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Leishmaniose Definição As leishmanioses são um conjunto de doenças causadas por protozoários do gênero Leishmania e da família Trypanosomatida e espécie donovani. De modo geral, essas enfermidades se dividem em: • Leishmaniose Tegumentar • Cutânea localizada, cutânea disseminada, cutânea difusa • Mucocutânea • Leishmaniose Visceral → Baço, fígado e M.O • L. donovani→ Índia e África • L. infantum→Mediterrâneo, Oriente Médio, Rússia • L. chagasi→ América Latina • Leishmanias são parasitas intracelulares obrigatórios, com desenvolvimento dentro do sistema fagocitário mononuclear dos mamíferos susceptíveis •São consideradas zoonoses que afetam o homem acidentalmente Transmissão Os microrganismos são transmitidos por mosquitos flebotomíneos do gênero Phlebotomus na Ásia, África e Europa e do gênero Lutzomyia nas Américas. • Brasil = Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia cruzi • Brasil é conhecido popularmente como “mosquito palha” → Apenas a fêmea faz repasto sanguíneo Tipo de transmissão • Antropomórfica → De humanos infectados para humanos sadios • Zoonótica → Reservatório animal para humanos sadios Ocorrência • Promastigota flagelados → Extracelular - presente no mosquito vetor • Amastigota não flagelados → Intracelular – presente no hospedeiro vertebrado Reservatório • Áreas urbanas → cão principal fonte de infecção • Ambientes silvestres → Raposas e marsupiais PI cão: 3m a vários anos PI homem: 10d-1ano Ciclo • O hospedeiro vertebrado é infectado com promastigotas quando picado pelo vetor • O promastigota penetra nos macrófagos circulantes e multiplicam-se como amastigotas. • Ocorre morte dos macrófagos que ao se romperem liberam amastigotas, infectando outros macrófagos→ disseminação • O vetor – flebotomíneo- ingere macrófagos infectados durante o repasto sanguíneo • Amastigotas são liberadas no intestino do mosquito e se multiplicam como promastigotas • Ciclo se repete ao mosquito picar um ser humano sadio e liberar as promastigotas no individuo AmastigotaPromastigota Epidemiologia • Endêmica em 88 países → África, Ásia, Europa, América Latina • Estimativa de 2 milhões de casos anualmente de leishmanioses • Brasil é uma doença de notificação compulsória • Maior acometimento nas regiões N e NE, com maior distribuição ao passar dos anos Fatores de risco em áreas endêmicas: • Desmatamento • Más condições de moradia→ Afeta regiões mais pobres • Coinfecção HIV ou outra forma de imunodeficiência • Desnutrição Fisiopatologia Início da infecção → Fêmea do flebotomíneo inocula promastigotas e estas se multiplicam no interior de macrófagos e sua disseminação através dos vasos linfáticos TIPOS DE RESPOSTAS : • Th2 → Predomínio desta resposta Th2 (IL-4, IL-10) com ativação policlonal de linfócitos B e produção de Ac → Disseminação (doença) devido incapacidade de resposta dos macrófagos • Th1 → (IFN γ, TNF- β, IL-2) → Ativação de macrófagos e células NK para eliminação do patógeno→ Cura Fisiopatologia Ocorre primariamente em órgãos que tem o sistema fagocítico-mononuclear proeminente (fígado, baço, medula óssea) podendo também acometer pulmão e rins SFM → É um conjunto de células originadas da M.O com capacidade endocítica, presença de enzimas líticas e expressão de receptores que favorecem a fagocitose Fisiopatologia •Fígado → hepatomegalia (sem alteração na consistência e regularidade de bordas), hipertrofia e hiperplasia difusa das células de Kupffer • Padrão nodular = Agregado de cél inflamatórias, geralmente sem amastigotas nas cél de Kupfer • Padrão fibrinogênico = Ampliação espaço de disse, aumento trama e proliferação colágena • Medula óssea → Anemia, Leucopenia com neutropenia, Trombocitopenia (redução de plaquetas), macrófagos aumentados em número e volume e parasitados com formas amastigotas • Baço → Esplenomegalia = Reatividade do sistema fagocitário mononuclear e congestão dos sinusóides – polpa vermelha • Pulmão → Tosse seca e persistente que desaparece com a cura. Pneumonite intersticial no quadro histopatológico, pode vir acompanhado de broncopneumonia (infecção secundária- principal causa de óbito) Quadro clínico Pode se manifestar das seguintes maneiras: 1. ASSINTOMÁTICO ◦ Reação local e destruição do parasita, ◦ Ocorre sem evidentes manifestações clínicas (~30% pessoas que habitam áreas endêmicas) ◦ Dx: testes sorológicos e intradermorreação de Montenegro (só será positiva após cura) 2. FORMAS SUBCLÍNICAS/ OLIGOASSINTOMÁTICA ◦ Fagocitose e persistência do parasita no organismo com cura espontânea em 3-6 meses ◦ Forma mais comum em áreas endêmicas ◦ Manifestações inespecíficas (febra baixa, sudorese, adinamia, diarreia, tosse seca, discreta visceromegalia) Quadro clínico Pode se manifestar das seguintes maneiras: 1. FORMAS AGUDAS ◦ Máximo 2 meses de evolução ◦ Comum em viajantes ◦ Manifestações → Febre elevada, tosse seca, diarreia, fígado tamanho normal, aumento de baço 1:80 • ELISA→ Ensaios imunoenzimático • Intradermorreação de Montenegro • Geralmente negativo no curso da doença • Torna-se positivo após a cura – hipersensibilidade tardia • Pouca utilidade diagnóstica ETIOLÓGICO • Pesquisa direta: presença de amastigotas no esfregaço Padrão ouro • Sangue periférico → sensibilidade 30% • Aspirado medula óssea → sensibilidade 70% • Aspirado baço → sensibilidade 95% • PCR em biópsia ou leucócitos sanguíneos para distinguir as espécies de leishmania Tratamento • Antimoniais → Antimoniato de N-metil glucamina • As taxas de cura giram em torno 90% nas Américas • Anfotericina B • Lipossomal • Convencional • Usado em paciente imuno-incompetentes e em casos de recorrência Acompanhar o paciente nos próximos 6 e 12 meses, podendo apresentar recorrência nesse período, ou então se ressurgir >12m é considerado uma reinfecção PROGNÓSTICO • Recuperação costuma ser rápida→ Uma semana após o início do tratamento observa-se redução da febre, regressão da esplenomegalia, ganho de peso e a recuperação de parâmetros hematológicos SP Prevenção e controle • Tratamento e controle dos doentes • Manejo dos cães doentes (reservatórios) • Para os cães acometidos pela doença, já existe tratamento autorizado no país (Milteforam), conforme Nota Técnica nº 11/2016, devendo ser prescrito e acompanhado por médico veterinário do CCZ – Centro de controle de Zoonoses • Inseticidas e Dedetizações • Telas e mosquiteiros • Planejamento urbano Não há vacina contra as leishmanioses humanas. As medidas mais utilizadas para a prevenção e o combate da doença se baseiam no controle de vetores e dos reservatórios, proteção individual, diagnóstico precoce e tratamento dos doentes, manejo ambiental e educação em saúde O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) determinou a suspensão da fabricação e venda da vacina contra leishmaniose, a Leish-Tec (Maio/2023) Hepatites Fígado • Função de síntese/ metabolização e excreção • Arquitetura anatômica e funcional • Drenagem venosa→ veias hepáticas direita, média e esquerda • Ductos biliares intra-hepáticos • Vasos linfáticos • Inervação→ simpática aferente (n. esplanicnicos e n. frênico D) e parassimpático (n. vago D e ramos hepáticos do n.vago E) • Lóbulos hepáticos→subunidades onde se encontram os hepatócitos, cél de Kupfer, cél de Ito (vit. A), e lipócitos • Segmentações de Coinaud • I caudado • II e III - lobo esquerdo • IV – lobo quadrado • V a VIII – lobo direito Bilirrubinas Os níveis de bilirrubina avalia à lesão hepatocelular, fluxo biliar e a função de síntese ◦ Transformação de BI para BD depende da eficiência da conjugação hepatócitária ◦ Eliminação até o intestino depende do sistema excretor hepatplobular ETAPAS METABOLISMO: 1. Captação 2. Conjugação 3. Excreção (mais susceptível de falha em doenças hepatocíticas) Bilirrubina indireta (BI) = não conjugada→ lipossolúvel Bilirrubina direta (BD) = conjugada→ hidrossolúvel * Lesão hepática/biliar Icterícia Elevação de bilirrubina no soro > 2-3 mg/100ml POSSIBILIDADES • Intra- hepática • Vinculada a hemólise ou aos RN(BI- Kernicterus) • Hepática • Neonatal, sepse, Sd. De Gilbert (Redução conjugação) • Vírus, drogas, sepse, tóxicos, autoimunidade (Redução excreção) • Extra-hepática • Benigna: cálculos, obstruções • Maligna: neoplasias Definição A hepatite é uma inflamação no fígado que pode ser causada por diversos fatores, incluindo vírus, bactérias, álcool, drogas, toxinas e doenças autoimunes. As hepatites virais são as mais comuns e são classificadas em hepatite A, B, C, D e E. ◦ Agentes que possuem tropismo pelo tecido hepático. PARA LEMBRAR: • Hepatite A e E→ transmissão oral-fecal • “Alimentação, Água e Esgoto” • Hepatite B, C e D → transmissão parenteral/sexual/percutânea/vertical • Hepatites que possuem vacina → A e B (lembrar de Butantã) Tipos de hepatite Hepatite A • Agente→ vírus RNA • Transmissão→ fecal-oral • Mais prevalente em áreas com condições precárias de saneamento e higiene • BR mais casos nas regiões N e NE • PI→ ~4 semanas • Órgão-específico → Replicação apenas em hepatócitos • Induz resposta LTCD8 • Benigna e autolimitante →maioria das vezes é oligoassintomática • Imunização → Vacina de dose única ao 15m de vida (deve ser adm até 23m) • Diagnóstico→ presença IgM anti-HAV no soro (5-10d após a infecção) Hepatite B • Agente → Vírus DNA • Transmissão → Sexual, parenteral, vertical, horizontal (intrafamiliar) • PI → ~100 dias (30-180d) • Pode causar hepatite aguda ou crônica • Manifestação inicial é inespecífica, mais prolongada → astenia, quadro semelhante a gripe, mal estar, anorexia, náuseas, vômitos, febre baixa (3-10d) • Indução de resposta LTCD8 e citocinas pró-inflamatórias (TNF-alfa) • Vacinação→ Composta pelo antígeno de superfície HbsAg • 3 doses (0,1,6m) Hepatite B ANTÍGENOS • HbsAg – proteína do envelope • “sinal” : 1° marcador a surgir • Indica que o individuo está infectado • HbcAg – antígeno capsídeo • Não é detectado no sangue, faz parte da estrutura interna do vírus • HbeAg – proteína interna • Indica replicação viral (alta infectividade) Ag circulantes estimulam a produção de Ac ANTICORPOS • Anti Hbc→ contato prévio com o vírus • IgM: infecção recente • IgG: infecção tardia • Anti Hbs → “sarado” confere imunidade (curado ou vacinado) • Anti Hbe → Indica queda da multiplicação viral – fim da fase replicativa Vacinação: Anti Hbs + Cura: Anti Hbs + Anti Hbc + Hepatite B - vídeo Hepatite B Gráfico de infecção aguda por hepatite B • Inicialmente aumento HbsAg→ primeiro marcador a positivar • HbeAg surge indicando replicação viral com posterior aparecimento dos sintomas • Aparecimento de Anti Hbc IgM → Infecção aguda • Anti Hbc total permanece indicando contato com o vírus • Anti Hbe, sugere o final da fase replicativa •Anti Hbs indicando cura – imunidade ao fim do quadro Hepatite B crônica • Doença necroinflamatória do fígado causada pela infecção crônica pelo HBV • Hepatite B crônica • Persistente • Ativa → Cirrose e HCC PERFIL SOROLÓGICO E HISTOLÓGICO • HBsAg→ positivo >6m • HbeAg→ +/- • HBV-DNA→ >100.000 copias/mL • Elevação persistente ou intermitente ALT e AST • Biópsia hepática compatível com hepatite crônica ativa > grau 4 TRATAMENTO • Lamivudina (não cirróticos) , Tenofovir (cirróticos) , Encatevir, Interferon Alfa e outros Hepatite B Hepatite C • Agente→ vírus RNA • Transmissão → Parenteral, sexual, vertical, horizontal (intrafamiliar) • PI→ ~6-7 semanas • Manifestações → Aguda se inicia de forma insidiosa (anorexia, dor abd, náusea, vômito e icterícia) •Complicações → CRONIFICAÇÃO em 70-80% casos, com prognóstico de 20-30 anos de sobrevida • 20% destes evoluem para cirrose • 75% evoluem para carcinoma hepatocelular (HCC) • Diagnóstico → Ausência de outros marcadores de hepatite e Anti- HCV • 10x mais transmissível que o HIV • Tratamento com drogas de ação direta (DAA) garante menores chances de cronificação - Interferon alfa e ribavirina Avaliação lesão hepatocelular Avaliação através dos níveis de transaminases, estão presentes em grande quantidade no fígado, se seu aumento está correlacionado a lesão hepatocelular •Relação AST/ALT → >2 sugere hepatite alcoólica • Hepatite viral→ > ALT • Elevação de ambas enzimas (ALT e AST) >1000 U/L podem ser observadas em hepatites virais ou por drogas • Hepatite crônica→ Elevação discreta de ambas enzimas ou apenas de ALT • Pouca correlação entre intensidade de dano hepático e níveis de transaminases AST = TGO →menos específica (coração, m. esquelético ALT = TGP→mais específica do fígado Hepatite autoimune Se trata de uma doença inflamatória crônica do fígado que evolui com períodos de agudização. Associada a presença de autoanticorpos e elevação de gamaglobulinas ◦ Fatores desencadeantes são desconhecidos→ Agente desencadeador + predisposição genética ◦ Manifestações de dor e desconforto abd, perda de peso e anorexia, irritabilidade e icterícia • Não apresenta características patognomônicas, nem possuem marcadores de sensibilidade e especificidade suficientes para definir seu dx isoladamente. Porém costuma-se pedir os Ac abaixo: • FAN – antinúcleo • SMA – antimúsculo liso • ALKM-1 – anticromossoma de fígado e rim tipo 1 • Anti-LC1 – anticitosol hepático • AMA – antimitocôndria • 10% dos pacientes podem ter auto-Ac negativos • Se não tratada pode evoluir para cirrose hepática HAI-1 (insidiosa)→ + SMA e/ou FAN HAI-2 (aguda)→ ALKM-1 ou anti-LC1 Cirrose hepática É definida histologicamente por fibrose hepática , com a substituição do parênquima funcional hepático por nódulos regenerativos ◦ Diagnóstico realizado por métodos não invasivos – USG, TG, RNM (rara necessidade de biópsia) ◦ Classificação em pré-cirrótica ou cirrótica – usado índice de atividade histológica (0 a 4+) ou escala de Ishak (0-6+) ◦ Classificar por gravidade – modelo MELD e classificação de Child-Pulgh • Sintomas • Iniciais = inespecíficos • Tardios = hipertensão portal, ascite, encefalopatia hepática e insuficiência hepática • Tratamento • Não existe tratamento para a doença, e sim um suporte hepático para doença de base