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Matemática Financeira Módulo de Estudo 2 AULA 5 Capitalização composta voltar para o sumário 33 Capitalização composta é aquela em que a taxa de juros incide sobre o capital inicial, acrescido dos juros acumulados até o período anterior. Neste regime de capitalização a taxa varia exponencialmente em função do tempo. O conceito de montante é o mesmo definido para capitalização simples, ou seja, é a soma do capital aplicado ou devido mais o valor dos juros correspondentes ao prazo da aplicação ou da dívida. A simbologia usada será VF para valor futuro ou montante, VP para valor presente ou capital inicial, n para o prazo ou período de capitalização e i para a taxa. A dedução da equação para calcular o montante para um único pagamento é pouco mais complexa que a capitalização simples. A capitalização composta faz parte de todas as operações financeiras do seu cotidiano, desde o financiamento de um veículo até um empréstimo ou investimento. 34 Com os juros compostos nos investimentos, o tempo é o seu maior amigo: quanto mais tempo seu dinheiro ficar aplicado, maior será o rendimento. Mas também pode ser o seu maior inimigo no caso de empréstimos e financiamentos. Capitalização simples versus capitalização composta A diferença da capitalização simples e da capitalização composta é a incidência dos juros. Na simples, os juros são calculados utilizando como base o capital inicial e crescem de forma linear. Na composta, as taxas de juros são aplicadas sobre o montante inicial e acrescidos dos juros acumulados. Na prática, todo o mercado financeiro utiliza a capitalização composta. E isso significa que você deve utilizar os juros a seu favor, isto é, fazer o dinheiro trabalhar pelo seu futuro. Exemplos de capitalização composta na prática Veja dois exemplos que ilustram o poder da capitalização composta, tanto nos investimentos quanto nos empréstimos. 35 Investimento Suponha que você tenha investido R$ 10.000,00 em um título de renda fixa com prazo de seis meses e uma taxa de juros de 3% ao mês (esse retorno hipotético é apenas para facilitar a visualização). Perceba como, neste caso, os juros compostos estão trabalhando a seu favor. ● 1º mês: rendimento de R$ 300,00 (total = R$ 10.300,00) ● 2º mês: rendimento de R$ 309,00 (total = R$ 10.609,00) ● 3º mês: rendimento de R$ 318,27 (total = R$ 10.927,27) ● 4º mês: rendimento de R$ 327,82 (total = R$ 11.255,09) ● 5º mês: rendimento de R$ 337,65 (total = R$ 11.592,74) ● 6º mês: rendimento de R$ 347,78 (total = R$ 11.940,52) 36 Empréstimo Confira agora um exemplo de um empresário que, para cobrir as dívidas da empresa, usa o cheque especial de R$ 50 mil por um período de seis meses a juros de 10% ao mês. ● 1º mês: juros de R$ 5.000,00 (saldo devedor = R$ 55.000,00) ● 2º mês: juros de R$ 5.500,00 (saldo devedor = R$ 60.500,00) ● 3º mês: juros de R$ 6.050,00 (saldo devedor = R$ 66.550,00) ● 4º mês: juros de R$ 6.655,00 (saldo devedor = R$ 73.205,00) ● 5º mês: juros de R$ 7.320,50 (saldo devedor = R$ 80.525,50) ● 6º mês: juros de R$ 8.052,55 (saldo devedor = R$ 88.578,05) Veja que, pelo lado da aplicação, quanto mais tempo o seu dinheiro estiver investido em títulos de capitalização composta, maior será o ganho real ao final do período. Já quando se trata de empréstimo, 37 todo cuidado é pouco ao contrair uma dívida com juros compostos. Na tentativa de resolver um problema, o tomador de empréstimo poderá estar criando outro ainda maior. Ou seja, a capitalização composta é uma ferramenta formidável de criação ou destruição de valor, dependendo de como ela é usada. Por isso, a conscientização a respeito do tema é essencial. Na capitalização composta os juros são cobrados sobre o capital e sobre os juros incorporados a cada período de tempo corrido. Exemplo 3 Um empréstimo a 10% capitalizado no esquema de capitalização composta rende, em dois anos, 21% de juros sobre o capital emprestado. A capitalização composta relaciona o valor futuro ao valor presente por meio da fórmula abaixo: VF = VP x (1 + i)n 38 em que VF = Valor Futuro VP = Valor Presente i = taxa de juros n = período da aplicação Exemplo 4 Um investimento de 2.000,00 aplicado por três meses capitalizado de maneira composta a juros de 5% ao mês retorna um valor futuro de 2.315,25, pois, substituindo na fórmula: 2.315,25 = 2.000,00 X (1 + 0,05)3 Por meio da inversão da fórmula, é possível desenvolver outros tipos de problemas, buscando encontrar, por exemplo, o valor presente de um valor futuro: VP = VF (1 + i)n Este tipo de abordagem pode ser particularmente útil quando se deseja avaliar o valor de um 39 investimento a ser feito tendo por base apenas seu fluxo futuro e o retorno em função do risco corrido. Vamos a um exemplo prático. Uma determinada loja financia a venda de uma mercadoria no valor de $ 1.299,99, sem entrada, para pagamento em uma única prestação de $ 2.151,48 no final de 8 meses. Qual a taxa mensal cobrada pela loja? Dados: VF = 2.151,48; VP = 1.299,99; n = 8 meses; i = ?. Solução do exemplo 4 Isolando a taxa (i) na equação VP = VF / (1 + i)n, temos i = (VF/VP)1/n – 1. Substituindo os termos, temos: i = (2151,48 /1299,99)1/8 – 1 = 0,065 6,5% ao mês 40 A maioria das operações envolvendo dinheiro utiliza juros compostos. Estão incluídas: as compras a médio e longo prazo, compras com cartão de crédito, empréstimos bancários, as aplicações financeiras usuais, como caderneta de poupança, e aplicações em fundos de renda fixa. Raramente encontramos uso para o regime de juros simples: é o caso das operações de curtíssimo prazo e dos cálculos dos juros mora, como o acréscimo por atraso em pagamentos de contas. FIQUE ATENTO! AULA 6 Taxas de juros voltar para o sumário 42 Definimos a taxa de juros como a razão entre os juros, cobrável ou pagável, no fim de um período de tempo e o dinheiro devido no início do período. Utilizamos o conceito de taxa de juros quando se paga por um empréstimo, e taxa de retorno quando se recebe pelo capital emprestado. Uma taxa de juros, ou taxa de crescimento do capital, é a taxa de lucratividade recebida num investimento. De uma forma geral, é apresentada em bases anuais, podendo também ser utilizada em bases semestrais, trimestrais, mensais ou diárias, e representa o percentual de ganho realizado na aplicação do capital em algum empreendimento. Por exemplo, uma taxa de juros de 20% ao ano indica que, para cada unidade monetária aplicada, um adicional de R$ 0,20 deve ser retornado após um ano, como remuneração pelo uso daquele capital. A taxa de juros, simbolicamente representada pela letra i, pode ser também apresentada sob a forma 43 unitária, ou seja, 0,20, que significa que, para cada unidade de capital, são pagos doze centésimos de unidades de juros. Esta é a forma utilizada em todas as expressões de cálculo. Portanto, pode-se definir o juro como o preço pago pela utilização temporária do capital alheio, ou seja, é o aluguel pago pela obtenção de um dinheiro emprestado ou, mais amplamente, é o retorno obtido pelo investimento produtivo do capital. Genericamente, todas as formas de remuneração do capital, sejam elas lucros, dividendos ou quaisquer outras, podem ser consideradas juro. Quando uma instituição financeira decide emprestar dinheiro, existe, obviamente, uma expectativa de retorno do capital emprestado acrescido de uma parcela de juro. Existe mais de um tipo de taxa, como as taxas pré- fixadas, pós-fixadas, efetiva e nominal. A escolha dos tipos de taxa leva em conta o perfil da operação ou práticas de mercado. Por exemplo, os contratos de crédito imobiliário frequentemente aplicam taxas nominais pré-fixadas (definidas no momento do contrato) e taxas pós-fixadas referenciadas pela taxa referencial (TR). 44 Taxa efetiva ou real É a taxa cuja unidade de referência de tempo coincide coma unidade de tempo do prazo de capitalização. Exemplo 5 Suponha que você tem um investimento de R$ 10.000,00 com i = 3% a.m. capitalizados mensalmente. Assim, há coincidência entre a dimensão da taxa (3%a.m.) e a dimensão do tempo de empréstimo (também a.m.), logo, esse investimento possui taxa efetiva de 3% a.m. Exemplo 6 Para empréstimos a clientes comuns, uma financeira cobra taxa nominal de juros de 84% ao ano com capitalização mensal. Para um empréstimo de dois meses, qual será a taxa efetiva de juros? Sabendo que a taxa nominal é de 84% a.a., a taxa mensal será de: 84/12 = 7% = 0,07. 45 Calculando a taxa efetiva para um período de 2 meses: Tc= (1 + i)n – 1 Tc= (1 + 0,07)2 – 1 Tc= (1,07)2 – 1 Tc= 1,145 – 1 Tc= 0,145 0,145 = 14,5% Resposta: será de 14,5%. Taxa nominal Na taxa nominal não há coincidência entre a sua unidade de tempo e a unidade de tempo dos períodos de capitalização. Em geral, é fornecida em termo anual, enquanto os períodos de capitalização são mensais. Para se calcular os juros, deve-se sempre converter a taxa nominal em taxa efetiva, pois a taxa nominal acordada serve apenas para demonstrar os efeitos dos juros durante o seu período. 46 Exemplo 7 Suponha que você tenha um financiamento R$ 10.000,00 com i = 12% a.a. capitalizados mensalmente. Um está em forma anual e o outro, mensal. Isso significa que a taxa efetiva será de 12% / 12 meses, portanto, 1% a.a. E esta taxa de 12% a.a. será a taxa nominal. Taxa Selic A taxa Selic também é conhecida como a taxa básica de juros do nosso país. Não à toa, você frequentemente ouve comentários sobre ela nos jornais. Como é de se imaginar, ela tem uma enorme importância na economia brasileira porque exerce impacto em outros juros, além de ser um dos principais indicadores utilizados em títulos de renda fixa. O valor da Selic é definido pelo próprio Banco Central a partir da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que acontece a cada 45 dias. É com base nessa taxa que os bancos definem os juros que serão cobrados de seus clientes em empréstimos, por exemplo. 47 Taxas de juros equivalentes e proporcionais As taxas podem ser divididas em duas categorias: taxas proporcionais (ou lineares) e taxas equivalentes. No que se refere à taxa proporcional, trata-se de um tipo de taxa característico dos juros simples, formada proporcionalmente. Grande parte da taxação de juros empregada pelo mercado é feita utilizando as taxas proporcionais. Quanto à taxa equivalente, a sua aplicação e a sua relevância estão conectadas com o regime de juros compostos. Ademais, outra característica desse tipo de taxa é o seu comportamento exponencial. As taxas proporcionais devem atender à seguinte fórmula: n2 x i1 = n1 x i2 Fórmula para o cálculo das taxas proporcionais, em que: 48 n1 = prazo da taxa 1; n2 = prazo da taxa 2; i1 = percentual da taxa 1; i2 = percentual da taxa 2. Vamos a um exercício prático para compreender melhor. Considerando uma taxa de juros simples de 5,0% a.m., desejamos saber qual seria a taxa proporcional para um ano. Primeiramente, devemos fazer uma compatibilização entre as unidades de período. Ou seja, se o primeiro período é dado em meses, o segundo também deverá ser utilizado em meses. Conforme a fórmula dada acima, segue que: n2 x i1 = n1 x i2 12 x 5,0 % = 1 x i2 ∴ I2 = 60% a.a. As taxas de juros proporcionais possuem um comportamento linear no tempo, justificando, assim, o fato desse tipo de taxa ser chamado, também, de linear. 49 Temos a seguinte fórmula para as taxas equivalentes: Iq= (1 + it) q t – 1 em que: Iq = taxa equivalente para a periodicidade q; It = taxa equivalente para a periodicidade t; q = número de períodos para capitalização; t = número de períodos base. Vale pontuar que, por se tratar de um crescimento exponencial, a conversão de taxas é um pouco mais complexa. Com o propósito de facilitar a compreensão, vejamos um exemplo similar ao fornecido no tópico anterior: consideremos uma taxa de juros compostos de 5,0% a.m. e que desejamos saber qual seria a taxa equivalente para um ano. Assim como foi feito no exercício anterior, devemos fazer uma compatibilização entre as unidades de período. Isto é, se o primeiro período é dado em meses, o segundo também deverá ser utilizado em meses. 50 Conforme a fórmula dada acima, segue que: Iq= (1 + it) q t – 1 I12= (1 + it) 12 1 – 1 I12= (1 + 5,0%) 12 1 – 1 I12= (1,05)12 – 1 = 1,796 – 1 ∴ I12= 79,6% a.a. AULA 7 Série de pagamento uniforme voltar para o sumário 52 Pode-se definir uma série uniforme de pagamentos como uma sucessão de recebimentos, desembolsos ou prestações de mesmo valor, representados por R, divididos regularmente num período de tempo. O somatório do valor acumulado de vários pagamentos, montanteEste somatório é deduzido a partir da equação da capitalização composta VF = VP (1 + i)n para o cálculo do montante de cada pagamento R. Trata-se, portanto, do cálculo da soma dos termos de uma progressão geométrica limitada de razão q = 1 + i. Em geral, essas séries estão sujeitas a uma taxa de juros específica e fixa, mas pode haver variação na taxa, de acordo com a série. As séries uniformes são as séries em que os pagamentos ocorrem periodicamente (a cada período fixo) e estão sujeitas à mesma taxa de juros. Elas podem ser antecipadas, ou seja, são séries em que o depósito ou a retirada é feito no início de cada período (mês, ano, semana, 53 quinzena etc.). Por outro lado, as séries podem ser postecipadas, quer dizer, as operações podem ser realizadas no final do período (mês, ano, semana, quinzena etc.). Definição O valor futuro de uma série uniforme de pagamentos é o resultado final, após entradas, retiradas e capitalizações, do montante obtido. Se for uma dívida, objetiva-se que o valor futuro seja nulo, ou seja, objetiva-se que a dívida seja paga. Exemplo 8 Calcule o montante (valor futuro) de um investimento após duas aplicações consecutivas e mensais, de R$ 800,00, numa poupança com taxa de rentabilidade igual a 1,5% ao mês. As operações são realizadas no início do mês. Solução do exemplo 8 Início do primeiro mês: depósito de R$ 800,00 Montante no final do primeiro mês: 54 M = 800 × (1 + 1,5%) = R$ 812,00 Montante no início do segundo mês: 812,00 + 800,00 = R$ 1.612,00 Montante no final do segundo mês: M = 1612 × (1 + 1,5%) = R$ 1.636,18 Exemplo 9 Pedro deposita no final de cada mês, durante 7 meses, a quantia de R$ 4.500,00 em um fundo que paga juros a uma taxa de 2,5% a.m. Qual o montante no instante do último depósito? Solução do exemplo 9 A sequência é postecipada, além disso, i = 2,5%, PMT = 4.500 e n = 7. Basta aplicarmos a fórmula. VF = 4.500 R$ 33.963,44= = (1 + 2,5%)7 – 1 2,5% AULA 8 Série de pagamentos gradiente voltar para o sumário 56 É um sistema derivado da Tabela Price, no qual o valor da prestação é reduzido em um percentual combinado entre as partes, e para compensar o descompasso que tal redução causa, paga-se em cada prestação um pequeno acréscimo cumulativo sobre as prestações ou seja, ainda que não haja correção monetária ou reajuste da prestação, a mesma subiria assim mesmo. Um exemplo de aplicação comum é para estimar despesas com manutenção, em especial em equipamentos mecânicos, que com o tempo irão requerer maior desembolso em manutenção para funcionamento adequado. O esquema da série gradiente pode ser entendido com o auxílio da Figura 1. 57 FIGURA 1 – Série Gradiente G 2G 3G (n – 1) x G Fonte: Elaborado pela autora Para encontrar uma relação de equivalência, pode- se utilizar as fórmulas abaixo, por meio da consulta das tabelas financeiras. Para relacionar a série gradiente com valor presente, parcelas ou valor futuro podemos fazer: P = G (P/G, i%, n) A = G (A/G, i%, n) F = G (F/G, i%, n) Porém, para poder aplicar as equações, o fluxo de caixa deve apresentar comportamentoigual ao apresentado na Figura 1. Caso isso não ocorra, porém fique claro que o fluxo de caixa apresenta característica semelhante, pode-se fazer adequações para obter tal comportamento.