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Izabelly Justino – Medicina 1º período Microbiota intestinal – APG XXIV Objetivos: • Conhecer a morfofisiologia do intestino grosso em relação a absorção, nutrição e formação do fecaloma; • Compreender o que é a microbiota e a sua importância; • Entender a função dos pré, pós e probióticos; • Estudar o papel nutricional do GALT e a sua relação com o apêndice. • O intestino grosso apresenta várias funções, dentre elas se destacam: • Reabsorção do fluido remanescente (aquele que não foi absorvido no TGI – 2l de fluido no IG); • Armazenamento dos produtos da refeição até a sua eliminação → padrão de motilidade própria (isso implica que o nosso corpo não elimina tudo a qualquer hora); • Abriga trilhões de bactérias comensais → UM VERDADEIRO ECOSSISTEMA NO NOSSO CORPO! • Também é responsável pela comunicação com outros segmentos gastrointestinais; Regulação da função colônica: • O cólon é regulado pelos chefões e pelos gerentes; • Os chefões são arcos reflexos longos que envolvem vários segmentos gastrointestinais e garantem a comunicação entre eles; • Reflexo gastrocólico → quando a comida chega no estômago, este é distendido e emite um aviso “opa, chegou comida! Precisamos de espaço!” → isso gera contração e o aumento da motilidade colônica para ter o esvaziamento da massa fecal (por isso que logo após uma refeição sentimos a vontade de ir ao banheiro); • Componentes mecanossensitivos → efeito da comida no TGI (distensão e geração do reflexo como um todo); • Componentes quimiossensitivos → são gerados por alguns hormônios, como a: • 5-hidroxitriptamina: produzida pelas células enteroendócrinas; • Acetilcolina: produzida pelos nervos secretomotores entéricos; • Ambos estimulam a ação colônica; • Outro reflexo longo é o ortocólico → impulso matinal de defecar ao levantar da cama; • Nós temos outros reguladores que estão dentro do cólon, os gerentes; eles são ativados quando temos uma distensão colônica (ação local); • Resposta estimulatória → ativa as células enteroendócrinas, o que acarreta na produção de 5-hidroxitriptamina; têm-se também a ativação dos nervos secretomotores que produzirão a acetilcolina → o resultado desse reflexo é a secreção de cloreto e fluidos; essa secreção favorecerá a digestão no trato colônico; • Resposta inibitória → acontece se tivermos muito lipídeo no lúmen e, devido a isso, o trato colônico diz “dá um tempo para eu processar isso aqui!”; nessa resposta, também ocorre a ativação das células enteroendócrinas, só que nesse caso será produzido o peptídeo YY, que funciona como um freio ileal; A estrutura muscular do cólon: • Segue a mesma estrutura do TGI: túnicas mucosa, submucosa, muscular e serosa; a diferença está na camada muscular; • A camada circular interna se contrai e forma haustrações (bolsas); • A camada longitudinal externa também se contrai e forma as tênias (linha de tecido conjuntivo); • Essas estruturas permitem que a absorção e digestão ocorra de forma lenta → lembra do padrão de motilidade própria? • E também aumenta o tempo de contato do conteúdo luminal com o epitélio; Intestino grosso e suas funções Izabelly Justino – Medicina 1º período Estrutura do reto e dos esfíncteres anais: heróis que garantem que você tenha tempo de chegar ao banheiro! • O reto é composto somente por músculo longitudinal; • Ele tem a função de armazenar as fezes antes de serem eliminadas → existem válvulas que retardam a perda até que seja conveniente; • Esfíncter anal interno: composto por músculo circular e apresenta contração involuntária; é inervado pelo nervo pélvico; • Esfíncter anal externo: composto por três camadas de músculo estriado e apresenta contração voluntária ou reflexa (quando abaixamos e fazer um esforço); nós aprendemos a controlar esse esfíncter durante o treinamento de toalete na infância; é inervado pelo nervo pudendo; Padrões de motilidade colônica: • Contrações de curta duração: são realizadas pelos músculos circulares; • → É um mixer! Só para misturar o conteúdo, sem propulsão; • Contrações de longa duração: são realizadas pelos músculos longitudinais (tênias) → não tem um efeito propulsivo muito grande (retrógrado ou anterógrado); percorre pequenas distâncias e contribui também para a mistura; • E como temos a defecação? • Para que a defecação ocorra é necessário que tenhamos contrações propagadas de alta amplitude → reflexos gastrocólico e ortocólico; O epitélio colônico: • É formado pelos colonócitos e apresenta uma organização em criptas; • Na base da cripta tem-se as células-tronco (novinhas); • Já na superfície são encontradas as células diferenciadas (velhinhas); • Existe sempre uma reciclagem constante dessas células → alto turn-over (estão sempre se renovando – proliferando) → risco de neoplasia local → indivíduos com mais de 50 são indicados a fazerem colonoscopia (câncer de cólon); • A principal função desse epitélio colônico é secretar ou absorver eletrólitos, água e ácidos graxos (energia para os colonócitos); A absorção e secreção do epitélio colônico: • O cólon recebe 2l de fluido por dia e absorve 1,8l desse total; • E como essa absorção ocorre? • Ocorre através da absorção de Na-Cl na forma eletroneutra → a água acaba indo no embalo também; • Ademais, pode ter também a absorção de sódio puro através dos ENaC (canais epiteliais de sódio) sob o estímulo da aldosterona → o Na e a água serão jogados para a circulação na membrana basolateral pela Na-K-ATPase; • A água e o cloreto passam pelas junções intercelulares; • Também ocorrerá a absorção de ácidos graxos de cadeia curta, como o butirato → energia dos colonócitos; • Essa absorção ocorre através dos canais de Na- dependentes; • Como ocorre a secreção? Izabelly Justino – Medicina 1º período • Ocorre através de canais de cloreto → canais CFTR; As bactérias que a gente ama: • As bactérias residentes no trato colônico são importantes para várias funções no nosso organismo, dentre elas: • Absorção de sais biliares; • Recuperação das fibras da dieta; • Serão utilizadas para ativar alguns fármacos através do seu metabolismo; • Formará também o gás intestinal que será eliminado → tanto através da fermentação do nitrogênio, hidrogênio e dióxido de carbono → quanto pela produção de metano (odor intenso); • Serão importantes na limitação do crescimento de patógenos (a casa é da bactéria → mecanismo de competição com bactérias externas); • ELAS SÃO MUITO IMPORTANTES PARA A NOSSA PROTEÇÃO! • Cuidado com antibióticos de amplo espectro → diminuição da proteção do trato colônico intermediada por bactérias; • Probióticos: são bactérias ingeridas (tratamento da diarreia) → estamos querendo repor a flora intestinal → bactérias comensais ingeridas (restaurar a homeostase colônica); Defecação: precisa do CNTP para rolar; • Tem que ter as condições ideais de temperatura e pressão, assim como o corpo tem que estar preparado; • Para que a defecação ocorra, é necessário a propagação da ação coordenada de grande amplitude → reflexos longos (chefões); • O reto se enche com material fecal → posteriormente, o esfíncter anal interno relaxa → liberação do NO e do Polipeptídeo Intestinal Vasoativo (VIP); • A partir daí, tem-se o mecanismo de amostragem anal (é líquido, sólido ou gasoso?) → Hora da verdade! Dá para ser agora? • Se sim → o esfíncter anal externo relaxa e os músculos retal e que aumentam a pressão abdominal se contraem → posição sentada ou agachada alinha a via de saída; • Se não for → contração do esfíncter anal externo → o reto se acomoda com o seu novo volume → contração do esfíncter anal interno + m. puborretal + auxílio das terminações sensoriais (continência); • Caso tenhamos ocomprometimento dessas estruturas devido à um trauma, iatrogenia (cirurgia que rompeu o m.puborretal) e diabetes → incontinência fecal; Izabelly Justino – Medicina 1º período 1. Louis Pasteur – cientista francês; “Os microrganismos são essenciais para a vida humana” – A Teoria dos Germes; 2. Élie Metchnikoff – cientista russo; “O consumo de lactobacilus é capaz de promover a longevidade” – pai da microbiota; • Por que tanto tempo de negligência? • A tecnologia naquela época era escassa, sendo assim, poucas bactérias eram “cultiváveis” – cerca de 10%; tanto que as chamavam de flora intestinal; • No ano de 2000, o aprimoramento das técnicas de sequenciamento genético propiciou um conhecimento mais amplo dessa área; • Percebeu-se que existiam várias microrganismos e bactérias, então não era somente uma flora, mas sim um ecossistema → MICROBIOTA INTESTINAL; • Microbiota são todos os microrganismos que residem no corpo humano → bactérias, vírus, protistas, fungos, archeas, etc; • Microbioma é a relação entre microbiota e hospedeiro → microrganismos, genes, metabólitos; • Cerca de 100 trilhões de microrganismos residem no nosso corpo! • 10 trilhões de células → 1200 espécies de bactérias; • E esse tanto de microrganismos pesam? Sim, aproximadamente 2 kg; • 3,3 milhões de genes → o ser humano tem cerca de 20 mil → produção de 58 mil substâncias químicas (neurotransmissores, aminoácidos, enzimas); • É por isso que, hodiernamente, consideram a microbiota como um novo órgão; Formação da microbiota: • Os primeiros 1000 dias são cruciais → porque depois desse período ela se estabiliza; • Fatores que influenciam a sua formação: • Fatores maternos (a mãe com uma rotina alimentar saudável terá filhos mais saudáveis); • Via de parto (bebês nascidos através da via natural apresentam uma microbiota mais diversa e saudável quando comparada a via cesárea); • Aleitamento materno (crianças com aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade apresentam uma microbiota mais saudável e diversificada); • Existem também outros fatores: genéticos, geográficos, uso de antibióticos na infância, etc; • Composição da microbiota: Microbiota intestinal Izabelly Justino – Medicina 1º período Variação da microbiota: • Pode variar com a idade, de indivíduo para indivíduo (impressão digital) e de acordo com a região anatômica; • Irmãos gêmeos idênticos e que moram na mesma casa apresentam microbiota diferente; • A microbiota da pele é diferente da microbiota intestinal; Principais filos da microbiota: • Actinobacteria → Bifidumbacterium; • Bacteriodetes → Bacterioides; • Firmicutes → Lactobacillus; • Proteobacteria → Enterobacter; • Maior concentração no cólon; • As bactérias querem ficar mais inferiormente, mas por quê? Por conta da secreção mucosa do local, que é rica em nutrientes; • Se as bactérias não fossem benéficas para o nosso corpo, elas já teriam sido eliminadas através de ações de defesa do nosso sistema imunológico; • Portanto, a relação é simbiótica → benéfica tanto para as bactérias quanto para os seres humanos; Benefícios da microbiota: • Proteção contra patógenos entéricos → a microbiota saudável irá competir por nutrientes, inibirá a aderência de patógenos e produzirá substâncias bactericidas contra as bactérias maléficas; • Biodisponibilidade de nutrientes → metabolização das fibras (acetato, butirato e proprianato → ácidos graxos de cadeia curta) → fontes de energia dos enterócitos e colonócitos; • Síntese de vitaminas → B12 e K; • Modulação imunológica → estimulação dos linfócitos T reg. e secreção de IgA; • Integridade da mucosa → inibe a apoptose do enterócito e aumenta a produção de proteínas de junção (tight junctions – ligam um enterócito a outro); • Função neuromuscular → capaz de reduzir a hipersensibilidade visceral e regular a motilidade intestinal por meio do eixo cérebro-intestino-microbiota; O intestino é o nosso segundo cérebro! • 100 milhões de neurônios na região intestinal; • 90-95% da serotonina do corpo está no TGI; • A B. dentium é responsável pelo transporte de serotonina no nosso corpo → sendo liberada no nosso intestino; • Todos os benefícios são percebidos caso tenhamos uma microbiota saudável (eubiose); • As patobiontes, quando em grande quantidade, podem causar problema; • Para que nenhum problema venha a acontecer, é necessário que esses grupos de bactérias vivam em harmonia; Izabelly Justino – Medicina 1º período Fatores que acarretam a disbiose: • A disbiose, por sua vez, pode levar a doenças; • Se a pessoa tem suscetibilidade genética e um estado pró-inflamatório no intestino → favorece que a pessoa tenha uma doença; • Essa relação da doença com a disbiose é comprovado por meio de um Transplante de Microbiota Fecal (TMF); Doenças funcionais gastrointestinais: • Ausência de alteração orgânica → o paciente tem sintomas, mas nada é identificado em exames; • Síndrome do intestino irritável → dor abdominal associada a diarreia ou constipação; • Antigamente, eram chamadas de “doenças emocionais”; • Principais causas: estresse/psicossocial, disbiose, hipersensibilidade visceral, distúrbios da motilidade, etc; • Outras doenças intestinais: Supercrescimento bacteriano do intestino delgado (SIBO) e doença inflamatória intestinal – doença de Chron; • O diagnóstico de disbiose é feito através de testes respiratórios, os quais medem o hidrogênio expirado e analisam a fermentação de carboidratos → maior quantidade de H expirado, maior a fermentação por bactérias → indícios de disbiose; • Existe também a coprocultura → mais antigo; Tratamento para a disbiose: • Dieta: uma alimentação saudável favorecerá a formação de uma microbiota diversa; Alimentação rica em fibras – carboidratos não absorvíveis e que resistem à ação das enzimas digestivas; São fermentadas pela microbiota colônica; As principais são: inulina, Frutooligossacarídeos (FOS), Galactooligossacarídeos (GOS) – alho, cebola, aspargo; • Prebióticos: “alimentos das bactérias do bem”; Izabelly Justino – Medicina 1º período São as fibras fermentadas pelas bactérias no cólon, sendo benéfica à saúde devido à mudança na composição e/ou atividade da microbiota intestinal; Inulina, FOS e GOS; Butirato → acidifica o meio (piora a vida das b. patobiontes); Inibe a produção de citocinas inflamatórias (IFN – α, IL-2, TNF – α); Atua no metabolismo da gordura e da glicose; Pode dar certo ou não → não sei se o probiótico irá estimular a produção do butirato, por exemplo; Efeito transitório → não dura muito tempo; • Probióticos: microrganismos vivos que oferecem benefícios à saúde; São microrganismos vivos que administrados em quantidades adequadas contribuirá para o equilíbrio da microbiota; IDEAL → natureza humana (diminui a rejeição) e não-patogênico; Devem ser resistentes ao ácido e a bile para chegarem intactos ao cólon, onde aderir-se-ão ao epitélio intestinal; Ao colonizarem a mucosa, são capazes de exercer a sua atividade antimicrobiana; Só é indicado em casos de: prevenções da enterocolite necrotizante e da infecção por Clostridioides difficile, como também no tratamento da pouchite; Colonização por curtos períodos → alto custo → uso individualizado; • Simbióticos: prebiótico + probiótico; • Antibióticos: tratamento do SIBO (Supercrescimento bacteriano do intestinodelgado); O antibiótico elimina bactérias comensais; • Posbióticos: metabólitos produzidos, modulados ou excretados pela microbiota intestinal, que podem ser utilizados para promover a saúde; AGCC – Ácidos graxos de cadeia curta; Frações microbianas; Proteínas funcionais; Polissacarídeos; A indicação ainda está em estudo; • Transplante de Microbiota Fecal (TMF): infusão de fezes processadas de um doador saudável no TGI de um paciente doente → infecção por Clostridioides dificile refratária ou recorrente; Esse procedimento foi primeiramente descrito na China no século IV pelo médico Ge Hong (283-383) durante a dinastia Jin. Porém, a primeira série de casos, envolvendo pacientes com colite pseudomembranosa, só foi publicada em 1958; SII – Síndrome do intestino irritável; DII – Doença Inflamatória Intestinal; Obesidade; Parkinson; Etilismo. Izabelly Justino – Medicina 1º período • O termo “fecaloma” ou “fecalito” é utilizado para descrever uma massa de fezes endurecida e seca que está acumulada no reto ou na porção final do intestino; • Geralmente acomete idosos, pessoas acamadas ou com paraplegia; • A principal causa está relacionada com a prisão de ventre crônica ou com a diminuição dos movimentos intestinais → inchaço abdominal, dor e obstrução crônica do intestino; • Casos de Doença de Chagas também podem levar a formação de fecalomas; • O tratamento consiste no uso de laxantes ou na remoção manual das fezes acumuladas por um especialista; • Apendicite é a inflamação do apêndice ocasionada devido ao acúmulo de fezes e bactérias no seu interior e, por isso, pode surgir em qualquer momento da vida; • Ademais, outras causas também se destacam, como uma pancada forte no local ou tumores intestinais, por exemplo; • Em casos de apendicite, é necessário tratá-la com intervenção cirúrgica (apendicectomia); Fecaloma Apendicite Izabelly Justino – Medicina 1º período • O sistema imune da mucosa constitui uma barreira imunológica intestinal que é formada pelas imunoglobulinas e pelo GALT; • O GALT é composto por: • Tecido linfoide difuso: apêndice cecal e folículos linfoides solitários; • Tecido linfoide organizado: placas de Peyer e células M; Classificação do sistema imune intestinal: • Exerce um papel importante para o equilíbrio entre a microbiota intestinal e o hospedeiro; • É responsável pela defesa contra os microrganismos patogênicos → reação inicial (imunidade inata) e reação tardia (imunidade adaptativa); Imunidade inata: • É constituída por barreiras químicas e físicas, tais como: • Epitélio, acidez gástrica, camada de muco, microbiota intestinal; • Células fagocitárias: granulócitos, macrófagos, células NK; • Sistema complemento e citocinas; Epitélio intestinal: este tipo de imunidade representa a interface entre o hospedeiro e a microbiota comensal, atua como barreira física, separando agentes altamente imunogênicos do lúmen intestinal de outros imunorreativos da submucosa; Expressa múltiplos receptores para detectar a presença de bactérias patogênicas e comensais. Além disso, produz moléculas antimicrobianas como alfa e beta defensinas, lecitinas, dentre outras. Microfotografia em microscopia óptica comum em aumento médio da unidade morfológica da mucosa do intestino delgado vilosidade/cripta. As vilosidades são digitiformes e as criptas estão abaixo das vilosidades, e a relação vilosidade/cripta normal deve ser 4/1. Fatores que contribuem para manter baixa a carga de bactérias: • Peristaltismo: previne a estase de nutrientes e bactérias • Muco: mecanismo de barreira; • Secreção de substâncias antibacterianas pelo epitélio; O epitélio intestinal é composto por 4 linhagens de células (Figuras 1-2-3 e 4): • Enterócitos: responsáveis pela absorção; • Células caliciformes: regulam a produção de muco; • Células enteroendócrinas; GALT (tecido linfoide associado ao intestino) https://www.igastroped.com.br/wp-content/uploads/2018/07/word-image-11.jpeg Izabelly Justino – Medicina 1º período • Células de Paneth: produção de peptídeos antimicrobianos; Microfotografia em microscopia óptica comum em grande aumento de uma vilosidade. As células epiteliais (enterócitos) são cilíndricas com núcleo em posição basal interpostas lado a lado. Ultramicrofotografia em grande aumento da região das microvilosidades do enterócito, destacando os tufos que emergem dos mesmos que servem de apoio para a camada de muco que irá conferir proteção ao enterócito contra as agressões do meio ambiente. Ultramicrofotografia em grande aumento de um enterócito e a região das microvilosidades, a porção mais externa do enterócito em direto contato com o lúmen intestinal. Enterócitos: • Os enterócitos desempenham importante papel no processamento final dos nutrientes e na sua absorção; • Eles possuem junções celulares especializadas (complexo juncional), que influenciam na permeabilidade da barreira intestinal; • Além disso, os enterócitos tem participação nos mecanismos imunológicos, posto que sintetizam citocinas e quimiocinas, as quais atuam na transdução de sinais inflamatórios e, também, podem agir como células apresentadores de antígenos; Ultramicrofotografia em grande aumento de 2 enterócitos adjacentes evidenciando a junção firme (seta) poro extremamente seletivo dando passagem apenas a água e eletrólitos. https://www.igastroped.com.br/wp-content/uploads/2018/07/word-image-12.jpeg https://www.igastroped.com.br/wp-content/uploads/2018/07/word-image-13.jpeg https://www.igastroped.com.br/wp-content/uploads/2018/07/word-image-15.jpeg https://www.igastroped.com.br/wp-content/uploads/2018/07/word-image-14.jpeg Izabelly Justino – Medicina 1º período Ultramicrofotografia em grande aumento evidenciando 2 enterócitos adjacentes submetidos a diferentes situações experimentais: 1a- mostra a ruptura da barreira de permeabilidade caracterizada pela mancha enegrecida ao longo de todo o espaço intercelular; 1b- evidencia a preservação da junção firme em situação experimental fisiológica. Células M: Estas são células epiteliais membranosas, especializadas na captura de antígenos para serem oferecidas aos tecidos linfoides da mucosa intestinal. Células caliciformes: Estas células são especializadas na secreção do muco que recobre a superfície das vilosidades, e tem por função dificultar a penetração de agentes patogênicos. Além disso, protegem as células epiteliais das enzimas digestivas e lubrificam sua superfície. Ultramicrofotografia em grande aumento mostrando uma célula caliciforme repleta de muco em seu interior. Células de Paneth: Estas células estão presentes na base das criptas do intestino delgado, e, em maior concentração no íleo terminal. Elas são responsáveis pela maior produção de proteínas antimicrobianas do intestino delgado, tais como, as lisozimas, a-defensinas, fosfolipase A2 e lecitina. Tem sido demonstrado que estas células tem um mecanismo autônomo para detecção de bactérias com potencial invasivo, além de fungos, protozoários e vírus. Macrófagos: Eles são responsáveis pela rápida eliminação de microrganismos que penetram na barreira mucosa, posto que atuam na fagocitose e destruição destes patógenos que penetram na lâmina própria. Enzimas digestivas: Incluem enzimas gástricas, pancreáticas e da borda em escova. Estas enzimas apresentam papel de destaque na proteólise, que é um mecanismo eficaz para diminuir a possibilidade de absorção de proteínas capazes de desencadear reações alérgicas. Imunidadeadaptativa: Este sistema envolve os linfócitos, os quais proporcionam proteção duradoura após exposição ao antígeno, e, se dividem 2 grupos, a saber: • Humoral: mediada por linfócitos B e anticorpos produzidos por eles; • Celular: mediada por linfócitos T e citocinas. Imunidade humoral: A resposta humoral do intestino é caracterizada pela produção de IgA no epitélio e sua secreção no lúmen intestinal. Trata-se da imunoglobulina mais abundante da mucosa (80-90%), ela é sintetizada na lâmina própria em resposta à ativação dos linfócitos T das placas de Peyer; Estruturalmente, existem 2 isoformas de IgA, a monomérica e a polimérica. A IgA polimérica secretada é resistente à proteólise intraluminal e tem importante papel no desenvolvimento da tolerância, no lúmen intestinal. A IgA pode formar imunocomplexos com os antígenos alimentares ou com patógenos, neutralizando-os e evitando sua penetração. Além disso, inibe a proliferação viral dentro do enterócito e neutraliza as enterotoxinas; https://www.igastroped.com.br/wp-content/uploads/2018/07/word-image-16.jpeg https://www.igastroped.com.br/wp-content/uploads/2018/07/word-image-17.jpeg Izabelly Justino – Medicina 1º período A IgA pode também atuar a nível intraepitelial e subepitelial, captando os antígenos que atravessam a barreira intestinal. A criança apresentará o mesmo número de células produtoras de IgA do adulto quando atingir 1-2 anos, período que a microbiota se torna semelhante à do adulto. Imunidade celular: A imunidade celular é mediada pelos linfócitos T e seus subprodutos. Os linfócitos T CD4+ são classificados em 2 subtipos, e são relacionados da seguinte forma com a inflamação da mucosa intestinal, a saber: • Tipo Th1, caracteriza-se por inflamação transmural e granulomatosa, como no caso da Doença de Crohn; • Tipo Th2 é caracterizada por inflamações superficiais com exsudato celular inflamatório agudo e edema da mucosa, como ocorre na colite ulcerativa; Para evitar responder aos antígenos da dieta e à microbiota, o sistema imune do intestino exerce uma ação de supressão, que envolve tanto a tolerância oral, quanto o equilíbrio entre a resposta Th1/Th2, que são importantes fatores para evitar uma resposta imune inapropriada. Um dos mecanismos existentes para promover o equilíbrio entre tolerância e imunidade envolve a presença das células T reguladoras (Treg), que podem suprimir ativamente respostas antígeno- específicas. As células Treg são importantes no controle da resposta imune a antígenos do próprio indivíduo, evitando a autoimunidade e para manter a tolerância. Linfócitos intraepiteliais: A resposta celular envolve os linfócitos intraepiteliais (LIE) que atuam na manutenção da integridade do epitélio intestinal. Estes localizam- se nos espaços intraepiteliais do intestino, onde são expostos a uma variedade de antígenos microbianos e alimentares. Um subtipo dos LIE, os linfócitos gama-delta, parecem desempenhar importante papel na tolerância oral. Os LIE gama- delta também contribuem com a imunidade adaptativa, restaurando a homeostase da mucosa após um dano ao epitélio, pois promovem o reparo do epitélio através da secreção de fatores de crescimento epitelial. Expressam fatores pró- inflamatórios e antimicrobianos em resposta a sinais da microbiota, e, consequentemente, atuam na limitação da penetração bacteriana na mucosa lesionada; Esquema representativo do sistema imune intestinal. Barreira de Permeabilidade Intestinal e suas possíveis alterações: O intestino constitui a maior interface entre o ser humano e o meio ambiente, e a existência de uma barreira intestinal intacta é, portanto, essencial na manutenção da saúde e na prevenção de doenças. A barreira intestinal possui vários componentes imunológicos e não imunológicos, sendo que a barreira epitelial é um dos componentes não- imunológicas mais importantes. A hiper permeabilidade desta barreira pode contribuir para a patogênese de várias doenças gastrointestinais incluindo a alergia alimentar, doença inflamatória intestinal e doença celíaca. https://www.igastroped.com.br/wp-content/uploads/2018/07/figura08.jpg