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ANAIS 1/16 TRANSFERÊNCIA DE FUNCIONALIDADES DOS SISTEMAS DE APOIO À DECISÃO EM GRUPO PARA A COMPUTAÇÃO COLABORATIVA: O DARWINISMO EM UMA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO CARLOS EDUARDO MARQUES THOMPSON ( eduardothompson@ig.com.br , prof.thompson@gmail.com ) UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO JAIRO SIMIÃO DORNELAS ( jairo@ufpe.br ) UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO Resumo As tecnologias da informação e comunicação estão em freqüente evolução. Seguindo esta tendência, os Sistemas de Apoio à Decisão em Grupo, utilizados há anos para dar suporte à resolução dos problemas organizacionais em grupo, vem sofrendo importantes modificações, deixando inclusive de ser alvo produtivo da academia. Este ensaio mostra como novas tecnologias colaborativas, com outros nomes e apresentando outras funcionalidades surgem a cada dia, passando a oferecer modernos recursos de comunicação e permitindo que as pessoas realizem diversas atividades em grupo, incluindo absorvendo funcionalidades típicas de suporte à decisão em grupo, sugerindo que possa tomar o lugar daquela tecnologia. Palavras-chave: sistemas de apoio à decisão em grupo; tecnologias colaborativas; transferência de funcionalidades de tecnologia. 1 Introdução As mudanças e inovações são um fenômeno estudado em diversas áreas do conhecimento. Na antropologia os interesses repousam sobre aquilo que atinge o homem e sua natureza, modificando o cotidiano de sua vida na coletividade. Na sociologia o foco se desloca para os movimentos que interferem nas sociedades. Já no campo das organizações mudanças e inovações são estudadas nos níveis do indivíduo, da organização, do ambiente e são fortemente influenciadas pela evolução e propagação tecnológica. Mesmo assim, embora ainda se mantenham como estruturas renitentes e de difícil adaptação, as organizações têm passado por mudanças profundas nas últimas décadas, muitas das quais provocadas pelas demandas de mercado e da própria sociedade e outra vez com larga influência da tecnologia, especialmente da tecnologia da informação e comunicação (TIC). A fim de fazer frente a este arranjo, as organizações removem níveis hierárquicos intermediários, tornando suas estruturas mais horizontais e mais descentralizadas, mudam os processos para atender a flexibilidade e o conhecimento requeridos na nova economia, direcionam seu foco para estreitas esferas de atividades, seja reduzindo o escopo, terceirizando ou realizando alianças estratégicas (PETTIGREW et al., 2003). Neste cenário, a tecnologia de informação constitui-se em vetor-mor das mudanças nos ambientes institucionais e nos conhecimentos acumulados (STRACHMAN; DEUS, 2005) que surgem ancoradas nos sistemas de informação, para apoio às decisões e às operações empresariais. Como um moto contínuo a mudança tecnológica acelera a mudança processual que por sua vez requer novos artefatos tecnológicos. Na classe destes artefatos notoriedade ganharam os sistemas de apoio à decisão (SAD). ANAIS 2/16 De fato, movidas pela necessidade de obter eficiência, mais qualidade e maior desempenho concorrencial frente às freqüentes mudanças e inovações, e também pelas novas demandas dos usuários, os SAD se aninharam dentro do arsenal de computação empresarial, ora em ritmo solo, com seus modelos e critérios (SAATY, 2000), ora com suas abordagens construtivistas de valoração do processo. Não tardou que o desempenho maduro dos SAD e as crescentes ondas de participação na gestão dos arranjos organizacionais, ofertassem aos grupos (e às suas menções de gestão participativa) o artefato denominado de sistema de apoio à decisão para grupos (SAD-G), que representariam na modernidade do interpretativismo gerencial, a metamorfose, em vera a ampliação, do apoio dos SAD aos grupos de gestores de qualquer natureza (operacional, tático e estratégico). Creu-se, piamente, que a evolução das tarefas organizacionais, o gregarismo gerencial e a velocidade em que os computadores se aperfeiçoavam levando à constante evolução do software, cada vez mais munidos de recursos e facilidades para uso em aspectos de comunicação, colaboração e coordenação, dotassem os gestores de auxílio para resolução de problemas organizacionais e suporte eficiente à tomada de decisão. Dessa conotação surgiram derivações guarda-chuva como groupware, intranet e portais corporativos (COLEMAN, 1995). Assim, antevia-se que decisões importantes em ambientes organizacionais, normalmente tomadas por um grupo de pessoas cuja capacidade de tomada de decisão coletiva é considerada mais pragmática do que opiniões individuais, se tornasse o método mais amplamente reconhecido para melhorar a eficácia das decisões. Este corolário, fincando- se em uma modelagem 3C´s (FAVIER, 1999), apontava que o SAD-G seria, ele mesmo, a computação empresarial para o século XXI (BIDGOLI, 1999). Todavia, o que se perpetuou na década seguinte foi, de fato, uma grande descentralização decisória, mas um declínio quase extintivo de noções como groupware e mesmo o trabalho cooperativo clássico (computer cooperative supported work - CSCW). Esse declínio decorreu, aparentemente, da massificação das tecnologias baseadas em web 2.0 (LEVY, 2005) que fizeram surgir fenômenos como a computação ubíqua (CASTELS, 2004), as comunidades de prática (WENGER et al, 2002) e as diversas redes sociais. Não obstante as funções atribuíveis aos SAD-G coexistem nestes novos artefatos. Genericamente, de fato, estas novas tecnologias, usualmente rotuladas como tecnologias ou computação colaborativa, têm sido usadas em muitas organizações para ajudar os grupos em suas tarefas de tomada de decisão, pela combinação de sistemas de apoio baseados em computador (à feição SAD), comunicação (chat, VoIP etc), fóruns (NING, Facebook etc), mas preservando em essência aquele tripé conceitual em C. Realmente, o objeto da trabalho cooperativo ainda persiste em colaboração, coordenação e comunicação, apenas sob outra roupagem. Assim, faz bastante sentido tentar estabelecer e estipular a real associação existente entre o que se convenciona como escopo SAD-G e as funcionalidades dessa computação colaborativa ou novas tecnologias sociais, em viés aparentemente de um sucedâneo tecnológico, caracterizável aqui em forma darwiniana. É justamente este o intento deste ensaio, qual seja: averiguar a pertinência da transferência das funcionalidades do conceito de SAD-G para as novas tecnologias da informação colaborativas, decorrentes da evolução da web 2.0. Do ponto de vista conceitual trata-se de um seqüenciamento quase nomológico de um conceito e pode trazer ao campo prático um reerguimento de uma tecnologia que aparentemente era consagrada como a solução empresarial do futuro, e que, aparentemente, ANAIS 3/16 sucumbiu, mas deixando uma contribuição indelével, a ponto de ser motriz de um conjunto afamado de tecnologias sociais na atualidade. 1.1 Contexto As organizações cada vez mais buscam solidificar suas posições sociais e de contato evolutivo com a comunidade. Neste particular, modernas técnicas de gestão apontam para soluções diretivas colegiadas, decisões compartilhadas e constante gestão de mudanças (DAFT, 2000). A tecnologia da informação, em especial a sua matiz colaborativa, calcada em modernidades como Internet, intranet e TIC colaborativas vem fornecendo o suporte necessário para que esta vaga de modernidade e de retorno às origens gregárias do ser humano possa ser implementada. De fato, de portais corporativos a controle de acesso coletivo, de computação para usuário final, a metodologias participativas de concepção de sistemas, de chats e mensagens instantâneas em blogs e twiters com vertiginosa velocidade de disseminação a ontologias e redes de significado semântico (SIQUEIRA, 2008), assiste-se a uma metamorfose social que tem como fim delineado o reposicionamento da noção de coletividade como instância gestorada comunidade. As primeiras áreas a alinharem este conceito como uma panacéia para a computação empresarial foram a área de groupware e sua posterior materialização em SAD-G, pelo lado da ciência administrativa, e a aplicação da computação cooperativa (computer supported cooperative work) pelo lado da ciência da computação. Todavia, quiçá por baixo suporte tecnológico à época, nenhuma das duas vertentes se firmou. O que se seguiu foi uma querela conceitual entre correntes que culminou com um incremento da confusão e da coexistência dos conceitos. Ellis, Gibbs e Rein (1991) foram autores que destacaram fortemente essa confusão conceitual que envolvia a temática. Aqueles autores ainda propuseram que o campo seria multidisciplinar e que envolveria tecnologias de nível organizacional para integrar processamento de informação e atividades de comunicação para interação de pessoas. Nessa perspectiva, os SAD-G seriam um tipo de groupware que forneceria funcionalidades baseadas em computador para explorar problemas não estruturados num contexto de grupo. Esta definição, no entanto, põe os SAD-G numa posição relativamente perigosa do ponto de vista conceitual, já que quase tudo que envolve grupo, tecnologia e tomada de decisão pode ser visto como um SAD-G. Com a massificação da Internet, o SAD-G, como uma ferramenta para melhorar as decisões do grupo, assumiu uma nova dimensão, prestando-se fundamentalmente a suportar e reuniões de grupos geograficamente dispersos, suplantando assim barreiras de espaço e tempo, facilitando esforços colaborativos. Reuniões não mais precisavam envolver interações face-a-face, mas interações tela-a-face (BARKHI, 2002). Os colaboradores agora podiam trabalhar a partir de diferentes lugares e em tempos diferentes, utilizando a tecnologia para mediar sua comunicação. Em SAD-G baseados na Internet, redes de computadores permitem que os membros digitem suas idéias e leiam as idéias dos outros, sem as restrições tradicionais do tempo para falar, típicas de encontros presenciais. Esta comunicação mediada por computador pode encorajar os membros do grupo a obterem idéias fora do grupo, sem responder imediatamente às idéias de outros membros, permitindo assim a comunicação paralela (LIMAYEM; BANERJEE, 2006). Contudo, ao maximizar os aspectos de apoio e principalmente de comunicação a tecnologia de SAD-G, enfraqueceu seus aspectos decisório, de coordenação e de cooperação. De fato, Costa et al. (2003) evidenciaram a necessidade de estudar os aspectos funcionais do trabalho cooperativo suportado por computador fornecido por SAD-G distribuídos, a luz das ANAIS 4/16 funcionalidades antes presentes nos SAD e agora distribuídos via rede. Estes autores sugeriram que novas pesquisas são necessárias para compreender plenamente os usos síncronos e assíncronos desta nova modalidade de SAD-G. Assim, ao posicionarem-se os avanços em telecomunicações e de novas tecnologias, especialmente as tecnologias colaborativas e sociais, que predominante enfatizam aspectos de comunicação e de cooperação comunicativa, há de se perseguir em que formatos os demais aspectos do escopo de um SAD-G são sucedidos em aplicações Internet e web 2.0. A priori ainda se revelam fortes as bases da modelagem 3C que fez surgir os SAD-G, o que os posicionariam como importantes instrumentos tecnológicos de apoio; mas as visões práticas que estão resultando através de esforços colaborativos em novas peças de gestão e de participação social não têm referido a anciã tecnologia. Cabe detalhar, então a problemática acessória a este aparente paradoxo. 1.2 Cenário A produção científica na área de Sistemas de Apoio à Decisão (SAD) tem oscilado bastante, reduzindo-se na última década nas publicações dos Encontros da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração. Mas esta realidade não é exclusiva do Brasil. Uma discussão que já tem pouco mais de 10 anos questiona as razões da pesquisa em SAD ter perdido força (MANDVIWALLA; GRAY, 1998), concluindo por alguma manutenção de relevância e interesse. Briggs, Nunamaker e Sprague (1998) propuseram que a investigação nesta área estava longe de ter se esgotado, propondo cerca de 250 oportunidades de pesquisa sobre o tema à época da publicação de seu estudo. Tais questões tangenciavam também o escopo de aplicação dos SAD-G. Durante as duas últimas décadas, pesquisas em SAD-G foram realizadas em diferentes contextos e perspectivas. Obteve-se e revela-se um pequeníssimo inventário destes achados relativos a ultima década (1999-2009). Fjermestad e Hiltz (1999) apresentaram a descrição e a análise de todas as variáveis independentes de 200 experimentos em SAD-G, publicados em artigos de jornais e conferências até aquele momento. Quaddus e Tung (2002) estudaram as maneiras que ocidentais e culturas asiáticas lidam com a geração de conflitos e gestão de grupos, mediante a facilitação de um SAD-G. Dennis e Wixom (2002) analisaram cinco fatores moderadores e seus efeitos potenciais sobre a utilização de SAD-G. Dennis e Garfield (2003) descobriram que SAD-G transforma os processos em processos mais participativos e potencializa a obtenção de resultados mais participativos, via apropriação das estruturas do sistema para atividades de paralelismo, de anonimato, e memória reunião. Lee et al (2003) investigaram a possibilidade de utilizar uma abordagem baseada em agentes inteligentes no desenvolvimento de um SAD-G assíncrono para atender equipes móveis. Fjermestad (2003) afirma que apesar dos SAD-Gs terem sido estudados por quase um quarto de século através de estudos de caso, surveys e experimentos, mais de 90% dos experimentos realizados com estes sistemas foram conduzidos a partir de 1990. Em um estudo recente, Barkhi et al (2004) investigaram o impacto de duas diferentes estruturas de incentivo e dois modos de comunicação diferentes no objetivo e vários resultados mensuráveis e variáveis de processo para os grupos utilizando-se de SAD-G. ANAIS 5/16 É também possível encontrar aumento da utilização de SAD-G em contextos educativos, de treinamento e de ensino à distância, havendo afinco em compreender como os artefatos podem contribuir para ampliar e facilitar a aprendizagem (FUKS et al, 2005). Limayem e Banerjee, (2006) comentam que embora os estudos de SAD-G mostrem a diversidade de áreas investigadas no âmbito da gestão, têm, na sua maior parte, assumido uma abordagem de caixa preta em que o processo de SAD-G tem recebido pouca ou nenhuma atenção como um fator que impacta os resultados. Estes autores argumentam que são priorizadas as pesquisas sobre o uso do SAD-G, em que as variações em seu design ou as configurações da decisão foram manipuladas, e os efeitos na qualidade da decisão, eficiência ou atitudes dos decisores foram observados deixando o processo inexplorado. Assim, a última década de pesquisa produziu resultados tímidos e mistos sobre os SAD-G e seus efeitos sobre os grupos e resultados das decisões. Estes resultados são muitas vezes incoerentes ou conflitantes. Os reais impactos que esses sistemas possuem na tomada de decisão do grupo ainda não são conhecidos com certeza e apesar de todos os esforços persiste uma questão relevante sobre estes estudos: saber o quanto os SAD-G melhoram o processo e resultados das decisões em grupo e seus aspectos fundamentais: comunicação, colaboração e coordenação. Parte desta problemática e desta escassez pode estar associada à multiplicidade de formas que um SAD-G pode assumir. Os SAD-G são uma tecnologia baseada em computadores desenvolvida para ajudar comitês, equipes de projetos e outros pequenos grupos com atividades de identificação e análise de problemas, tomada de decisão, planejamento, criatividade, gerenciamento de conflito, negociação e gerenciamento de reuniões (DeSANCTIS; GALLUPE, 1987; DeSANCTIS et al, 2008). Para tal, combinam tecnologias de informação, comunicação ede suporte à decisão num ambiente integrado. Rigorosamente pode-se observar que as funcionalidades acima listadas também caracterizam as tecnologias colaborativas que também estão apoiadas no modelo 3C (FUKS et al., 2005). A partir deste modelo, a ação colaborativa e grupal pode ser entendida como a combinação de comunicação, coordenação e cooperação. Os SAD-G são, então, ao menos de início, um representante das tecnologias colaborativas (DeSANCTIS et al, 2008). Comunicação está relacionada com o intercâmbio de mensagens e informação entre as pessoas. Coordenação está relacionada com o gerenciamento das pessoas, suas atividades e recursos. Cooperação acontece quando o que é produzido é disponibilizado para compartilhamento. Este modelo foi originalmente proposto por Ellis, Gibbs e Rein (1991) com algumas terminologias diferentes. Acontece que há uma infinidade de novas tecnologias colaborativas que estão passando a atender as funcionalidades 3C, que antes eram típicas do SAD-G. Em profusão, há novas tecnologias surgindo e sempre com novos nomes, como comunidades de prática (WENGER et al, 2002); web semântica e web 2.0 (SALAM; STEVENS, 2007); redes e comunidades sociais (FONSECA el al, 2008); e-collaboration support systems (KARACAPILIDIS, 2008) e outras. Presencia-se então uma eventual transferência gradativa de várias das facilidades ancoradas nos SAD-G para essas novas tecnologias. Para Hayen, Holmes e Scott (2004), essas funcionalidades são, de fato, absorvidas por outras aplicações nas organizações, até por conta dos pacotes de aplicações de business intelligence (BI). Assim haveria para os SAD-G, tomando em conta as funcionalidades do modelo 3C, uma assimilação funcional por novas tecnologias colaborativas. ANAIS 6/16 Transferência das funcionalidades Figura 1: Transferência das funcionalidades do Modelo 3C Fonte: Baseado em Hayen, Holmes e Scott (2004). Desta maneira, gerentes e pesquisadores poderão visualizar estas novas tecnologias ao invés dos SAD-G para a decisão compartilhada e para o apoio à coletivização gerencial. Em longo prazo, isto pode caracterizar a “morte” dos SAD-G já que estes estariam progressivamente sendo substituídos por outras tecnologias, às vezes de maior apelo social e mercadológico. Um exemplo disto pode ser encontrado na segunda edição da Encyclopedia of Information Science and Technology que, diferentemente de sua primeira edição, já não apresenta uma seção relativa aos SAD-G, mas, em vez disso, cataloga conceitos como o e- collaboration support systems (KARACAPILIDIS, 2008) são explorados. A análise de caminhos com este pode auxiliar no reconhecimento de como o processo de mudança, transferência e absorção funcional da tecnologia acontece e se encaminha para uma seleção natural, darwinista, na qual a espécie SAD-G, como área específica de conhecimento, sucumbe, ou se recicla, e como se soergue um sucedâneo ampliando as características vencedoras das restrições ambientais. Os indícios descritos no cenário supra-apresentado podem ser sumarizados nos seguintes tópicos, que possuem relações mútuas que se encadeiam para a composição da de uma questão a pesquisar: • Os estudos em SAD-G têm perdido força, com reduzido número de publicações em nível nacional e internacional; • Apesar da variedade de estudos e de suas abordagens, os resultados das pesquisas em SAD-G são muitas vezes incoerentes e conflitantes; • Não se sabe com precisão quanto os SAD-G melhoram o processo e resultados das decisões em grupo; • O SAD-G possui um conceito amplo e que se confunde com outras tecnologias, oferecendo margem para que seja substituído por estas, desde que cumpram com as mesmas funcionalidades e em feição evolutiva; • Novas tecnologias colaborativas estão absorvendo as funcionalidades típicas da modelagem SAD-G, embora algumas persistam ainda não-atendidas. Diante do exposto, esta proposição se destina a investigar o processo evolutivo do SAD-G e do conjunto de funcionalidades e das implementações que lhe são típicas, sugerindo que estas estão sendo transferidas e absorvidas pelas novas tecnologias da informação colaborativas. SAD-G TIC Comunicação Coordenação Cooperação ANAIS 7/16 2 Revisão de literatura Esta seção apresenta o encadeamento dos conceitos dedica-se a prover fundamentos para as discussões que serão travadas no desenvolvimento do trabalho. Seus maiores resgates, neste momento, direcionam-se ao foco dos SAD-G. 2.1 Informações e processo decisório Revisando a literatura é possível de encontrar diversos elementos, conceitos e usos ligados ao tema informação. Campos Filho (1994, p. 35) destaca que “a informação pode ser considerada um conjunto de dados cuja forma e o conteúdo são apropriados para uma utilização em particular”. Nesta mesma direção, pode-se dizer que a informação tratada é o subconjunto de dados que é relevante para os objetivos gerencial e organizacional e que pode ser usado para guiar uma ação (MATTHEWS; SHOEBRIDGE, 1992). Neste contexto, uma das ações mais atinentes é o processo de tomada de decisão. É comum, então, considerar a idéia de que o decisor não possui capacidade ilimitada de obtenção e processamento de todas as informações e, portanto, seleciona alternativas de comportamento preferidas de acordo com algum sistema de valores que permite avaliar as conseqüências desse comportamento (MACIEL; HOCAYEN-DA-SILVA; CASTRO, 2006). Esse é o desenho da clássica racionalidade limitada, proposto por Simon (1971). De uma forma geral, o processo proposto por essa modelagem aplica-se à maneira como os indivíduos buscam, processam e utilizam as informações. As necessidades de informação também variam, entre outros motivos, de acordo com o tipo de decisão a ser apoiada. Segundo Bidgoli (1996), as decisões em uma organização podem ser classificadas como: decisões estruturadas, decisões semi-estruturadas e decisões não-estruturadas. Tendo em vista a limitada capacidade de processamento informacional do ser humano (DORNELAS, 2000), o suporte tecnológico para tratamento que vise à redução do volume da informação, ou mesmo o incremento na velocidade de seu processamento, é de grande valia por viabilizar os processos de tomada de decisão de forma rápida e precisa. Este suporte pode ser realizado por meio da tecnologia de SAD. 2.2 Sistemas de Apoio à Decisão Embora seja, reconhecidamente, uma das disciplinas de apoio à decisão suportada por computador, Keen (1980) propõe que é impossível dar uma definição precisa de SAD, incluindo todos os seus aspectos, posto ser um ente termo amplo e genérico que envolve todos os aspectos relacionados com o apoio às pessoas na tomada de decisões. Para Sprague e Carlson (1982), um SAD é um sistema interativo baseado em computador que ajuda os decisores a utilizar dados e modelos para resolver problemas não estruturados. Seus principais marcos estão listados no quadro 1. Data Evento Creditado a 1965 DSS são desenvolvidos a partir dos estudos teóricos sobre a tomada de decisão nas organizações Peter Keen Charles Stabell 1970 São publicados artigos em periódicos de negócios sobre Sistemas Gerenciais de Decisão, Sistemas de Planejamento Estratégicos e Sistemas de Decisão Sprague e Watson 1970 Critérios para a concepção de modelos e sistemas de apoio à gestão de tomada de decisões são publicados J.D.C. Little Meados de 1970 Assuntos relacionados com teoria e prática são discutidos em conferência sobre SAD ACM SIGBDP Conference 1971 Escrito o livro Management Decision Systems: Computer-Based Support for Decision Making. Michael S. Scott Morton ANAIS 8/16 1970-1974 O primeiro DSS baseado em dados foi construído utilizando-se um sistema de Data Warehouse Richard Klass Charles Weiss 1974 Os Sistemas de Gerenciamento de Informaçãosão definidos como "um sistema integrado homem / máquina para fornecer informações para apoiar as operações, gestão e tomadas de decisão em uma organização." Gordon Davis 1975 Brandaid foi concebido para apoio à produção, promoção, aos preços e às decisões de publicidade. J.D.C. Little 1978 Livro-texto sobre SAD deu suporte para análise de sistemas, design, implementação, avaliação e desenvolvimento. Peter Keen Michael S. Scott Morton 1980 Resultado de tese de doutorado é publicado em livro influente. Pesquisas e artigos expandiram as formas de pensar sobre negócios e gerenciamento de SAD. Steven Alter 1980 São iniciadas atividades ligadas à construção e design de SAD. Universidades 1981 SADs identificados em três categorias distintas: • SAD para indivíduos, grupos e organizações Hackathorn and Keen 1981 Modelos teóricos associados ao design de SAD orientados à conhecimento explicados a partir de quatro componentes: • Um sistema de linguagem que especifica todas as mensagens que um SAD específico pode aceitar • Um sistema de apresentação para todas as mensagens que um SAD pode emitir • Um sistema de conhecimento para todo o conhecimento que tem um SAD • Um sistema de processamento de problemas que é o “motor do software", que tenta reconhecer e resolver os problemas durante o uso do SAD específico. Robert Bonczek Clyde Holsapple Andrew Whinston Nos final dos anos 1980 São desenvolvidos os sistemas de apoio à decisão espacial (SADE) baseados em modelos. Armstrong, Densham, e Rushton 1990 Surveys e estudos bibliométricos sugeriram que a maior parte das aplicações de SAD enfatizava a manipulação de modelos quantitativos. Alavi e Joachimsthaler 1995 SAD espacial começa a se tornar realidade e se firma na literatura Crossland, Wynne, e 1995 SAD baseado na web começa a se desenvolver Power, Bhargava, Quek Quadro 1: Breve história dos Sistemas de Apoio à Decisão Fonte: Baseado em Power (2010a). Nas duas últimas décadas ou mais, a pesquisa de SAD evoluiu para incluir uma série de conceitos e visões adicionais (COURTNEY, 2001): � Os sistemas de apoio à decisão em grupo que permitem brainstorming, avaliação de idéias, facilidades de comunicação para suportar a resolução de problemas em grupos; � Sistemas de informação executiva que aumentaram o escopo do SAD do nível individual ou de pequenos grupos para o nível corporativo; � Sistemas de gerenciamento de modelos, SADs baseados em conhecimento, que se valem de teorias e técnicas da inteligência artificial e sistemas especialistas, para promover suporte mais inteligente para o decisor. Esta multiplicidade de variações de sistemas fez com que os próprios SADs passassem a utilizar outras nomenclaturas (FORGIONNE et al, 2008). Nizetic et al (2007) apresentam uma visão geral dos tipos de SAD de acordo com a forma de assistência e considerando o critério do relacionamento com o usuário dividindo-os em SADs: passivo, ativo e cooperativo. A seu turno, tomando o escopo como um critério, Power (2010a) classifica os SADs em SAD organizacionais e SAD para desktop. ANAIS 9/16 Na próxima seção a discussão conceitual se desloca dos SADs, de uma forma geral, para os sistemas de apoio à decisão em grupo, apresentando conceitos, estruturação e importância, além de descrever como este se enquadra no modelo 3C de colaboração. 2.2.1 Os Sistemas de Apoio à Decisão em Grupo O SAD-G é um sistema computacional interativo que auxilia na resolução de problemas não-estruturados por um grupo de pessoas responsáveis pela tomada de decisão. Consiste em um conjunto de software, hardware, linguagens e procedimentos que dão suporte a um grupo de pessoas engajadas em uma reunião para tomada de decisão (ALTER, 1999). Silver (1991) destaca que a descrição de sistemas de apoio à decisão pode ser realizada por meio de uma abordagem baseada em três pilares: capacidades funcionais, visão do sistema pelo usuário e os atributos do próprio sistema. O SAD-G é importante porque permite que cada participante exponha seu trabalho, apresente idéias e esclareça suas dúvidas, e estas ações possibilitam uma diversidade de contribuições para o trabalho em grupo em uma organização. Segundo Fuks et al (2003) visando à colaboração, indivíduos buscam trocar informações (comunicação), organizar-se (coordenação) e operar em conjunto num espaço compartilhado (cooperação). Assim, as trocas ocorridas durante a comunicação geram compromissos que são gerenciados pela coordenação, que por sua vez organiza e dispõe as tarefas que são executadas na cooperação. Como se pode constatar os aspectos primordiais dos SAD-G aninham-se em torno dos elementos de comunicação, coordenação e cooperação. Essa variante possibilita falar em uma modelagem 3C (FUKS et al, 2005). De acordo com o modelo 3C, quando as pessoas se comunicam negociam e tomam decisões. Já quando se coordena a ação deste grupo de pessoas, lida-se com o conflito e se organizas as atividades de uma maneira que se previna perdas de comunicação e de esforços cooperativos. A cooperação resulta da união das tarefas dos membros do grupo no ambiente compartilhado, vivificada na busca por executar tarefas, gerar e manipular objetos cooperativamente. Assim a colaboração assume um aspecto cíclico e incremental. Através da percepção, o indivíduo se informa sobre o que está acontecendo, sobre o que as outras pessoas estão fazendo e adquire informações necessárias para seu trabalho Este modelo é apresentado na figura 2. Uma ferramenta de comunicação mediada por computador dá suporte às interações entre os participantes, podendo gerenciar as transições de estados, os eventos de diálogo e os compromissos de cada participante (FUKS et al, 2003). Alguns exemplos de ferramentas de comunicação atualmente utilizadas são: e-mail, listas de discussão, fóruns, ferramentas de argumentação colaborativa (computer supported collaborative argumentation), ferramentas de votação, mensagens instantâneas, chat, vídeo-conferência, teleconferência e telefone. Power (2010b) argumenta que, mais recentemente, simulações visuais multiusuário, tal como o second life (SECONDLIFE, 2010), um mundo digital 3D online, podem ser utilizadas, com suas inerentes vantagens e desvantagens, para dar suporte à decisão em grupo. A coordenação envolve articulação e gerenciamento de tarefas, compreendendo um conjunto de ações que vão desde a identificação e mapeamento dos objetivos até a distribuição destes com os diversos integrantes do grupo. Aplicações como agenda e workflow, que permitem o gerenciamento de fluxos de ações visando atingir um determinado objetivo, podem ser citados para dar suporte a estas atividades. A cooperação é o trabalho conjunto dos membros do grupo num contexto de decisão determinado, visando à execução de tarefas gerenciadas pela coordenação. Para Fuks et al (2003) os indivíduos cooperam produzindo, manipulando e organizando informações, construindo e refinando objetos de cooperação, como documentos, planilhas, gráficos etc. ANAIS 10/16 gera compromissos que são gerenciados por Figura 2: O Modelo 3C Fonte: adaptado de Ellis, Gibbs e Rein (1991) e Fuks et al (2005). Examinando pelo ângulo complementar, ou seja, aquilo que o modelo não expressa diretamente, corroborando visão DeSanctis e Gallupe (1987), destaca-se que os processos de comunicação, coordenação e cooperação não ocorrem de forma similar àquele verificado no contexto social sem o uso do SAD-G, tendo em vista que a comunicação orientada à tarefa, utilizada com muita propriedade por esses sistemas, deixa os participantes mais críticos em relação ao posicionamento dos outros indivíduos. Sendo assim, o SAG-G pode tornar-se um complicador no alcance de consensos quando o tempoda reunião é limitado. Outro destaque, dos mesmos autores, é a proposição de que não necessariamente ocorrer uma correlação entre a satisfação dos usuários do SAD-G, quanto ao processo de decisão em grupo e a qualidade da decisão, ou seja, não seria a mera adoção de racionalidade e da abordagem sistemática ao processo de decisão obtida com o uso de um SAD-G, que traria aumento da qualidade da decisão ou incremento da satisfação com o resultado atingido. Ainda na visão crítica da famosa dupla de autores mencionada nos dois últimos parágrafos, há três níveis de suporte que podem ser fornecidos aos grupos pelos SAD-G em ambientes de processos coletivos de tomada de decisão. O primeiro nível compreende as funcionalidades técnicas que objetivam a remoção das barreiras de comunicação, tais como anonimato de apresentação de idéias e preferências, display instantâneo de idéias ao grupo, troca de mensagens etc. O segundo nível compreende a modelagem e a aplicação de técnicas de decisão em grupo visando reduzir as incertezas que ocorrem em um processo de comunicação em grupo. O terceiro nível é caracterizado pela presença de padrões de comunicação em grupo por máquinas-indução, onde dispositivos experts selecionam e reorganizam regras para serem aplicadas durante a reunião de decisão. Quer se entender que estes níveis é que possuem funcionalidades especializadas que devem ser transpostas para as novas tecnologias. A priori e por mera especulação antevê-se Comunicação Coordenação Cooperação Conflitos � � � � Percepção demanda prejudica trata causa dispõe tarefas para estimula estimula estimula intermedia intermedia intermedia ANAIS 11/16 uma total possibilidade de apoio mais amplo e sofisticado às funcionalidades nível 1, alguma problemática no transporte das funcionalidades de nível 2 e aspectos facilitadores e restritivos à transposição das funcionalidades de nível 3. Ao longo do exercício de campo também se fará o mapeamento das funcionalidades e dos níveis aos aspectos do modelo 3C. 3 Um Darwinismo Inicial entre SAD-G e Tecnologias Colaborativas Schot e Geels (2007), explicando como ocorre o processo de evolução tecnológica, propõem que uma nova tecnologia constitui uma “nova espécie” quando um conjunto distinto de regras estáveis emerge, liderados por atores de uma comunidade de tecnologia que guiam o desenho técnico e as atividades de desenvolvimento. Estas regras definem se uma determinada solução tecnológica já não se encaixa no conjunto dos regimes vigentes. Segundo estes autores, um regime de técnicas está relacionado com a linha-mestra que guia como são feitas as inovações, no domínio de uma tecnologia. O processo de transferência de tecnologia pode, portanto, ser explicado como propõem Schot e Geels (2007) a partir de uma analogia com a teoria evolucionária de Charles Darwin. Para estes autores, a direção do processo evolutivo da tecnologia não é determinada pelo processo de geração de variações, mas pelo processo de seleção. Este processo preserva variantes favoráveis e constrói gradualmente ajustes ou encaixes em uma direção determinada pela natureza do ambiente de seleção formada por mercados e fatores institucionais. Isto implica que as tecnologias melhor adaptadas são criadas lentamente através de um processo de aprendizado num curso de processo evolucionário. Swanson e Ramiller (2004) conceituam a inovação de TI, em termos de processo, como a busca de novas aplicações de TI para uma organização, passando a ser aplicada de forma inédita. O potencial para novas aplicações é geralmente criado pela emergência de tecnologias essencialmente novas. Estes autores destacam, no entanto, que pode haver defasagens importantes entre a primeira disponibilidade de uma nova tecnologia da informação e comunicação (NTIC) e o eventual aparecimento de usos importantes para estas. Desta maneira, uma tecnologia pode “evoluir” para outra, num processo de adaptação que pode incluir a assimilação funcional da tecnologia que pode levar anos, até que a nova tecnologia seja efetivamente utilizada e difundida numa organização. Hayes, Holmes e Scott (2004) resumem um processo de assimilação de TICs emergentes nas organizações. Este processo consiste de uma série de etapas pelas quais a nova tecnologia é identificada, assimilada e institucionalizada. Na proposição de enquadra esta evolução, a tríade de autores citada propõe uma rotinização do procedimento em quatro estágios, quais sejam: a identificação de tecnologia, a aprendizagem e adaptação tecnológica, a racionalização/controle da gestão e a maturidade/difusão da transferência de tecnologia. A identificação da tecnologia examina uma nova ferramenta ou um sistema de informação, engloba os testes destes artefatos e leva a uma determinação da oportunidade de adquirir a tecnologia. A aprendizagem e a adaptação tecnológica envolvem ganhar conhecimento sobre como implantar a nova tecnologia e incluí-la em sistemas de informação para além da condição tecnológica atual. A racionalização/controle da gestão engloba a evolução contínua da aplicação da tecnologia e desenvolvimento de controles para orientar a concepção e implementação de sistemas que aplicam essas tecnologias. Por fim, a maturidade/difusão da transferência de tecnologia ocorre quando a tecnologia é adotada em toda a organização. Durante a identificação da tecnologia, projetos-piloto são muitas vezes levados ao nível do planejamento estratégico da organização, especialmente quando um único projeto é realizado por um patrocinador executivo-chave. Quando a maturidade/difusão da ANAIS 12/16 transferência de tecnologia ocorreu, a tecnologia é utilizada em todos os níveis da organização e, particularmente ao nível de controle operacional por muitos usuários na organização. Seguindo o processo descrito por Hayes, Holmes e Scott (2004), quando a TIC introduzida no estágio 1, como uma ferramenta que congregue aspectos do modelo 3C, venha a atingir o estágio 4, suas funcionalidades passam a dar suporte aos diversos níveis hierárquicos, desde o mais superior como uma ferramenta ad hoc, até os níveis inferiores, introduzidos por meio de regras de negócios. A figura 3 apresenta graficamente como este processo pode ocorrer, com base no padrão de uso de um SAD em uma organização. A tecnologia resultante, considerando o atingimento do estágio 4, deve ser reconhecida por aquilo que tornou-se, passando a ser considerada uma sucedânea do SAD. No caso em análise extrapolar-se-á o enfoque para os SAD-G e o teste de substituição, assimilação, transferência e absorção será conduzido vis-à-vis as tecnologias colaborativas. No desenho a seguir, já se faz a adaptação para o cenário deste estudo. Figura 3: Assimilação funcional das tecnologias de SAD Fonte: Adaptado de Hayes, Holmes e Scott (2004, p. 485). A transferência das funcionalidades SAD-G para tecnologias colaborativas teria respaldo de teorias como a teoria institucional e seus recortes de habitualização com a nova tecnologia. Do mesmo modo, as funcionalidades de comunicação, típicas de SAD-G, para realização de brainstorming, votação ou avaliação de alternativas em grupo, passariam a ser assumidas pelas novas tecnologias colaborativas, de virtualização e de redes sociais, corre3wspondedeno ao nível 1 da proposição de DeSanctis e Galuppe (1987). Enfim, a partir do momento em que a academia passa a ter interesse por estas novas tecnologias colaborativas, numa espécie de seleção, perde força (ou se adapta forçosamente) as espécies ascendentes, o que na idéia postada derivaria para SAD-G. Este trilha evolutiva ofereceria uma boa explicação para que se tenha deixado de investigar SAD-G. Assim, o processo de objetificação levaria a um grau de consenso social e umapercepção dos benefícios das práticas e modelos adotados pela nova tecnologia, que seria configurada como a espécie vencedora. Os resultados da mudança iriam, então, se generalizando, a partir de uma avaliação positiva da nova solução o que terminaria por legitimar a nova tecnologia como dominante, planejamento / estratégico planejamento gerencial controle operacional Processamento de transações ad hoc institucional Ferramenta de SAD/SAD-G ANAIS 13/16 desembocando na assimilação tecnológica a ser institucionalizada pelos membros da instituição-academia. 4 Conclusões A área de sistemas de apoio à decisão em grupo possui tradição de pesquisa já consolidada em âmbito nacional e internacional, mas gradativamente vem perdendo fôlego, sem que tomada de decisão tenha deixado de ser algo importante na vida dos executivos e dos grupos nas organizações. O processo de esvaziamento de uma área de estudo precisa ser reconhecido, ainda mais com indícios tão fortes de que isto esteja ocorrendo devido à transferência e absorção funcional da tecnologia. Tais tecnologias precisam ser identificadas e o processo conhecido. Deseja-se fortemente que a pesquisa lastreada nestes termos alcance uma boa repercussão nos meios nos quais será difundido. A principal motivação é compreender o fenômeno sucessório em pesquisa e averiguar como se fez a transição (se é que foi feita) entre o conceito tão bem formulado e enquadrado de SAD-G para o fenômeno das tecnologias colaborativas, tão vividas na atualidade. Estima-se que seja possível, em estudo futuro e mais aprofundado, comprovar a adequação de aspectos de comunicação e cooperação de forma mais maximizada e de forma menos visível a consolidação do aspecto coordenação. Não obstante, ainda se espera que persistam bons espaços para o foco decisório dos SAD-G, e que esta dimensão ainda seja fugaz e frágil no escopo de vivência das redes sociais e tecnologias colaborativas. É inegável que outras teorias organizacionais, tal como a teoria da estruturação, podem ser utilizadas para a interpretação deste fenômeno. 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