Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

1 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-22, 2024 
 
 jan. 2021 
“De portas fechadas e uma infância fragmentada”: a importância da creche 
e pré-escola para abrir caminhos e garantir uma primeira infância plena no 
Brasil 
 
“Behind closed doors and a fragmented childhood”: the importance of 
daycare and preschool in opening paths and ensuring a full early childhood 
in Brazil 
 
“Con puertas cerradas y una infancia fragmentada”: la importancia de la 
guardería y el preescolar para abrir caminos y garantizar una primera 
infancia plena en Brasil 
 
DOI: 10.55905/revconv.17n.6-335 
 
Originals received: 05/24/2024 
Acceptance for publication: 06/14/2024 
 
Antonio Nacílio Sousa dos Santos 
Mestre em Avaliações de Políticas Públicas 
Instituição: Universidade Federal do Ceará (UFC) 
Endereço: Horizonte – Ceará 
E-mail: naciliosantos1@hotmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0000-0001-6792-1806 
 
Mariluza Sott Bender 
Mestre em Psicologia 
Instituição: Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) 
Endereço: Santa Cruz do Sul – Rio Grande do Sul, Brasil 
E-mail: mariluzabender@unisc.br 
Orcid: https://orcid.org/0000-0001-7086-6860 
 
Gutemberg Gomes Silva 
Mestrando em Educação 
Instituição: Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFMT) 
Endereço: Uberaba – Minas Gerais, Brasil 
E-mail: gutemberggomes2012@gmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-7592-0691 
 
Ursula Boreal Lopes Brevilheri 
Mestre em Sociologia 
Instituição: Universidade Estadual de Londrina (UEL) 
Endereço: Londrina – Paraná, Brasil 
E-mail: urse.brevilheri@gmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0000-0001-5867-7901 
 
mailto:naciliosantos1@hotmail.com
https://orcid.org/0000-0001-6792-1806
mailto:mariluzabender@unisc.br
https://orcid.org/0000-0001-7086-6860
mailto:gutemberggomes2012@gmail.com
https://orcid.org/0000-0002-7592-0691
mailto:urse.brevilheri@gmail.com
https://orcid.org/0000-0001-5867-7901
 
2 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-22, 2024 
 
 jan. 2021 
Ana Claudia do Prado Lima 
Doutoranda em Educação 
Instituição: Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE) 
Endereço: Joinville – Santa Catarina, Brasil 
E-mail: anaclaudiapradolima@hotmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-7128-5379 
 
João Paulo Guerreiro de Almeida 
Doutor em Educação 
Instituição: Universidade Federal da Paraíba (UFPB) 
Endereço: Limoeiro do Norte – Ceará, Brasil 
E-mail: joaopaulo.guerreiro@ifce.edu.br 
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-3055-8182 
 
Aurelice Maria de Oliveira Paula 
Mestre em Educação 
Instituição: Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) 
Endereço: Caxias – Maranhão, Brasil 
E-mail: aurelicepaula@gmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0009-0007-7962-114X 
 
José Ronaldo da Silva Bezerra 
Doutor em Educação 
Instituição: Universidade Federal de Alagoas (UFAL) 
Endereço: Junco do Seridó – Paraíba, Brasil 
E-mail: professor12.jose@gmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0009-0009-6929-053X 
 
Beatriz Castelo Branco da Silva 
Mestranda em Avaliação de Políticas Públicas 
Instituição: Universidade Federal do Ceará (UFC) 
Endereço: Fortaleza – Ceará, Brasil 
E-mail: beatrizcastelo.92@hotmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-1593-8937 
 
Letícia Cilene Ribeiro 
Mestre em Educação e Docência 
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) 
Endereço: Francisco Sá – Minas Gerais, Brasil 
E-mail: leticia.ribeiro@ufop.edu.br 
 
Ana Paula Lenz e Silva 
Mestre em Educação 
Instituição: Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) 
Endereço: Juiz de Fora – Minas Gerais, Brasil 
E-mail: anapaulalenzesilva2@gmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0009-0007-1562-2661 
mailto:anaclaudiapradolima@hotmail.com
https://orcid.org/0000-0002-7128-5379
mailto:joaopaulo.guerreiro@ifce.edu.br
https://orcid.org/0000-0002-3055-8182
mailto:aurelicepaula@gmail.com
mailto:professor12.jose@gmail.com
https://orcid.org/0009-0009-6929-053X
mailto:beatrizcastelo.92@hotmail.com
https://orcid.org/0000-0002-1593-8937
mailto:leticia.ribeiro@ufop.edu.br
mailto:anapaulalenzesilva2@gmail.com
https://orcid.org/0009-0007-1562-2661
 
3 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-22, 2024 
 
 jan. 2021 
Maria Martins Formiga 
Mestre em Educação Profissional e Tecnológica 
Instituição: Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) 
Endereço: Monteiro – Paraíba, Brasil 
E-mail: mmartinsformiga@gmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0009-0009-3327-5653 
 
Igor dos Santos Calixto 
Graduando em Letras, Português e Literaturas de Língua Portuguesa 
Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 
Endereço: Rio de Janeiro – Rio de Janeiro, Brasil 
E-mail: igorsantoscalixto@gmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0009-0002-5394-8586 
 
Isabelle Sena Gomes 
Doutora em Ciências Sociais 
Instituição: Universidade Federal da Paraíba (UFPB) 
Endereço: João Pessoa – Paraíba, Brasil 
E-mail: euisabelle@hotmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0000-0001-8457-9993 
 
Ana Cláudia de Araújo Xavier 
Mestra em Educação 
Instituição: Universidade Federal do Ceará (UFC) 
Endereço: Itapiúna – Ceará, Brasil 
E-mail: claudiaxavieraana@gmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0009-0008-5611-3510 
 
RESUMO 
Os dados divulgados em 2023 pela Organização Não Governamental (ONG) “Todos Pela 
Educação” revelam informações que impactam diretamente o desenvolvimento integral das 
crianças no Brasil. De acordo com o relatório, estima-se que cerca de 2,3 milhões de crianças de 
0 a 3 anos não possuem acesso a creches ou pré-escolas. Um dos motivos apontados pela ONG 
é a falta de acessibilidade a esses estabelecimentos educacionais, evidenciando a ausência de 
políticas públicas adequadas por parte do Estado, necessárias para a efetivação dos direitos da 
“primeira infância” e, consequentemente, a proteção integral dessas crianças. Diante dessa 
situação, indagamos: como efetivar a política pública da primeira infância se o Estado não 
possibilita acesso adequado e universal às creches e pré-escolas, comprometendo assim o 
desenvolvimento integral de milhões de crianças no Brasil? Quais seriam as estratégias mais 
eficazes para superar as barreiras de acessibilidade e garantir que todas as crianças de 0 a 3 anos 
possam usufruir dos benefícios educacionais e sociais que esses estabelecimentos proporcionam? 
Dessa forma, a pesquisa se deu de modo qualitativa (Minayo, 2016), descritiva (Demo, 1991) a 
partir de uma perspectiva compreensiva (Weber, 2004). Fizemos uso dos dados obtidos pela 
ONG “Todos Pela Educação” para a compreensão das políticas públicas destinadas à primeira 
infância no que tange ao objeto dessa pesquisa, assim como identificamos os principais desafios 
e barreiras enfrentados na oferta de acessibilidade e qualidade às creches e pré-escolas no Brasil. 
O principal achado da pesquisa evidencia a falha do Estado em garantir a provisão adequada de 
mailto:mmartinsformiga@gmail.com
https://orcid.org/0009-0009-3327-5653
mailto:igorsantoscalixto@gmail.com
https://orcid.org/0009-0002-5394-8586
mailto:euisabelle@hotmail.com
https://orcid.org/0000-0001-8457-9993
mailto:claudiaxavieraana@gmail.com
https://orcid.org/0009-0008-5611-3510
 
4 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-22, 2024 
 
 jan. 2021 
serviços públicos essenciais, refletindo uma negligência significativa na promoção dos direitos 
fundamentais das crianças, fragmentando o desenvolvimento infantil. 
 
Palavras-chave: desenvolvimento infantil, primeira infância, acessibilidade educacional, 
políticas públicas, negligência estatal. 
 
ABSTRACT 
The data released in 2023 by the Non-Governmental Organization (NGO) “Todos Pela 
Educação” reveal information that directly impacts the holistic development of children in Brazil. 
According to the report, it is estimated that approximately 2.3 million children aged 0 to 3 do nothave access to daycare centers or preschools. One of the reasons pointed out by the NGO is the 
lack of accessibility to these educational establishments, highlighting the absence of adequate 
public policies by the State, necessary for the realization of the rights of “early childhood” and, 
consequently, the full protection of these children. Given this situation, we ask: how can the 
public policy of early childhood be implemented if the State does not provide adequate and 
universal access to daycare centers and preschools, thus compromising the holistic development 
of millions of children in Brazil? What would be the most effective strategies to overcome 
accessibility barriers and ensure that all children aged 0 to 3 can enjoy the educational and social 
benefits that these establishments provide? Therefore, the research was conducted qualitatively 
(Minayo, 2016), descriptively (Demo, 1991) from a comprehensive perspective (Weber, 2004). 
We used data obtained by the NGO “Todos Pela Educação” to understand public policies aimed 
at early childhood concerning the object of this research, as well as to identify the main 
challenges and barriers faced in providing accessibility and quality to daycare centers and 
preschools in Brazil. The main finding of the research highlights the State’s failure to ensure the 
adequate provision of essential public services, reflecting significant neglect in promoting the 
fundamental rights of children, thereby fragmenting their development. 
 
Keywords: child development, early childhood, educational accessibility, public policies, state 
neglect. 
 
RESUMEN 
Los datos divulgados en 2023 por la Organización No Gubernamental (ONG) “Todos Pela 
Educação” revelan información que impacta directamente el desarrollo integral de los niños en 
Brasil. Según el informe, se estima que aproximadamente 2,3 millones de niños de 0 a 3 años no 
tienen acceso a guarderías o preescolares. Una de las razones señaladas por la ONG es la falta de 
accesibilidad a estos establecimientos educativos, evidenciando la ausencia de políticas públicas 
adecuadas por parte del Estado, necesarias para la realización de los derechos de la “primera 
infancia” y, consecuentemente, la protección integral de estos niños. Ante esta situación, nos 
preguntamos: ¿cómo implementar la política pública de la primera infancia si el Estado no 
proporciona acceso adecuado y universal a las guarderías y preescolares, comprometiendo así el 
desarrollo integral de millones de niños en Brasil? ¿Cuáles serían las estrategias más efectivas 
para superar las barreras de accesibilidad y garantizar que todos los niños de 0 a 3 años puedan 
disfrutar de los beneficios educativos y sociales que estos establecimientos proporcionan? De 
esta manera, la investigación se llevó a cabo de manera cualitativa (Minayo, 2016), descriptiva 
(Demo, 1991) desde una perspectiva comprensiva (Weber, 2004). Utilizamos los datos obtenidos 
por la ONG “Todos Pela Educação” para comprender las políticas públicas dirigidas a la primera 
infancia en relación con el objeto de esta investigación, así como para identificar los principales 
 
5 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-22, 2024 
 
 jan. 2021 
desafíos y barreras enfrentados en la oferta de accesibilidad y calidad a las guarderías y 
preescolares en Brasil. El principal hallazgo de la investigación destaca la falla del Estado en 
garantizar la provisión adecuada de servicios públicos esenciales, reflejando una negligencia 
significativa en la promoción de los derechos fundamentales de los niños, fragmentando su 
desarrollo. 
 
Palabras clave: desarrollo infantil, primera infancia, accesibilidad educativa, políticas públicas, 
negligencia estatal. 
 
 
1 “PORTAS FECHADAS”: INTRODUZINDO 
 
A primeira infância1, compreendida como o período que abrange os primeiros anos de 
vida de uma criança, é fundamental para o desenvolvimento integral do ser humano. Este período, 
que vai do nascimento aos seis anos de idade, é caracterizado por um rápido desenvolvimento 
físico, cognitivo, emocional e social. De acordo com a literatura especializada, garantir um 
ambiente estimulante e seguro durante a primeira infância é crucial para promover a saúde, a 
educação e o bem-estar das crianças (Brazelton & Greenspan, 2000). 
 
A primeira infância é a fase que corresponde aos primeiros seis anos de vida. Essa fase 
é considerada como uma “janela de oportunidade”, pois é quando diversas estruturas do 
cérebro estão em formação e há a aquisição de capacidades fundamentais para o 
desenvolvimento e aprimoramento de habilidades futuras mais complexas (NCPI, 
2014). Por isso mesmo, as experiências vivenciadas na primeira infância impactam ao 
longo de toda a vida. Esse período estabelece as bases para a saúde, o bem-estar, os 
processos de aprendizagem e as capacidades de criação e produção de uma pessoa, 
impactando, inclusive, na saúde e no bem-estar da próxima geração (Unicef, 2006). 
 
Os objetivos da política pública voltada para a primeira infância incluem assegurar que 
todas as crianças tenham acesso a serviços de saúde, educação, nutrição e proteção social de 
qualidade. Esses objetivos visam à criação de um alicerce sólido para o desenvolvimento futuro 
das crianças, permitindo-lhes alcançar seu pleno potencial2. A promoção desses direitos está 
 
1 Sobre o documento oficial que fala sobre a primeira infância, ver o link: https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-
por-temas/crianca-e-adolescente/acoes-e-programas-de-gestoes-anteriores/primeira-infancia 
2 O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), de 1990, e a Constituição Federal de 1988 estabelecem direitos 
fundamentais para as crianças, incluindo acesso universal e integral a serviços essenciais como saúde, educação, 
nutrição e proteção social (Brasil, 1990; Brasil, 1988). Esses documentos legais garantem que políticas públicas 
sejam implementadas visando ao desenvolvimento integral na primeira infância, assegurando condições equitativas 
para todas as crianças brasileiras (Brasil, 1990; Brasil, 1988). O ECA, em particular, reforça a proteção integral e 
prioritária das crianças, enquanto a Constituição Federal consagra princípios como a dignidade humana e a igualdade 
https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/crianca-e-adolescente/acoes-e-programas-de-gestoes-anteriores/primeira-infancia
https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/crianca-e-adolescente/acoes-e-programas-de-gestoes-anteriores/primeira-infancia
 
6 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-22, 2024 
 
 jan. 2021 
intrinsecamente ligada à capacidade do Estado de implementar e manter serviços públicos 
essenciais que atendam às necessidades específicas dessa faixa etária (Mustard, 2006). 
Os dados divulgados em 2023 pela Organização Não Governamental (ONG)3 “Todos 
Pela Educação” destacam uma realidade alarmante no Brasil. Segundo o relatório, estima-se que 
cerca de 2,3 milhões de crianças de 0 a 3 anos não possuem acesso a creches ou pré-escolas. Esta 
situação não só compromete o desenvolvimento dessas crianças, mas também evidencia a 
ineficácia das políticas públicas atuais em assegurar a cobertura universal dos serviços 
educacionais básicos para a primeira infância. 
Um dos principais motivos apontados pela ONG para essa carência é a falta de 
acessibilidade a estabelecimentos educacionais. A ausência de creches e pré-escolas acessíveis 
indica uma falha significativa do Estado em prover as políticas públicas necessárias para a 
efetivação dos direitos da primeira infância. A inação estatal, portanto, coloca em risco a proteção 
integral dessas crianças, que é um princípio fundamental estabelecido pelo Estatuto da Criança e 
do Adolescente (ECA/90)4. Conforme o ECA/90, no artigo 3º, 
 
A criança e o adolescente gozamde todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa 
humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, 
por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar 
o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade 
e de dignidade. 
 
O conceito de proteção integral, conforme definido pelo ECA/90 acima, refere-se à 
garantia de todos os direitos fundamentais às crianças e adolescentes, assegurando-lhes 
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. 
Esta proteção deve ser proporcionada de forma prioritária e ininterrupta, considerando as 
especificidades e vulnerabilidades próprias de cada fase do desenvolvimento (Brasil, 1990). 
O artigo 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ressalta a importância da 
proteção integral para garantir o desenvolvimento pleno das crianças desde a primeira infância. 
No contexto em que milhões de crianças estão fora de creches e pré-escolas no Brasil, essa 
proteção integral torna-se ainda mais crucial. A falta de acesso a esses estabelecimentos 
 
de direitos, orientando o Estado a promover políticas que proporcionem um ambiente propício ao desenvolvimento 
pleno das capacidades infantis desde os primeiros anos de vida (Brasil, 1990; Brasil, 1988). 
3 Ao longo do texto usaremos a sigla ONG para descrever “Organização Não Governamental”. 
4 Usaremos a sigla ECA/90 para se referir ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) instituído em 1990. 
 
7 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-22, 2024 
 
 jan. 2021 
educacionais não apenas priva as crianças de oportunidades de aprendizado e socialização, mas 
também representa uma violação de seus direitos fundamentais, conforme estabelecido pelo 
ECA/90. A ausência de creches e pré-escolas adequadas compromete o desenvolvimento físico, 
mental, moral, espiritual e social das crianças, indo de encontro ao princípio da proteção integral 
preconizado pelo Estatuto. 
Quando crianças não frequentam os ambientes considerados apropriados para sua faixa 
etária, como creches e pré-escolas, isso pode acarretar em consequências significativas para seu 
desenvolvimento psicológico e socioemocional. A falta de acesso a esses espaços adequados 
compromete não apenas a sua interação social e cognitiva, mas também impacta diretamente na 
formação de sua identidade e personalidade ao longo do tempo. Esses ambientes desempenham 
um papel crucial no fornecimento de estímulos e interações necessárias para o desenvolvimento 
saudável das crianças, influenciando diretamente na configuração de sua psique e nas 
competências socioemocionais que desenvolvem. 
Em um contexto em que crianças são privadas dessas oportunidades de socialização e 
aprendizado, sua infância torna-se fragmentada, limitando suas perspectivas de crescimento 
integral. A ausência de interações significativas em ambientes educacionais apropriados pode 
resultar em dificuldades de adaptação social, falta de habilidades de comunicação e dificuldades 
emocionais, impactando não apenas sua infância, mas também seu futuro desenvolvimento. 
Portanto, é fundamental reconhecer a importância desses espaços na formação e no bem-estar 
das crianças, buscando garantir acesso universal e qualidade em programas educacionais 
voltados para a primeira infância. 
 
Os diversos contextos em que uma criança está inserida influenciam sobremaneira em 
seu desenvolvimento. O cenário em que vive e com o qual interage, considerando seus 
relacionamentos afetivos e sociais, impacta em todos os aspectos do desenvolvimento - 
físico, cognitivo e socioemocional (NCPI, 2014). Por isso, a literatura nacional e 
internacional mostra a importância de políticas públicas de atenção integral nessa fase 
crucial para o desenvolvimento, com ações voltadas à nutrição, saúde, parentalidade, 
segurança e proteção, além da Educação Infantil (Primeira infância apud FMCSV, 
2018). 
 
Diante dessa situação, este estudo busca responder à seguinte pergunta norteadora: como 
efetivar a política pública da primeira infância se o Estado não possibilita acesso adequado e 
universal às creches e pré-escolas? A ausência de tais serviços compromete o desenvolvimento 
 
8 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-22, 2024 
 
 jan. 2021 
integral de milhões de crianças no Brasil, fragmentando seu desenvolvimento e perpetuando 
ciclos de desigualdade. 
A pesquisa se desenvolve a partir de uma abordagem qualitativa, descritiva e 
compreensiva, fundamentada nas obras de Minayo (2016), Demo (1991) e Weber (2004), 
respectivamente. A utilização dos dados fornecidos pela ONG “Todos Pela Educação” permite 
uma análise detalhada das políticas públicas destinadas à primeira infância e dos obstáculos 
enfrentados na oferta de serviços educacionais de qualidade. 
Dito isso, o artigo está disposto da seguinte maneira: a) a introdução onde explanamos o 
contexto do objeto e dos objetivos da pesquisa; prosseguindo, b) expomos o delineamento dos 
passos que foram dados para a obtenção do material empírico e da análise empreendida nesta 
pesquisa, ou seja, a metodologia; depois, c) expomos os dados obtidos pela ONG “Todos Pela 
Educação” realizando uma análise compreensiva da situação de 2,5 milhões de crianças que não 
possuem acesso a este espaço educativo institucional no país e, d) as considerações finais 
apontando políticas públicas para reconfigurar a vida desses sujeitos que estão experienciando 
uma infância fragmentada. 
 
2 “ABRINDO PORTAS”: A METODOLOGIA 
 
A metodologia adotada neste estudo busca compreender e analisar as políticas públicas 
voltadas para a primeira infância no Brasil, especialmente no que se refere ao acesso às creches 
e pré-escolas, utilizamos a abordagem qualitativa e descritiva. Para Minayo (2016), 
 
A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se ocupa, dentro das 
Ciências Sociais, com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das 
crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendido 
aqui como parte da realidade social, pois o ser humano se distingue não só por agir, mas 
também por pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da 
realidade vivida e compartilhada com seus semelhantes. O universo da produção 
humana que pode ser resumido no mundo das relações, das representações e da 
intencionalidade e é objeto da pesquisa qualitativa dificilmente pode ser traduzido em 
números e indicadores quantitativos (p. 20-21). 
 
Segundo Martinelli (1999), na pesquisa qualitativa: 
 
A realidade é uma construção social da qual o investigador participa. Os fenômenos são 
compreendidos dentro de uma perspectiva histórica holística – componentes de uma 
 
9 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-22, 2024 
 
 jan. 2021 
dada situação estão inter-relacionados e influenciados reciprocamente, e se procura 
compreender essas inter-relações em um determinado contexto (p. 35). 
 
Inicialmente, realizamos uma revisão da literatura sobre o tema, buscando compreender 
as principais questões relacionadas à falta de acessibilidade e qualidade desses estabelecimentos 
educacionais, bem como as estratégias propostas para superar tais desafios. No contexto da 
infância fragmentada de crianças sem acesso a creches e pré-escolas, a revisão de literatura ou 
bibliográfica foi especialmente importante para entender os impactos dessa privação no 
desenvolvimento infantil. Estudos anteriores forneceram insights sobre os efeitos negativos dessa 
falta de acesso, tanto no curto prazo, como no desenvolvimento cognitivo, socioemocional e 
físico das crianças, quanto no longo prazo, com repercussõesna educação, na saúde e no bem-
estar ao longo da vida. 
 
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído 
principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja 
exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas 
exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Boa parte dos estudos exploratórios 
pode ser definida como pesquisas bibliográficas, assim como certo número de pesquisas 
desenvolvidas a partir da técnica de análise de conteúdo (Gil, 2011, p. 44) 
 
Dito isso, para embasar nossa pesquisa, utilizamos dados divulgados em 2023 pela 
Organização Não Governamental (ONG) “Todos Pela Educação”, os quais forneceram 
informações cruciais sobre o cenário atual do acesso às creches e pré-escolas no país. A partir 
desses dados, pudemos identificar a magnitude do problema, estimando que cerca de 2,3 milhões 
de crianças de 0 a 3 anos estão sem acesso a esses serviços essenciais. 
Utilizando uma perspectiva compreensiva, inspirada nas teorias de Weber (2004), 
buscamos compreender não apenas os aspectos quantitativos, mas também as dimensões 
qualitativas e contextuais que influenciam a efetivação das políticas públicas da primeira 
infância. Nesse sentido, a análise descritiva, baseada nas contribuições teóricas de Demo (1991), 
permitiu-nos examinar em detalhes as características e os obstáculos enfrentados na oferta de 
acessibilidade e qualidade das creches e pré-escolas no Brasil. 
 
Os autores compreensivistas não se preocupam em quantificar e em explicar, e sim em 
compreender: este é o verbo da pesquisa qualitativa. Compreender relações, valores, 
atitudes, crenças, hábitos e representações e, a partir desse conjunto de fenômenos 
humanos gerados socialmente, interpretar a realidade (Minayo, 2012). O pesquisador 
que trabalha com estratégias qualitativas atua coma matéria-prima das vivências, das 
 
10 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-22, 2024 
 
 jan. 2021 
experiências, da cotidianidade e também analisa as estruturas e as instituições, mas 
entendem-nas como ação humana objetivada. Para esses pensadores e pesquisadores, a 
linguagem, os símbolos, as práticas, as relações e as coisas são inseparáveis. Se 
partirmos de um desses elementos, temos que chegar aos outros, mas todos passam pela 
subjetividade humana (Minayo, 2016, p.23). 
 
As crianças que não possuem acesso a creches e pré-escolas experimentam, como 
veremos mais a frente, uma infância fragmentada, marcada por lacunas no desenvolvimento 
social, cognitivo e emocional. Compreender essa realidade a partir de uma abordagem 
qualitativa, conforme destacado pelos autores compreensivistas, exige um olhar atento às 
experiências vividas por elas, às suas relações e às práticas sociais que emergem em contextos 
onde a educação infantil formal é inacessível. 
Os autores compreensivistas, como Minayo (2016), enfatizam que a pesquisa qualitativa 
não se preocupa em quantificar dados, mas em compreender profundamente as relações, valores, 
atitudes e crenças que moldam a realidade social. Nesse sentido, investigar a infância 
fragmentada dessas crianças necessitou de uma abordagem que valorizou suas vivências 
cotidianas, suas interações familiares e comunitárias, bem como os símbolos e práticas que 
permeiam suas vidas. A falta de acesso a creches e pré-escolas não é apenas uma questão 
numérica; é uma experiência humana rica em significados que deve ser interpretada a partir da 
subjetividade e da objetividade das ações humanas. 
Na pesquisa qualitativa, a realidade dessas crianças é vista como uma intersecção entre a 
linguagem, os símbolos, as práticas sociais e as estruturas institucionais. Ao estudar as crianças 
sem acesso a esses espaços educativos, consideramos como essa privação influencia suas 
relações interpessoais, suas expectativas de futuro e suas percepções de si mesmas e do mundo 
ao seu redor. A ausência de creches e pré-escolas fragmenta a infância ao impedir que essas 
crianças participem de ambientes que promovem o desenvolvimento integral, resultando em um 
impacto profundo em suas trajetórias de vida. 
A abordagem compreensiva permitiu a identificação não apenas dos efeitos imediatos da 
falta de acesso a creches e pré-escolas, mas também as consequências a longo prazo no 
desenvolvimento dessas crianças. Por meio da análise das experiências e das práticas cotidianas, 
é possível entender como a ausência de políticas públicas adequadas molda a subjetividade dessas 
crianças e suas oportunidades de desenvolvimento integral. Portanto, a pesquisa qualitativa 
ofereceu uma perspectiva rica e detalhada, que vai além da quantificação, interpretando a 
 
11 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-22, 2024 
 
 jan. 2021 
complexidade das vidas desses sujeitos que veem seus direitos sociais sendo violados (Santos, 
2019) a partir de uma visão holística e integrada. 
A compreensão das relações sociais e das estruturas que influenciam a vida das crianças 
sem acesso a creches e pré-escolas foi crucial para pontuarmos intervenções. Ao interpretar a 
realidade a partir das experiências humanas, podemos identificar as necessidades específicas e 
propor soluções que considerem suas vivências e contextos sociais. Dessa forma, a pesquisa 
qualitativa não apenas descreve a realidade, mas também contribui para a transformação social 
ao fornecer insights valiosos para a formulação de políticas públicas inclusivas e equitativas. 
 
3 “DESTRANCANDO FUTURO”: A CRECHE E A PRÉ-ESCOLA COMO CHAVES 
PARA UMA INFÂNCIA PLENA NO BRASIL 
 
A creche e a pré-escola desempenham um papel fundamental no desenvolvimento 
cognitivo das crianças nos primeiros anos de vida. Estes ambientes educativos não apenas 
oferecem um espaço seguro e estruturado para o cuidado das crianças, mas também são essenciais 
para estimular habilidades cognitivas5, emocionais e sociais desde a primeira infância (Santos, et 
al., 2024). Este período é crítico para o desenvolvimento do cérebro, e as interações e 
experiências vivenciadas pelas crianças podem ter impactos duradouros em seu crescimento e 
aprendizado, principalmente no que diz respeito a sua saúde mental. Para Santos, et al (2024: 5) 
é necessário que as crianças estejam em espaços que promovam a sociabilidade entre os sujeitos, 
colocando em prática aspectos culturais, sociais, morais, entre outros. 
 
Quando nos reportamos sobre a necessidade de políticas públicas no âmbito cultural 
para o melhor desenvolvimento das crianças, também estamos querendo dizer que estas 
terão um crescimento saudável no que tange a sua saúde mental. Amarante (2003) vai 
dizer que a arte oferece um espaço vital para a expressão emocional. Couto (2015), por 
sua vez, afirma que a participação em atividades culturais e artísticas permite que as 
crianças expressem seus sentimentos e emoções de maneira construtiva, contribuindo 
para uma saúde emocional e resiliência psicológica. Coimbra (2008) nos lega que as 
políticas públicas culturais podem promover uma maior compreensão e apreciação da 
 
5 O desenvolvimento cognitivo refere-se ao processo pelo qual as crianças e adolescentes adquirem, constroem e 
refinam suas habilidades de pensar, aprender, raciocinar, lembrar e resolver problemas. Este processo é fundamental 
para a compreensão do mundo ao redor e para o desenvolvimento de habilidades essenciais como a linguagem, a 
memória, a percepção e a capacidade de tomar decisões. Jean Piaget (1952), um dos principais teóricos nesse campo, 
descreve o desenvolvimento cognitivo como uma série de estágios que as crianças atravessam, cada um 
caracterizado por diferentes habilidades e modos de pensar (Piaget, 1952). Essas etapas incluem o estágio sensório-
motor, pré-operacional, operacional concretoe operacional formal, cada uma contribuindo de maneira específica 
para a formação das capacidades cognitivas. Ver referências. 
 
12 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-22, 2024 
 
 jan. 2021 
própria cultura da criança e das culturas dos outros. Vasconcelos et al. (2005) atesta o 
que afirma Coimbra (2008) ao endossar que as ações culturais na infância são 
fundamentais para o fomento da empatia e do respeito pela diversidade. 
 
O texto enfatiza a importância dos espaços educacionais, por exemplo, como creches e 
instituições de ensino pré-escolar, para o desenvolvimento integral das crianças de 0 a 3 anos. 
Quando falamos da necessidade de políticas públicas no âmbito cultural para o melhor 
desenvolvimento das crianças, também estamos promovendo um crescimento saudável no que 
diz respeito à sua saúde mental. 
Segundo Amarante (2003), a arte oferece um espaço vital para a expressão emocional, 
fundamental nessa fase inicial de vida e esses espaços institucionais fornecem os elementos 
necessários para tais objetivos. Couto (2015) reforça essa ideia ao afirmar que a participação em 
atividades culturais e artísticas, proporcionado por instituições de ensino, permite que as crianças 
expressem seus sentimentos e emoções de maneira construtiva, contribuindo para uma saúde 
emocional robusta e para a resiliência psicológica. 
Coimbra (2008), segundo o texto, destaca que as políticas públicas culturais podem 
promover uma maior compreensão e apreciação da própria cultura da criança e das culturas dos 
outros, o que é essencial para a formação de uma identidade cultural saudável. Vasconcelos et 
al. (2005) corroboram com Coimbra (2008) ao enfatizar que ações culturais na infância são 
fundamentais para fomentar a empatia e o respeito pela diversidade. 
Portanto, a implementação de políticas públicas culturais nos espaços educacionais 
desenvolvidas nos espaços escolares é crucial para o desenvolvimento integral das crianças. 
Além de proporcionar um ambiente de aprendizado, essas políticas contribuem para o bem-estar 
emocional, a resiliência psicológica e a formação de uma identidade cultural rica e diversificada, 
promovendo empatia e respeito mútuo desde a primeira infância. 
Pesquisas mostram (Santos, et al., 20224) que a estimulação precoce em ambientes 
educacionais de qualidade contribui significativamente para o desenvolvimento cognitivo das 
crianças. A participação em creches e pré-escolas ajuda a desenvolver habilidades linguísticas, 
matemáticas, sociais e culturais, por exemplo, que são fundamentais para o sucesso acadêmico e 
social futuro. Atividades como a leitura de histórias, brincadeiras estruturadas e interação com 
outros colegas promovem a curiosidade, a criatividade e a capacidade de resolver problemas. 
Contudo, o relatório da ONG “Todos Pela Educação” destaca que as crianças mais 
vulneráveis são as mais prejudicadas pela falta de acesso a creches e pré-escolas. Essas crianças, 
 
13 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-22, 2024 
 
 jan. 2021 
frequentemente oriundas de famílias de baixa renda, têm menos oportunidades de participar das 
atividades que estimulem seu desenvolvimento cognitivo e social. A ausência de um ambiente 
educacional adequado durante a primeira infância pode acentuar as desigualdades sociais e 
educacionais, dificultando ainda mais o rompimento do ciclo de pobreza. 
 
Essa “janela de oportunidade”, no entanto, pode se converter em uma “janela de 
vulnerabilidade” em relação a potenciais efeitos nocivos decorrentes de características 
inadequadas do ambiente em que vivem, que podem levar à violação de direitos (NCPI, 
2014). Uma vez que a estrutura cerebral está em formação, período de maior 
sensibilidade, a ausência de estímulos, ou a presença de estímulos negativos, e situações 
decorrentes da pobreza extrema, negligência parental ou violência, podem comprometer 
o desenvolvimento pleno da criança e deixar marcas duradouras (Unicef, 2006; NCPI, 
2014; FMCSV, 2018, Venâncio, et al., 2022). 
 
Atualmente, no Brasil, há 2,3 milhões de crianças de 0 a 3 anos que não estão matriculadas 
em creches devido a dificuldades de acesso ao serviço. Esse número alarmante evidencia um 
grande desafio para a política pública de educação infantil. A responsabilidade pelo acesso a 
creches é tanto do governo federal quanto dos governos estaduais e municipais, que devem 
garantir a oferta de vagas conforme estabelecido pelo Plano Nacional de Educação6 (PNE)7. O 
PNE prevê que é um dever constitucional e um direito das crianças e suas famílias terem acesso 
à educação infantil. 
O artigo do PNE enfatiza que, embora a matrícula em creches não seja obrigatória, a 
oferta de vagas deve ser garantida. Os dados do relatório da ONG mostram que cerca de 6 em 
cada 10 famílias gostariam que seus filhos frequentassem a creche, mas apenas 4 em cada 10 
conseguem vagas. Essa discrepância destaca a necessidade urgente de aumentar a capacidade e 
a acessibilidade das creches para atender à demanda crescente. 
As consequências da falta de acesso à creche são significativas, tanto para as crianças 
quanto para suas famílias. Para as crianças, a ausência de um ambiente educativo adequado nos 
primeiros anos pode resultar em atrasos no desenvolvimento cognitivo, dificuldades de 
socialização e menor preparo para a escolarização futura (Santos, et al., 2024). Para as famílias, 
 
6 O Plano Nacional de Educação (PNE) é uma estratégia governamental brasileira que estabelece diretrizes, metas e 
estratégias para a educação no país durante um período de dez anos. Instituído pela Lei nº 13.005, de 25 de junho de 
2014, o PNE visa garantir a melhoria da qualidade da educação, ampliar o acesso e assegurar a equidade no sistema 
educacional. Ele abrange todos os níveis e modalidades de ensino, desde a educação infantil até a pós-graduação, e 
inclui objetivos como a erradicação do analfabetismo, a universalização do atendimento escolar, a valorização dos 
profissionais da educação e o aumento do investimento público no setor educacional (Brasil, 2014). 
7 Utilizaremos a sigla PNE ao longo da escrita do artigo para se referir ao Plano Nacional de Educação. 
 
14 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-22, 2024 
 
 jan. 2021 
especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade, a falta de acesso à creche limita as 
oportunidades de trabalho e renda dos pais, perpetuando o ciclo de pobreza. 
O impacto do acesso limitado à educação infantil também resvala nas políticas públicas 
da primeira infância. Sem investimentos adequados e políticas eficazes para expandir o acesso a 
creches e pré-escolas, o Brasil corre o risco de comprometer o desenvolvimento de uma geração 
inteira de crianças. Isso exige um compromisso político e social para priorizar a educação infantil 
como uma questão de urgência nacional. 
 
3.1 DADOS DO RELATÓRIO DA ONG “TODOS PELA EDUCAÇÃO” 
 
A creche e a pré-escola desempenham um papel crucial nos primeiros anos de vida de 
uma criança, pois oferecem um ambiente estruturado e estimulante que promove o 
desenvolvimento cognitivo, emocional e social. De acordo com o estudo de Shonkoff e Phillips 
(2000), esses espaços educativos proporcionam experiências de aprendizagem fundamentais que 
ajudam a desenvolver habilidades linguísticas, motoras e de resolução de problemas, além de 
promoverem a socialização e a capacidade de trabalhar em grupo. As interações positivas com 
educadores e outras crianças contribuem significativamente para a formação de uma base sólida 
para o aprendizado futuro e para o desenvolvimento de competências essenciais para a vida 
escolar e social. 
Além disso, a participação em programas de educação infantil de qualidade está associada 
a melhores resultados acadêmicose sociais a longo prazo. Heckman (2006) destaca que os 
investimentos na educação precoce geram benefícios significativos, incluindo maior desempenho 
escolar, redução das taxas de repetência e abandono escolar, e melhores perspectivas de emprego 
na vida adulta. Esses programas também desempenham um papel importante na igualdade de 
oportunidades, especialmente para crianças de famílias de baixa renda, proporcionando um 
ambiente que pode compensar desigualdades socioeconômicas e oferecer a todas as crianças a 
chance de alcançar seu pleno potencial. 
 
Os diversos contextos em que uma criança está inserida influenciam sobremaneira em 
seu desenvolvimento. O cenário em que vive e com o qual interage, considerando seus 
relacionamentos afetivos e sociais, impacta em todos os aspectos do desenvolvimento - 
físico, cognitivo e socioemocional (NCPI, 2014). Por isso, a literatura nacional e 
internacional mostra a importância de políticas públicas de atenção integral nessa fase 
 
15 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-22, 2024 
 
 jan. 2021 
crucial para o desenvolvimento, com ações voltadas à nutrição, saúde, parentalidade, 
segurança e proteção, além da Educação Infantil (FMCSV, 2018). 
 
Na perspectiva compreensiva de Weber (2004), ações e contextos sociais influenciam o 
desenvolvimento infantil. Weber enfatiza a importância de entender o significado das ações 
sociais a partir do ponto de vista dos indivíduos envolvidos, mas também a partir dos fatores 
contextuais que incidem sobre a vida desses sujeitos. Nesse sentido, o texto destaca como os 
diversos campos da vida social (Bourdieu, 1992)8 em que uma criança está inserida — incluindo 
relacionamentos afetivos e sociais — são determinantes para seu desenvolvimento integral. 
O texto aponta que o ambiente em que a criança vive e interage afeta seu desenvolvimento 
físico, cognitivo e socioemocional, sugerindo que esses contextos não são apenas cenários 
passivos, mas interativos e dinâmicos. A ênfase nas políticas públicas de atenção integral durante 
essa fase crucial do desenvolvimento infantil reflete a importância de um ambiente enriquecedor 
e seguro. Isso inclui ações direcionadas à nutrição, saúde, parentalidade, segurança, proteção e 
educação infantil, mostrando que cada um desses fatores é essencial para o bem-estar e o 
desenvolvimento da criança. Para Weber, essas políticas públicas e intervenções são 
significativas porque moldam o ambiente social e influenciam diretamente as ações e interações 
das crianças, contribuindo para o desenvolvimento de suas capacidades e habilidades em um 
contexto social mais amplo. 
A acessibilidade a creches e pré-escolas revela-se como uma questão profundamente 
ligada à condição socioeconômica das crianças no Brasil, ou seja, como afirma Weber (2004), 
está relacionado aos elementos específicos que caracterizam o contexto vivido por esses sujeitos 
conforme apontado pela ONG “Todos Pela Educação”. Dados indicam que as barreiras de acesso 
afetam de maneira significativamente desigual crianças de diferentes estratos sociais. Entre as 
famílias mais pobres, 28% das crianças não frequentam creches devido a dificuldades de acesso, 
enquanto entre as mais ricas esse número é significativamente menor, atingindo apenas 7% 
(Todos Pela Educação, 2023). 
 
8 Pierre Bourdieu, sociólogo francês, desenvolveu o conceito de “campo” como parte de sua teoria social. Um campo, 
segundo Bourdieu, é um espaço social estruturado onde ocorrem lutas simbólicas e materiais entre os agentes que o 
compõem. Esses campos são caracterizados por relações de poder e capital, podendo ser cultural, econômico, social 
ou simbólico (Bourdieu, 1992). No campo educacional, por exemplo, as instituições, os professores, os alunos e 
outros atores competem por reconhecimento, recursos e legitimidade, utilizando diferentes formas de capital cultural 
e social para avançar dentro desse espaço específico (Bourdieu & Passeron, 1970). 
 
16 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-22, 2024 
 
 jan. 2021 
Essa disparidade reflete uma série de fatores complexos. Primeiramente, as famílias de 
baixa renda frequentemente enfrentam limitações financeiras que dificultam o acesso a serviços 
de qualidade, como creches e pré-escolas pagas. Além disso, a oferta insuficiente de vagas em 
instituições públicas e a localização geográfica das creches também são barreiras significativas 
para essas famílias. Muitas vezes, essas instituições estão concentradas em áreas urbanas ou em 
regiões mais desenvolvidas, o que dificulta o acesso para crianças que vivem em áreas periféricas 
ou rurais (Alves & Martins, 2019). 
Outro fator relevante são as condições de trabalho dos pais: muitas famílias de baixa renda 
enfrentam jornadas extensas e condições precárias de emprego, o que limita sua capacidade de 
buscar e manter seus filhos em creches durante o dia. Além disso, questões culturais e falta de 
informação sobre a importância da educação infantil também contribuem para a baixa adesão das 
famílias de baixa renda aos serviços de creche (Barros et al., 2010). 
Por outro lado, as famílias mais ricas frequentemente têm maior acesso a informações e 
recursos financeiros que facilitam o acesso a creches privadas ou a instituições de melhor 
qualidade. Essas famílias também podem ter mais flexibilidade de horário e mobilidade para 
escolher creches que atendam às suas necessidades específicas (Barros et al., 2010). 
Os dados fornecidos pela ONG ‘Todos Pela Educação” revelam uma realidade 
preocupante quanto ao acesso às creches e pré-escolas no Brasil, especialmente nas regiões Norte 
e Nordeste. Segundo os dados, os maiores percentuais de crianças que não frequentam creches 
devido a dificuldades de acesso estão concentrados nessas regiões. Estados como Acre, Roraima, 
Pará e Piauí apresentam índices alarmantes, com 48%, 38%, 35% e 33%, respectivamente (Todos 
Pela Educação, 2023). 
Essa disparidade regional reflete dinâmicas complexas que têm sido estudadas por 
diversos autores. Segundo Almeida e Sampaio (2018), as desigualdades regionais no Brasil são 
influenciadas por fatores históricos, econômicos e políticos que impactam diretamente a oferta e 
a qualidade dos serviços públicos, incluindo a educação infantil. A falta de infraestrutura 
adequada e de investimentos específicos para a expansão de creches e pré-escolas nas regiões 
mais remotas e economicamente desfavorecidas contribui significativamente para esses altos 
índices de crianças fora da escola (Almeida & Sampaio, 2018). 
Além disso, os estudos de Soares e Dweck (2016) destacam que as políticas públicas 
educacionais muitas vezes não são adaptadas às necessidades específicas de cada região, 
 
17 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-22, 2024 
 
 jan. 2021 
falhando em proporcionar acesso equitativo e de qualidade à educação infantil em todo o 
território nacional. A falta de uma infraestrutura adequada de creches e pré-escolas, aliada à 
ausência de programas eficazes de transporte e incentivo à frequência escolar, perpetua as 
desigualdades educacionais entre regiões no Brasil (Soares & Dweck, 2016). 
Ademais, as diferenças socioeconômicas e culturais entre as regiões Norte, Nordeste e 
outras mais desenvolvidas do país também desempenham um papel crucial. De acordo com 
Moreira e Rios-Neto (2017), a concentração de pobreza e a menor renda per capita nas regiões 
Norte e Nordeste limitam o acesso das famílias a serviços essenciais, como educação infantil, 
impactando diretamente a participação das crianças nessas instituições (Moreira & Rios-Neto, 
2017). 
Continuando com o relatório da ONG, revelam uma distribuição desigual no número de 
crianças fora das creches e pré-escolas devido a dificuldades de acesso,destacando cinco estados 
que concentram significativa proporção desse grupo. São Paulo lidera em números absolutos, 
com 267 mil crianças fora das instituições de educação infantil, seguido por Minas Gerais com 
217 mil, Pará com 205 mil, Bahia com 204 mil e Maranhão com 137 mil (Todos Pela Educação, 
2023). 
É importante analisar esses números considerando a proporcionalidade populacional e 
econômica de cada estado. São Paulo, como o estado mais populoso e economicamente 
desenvolvido do país, naturalmente apresenta números absolutos mais elevados. No entanto, isso 
não significa necessariamente que a situação seja mais grave em comparação aos outros estados 
mencionados. Estados como Pará, Bahia e Maranhão, por exemplo, possuem contextos 
socioeconômicos distintos, com maior prevalência de áreas rurais e índices de pobreza mais 
elevados, o que pode influenciar diretamente no acesso limitado às creches e pré-escolas 
(Almeida & Sampaio, 2018). 
Além disso, as políticas públicas e a infraestrutura educacional variam significativamente 
entre os estados, o que impacta diretamente na disponibilidade e na qualidade das instituições de 
educação infantil. Estudos como o de Barros et al. (2010) apontam que as desigualdades 
regionais na educação são amplificadas por diferenças na alocação de recursos e na capacidade 
de resposta do sistema educacional às necessidades específicas de cada localidade. 
Outro aspecto a considerar é a distribuição desigual de creches e pré-escolas entre áreas 
urbanas e rurais. Estados como Pará e Maranhão, com vastas áreas rurais e infraestrutura 
 
18 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-22, 2024 
 
 jan. 2021 
educacional menos desenvolvida nessas regiões, enfrentam desafios adicionais na expansão e na 
manutenção de creches em áreas remotas (Moreira & Rios-Neto, 2017). 
 
4 “PORTAS ABERTAS”: CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A análise dos dados fornecidos pelo relatório da ONG “Todos Pela Educação” revela uma 
realidade complexa e desafiadora em relação ao acesso às creches e pré-escolas no Brasil. A 
concentração significativa de crianças fora dessas instituições em estados como São Paulo, Minas 
Gerais, Pará, Bahia e Maranhão reflete não apenas diferenças absolutas, mas também 
desigualdades socioeconômicas e regionais profundas que afetam diretamente o 
desenvolvimento infantil (Todos Pela Educação, 2023). 
Primeiramente, é crucial considerar a proporcionalidade dos números apresentados em 
relação à população e à economia de cada estado. Embora São Paulo lidere em números absolutos 
de crianças sem acesso a creches, seu contexto econômico mais desenvolvido pode oferecer 
condições favoráveis para a expansão e manutenção dessas instituições em comparação a estados 
com menor capacidade econômica, como Pará e Maranhão (Almeida & Sampaio, 2018). Essas 
disparidades ressaltam a necessidade de políticas públicas que considerem as especificidades 
regionais para promover um acesso equitativo à educação infantil em todo o país. 
Além disso, a distribuição desigual de creches e pré-escolas entre áreas urbanas e rurais 
é um fator determinante. Estados com vastas extensões rurais, como Pará e Maranhão, enfrentam 
desafios adicionais na oferta e na manutenção de creches em regiões remotas, onde a 
infraestrutura educacional é menos desenvolvida (Moreira & Rios-Neto, 2017). Isso contribui 
diretamente para os altos índices de crianças fora da escola nessas localidades, limitando suas 
oportunidades de acesso a um ambiente educativo estruturado e enriquecedor. 
As políticas públicas desempenham um papel fundamental na mitigação dessas 
desigualdades regionais. Barros et al. (2010) destacam que a alocação eficaz de recursos e o 
planejamento adequado são essenciais para melhorar o acesso e a qualidade das creches e pré-
escolas, especialmente em áreas mais vulneráveis. No entanto, a implementação dessas políticas 
enfrenta desafios significativos, incluindo a necessidade de investimentos consistentes e a 
coordenação entre diferentes esferas governamentais para garantir uma cobertura adequada e 
igualitária em todo o território nacional. 
 
19 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-22, 2024 
 
 jan. 2021 
Dito isso, reconhecemos que o acesso à educação infantil não se limita apenas à matrícula, 
mas também à qualidade dos serviços oferecidos. A oferta de um ambiente educacional 
estimulante durante os primeiros anos de vida não apenas promove o desenvolvimento cognitivo, 
social e emocional das crianças, mas também contribui para a redução das desigualdades 
educacionais a longo prazo (Heckman, 2006). Portanto, é necessário um compromisso contínuo 
e coordenado entre todos os níveis de governo e a sociedade civil para garantir que todas as 
crianças, independentemente de sua localização ou condição socioeconômica, tenham acesso às 
creches e pré-escolas que lhes permitam desenvolver seu pleno potencial e a efetivação na prática 
da primeira infância. 
Essa realidade pode ser metaforicamente comparada ao simbolismo das “portas fechadas” 
que impedem o acesso das crianças à educação na primeira infância. Como ferrolhos colocados 
nas portas das casas, a falta de creches e pré-escolas funciona como uma barreira que nega às 
crianças o acesso a um ambiente educacional essencial para seu desenvolvimento integral. Essas 
“portas fechadas” representam não apenas a ausência física de infraestrutura educacional, mas 
também a exclusão de oportunidades cruciais que poderiam abrir caminhos para um futuro mais 
promissor. 
No entanto, quando políticas públicas eficazes são implementadas, essas “portas” se 
abrem, proporcionando acesso equitativo e inclusivo à educação infantil. Essas políticas não 
apenas garantem a matrícula das crianças em creches e pré-escolas, mas também promovem a 
qualidade dos serviços oferecidos. Essas “portas abertas” simbolizam não apenas um espaço 
físico, mas também um ambiente educacional estimulante que nutre o desenvolvimento 
cognitivo, social e emocional das crianças desde os primeiros anos de vida. 
Portanto, a efetivação da primeira infância no Brasil depende não apenas da expansão 
quantitativa das creches e pré-escolas, mas também da qualidade dos serviços oferecidos e da 
garantia de acesso universal. A implementação de políticas públicas que abram essas “portas” 
educacionais não só beneficiará o desenvolvimento individual das crianças, mas também 
contribuirá para a redução das desigualdades sociais e educacionais em longo prazo, promovendo 
um futuro mais justo e inclusivo para toda a sociedade. 
 
 
20 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-22, 2024 
 
 jan. 2021 
REFERÊNCIAS 
 
ALVES, F., & MARTINS, C. P. Creches, Desigualdade e Desenvolvimento Infantil: 
Evidências de um Programa de Expansão no Brasil. Economia Aplicada, 23(1), 115-134. 
Brasília, Brasil: Editora Universidade de Brasília, 2019. 
 
ALMEIDA, A. F., & SAMPAIO, A. M. Desigualdades regionais em educação: análise das 
disparidades de investimento público nos estados brasileiros. Economia Aplicada, 22(1), 157-
180, 2018. 
 
AMARANTE, P. Archivos de saúde mental e atenção psicossocial. Rio de Janeiro: Nau 
Editora, 2003. 
 
BARROS, R. P., CARVALHO, M., & FRANCO, S. Acesso e qualidade na educação infantil 
brasileira. Economia Aplicada, 14(4), 513-536, 2010. 
 
BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação - 
PNE e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 jun. 2014. 
 
BRASIL. (1990). Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e 
do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 jul. 1990. 
 
BRASIL. (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da 
União, Brasília, DF, 5 out. 1988. 
 
BRAZELTON,T. B., & GREENSPAN, S. I. The irreducible needs of children: What every 
child must have to grow, learn, and flourish. New York, NY, USA: Perseus Books, 2000. 
 
BOURDIEU, P. The field of cultural production: Essays on Art and Literature. New York, 
NY, USA: Columbia University Press, 1992. 
 
BOURDIEU, P., & PASSERON, J. C. Reproductin in education, society and culture. 
London, United Kingdom: Sage Publications, 1970. 
 
COUTO, M. C. V.; DELGADO, P. G. Crianças e adolescentes na agenda política da saúde 
mental brasileira: inclusão tardia, desafios atuais. Psicologia Clínica, v. 27, n. 1, p. 17-40, 
2015. 
 
COIMBRA, C. M. B; NASCIMENTO, M. L; AYRES, L. S. M. Pivetes: encontros entre a 
Psicologia e o Judiciário. Curitiba: JURUÁ, 2008. 
 
DEMO, P. Metodologia científica em ciências sociais. São Paulo, SP: Atlas, 1991. 
 
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2011. 
 
 
21 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-22, 2024 
 
 jan. 2021 
HECKMAN, J. J. Skill Formation and the Economics of Investing in Disadvantaged 
Children. Science, 312(5782), 1900-1902. Washington, DC, EUA: American Association for 
the Advancement of Science, 2006. 
 
MARTINELLI, M. L. Pesquisa qualitativa: um instigante desafio. São Paulo: Veras, 1999. 
MINAYO, M. C. S. et al. (Org). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, Rio 
de Janeiro: Vozes, 2016. 
 
MUSTARD, J. F. Early child development and experience-based brain development: The 
scientific underpinnings of the importance of early child development in a globalized world. 
Toronto, Canada: Council for Early Child Development, 2006. 
 
MOREIRA, M. R., & RIOS-NETO, E. L. G. A desigualdade regional da pobreza e o Bolsa 
Família: um estudo sobre a pobreza infantil no Brasil. Economia Aplicada, 21(2), 295-316, 
2017. 
 
PIAGET, J. The origins of intelligence in children. New York: International Universities 
Press, 1952. 
 
SANTOS, A. N. S. Família, Criança e Mudança Social: reconfiguração da sociabilidade 
intrafamiliar a partir da nova concepção da criança como sujeito de direitos. 79 f. Trabalho de 
Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Sociais) – Centro de Humanidades, Universidade 
Federal do Ceará, Fortaleza, 2010. 
 
SANTOS, A. N. S. dos. et al. (2024). Políticas culturais e saúde mental na infância: políticas 
públicas de cultura e sua importância para o desenvolvimento da saúde mental das crianças. 
Cuadernos De Educación Y Desarrollo, 16(4), e4045. Disponível em: 
https://doi.org/10.55905/cuadv16n4-136 Acesso em 23 de Mai de 2024. 
 
SANTOS, A. N. S. dos. Mal-estares e utopia democrática: pode local e autonomia 
institucional – o caso do Conselho Tutelar do município de Horizonte – Ceará (Dissertação de 
Mestrado Acadêmico em Sociologia) – Fortaleza, Ceará, 2018. Disponível em: 
file:///C:/Users/Narcilio/Downloads/yourFile-1.pdf Acesso em 21 de Mai. de 2024. 
 
DOS SANTOS, A. N. S. et al. Criança e mudança social – a lei Henry Borel e as modificações 
na sociabilidade intrafamiliar a partir da reconfiguração dos preceitos do estatuto da criança e 
do adolescente. Caderno Pedagógico, 21(4), e3762-e3762, 2024. Disponível em: 
https://ojs.studiespublicacoes.com.br/ojs/index.php/cadped/article/view/3762/2688 Acesso em 
23 de Mai. de 2024. 
 
SANTOS, A. N. S. dos. “Marcha ré” na democracia? Estudo comparativo entre a democracia 
no Brasil e a democracia na Alemanha. Brazilian Journal of Development, 8(4), 31686–
31712, 2022. Disponível em: 
https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/47198 Acesso em 22 de 
Abri. de 2024. 
 
https://doi.org/10.55905/cuadv16n4-136
file://///servidor/FILESERVER/Setores/DIAGRAMAÇÃO/EDITORA%20FUTURE/REVISTA%20CONTRIBUCIONES/Downloads/yourFile-1.pdf
https://ojs.studiespublicacoes.com.br/ojs/index.php/cadped/article/view/3762/2688
https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/47198
 
22 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-22, 2024 
 
 jan. 2021 
SANTOS, A. N. S. DOS, & GUSSI, A. F. A política, os atores e o desenho institucional – a 
política pública de defesa da criança e do adolescente e sua reconfiguração institucional a partir 
dos atores sociais locais. Revista Direitos Sociais E Políticas Públicas (UNIFAFIBE), 10(2), 
88–113. Disponível em: https://doi.org/10.25245/rdspp.v10i2.1204 Acesso em 31 de Mai. de 
2024. 
 
SHONKOFF, J. P., & PHILLIPS, D. A. From neurons to neighborhoods: the science of 
early childhood development. Washington, DC: National Academy Press, 2000. 
 
TODOS PELA EDUCAÇÃO. São Paulo, 2023. Disponível em: 
https://www.todospelaeducacao.org.br/ Acesso em 10 de Junh. De 2024. 
 
VASCONCELOS, E. M; LEME, C. C. C. P; WEINGARTEN, R.; NOVAES, P. R. 
Reinventando a vida: narrativas de recuperação e convivência com o transtorno mental. Rio 
de Janeiro: EncantArte, 2005. 
 
WEBER, M. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. 2. vol. Trad. 
Regis Barbosa e Karen Elsabe Barbosa. São Paulo: Editora UnB, Imprensa Oficial, 2004. 
https://doi.org/10.25245/rdspp.v10i2.1204
https://www.todospelaeducacao.org.br/

Mais conteúdos dessa disciplina