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SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 1 Imunidade Adaptativa ✓ A imunidade natural ou inata é a primeira linha de defesa do corpo e responde de forma rápida e não específica ao primeiro contato com o antígeno. Após algum tempo (em torno de 12 horas), em caso de persistência do patógeno, a resposta adaptativa é ativada. A resposta adaptativa é mais lenta, mas também mais específica contra o antígeno em questão. A ponte entre a imunidade inata e a adaptativa são os macrófagos, que apresentam o antígeno ao linfócito T para a identificação. ➢ Quadro comparativo entre as imunidades inata e adaptativa: INATA ADAPTATIVA Se desenvolve com rapidez e não precisa ter uma exposição prévia ao microrganismo. As células atuantes estão sempre pelo organismo, prontas para trabalhar. São funcionais e são ativadas rapidamente para prevenir, controlar ou eliminar infecções. Precisa de um tempo para se desenvolver. Clones de linfócitos virgens antígeno-específicos se expandem e se diferenciam. Não há alteração na qualidade da resposta após repetiras exposições; tem pouca ou nenhuma memória. A exposição repetida intensifica a rapidez e a efetividade. A resposta é igual para todos os patógenos Resposta específica, com produção de anticorpo específico. Responde as características mais gerais dos antígenos. Reconhece produtos essenciais. Responde à características variadas. ✓ A imunidade adaptativa possui duas respostas: resposta celular e resposta humoral. a) Resposta celular: linfócito T (pode ser o CD4+ ou o CD8+); b) Resposta humoral: o linfócito B quando ativado vira plasmócito, que secreta anticorpo/imunoglobulina. A IgM é a primeira imunoglobulina a ser ativada no contato com a doença; IgG é pós contato, então para testar se uma pessoa SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 2 já teve ou não a doença, o IgG precisa ser testado. Se ela nunca tiver tido contato, terá o IgM. O IgG também pode ser fornecido via vacinação. ✓ A maior parte dos linfócitos T reconhece apenas peptídeos pequenos, ao passo que as células B são capazes de reconhecer peptídeos, proteínas, ácidos nucleicos, carboidratos, lipídeos e pequenas substâncias químicas. ✓ Respostas imunes mediadas por células T são normalmente induzidas por antígenos de proteínas exógenas (a fonte natural de peptídeos exógenos), ao passo que as respostas imunes humorais são induzidas por antígenos proteicos e não proteicos. ✓ A resposta imune adaptativa possui algumas características principais: a) Especificidade: assegura que a resposta imunológica a determinado microrganismo (ou antígeno não microbiano) seja dirigida contra esse microrganismo (ou antígeno). b) Diversidade: permite ao sistema imunológico responder a uma grande variedade de antígenos. c) Memória: a exposição do sistema imune a um antígeno estranho aumenta sua capacidade de responder novamente àquele antígeno. d) Expansão clonal: aumenta o número de linfócitos específicos para determinado antígeno para fazer frente à capacidade reaplicativa dos microrganismos. e) Especialização: gera respostas que são ideais para a defesa contra diferentes tipos de microrganismos. f) Contração/homeostasia: permite ao sistema imunológico recuperar-se de uma resposta, de modo que possa responder efetivamente a novos antígenos que encontre. Esse processo é importante para o retorno do sistema imune a um estado de equilíbrio ou homeostase. Isso ocorre principalmente porque a maioria das células T efetoras ativadas por antígeno morre por apoptose. g) Não reatividade ao próprio: impede a lesão do hospedeiro durante as respostas a antígenos estranhos. SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 3 Gráfico de especificidade, memória e contração das respostas imunes: A partir da segunda semana os IgM passam a ser ativados e ali ocorre o primeiro encontro do anticorpo com o antígeno, a resposta imune é um pouco mais lenta. Já no 6, que é a sexta semana, ocorre uma reinfecção pelo antígeno X, no qual já possui células de memória, onde o corpo já responde de forma mais intensa e rápida. CONCEITOS ✓ A imunidade adaptativa é a terceira linha de defesa (a primeira é a barreira e a segunda é a imunidade inata); ✓ Possui duas características marcantes: a) Especificidade; SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 4 b) Memória (linfócitos B, IgG). ✓ Tem apenas uma célula com vários subtipos, que é o linfócito. Sua diferenciação é através das proteínas da sua superfície. ✓ Tudo começa com uma célula tronco pluripotente, o hemocitoblasto, que dá origem a duas células progenitoras diferentes: o progenitor mieloide que origina os eritrócitos, megacariócitos e células da imunidade celular, e o progenitor linfoide, que vai dar origem a célula NK e aos linfócitos. Obs: pluripotente é diferente de totipotente. ✓ Tabela comparativa entre os linfócitos: Linfócito B Surgimento: medula óssea Maturação: medula óssea Destino: baço, linfonodos (órgãos linfoides) Linfócito T Surgimento: medula óssea Maturação: timo Destino: órgãos linfoides ✓ É na maturação que os linfócitos T e B virgens irão receber os seus receptores. É esse receptor que faz o linfócito responder a um tipo específico de patógeno, se ele não tivesse esse receptor específico ele seria igual as células do sistema imune inato. Porém, ao ganhar o seu receptor, ele vai passar a ser ativado somente por um tipo específico de vírus ou bactéria, e é isso que faz ele ser da imunidade adaptativa. ✓ O receptor é feito através de mais de 500 genes diferentes para codificar proteínas e combiná-las entre si para formar um receptor diferente a cada vez. Depois que o receptor estiver pronto, o linfócito T e B migram para os órgãos linfoides e esperam sua vez para serem ativados. MHC ✓ É o complexo principal de histocompatibilidade; ✓ É uma proteína de superfície da célula que tem a função de histocompatibilidade, ou seja, o reconhecimento de tecidos próprios e não próprios; ✓ Em humanos também pode ser chamado de HLA: human leucocyte antigen; ✓ Os genes que codificam o MHC estão localizados no cromossomo 6 e eles possuem um padrão hereditário de codominância, além disso são polimórficos, ou seja, há uma gama extensa de genes diferentes que representam esse complexo (o que complica o transplante de órgãos); ✓ Se apresenta na superfície da célula pelo tempo mínimo necessário para executar sua função e apenas se estiver ligado a um antígeno proteico. Ele só funciona ligado a outras proteínas, não funciona quando ligado a outras estruturas. Depois de atingir sua função ele volta para dentro da célula para ser reciclado. ✓ Os receptores de antígenos de células T CD4+ e T CD8+ são específicos para antígenos peptídicos que são apresentados pelas MHCs. As moléculas do MHC podem ligar-se e apresentar somente peptídeos, e não outras estruturas químicas, e é por isso que a maioria das células T reconhece apenas peptídeos. SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 5 ✓ As moléculas do MHC são altamente polimórficas e variações de moléculas do MHC entre indivíduos influencia a ligação a peptídeos e o reconhecimento de células T. ✓ Se divide em MHC I e MHC II: a) MHC I: É a identidade da célula; Tem a função de interagir com o Linfócito TCD8+; Toda célula nucleada do corpo apresenta MCH I e ninguém no mundo possui o mesmo MHC, a não ser no caso de gêmeos idênticos. É por causa do MHC I que não se pode doar um órgão para qualquer pessoa, é necessário que a pessoa tenha o MHC I parecido e que ela tome imunossupressores pelo resto da vida para evitar que o sistema imune dela lese o novo órgão transplantado. As únicas células do corpo que não apresentam MHC I são as hemácias, por isso é possível doar sangue. Sobre a estrutura: formado por duas subunidades superiores de alfa(1 e 2), com uma fenda no meio que é onde o antígeno tanto próprio quanto não próprio vai se encaixar, além da subunidade alfa 3 inferior e da unidade beta 2 microglobulina. A fenda é o que vai distinguir o próprio do não próprio, assim se nela se encaixa um antígeno de um vírus, por exemplo, e exterioriza para o LTCD8+, ele vai entender que a célula está infectada e que isso dali é um antígeno não próprio. Importante para a detecção de parasitas intracelulares, como os vírus. Quando a célula está agindo de forma estranha, como uma célula neoplásica, ela vai deixar de fabricar MHC com antígenos próprios e vai passar a fabricar MHC com antígenos estranhos que também vão alertar o LTCD8+ que irá destruir a célula. Nos transplantes: difícil encontrar um MHC parecido, por isso é difícil transplantar órgão. Após o transplante a pessoa precisa tomar imunossupressores pelo resto da vida. Nas doenças autoimunes: o tipo HLA-27 está ligado a vários tipos de doenças autoimunes b) MHC II: É fabricado pelas células apresentadoras de antígeno (APCs). Como funciona? A célula fagocita alguma coisa que encontrou, e ao fazer a fagocitose do patógeno ela vai digerir ele e pegar alguns pedaços relevantes da composição do patógeno, expressando essa parte do patógeno no MHC II, mostrando para outras células e assim apresentando os antígenos. Ou seja, ela basicamente tem um pedacinho do que está acometendo o corpo para ser apresentado para o LTCD4+. Sobre a estrutura: possui duas subunidades beta e duas subunidades alfa, com a fenda entre as unidades superiores alfa e beta; Só é apresentado em APCs e serve para agentes extracelulares. SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 6 IMUNIDADE CELULAR ✓ É mediada por linfócitos T; ✓ Faz a defesa contra microrganismos intracelulares como vírus e bactérias que sobrevivem e se proliferam dentro dos fagócitos e de outras células; ✓ Faz o reconhecimento de antígenos pelos receptores de células T (TCR); ✓ É o linfócito T helper e o Linfócito T citotóxico; ✓ Atua na erradicação de MO extracelulares através do recrutamento de leucócitos e ativação da célula B. ✓ Quando o linfócito encontra um antígeno (apresentado pelas APCs), desenvolve uma resposta e muda sua transcrição gênica. Ele sai do timo como Linfócito LTh0, e ao se ligar no antígeno vira o Th1, Th2 e assim por diante. LINFÓCITOS T ✓ Reconhece antígenos intracelulares; ✓ Auxilia os fagócitos na destruição de microrganismos; ✓ Destroem células infectadas. ✓ As principais funções dos linfócitos T são erradicar infecções por microrganismos intracelulares e ativar outras células, tais como os macrófagos e os linfócitos B. Dessa forma, ele precisa interagir com células como as já citadas anteriormente e também pode interagir com qualquer célula hospedeira afetada. ✓ A tarefa de apresentar os antígenos associados às células hospedeiras para reconhecimento por células TCD4+ e TCD8+ é realizada por proteínas especializadas denominadas de MHC, que são moléculas expressas na superfície das células hospedeiras. ✓ Se divide em vários grupos: Efetores: • αβ (alfa-beta): ➢ CD4+: chamado de linfócito T helper. Ela é uma coordenadora de várias coisas do sistema imune. Para ser ativada precisa das APCs e por isso é ativado pelo MHC II (seu receptor só lê o MHC II, ele não lê o MHC I e não consegue reconhecer diretamente um antígeno como um linfócito B faz. Assim, as APCs vão se encontrar com o LTCD4+ e mostrar para ele o que está acontecendo. Essa célula tem muitas funções, por isso se divide em vários tipos. SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 7 ➢ Células T auxiliares (LTh): ativam macrófagos para destruir microrganismos fagocitados; secretam citocinas que recrutam leucócitos (estimulam a inflamação); amplificam as funções de barreira da mucosa/ permanecem nos órgãos linfoides; ajudam células B a se diferenciarem em plasmócitos. 1. Th1: atua na imunidade celular. É responsável pela ativação dos LTCD8+ e de macrófagos. Produz várias interleucinas que vão atuar durante o processo imunológico. As células Th1 secretam IFN-γ, que atua sobre os macrófagos para aumentar a fagocitose e a morte de microrganismos nos fagolisossomos e em linfócitos B para estimular a produção de anticorpos IgG que opsonizam os microrganismos para a fagocitose. 2. Th2: Atua mais na imunidade humoral, porque atua em conjunto com o linfócito B que produz os anticorpos e com o eosinófilo e o mastócito. Esse linfócito é importante no combate de parasitas helmintos, pois joga suas toxinas sobre ele. Produz interleucinas que não são fabricadas pelo Th1, e consegue suprimir o Th1 caso ache necessário. Atua em alergias. SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 8 3. Th17: Atua na defesa contra bactérias extracelulares e fungos; Faz a produção de substâncias antimicrobianas (defensinas); Produz uma inflamação rica em neutrófilos. SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 9 ❖ Papel das células T em erradicar infecções: Obs.: Os macrófagos ativados alternativamente são induzidos por IL-4 e IL-3 produzidas pelas células Th2 e outros leucócitos e funcionam para controlar a inflamação. Eles também podem promover a reparação tecidual e a fibrose. SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 10 ➢ CD8+: chamado de linfócito T Citotóxico. Sua principal função é combater células infectadas por parasitas intracelulares, como vírus. Sua outra função é combater células neoplásicas. Como ele diferencia célula infectada de célula neoplásica? Basicamente pela verificação do MHC I, pois ele para de ser expressado da forma correta, que é o que o LTCD8+ verifica. Ao perceber que tem algo errado ele mata a célula por vários mecanismos diferentes, uma delas é através de vesículas no seu citoplasma que fazem furos na célula e a fazem morrer. ❖ Resposta CD8+: • γδ (gama-delta): existem em menor quantidade. Possui proteínas gama e delta na sua superfície e não agem por reconhecimento de MHC, mas reconhecem outras estruturas. São muito presentes nas mucosas. • NKT: expressa tanto proteínas de linfócitos na superfície quanto proteínas de células NK, é um híbrido. A célula NK é um linfócito T citotóxico da imunidade inata. Ela reage a baixos níveis de MHC I, tendo reação rápida e matando a célula que ou expressa pouco MHC I ou não expressa MHC I. Ela possui propriedades adaptativas e, na imunidade adaptativa, há uma célula que é híbrida entre os dois sistemas imunes: o linfócito TNK, que é uma mistura entre o linfócito e a célula NK. • Regulador: elimina os linfócitos T que reconhecem antígenos próprios. Quando ele não funcionar direito vai acontecer as doenças autoimunes. SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 11 Memória: • As propriedades que definem as células de memória são sua capacidade para sobreviver em um estado quiescente após a eliminação do antígeno e preparar respostas maiores e melhores para antígenos do que as células imaturas. • As células de memória passam por uma proliferação lenta, e esta capacidade de autorrenovação pode contribuir para o tempo de vida longo do conjunto de células de memória. SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 12 ATIVAÇÃO DOS LINFÓCITOS T ✓ A partir de um pequeno conjunto (pool) de linfócitos naive específicos para um antígeno, o processo de ativação das células T gera um grande número de células efetoras com a mesma especificidade, que atuam para eliminar aquele antígeno. ✓ Nesse processo, também é gerada uma população de células de memória de longa vida, capazes de reagir rapidamente contra o antígeno caso ele seja reintroduzido. ✓ Uma característica fundamental da resposta das células T, como todas as respostas imunes adaptativas, ésua alta especificidade pelo antígeno que elicita a resposta. Tanto a ativação inicial de células T naive quanto as fases efetoras da resposta imune adaptativa mediada por células T são desencadeadas pelo reconhecimento do antígeno via receptores antigênicos dos linfócitos T. ✓ Onde ocorre? Nos órgãos linfoides secundários. ✓ Do que precisa? a) MHC: especificidade de células T para fragmentos de peptídeos, antígenos derivados de proteínas. b) Co-estimuladores e de outros sinais fornecidos pelas células apresentadoras de antígenos; c) Sequência de proliferação e diferenciação que ocorre quando células TCD4+ e TCD8+ reconhecem antígenos estranhos. ✓ Como ocorre? Coestimuladores e ativação das células T: O reconhecimento do antígeno resulta na geração de sinais bioquímicos que levam a uma rápida captura das células T. Esse processo estabiliza o contato entre as células T e as APCs relevantes, expressando antígeno, permitindo que o programa de ativação da célula T seja iniciado. Coestimuladores das células T por CD28: Esse reconhecimento de antígeno, juntamente com outros estímulos de ativação, induz várias respostas nas células T: SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 13 a) Secreção de citocinas; b) Proliferação, levando a um aumento no número de células nos clones antígeno-específicos (expansão clonal); c) Diferenciação das células imaturas em células efetoras e linfócitos de memória. O CD28 trabalha em cooperação com o reconhecimento de Ag para promover sobrevivência, proliferação e diferenciação das células T específicas. Papel do CD40 na ativação das células T: O CD40L nas células T torna as APCs melhores em promover e ampliar a ativação das células T. Os inibidores dessa via estão sendo usados em ensaios clínicos para rejeição à transplantes e doenças inflamatórias crônicas. SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 14 Vias de entrada de antígenos As respostas primárias de células T imaturas são iniciadas nos órgãos linfoides secundários, aos quais microrganismos e antígenos proteicos são transportados após serem recolhidos a partir da sua via de entrada. Alguns antígenos são transportados na linfa por APCs (principalmente células dendríticas) que capturam o antígeno e entram nos vasos linfáticos, e outros antígenos penetram nos vasos linfáticos sem estares ligados a outras células. O MHC apresenta os antígenos na superfície celular e possui a resposta primária dos linfócitos T, que vão agir e ativar os macrófagos e os linfócitos B Como ocorre? A célula dendrítica, que é uma APC, fagocita o patógeno, processa ele e expressa ele em MHC de classe II. Tanto a célula dendrítica quanto o linfócito T serão atraídos para os órgãos linfoides por quimiocinas. Ao chegarem aos órgãos, as CD e os linfócitos irão se encontrar e então ocorre a primeira ligação de receptores entre eles que será a ligação do MHC II da célula dendrítica com o TCR que está no linfócito T CD4+ virgem. Essa primeira ligação é chamada de primeiro sinal. Se esse primeiro sinal ocorrer sozinho e não houver mais nada, o linfócito T CD4+ não será ativado. Ele vai entrar em um estágio chamado de anergia e não vai ser responsivo, e assim acabar entrando em apoptose. Por isso que é necessária a ação dos coestimuladores. A primeira ligação de coestimulador entre a CD e o LTCD4+ virgem é a ligação entre o B7 da CD e o CD28 do linfócito TCD4+ virgem. Essa ligação tem 3 funções principais: 1. Levar à liberação de proteínas antiapoptóticas; 2. Elevar a expressão de receptores de IL-2 A IL-2 é importante porque ela é liberada pelo linfócito para atuar nele mesmo sobre seus receptores, fazendo com que ele se multiplique em vários linfócitos TCD4+ ativados. 3. Expressão dos ligantes de CD40L nos linfócitos TCD4+. Ele é outro tipo de coestimulador que atua ajudando na diferenciação. Eles se ligam a moléculas de CD40 que já estavam presentes na CD. Essa ligação de CD40 com CD40L vai levar a uma maior expressão de coestimuladores como B7e isso vai fazer com que essa célula APC fique ainda mais potente e além disso, essa ligação leva a liberação de outras citocinas, a IL-12. Após ocorrerem todas essas ligações e a expansão clonal, a IL-12 com o IFN-y proporcionarão a diferenciação dos linfócitos T em LTh1 (linfócito T helper 1), que tem a função de liberar o IFN-y que age na retroalimentação induzindo mais produção, mas também para atuar nos macrófagos induzindo maior fusão do fagolisossoma e maior produção de enzimas que irão destruir o patógeno como espécies reativas de oxigênio, óxido nítrico etc. São responsáveis pela expansão clonal SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 15 SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 16 SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 17 EXPANSÃO CLONAL DOS LINFÓCITOS T ✓ É quando o linfócito encontra o antígeno que se liga ao seu receptor e que faz ele ser ativado. Ao ocorrer isso, a primeira coisa que o linfócito faz é se multiplicar. Dentro desses clones, o linfócito vai se dividir em dois grupos: a) Células efetoras: células que ativamente combatem à ameaça. b) Células de memória: são elas que fazem o corpo responder tão rápido no caso de reinfecção pelo mesmo patógeno. SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 18 TUMORES E LINFÓCITOS T CITOCINAS NAS RESPOSTAS IMUNES ADAPTATIVAS ✓ A maioria das citocinas atuam sobre as células que as produzem (ação autócrina) ou em células vizinhas (ação parácrina). 1) IL-2: SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 19 A IL-2 é produzida principalmente por linfócitos TCD4+; Estimula a sobrevivência, proliferação e diferenciação de células T ativadas por antígeno. Aumenta a produção de citocinas efetoras, como o IFN-y e IL-4, pelas células T; É necessária para a sobrevivência e o funcionamento das células reguladoras; Participa da expansão clonal de células T. CÉLULAS T REGULATÓRIAS ✓ As células T regulatórias, que são importantes para tolerância a autoantígenos, são também dependentes da coestimulação mediada por B7 e CD28 para sua geração e manutenção. ✓ É possível que baixos níveis dos coestimuladores B7 que são expressos constitutivamente pelas APCs em repouso funcionem em conjunto com os autoantígenos que são apresentados por essas APCs para a manutenção das células T regulatórias. SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 20 IMUNIDADE HUMORAL ✓ É mediada por moléculas no sangue e secreções mucosas, ou seja, ela não é feita por células; ✓ É composto por anticorpos produzidos pelos linfócitos B (como IgM, IgG...); ✓ Atuam na defesa contra microrganismos extracelulares e suas toxinas; ✓ Tem mecanismo efetor, ou seja, anticorpos, que se ligam e auxiliam na eliminação do patógeno. LINFÓCITOS B ✓ Fazem a produção de AC (anticorpo); ✓ Reconhecem Ag (antígenos) extracelulares solúveis e na superfície celular; ✓ Células de memória continuam com esse nome (de linfócito B); ✓ Células efetoras passam a se chamar de plasmócito. O plasmócito produz anticorpo. O que é um anticorpo? São parte da imunidade humoral (a que não é feita por células), são proteínas que vão ser secretadas pelo plasmócito e que são específicas para o patógeno que está afetando o organismo, e vão ter muitas funções como marcar patógenos para que outras células do sistema imune identifiquem com maior facilidade e os ataquem, atuam em conjunto com o sistema complemento, além disso podem neutralizar patógenos, como ocupar o receptor de um vírus que ele utiliza para entrar dentro de uma célula. Os anticorpos são estruturas bastante complexas. ✓ Seu receptor de membrana é um anticorpo, o que permite que ele reconheça diretamente o patógeno, ou seja, ele não precisa das APC (células apresentadoras de antígeno, que capturam uma bactériaou vírus e traz ele para os linfócitos); ✓ Produz uma série de citocinas. ANTÍGENOS x ANTICORPO ANTICORPO: é uma proteína em forma de Y produzida pelos plasmócitos e utilizada para muitas funções no sistema imune. Pode ser encontrada no sangue ou como receptor de superfície do linfócito B. Quando ativado ele influencia na produção de mais anticorpos. ✓ Funções do anticorpo: a) Opsonização: cobrir microrganismos e outras partículas para que sejam mais facilmente reconhecidos por fagócitos; b) Neutralização: preenchem receptores de superfície num vírus ou local de ativação de enzima microbiana para impedir seu funcionamento próprio. c) Aglutinação: os antígenos provocam aglutinação. Eles se agregam e juntam várias células em um aglomerado (ex.: tipo sanguíneo diferente). d) Fixação do complemento: ativação da via clássica (ela “joga bombas” sobre o organismo invasor) que resulta em ruptura de células e vírus, entre outros fatores. e) Precipitação: agregação de antígenos em partículas. ✓ Tipos de anticorpo: SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 21 Os tipos dependem da cadeia pesada. Cada tipo de cadeia pesada é um tipo de anticorpo. γ: IgG Monômero Produzido pelos plasmócitos e células de memória; atravessa a placenta (imunidade neonatal); faz opsonização e fagocitose; ativa o sistema complemento. δ: IgD Monômero Serve como receptor em células B. Não é circulante. ε: IgE Monômero Envolvido em reações alérgicas e infecções parasitárias como helmintos. Atua na degranulação dos mastócitos (hipersensibilidade imediata). μ: IgM Pentamérico Faz a ativação do sistema complemento. Primeira classe produzida quando se encontra um novo Ag. Ela é grande, captura vários antígenos ao mesmo tempo. α: IgA Dímero Imunidade de mucosa (transporte de IgA através dos epitélios). Circula no sangue. É a imunoglobulina presente no leite materno. ANTÍGENO: substância que provoca resposta imune em linfócitos específicos. Elas se ligam a receptores específicos em linfócitos. A propriedade de se comportar como antígeno é chamada de antigenicidade e é definida por tamanho, formato, acessibilidade e estranheza ao próprio. São percebidos como estranhos, não pertencentes ao corpo. Eles podem ou não estimular uma resposta imune. ✓ Geralmente células estranhas e moléculas grandes são as mais antigênicas; ✓ Epítopo: grupo molecular pequeno reconhecido por linfócitos. Um só antígeno pode possuir muitos epítopos diferentes. ✓ Haptenos: moléculas de antígeno pequenas que não causam resposta, a não ser quando estão presas a outras substâncias (ex.: alergia a bijuterias). ✓ Aloantígenos: marcadores de superfície celular que ocorrem em alguns membros da mesma espécie, mas não em outros (ex.: MHC, transplante). ✓ Superantígeno: antígeno estimulantes potentes de células T, provocam resposta imune exacerbada (síndrome do choque tóxico); ✓ Alérgeno: antígeno que provoca reação alérgica (e até choque anafilático); ✓ Autoantígeno: moléculas próprias que causam reação imune (doença autoimune como lúpus). SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 22 RESPOSTA IMUNE ✓ IMUNÓGENOS: substâncias que estimulam as respostas imunes. Quando ocorre uma resposta imune pela primeira vez em decorrência de um certo vírus/bactéria, depois da exposição, o corpo só começa a produzir anticorpos específicos depois de alguns dias, que será o IgM. Durante o pico de IgM começa a fabricação de IgG, que após seu pico continua de forma diminuta no organismo para guardar a informação em caso de reinfecção. Na segunda exposição a produção de IgM e IgG já inicia nos 3 primeiros dias de contato (resposta anamnéstica). SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 23 ATIVAÇÃO DOS LINFÓCITOS B O receptor dos linfócitos B é o BCR, ele pode ser formado por dois tipos de Ig: IgM ou IgD. Esse receptor vai reconhecer o antígeno e vai ser o primeiro estímulo para a ativação do LB. Pode acontecer por duas vias: a) Dependente de célula T: Têm um antígeno proteico; Quando o BCR entrar em contato com o BCR, esse antígeno será endocitado para dentro do LB. Após essa endocitose o LB irá apresentar o Ag na forma de peptídeo pelo MHC II para o LTCD4+. Quando isso acontecer, o LTCD4 dará uma resposta que vai ativar o LB, sendo que a resposta é a produção do CD40 ligante, que vai se ligar ao receptor CD40 do LB, ativando ele. Os macrófagos também podem ser ativados porque tem o mesmo receptor CD40. O linfócito B vai se diferenciar em plasmócito que é capaz de produzir Imunoglobulinas IgA, IgG, IgE. b) Independente de célula T: Antígenos: lipídeos ou polissacarídeos; No momento em que esse lipídeo ou polissacarídeo se ligar ao BCR, essa ligação será suficiente para ativar o LB. Isso acontece porque antígenos assim possuem muitos epítopos e são suficientes para ativar o LB. Assim, teremos a produção de IgM. Essa IgM tem uma meia vida baixa ANTICORPOS MONOCLONAIS ✓ São anticorpos preparados em laboratório para serem usados em diagnósticos, identificação de patógenos e tratamento – imunomoduladores (tratuzumabe – contra câncer de mama, bevacizumabe – contra fator de crescimento de vaso sanguíneo no entorno do tumor, palivizumabe – infecção de vírus respiratório sincicial no recém-nascido e prematuro, rituximabe – doenças autoimunes e linfomas). ✓ É utilizado hoje em dia no câncer ou em doenças autoimunes. ✓ É utilizado para o diagnóstico de doenças infecciosas. IgM: você descobre que ela está com a doença. IgG: você descobre que ela já foi infectada pela doença. SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 24 IMUNIDADE ATIVA x IMUNIDADE PASSIVA IMUNIDADE ATIVA: ✓ Resposta do indivíduo a um antígeno estranho; ✓ A pessoa fica doente; ✓ Teve primeiro IgM e depois sobrou IgG; ✓ Leva de 4 a 7 dias para a produção do anticorpo e então produzem células de memória para uma possível reinfecção. ✓ É específica e guarda memória (através da IgG); ✓ É o processo da VACINAÇÃO; ✓ É a resposta própria do indivíduo. IMUNIDADE PASSIVA: ✓ Imunidade sem nunca ter sido exposto ao antígeno; ✓ Transferência de soro ou linfócitos de um indivíduo previamente imunizado. ✓ É a transferência de anticorpos maternos através da placenta, assim como a prevenção da eritoblastose fetal. ERITOBLASTOSE FETAL Ocorre quando a grávida possui Rh- e o bebé é Rh+. Depois do parto do primeiro bebê com Rh+, a mãe desenvolve anticorpos AntiRh, assim, caso ela volte a engravidar e o próximo bebê seja Rh+ é necessário ter cuidados pois agora ela possui anticorpos prontos para atacar as células do bebê. Para que isso não ocorra, após o primeiro bebê ser Rh+ é ministrado imunoglobulinas Anti Rh/D na mãe, para que ela não produza os anticorpos contra o Rh do próximo filho. SCHEILA WILDNER IDOMED M2 - PR2 25