Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Brincando nos Campos do Senhor é mais do que um filme sobre missionários na Amazônia; ele é uma poderosa meditação sobre os impactos do colonialismo, da religião e do conflito entre culturas. No cerne do filme está a ideia de que a tentativa de “salvar” ou “civilizar” uma cultura indígena, seja pela religião, pela economia ou pela política, resulta em um processo violento e destrutivo, tanto para aqueles que tentam impor suas crenças quanto para aqueles que são alvo dessas intervenções. Essa imposição levanta questões profundas sobre a capacidade da humanidade de coexistir com o outro, sem projetar sua própria moralidade e visão de mundo.
A Amazônia no filme simboliza não apenas um espaço geográfico, mas também um terreno espiritual e filosófico, onde o Ocidente e suas instituições – a religião cristã, o capitalismo, o colonialismo – entram em colapso frente à vastidão e ao mistério do mundo natural e das culturas que o habitam. O que a selva revela, em sua indiferença ao homem e seus esforços de controle, é que as categorias de “civilizado” e “selvagem” são, na verdade, ilusórias. A natureza, como força primordial, resiste à domesticação, e a cultura indígena, vista sob o olhar ocidental como primitiva, está intrinsecamente mais alinhada com essa força.
A crítica à imposição religiosa é clara, mas o filme também nos leva a uma reflexão sobre a própria motivação ocidental de dominar e transformar o outro. Os missionários, com sua missão de “salvar almas”, acreditam que estão trazendo luz a um povo que consideram perdido. No entanto, a ironia está no fato de que são eles próprios que, ao longo do filme, vão se revelando perdidos – incapazes de compreender a complexidade do ambiente e da cultura em que estão inseridos. A selva, em sua magnitude, desafia sua fé, suas certezas e seus valores. O personagem do pastor Quarrier, que inicialmente crê no poder redentor de sua missão, começa a questionar se o seu deus tem algum significado na imensidão do mundo amazônico. Sua crise espiritual é emblemática da fragilidade do sistema de crenças que ele carrega consigo, como se as fronteiras do conhecido e do desconhecido se dissolvessem na floresta.
Tom Berenger, no papel de Lewis Moon, simboliza essa dissolução de fronteiras entre o "civilizado" e o "selvagem". Ele, que começa o filme como um mercenário desiludido, encontra na tribo indígena uma espécie de redenção, mas não a redenção religiosa ou moral que os missionários buscavam. Sua integração à tribo revela, na verdade, a busca por uma identidade perdida, uma conexão com algo mais primitivo, mais essencial, do que a lógica racional e utilitarista que guia o Ocidente. No entanto, há uma ambiguidade nessa trajetória, pois a transformação de Moon pode ser vista como uma romantização ocidental da vida indígena – uma visão que, embora crítica ao colonialismo, ainda pode estar enredada em estereótipos e idealizações sobre a "pureza" indígena.
A relação entre o Ocidente e as culturas indígenas, tal como apresentada no filme, pode ser lida como uma alegoria para as tensões contemporâneas entre modernidade e tradição, progresso tecnológico e sustentabilidade ecológica. A Amazônia, tanto na época em que o filme foi lançado quanto hoje, é um território simbólico de disputa: é o pulmão do mundo, um espaço de biodiversidade incalculável, mas também o centro de conflitos relacionados à exploração de recursos naturais e à destruição de culturas milenares. A presença dos missionários no filme é análoga à presença das grandes corporações ou dos governos que invadem a Amazônia para extrair seu valor, sem considerar o que é perdido no processo. Assim, a conversão religiosa se torna uma metáfora para a conversão econômica – ambas baseadas na exploração e na destruição de modos de vida que não se alinham com os interesses do poder dominante.
A natureza é o grande espelho da verdade no filme. A floresta não tem a menor consideração pelas ideias humanas de salvação ou progresso. Ela é uma entidade viva, pulsante, e em última instância, indomável. Essa indiferença é, talvez, a lição mais difícil para os missionários e para o espectador ocidental: a ideia de que o mundo não precisa ser redimido pela mão humana, mas que a própria humanidade precisa aprender a se reconciliar com o mundo, com o outro, em termos de igualdade, respeito e harmonia.
Brincando nos Campos do Senhor oferece, portanto, uma reflexão profunda e, por vezes, desconfortável sobre a natureza da intervenção humana, seja por meio da religião, da política ou da economia. Ele nos força a questionar a moralidade das nossas intenções e a aceitar que o “outro”, longe de ser um terreno a ser conquistado, é, na verdade, um espelho das nossas próprias falhas e limitações. O filme desafia a noção de que há um caminho correto e universal para todos os povos e nos lembra das consequências devastadoras que surgem quando tentamos moldar o mundo de acordo com nossas próprias visões estreitas.
Uma crítica à tese de Ana Paula Paes de Paula, "Repensando os Estudos Organizacionais: O Círculo das Matrizes Epistemológicas e a Abordagem Freudo-Frankfurtiana", pode ser direcionada a vários aspectos, tanto teóricos quanto práticos, que revelam pontos de tensão e possíveis limitações na proposta.
Em primeiro lugar, uma crítica importante está relacionada à complexidade teórica da tese. A proposta do Círculo das Matrizes Epistemológicas, combinada com a Abordagem Freudo-Frankfurtiana, exige um domínio avançado de diferentes correntes filosóficas e epistemológicas, como a teoria crítica de Habermas, a psicanálise freudiana, e as contribuições da Escola de Frankfurt. Embora a tese busque oferecer uma visão integradora e sofisticada dos estudos organizacionais, a combinação de tantos referenciais teóricos distintos pode tornar a abordagem difícil de ser compreendida e aplicada por estudiosos menos familiarizados com essas tradições. Isso levanta a questão de acessibilidade teórica, pois o nível elevado de abstração pode restringir a aplicabilidade das ideias a um público mais restrito dentro da academia, afastando profissionais que buscam soluções mais pragmáticas ou de fácil implementação no campo organizacional.
Outro ponto de crítica reside na viabilidade prática da aplicação dessas teorias na realidade das organizações. A autora propõe uma reconciliação entre teoria e prática, defendendo que a Abordagem Freudo-Frankfurtiana pode ser utilizada para análises organizacionais e metodologias aplicáveis, como a psicossociologia e a socioanálise. No entanto, a transposição dessas ideias complexas para a prática organizacional cotidiana pode ser desafiadora. Em muitos contextos organizacionais, principalmente fora do ambiente acadêmico, o foco é mais orientado para soluções objetivas e de curto prazo, o que pode gerar resistência à adoção de abordagens críticas e emancipatórias, como as sugeridas pela autora. Assim, a crítica aqui se concentra na disparidade entre a proposta teórica e sua aplicabilidade prática em ambientes corporativos e institucionais, que muitas vezes demandam abordagens mais simplificadas e resultados imediatos.
A dependência da teoria crítica, especialmente da Escola de Frankfurt, também pode ser um ponto de debate. Embora a proposta de Paes de Paula busque superar a visão fragmentada dos paradigmas organizacionais e oferecer um caminho mais holístico e crítico, a abordagem pode ser vista como excessivamente centrada em uma visão emancipatória, o que pode gerar certo desequilíbrio epistemológico. Ao enfatizar a crítica à dominação e à busca por emancipação, corre-se o risco de desvalorizar outras abordagens mais funcionais ou tecnocráticas, que, embora não possuam o mesmo foco emancipatório, podem ter valor prático significativo em determinados contextos organizacionais. A crítica aqui poderia apontar que a tese, ao criticar a hegemonia do funcionalismo e da visão tecnocrática, não oferece um equilíbrio adequado entre análise crítica e eficiência organizacional, o que pode limitar sua aceitação entre gestores e profissionaisque valorizam a otimização e o controle nas práticas organizacionais.
Ademais, a tese poderia ser criticada por uma generalização excessiva ao propor que o trânsito entre diferentes matrizes epistemológicas e o diálogo entre abordagens são a melhor forma de produzir conhecimento organizacional. Embora a ideia de integração entre diferentes epistemologias seja atraente em termos teóricos, na prática, alguns paradigmas podem ser tão fundamentalmente distintos que o diálogo entre eles seja difícil ou até contraproducente. Por exemplo, a tentativa de conciliar abordagens funcionalistas, que buscam eficiência e controle, com abordagens críticas e emancipatórias, pode gerar conflitos de interesse e dificultar a aplicação prática de soluções. A tese, ao enfatizar a ideia de reconstrução epistemológica e diálogo, pode subestimar as tensões irreconciliáveis entre algumas dessas abordagens.
Por fim, uma crítica relevante pode estar na falta de exemplos práticos detalhados que demonstrem como essas propostas funcionariam concretamente no contexto organizacional. Embora a tese apresente caminhos metodológicos e estratégias de investigação, como a pesquisa-ação e a socioanálise, faltam exemplos práticos robustos que mostrem como essas metodologias podem ser implementadas de forma eficaz e gerar impacto real nas organizações. A ausência de estudos de caso ou exemplos mais concretos pode ser vista como uma limitação, especialmente para gestores e acadêmicos que buscam uma ponte mais clara entre teoria e prática.
Em suma, a tese de Ana Paula Paes de Paula oferece uma contribuição teórica significativa para os estudos organizacionais, propondo alternativas críticas e inovadoras para superar a fragmentação paradigmática. No entanto, sua complexidade teórica, a dificuldade de aplicação prática, a dependência da teoria crítica, a generalização do diálogo entre paradigmas e a falta de exemplos práticos são pontos que podem ser alvo de crítica e reflexão, especialmente em relação à sua viabilidade no campo organizacional real.
O texto "Discurso sobre o Método em Finanças" explora o predomínio de abordagens positivistas e funcionais no campo das finanças, fortemente influenciadas por ideologias neoliberais e utilitaristas. O autor reflete sobre as limitações dessas abordagens, que focam na eficiência e na concorrência, negligenciando questões práticas, emancipatórias e críticas que poderiam trazer alternativas mais solidárias, cooperativas e sustentáveis para a área financeira.
O artigo aponta para a dominância epistemológica e ideológica nas finanças, destacando que os estudos na área tradicionalmente baseiam-se em teorias econômicas neoclássicas que promovem uma maximização de resultados e perpetuam o status quo. Isso cria uma barreira para novas abordagens críticas e impede que o campo ofereça maiores contribuições sociais.
Há um reconhecimento de movimentos emergentes de resistência, como as finanças comportamentais e neurofinanças, que trazem novas perspectivas, mas ainda seguem uma tendência positivista, ao utilizar métodos quase experimentais e quantitativos. Mesmo com a inclusão de disciplinas como psicologia e biologia, ainda há pouca diversificação metodológica no mainstream financeiro, e as teorias críticas permanecem marginais.
O autor também destaca a necessidade de ampliar as perspectivas epistemológicas no campo das finanças, defendendo a importância de incluir outras abordagens além do positivismo e funcionalismo, como a interpretação crítica e metodologias qualitativas. Além disso, ele propõe a formação de redes e alianças entre pesquisadores que compartilham essas visões, incentivando a criação de novas agendas em eventos acadêmicos e a promoção de periódicos mais flexíveis.
Por fim, a reflexão sugere que, embora a dominância positivista e neoliberal pareça inabalável, existem possibilidades de resistência e transformação por meio da introdução de epistemes alternativas e a criação de novos espaços de debate. Isso requer uma postura crítica e plural, capaz de questionar a naturalização das práticas hegemônicas e buscar formas de promover mudanças efetivas no campo das finanças.
O texto "Introdução à Epistemologia: Dimensões do Ato Epistemológico", de José Henrique de Faria, aborda a epistemologia como o estudo sobre como o conhecimento é produzido, com um enfoque particular nas ciências humanas, sociais e aplicadas. Faria desafia a visão tradicional que trata a epistemologia apenas como uma teoria do conhecimento, propondo que o estudo epistemológico deve focar na produção do conhecimento, o que ele denomina como "Ato Epistemológico". Esse conceito engloba a relação entre o sujeito pesquisador, como ser social, e o objeto de pesquisa, visto como uma realidade concreta e socialmente condicionada.
O autor descreve seis dimensões epistemológicas contemporâneas básicas que dominam os estudos em ciências humanas e organizacionais: positivismo, materialismo histórico, pragmatismo, fenomenologia, funcionalismo e estruturalismo. Essas dimensões representam diferentes formas de produção de conhecimento, cada uma com suas características metodológicas e ontológicas específicas. Faria enfatiza que essas dimensões não devem ser vistas como modelos fixos, mas sim como representações históricas que refletem a maneira como o conhecimento é gerado.
Faria também explora a relação entre epistemologia e ontologia, destacando que o ato de conhecer envolve a interação entre o ser social e o objeto concreto. Ele critica a abordagem simplista que separa o sujeito do objeto e propõe uma epistemologia crítica que reconhece a historicidade e a materialidade do conhecimento.
O autor conclui que este estudo não é um manual técnico, mas uma reflexão crítica que busca tornar o complexo campo da epistemologia acessível para pesquisadores. Ele reconhece que a epistemologia é um campo em constante evolução, sugerindo que o debate crítico e as polêmicas são essenciais para o avanço do conhecimento.
O texto "Para Além dos Paradigmas nos Estudos Organizacionais" reflete sobre as limitações dos paradigmas tradicionais nos estudos organizacionais, especialmente os modelos estabelecidos por Gibson Burrell e Gareth Morgan, inspirados na teoria de Thomas Kuhn. O artigo questiona a utilidade da tese de incomensurabilidade dos paradigmas, que tem causado disputas acadêmicas sem resolução no campo dos estudos organizacionais.
Em contraponto, o texto propõe o Círculo das Matrizes Epistêmicas como uma nova abordagem teórico-metodológica, baseada nas ideias de Jürgen Habermas. Em vez de visualizar o desenvolvimento do conhecimento por meio de rupturas paradigmáticas e revoluções científicas, a proposta do Círculo das Matrizes Epistêmicas sugere que o avanço do conhecimento ocorre através de reconstruções epistêmicas, que consideram a incompletude cognitiva e a integração de diferentes interesses cognitivos.
O Círculo é composto por três matrizes epistêmicas: a empírico-analítica (orientada por um interesse técnico), a hermenêutica (focada no interesse prático) e a crítica (voltada ao interesse emancipatório). O artigo defende que essas matrizes não devem ser vistas como rivais, mas como complementares, e que a chave para a produção de conhecimento mais completo está em integrar esses interesses cognitivos, superando as limitações das abordagens puras e incentivando o diálogo entre as diferentes perspectivas.
Assim, o texto sugere uma mudança de paradigma nos estudos organizacionais, onde, em vez de se prender a guerras paradigmáticas e à lógica de incomensurabilidade, os pesquisadores busquem conciliar interesses diversos para gerar um conhecimento mais holístico e emancipatório.
O texto "Possibilidades Epistemológicas das Teorias da Administração Pública" realiza um estudo epistemológico sobre as principais correntes do campo da administração pública, oferecendo uma atualização teórica por meio do Círculo das Matrizes Epistêmicas de Paes de Paula (2016). O artigo busca examinar as diferentes correntes que compõem a administração pública —como a Estadocêntrica, Pluralista, Nova Administração Pública (NAP), Novo Serviço Público (NSP) e a Governança da Era Digital (DEG) — analisando sua evolução à luz de novos paradigmas.
O estudo começa destacando que a administração pública, enquanto disciplina, é tensionada entre uma orientação racional instrumental, focada em eficiência e eficácia, e uma orientação política, voltada para os valores e o interesse público. Historicamente, prevaleceu a perspectiva racional instrumental, mas o artigo propõe que essa abordagem é insuficiente para explicar os fenômenos atuais, especialmente diante de transformações recentes como a digitalização impulsionada pela Governança da Era Digital e as crises, como a pandemia de COVID-19.
A abordagem teórica se fundamenta em uma revisão sistemática de literatura, cruzando análises epistemológicas das correntes teóricas com a proposta das matrizes epistêmicas de Paes de Paula, que oferece uma nova lógica de entendimento, superando o modelo paradigmático de Burrell e Morgan (1979). A análise indica que a corrente funcionalista, predominante na Estadocêntrica e na Nova Administração Pública, continua a exercer grande influência, mas que correntes mais recentes, como o Novo Serviço Público e a Governança da Era Digital, oferecem perspectivas mais amplas ao enfatizar a participação social e a digitalização como instrumentos essenciais para uma administração pública mais eficaz.
A proposta central do texto é que, ao invés de uma separação rígida entre os paradigmas, deve-se considerar a coexistência de diferentes matrizes epistêmicas. A tese das "incompletudes cognitivas" sugere que, na investigação de fenômenos sociais, as teorias são incompletas e necessitam de novas abordagens para evoluírem. A proposta de Paes de Paula de um "círculo de matrizes epistêmicas" permite essa flexibilidade, facilitando a transição entre abordagens empírico-analíticas, hermenêuticas e críticas, o que possibilita o desenvolvimento de uma administração pública que compreenda a totalidade das necessidades sociais.
O texto finaliza sugerindo que novos diálogos entre as diferentes correntes teóricas da administração pública são necessários para superar a lógica instrumental dominante, promovendo uma administração pública que melhor capte os interesses difusos da sociedade, especialmente em um contexto marcado pela transformação digital e pela crise pandêmica.
O texto "Gibson Burrell: Arquiteto Diabólico" aborda a trajetória intelectual de Gibson Burrell, enfatizando sua importância na teoria organizacional contemporânea, seu pensamento crítico e sua postura radical contra o funcionalismo dominante. Burrell é descrito como uma figura central no campo, contribuindo para uma maior abertura e pluralismo na teoria organizacional, especialmente ao integrar questões filosóficas com a prática científica.
Desde sua colaboração com Gareth Morgan em "Sociological Paradigms and Organizational Analysis" (1979), Burrell introduziu uma forma inovadora de entender a teoria organizacional, dividindo-a em quatro paradigmas: funcionalismo, estruturalismo radical, humanismo radical e interpretativismo. Cada um desses paradigmas, segundo ele, representava uma visão de mundo distinta e incomensurável com as outras, o que gerou críticas ao sugerir a impossibilidade de diálogo entre eles. Entretanto, Burrell defendia que sua proposta visava a desestabilizar a hegemonia do funcionalismo, permitindo o surgimento de análises críticas.
O texto também destaca a relação de Burrell com o pós-modernismo, explorando suas ideias em relação à organização e à racionalidade. Influenciado por autores como Foucault e Derrida, Burrell propôs a desordem como uma ferramenta de resistência à racionalidade coercitiva das organizações modernas. Essa crítica ao funcionalismo e à ordem organizacional dominante visava a promover uma reflexão sobre o papel do poder e das desigualdades no ambiente organizacional.
Um tema recorrente na obra de Burrell é a "dessexualização" das organizações, na qual ele argumenta que o gerenciamento tem buscado historicamente reprimir a sexualidade no ambiente de trabalho para garantir a eficiência e a produtividade. Ele defende a ideia de uma "re-erotização" das organizações, em que a sexualidade e o prazer seriam incorporados como formas de resistência ao controle racional. Apesar de reconhecer o risco de cooptar o erotismo em prol da exploração, Burrell propõe uma reestruturação radical da experiência organizacional, que valorize o prazer e a criatividade.
Finalmente, o texto reflete sobre o legado de Burrell e suas contribuições para a teoria organizacional. Seu trabalho, especialmente em "Pandemonium" (1997), desafia as premissas convencionais da organização ao sugerir que as teorias dominantes servem apenas para manter o status quo e silenciar as vozes dos subordinados. Burrell defende uma abordagem crítica e subversiva, que resista à dominação e promova um entendimento mais inclusivo e humano das organizações.
Burrell se destaca por sua crítica incisiva às estruturas de poder dentro das organizações e sua busca por alternativas radicais, que desafiem as normas estabelecidas e promovam a transformação social. Seu pensamento, fortemente ancorado em uma tradição crítica, permanece relevante para aqueles que buscam entender as complexidades da vida organizacional contemporânea.

Mais conteúdos dessa disciplina