Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

1 
 
 
LINGUÍSTICA TEXTUAL 
1 
 
 
SUMÁRIO 
 
1- LINGUÍSTICA /SEMÂNTICA ................................................................................... 4 
1.1- ÍNDICE ..................................................................................................................... 4 
2- LINGUAGEM .............................................................................................................. 5 
2.1- TIPOS DE LINGUAGEM ........................................................................................ 5 
3- LÍNGUA ...................................................................................................................... 6 
4- LÍNGUA FALADA E LÍNGUA ESCRITA ................................................................ 6 
5- FALA ........................................................................................................................... 7 
6 - NÍVEIS DA FALA ..................................................................................................... 7 
6.1- NÍVEL COLOQUIAL-POPULAR: .......................................................................... 8 
6.2- NÍVEL FORMAL-CULTO: ..................................................................................... 8 
7- SIGNO .......................................................................................................................... 8 
8- SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS .......................................................................... 9 
8.1- SINÔNIMOS ............................................................................................................. 9 
8.2- ANTÔNIMOS ........................................................................................................... 9 
8.3- POLISSEMIA ......................................................................................................... 10 
8.4- HOMÔNIMOS ........................................................................................................ 10 
8.5- HOMÔNIMOS PERFEITOS .................................................................................. 11 
8.6- PARÔNIMOS ......................................................................................................... 12 
9- A LINGUÍSTICA, O TEXTO E O ENSINO DA LÍNGUA: NOTAS PARA 
CONTINUAR O DEBATE ............................................................................................ 13 
9.1- A LINGUÍSTICA E O TEXTO .............................................................................. 14 
9.2- A GRAMÁTICA, O TEXTO E O ENSINO DA LÍNGUA .................................... 16 
9.3- A LINGUÍSTICA, O TEXTO E O ENSINO DA LÍNGUA: ................................. 17 
10- LINGUÍSTICA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: A 
ORALIDADE EM SALA DE AULA ............................................................................ 19 
2 
 
 
10.1- LINGUÍSTICA TEÓRICA X LINGUÍSTICA APLICADA ................................ 21 
10.2- A LINGUÍSTICA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA .... 22 
11- O TRABALHO COM A ORALIDADE NA SALA DE AULA ............................. 23 
11.1- SUGESTÕES PARA O TRABALHO COM A ORALIDADE NA SALA DE 
AULA ............................................................................................................................. 23 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 FACUMINAS 
 
A história do Instituto FACUMINAS, inicia com a realização do sonho de um 
grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a FACUMINAS, como entidade 
oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A FACUMINAS tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no 
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de 
promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem 
patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras 
normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e 
eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. 
Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de 
cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor 
do serviço oferecido. 
 
4 
 
 
Caro (a) aluno (a), antes de começar a ler sua apostila, assista ao vídeo e leia o 
texto do link abaixo. Esse material foi cuidadosamente colocado à sua disposição, pois é 
extremamente esclarecedor e pertinente para que você entenda as demandas acerca do 
ensino da Linguística e da Língua. Bons estudos! 
Obs.: Caso você não consiga acessar os links clicando nos mesmos, basta copiá-
los e colocar na barra de ferramentas para ter acesso. 
 
ASSISTA AQUI 
https://www.youtube.com/watch?v=cirsi3UdnT8 
 LEIA AQUI 
http://www.revel.inf.br/files/entrevistas/revel_14_entrevista_perini.pdf 
1- LINGUÍSTICA /SEMÂNTICA 
DEFINIÇÃO 
Em linguística, Semântica estuda o significado e a interpretação do significado 
de uma palavra, de um signo, de uma frase ou de uma expressão em um determinado 
contexto. Nesse campo de estudo se analisa, também, as mudanças de sentido que 
ocorrem nas formas linguísticas devido a alguns fatores, tais como tempo e espaço 
geográfico. 
1.1- ÍNDICE 
 
Linguagem 
Linguagem / Tipos de Linguagem 
Língua 
Língua Falada e Língua Escrita 
Fala / Signo 
 
Significação das Palavras 
Sinônimos, Antônimos, Polissemia 
Homônimos - Homônimos Perfeitos 
Parônimos 
5 
 
 
2- LINGUAGEM 
É a capacidade que possuímos de expressar nossos pensamentos, ideias, opiniões 
e sentimentos. A Linguagem está relacionada a fenômenos comunicativos; onde há 
comunicação, há linguagem. Podemos usar inúmeros tipos de linguagens para 
estabelecermos atos de comunicação, tais como: sinais, símbolos, sons, gestos e regras 
com sinais convencionais (linguagem escrita e linguagem mímica, por exemplo). Num 
sentido mais genérico, a Linguagem pode ser classificada como qualquer sistema de sinais 
que se valem os indivíduos para comunicar-se. 
2.1- TIPOS DE LINGUAGEM 
A linguagem pode ser: 
Verbal: a Linguagem Verbal é aquela que faz uso das palavras para comunicar 
algo. 
 
As figuras acima nos comunicam sua mensagem através da linguagem verbal (usa 
palavras para transmitir a informação). 
Não Verbal: é aquela que utiliza outros métodos de comunicação, que não são as 
palavras. Dentre elas estão a linguagem de sinais, as placas e sinais de trânsito, a linguagem 
corporal, uma figura, a expressão facial, um gesto, etc. 
 
 
Essas figuras fazem uso apenas de imagens para comunicar o que representam. 
6 
 
 
3- LÍNGUA 
A Língua é um instrumento de comunicação, sendo composta por regras 
gramaticais que possibilitam que determinado grupo de falantes consiga produzir 
enunciados que lhes permitam comunicar-se e compreender-se. 
Por exemplo: falantes da língua portuguesa. 
A língua possui um caráter social: pertence a todo um conjunto de pessoas, as 
quais podem agir sobre ela. Cada membro da comunidade pode optar por esta ou aquela 
forma de expressão. Por outro lado, não é possível criar uma língua particular e exigir que 
outros falantes a compreendam. Dessa forma, cada indivíduo pode usar de maneira 
particular a língua comunitária, originando a fala. A fala está sempre condicionada pelas 
regras socialmente estabelecidas da língua, mas é suficientemente ampla para permitir 
um exercício criativo da comunicação. Um indivíduo pode pronunciar um enunciado da 
seguinte maneira: 
A família de Regina era paupérrima.Outro, no entanto, pode optar por: 
A família de Regina era muito pobre. 
As diferenças e semelhanças constatadas devem-se às diversas manifestações da 
fala de cada um. Note, além disso, que essas manifestações devem obedecer às regras 
gerais da língua portuguesa, para não correrem o risco de produzir enunciados 
incompreensíveis como: 
Família a paupérrima de era Regina. 
4- LÍNGUA FALADA E LÍNGUA ESCRITA 
Não devemos confundir língua com escrita, pois são dois meios de comunicação 
distintos. A escrita representa um estágio posterior de uma língua. A língua falada é mais 
espontânea, abrange a comunicação linguística em toda sua totalidade. Além disso, é 
acompanhada pelo tom de voz, algumas vezes por mímicas, incluindo-se fisionomias. 
A língua escrita não é apenas a representação da língua falada, mas sim um sistema mais 
disciplinado e rígido, uma vez que não conta com o jogo fisionômico, as mímicas e o tom 
de voz do falante. 
No Brasil, por exemplo, todos falam a língua portuguesa, mas existem usos 
diferentes da língua devido a diversos fatores. Dentre eles, destacam-se: 
Fatores regionais: é possível notar a diferença do português falado por um 
habitante da região nordeste e outro da região sudeste do Brasil. Dentro de uma mesma 
7 
 
 
região, também há variações no uso da língua. No estado do Rio Grande do Sul, por 
exemplo, há diferenças entre a língua utilizada por um cidadão que vive na capital e 
aquela utilizada por um cidadão do interior do estado. 
Fatores culturais: o grau de escolarização e a formação cultural de um indivíduo 
também são fatores que colaboram para os diferentes usos da língua. Uma pessoa 
escolarizada utiliza a língua de uma maneira diferente da pessoa que não teve acesso à 
escola. 
Fatores contextuais: nosso modo de falar varia de acordo com a situação em que 
nos encontramos: quando conversamos com nossos amigos, não usamos os termos que 
usaríamos se estivéssemos discursando em uma solenidade de formatura. 
Fatores profissionais: o exercício de algumas atividades requer o domínio de 
certas formas de língua chamadas línguas técnicas. Abundantes em termos específicos, 
essas formas têm uso praticamente restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, 
químicos, profissionais da área de direito e da informática, biólogos, médicos, linguistas 
e outros especialistas. 
Fatores naturais: o uso da língua pelos falantes sofre influência de fatores 
naturais, como idade e sexo. Uma criança não utiliza a língua da mesma maneira que um 
adulto, daí falar-se em linguagem infantil e linguagem adulta. 
5- FALA 
É a utilização oral da língua pelo indivíduo. É um ato individual, pois cada 
indivíduo, para a manifestação da fala, pode escolher os elementos da língua que lhe 
convém, conforme seu gosto e sua necessidade, de acordo com a situação, o contexto, sua 
personalidade, o ambiente sociocultural em que vive, etc. Desse modo, dentro da unidade 
da língua, há uma grande diversificação nos mais variados níveis da fala. Cada indivíduo, 
além de conhecer o que fala, conhece também o que os outros falam; é por isso que somos 
capazes de dialogar com pessoas dos mais variados graus de cultura, embora nem sempre 
a linguagem delas seja exatamente como a nossa. 
6 - NÍVEIS DA FALA 
Devido ao caráter individual da fala, é possível observar alguns níveis: 
8 
 
 
6.1- NÍVEL COLOQUIAL-POPULAR: 
é a fala que a maioria das pessoas utiliza no seu dia a dia, principalmente em 
situações informais. Esse nível da fala é mais espontâneo, ao utilizá-lo, não nos 
preocupamos em saber se falamos de acordo ou não com as regras formais estabelecidas 
pela língua. 
6.2- NÍVEL FORMAL-CULTO: 
é o nível da fala normalmente utilizado pelas pessoas em situações formais. 
Caracteriza-se por um cuidado maior com o vocabulário e pela obediência às regras 
gramaticais estabelecidas pela língua. 
7- SIGNO 
O signo linguístico é um elemento representativo que apresenta dois aspectos: 
o significado e o significante. Ao escutar a palavra cachorro, reconhecemos a sequência 
de sons que formam essa palavra. Esses sons se identificam com a lembrança deles que 
está em nossa memória. Essa lembrança constitui uma real imagem sonora, armazenada 
em nosso cérebro que é o significante do signo cachorro. Quando escutamos essa 
palavra, logo pensamos em um animal irracional de quatro patas, com pelos, olhos, 
orelhas, etc. Esse conceito que nos vem à mente é o significado do signo cachorro e 
também se encontra armazenado em nossa memória. 
Ao empregar os signos que formam a nossa língua, devemos obedecer às regras 
gramaticais convencionadas pela própria língua. Desse modo, por exemplo, é possível 
colocar o artigo indefinido um diante do signo cachorro, formando a sequência um 
cachorro, o mesmo não seria possível se quiséssemos colocar o artigo uma diante do 
signo cachorro. A sequência uma cachorro contraria uma regra de concordância da 
língua portuguesa, o que faz com que essa sentença seja rejeitada. Os signos que 
constituem a língua obedecem a padrões determinados de organização. O conhecimento 
de uma língua engloba tanto a identificação de seus signos, como também o uso adequado 
de suas regras combinatórias. 
signo = significado (é o conceito, a ideia transmitida pelo signo, a parte 
abstrata do signo) + significante (é a imagem sonora, a forma, a parte concreta do 
signo, suas letras e seus fonemas) 
 
9 
 
 
Língua: conjunto de sinais baseado em palavras que obedecem às regras 
gramaticais. 
Signo: elemento representativo que possui duas partes 
indissolúveis: significado e significante. 
Fala: uso individual da língua, aberto à criatividade e ao desenvolvimento 
da liberdade de expressão e compreensão. 
 
8- SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS 
Quanto à significação, as palavras são divididas nas seguintes categorias: 
 
8.1- SINÔNIMOS 
As palavras que possuem significados próximos são 
chamadas sinônimos. Exemplos: 
casa - lar - moradia – residência 
longe – distante 
delicioso – saboroso 
carro - automóvel 
Observe que o sentido dessas palavras são próximos, mas não são exatamente 
equivalentes. Dificilmente encontraremos um sinônimo perfeito, uma palavra que 
signifique exatamente a mesma coisa que outra. 
Há uma pequena diferença de significado entre palavras sinônimas. Veja que, 
embora casa e lar sejam sinônimos, ficaria estranho se falássemos a seguinte frase: 
Comprei um novo lar. 
Obs.: o uso de palavras sinônimas pode ser de grande utilidade nos processos 
de retomada de elementos que inter-relacionam as partes dos textos. 
8.2- ANTÔNIMOS 
São palavras que possuem significados opostos, contrários. Exemplos: 
mal / bem 
ausência / presença 
fraco / forte 
claro / escuro 
10 
 
 
subir / descer 
cheio / vazio 
possível / impossível 
8.3- POLISSEMIA 
Polissemia é a propriedade que uma mesma palavra tem de apresentar mais de um 
significado nos múltiplos contextos em que aparece. Veja alguns exemplos de palavras 
polissêmicas: 
cabo (posto militar, acidente geográfico, cabo da vassoura, da faca) 
banco (instituição comercial financeira, assento) 
manga (parte da roupa, fruta) 
8.4- HOMÔNIMOS 
São palavras que possuem a mesma pronúncia (algumas vezes, a mesma grafia), 
mas significados diferentes. Veja alguns exemplos no quadro abaixo: 
acender (colocar fogo) ascender (subir) 
acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta) 
acerto (ato de acertar) asserto (afirmação) 
apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido) 
bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto) 
bucho (estômago) buxo (arbusto) 
caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito) 
cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar) 
cela (pequeno quarto) sela (forma do verbo selar; arreio) 
censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo) 
céptico (descrente) séptico (que causa infecção) 
cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar) 
cerrar (fechar) serrar (cortar) 
cervo(veado) servo (criado) 
chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã) 
cheque (ordem de pagamento) xeque (lance no jogo de xadrez) 
círio (vela) sírio (natural da Síria) 
cito (forma do verbo citar) sito (situado) 
concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir) 
concerto (sessão musical) conserto (reparo) 
coser (costurar) cozer (cozinhar) 
11 
 
 
esotérico (secreto) exotérico (que se expõe em público) 
espectador (aquele que assiste) 
expectador (aquele que tem esperança, 
que espera) 
esperto (perspicaz) experto (experiente, perito) 
espiar (observar) expiar (pagar pena) 
espirar (soprar, exalar) expirar (terminar) 
estático (imóvel) extático (admirado) 
esterno (osso do peito) externo (exterior) 
estrato (camada) extrato (o que se extrai de algo) 
estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar) 
incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido) 
incipiente (principiante) insipiente (ignorante) 
laço (nó) lasso (frouxo) 
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia) 
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo) 
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa) 
 
8.5- HOMÔNIMOS PERFEITOS 
Possuem a mesma grafia e o mesmo som. 
Por Exemplo: 
Eu cedo este lugar para a professora. (cedo = verbo) 
Cheguei cedo para a entrevista. (cedo = advérbio de tempo) 
Atenção: 
Existem algumas palavras que possuem a mesma escrita (grafia), mas a 
pronúncia e o significado são sempre diferentes. Essas palavras são chamadas 
de homógrafas e são uma subclasse dos homônimos. Observe os exemplos: 
almoço (substantivo, nome da refeição) 
almoço (forma do verbo almoçar na 1ª pessoa do sing. do tempo presente do modo 
indicativo) 
 
gosto (substantivo) 
gosto (forma do verbo gostar na 1ª pessoa do sing. do tempo presente do modo 
indicativo) 
12 
 
 
8.6- PARÔNIMOS 
É a relação que se estabelece entre palavras que possuem significados diferentes, 
mas são muito parecidas na pronúncia e na escrita. Veja alguns exemplos no quadro 
abaixo. 
absolver (perdoar, inocentar) absorver (aspirar, sorver) 
apóstrofe (figura de linguagem) apóstrofo (sinal gráfico) 
aprender (tomar conhecimento) apreender (capturar, assimilar) 
arrear (pôr arreios) arriar (descer, cair) 
ascensão (subida) assunção (elevação a um cargo) 
bebedor (aquele que bebe) bebedouro (local onde se bebe) 
cavaleiro (que cavalga) cavalheiro (homem gentil) 
comprimento (extensão) cumprimento (saudação) 
deferir (atender) diferir (distinguir-se, divergir) 
delatar (denunciar) dilatar (alargar) 
descrição (ato de descrever) discrição (reserva, prudência) 
descriminar (tirar a culpa) discriminar (distinguir) 
despensa (local onde se guardam 
mantimentos) 
dispensa (ato de dispensar) 
docente (relativo a professores) discente (relativo a alunos) 
emigrar (deixar um país) imigrar (entrar num país) 
eminência (elevado) 
iminência (qualidade do que está 
iminente) 
eminente (elevado) iminente (prestes a ocorrer) 
esbaforido (ofegante, apressado) espavorido (apavorado) 
estada (permanência em um lugar) 
estadia (permanência temporária em um 
lugar) 
flagrante (evidente) fragrante (perfumado) 
fluir (transcorrer, decorrer) fruir (desfrutar) 
fusível (aquilo que funde) fuzil (arma de fogo) 
imergir (afundar) emergir (vir à tona) 
inflação (alta dos preços) infração (violação) 
infligir (aplicar pena) infringir (violar, desrespeitar) 
mandado (ordem judicial) mandato (procuração) 
peão (aquele que anda a pé, domador de 
cavalos) 
pião (tipo de brinquedo) 
precedente (que vem antes) 
procedente (proveniente; que tem 
fundamento) 
ratificar (confirmar) retificar (corrigir) 
13 
 
 
recrear (divertir) recriar (criar novamente) 
soar (produzir som) suar (transpirar) 
sortir (abastecer, misturar) surtir (produzir efeito) 
sustar (suspender) suster (sustentar) 
tráfego (trânsito) tráfico (comércio ilegal) 
vadear (atravessar a vau) vadiar (andar o 
 
Referências 
Só Português: Semântica. Disponível em: 
http://www.soportugues.com.br/secoes/seman/ Acesso em 02 de setembro de 
2016. 
9- A LINGUÍSTICA, O TEXTO E O ENSINO DA LÍNGUA: NOTAS PARA 
CONTINUAR O DEBATE 
José Carlos de AZEREDO (Adaptado) 
O texto ganhou finalmente o lugar que lhe cabe como objeto da ciência da 
linguagem, e o interesse que vem despertando tem contribuído para reduzir sensivelmente 
a distância que separa as duas pontas da formação do saber na sociedade: a pesquisa e o 
ensino. O texto sempre foi objeto e meta do ensino da língua, como pode ser comprovado 
pela proliferação e constante edição de antologias ao longo de todo o século XX. 
É verdade que a atividade de leitura, no espaço da escola, costumava se resumir 
ao reconhecimento, pelo olhar, da matéria impressa, ou à sua reprodução oral (muitas 
vezes com revezamento dos alunos), limitando-se os “comentários” ao vocabulário 
desconhecido do estudante-leitor e às construções gramaticais menos comuns, com vista 
à aquisição dos recursos da escrita padrão. 
Remonta ao ano de 1899 a publicação, em primeira edição, de uma obra destinada 
ao ensino da escrita, da autoria do poeta Olavo Bilac e do historiador Manoel Bonfim. No 
“preâmbulo” se lê o seguinte: 
Não existia, na literatura escolar brasileira, um guia de composição, que servisse 
de modelo para prática da linguagem escrita. [...] O aluno pode perfeitamente estar senhor 
de todas as regras da gramática, e não saber dizer o que pensa e o que sente. A gramática 
seca, abstrata e árida, com que se cansa o cérebro das crianças, não ensina a escrever 
(BILAC; BONFIM: 1930, p. XI). 
Essa importância pedagógica tradicionalmente conferida ao texto, e realçada na 
crítica que os autores já faziam ao modelo de ensino gramatical, certamente explica o 
14 
 
 
maior entusiasmo do professor de língua em relação à contribuição atual da linguística, 
em que se revela uma maior sensibilidade dos linguistas para as questões relacionadas à 
leitura e à expressão. 
9.1- A LINGUÍSTICA E O TEXTO 
A linguística alcançou entre nós um alto nível de maturidade, haja vista o volume 
de análises do uso brasileiro da língua portuguesa, seja na perspectiva da diversidade 
regional (cf. os atlas linguísticos), seja do ponto de vista da variação social (cf. projeto de 
pesquisa da norma culta falada nos centros urbanos). 
Tivemos um longo, mas necessário, período de assimilação e processamento de 
teorias, de certo modo coincidente com o processo de criação e consolidação dos 
programas de pós-graduação pelo país afora, entre os anos 1960 e 1980. No início de sua 
fase “moderna”, que se confunde com a obra produzida por J. Mattoso Câmara Jr., a 
linguística brasileira foi uma linguística da palavra (fonologia e morfologia). O interesse 
pela sintaxe ganharia expressão a partir de meados dos anos 1970, com a gramática 
gerativa, em especial. 
Estruturalistas e gerativistas compartilham, no geral, uma concepção de língua 
como um sistema constituído de unidades e de regras que as combinam para formar 
palavras e frases. O propósito da investigação é descrever esse sistema de regras. Para 
uns e outros, o acontecimento comunicativo mediante o uso da língua (a parole, segundo 
Saussure, ou a performance, segundo Chomsky) sofre a influência de fatores externos ao 
sistema. Como estes podem perturbar a compreensão do próprio sistema, devem ser 
descartados na análise. 
A década de 1980 marcaria uma acentuada correção de rumo, graças ao crescente 
interesse pela explicação dos fatos linguísticos à luz dos fatores sociais (sociolinguística) 
e interacionais (análise da conversação). O binômio enunciação/enunciado, conforme a 
formulação de Émile Benveniste, circula ainda hoje como chave explicativa do vínculo 
entre o texto e o ato de produzi-lo. Sob essa orientação, as análises deixaram de ver na 
língua um mero sistema de unidades e regras (ponto de vista estruturalista) e passaram a 
buscar nos fatores propriamente externos – o espaço-tempo daação comunicativa, o 
contexto do evento comunicativo, a identidade social dos interlocutores e seus 
propósitos/motivações interativos – o fundamento das escolhas feitas pelos usuários. 
Estamos agora no território do funcionalismo, em que a forma não é vista como um meio 
15 
 
 
de dar corpo a um sentido pré-concebido e latente, mas como algo maleável a serviço do 
evento interativo em curso e dos interesses comunicativos de seus atores. 
É nesse quadro que se desenvolvem as pesquisas da ‘língua em uso’ e ganham 
espaço a análise do discurso, a análise da conversação e a linguística textual2 
Estou ciente de que a exposição cronologicamente linear que venho adotando só 
muito superficialmente corresponde aos fatos, já que o conceito de gênero que inspira 
essa abordagem remonta à obra do russo M. Bakhtin, produzida na primeira metade do 
século XX, mas de fato difundida nos meios acadêmicos brasileiros entre os anos 1980 e 
1990, com a publicação de Marxismo e filosofia da linguagem. 
Podemos, assim, afirmar que a história recente dos estudos linguísticos no Brasil 
comporta um capítulo substancioso em que se destaca a preocupação com o texto. 
 O texto se tornou uma unidade de análise, definível por critério de ordem 
funcional – unidade de sentido e de comunicação – e reconhecível pelo respectivo gênero, 
expressão de seu papel nas múltiplas demandas da vida sociocultural. 
Por muito tempo, o texto foi considerado objeto dos estudos retóricos (p. ex.: 
qualquer modalidade de discurso produzida para influenciar/convencer um auditório) e 
dos estudos literários (obras de ficção e de poesia), uns e outros radicados na Arte 
Retórica e na Arte Poética de Aristóteles. A novidade do foco contemporâneo no texto 
está em reconhecer que ele é a verdadeira unidade da análise linguística e que, para 
explicar adequadamente o seu funcionamento, é necessário tomar em consideração o 
papel das variáveis do evento comunicativo: quem o enuncia, para que fim o faz, a quem 
é destinado etc. 
O contato com a obra de M. Bakhtin traria novos subsídios à gestação de uma 
linguística de texto em marcha na Europa como nos Estados Unidos, com os sempre 
previsíveis reflexos no Brasil. Antes de sua influência, praticamente a única tentativa de 
eleger o texto como objeto de análise linguística esteve circunscrita à estilística, que, entre 
nós, se notabilizou como uma técnica de investigação dos efeitos expressivos das escolhas 
linguísticas na construção da obra literária3 
Atualmente, o estudo linguístico do texto conta, no Brasil, com um espectro 
variado de reflexões teóricas e de propostas de modelos amplamente difundidas em obras 
destinadas aos professores de língua portuguesa dos três níveis de ensino 
A estilística teve o mérito de dotar a análise do texto literário de um instrumental 
novo, mas a ênfase que dava ao ‘fato singular’ e à expressividade das escolhas verbais 
impedia que ela se firmasse como um modelo consistente de linguística do texto, visto 
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:http://www.institutodeletras.uerj.br/idioma/numeros/26/Idioma26_a02.pdf&gws_rd=cr&ei=va3uV4qSH8aiwgTo4ZzoBQ#3
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:http://www.institutodeletras.uerj.br/idioma/numeros/26/Idioma26_a02.pdf&gws_rd=cr&ei=va3uV4qSH8aiwgTo4ZzoBQ#4
16 
 
 
que deixava de fora os textos comuns e estritamente utilitários, ordinariamente 
produzidos em função da rotina da vida social. 
9.2- A GRAMÁTICA, O TEXTO E O ENSINO DA LÍNGUA 
Feitas essas observações elementares sobre o estatuto do texto como objeto da 
análise linguística, apresento na sequência alguma reflexão sobre o lugar do 
conhecimento gramatical na leitura e comentário do texto. Para tanto, meu ponto de 
partida é um trecho da autoria do Prof. João Wanderley Geraldi, figura de destaque em 
uma fase da história recente dos estudos linguísticos no Brasil, por seu empenho em dar 
um rumo novo ao ensino da língua portuguesa: 
O ensino tradicional de língua portuguesa investiu, erroneamente, no 
conhecimento da descrição da língua supondo que a partir deste conhecimento cada um 
de nós melhoraria seu desempenho no uso da língua. Na verdade, a escola agiu mais ou 
menos como se para aprender a usar um interruptor ou uma tomada elétrica fosse 
necessário saber como a força da água se transforma em energia e esta em claridade 
 
3 Alguns ensaios representativos da abordagem estilística da expressão literária: 
Ensaios machadianos, de J. Mattoso Câmara Jr.; 
Subconsciência e afetividade na língua portuguesa, de Jesus Belo Galvão; 
 Esfinge clara, de Othon M. Garcia; 
A seta e o alvo, de Oswaldino Marques. 
 
4 Alguns títulos: 
ANTUNES, Irandé. Língua, texto e ensino. São Paulo: Parábola, 2009. 
BENTES, Anna Christina. Linguística textual.In: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, 
Anna Christina. Introdução à linguística: domínios e fronteiras 1. São Paulo: Cortez, 
2000. 
FIORIN, José Luiz. Elementos de análise do discurso. 14 ed. São Paulo: Contexto, 2006. 
KOCH, Ingedore G. Villaça. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2002. 
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. 3. ed. 
São Paulo: Parábola, 2008. NEVES, Maria Helena de Moura. Texto e gramática. São 
Paulo: Contexto, 2006. 
17 
 
 
9.3- A LINGUÍSTICA, O TEXTO E O ENSINO DA LÍNGUA: 
na lâmpada que acendemos. Obviamente, há espaço para saber estas coisas 
todas e há aqueles que a elas se dedicaram e as sabem. Se precisar de uma 
informação, posso consultá-los. Mas o número de conhecimentos disponíveis 
na humanidade é imenso e muitas das tecnologias de que dispomos hoje nós 
sabemos usar, embora não saibamos como elas se produziram nem saibamos 
explicá-las. Ninguém mais é capaz de dominar o conhecimento global 
disponível. Mas também não temos com as coisas uma relação mágica: 
sabemos que as coisas podem ser explicadas ou poderão ser explicadas um dia 
(há muito a saber sobre o mundo). Cada um de nós, em sua área profissional, 
tem conhecimentos e pode transmiti-los a outros, mas nenhum de nós imagina 
que todos queiram saber os conhecimentos que caracterizam a nossa profissão. 
É preciso saber usar eficientemente, e os conhecimentos suficientes para tanto 
lhe bastam. Ninguém precisa tornar-se especialista em tudo! (GERALDI: 
1996, p.71) 
 
Sou adepto da tese geral do prof. João Wanderley, resumida na frase final do 
trecho citado. Mas essa adesão não inclui a conclusão a que ele chega – e a que pretende 
levar seus leitores: que a análise gramatical é inútil, ou pelo menos desnecessária, como 
estratégia para o ensino da língua. 
O Prof. Geraldi nos legou até o momento uma obra originalíssima e deu uma 
contribuição muito valiosa para a renovação do ensino da língua, mas, pelo menos nesse 
texto que aqui vem citado, ele revela uma concepção redutoramente utilitária do 
conhecimento, e contrapõe perigosamente a posse explícita do conhecimento e o 
exercício das habilidades que decorrem dele. Sem qualquer exame dos fundamentos de 
sua tese, o Prof. Geraldi nega que o domínio teórico e analítico do que “está por trás” das 
coisas seja capaz de propiciar um melhor proveito funcional delas. 
É óbvio que as pessoas aprendem a se comunicar na respectiva língua materna 
sem jamais parar para observar como as palavras se combinam e como se diferenciam. 
Também é certo que a aprendizagem da nomenclatura gramatical e dos procedimentos de 
análise morfológica ou sintática não é pré-requisito para um domínio proficiente da língua 
como meio de interação social. Também é óbvio que não necessitamos de saber como a 
eletricidade se transforma em luz na hora em que acionamos o interruptor na parede. 
O que não é óbvio, porém, é o fundamento para a equivalência entre o ato de 
acender lâmpadas e o ato de produzir e compreender enunciados numa língua. Uma 
pessoa pode adquirir conhecimentos técnicos sofisticados sobre a cadeiaque liga a 
geração de energia numa hidroelétrica e o acendimento de uma lâmpada no teto de sua 
sala, mas o ato de acionar o interruptor, de tão simples e banal, não pode ser mais ou 
menos bem executado por conta daquele conhecimento. 
18 
 
 
A comunicação entre as pessoas, por sua vez, envolve intenções, cálculos de 
sentido, avaliações que condicionam suas escolhas. É verdade que praticamos muitos atos 
comunicativos que se assemelham a reflexos condicionados; é verdade que grande parte 
de nossos enunciados cotidianos são fórmulas estereotipadas de expressão que 
empregamos um tanto mecanicamente. Também é verdade, por outro lado, que ninguém 
investe tempo para aprender ou ensinar o que pode ser assimilado pelo simples convívio 
e, sobretudo, o que apenas espelha a acomodação e a inércia do espírito. 
Outra é a história, porém, quando queremos ultrapassar nossa condição de seres 
movidos pela engrenagem do cotidiano ou de seres que aprendem pela força estrita do 
treinamento e da mera repetição de comportamentos alheios. Muitos linguistas e 
educadores compartilham a tese de que a aprendizagem e a prática da análise gramatical 
não têm qualquer influência na ampliação e aperfeiçoamento da competência linguística 
do estudante; eles argumentam que a leitura e a escrita são habilidades que se adquirem 
sem necessidade de teorização, simplesmente com a prática. Essa tese é praticamente tão 
antiga quanto a que apregoa o contrário dela, mas sempre contou com um número maior 
de simpatizantes. 
A promessa de “aprender com a prática”, sem teoria ou terminologia, é sempre 
sedutora, porque se trata de um modelo de aprendizagem em que se confundem processo 
e produto, isto é, em que o esforço exigido é sempre compensado pela comprovação de 
sua funcionalidade na presença de resultados concretos. Impossível questionar seus 
atrativos e vantagens. Com certeza, desse modo se aprende – para o gasto, dispondo 
daquelas informações básicas que qualquer pessoa tem – a cozinhar, a dançar, a fazer 
instalações elétricas. Será que também se aprende a ler e a escrever com desenvoltura? 
Prática, treinamento são conceitos mágicos, que implicam rapidez e eficiência. 
São indispensáveis como estratégias de consolidação das habilidades linguísticas, mas 
não suficientes, sob pena de concebermos o ensino da língua nos mesmos termos e moldes 
em que se procede ao treinamento de focas e chimpanzés para sessões de espetáculo 
circense. Chimpanzés e focas revelam admiráveis habilidades quando submetidos a tais 
modelos de aprendizagem, mas nem o mais inteligente dos primatas é capaz de processar 
a mais elementar explicação sobre a agilidade de um salto. De uma perspectiva puramente 
biológica, esses animais são perfeitos e aptos a atingir a plenitude das respectivas 
capacidades. Não nos esqueçamos, contudo, de que jamais transcenderão um certo estágio 
de aprendizagem por iniciativa própria, mas dependerão sempre da assistência e 
19 
 
 
intervenção do amestrador e instrutor, já que não há como esperar deles o exercício da 
introspecção e a análise do próprio desempenho. 
De minha parte, alinho-me com os que defendem a importância dessa introspecção 
como fundamento da qualidade da leitura e do desempenho da expressão. Segundo este 
ponto de vista, nossa competência na língua materna se amplia quando a promovemos do 
papel de mero instrumento de comunicação ao de objeto de observação, quando ela deixa 
de ser apenas uma ferramenta de uso cotidiano e se torna, além disso, uma fonte de 
possibilidades. Quando alguém passa a entender como a língua se organiza para 
desempenhar suas funções, seguramente se torna muito mais apto a extrair significados 
de suas formas, seja como leitor, seja como enunciador. Dá-se, desse modo, um salto 
qualitativo no relacionamento do indivíduo com sua língua. 
 
Concluo com mais uma citação, agora de Carlos Franchi: 
Não é verdade que a gramática nada tem a ver com a produção e a compreensão 
do texto: ela está na frasezinha mais simples que pronunciamos. Mas é preciso concebê- 
la de um modo diferente: como o conjunto das regras e princípios de construção e 
transformação das expressões de uma língua natural que as correlacionam com o seu 
sentido e possibilitam a interpretação (FRANCHI: 2006, p. 99). 
Isto só é possível se o professor de língua entender que o objeto do seu trabalho 
em sala de aula é a própria língua, não como um conjunto de exemplos de fatos que 
classificamos por meio de rótulos (substantivo, verbo, pronome, sujeito, predicado, 
composto por aglutinação, derivado por sufixação, narração, descrição etc.), mas um 
conhecimento cuja ampliação equivale à própria ampliação da capacidade de 
compreender, de dizer e de criar. 
10- LINGUÍSTICA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: A 
ORALIDADE EM SALA DE AULA 
Juliana Carvalho (Adaptado) 
Professora e redatora 
 
20 
 
 
Hoje em dia, ouvimos muito falar em Linguística Aplicada. Multiplicam-se os 
programas de pós-graduação dedicados a ela e relacionados ao ensino de línguas 
estrangeiras. A Linguística Aplicada está realmente em evidência, mas o que ela é de 
fato? Qual a diferença de outras áreas da Linguística, principalmente as mais tradicionais? 
Como utilizá-la no ensino de língua portuguesa? Tentando responder a essas perguntas, 
elaborei este texto em duas partes: uma teórica (que aborda também uma parte histórica), 
e uma prática, com sugestões de exercícios voltados ao ensino da língua. 
A Linguística Aplicada (LA) nasceu há mais ou menos 60 anos, como uma 
disciplina voltada para o ensino de línguas estrangeiras. O primeiro curso de LA ocorreu 
na Universidade de Michigan, em 1946, ministrado por Charles Fries e Robert Lado. Na 
época, tanto na Inglaterra como nos Estados Unidos, a LA representava uma abordagem 
científica do ensino de línguas estrangeiras. 
A LA tem como objeto de estudo a linguagem como prática social – atualmente 
não só em relação às línguas estrangeiras, mas também no contexto de aprendizagem da 
língua materna ou em outros contextos em que se aborde o uso da linguagem. Durante 
muito tempo, a LA foi vista como uma forma de aplicar a Linguística teórica ao ensino 
de línguas, ou seja, era uma ciência voltada para os métodos e técnicas de ensino. Essa 
ainda é uma tendência forte na área, mas outras questões surgiram nos meios escolares e 
acadêmicos. Atualmente podemos destacar três direções para a LA: ensino e 
aprendizagem, aplicação de linguagem e investigações aplicadas sobre estudos de 
linguagem como prática social. 
Esse braço da Linguística começou a se difundir na segunda metade do século 
passado, tanto no Brasil como no exterior. Aqui, em todas as regiões do país foram criados 
programas de pós-graduação ou área de concentração em LA. Alguns marcos dessa 
expansão são: a criação, em 1970, do Programa de Linguística Aplicada ao Ensino de 
Línguas da PUC-SP, posteriormente denominado Programa de Pós-Graduação em 
Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem (LAEL), com a criação do doutorado em 
1980, conforme informações na página eletrônica do programa. Também na década de 80 
foi lançada pelo programa a revista D.E.L.T.A. (Documentação de Estudos em 
Linguística Teórica e Aplicada); com o surgimento do Programa de Pós-Graduação em 
Linguística Aplicada da Unicamp, nasceu a revista Trabalhos em Linguística Aplicada. 
Esses dois programas de pós-graduação foram os principais responsáveis pela formação 
dos “linguistas aplicados” de vários estados brasileiros e pelo desenvolvimento de 
pesquisa, em conjunto com a produção de muitas outras universidades brasileiras, que 
21 
 
 
criaram áreas de concentração em LA em seus programas de pós-graduação em Letras ou 
Linguística. 
Porém, se a pós-graduação se destaca nos estudos da LA, o mesmo não se pode 
afirmar da graduação. Muitas universidades conceituadas ainda não dispõem de 
profissionais especializadosnesse ramo da Linguística, e a disciplina é oferecida, quando 
muito, como eletiva ou optativa nos currículos dos cursos de Letras. O primeiro concurso 
para contratação de professor de LA para atuar na graduação ocorreu somente em 2004, 
para a Faculdade de Letras da UFMG. Apesar disso, a área ainda é promissora e faltam 
profissionais especializados, sendo vasto o campo de trabalho, principalmente no ensino 
de línguas. 
10.1- LINGUÍSTICA TEÓRICA X LINGUÍSTICA APLICADA 
A Linguística é uma disciplina que pode englobar várias matérias, podendo ser 
usada para dar-lhes substância intelectual. Essas matérias, por sua vez, podem ser 
entendidas como componentes de outras disciplinas que não a Linguística. A LA é 
entendida como a utilização de conteúdos linguísticos para aprimorar a prática nas 
disciplinas que usam a linguagem. 
A LA também já foi classificada como uma "atividade", em oposição à Linguística 
teórica, que é um "estudo". Ela faz uso de resultados de estudos teóricos. O "linguista 
aplicado" é um usuário, não um produtor de teorias. De acordo com essa perspectiva, a 
LA se transformaria numa simples tecnologia, diretamente subordinada aos princípios 
descritivos da Linguística teórica. 
Para justificar a diferença do campo de atuação das duas ciências, podemos 
afirmar que antigamente os profissionais voltados para a LA eram tão poucos que muitas 
de suas tarefas passaram, naturalmente, a ser realizadas por linguistas, o que contribuiu 
definitivamente para que a área de LA tomasse emprestado teorias e conceitos da 
Linguística teórica. 
Dando continuidade a essa teoria, é difícil diferenciar as duas ciências, como é 
difícil delimitar as relações de influência e domínio de uma ciência na outra. 
Exemplificando: a Linguística é com certeza a ciência de maior influência na LA, mas 
não a única. 
Outra discussão entre os pesquisadores e no meio acadêmico em geral é sobre a 
noção de LA como sinônimo de estudo científico dos conceitos e da prática do 
ensino/aprendizagem de língua estrangeira. Muitos estudiosos acreditaram desde o início 
22 
 
 
que o objetivo dessa ciência era apenas a resolução de problemas relacionados ao ensino 
de línguas estrangeiras e com a tradução automática. 
Essa discussão permanece até hoje, mas a LA ganhou força com a criação de uma 
entidade própria: a Association Internationale de Linguistique Appliquée – AILA – 
fundada em Nancy, França, em 1964, liderada pelos professores C. C. Fries e R. Lado, 
ambos preocupados com o ensino de línguas. Na ocasião, houve forte tendência em 
relacionar o termo LA ao ensino de línguas estrangeiras. 
Hoje em dia, a rigidez na definição do objeto da LA e nas tarefas do linguista 
aplicado se perdeu. O conteúdo dos debates nos últimos congressos tem incluído 
praticamente todos os campos da atividade humana (tanto em seus aspectos teóricos como 
práticos) em que a linguagem desempenha algum papel de relevância. Do mesmo modo 
que a LA se torna independente da Linguística, desvencilha-se também da falsa 
identidade única com o ensino de línguas e particularmente com o ensino de língua 
estrangeira. 
10.2- A LINGUÍSTICA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA 
A escola deve incentivar o aluno a atingir seu desenvolvimento linguístico; no 
entanto, ela divide o ensino em leitura e compreensão, história da literatura, gramática e 
produção textual. A fragmentação não permite aos alunos refletir e agir sobre a 
linguagem. O que eles fazem inicialmente é decodificar e, posteriormente, analisar a 
língua, atividades realizadas em momentos distintos que não os levam a desenvolver 
satisfatoriamente a capacidade linguística. 
O professor deve lembrar-se de que o ensino da língua não se baseia apenas na 
gramática. O papel dos professores de Língua Portuguesa não é fazer com que os alunos 
adquiram somente uma variante da língua, mas levá-los a ampliar seus conhecimentos 
com variantes regionais e outros níveis de formalidade de uso dessa língua. Dessa forma, 
o ensino gramatical eficaz deve tomar como base conteúdos apresentados por textos dos 
próprios alunos e de autores diversos, de diferentes regiões do Brasil, que permitam ao 
aluno identificar essas variantes. 
Os estudos gramaticais precisam ser desenvolvidos de forma a ampliar a 
capacidade comunicativa do aluno. O professor deve partir da produção e recepção de 
textos de diferentes variedades linguísticas, utilizando o contexto em sua aplicação. Neste 
caso, é possível perceber a gramática como uma prática textual, discursiva e de uso, 
ampliando o ensino de língua para além da gramática normativa. 
23 
 
 
A LA mostra que o ensino amplo de língua materna deve partir da valorização da 
língua falada, já que é a modalidade de língua que as pessoas aprendem naturalmente 
desde a infância e que está em constante mutação. Não podemos mais desconsiderar as 
evoluções linguísticas na sala de aula e viver na concepção da gramática tradicional, sob 
o domínio da língua escrita. É importante mostrar que a língua falada possui 
especificidades que precisam ser trabalhadas. 
Os PCN enfatizam que o ensino de gramática não pode ser desarticulado da leitura 
e da produção de textos, uma vez que estes configuram a totalidade. Quando for 
necessário fazer recortes para facilitar o estudo, eles devem estar relacionados a outros 
elementos do processo. Por isso, as unidades de gramática, texto e produção de textos 
devem estar sempre articuladas. 
11- O TRABALHO COM A ORALIDADE NA SALA DE AULA 
Muitos alunos demonstram dificuldade para escrever e reproduzem a língua oral 
nas tarefas de produção de textos. Eles escrevem como falam. É importante que a escola 
trabalhe a oralidade, mostrando as diferenças e semelhanças entre estas duas modalidades 
linguísticas, fala e escrita. 
O estudante precisa saber que não existe uma gramática pronta para a língua falada 
e que há diferenças léxicas na constituição de textos falados e de textos escritos, uma vez 
que, na escrita, deve-se utilizar vocabulário mais amplo, construções sintáticas diferentes 
das usadas na língua oral, menos interjeições e outras diferenças. 
Além disso, o professor deve reforçar com os alunos a noção de que a interação 
da fala se dá pessoalmente, face a face, e a da escrita não. Por isso, a fala não é 
previamente planejada e a escrita, sim. A escrita pode ser revisada, mas a fala não admite 
recriação; ao escrever podem ser feitas consultas, e ao falar não. A fala demonstra seu 
processo de criação; a escrita mostra o resultado. 
11.1- SUGESTÕES PARA O TRABALHO COM A ORALIDADE NA SALA DE 
AULA 
É importante esclarecer que os estudos gramaticais não devem ficar em segundo 
plano. Pelo contrário, precisam ser trabalhados de forma a ampliar a capacidade 
comunicativa do aluno. Para isso, o professor deve partir da produção e da recepção de 
textos, porque é no texto que as palavras ganham sentido. Além disso, o texto permite ao 
24 
 
 
aluno ter um panorama geral da língua em funcionamento, e não apenas um panorama 
fragmentado. 
A visão corrente em relação à concordância verbal é de que quem não a domina 
não domina o padrão culto da língua. Entretanto, até pessoas cultas, ao falar, deixam de 
empregar por vezes regras de concordância verbal. Como já foi dito, o aluno precisa 
reconhecer que há diferença entre a fala e a escrita e que a falta de concordância verbal 
nem sempre é aceita, principalmente na escrita. 
As sugestões de atividades que relaciono a seguir privilegiam o trabalho com 
textos, embora não se deva esquecer de que o trabalho com a gramática teórica deve ser 
utilizado como um recurso a mais no desenvolvimento da capacidade comunicativa do 
aluno. Todavia, o conhecimento da gramática teórica é sempre importante, já que permite 
ao aluno conhecer a língua como uma instituição social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
BILAC,Olavo; BONFIM, Manoel. Livro de composição para o curso complementar das 
escolas primárias. 9ed. revista e aumentada. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 
1930. 
GERALDI, J. Wanderley. Linguagem e ensino: exercícios de militância e divulgação. 
São Paulo: Mercado de Letras, 1996. 
MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina (Org.). Introdução à linguística. São 
Paulo: Cortez, 
2001/2004. 3v. 
FRANCHI, Carlos. Criatividade e gramática. In: Sírio Possenti (Org.). Mas o que é 
mesmo gramática? São Paulo: Parábola, 2006 
LINGUISTICA E LÍNGUA PORTUGUESA. Disponível em: 
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/portugues/0026.html

Mais conteúdos dessa disciplina