SADs: passivo, ativo e cooperativo. A seu turno, tomando o escopo como um critério, 
Power (2010a) classifica os SADs em SAD organizacionais e SAD para desktop. 
 
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Na próxima seção a discussão conceitual se desloca dos SADs, de uma forma geral, 
para os sistemas de apoio à decisão em grupo, apresentando conceitos, estruturação e 
importância, além de descrever como este se enquadra no modelo 3C de colaboração. 
 
2.2.1 Os Sistemas de Apoio à Decisão em Grupo 
O SAD-G é um sistema computacional interativo que auxilia na resolução de 
problemas não-estruturados por um grupo de pessoas responsáveis pela tomada de decisão. 
Consiste em um conjunto de software, hardware, linguagens e procedimentos que dão suporte 
a um grupo de pessoas engajadas em uma reunião para tomada de decisão (ALTER, 1999). 
Silver (1991) destaca que a descrição de sistemas de apoio à decisão pode ser realizada 
por meio de uma abordagem baseada em três pilares: capacidades funcionais, visão do 
sistema pelo usuário e os atributos do próprio sistema. 
O SAD-G é importante porque permite que cada participante exponha seu trabalho, 
apresente idéias e esclareça suas dúvidas, e estas ações possibilitam uma diversidade de 
contribuições para o trabalho em grupo em uma organização. 
Segundo Fuks et al (2003) visando à colaboração, indivíduos buscam trocar 
informações (comunicação), organizar-se (coordenação) e operar em conjunto num espaço 
compartilhado (cooperação). Assim, as trocas ocorridas durante a comunicação geram 
compromissos que são gerenciados pela coordenação, que por sua vez organiza e dispõe as 
tarefas que são executadas na cooperação. Como se pode constatar os aspectos primordiais 
dos SAD-G aninham-se em torno dos elementos de comunicação, coordenação e cooperação. 
Essa variante possibilita falar em uma modelagem 3C (FUKS et al, 2005). 
De acordo com o modelo 3C, quando as pessoas se comunicam negociam e tomam 
decisões. Já quando se coordena a ação deste grupo de pessoas, lida-se com o conflito e se 
organizas as atividades de uma maneira que se previna perdas de comunicação e de esforços 
cooperativos. A cooperação resulta da união das tarefas dos membros do grupo no ambiente 
compartilhado, vivificada na busca por executar tarefas, gerar e manipular objetos 
cooperativamente. Assim a colaboração assume um aspecto cíclico e incremental. Através da 
percepção, o indivíduo se informa sobre o que está acontecendo, sobre o que as outras pessoas 
estão fazendo e adquire informações necessárias para seu trabalho Este modelo é apresentado 
na figura 2. 
Uma ferramenta de comunicação mediada por computador dá suporte às interações 
entre os participantes, podendo gerenciar as transições de estados, os eventos de diálogo e os 
compromissos de cada participante (FUKS et al, 2003). Alguns exemplos de ferramentas de 
comunicação atualmente utilizadas são: e-mail, listas de discussão, fóruns, ferramentas de 
argumentação colaborativa (computer supported collaborative argumentation), ferramentas 
de votação, mensagens instantâneas, chat, vídeo-conferência, teleconferência e telefone. 
Power (2010b) argumenta que, mais recentemente, simulações visuais multiusuário, tal como 
o second life (SECONDLIFE, 2010), um mundo digital 3D online, podem ser utilizadas, com 
suas inerentes vantagens e desvantagens, para dar suporte à decisão em grupo. 
A coordenação envolve articulação e gerenciamento de tarefas, compreendendo um 
conjunto de ações que vão desde a identificação e mapeamento dos objetivos até a 
distribuição destes com os diversos integrantes do grupo. Aplicações como agenda e 
workflow, que permitem o gerenciamento de fluxos de ações visando atingir um determinado 
objetivo, podem ser citados para dar suporte a estas atividades. 
A cooperação é o trabalho conjunto dos membros do grupo num contexto de decisão 
determinado, visando à execução de tarefas gerenciadas pela coordenação. Para Fuks et al 
(2003) os indivíduos cooperam produzindo, manipulando e organizando informações, 
construindo e refinando objetos de cooperação, como documentos, planilhas, gráficos etc. 
 
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 gera compromissos 
 que são gerenciados por 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2: O Modelo 3C 
Fonte: adaptado de Ellis, Gibbs e Rein (1991) e Fuks et al (2005). 
 
Examinando pelo ângulo complementar, ou seja, aquilo que o modelo não expressa 
diretamente, corroborando visão DeSanctis e Gallupe (1987), destaca-se que os processos de 
comunicação, coordenação e cooperação não ocorrem de forma similar àquele verificado no 
contexto social sem o uso do SAD-G, tendo em vista que a comunicação orientada à tarefa, 
utilizada com muita propriedade por esses sistemas, deixa os participantes mais críticos em 
relação ao posicionamento dos outros indivíduos. Sendo assim, o SAG-G pode tornar-se um 
complicador no alcance de consensos quando o tempoda reunião é limitado. 
Outro destaque, dos mesmos autores, é a proposição de que não necessariamente 
ocorrer uma correlação entre a satisfação dos usuários do SAD-G, quanto ao processo de 
decisão em grupo e a qualidade da decisão, ou seja, não seria a mera adoção de racionalidade 
e da abordagem sistemática ao processo de decisão obtida com o uso de um SAD-G, que 
traria aumento da qualidade da decisão ou incremento da satisfação com o resultado atingido. 
Ainda na visão crítica da famosa dupla de autores mencionada nos dois últimos 
parágrafos, há três níveis de suporte que podem ser fornecidos aos grupos pelos SAD-G em 
ambientes de processos coletivos de tomada de decisão. O primeiro nível compreende as 
funcionalidades técnicas que objetivam a remoção das barreiras de comunicação, tais como 
anonimato de apresentação de idéias e preferências, display instantâneo de idéias ao grupo, 
troca de mensagens etc. O segundo nível compreende a modelagem e a aplicação de técnicas 
de decisão em grupo visando reduzir as incertezas que ocorrem em um processo de 
comunicação em grupo. O terceiro nível é caracterizado pela presença de padrões de 
comunicação em grupo por máquinas-indução, onde dispositivos experts selecionam e 
reorganizam regras para serem aplicadas durante a reunião de decisão. 
Quer se entender que estes níveis é que possuem funcionalidades especializadas que 
devem ser transpostas para as novas tecnologias. A priori e por mera especulação antevê-se 
Comunicação Coordenação 
 Cooperação 
Conflitos 
 
 � 
 � � 
 � 
 Percepção 
 demanda 
prejudica 
 trata causa 
 dispõe 
tarefas para 
 estimula estimula 
 estimula intermedia 
intermedia intermedia 
 
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uma total possibilidade de apoio mais amplo e sofisticado às funcionalidades nível 1, alguma 
problemática no transporte das funcionalidades de nível 2 e aspectos facilitadores e restritivos 
à transposição das funcionalidades de nível 3. Ao longo do exercício de campo também se 
fará o mapeamento das funcionalidades e dos níveis aos aspectos do modelo 3C. 
 
3 Um Darwinismo Inicial entre SAD-G e Tecnologias Colaborativas 
Schot e Geels (2007), explicando como ocorre o processo de evolução tecnológica, 
propõem que uma nova tecnologia constitui uma “nova espécie” quando um conjunto distinto 
de regras estáveis emerge, liderados por atores de uma comunidade de tecnologia que guiam o 
desenho técnico e as atividades de desenvolvimento. Estas regras definem se uma 
determinada solução tecnológica já não se encaixa no conjunto dos regimes vigentes. Segundo 
estes autores, um regime de técnicas está relacionado com a linha-mestra que guia como são 
feitas as inovações, no domínio de uma tecnologia. 
O processo de transferência de tecnologia pode, portanto, ser explicado como propõem 
Schot e Geels (2007) a partir de uma analogia com a teoria evolucionária de Charles Darwin. 
Para estes autores, a direção do processo evolutivo da tecnologia não é determinada pelo 
processo de geração de variações, mas pelo processo de seleção. Este processo preserva 
variantes favoráveis e constrói gradualmente ajustes ou encaixes em uma direção determinada 
pela natureza do ambiente de seleção formada por mercados e fatores institucionais. Isto 
implica que as tecnologias melhor adaptadas são criadas lentamente através de um processo 
de aprendizado num curso de processo evolucionário. 
Swanson e Ramiller (2004) conceituam a inovação de TI, em termos de processo, 
como a busca de novas aplicações de TI para uma organização, passando a ser aplicada de 
forma inédita. O potencial para novas aplicações é geralmente criado pela emergência de 
tecnologias essencialmente novas. Estes autores destacam, no entanto, que pode haver 
defasagens importantes entre a primeira disponibilidade de uma nova tecnologia da 
informação e comunicação (NTIC) e o eventual aparecimento de usos importantes para estas. 
Desta maneira, uma tecnologia pode “evoluir” para outra, num processo de adaptação 
que pode incluir a assimilação funcional da tecnologia que pode levar anos, até que a nova 
tecnologia seja efetivamente utilizada e difundida numa organização. 
Hayes, Holmes e Scott (2004) resumem um processo de assimilação de TICs 
emergentes nas organizações. Este processo consiste de uma série de etapas pelas quais a 
nova tecnologia é identificada, assimilada e institucionalizada. Na proposição de enquadra 
esta evolução, a tríade de autores citada propõe uma rotinização do procedimento em quatro 
estágios, quais sejam: a identificação de tecnologia, a aprendizagem e adaptação tecnológica, 
a racionalização/controle da gestão e a maturidade/difusão da transferência de tecnologia. 
A identificação da tecnologia examina uma nova ferramenta ou um sistema de 
informação, engloba os testes destes artefatos e leva a uma determinação da oportunidade de 
adquirir a tecnologia. A aprendizagem e a adaptação tecnológica envolvem ganhar 
conhecimento sobre como implantar a nova tecnologia e incluí-la em sistemas de informação 
para além da condição tecnológica atual. A racionalização/controle da gestão engloba a 
evolução contínua da aplicação da tecnologia e desenvolvimento de controles para orientar a 
concepção e implementação de sistemas que aplicam essas tecnologias. Por fim, a 
maturidade/difusão da transferência de tecnologia ocorre quando a tecnologia é adotada em 
toda a organização. 
Durante a identificação da tecnologia, projetos-piloto são muitas vezes levados ao 
nível do planejamento estratégico da organização, especialmente quando um único projeto é 
realizado por um patrocinador executivo-chave. Quando a maturidade/difusão da 
 
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transferência de tecnologia ocorreu, a tecnologia é utilizada em todos os níveis da organização 
e, particularmente ao nível de controle operacional por muitos usuários na organização. 
Seguindo o processo descrito por Hayes, Holmes e Scott (2004), quando a TIC 
introduzida no estágio 1, como uma ferramenta que congregue aspectos do modelo 3C, venha 
a atingir o estágio 4, suas funcionalidades passam a dar suporte aos diversos níveis 
hierárquicos, desde o mais superior como uma ferramenta ad hoc, até os níveis inferiores, 
introduzidos por meio de regras de negócios. 
A figura 3 apresenta graficamente como este processo pode ocorrer, com base no 
padrão de uso de um SAD em uma organização. A tecnologia resultante, considerando o 
atingimento do estágio 4, deve ser reconhecida por aquilo que tornou-se, passando a ser 
considerada uma sucedânea do SAD. 
No caso em análise extrapolar-se-á o enfoque para os SAD-G e o teste de substituição, 
assimilação, transferência e absorção será conduzido vis-à-vis as tecnologias colaborativas. 
No desenho a seguir, já se faz a adaptação para o cenário deste estudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3: Assimilação funcional das tecnologias de SAD 
Fonte: Adaptado de Hayes, Holmes e Scott (2004, p. 485). 
 
A transferência das funcionalidades SAD-G para tecnologias colaborativas teria 
respaldo de teorias como a teoria institucional e seus recortes de habitualização com a nova 
tecnologia. Do mesmo modo, as funcionalidades de comunicação, típicas de SAD-G, para 
realização de brainstorming, votação ou avaliação de alternativas em grupo, passariam a ser 
assumidas pelas novas tecnologias colaborativas, de virtualização e de redes sociais, 
corre3wspondedeno ao nível 1 da proposição de DeSanctis e Galuppe (1987). 
Enfim, a partir do momento em que a academia passa a ter interesse por estas novas 
tecnologias colaborativas, numa espécie de seleção, perde força (ou se adapta forçosamente) 
as espécies ascendentes, o que na idéia postada derivaria para SAD-G. Este trilha evolutiva 
ofereceria uma boa explicação para que se tenha deixado de investigar SAD-G. Assim, o 
processo de objetificação levaria a um grau de consenso social e umapercepção dos 
benefícios das práticas e modelos adotados pela nova tecnologia, que seria configurada como 
a espécie vencedora. 
Os resultados da mudança iriam, então, se generalizando, a partir de uma avaliação 
positiva da nova solução o que terminaria por legitimar a nova tecnologia como dominante, 
 planejamento / 
 estratégico 
 
 planejamento 
 gerencial 
 controle 
 operacional 
 
 Processamento 
 de transações 
 ad hoc 
 institucional 
Ferramenta de SAD/SAD-G 
 
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desembocando na assimilação tecnológica a ser institucionalizada pelos membros da 
instituição-academia. 
 
4 Conclusões 
A área de sistemas de apoio à decisão em grupo possui tradição de pesquisa já 
consolidada em âmbito nacional e internacional, mas gradativamente vem perdendo fôlego, 
sem que tomada de decisão tenha deixado de ser algo importante na vida dos executivos e dos 
grupos nas organizações. 
O processo de esvaziamento de uma área de estudo precisa ser reconhecido, ainda 
mais com indícios tão fortes de que isto esteja ocorrendo devido à transferência e absorção 
funcional da tecnologia. Tais tecnologias precisam ser identificadas e o processo conhecido. 
Deseja-se fortemente que a pesquisa lastreada nestes termos alcance uma boa 
repercussão nos meios nos quais será difundido. A principal motivação é compreender o 
fenômeno sucessório em pesquisa e averiguar como se fez a transição (se é que foi feita) entre 
o conceito tão bem formulado e enquadrado de SAD-G para o fenômeno das tecnologias 
colaborativas, tão vividas na atualidade. 
Estima-se que seja possível, em estudo futuro e mais aprofundado, comprovar a 
adequação de aspectos de comunicação e cooperação de forma mais maximizada e de forma 
menos visível a consolidação do aspecto coordenação. Não obstante, ainda se espera que 
persistam bons espaços para o foco decisório dos SAD-G, e que esta dimensão ainda seja 
fugaz e frágil no escopo de vivência das redes sociais e tecnologias colaborativas. É inegável 
que outras teorias organizacionais, tal como a teoria da estruturação, podem ser utilizadas para 
a interpretação deste fenômeno. Estudos futuros devem considerá-las, além de discutir este 
processo além do nível organizacional. 
 
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