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FISIOTERAPIA EM 
CARDIOLOGIA E 
ANGIOLOGIA
FISIOTERAPIA EM 
CARDIOLOGIA E 
ANGIOLOGIA
Fisioterapia em
 Cardiologia e Angiologia
Daniel Vicentini de Oliveira Daniel Vicentini de Oliveira 
GRUPO SER EDUCACIONAL
gente criando o futuro
A trajetória pelo universo da Fisioterapia Cardiológica aborda questões relacionadas 
à anatomia e à � siologia do sistema cardiovascular. Assim, é fundamental relembrar 
aspectos anatômicos do coração e dos vasos sanguíneos, além dos aspectos � siológi-
cos da contração miocárdica e circulação sanguínea. Também é importante entender 
as características cardiovasculares normais para adentrarmos nas cardiopatias e seu 
tratamento � sioterapêutico. 
Veremos assuntos referentes aos exames complementares mais utilizados na � siote-
rapia cardiológica. Em seguida, o foco volta-se para algumas cardiopatias congênitas 
comuns em recém-nascidos, como persistência do canal arterial e tetralogia de Fal-
lot. São doenças que, se não tratadas precocemente, podem impactar negativamente 
na expectativa de vida do(a) paciente.
Também aprenderemos sobre correções cirúrgicas e suas repercussões nos aparelhos 
circulatório e respiratório, além do manuseio pré e pós-operatório de cirurgias em 
neonatos e pediátricos.
Veremos as intervenções � sioterapêuticas nas diversas patologias cardíacas em pessoas 
submetidas ou não a cirurgias de correção: será necessário mergulhar nas bases � siológicas 
da prescrição de exercícios para cardiopatas e conhecer as fases da reabilitação cardíaca.
Por � m, o foco será em pacientes com transplante de coração, os quais necessitam 
de cuidados ainda mais especiais por parte do(a) � sioterapeuta. Isto torna a atuação 
do(a) pro� ssional essencial, tanto no momento pré quanto pós-transplante.
SER_FISIO_FICA_CAPA.indd 1,3 09/03/2021 14:37:31
© Ser Educacional 2021
Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro 
Recife-PE – CEP 50100-160
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio 
ou forma sem autorização. 
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do 
Código Penal.
Imagens de ícones/capa: © Shutterstock
Presidente do Conselho de Administração 
Diretor-presidente
Diretoria Executiva de Ensino
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos
Diretoria de Ensino a Distância
Autoria
Projeto Gráfico e Capa
Janguiê Diniz
Jânyo Diniz 
Adriano Azevedo
Joaldo Diniz
Enzo Moreira
Daniel Vicentini de Oliveira 
DP Content
DADOS DO FORNECEDOR
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, 
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão.
SER_FISIO_FICA_UNID1.indd 2 09/03/2021 13:28:34
Boxes
ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa 
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto 
tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma 
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da 
área de conhecimento trabalhada.
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Unidade 1 - Exames complementares e cardiopatias congênitas
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 12
Revisão anatomofisiológica do coração ......................................................................... 13
Anatomia cardiovascular ............................................................................................... 13
Fisiologia cardiovascular ............................................................................................... 19
Exames complementares – exame clínico do cardiopata aplicado à cardiologia ......... 22
Eletrocardiograma (ECG) ................................................................................................ 23
Ecocardiograma .............................................................................................................. 30
Ergometria ........................................................................................................................ 32
Angioplastia ...................................................................................................................... 34
Cardiopatias congênitas ........................................................................................................ 35
Comunicação interatrial (CIA) ....................................................................................... 36
Comunicação interventricular (CIV) ............................................................................. 33
Persistência do canal arterial (PCA) ............................................................................ 37
Tetralogia de Fallot .......................................................................................................... 38
Transposição das grandes artérias (TGA) .................................................................. 39
Atresias valvares ............................................................................................................. 40
Correções cirúrgicas e repercussões nos aparelhos circulatório e respiratório ... 40
Manuseio pré e pós-operatório de cirurgias em neonatos e pediátricos ................. 42
Sintetizando ........................................................................................................................... 43
Referências bibliográficas ................................................................................................. 44
Sumário
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Sumário
Unidade 2 - Doenças cardíacas e a reabilitação fisioterapêutica nas cirurgias 
cardíacas
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 46
Doenças cardíacas .............................................................................................................. 47
Valvulopatias .................................................................................................................... 47
Doenças do miocárdio .................................................................................................... 50
Pericardites ...................................................................................................................... 53
Revascularização do miocárdio .................................................................................... 54
Doença arterial coronariana: fisiopatologia do processo aterosclerótico 55
Intervenção fisioterapêutica durante o pré e pós-operatório de cirurgias cardíacas 
e suas complicações ........................................................................................................... 57
Intervenção fisioterapêutica pré-operatório de cirurgia cardíaca ........................ 59
Intervenção fisioterapêutica pós-operatório de cirurgia cardíaca ........................ 63
Sintetizando ........................................................................................................................... 65
Referências bibliográficas ................................................................................................. 66
SER_FISIO_FICA_UNID1.indd 5 09/03/2021 13:28:34
Sumário
Unidade 3 - Reabilitação e insuficiência cardíaca, hipertensão arterial
ea quadros sintomáticos importantes.
FISIOTERAPIA EM CARDIOLOGIA E ANGIOLOGIA 43
SER_FISIO_FICA_UNID1.indd 43 09/03/2021 13:29:03
Referências bibliográficas
CONSOLIM-COLOMBO, F. M.; SARAIVA, J. F. K.; IZAR, M. C. O. Tratado de cardio-
logia SOCESP. Barueri: Manole, 2019.
DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana básica. São Paulo: Atheneu, 2012.
FELDMAN, J.; GOLDWASSER, P. Eletrocardiograma: recomendações para a sua in-
terpretação. Revista SOCERJ, Rio de Janeiro, v. 17, n. 4, p. 251-256, out.-dez. 2004. 
Disponível em: . Acesso em: 29 out. 2020. 
G1. Tetralogia de Fallot: doença do coração que afeta três a cada 10 mil nasci-
dos. São Paulo, 22 jan. 2019. Disponível em: . Acesso em: 29 out. 2020. 
LAROSA, P. R. R. Anatomia humana – texto e atlas. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2016.
LIMA, V. C. Cateterismo cardíaco, diagnóstico (angiografia) e terapêutico (an-
gioplastia) na doença arterial coronária dos pacientes diabéticos. Arquivos 
Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, São Paulo, v. 51, n. 2, p. 299-
304, mar. 2007. Disponível em: . 
Acesso em: 29 out. 2020.
MANN, D. L. et al. Braunwald - tratado de doenças cardiovasculares. 10. ed. Rio 
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
MIRANDA NETO, M. H. et al. Anatomia humana: aprendizagem dinâmica. Ma-
ringá: Gráfica Editora Clichetec, 2012.
NEGRÃO, C. E.; BARRETTO, A. C. P. Cardiologia do exercício – do atleta ao car-
diopata. 3. ed. rev. e ampl. Barueri: Manole, 2010.
UMEDA, I. I. K. Manual de fisioterapia na reabilitação cardiovascular. 2. ed. 
Barueri: Manole, 2013.
FISIOTERAPIA EM CARDIOLOGIA E ANGIOLOGIA 44
SER_FISIO_FICA_UNID1.indd 44 09/03/2021 13:29:03
DOENÇAS 
CARDÍACAS E A 
REABILITAÇÃO 
FISIOTERAPÊUTICA 
NAS CIRURGIAS 
CARDÍACAS
2
UNIDADE
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Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Compreender as doenças cardíacas, em especial as valvulopatias, doenças do 
miocárdio, pericardites e a doença arterial das coronárias;
 Conhecer a revascularização do miocárdio e suas implicações clínicas;
 Estudar sobre a intervenção fisioterapêutica durante o pré e pós-operatório 
de cirurgias cardíacas, além de suas possíveis complicações.
 Doenças cardíacas
 Valvulopatias
 Doenças do miocárdio
 Pericardites
 Revascularização do miocárdio
 Doença arterial coronariana: 
fisiopatologia do processo 
aterosclerótico
 Intervenção fisioterapêutica 
durante o pré e pós-operatório 
de cirurgias cardíacas e suas 
complicações
 Intervenção fisioterapêutica pré-
-operatório de cirurgia cardíaca
 Intervenção fisioterapêutica pós-
-operatório de cirurgia cardíaca
FISIOTERAPIA EM CARDIOLOGIA E ANGIOLOGIA 46
SER_FISIO_FICA_UNID2.indd 46 09/03/2021 14:00:32
Doenças cardíacas
Muitas doenças afetam propriamente o coração; outras, os vasos sanguí-
neos. Neste primeiro tópico, abordaremos as doenças que afetam as válvulas 
cardiacas, assim como as do músculo cardiáco e pericárdio.
A revascularização do miocárdio não é uma doença, mas sim, um procedi-
mento cirúrgico muito comum, feito após a interrupção total ou parcial de uma 
artéria coronária. 
Valvulopatias
A doença valvar, também denomi-
nada de valvulopatia, é responsável por 
uma parcela signifi cativa das internações 
por doença cardiovascular no Brasil. No 
País, a febre reumática é considerada a 
principal causa das valvopatias, sendo 
responsável por 70% dos casos, em mé-
dia (MANN e colaboradores, 2017).
As principais valvulopatias cardía-
cas incluem aquelas com alterações 
das válvulas tricúspide, aórtica e mi-
tral. Iniciaremos pelas valvulopatias 
mitrais: a estenose mitral e a insufi -
ciência mitral (TARASOUTCHI e cola-
boradores, 2011).
A valvulopatia mitral reumática mais prevalente é a dupla disfunção não 
balanceada (caracterizada por insufi ciência e estenose em diferentes estágios 
de evolução), que se manifesta entre 20 a 50 anos de idade.
A insufi ciência mitral corresponde à lesão aguda; já a estenose mitral, às 
lesões crônicas. Porém, é possível que algumas pessoas apresentem variados 
graus de estenose e insufi ciência mitral. Esta última provoca o fl uxo do san-
gue do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo durante a sístole do ventrí-
culo (CONSOLIM-COLOMBO; SARAIVA; IZAR, 2019).
FISIOTERAPIA EM CARDIOLOGIA E ANGIOLOGIA 47
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Mecanismos da
valva normal
Diástole DiástoleSístole Sístole
Estenoses da
valva mitral
Insuficiência da
valva mitral
Já a estenose mitral se caracteriza pelo estreitamento do orifício da valva 
mitral, obstruindo o fluxo sanguíneo do átrio esquerdo para o ven-
trículo esquerdo. O paciente com este tipo de valvulopatia prova-
velmente apresentará alguns episódios de hiperten-
são venocapilar pulmonar, episódios de embolias 
arteriais, aumento da resistência arteriolar pul-
monar e episódios de taquiarritmias supraven-
triculares (MANN e colaboradores, 2017). A Figura 
1 demonstra os dois tipos de valvulopatia mitral.
Figura 1. Valvulopatia Mitral. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 09/12/2020. 
Vejamos as valvulopatias aórticas. A estenose aórtica (Figura 2) é o estreita-
mento da valva aórtica, o que causa a obstrução do fluxo sanguíneo do ventrículo 
esquerdo para a aorta, parte ascendente, durante a sístole. A prevalência dela cres-
ce a cada ano, provavelmente devido ao aumento da expectativa de vida das pes-
soas e o envelhecimento populacional. A causa mais comum de estenose aórtica é 
a calcificação dessa valva, acometendo, principalmente, os idosos (TARASOUTCHI 
e colaboradores, 2011).
CURIOSIDADE
No Brasil, o prolapso da valva mitral é a segunda causa de insuficiência 
mitral. A evolução dela dependerá da intensidade do prolapso e se apre-
senta, em média, na idade em torno dos 50 anos.
FISIOTERAPIA EM CARDIOLOGIA E ANGIOLOGIA 48
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Estenose aórtica
Defeito na abertura da valva da aorta
Aorta
Valva
aórtica
Ventrículo direito
Ventrículo
esquerdo
Válvula aórtica normal
Estenose da valva aorta
Aberta
Aberta
Fechada
Fechada
Figura 2. Estenose aórtica. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 09/12/2020. 
A insuficiência aórtica causa fluxo reverso do sangue da aorta para o ven-
trículo esquerdo durante a diástole. Ela pode ter origem nas alterações das 
cúspides valvares e/ou também das alterações do ânulo da valva aórtica. 
A valva tricúspide também pode ter insuficiência e estenose. A maioria dos 
casos de insuficiência tricúspide é secundária, também chamada de funcional, 
e ocorre pela progressiva dilatação do anel valvar tricúspide. Nela, ocorre fluxo 
sanguíneo do ventrículo direito para átrio direito durante a sístole (TARASOUT-
CHI e colaboradores, 2011).
Já a estenose tricúspide é uma complicação menos frequente da cardiopa-
tia reumática. É considerada o estreitamento da tricúspide, que obstrui o fluxo 
sanguíneo do átrio direito para o ventrículo direito. Quando presente, está as-
sociada à doença mitral da mesma etiologia (origem). 
A valva pulmonar também pode ter insuficiência, causando fluxo sanguíneo 
da artéria pulmonar para o ventrículo direito durante a diástole. A estenose 
da valva pulmonar é o estreitamento da via de saída pulmonar, o que provoca 
obstrução do fluxo sanguíneo do ventrículo direito para a artéria pulmonar du-
rante a sístole (MANN e colaboradores, 2017). 
A Figura 3 ilustra todas as valvulopatias abordadas.
Átrio 
esquerdo
FISIOTERAPIA EM CARDIOLOGIA E ANGIOLOGIA 49
SER_FISIO_FICA_UNID2.indd 49 09/03/2021 14:00:35
Figura 3. Valvulopatias. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 09/12/2020. 
Doenças do miocárdioVárias doenças podem acometer o miocárdio (o músculo cardíaco), porém, nesta 
unidade, enfocaremos mais nas miocardiopatias dilatada, restritiva e hipertrófi ca 
(MADY; FERNANDES, 1997). 
A miocardiopatia dilatada é a mais comum delas, sendo a segunda causa mais 
prevalente de insufi ciência cardíaca congestiva, a ICC (a primeira é a doença arterial 
das coronárias - DAC). A faixa etária mais afetada está entre 20 e 50 anos (ALBANESI, 
1998). Esse tipo de miocardiopatia se caracteriza pela dilatação das câmaras car-
díacas, em especial, o ventrículo esquerdo, e disfunção sistólica progressiva, com 
redução na fração de ejeção (Figura 4) (MONTERA e colaboradores, 2013).
Figura 4. Miocardiopatia dilatada. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 09/12/2020. 
Ventrículo 
esquerdo Ventrículo 
dilatado
Ventrículo 
direito
Coração normal Miocardiopatia dilatada
Estenose 
aórtica
Estenose 
pulmonar
Estenose 
tricúspide
Estenose 
mitral
Fechada Fechada Fechada FechadaAberta Aberta Aberta Aberta
Valva aórtica 
normal
Valva pulmonar 
normal
Valva tricúspide 
normal
Valva mitral 
normal
Fechada Fechada Fechada FechadaAberta Aberta Aberta Aberta
Valvulopatias
FISIOTERAPIA EM CARDIOLOGIA E ANGIOLOGIA 50
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A causa deste tipo de miocardiopatia também é inespecífica. Em média, 25 a 
35% das pessoas afetadas possuem uma forma genética desta doença, de heran-
ça autossômica dominante. Em geral, 15% dos afetados evidencia uma sequela 
tardia. Entre as causas secundárias, a miocardite dilatada, no Brasil, destaca-se a 
doença de Chagas (MADY; FERNANDES, 1997).
O quadro clínico do paciente irá variar conforme o estágio de evolução da doen-
ça. Durante muito tempo, os pacientes permanecem sem sintomas, ou seja, assinto-
máticos. Porém, vale ressaltar que eles podem relatar dor torácica (ALBANESI, 1998).
Por estar dilatado, há comprometimento da função do ventrículo esquerdo, 
resultando baixo débito cardíaco e congestão pulmonar. Essa última se manifesta 
por ortopneia, dispneia, ausculta pulmonar com crepitantes finos, e dispneia paro-
xística noturna. Sintomas do baixo débito cardíaco incluem fadiga, limitação para 
os esforços, e astenia (MANN e colaboradores, 2017).
A miocardiopatia restritiva é o tipo menos frequentemente, represen-
tando menos de 1% de todos os casos. É caracterizado por uma redução da 
complacência do ventrículo, visto que as paredes desta câmara ficam rígidas. 
O resultado é um deficiente enchimento ventricular durante a diástole, com 
função sistólica normal ou reduzida discretamente. Nessa doença, os ventrícu-
los podem estar diminuídos um pouco, apresentando tamanho normal ou au-
mentado, discretamente. É prevalente o aumento do tamanho do átrio (MADY; 
FERNANDES, 1997).
Assim como na dilatada, é difícil identificar uma causa específica da miocar-
diopatia restritiva. Pode ser por história familiar, amiloidose, hemocromatose, 
sarcoidose, doença de Fabry, eosinofilias, fibrose endomiocárdica, rejeição ao 
transplante cardíaco, dentre outras (ALBANESI, 1998).
Em estágios mais precoces da doença, os pacientes apresentam-se assintomá-
ticos. Com a evolução, ocorrem as manifestações de insuficiência cardíaca conges-
tiva, a ICC (MONTERA e colaboradores, 2013).
O comprometimento da função diastólica determina um aumento das pres-
sões de enchimento no átrio esquerdo e congestão pulmonar (dispneia, ortopneia, 
dispneia paroxística noturna, crepitantes finos na ausculta pulmonar). A sobrecar-
ga do ventrículo direito pode causar falência do mesmo, instalando-se o quadro 
de congestão sistêmica associado ao de congestão pulmonar. O paciente pode ter 
sintomas de baixo débito, como astenia e fadiga (MADY; FERNANDES, 1997).
FISIOTERAPIA EM CARDIOLOGIA E ANGIOLOGIA 51
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Por fim, a miocardiopatia hipertrófica é caracterizada pela hipertrofia con-
cêntrica do miocárdio, principalmente, do ventrículo esquerdo, assim como anor-
mal enchimento diastólico, sem causa definida e identificada (ALBANESI, 1998).
Importante salientar que, em geral, a hipertrofia do ventrículo esquerdo não é 
simétrica, e afeta, principalmente, o septo interventricular. 
Neste tipo, a função sistólica está elevada ou normal, com fração de ejeção que 
pode apresentar altos índices de até 80%. A miocardiopatia hipertrófica é uma das 
causas mais comuns de morte súbita, principalmente nos atletas mais jovens.
Aproximadamente, metade dos casos são familiares, sendo mais frequente o 
padrão de transmissão autossômico dominante, com expressão variável. Os ou-
tros casos são esporádicos. 
Muitos pacientes permanecem assintomáticos, portanto, são identificados em 
avaliações de rotina. Porém, outros podem apresentar sintomas como angina pec-
tóris e dispneia (ALBANESI, 1998).
Como consequência do aumento das pressões, a pressão no átrio esquerdo 
se transmite ao leito venoso pulmonar. Aqui, se instala os sintomas de congestão 
pulmonar, como a dispneia. A angina pectóris é o segundo sintoma mais comum, 
sendo um indício de isquemia miocárdica (MADY; FERNANDES, 1997).
A Figura 5 expõe a diferença estrutural entre os três tipos de miocardiopatia.
Figura 5. Miocardiopatias. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 09/12/2020. 
Normal
Dilatada Restritiva
Hipertrófica
Miocardiopatia
FISIOTERAPIA EM CARDIOLOGIA E ANGIOLOGIA 52
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Pericardites
Pericardite consiste na infl amação do pericárdio (Figura 6). Pode ser cau-
sada por muitos distúrbios (por exemplo, infecção, infarto do miocárdio, trau-
ma, tumores e doenças metabólicas), mas, frequentemente, é idiopática. Os 
sintomas incluem dor ou compressão torácica exacerbada, muitas vezes, por 
respiração profunda. O débito cardíaco pode ser signifi cativamente reduzido 
se houver tamponamento cardíaco ou pericardite constritiva (MANN e colabo-
radores, 2017).
Figura 6. Pericardite. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 09/12/2020.
De forma geral, o diagnóstico da pericardite irá se basear nos sintomas do 
paciente, alterações no eletrocardiograma, além de possível acúmulo de líqui-
do pericárdico localizado pelo ecocardiograma ou radiografi a (CONSOLIM-CO-
LOMBO; SARAIVA; IZAR, 2019). 
O tratamento dependerá da causa, mas, de forma geral, inclui o uso de an-
ti-infl amatórios e analgésicos.
A pericardite pode ser do tipo aguda, subaguda ou crônica. A pericardite 
aguda se desenvolve de forma muito rápida, causando uma reação infl ama-
tória do pericárdio e, em alguns casos, derrame pericárdico. Este tipo pode 
tornar-se subaguda ou crônica. Ela pode ser resultado de doença autoimune, 
Pericárdio
Pericárdio fi broso
Pericardite
FISIOTERAPIA EM CARDIOLOGIA E ANGIOLOGIA 53
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infecção ou infl amação, trauma, uremia, infarto agudo do miocárdio, radiote-
rapia e câncer. A pericardite aguda pode gerar atrito pericárdico, dor torácica e 
dispneia (MANN e colaboradores, 2017).
A pericardite subaguda ocorre durante o período entre semanas a meses 
após a causa, ou seja, o evento desencadeador. Este tipo é uma extensão da 
pericardite aguda, tendo as mesmas causas (MONTERA e colaboradores, 2013).
Já a pericardite crônica é aquela que persiste por mais de seis meses. Pode 
ser causada por tumores metastáticos, mais frequentemente por carcinoma 
de pulmão, carcinoma de mama, melanoma, sarcomal, linfoma ou leucemia 
(MONTERA e colaboradores, 2013).
Revascularização do miocárdio
A cirurgia de revascularização do miocárdio é um procedimento carac-
terizado pela utilização de um segmento de artéria ou veia, com o objetivo de 
desviar sangue da aorta para as artérias coronárias (Figura 7). A maioria dos 
procedimentos utilizada é realizada com circulação extracorpórea. 
DICA
A revascularização do miocárdio é indicada para pacientes com vários 
estreitamentos, muito comum em idosos e diabéticos, bem como empacientes com obstrução no tronco da artéria coronária esquerda. 
Figura 7. Revascularização do miocárdio. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 09/12/2020.
Bloqueio
Revascularização 
feita utilizando 
veia safena
Revascularização 
feita utilizando 
artéria mamária
FISIOTERAPIA EM CARDIOLOGIA E ANGIOLOGIA 54
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Figura 8. Doença arterial das coronárias. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 09/12/2020.
Primeiramente, é realizado um cateterismo cardíaco para visualizar a ex-
tensão da doença coronariana. Depois, a equipe médica discute para defi nir a 
melhor forma de tratamento. 
O paciente que passará pela revascularização será avaliado pelo clínico do 
hospital, pelo anestesista, e até mesmo pelo psicólogo, antes de realizar o pro-
cedimento. Ele permanecerá internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) 
no pós-operatório imediato, tendo alta para o quarto (enfermaria), conforme a 
sua evolução clínica. Geralmente, a alta hospitalar ocorre em cinco dias após o 
ato cirúrgico (CONSOLIM-COLOMBO; SARAIVA; IZAR, 2019). 
Doença arterial coronariana: fisiopatologia do processo 
aterosclerótico
A doença arterial coronariana (DAC) é a primeira causa de óbito, principal-
mente, em países desenvolvidos. Abordaremos, a seguir, a fi siopatologia, qua-
dro clínico e tratamentos da doença.
Defi nição e etiologia
A DAC é resultado da obstrução das artérias coronárias, ou seja, a ateros-
clerose nas artérias coronárias (Figura 8). Essa obstrução pode gerar isquemia 
miocárdica, que ocorre durante um episódio de angina e é temporária.
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Os fatores de risco para DAC incluem: sedentarismo, obesidade, diabetes tipo 
2, hipertensão arterial sistêmica, tabagismo, dislipidemias, hipercolesterolemia, 
histórico familiar e alimentação rica em calorias (MANN e colaboradores, 2017).
Fisiopatologia
Geralmente, a distribuição da aterosclerose nas artérias coronárias é bas-
tante irregular nos diferentes vasos, mas tipicamente ocorre em pontos de 
turbulência, como nas bifurcações dos vasos. À medida que cresce a placa de 
ateroma, o lúmen arterial progressivamente se obstrui, o que irá acarretar a 
isquemia e os sinais característicos. 
Pode acontecer de a placa de ateroma romper ou sofrer cisão. As razões 
deste fato são desconhecidas, mas possuem relação com a morfologia (ana-
tomia) da placa, ao processo inflamátorio que amolece a placa, e ao teor de 
cálcio na placa. Essa ruptura irá expor colágeno e outro material trombogêni-
co, ativando plaquetas e a cascata de coagulação, o que resulta em trombose 
aguda e interrupção do fluxo sanguíneo coronariano, causando a isquemia do 
miocárdio (CONSOLIM-COLOMBO; SARAIVA; IZAR, 2019).
Quadro clínico
A angina é um dos principais sintomas. Vale lembrar que a dor no peito 
pode ser indicativo de outros problemas, e não necessariamente cardíaco. A 
dor no peito, secundária à isquemia miocárdica, se manifesta, geralmente, com 
dor em aperto, opressão, queimação ou peso localizado na região subesternal. 
Porém, a dor pode se localizar em outras porções do tórax, como no meio ou 
do lado esquerdo, e também nos braços, ombros, mandíbula, pescoço, nas cos-
tas e dentes (MANN e colaboradores, 2017). 
Tratamento medicamentoso e não medicamentoso
O tratamento da DAC é medicamentoso e não medicamentoso. Os medi-
camentos são utilizados para reduzir a possibilidade de isquemia miocárdica. 
Para isso, eles geram vasodilatação, aumentando o fluxo de sangue ao coração 
e reduzindo o trabalho cardíaco.
Dentre os medicamentos utilizados, destaca-se a aspirina, que é utilizada, 
geralmente, em doses baixas, diminuindo a possibilidade de formar coágulos 
na circulação coronária (CONSOLIM-COLOMBO; SARAIVA; IZAR, 2019). Medica-
mentos à base de nitroglicerina e os bloqueadores de cálcio são vasodilatado-
res coronarianos. Já os betabloqueadores diminuem o trabalho do coração.
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Como tratamento não medicamentoso, há a cirurgia e as mudanças de 
comportamento. A angiolplastia é a cirurgia realizada por meio da introdução 
de um cateter especial em uma artéria da perna ou do braço, que dilata a obs-
trução coronária. Esse cateter possui, na ponta, um balão que, quando insufl a-
do, pressiona a placa de aterosclerose (MANN e colaboradores, 2017).
O stent (Figura 9) é um dispositivo metálico implantado no local da obstru-
ção coronária, promovendo a desobstrução da artéria e diminuindo a possibi-
lidade de um problema recorrente. A revascularização do miocárdio também 
pode ser feita em casos de DAC mais graves, como já vimos. 
Figura 9. Stent. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 09/12/2020.
 Intervenção fisioterapêutica durante o pré e pós-operatório 
de cirurgias cardíacas e suas complicações
Nos últimos anos, tem aumentado o número de pessoas com doenças car-
diovasculares que necessitam de abordagem cirúrgica. Em adultos e idosos, 
as indicações mais comuns de cirurgia cardíaca são as das artérias coronárias 
e das doenças valvares. Porém, a insufi ciência cardíaca e as doenças da aorta, 
em estágio fi nal, também são frequentes causas de tratamento ci-
rúrgico (CONSOLIM-COLOMBO; SARAIVA; IZAR, 2019).
Os pacientes que são submetidos à cirurgia dos gran-
des vasos torácicos e do coração diferem uns dos ou-
tros, visto que a natureza e a gravidade das lesões 
cardíacas que apresentam, também diferem entre si 
(MANN e colaboradores, 2017).
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Alguns fatores podem predispor às complicações respiratórias 
no pós-operatório, mas que podem ser minimizadas caso seja fei-
ta uma avaliação adequada em manejo pré-operatório, 
incluindo o profisisonal da fisioterapia respiratória, os 
medicamentos broncodilatadores e antibióticos, o 
tratamento da insuficiência cardíaca e a interrupção 
do fumo (CONSOLIM-COLOMBO; SARAIVA; IZAR, 2019).
O objetivo da avaliação pré-operatória de cirurgia cardíaca é verificar o 
estado clínico do paciente, para gerar informações sobre o manuseio, avalia-
ção e o risco de intercorrências nos períodos pré e pós-operatório e que irão 
definir o risco cirúrgico do paciente.
DICA
Algumas cirurgias e a anestesia podem predispor alterações nos volumes 
pulmonares, na mecânica respiratória e nas trocas gasosas. Sendo uma 
cirurgia de grande porte, a cirurgia cardiotorácica pode levar a várias 
complicações, como as respiratórias, demandando, portanto, cuidados 
intensivos, e de suporte ventilatório por um tempo prolongado. Portanto, a 
avaliação pré-cirúrgica é muito importante.
Diversos fatores podem influenciar o desfecho do procedimento cirúrgico: 
• Tipo de cirurgia;
• Estado clínico do paciente;
• Anestesia;
• Grau de estabilização;
• Idade do paciente;
• Autonomia do paciente;
• Índice de massa corporal (IMC) do paciente;
• Escore de avaliação pré-operatória;
• Comorbidades do paciente;
• Local e duração da cirurgia;
• Grau de invasão cirúrgica;
• Dor no pós-operatório;
• Risco de complicação;
• Balanço hídrico.
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Intervenção fisioterapêutica pré-operatório de cirurgia 
cardíaca
O pré-operatório de qualquer cirúrgia vem acompanhdo de medo, ansieda-
de, receio, frustração a até mesmo sensação de impotência frente ao futuro, 
por parte do paciente. Para, ao menos, diminuir estes sentimentos, a educação 
do paciente pelos profi ssionais da saúde, inclusive o fi sioterapeuta, se faz mui-
to importante. Toda e qualquer informação deve ser passada claramente e, se 
preciso, aos familiares (NEGRÃO; BARRETTO; RONDON, 2010).
Por exemplo, a educação e a orientação do paciente objetivam diminuir a 
dor, o tempo de permanência na UTI e a ansiedade. A educaçãoe a orientação 
geram maior sensação de autocontrole do paciente em relação à sua saúde, 
tornando-o mais participativo do seu próprio processo de recuperação (MANN 
e colaboradores, 2017).
Podemos considerar como objetivo da fi sioterapia pré-operatória diminuir 
as morbidades e desconfortos do pós-operatório e reduzir o tempo de inter-
nação (UMEDA, 2013). Mas qual o papel do fi sioterapeuta neste período? Ele 
deverá avaliar e orientar os pacientes sobre os procedimentos que serão rea-
lizados. Após avaliar, o fi sioterapeuta escolherá as condutas mais adequadas 
para o atendimento no momento. 
Identifi car fatores de risco permitirá escolher melhor as medidas de pre-
venção que possam reduzir a incidência de algumas complicações (CONSOLIM-
-COLOMBO; SARAIVA; IZAR, 2019).
No ambulatório/enfermaria deve-se abrir uma fi cha de avaliação que con-
tenha os dados pessoais do paciente, assim como dados do diagnóstico, ante-
cedentes cardíacos, tipo de cirurgia, avaliação da função pulmonar e cirurgias 
prévias (NEGRÃO; BARRETTO; RONDON, 2010). Devem ser analisadas as medi-
das ventilatórias como: espirometria (Figura 10), pressão expirató-
ria máxima (PEmáx), pressão inspiratória máxima (PImáx), 
gasometrial arterial e peak fl ow. O fi sioterapeuta pode, 
também, analisar radiografi as em perfi l e em incidên-
cia póstero-anterior, eletrocardiograma, hemogra-
ma completo e demais exames laboratoriais (MANN 
e colaboradores, 2017).
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Figura 10. Espirometria. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 10/12/2020.
De forma geral, a fisioterapia respiratória será utilizada na prevenção e no 
tratamento de possíveis complicações do pós-operatório, por exemplo: 
• Atelectasias;
• Retenção de secreção;
• Pneumonias;
• Fraqueza muscular respiratória;
• Diminuição da função respiratória.
A frequência e a duração da fisioterapia são bem variadas, e dependerão de 
cada caso e de paciente (MANN e colaboradores, 2017). 
A cinesioterapia respiratória será realizada por meio de exercícios respira-
tórios, com o objetivo de aumentar os volumes e capacidades do pulmão e 
melhorar a reexpansão pulmonar (NEGRÃO; BARRETTO; RONDON, 2010). Não 
há um protocolo específico a ser seguido em relação à intensidade e ao volume 
dos exercícios. 
Vejamos alguns exemplos de exercícios que podem ser aplicados no perío-
do pré-operatório de cirurgia cardíaca:
• Exercícios de respiração diafragmática: aqui, o paciente será orientado 
a inspirar pelo nariz de forma profunda, expandindo o tórax e afastando as 
costelas. Ele deverá expirar pela boca, aproximando as costelas;
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• Inspiração em tempos: solicite ao paciente que inspire pelo nariz de for-
ma curta e suave, mas que a interrompa por períodos curtos de apneia pós-ins-
piração, programada repetidamente para dois, três, quatro ou seis tempos. Em 
seguida, o paciente deverá expirar pela boca, suavemente;
• Inspiração sustentada: solicite ao paciente que ele inspire pelo nariz de 
forma uniforme e suave, até atingir a máxima capacidade inspiratória dele. 
Após isto, ele deverá fazer um período de apneia, entre 3 e 10 segundos. A 
expiração deve ser feita pela boca, de forma lenta, sem esforço e contínua, até 
que ele atinja o volume de máximo de reserva expiratório; 
• Técnica dos soluços inspiratórios: solicite ao paciente que subdivida a 
inspiração pelo nariz de forma sucessiva e curta, até que ele complete a capa-
cidade inspiratória máxima. Neste caso, podem ser associadas a exercícios de 
membros superiores, melhorando, assim, a expansão e mobilidade da caixa 
torácica do paciente.
No período pré-operatório também podem ser utilizados incentivadores 
respiratórios. Eles fornecem ao paciente um feedback visual, com o objetivo de 
promover a reexpansão pulmonar ou desobstrução (UMEDA, 2013). Considere-
mos os mais utilizados: 
• Respiron: é um inspirômetro de incentivo a fluxo. Ele objetiva melhorar 
o condicionamento respiratório do paciente antes da cirurgia. O paciente irá 
inspirar de forma que as três esferas do aparelho subam, aproximadamente de 
5 a 10 segundos. Podem ser feitas várias séries e repetições (Figura 11);
Figura 11. Respiron. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 10/12/2020.
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• Voldyne: é um inspirômetro de incentivo a volume. O uso dele objetiva atingir 
a capacidade inspiratória máxima do paciente ou um nível pré-estabelecido pelo 
profissional. Também podem ser realizadas várias séries e repetições;
• Shaker ou flutter: estes equipamentos promovem a desobstrução brônquica. A 
utilização deles favorece uma variação no fluxo expiratório que irá deslocar secreções 
brônquicas e estimular o reflexo de tosse. Solicite ao paciente que realize uma inspira-
ção bem profunda pelo nariz. Em seguida, ele deverá expirar no equipamento por três 
a cinco segundos, aproximadamente. Podem ser realizadas várias séries e repetições. 
É importante, após as consecutivas expirações no Flutter, associar o uso da técnica de 
Huffing e a tosse, permitindo uma eficácia para expulsar o muco brônquico.
Outras técnicas também podem ser realizadas. São elas:
• Tosse: solicite ao paciente que inspire profundamente, feche a glote e contraia 
o abdôme, aumentando a pressão subglótica, o que fará ele expelir as secreções. 
Pode ser realizada após o uso do Flutter. A quantidade de séries e repetições irão 
depender do estado de hipersecreção brônquica do paciente;
• Huffing: essa técnica é utilizada com a glote do paciente aberta. Solicite ao 
paciente que expire forçadamente. É bastante indicada para pacientes que apresen-
tam tosse ineficaz. Você pode associar essa técnica com a tosse e/ou após o uso de 
aparelhos indicados para desobstrução brônquica (como o Flutter e Shaker);
• Inalação: pode ser associada a medicações prescritas pelo médico, junto 
ao tratamento fisioterápico (Figura 12).
Figura 12. Inalação. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 11/12/2020.
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Já na UTI, além das técnicas já citadas, o fi sioterapeuta irá colaborar com os 
demais membros da equipe na adequação do posicionamento do paciente no 
leito (NEGRÃO; BARRETTO; RONDON, 2010; UMEDA, 2013).
Aqui, a avaliação fi sioterapêutica inclui também hemodinâmca, nível de 
consciência, sinais vitais, ausculta pulmonar, inspeção da expan-
sibilidade da caixa torácica, necessidade ou não de oxigenote-
rapia, análise da radiografi a de tórax, medida da 
saturação periférica de oxigênio (SpO2), inter-
pretação da gasometria arterial. É promovida, 
ainda, uma discussão com a equipe médica 
sobre a indicação de fi sioterapia. Geralmen-
te, a fi sioterapia motora não será realizada 
(CONSOLIM-COLOMBO; SARAIVA; IZAR, 2019).
Intervenção fisioterapêutica pós-operatório de cirurgia 
cardíaca
Recomenda-se, também, a fisioterapia no pós-operatório de cirurgia 
cardíaca. Mobilizar precocemente o paciente contribuirá significativamen-
te para a sua recuperação, uma vez que pacientes que ficam imóveis na 
UTI possuem mais prejuízos do que aqueles que se movimentam (MANN e 
colaboradores, 2017). 
O correto é que a fi sioterapia no pós-operatório ocorra menos de 12 ho-
ras após o procedimento cirúrgico para os pacientes. Porém, o tipo de inter-
venção muda de acordo com cada caso. Em alguns pacientes, a fi sioterapia 
é realizada de forma passiva (NEGRÃO; BARRETTO; RONDON, 2010). A fi sio-
terapia motora passiva é aplicada em pacientes sedados. Já a fi sioterapia 
motora ativa é realizada em pacientes acordados. 
Portanto, a fi sioterapia no pós-operatório objetiva:
• Prevenir complicações circulatórias como a trombose venosa;
• Manter a integridade dasarticulações;
• Evitar pneumonias e demais problemas respiratórios;
• Manter a força e a massa muscular;
• Evitar demais complicações cardíacas.
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Os pacientes que não são estimulados a modificar o volume da corrente pul-
monar podem acumular secreção. Portanto, é muito importante o estímulo da 
tosse. Muitos pacientes a evitam por medo (CONSOLIM-COLOMBO; SARAIVA; 
IZAR, 2019). Da mesma maneira ocorre a respiração, que, também por conta do 
medo, realizam de modo superficial. O fisioterapeuta auxiliará na respiração após 
a cirurgia cardíaca, garantindo mais segurança ao paciente (NEGRÃO; BARRETTO; 
RONDON, 2010).
Com o movimento corporal (seja passivo ou, principalmente, ativo), o paciente 
costuma ficar mais rapidamente lúcido. Ele toma consciência do corpo e colabora 
mais com a equipe interdisciplinar, que está responsável pelos seus cuidados no 
pós-operatório (MANN e colaboradores, 2017).
A realização de fisioterapia no pós-operatório de cirurgia cardíaca, duas vezes 
por semana, no mínimo, é o ideal. Cada sessão dura, em média, de 15 minutos até 
uma hora. No segundo dia de cirurgia, muitos pacientes conseguem sair da cama, 
sentar em uma cadeira e até caminhar pela UTI. Conforme os dias pós-cirurgia vão 
passando, o profissional poderá, também, aumentar a intensidade dos exercícios 
(NEGRÃO; BARRETTO; RONDON, 2010; UMEDA, 2013).
Já no quarto do ambulatório/enfermaria, exige-se mais exercícios respiratórios 
(como visto no período pré-operatório), além de caminhadas pelo hospital. Obvia-
mente, tudo dependerá de cada caso. Se necessário, as caminhadas podem ser fei-
tas com a utilização de um acessório (CONSOLIM-COLOMBO; SARAIVA; IZAR, 2019).
Cinco ou seis dias de pós-operatório de cirurgia cardíaca, as caminhadas no 
corredor do hospital podem incluir a subida e descida de escadas. Recomenda-se 
que que todos os pacientes subam um ou dois lances de escadas antes de terem 
alta hospitalar. Isso ajudará a manter o condicionamento físico e retirar o medo e 
preocupações relacionados à operação (MANN e colaboradores, 2017).
O principal objetivo da fisioterapia no pós-operatório de cirurgia cardíaca é 
preparar os pacientes para a alta hospitalar e a volta para casa. Em casa, os exer-
cícios devem continuar, de preferência, com acompanhamento do profissional. O 
ideal é que o paciente realize caminhadas diárias, de 15 a 20 minutos de duração, 
em terreno plano. E quanto menos tempo o paciente ficar na cama (leito), me-
lhor para sua saúde física e psicológica. Aos poucos, o paciente precisa se sentir 
totalmente independendente e autônomo (UMEDA, 2013; CONSOLIM-COLOMBO; 
SARAIVA; IZAR, 2019).
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Sintetizando
Abordamos, nessa unidade, algumas doenças cardiovasculares muito co-
muns, principalmente as prevalentes em âmbito hospitalar. Dentre elas, es-
tudamos sobre as valvulopatias, que se caracterizam doenças que afetam as 
válvulas cardíacas, e isto impede a sua adequada abertura e/ou fechamento. 
As valvulopatias estudadas foram a aórtica, mitral, tricúspide e pulmonar, e, 
como vimos, se manifestam diferentemente entre os pacientes.
As miocardiopatias dilatada, restritiva e hipertrófica se caracterizam por 
doenças que afetam o miocárdio, o músculo cardíaco. De forma geral, a mio-
cardiopatia provoca alterações no miocárdio, impedindo-o, parcial ou total-
mente, de funcionar corretamente, podendo causar a insuficiência cardíaca.
Já a pericardite, também estudada nesta unidade, consiste na inflamação 
do pericárdio. Ela pode ser causada por muitos distúrbios, mas geralmente é 
idiopática. Os sintomas incluem dor ou compressão torácica exacerbada, mui-
tas vezes, por respiração profunda. 
Vimos, também, sobre a revascularização do miocárdio, que é um procedi-
mento caracterizado pela utilização de um segmento de artéria ou veia com o 
objetivo de desviar sangue da aorta para as artérias coronárias. Geralmente, 
os pacientes realizam este tipo de cirurgia nos casos de interrupção total, ou 
quase total, de uma artéria.
Outra doença estudada é a arterial das coronárias, sendo resultado da obs-
trução das artérias coronárias, ou seja, a aterosclerose nas artérias coronárias, 
que pode gerar o infarto agudo do miocárdio.
Por fim, abordamos o papel da fisioterapia no pré e pós-operatório de ci-
rurgia cardíaca. O fisioterapeuta deve, de forma geral, prevenir complicações 
e melhorar a qualidade de vida do paciente que será ou foi submetido a uma 
cirurgia cardíaca.
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REABILITAÇÃO E 
INSUFICIÊNCIA 
CARDÍACA, 
HIPERTENSÃO 
ARTERIAL E INFARTO 
DO MIOCÁRDIO
3
UNIDADE
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Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Compreender a prescrição do exercício físico e a reabilitação cardíaca;
 Estudar os aspectos clínicos e a fisioterapia na hipertensão arterial sistêmica;
 Conhecer os aspectos clínicos e a fisioterapia no infarto agudo do miocárdio;
 Ver os aspectos clínicos e a fisioterapia em pacientes com insuficiência cardíaca.
 Prescrição de exercícios e fases 
da reabilitação cardíaca
 Hipertensão arterial sistêmica
 Intervenção terapêutica não 
medicamentosa na HAS
 Infarto agudo do miocárdio
 Intervenção terapêutica não 
medicamentosa
 Insuficiência cardíaca
 Intervenção terapêutica não 
medicamentosa
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Prescrição de exercícios e fases da reabilitação cardíaca
Os indivíduos cardiopatas necessitam de um tratamento totalmente inter 
e multidisciplinar, medicamentoso e não medicamentoso. No não medicamen-
toso, o fi sioterapeuta se destaca por meio da prescrição do exercício físico, 
exemplifi cado na Figura 1.
Figura 1. Fisioterapia em tratamento cardíaco. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 12/02/2021.
Conforme Consolim-Colombo, Saraiva e Izar expuseram no livro Tratado de 
cardiologia Socesp, publicado em 2019, é possível listar os benefícios do exercí-
cio físico para o cardiopata:
• Aumento ou manutenção do consumo máximo de oxigênio e consequentemelhor capacidade de realizar atividades diárias;
• Aumento do número de mitocôndrias, substratos metabólicos, enzimas 
oxidativas e neoformação de capilares, o que aumenta a função dos músculos 
estriados esqueléticos durante o exercício;
• Aumento e melhora do transporte e extração de oxigênio;
• Diminuição do consumo de oxigênio do miocárdio;
• Redução do duplo produto;
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• Melhora da função ventricular esquerda;
• Diminuição da frequência cardíaca (FC) em repouso;
• Menor elevação da pressão arterial (PA) e da FC em esforços submáximos;
• Aumento do limiar de aparecimento da angina pectoris;
• Redução da diminuição do segmento ST no eletrocardiograma durante o 
trabalho submáximo;
• Diminuição da ansiedade e depressão;
• Redução do peso corporal;
• Redução na frequência e gravidade de reinfarto agudo do miocárdio;
• Aumento da autoconfiança e da sensação de bem-estar;
• Diminuição da quantidade de medicamentos utilizados.
Entretanto, o grau de melhora dos pacientes com Doença Arterial das Co-
ronárias (DAC), vista na Figura 2, depende da gravidade e da quantidade de 
aterosclerose nas coronárias, da extensão do envolvimento do miocárdio, da 
participação regular e eficaz no programa de reabilitação cardíaca, da quanti-
dade de fatores modificáveis de risco coronariano, da relação do fisioterapeuta 
com o paciente, e do paciente com os familiares durante o programa, sem falar 
da prescrição e uso correto dos medicamentos, o que ressaltado por Mann, em 
Braunwald - tratado de doenças cardiovasculares, de 2017.
Figura 2. Doença Arterial das Coronárias. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 12/02/2021.
FISIOTERAPIA EM CARDIOLOGIA E ANGIOLOGIA 70
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É muito importante estratificar o risco desse paciente para poder determinar a 
intensidade de exercício e, para tanto, são realizados testes funcionais. Os exercícios 
físicos podem ser classificados em dois grandes grupos: aeróbios e de força muscu-
lar. Nos aeróbios, prevalecem formas isotônicas ou dinâmicas de exercício, como na 
Figura 3, que proporcionam diversos benefícios para o paciente com doença arterial 
coronariana e também na prevenção dos fatores de risco da DAC, conforme publica-
do por Negrão e Barretto em Cardiologia do exercício – do atleta ao cardiopata, de 2010.
Figura 3. Exercício aeróbio – esteira ergométrica. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 12/02/2021.
Figura 4. Exercício de força muscular. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 12/02/2021.
Antes dos anos 1990, o treinamento de força, presente na Figura 4, não era 
contemplado em diretrizes internacionais. Porém, segundo Mann, nas últimas 
décadas, esse tipo de treinamento passou a ser considerado um excelente méto-
do para inclusão na prevenção primária e secundária de cardiopatias.
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Neste tipo de exercício, as contrações isométricas são mais utilizadas, con-
tudo, o condicionamento físico e as atividades diárias quase nunca são isomé-
tricas, com a maior parte envolvendo um componente mais isotônico, ou seja, 
dinâmico – demonstrado na Figura 5. Diante disso, é fundamental trabalhar 
ambos os tipos de contrações musculares com os pacientes.
Figura 5. Tipos de contrações musculares. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 12/02/2021.
Contração
concêntrica 
Contração
excêntrica
Contração isométrica 
Sem movimento 
Movimento 
O músculo contrai, mas não
há movimento articular 
Ao iniciar uma contração isométrica, a PA do paciente sobe de forma brus-
ca, visto que a contração tende a limitar o fluxo de sangue arterial, a fim de 
manter a pressão de perfusão para a musculatura que está em atividade no 
momento. Tal elevação ocorre na pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica 
(PAD), o que resulta em menor pré-carga e maior pós-carga devido a diminui-
ção do retorno venoso. 
Segundo Consolim-Colombo, Saraiva e Izar, durante o exercício de força 
muscular, maiores valores de PA e FC são obtidos nas últimas repetições de 
séries realizadas até a falha (fadiga), o que tem sido contraindicado para hiper-
tensos. Os maiores aumentos agudos de PA associados ao exercício de força 
acarretam na elevação crônica da PA. Todavia, conforme Negrão e Barretto, o 
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exercício resistido dinâmico, isotônico, parece não elevar a resistência vascular 
dos pacientes cardiopatas, podendo proporcionar reduções discretas na PA, ao 
contrário do exercício isométrico.
De forma geral, em consonância com o descrito por Mann, o exercício de 
força, realizado de forma exclusiva ou combinado aos exercícios aeróbios, me-
lhora a função endotelial, aumenta o fluxo sanguíneo periférico, minimiza a 
limitação funcional, e diminui a PA ao longo do tempo, além de aumentar a 
capacidade dos pacientes ao realizar as atividades de vida diária, incrementar a 
tolerância ao exercício aeróbio submáximo, suprimir a queda de força e massa 
muscular relacionada à idade, bem como atenuar as respostas cardiovascula-
res ao esforço.
A reabilitação cardíaca
Umeda, no livro Manual de fisioterapia na reabilitação cardiovascular, de 2013, 
destaca que a reabilitação cardíaca pode ser dividida em três fases: a fase I é 
considerada a fase aguda, porque é o período em que o paciente está em in-
ternação hospitalar; a fase II vai da alta do paciente do hospital a dois ou três 
meses após o evento coronariano; e a fase fase III ocorre a partir do terceiro 
mês do evento, visando à manutenção da saúde e funcionalidade do paciente. 
Os objetivos da reabilitação precoce do paciente cardiopata são:
• Diminuir os efeitos negativos da imobilização prolongada no leito;
• Avaliar as possíveis respostas clínicas ao aumento progressivo do esforço físico;
• Promover a manutenção do estado emocional do paciente;
• Reduzir o tempo de internação hospitalar do paciente.
A seguir, estão detalhadas as fases da reabilitação cardíaca:
Fase I
Ela se inicia de 12 a 24 horas após o infarto agudo do miocárdio (IAM), sem 
complicação e de acordo com a tolerância do paciente. Dentre as complicações, 
estão arritmias complexas, insuficiência cardíaca (IC), instabilidade pressórica, 
processo infeccioso ou inflamatório em atividade, embolias pulmonar e/ou sis-
têmica, e aneurismas ventriculares.
Durante a permanência do paciente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), 
ficam restringidos exercícios de intensidade leve, exercícios respiratórios, e exer-
cícios passivos e ativos livres de membros inferiores e superiores. Exercícios 
isométricos também são contraindicados nessa fase. Cianose, dispneia, fadiga, 
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náuseas, palidez e aumento da FC acima de 20 bpm em relação à FC de repouso 
são sinais de intolerância ao esforço e podem implicar na interrupção da sessão.
Para progredir na intensidade do exercício, são obedecidos alguns critérios: 
adequada resposta da FC e da PA, manutenção da estabilidade clínica, boa dis-
posição do paciente, execução ou não de terapia invasiva e adequada resposta 
ao tratamento medicamentoso proposto. Exercícios de alongamento são pres-
critos, mas de modo a evitar que o paciente realize manobra de Valsalva (ap-
neia), com aumento da PA. Caso sejam feitas, não podem ser superiores a 15 
segundos e respeitando a tolerância do paciente.
Fase II
De acordo com Negrão e Barretto, a fase II da reabilitação cardíaca é iniciada 
por volta da terceira semana após o IAM e dura oito semanas. A intensidade do 
exercício físico é determinada pela FC equivalente ao VO2 máximo obtido ou a FC 
alcançada no ponto do limiar de anaerobiose durante o teste ergoespirométrico, 
que pode ser realizado na primeira semana apósalta hospitalar, conforme Mann.
Figura 6. Teste Ergométrico. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 12/02/2021.
Em geral, como relatado por Umeda, Consolim-Colombo, Saraiva e Izar, a FC 
de trabalho é estipulada como 10 bpm abaixo da FC do momento no qual teve 
início a anormalidade. Uma outra maneira de estipular a FC de treinamento é 
pela fórmula de Tanaka (208 - (0,7 x idade).
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DICA
Se o paciente fizer uso de betabloqueador, a fim de evitar quaisquer erros na 
aferição, a FC deve ser corrigida de acordo com a dosagem da medicação.
DICA
Precordialgia, arritmias ventriculares e queda da PAS a níveis superiores de 
15 mmHg são utilizados para interrupção do exercício. 
A duração da sessão deve ser entre 45 e 60 min, com frequência de três 
vezes por semana. Em conformidade com os apontamentos de Umeda, Ne-
grão, Barreto, Consolim-Colombo, Saraiva e Izar, o programa deve ser divi-
dido em três fases:
• Aquecimento de cinco a 15 minutos, em que pode ser realizada caminha-
da, ciclismo indoor, exercícios de baixa intensidade localizados, exercícios de 
flexibilidade e para pequenos grupos musculares;
• Condicionamento físico, com duração de 20 a 30 minutos, por meio de 
exercícios de grandes grupos musculares, caminhada, corridas ou bicicleta es-
tacionária, além de exercícios de força muscular em geral;
• Desaquecimento (volta à calma), com duração de cinco a 10 minutos, com 
exercícios de alongamento e caminhadas leves com o objetivo de retornar às 
condições fisiológicas de repouso.
Como sempre, a programação do exercício deve ser individualizada. A pro-
gressão da intensidade é feita analisando-se as respostas da FC, PA e a sinto-
matologia do paciente. Um novo teste ergoespirométrico é o melhor e mais 
seguro parâmetro para incremento de intensidade. Exercícios de força muscu-
lar de moderada intensidade podem estar associados ao treinamento aeróbio, 
promovendo ganhos de força e resistência muscular.
Fase III
É uma fase de manutenção e recuperação, iniciada cerca de 12 semanas 
após a alta hospitalar para pacientes submetidos à cirurgia de revascularização 
do miocárdio, acometidos por um episódio agudo de IAM, que se submeteram 
a um procedimento hemodinâmico, ou para os que apresentam fatores de ris-
co para a doença coronária. Nesta fase, a fisioterapia intervém de forma pre-
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ventiva e curativa, por meio de programas de treinamento físico ambulatoriais 
e comunitários, com supervisão continuada de acordo com Consolim-Colom-
bo, Saraiva e Izar.
Os objetivos nessa fase incluem: promover adaptações no sistema cardio-
vascular para que os pacientes retornem o quanto antes às atividades da vida 
diária, sejam elas ocupacionais, esportivas, domésticas, e de lazer. Alguns cui-
dados a serem tomados nesta fase são:
• Evitar exercícios físicos em temperaturas abaixo de 15 ºC e acima de 30 ºC;
• Evitar exercícios físicos em umidade relativa do ar abaixo de 20 e acima de 60%;
• Evitar banho muito quente ou frio após os exercícios físicos;
• Evitar exercícios logo após as refeições. O ideal é após 1h30min;
• Evitar que o paciente faça manobra de Valsalva;
• Evitar que o paciente fique de cócoras por período de tempo prolongado;
• Realizar aquecimento e desaquecimento por período adequado;
• Usar vestimentas leves que permitam a troca de calor.
Assim como na fase I e II, o programa de tratamento considera a frequência, 
intensidade, progressão, duração, e tipo de exercício, de acordo com a classi-
ficação funcional do paciente obtida pelos sinais e sintomas, pela análise das 
respostas cardiovasculares, e das alterações eletromiográficas nos testes de 
esforço físico clínico e do limiar de anaerobiose.
Em geral, o exercício é aeróbio, envolvendo grandes grupos musculares e 
com menor componente isométrico, dada a sobrecarga pressórica causada 
pelo exercício. Para pacientes com necessidade de melhora de tônus e força 
muscular e que não tenham PAS descontrolada, os isométricos podem ser 
prescritos, de acordo com Umeda.
São aconselhados exercícios com intensidade entre 60-85% da FC máxima 
atingida no teste de esforço, o que corresponde de 50 a 78% do VO2 máximo. 
Em alguns casos, é possível definir a intensidade por meio da escala subjetiva de 
esforço de Borg de 0 a 10, sendo que o valor 3 equivale a um exercício moderado 
e relaciona-se à fase metabólica de predomínio aeróbio. Um valor de 5 na escala 
representa um predomínio de trabalho anaeróbio que conduz à fadiga muscular.
As sessões devem durar, em média, uma hora, sendo realizadas três ve-
zes na semana, em dias alternados, se possível. Como na fase II, o programa 
de treinamento envolve três etapas: aquecimento, parte principal (condicio-
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namento físico) e desaquecimento (volta à calma). É bom aferir a FC e a PA do 
paciente antes de cada sessão de atendimento, registrando as respostas das 
medidas junto aos sintomas durante as sessões.
O paciente deve ser submetido a reavaliações periódicas a cada três meses, 
em que conste exame físico, postural e teste de esforço submáximo. 
Durante a sessão de treinamento, sempre que o paciente demons-
trar algum sintoma ou sinal indesejado, é importante 
monitorá-lo e, dependendo da condição, como um 
quadro hipertensivo agudo ou alterações eletro-
cardiográfi cas signifi cativas, o programa deve ser 
interrompido e o paciente encaminhado ao médi-
co, de acordo com Umeda.
Hipertensão arterial sistêmica
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é especifi cada como o aumento da 
pressão exercida sob as paredes das artérias, acima dos limites de normalida-
de para a idade do paciente e dando margem a várias outras cardiovasculares. 
No Brasil, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte, sendo 
que muitas dessas doenças estão associadas com a HA, conforme Consolim-
-Colombo, Saraiva e Izar.
Defi nição, fi siopatologia e prevenção primária da HAS
De acordo com Mann, a HAS possui etiologia multifatorial e se caracteriza 
por níveis elevados e sustentados da PA iguais ou maiores que 140 x 90 mmHg. 
É associada a alterações funcionais ou também estruturais de órgãos alvos, 
como coração, encéfalo, vasos sanguíneos e rins. Na HAS, se dão alterações 
metabólicas e aumento do risco de eventos cardiovasculares, fatais e não fa-
tais. A HAS também está ligada à maior incidência de todas as demais causas de 
mortalidade por doenças cardiovasculares, como o acidente vascular cerebral 
(AVC), IC, doenças coronárias, insufi ciência renal e doença arterial periférica.
Segundo Negrão e Barretto, na maioria dos casos, o paciente com HAS não 
apresenta sinal nem sintoma, fazendo com que a doença seja considerada as-
sintomática e, por isso, muitas vezes as pessoas não são diagnosticadas da 
maneira correta. No entanto, alguns pacientes podem ter um ou mais dos se-
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guintes sintomas: tontura, cefaleia, arritmia, hemorragias nasais, visão turva e 
fadiga. Considerando os valores de PA ≥ 140/90 mmHg como HAS, a prevalên-
cia é, em média, de 50% entre indivíduos de 60 a 69 anos e 75% acima de 70 
anos. Logo, é uma doença cujo risco aumenta com a idade. A prevalência de 
HAS é em torno de 35,8% nos homens e de 30% em mulheres. 
A HAS é classificada como primária ou secundária. A primária, também, co-
nhecida como hipertensão “essencial”, não possui uma causa conhecida, ape-
sar de fatores genéticos e estilo de vida, o peso corporal e a ingestão de sal em 
excesso estarem envolvidos; 95% das pessoas diagnosticadas com hipertensão 
encontram-se nesta categoria.
Já com relação à HAS secundária, é possível identificar a causa,como doen-
ças renais, problemas na artéria aorta, gestação, doenças endócrinas, abuso 
de ingestão de álcool e tabaco, e uso de contraceptivos orais. Este tipo de HAS 
possui prevalência em torno de artérias 3% a 5%. Antes da investigação das 
possíveis causas secundárias de HAS, são excluídas circunstâncias que podem 
induzir a erro como:
• Medida inadequada da PA;
• Hipertensão do avental branco;
• Tratamento inadequado;
• Não adesão ao tratamento;
• Progressão das lesões nos órgãos-alvos da hipertensão;
• Presença de comorbidades;
• Interação com medicamentos.
Nos pacientes hipertensos, as complicações mais frequentes são as lesões 
em arteríolas, com espessamento da íntima e estenose da luz, provocando au-
mento da resistência vascular periférica, aneurisma dissecante na aorta, ne-
froesclerose, acidente vascular cerebral, edema agudo de pulmão e aumento 
da pós-carga, o que leva a hipertrofia concêntrica do ventrículo esquerdo. O 
conhecimento dos fatores de risco da HAS é de grande importância, pois ajuda 
na orientação, avaliação e prescrição do exercício físico a indivíduos com essa 
doença. A PA aumenta conforme o aumento da idade.
Quanto mais velho um indivíduo, mais aumentam os riscos de HAS, mas 
o sobrepeso está associado a uma maior prevalência de HAS em indivíduos 
mais jovens. Mesmo entre indivíduos adultos que praticam atividades físicas, 
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o aumento de 2,4 kg/m2 no Índice de Massa Corporal (IMC) aumenta o risco de 
desenvolvimento da HAS. A obesidade central, vista na Figura 7, também está 
relacionada com aumento da PA e HAS.
Figura 7. Obesidade central. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 12/02/2021.
Há uma relação linear entre o aumento do peso do paciente e a elevação 
da PA. Desse modo, a perda de peso e de gordura da circunferência abdominal 
se relacionam a reduções da PA e melhora de alterações metabólicas associa-
das. As metas antropométricas a serem alcançadas com os pacientes são IMC 
menor que 25 kg/m2, circunferência abdominal menor que 102 cm para os ho-
mens e 88 cm para as mulheres. A ingestão de alguns nutrientes contribui para 
aumentar os riscos de elevação da PA e de HAS ou de diminuir os riscos de HAS 
e até mesmo de diminuir a PA, como por exemplo:
• Sal;
• Ácidos graxos insaturados;
• Ácidos graxos poli-insaturados;
• Fibras;
• Proteína de soja; oleaginosas;
• Laticínios;
• Alho;
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• Café e chá;
• Chocolate amargo;
• Álcool;
• Potássio.
Como salientado por Consolim-Colombo, Saraiva e Izar, a ingestão exces-
siva de sal (sódio) e gordura está relacionada a elevação da PA e os brasileiros 
apresentam um padrão alimentar rico em sal, açúcar e gorduras. A utilização 
de tabaco, a ingestão de bebidas alcoólicas em grande quantidade, o sedenta-
rismo e o comportamento sedentário, dentre outras causas modifi cáveis, au-
mentam os riscos de morte por doenças cardiovasculares.
Portanto, parar de fumar, diminuir a ingestão de álcool, movimentar-se 
mais durante o dia e praticar exercícios físicos diminui a incidência de HAS e 
o risco de doenças cardiovasculares. A mudança no estilo de vida do indivíduo 
com HAS é fundamental para o controle, tratamento e até mesmo diminuição 
da HAS. Contudo, fatores econômicos, psicossociais, educacionais e o estresse 
emocional participam no desencadeamento e manutenção da HAS, e podem 
ser barreiras para a adesão ao tratamento e mudança de hábitos de vida. 
Intervenção terapêutica não medicamentosa na HAS
A formação de uma equipe multiprofi ssional é de grande importância no 
tratamento da HAS, que é uma doença clínica multifatorial. Cada profi ssional, 
em conjunto com os demais, lança mão de tratamentos mais efi cazes no con-
trole e prevenção da HAS. Uma equipe multiprofi ssional pode ser composta 
por profi ssionais que lidam com pacientes hipertensos, mas não apenas por 
médicos, devendo incluir fi sioterapeutas, professores de educação física, far-
macêuticos, educadores, comunicadores, funcionários administrativos e agen-
tes comunitários de saúde.
Para uma boa saúde cardiovascular e qualidade de vida, todo adulto deve, 
desde que tenha condições, realizar 30 minutos de atividade física moderada, 
pelo menos cinco vezes por semana, de forma contínua ou acumulada, confor-
me Mann. De início, é recomendado que os pacientes realizem atividades físi-
cas de intensidade leve a moderada. Após o período de adaptação, e caso não 
haja nenhuma contraindicação, a intensidade pode ser vigorosa. O exercício 
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físico é indicado para hipertensos pois reduz de 5 a 7 mmHG a PA dos valores 
pré-exercício, sem falar na angiogênese, o que resulta no aumento do fluxo de 
sangue para os músculos esqueléticos e para o coração. 
Os efeitos fisiológicos do exercício físico são classificados em agudos ime-
diatos, agudos tardios e crônicos. Os agudos ocorrem durante e logo depois da 
prática do exercício físico. Os efeitos agudos imediatos surgem após a prática 
do exercício físico, como a elevação da ventilação pulmonar, da frequência car-
díaca e sudorese. Os efeitos agudos tardios ocorrem durante as primeiras 24 
ou 48 horas após o exercício, como pequena expansão do volume plasmático, 
melhora da função endotelial e aumento da sensibilidade à insulina na muscu-
latura esquelética, algo indicado por Negrão e Barretto.
Os efeitos crônicos (adaptações) são resultado da prática regular do exercí-
cio físico, como menor frequência cardíaca, hipertrofia muscular, aumento do 
consumo máximo de oxigênio (VO2 máximo), hipertrofia ventricular esquerda 
fisiológica, dentre outros elencados por Consolim-Colombo, Saraiva e Izar. Da 
mesma forma que com qualquer paciente, a prescrição do exercício físico para 
pacientes hipertensos é individualizada e personalizada, observando as con-
dições clínicas e cardiológicas do paciente, tendo como base os resultados do 
teste ergométrico e analisando a curva da PA.
A frequência mínima de exercício físico indicada é de três vezes por se-
mana, pois maiores frequências produzem efeito hipotensor sobre a PA 
mais intenso. É recomendado de 30 a 60 minutos por sessão de exercício, o 
que é preconizado pelos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, nas VI Diretri-
zes Brasileiras de Hipertensão, publicadas em 2010, e pelo ACSM (American 
College of Sports Medicine) no livro Diretrizes do ACSM para os testes de esfor-
ços e sua prescrição, de 2018. 
O exercício físico realizado em intensidades de 30%, 50% e 70% do VO2 má-
ximo parece diminuir também a PA dos pacientes. Os exercícios devem ser 
realizados em baixa intensidade no início, a fim de que se alcancem os efeitos 
desejados e com aumento progressivo na intensidade, o que é um bom cami-
nho. Um grande aliado na monitoração da intensidade do treinamento é a fre-
quência cardíaca. Para saber a intensidade adequada ou frequência cardíaca 
de treino, é empregada a seguinte fórmula:
FC treino = (FC max. - FC rep.) x % recom. da FCres + FC rep.
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Em que:
FC de reserva = FC max. - FC rep;
FC max. = estabelecida por ergometria ou 220 - idade;
FC repouso = após 5 minutos em repouso.
O exercício, de acordo com Negrão e Barretto, promove a diminuição dos ní-
veis de norepinefrina plasmática, atenuação da resposta simpática pós-condi-
cionamento físico, aumento da volemia e do volume de ejeção, com diminuição 
da FC, além de aumentar a vascularização muscular e vasodilatação funcional, 
bem com a atividade de enzimas aeróbicas, diminuindo o acúmulo de lactato 
muscular. O exercício provoca também menor secreção de insulina, por melho-
rar a sensibilidade periférica teciduala esse hormônio, diminuição da concen-
tração de cálcio intracelular no músculo liso vascular e do tônus simpático, o 
que causam queda da PA.
Já os exercícios resistidos, de força muscular, são indicados aos hiperten-
sos como forma de complemento dos aeróbios, visto que seus efeitos sobre 
a prevenção em hipertensos não são conclusivos. A combinação de aeróbio e 
exercício resistido auxilia no controle da PA em curto e longo prazos e, em vista 
disso, é indicado como intervenção adjunta no manejo da HAS. Para avaliar o 
efeito do exercício sobre a PA, Consolim-Colombo, Saraiva e Izar apontam que 
ela pode ser influenciada não só pelas adaptações decorrentes do treinamento 
físico crônico, mas também pela influência de uma única sessão de exercício 
(efeitos subagudos ou pós-exercício).
Um treinamento de exercícios resistidos deve iniciar com pesos baixos 
e com série única de 10 a 15 repetições à fadiga moderada, utilizando de 
8 a 10 exercícios e percepção subjetiva de esforço de 3 a 7 de Borg. São 
prescritos exercícios e repetições com cargas submáximas, evitando séries 
sucessivas para um mesmo exercício ou grupamento muscular. Os inter-
valos de recuperação devem ser longos (dois minutos) em programas com 
mais de duas séries por exercício a fim de impedir manobras de Valsalva. 
O exercício resistido é receitado de duas a três vezes por semana, entre 60 
a 80% de 1RM. Por segurança, as sessões de treinamento começam com 
intensidades menores e, com a evolução do aluno e contanto que não pre-
judique o sistema cardiovascular nem o indivíduo como um todo, a carga 
é aumentada. 
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É sugerido que um indivíduo realize entre oito a 12 repetições por exercí-
cio e, a depender do indivíduo, de uma a três séries por exercício. 
Os intervalos devem ser um pouco mais longos, entre dois a três 
minutos entre séries. Devem ser realizados de oito a 
10 tipos diferentes de exercícios, com preferência aos 
grandes grupos musculares, com base no objetivo 
do treinamento e do grau de condicionamento do 
indivíduo, podendo-se alternar entre grandes gru-
pos e pequenos grupos musculares.
Infarto agudo do miocárdio
Defi nição e fi siopatologia
O IAM é a interrupção do fornecimen-
to sanguíneo para alguma parte do cora-
ção, o que induz as células à morte. Esse 
evento se dá pela oclusão (bloqueio) da 
artéria coronária causada pela ruptura 
de uma placa instável de aterosclerose. O 
início dos sintomas do IAM são o aumen-
to gradual no decorrer do tempo, com a 
forma instantânea sendo rara. A dor no peito é o sintoma mais comum do IAM e é 
descrita como a sensação de dor e pressão no tórax, causada pela isquemia (carência 
de suprimento sanguíneo) do músculo cardíaco, denominada angina pectoris. 
A dor irradia para o braço esquerdo, mas pode irradiar também para as costas, 
perto do pescoço e braço direito e estômago. A dispneia pode indicar que o dano 
cardíaco prejudicou o trabalho ventricular esquerdo, proporcionando um edema 
pulmonar. Outros sintomas são sudorese, fraqueza, leve dor de cabeça, náuseas, 
vômitos e palpitações. Os fatores de risco para o infarto do miocárdio são:
• Diabetes (com ou sem resistência à insulina);
• Tabagismo;
• Hipercolesterolemia;
• Reduzido HDL;
• Triglicerídeo elevado;
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• Hipertensão arterial sistêmica;
• Histórico familiar de infarto do miocárdio;
• Obesidade;
• Idade (homem a partir dos 45 anos e mulheres a partir dos 55 anos);
• Elevação em homocisteína, aminoácidos tóxicos e hipervitaminoses B2, B6, B12;
• Redução do ácido fólico;
• Estresse;
• Alcoolismo;
• Sexo (homens são mais propensos).
Consolim-Colombo, Saraiva e Izar afi rmam que a fi siopatologia do IAM se ca-
racteriza após a ocorrência da oclusão de uma artéria coronariana, começando 
um processo infl amatório na região infartada que, nas primeiras horas, se mos-
tra por edema e acúmulo de células infl amatórias e edema. Em seguida, há pro-
liferação de fi broblastos e deposição de colágeno. O tecido necrosado começa 
a ser substituído por tecido fi broso, típico de cicatrização. Todo esse evento se 
encerra entre dois e três meses. Junto à necrose das miofi brilas, há desintegra-
ção do colágeno interfi brilar, gerando afi lamento da região atacada e dilatação 
da cavidade ventricular, esta última é denominada expansão do infarto.
Intervenção terapêutica não medicamentosa
O exercício físico se destaca como um dos melhores métodos não medi-
camentosos para o tratamento do IAM e prevenção de um novo IAM. A longo 
prazo, o exercício também ajuda no controle do hábito de fumar, na prevenção 
ou diminuição da HAS, da dislipidemia, do diabetes, da obesidade e da tensão 
emocional. A longo prazo, o exercício físico regular e uma abordagem multi-
disciplinar infl uenciam a prevenção da aterosclerose e a redução de eventos 
coronários, a partir da melhora da função ventricular.
Dessa forma, a prescrição do exercício físico é individualizada conforme acometi-
mento, características físicas e psicológicas de cada paciente. Nos casos de arritmias 
e angina, o quadro do paciente deve ser estabilizado antes do início dos exercícios 
físicos, sem falar na avaliação médica adequada, programas de educação e orienta-
ção para reduzir o potencial risco do exercício físico intenso ao paciente. Pacientes 
de baixo risco podem praticar exercícios físicos de maior intensidade, mas é neces-
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sária monitorização eletrocardiográfi ca em pacientes que apresentem arritmias de-
sencadeadas ou agravadas pelo esforço e limiar baixo de isquemia silenciosa.
Na presença de isquemia, é recomendada a monitorização por seis a 12 ses-
sões até estabelecer o nível de tolerância ao exercício, como preconizado por 
Negrão e Barretto. A prescrição dos exercícios físicos analisa rígidos critérios 
para pacientes coronariopatas, como frequência, modo, intensidade, duração, 
e progressão do esforço. Os exercícios devem ser isotônicos, e não isométricos. 
Insuficiência cardíaca
De acordo com Bocchi, em artigo 
publicado nos Arquivos Brasileiros de 
Cardiologia em 2009, a insufi ciência 
cardíaca (IC) é a via fi nal comum da 
maioria das doenças que acometem 
o coração, sendo um dos mais im-
portantes desafi os clínicos atuais na 
área da saúde. Trata-se de um problema epidêmico em progressão. 
Defi nição e fi siopatologia
Mann relata que a principal causa da IC, pelo menos no Brasil, é a cardiopatia 
isquêmica crônica quando associada à hipertensão arterial, uma síndrome clíni-
ca bastante complexa e de caráter sistêmico, podendo ser defi nida como disfun-
ção cardíaca que ocasiona, na presença de retorno venoso normal, suprimento 
inadequado de sangue para atender necessidades metabólicas dos diversos te-
cidos corporais ou somente o faz com elevadas pressões de enchimento.
Na maioria das formas de IC, a redução do débito cardíaco é responsável 
pela inapropriada perfusão tecidual. No começo, o comprometimento do débito 
cardíaco se manifesta durante o exercício, todavia, com a progressão da doença, 
ele diminui no esforço. O mecanismo responsável pelos sinais e sintomas clínicos 
é decorrente da disfunção diastólica, sistólica, ou de ambas, acometendo um ou 
ambos os ventrículos. Em aproximadamente 60% dos casos, nos adultos, a IC se 
associa à disfunção ventricular esquerda sistólica. A IC crônica é categorizada em 
quatro classes, baseadas na intensidade de sintomas, que estratifi cam o grau de 
limitação oriundo da doença para atividades da vida diária do paciente:
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Intervenção terapêutica não medicamentosa
Em pacientes com IC, a dispneia e afadiga muscular durante o esforço limitam 
a execução das atividades de vida diária, o que diminui a qualidade de vida. Não 
obstante, após um período de exercício físico regular, há melhora na atenuação da 
hiperativação de receptores musculares quimiossensíveis, na relação ventilação/
perfusão pulmonar e da função respiratória por fortalecimento da musculatura 
respiratória (intercostais internos, intercostais externos e diafragma).
Nesses pacientes, o treinamento físico aumenta o consumo de oxigênio de 
pico e a potência aeróbica máxima, reverte a disfunção endotelial, melhora a 
capacidade oxidativa do músculo esquelético, reduz a exacerbação neuro-hu-
moral e a resposta ventilatória durante o esforço, melhorando a qualidade de 
vida e o prognóstico do paciente. Porém, uma das principais características dos 
pacientes com IC é a intolerância ao exercício, combinada a fadiga precoce e 
dispneia com pouco esforço.
Consolim-Colombo Saraiva e Izar recordam que os motivos de tal intolerân-
cia tem sido estudados nas últimas décadas, envolvendo alterações nos me-
canismos centrais (coração) e periféricos (músculo esquelético e vascular) que 
incluem resposta inadequada do débito cardíaco ao exercício, redistribuição 
inadequada do sangue, volume e densidade mitocondrial reduzida, prejuízo na 
capacidade de vasodilatação e elevada resistência vascular periférica. Todas 
essas alterações culminam em prejuízo nas atividades de vida diária e, assim 
sendo, um dos principais objetivos da prescrição do exercício físico para essa 
população é o aumento da tolerância ao esforço físico.
• Classe I: ausência de dispneia durante atividades cotidianas. A limitação 
para esforços é semelhante à esperada em indivíduos normais;
• Classe II: dispneia desencadeada por atividades cotidianas;
• Classe III: dispneia desencadeada em atividades menos intensas que as 
cotidianas ou pequenos esforços;
• Classe IV: dispneia em repouso.
Além do valor prognóstico da classe funcional identifi cada em avaliação ini-
cial dos pacientes, sua determinação serve para avaliar resposta terapêutica e 
contribuir para a determinação do melhor momento para intervenções.
FISIOTERAPIA EM CARDIOLOGIA E ANGIOLOGIA 86
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Para a segurança do paciente, ao realizar o programa de exercício físico e a 
sua segurança como profissional, é muito importante se atentar que um indiví-
duo com insuficiência cardíaca apresenta de 30 a 50% menor capacidade ao es-
forço físico em comparação a indivíduos da mesma idade e saudáveis, prejuízo 
que pode ser mais evidente nas mulheres. Nem todos os pacientes podem rea-
lizar o treinamento físico, por isso, os fatores relativos de contraindicação são:
• Aumento na massa corporal > 1,8 kg nos últimos 1 a 3 dias;
• Terapia com dobutamina (verificar com o médico do paciente);
• Arritmias ventriculares complexas ou isquemias no repouso ou com o es-
forço ( 10 bmp;
• Desconforto progressivo ao exercício ou dispneia em repouso ou durante 
ao esforço por mais de três a cinco dias;
• Diabetes descompensada;
• Febre;
• IAM nas últimas três semanas.
Além das contraindicações ao exercício físico nessa população, é 
muito importante observar os resultados do teste ergométrico, do exa-
me de eletrocardiograma em repouso e, durante o esforço, 
mudanças bruscas de massa corporal, ritmo cardíaco e 
sintomas de congestão que podem indicar que o pa-
ciente está com descompensação hemodinâmica. En-
tretanto, o programa de exercício pode ser executado 
de maneira contínua se a estabilidade for assegurada.
CONTEXTUALIZANDO
No passado, entre as décadas de 1970 e 1990, pacientes com frações de 
ejeção muito baixa (por exemplo, . Acesso em: 
04 mar. 2021.
BOCCHI, E. A. et al. III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica. Ar-
quivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 93, n. 1, supl. 1, p. 3-70, 
2009. Disponível em: . Acesso em: 12 fev. 2021.
CONSOLIM-COLOMBO, F. M.; SARAIVA, J. F. K.; IZAR, M. C. O. Tratado de cardio-
logia Socesp. São Paulo: Manole, 2019.
MANN, D. L. et al. Braunwald - tratado de doenças cardiovasculares. Rio de Ja-
neiro: Guanabara Koogan, 2017.
NEGRÃO, C. E.; BARRETTO, A. C. P. Cardiologia do exercício – do atleta ao cardio-
pata. São Paulo: Manole, 2010.
UMEDA, I. I. K. Manual de fisioterapia na reabilitação cardiovascular. São 
Paulo: Manole, 2013.
FISIOTERAPIA EM CARDIOLOGIA E ANGIOLOGIA 89
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FISIOTERAPIA NO 
TRANSPLANTE 
CARDÍACO
4
UNIDADE
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Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Compreender o programa de transplante cardíaco;
 Estudar a atuação do fisioterapeuta noinfarto do miocárdio
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 68
Prescrição de exercícios e fases da reabilitação cardíaca ....................................... 69
Hipertensão arterial sistêmica .......................................................................................... 77
Intervenção terapêutica não medicamentosa na HAS ............................................. 80
Infarto agudo do miocárdio ................................................................................................ 83
Intervenção terapêutica não medicamentosa ........................................................... 84
Insuficiência cardíaca ........................................................................................................ 85
Intervenção terapêutica não medicamentosa ........................................................... 86
Sintetizando ........................................................................................................................... 88
Referências bibliográficas ................................................................................................. 89
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Sumário
Unidade 4 - Fisioterapia no transplante cardíaco
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 91
Programa de transplante cardíaco ................................................................................... 92
Atuação do fisioterapeuta no processo de transplante cardíaco: pré e 
pós-operatório..................................................................................................................... 102
Reabilitação do transplantado ........................................................................................ 103
Sintetizando ......................................................................................................................... 110
Referências bibliográficas ............................................................................................... 111
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A trajetória pelo universo da Fisioterapia Cardiológica aborda questões re-
lacionadas à anatomia e à fi siologia do sistema cardiovascular. Assim, é funda-
mental relembrar aspectos anatômicos do coração e dos vasos sanguíneos, 
além dos aspectos fi siológicos da contração miocárdica e circulação sanguínea. 
Também é importante entender as características cardiovasculares normais 
para adentrarmos nas cardiopatias e seu tratamento fi sioterapêutico. 
Veremos assuntos referentes aos exames complementares mais utilizados 
na fi sioterapia cardiológica. Em seguida, o foco volta-se para algumas cardio-
patias congênitas comuns em recém-nascidos, como persistência do canal ar-
terial e tetralogia de Fallot. São doenças que, se não tratadas precocemente, 
podem impactar negativamente na expectativa de vida do(a) paciente.
Também aprenderemos sobre correções cirúrgicas e suas repercussões nos 
aparelhos circulatório e respiratório, além do manuseio pré e pós-operatório 
de cirurgias em neonatos e pediátricos.
Veremos as intervenções fi sioterapêuticas nas diversas patologias cardía-
cas em pessoas submetidas ou não a cirurgias de correção: será necessário 
mergulhar nas bases fi siológicas da prescrição de exercícios para cardiopatas e 
conhecer as fases da reabilitação cardíaca.
Por fi m, o foco será em pacientes com transplante de coração, os quais ne-
cessitam de cuidados ainda mais especiais por parte do(a) fi sioterapeuta. Isto 
torna a atuação do(a) profi ssional essencial, tanto no momento pré quanto 
pós-transplante.
FISIOTERAPIA EM CARDIOLOGIA E ANGIOLOGIA 9
Apresentação
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Dedico este trabalho a Deus, aos meus pais, irmãos, sobrinhos e sobrinhas, pelo 
incentivo e amor, assim como meus queridos alunos e alunas, que sempre me 
motivaram nessa jornada acadêmica.
O professor Daniel Vicentini de Oliveira 
é graduado em Educação Física e Fisiote-
rapia pela Universidade Cesumar (2008), 
com especializações em Bases Morfofun-
cionais do Corpo Humano pela Universi-
dade Estadual de Maringá (2019), em Psi-
cogerontologia pela Unyleya (2018), em 
Saúde Pública pela Universidade Cândido 
Mendes (2017), em Gerontologia pela Uni-
versidade Estadual do Norte do Paraná 
(2012) e em Anatomia Funcional pelo Cen-
tro Universitário Cesumar (2010). Possui 
Doutorado em Gerontologia pela Uni-
versidade Estadual de Campinas (2018) e 
Mestrado em Promoção da Saúde pelo 
Centro Universitário Cesumar (2013). 
Ministra disciplinas de Anatomia Hu-
mana, Fisioterapia em Gerontologia, 
Avaliação Cinético-Funcional, Epide-
miologia e Saúde Coletiva para cursos 
de Educação Física e Fisioterapia.
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2388265927737135
FISIOTERAPIA EM CARDIOLOGIA E ANGIOLOGIA 10
O autor
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EXAMES 
COMPLEMENTARES 
E CARDIOPATIAS 
CONGÊNITAS
COMPLEMENTARES 
E CARDIOPATIAS 
CONGÊNITAS
1
UNIDADE
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Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Relembrar a anatomia e fisiologia cardiovascular, base para o conhecimento 
da cardiologia e da fisioterapia cardiológica e angiológica;
 Compreender os principais exames complementares utilizados na 
fisioterapia cardiológica e angiológica;
 Conhecer as cardiopatias congênitas mais prevalentes e suas implicações clínicas;
 Estudar sobre as correções cirúrgicas realizadas nas cardiopatias congênitas;
 Aprender o manuseio pré e pós-operatório de cirurgias em recém-nascidos e 
crianças.
 Revisão anatomofisiológica 
do coração
 Anatomia cardiovascular
 Fisiologia cardiovascular
 Exames complementares – exa-
me clínico do cardiopata aplicado 
à cardiologia
 Eletrocardiograma (ECG)
 Ecocardiograma
 Ergometria
 Angioplastia
 Cardiopatias congênitas
 Comunicação interatrial (CIA)
 Comunicação interventricular 
(CIV)
 Persistência do canal arterial 
(PCA)
 Tetralogia de Fallot
 Transposição das grandes 
artérias (TGA)
 Atresias valvares
 Correções cirúrgicas e repercus-
sões nos aparelhos circulatório e 
respiratório
 Manuseio pré e pós-operatório de 
cirurgias em neonatos e pediátricos
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Revisão anatomofisiológica do coração
Para que você possa estudar e, futuramente, atuar com a fi sioterapia em 
cardiologia e angiologia, é necessário relembrar a anatomia e fi siologia cardio-
vascular, assim como conhecer novos assuntos relacionados ao tema.
Vamos iniciar pelo sistema circulatório sanguíneo. De acordo com Miranda 
Neto, no livro Anatomia humana: aprendizagem dinâmica, publicado em 2012, 
ele é composto pelo coração e vasos, tendo como função a circulação do san-
gue pelos tecidos do corpo para a oxigenação e a nutrição do organismo; a 
coleta dos produtos do metabolismo celular (como o dióxido de carbono para 
redistribuição ou eliminação); a participação nos mecanismos de defesa do 
corpo; a manutenção da temperatura corporal; e a distribuição de hormônios 
e via de administração de medicamentos.
Lembre-se que o sistema cardiovascular, juntamente com o respiratório, 
forma o aparelho cardiorrespiratório. Você verá que muitas das funções do 
sistema cardiovascular repercutem no sistema respiratório, portanto são sis-
temas totalmente aliados e vitais.
A fi sioterapia cardiológica (ou cardiovascular) está relacionada 
à prevenção e ao tratamento das diversas doenças cardíacas por 
meio do exercício físico e da reabilitação, proporcio-
nando benefícios aos pacientes como redução de 
sintomas, melhora na capacidade funcional, di-
minuição e redução de fatores de riscos, além 
de melhora doprocesso de pré e pós-operatório de 
transplante cardíaco;
 Conhecer a reabilitação para o paciente transplantado.
 Programa de transplante car-
díaco
 Atuação do fisioterapeuta no 
processo de transplante cardíaco: 
pré e pós-operatório
 Reabilitação do transplantado
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Programa de transplante cardíaco
Em 1967, na África do Sul, foi realizado o primeiro transplante cardíaco no 
mundo, por Christian Barnard. No Brasil, esse mesmo procedimento também 
em 1967, por Euryclides Zerbini, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medi-
cina da Universidade de São Paulo (MANN et al., 2017).
Entre os anos de 1967 e 1968, três transplantes cardíacos foram realiza-
dos, com sobrevida menor que 60 dias. Isto fez com que o programa fosse 
interrompido. Infelizmente, na época, eram elevados os níveis de mortalidade 
dos pacientes submetidos ao transplante cardíaco. Apenas no fi nal dos anos 
70, com o desenvolvimento da ciclosporina, os transplantes começaram a se 
tornar mais “seguros”. A ciclosporina possibilita um melhor controle da rejeição 
do novo órgão.
Ela foi utilizada pela primeira vez em Stanford, facilitando o crescimento do 
número de transplantes cardíacos e sobrevida dos pacientes. Este fármaco é 
um imunossupressor que atua diminuindo a rejeição do organismo às proteí-
nas heterólogas do coração implantado, porém, diminui a capacidade do orga-
nismo em combater infeções.
O nome já nos traz o signifi cado, mas vamos entender melhor o que é um 
transplante cardíaco? Este procedimento envolve a substituição de um coração 
considerado “doente”, incapaz de bombear o sangue de forma adequada (sua 
principal função), ou seja, com insufi ciência.
Figura 1. Preparação para o transplante cardíaco. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/02/2021
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Ele é a última escolha para pacientes com insuficiência cardíaca refratária 
que usam terapia medicamentosa, mas que possuem alternativa clínica ou ci-
rúrgica, com baixa expectativa de vida. O transplante objetiva reestabelecer 
a função cardíaca e hemodinâmica, aumentando a capacidade funcional do 
paciente, além da qualidade e expectativa de vida (MANN et al., 2017).
Porém, há casos de transplante cardíaco também em pessoas com doença co-
ronariana, arritmias, miocardiopatia hipertrófica e doenças cardíacas congênitas
Doença arterial coronariana
Artéria saudável Depósito inicial de gordura Placas de gordura
obstruindo a passagem
de sangue
Bloqueio completo da 
passagem de sangue
Figura 2. Doença coronariana. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/02/2021
Figura 3. Insuficiência cardíaca. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/02/2021
Mas, atualmente, é a abordagem cirúrgica definitiva padrão-ouro no trata-
mento da insuficiência cardíaca, com pacientes em situação de grande limita-
ção funcional e altos níveis de mortalidade.
Insuficiência cardíaca
Menos sangue bombeado para fora dos ventrículos Menos sangue
enche os ventrículos
Disfunção sistólica Normal Disfunção diastólica
Amolecimento
do miocárdio
Enrijecimento 
do miocárdio
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Nas doenças citadas anteriormente, indica-se o transplante para os pacien-
tes que:
• Não toleram a retirada de marcapassos após um infarto ou cirurgia cardía-
ca que não tenha relação com transplante;
• Possuam sequelas cardíacas de algum problema pulmonar com indicação 
de transplante de pulmão.
Figura 4. Marcapasso cardíaco. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/02/2021
Porém, sabemos que a escassez de doadores é um grande problema, li-
mitando expressivamente a realização de mais transplantes cardíacos, o que 
amplia a necessidade de dispositivos de assistência circulatória mecânica. A 
oxigenação por membrana extracorpórea é um exemplo (CONSOLIM-COLOM-
BO; SARAIVA; IZAR, 2019).
FISIOTERAPIA EM CARDIOLOGIA E ANGIOLOGIA 94
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Oxigenação por 
membrana extracorpórea
Figura 5. Oxigenação por membrana extracorpórea. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/02/2021. Acesso em: 
18/02/2021. 
Mantém-se estável o número de transplantes cardíacos no mundo, em 
torno de quatro a cinco mil ao ano. No Brasil, apenas 11% dos doadores são 
utilizados. No ano de 2014, foram realizados 311 transplantes cardíacos (1,6 
transplante por milhão de população). Em 2019, foram 231 transplantes car-
díacos, caindo para 173 em 2020. Essa queda provavelmente se deu devido à 
pandemia da COVID-19.
ASSISTA
Caro aluno, veja como é feito um transplante cardíaco 
neste vídeo do HCor, o Hospital do Coração de São Paulo.
O paciente que necessita do transplante será cadastrado em uma lista de 
espera, geralmente estadual, registrada no Sistema Nacional de Transplantes. 
O tempo de espera geralmente é longo, mas pode variar de dias a meses (CON-
SOLIM-COLOMBO; SARAIVA; IZAR, 2019).
O transplante cardíaco, primeiramente, exige um doador compatível, e este 
deve estar em morte cerebral. Todas as pessoas podem ser doadoras, mas 
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não podem ter doenças transmissíveis, como a AIDS, infecções graves e câncer 
generalizado (já em metástase). Pessoas sem identidade, menores de 21 anos 
sem a autorização dos responsáveis ou acima dos 55 anos também não podem 
doar. Insuficiência de órgãos e doenças infiltrativas locais ou sistêmicas são 
contraindicações relativas para o transplante cardíaco.
CURIOSIDADE
Ter hipertensão pulmonar refratária ao tratamento pré-operatório é a 
única contraindicação absoluta para o transplante do coração.
São considerados para o transplante cardíaco:
• Pacientes em classes funcionais III e IV da insuficiência cardíaca;
• Pacientes com histórico de recorrentes internações;
• Pacientes que apresentam marcadores de mau prognóstico.
O médico ou enfermeiro, na avaliação, irá coletar dados referentes à classe 
funcional do paciente, realizará exames físicos e avaliará exames complemen-
tares, assim, irá melhorar a acurácia da indicação. Além da avaliação clínica, 
são realizados, em muitos casos, testes funcionais, como o teste de esteira (Fi-
gura 6) e o da caminhada de seis minutos (MANN et al., 2017).
Figura 6. Teste ergométrico. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/02/2021. 
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Dois parâmetros do teste cardiopulmonar são úteis, tendo correlação forte 
com o prognóstico da insuficiência cardíaca, que são:
• Consumo de oxigênio (VO2); 
• Equivalente de ventilação do dióxido de carbono (VE/VCO2).
Pacientes com comorbidades que possam limitar a sobrevida ou dificultar 
o tratamento cirúrgico devem ser identificados e avaliados para a indicação e 
contraindicação ao transplante cardíaco. 
ASSISTA
O Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional de São 
Paulo, o CREFITO-3, deu uma super aula/palestra sobre o transplante 
cardíaco. Confira!
E como é realizado o transplante? Primeiramente, os corações dos doadores 
são preservados por armazenamento hipotérmico, e precisam ser transplanta-
dos no período de quatro a seis horas. O receptor é colocado em uma bomba 
de desvio e o coração do receptor é retirado, com preservação da parede atrial 
posterior direita in situ.
Existem dois tipos de transplantes cardíacos: o heterotópico e o ortotópi-
co. O transplante heterotópico é menos frequente e é caracterizado por uma 
anastomose do coração doado no nativo objetivando superar a hipertensão 
pulmonar que se desenvolveu. Este tipo de transplante aumenta a estase san-
guínea no coração doado, gerando disfunção a curto ou médio prazo.
O transplante ortotópico é o mais frequente, tendo duas ou mais va-
riações da sua técnica: a técnicaclássica de Shumway e a técnica de anas-
tomose bicava. Atualmente, a de Shumway entrou em desuso. Nela, os 
corpos das aurículas do receptor são conservados e as do doador passam 
por anastomose em cima dos corpos das aurículas do receptor. É realizado 
um corte neuronal na junção do aurículo ventricular, o que preserva mais 
as fibras parassimpáticas do que simpáticas (CONSOLIM-COLOMBO; SA-
RAIVA; IZAR, 2019).
O ortotópico é o tipo de transplante cardíaco utilizado também na área 
pediátrica, e tem possibilitado sobrevida e melhora da qualidade de vida em 
crianças com cardiopatias complexas e cardiomiopatias refratárias.
FISIOTERAPIA EM CARDIOLOGIA E ANGIOLOGIA 97
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Já a técnica bicaval é a mais utilizada. Nela, realiza-se a dissecação da au-
rícula direita e do septo interauricular, deixando apenas uma parte pequena 
da aurícula esquerda, que contém as veias pulmonares. Devido à desnervação 
completa, o paciente transplantado deixa de ter o débito cardíaco influenciado 
pela estimulação simpática e parassimpática e pelo barorreflexo, passando, 
então, a estar dependente exclusivamente da pós e pré-carga e das catecola-
minas circulantes (MANN et al., 2017).
De forma geral, 50 a 80% dos pacientes apresentam, no mínimo, um epi-
sódio de rejeição, sendo uma média de duas a três rejeições. A maior parte 
dos pacientes não tem sintomas, e em torno de 5% evoluem para arritmias 
cardíacas e disfunção do ventrículo esquerdo. O pico de rejeição aguda se dá 
no primeiro mês, diminuindo nos cincos meses subsequentes e atingindo o 
equilíbrio em um ano.
Vejamos os principais fatores de risco para rejeição:
• Pessoas mais jovens;
• Doador e paciente do sexo feminino;
• Doador afrodescendente;
• Possível infecção por citomegalovírus.
A lesão do enxerto pode ser irreversível, por isso, faz-se biópsia de vigilân-
cia do miocárdio uma vez por ano, determinando, assim, a presença de lesão 
dos miócitos, a distribuição e o grau do infiltrado de células mononucleares. A 
infecção por citomegalovírus, a isquemia perioperatória e o infiltrado idiopáti-
co de células B (lesão de Quilty) compõem o diagnóstico diferencial.
A rejeição leve, de grau um, com ausência de sequelas clínicas detectáveis, 
não exigirá tratamento; a rejeição moderada ou grave, de graus dois a quatro, 
ou mesmo a grau um com presença de sequelas clínicas, deve ser tratada com 
globulina antitimocitária e pulsoterapia com corticoides.
Uma das principais complicações do transplante cardíaco é o que chama-
mos de vasculopatia do aloenxerto cardíaco, que é considerada uma forma de 
aterosclerose que causa a obstrução dos vasos sanguíneos e estenose 
difusa. Ocorre em 25% dos pacientes, em média. A causa é mul-
tifatorial e possui relação com a idade do doador, isquemia 
de reperfusão, frio, imunossupressores, dislipidemia, infec-
ção viral e rejeição crônica.
FISIOTERAPIA EM CARDIOLOGIA E ANGIOLOGIA 98
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E como detectar essa complicação no paciente? Primeiramente, deve ser feita 
uma detecção precoce, visto que a gravidade aumenta com o decorrer do tempo. 
Geralmente, realiza-se o teste de esteira (de esforço) ou angiografia coronariana 
(Figura 7). O tratamento se baseia em redução lipídica agressiva e diltiazem.
Figura 7. Angiografia das coronárias. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/02/2021
A disfunção do enxerto também influencia na sobrevida do paciente trans-
plantado, sendo muito frequente nos primeiros dias do pós-cirúrgico. Ela está 
relacionada:
• À má seleção do receptor e, principalmente, do doador;
• À resistência ou hipertensão pulmonar;
• À qualidade ruim da proteção do miocárdio e ao seu tempo de anóxia;
• À falta de inervação do coração transplantado.
O coração sem inervação não responde corretamente ao estímulo do siste-
ma nervoso central, agindo como um órgão autônomo, o que resulta em distúr-
bios variados de condução atrioventricular ou bradicardia sinusal.
O pós-operatório imediato do paciente depende do controle hemodinâmico. 
O paciente precisa ter um adequado gasto cardíaco, mesmo com possíveis eleva-
ções da pressão arterial, da frequência cardíaca, uso de vasodilatadores pulmo-
nares (nos casos de resistências vasculares pulmonares elevadas) e a presença 
de um balão intra-aórtico de contrapulsação.
Alguns pacientes podem ir a óbito após o transplante cardíaco, porém, atual-
mente, isso é raro. As taxas de sobrevida após um ano de transplante cardíaco 
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são de 90%; após cinco anos, 70%; e após dez anos, 50%. Porém, os pacientes 
podem ter consequências, principalmente devido à rejeição do órgão, além de 
efeitos colaterais dos medicamentos imunossupressores. Podem ocorrer tumo-
res, infecções, rejeição crônica, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, 
dislipidemias e doença renal. Veja, na Figura 8, os sintomas do paciente que já 
está com alguma doença renal: 
Sintomas de doença renal
Sensação de coceira
Dificuldade de concentração
Fadiga
Sudorese nas mãos e/ou pés
Tontura e fraqueza
Náusea e vômito
Figura 8. Sintomas da doença renal. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/02/2021. 
Entre as alterações fisiológicas que podem ocorrem no paciente trans-
plantado, destacam-se aquelas na função ventricular, na frequência 
cardíaca, no débito cardíaco e na resposta neuroendócrina (CONSOLIM- 
COLOMBO; SARAIVA; IZAR, 2019).
Mais especificamente, pode haver desnervação miocárdica, aumento 
da frequência cardíaca em repouso, diminuição da fração de ejeção, au-
mento de débito cardíaco, déficit na reserva cronotrópica, diminuição do 
VO2 máximo e diminuição dos valores espirométricos, das pressões respi-
ratórias e do descondicionamento físico. Especificamente sobre as altera-
ções respiratórias, sabe-se que há reduções dos volumes pulmonares. Elas 
são observadas já no primeiro dia do pós-operatório. Há também aumento 
do trabalho ventilatório (MANN et al., 2017).
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A disfunção da musculatura ventilatória relaciona-se com a diminuição 
da capacidade dos músculos respiratórios para gerar força, o que leva à fa-
diga, dispneia e intolerância ao esforço. Quanto às alterações musculoes-
queléticas, há atrofia das fibras musculares, redução de fibras musculares 
do tipo I e deficiência da perfusão sanguínea na musculatura esquelética, 
o que gera a fadiga. A diminuição de força muscular relaciona-se ao tempo 
de internação, período de repouso do paciente no leito, uso de medica-
mentos imunossupressores que alteram a estrutura do tecido muscular e 
perda de oxigenação muscular.
O transplante de coração pode desencadear no paciente diversas alte-
rações emocionais, que iniciam desde o pré-operatório, visto que há mo-
mentos de espera, incertezas, medo da morte e do que pode dar errado 
(CONSOLIM-COLOMBO; SARAIVA; IZAR, 2019). O paciente que receberá o 
transplante já apresenta sintomas por muitas vezes incontroláveis, o que 
gera medo e ansiedade. Os efeitos secundários da medicação, sobretudo 
dos corticoides, também podem desenvolver alterações psiquiátricas im-
portantes. Os pacientes podem apresentar sintomas depressivos e crises 
de ansiedade.
No momento de esperar o transplante, o paciente deve lidar com déficits 
no funcionamento psicossocial e no desempenho físico, além de enfrentar 
um rigoroso tratamento e conviver com a incerteza de vida ou morte. 
Após ocorrer o transplante do coração, os pacientes necessitam continuar 
com o tratamento, mantendo rigorosa vigilância e atenção à sua saúde, visto 
que existe o risco de sofrer rejeição ou infecção. Portanto, é essencial o acom-
panhamento médico regular e rigoroso, realização de exames, internamento, 
biópsias, controle da medicação imunossupressorae dos efeitos colaterais, 
dieta e prática de exercício físico. Tudo isso ajudará no controle do estado psi-
cológico (MANN et al., 2017).
A fase de pós-operatório imediato pode gerar um estresse emo-
cional bem grande no paciente, visto que exigirá cuidados 
em unidade de terapia intensiva (UTI). Normalmente, os 
pacientes se sentem fracos, frágeis, inseguros e isolados. 
Isso também deve ser investigado e considerado por 
você, futuro fisioterapeuta.
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Atuação do fisioterapeuta no processo de transplante 
cardíaco: pré e pós-operatório
O fi sioterapeuta tem um papel extremamente importante no processo de 
transplante cardíaco do paciente, tanto no pré e, principalmente, no pós-ope-
ratório. Ele fará parte de uma equipe multiprofi ssional e interdisciplinar de cui-
dado ao paciente transplantado. 
Temos que entender que os pacientes que se submetem ao transplante car-
díaco possuem alterações fi siológicas e psicológicas, como vimos anteriormente, 
mas podem ter também limitações funcionais, que fi carão mais evidentes du-
rante o exercício físico. Elas ocorrem devido à denervação e às anormalidades 
musculoesqueléticas consequentes da condição preexistente da doença, assim 
como dos efeitos da terapia medicamentosa, que é imunossupressora. Dentre 
essas limitações, temos a fraqueza muscular geral (principalmente dos membros 
inferiores), diminuição da fl exibilidade, do equilíbrio corporal, etc.
Vamos focar no papel do fi sioterapeuta. Os protocolos de reabilitação física 
e funcional, sejam de curto ou longo prazo, irão auxiliar na melhora da função 
cardíaca (que é o foco, neste momento) e musculoesquelética desses pacientes, 
atuando sobre adaptações centrais e periféricas (MANN et al.,2017).
Cabe a você, futuramente, avaliar, planejar, elaborar e colocar em prática um pla-
no fi sioterapêutico de reabilitação que possua objetivos específi cos de diminuição 
e, preferencialmente, eliminação das limitações físicas desses pacientes. Para que 
isso seja atingido com mais efi cácia, o processo pode iniciar logo no pré-operatório.
No pós-operatório do paciente, o fi sioterapeuta tem o papel de:
• Aumentar o consumo máximo de oxigênio;
• Aumentar a força muscular; 
• Aumentar a frequência cardíaca de pico (máxima); 
• Aumentar a percepção de esforço; 
• Aumentar a resistência cardiorrespiratória;
• Aumentar as densidades mineral óssea, capilar e mitocondrial;
• Aumentar a sobrevida dos transplantados cardíacos;
• Melhorar a capacidade funcional para atividades ocupacionais e da vida diária;
• Reduzir a frequência cardíaca de repouso;
• Reduzir a atividade neuro-hormonal;
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• Diminuir o nível sistólico e diastólico da pressão arterial;
• Melhorar a função endotelial;
• Reduzir a gordura corporal;
• Melhorar a qualidade de vida. 
A prática de atividade física de forma regular melhora a qualidade de vida 
dos pacientes transplantados. Essa atividade pode ser realizada como forma 
de deslocamento, no trabalho, nas atividades domésticas e nos momentos 
de lazer, indo a academias ou fazendo caminhadas. Porém, lembre-se de que 
os pacientes apresentam fadiga, descondicionamento físico, fraqueza, atrofi a 
muscular e menor capacidade aeróbia, principalmente devido à inatividade do 
momento pré-operatório, portanto, a prescrição do exercício físico e a intensi-
dade de atividade devem ser muito bem controladas.
As atividades físicas devem ser iniciadas de forma precoce, reestabelecen-
do a aptidão do paciente, fazendo com que ele volte a realizar suas atividades 
de vida diária de forma segura, efi ciente e, também, motivante.
Os pacientes que forem submetidos a programas de reabilitação cardíaca te-
rão aumento do metabolismo periférico, principalmente pelas mudanças hemodi-
nâmicas, melhor extração de oxigênio, aumento do débito cardíaco, da frequência 
cardíaca, da função endotelial e diminuição da atividade neuro-hormonal.
A capacidade e a função respiratórias também irão melhorar durante e após a 
prática de exercício físico. Isso irá ocorrer, principalmente, com a prática dos exer-
cícios aeróbios devidamente e corretamente prescritos pelo fi sioterapeuta.
Indica-se também exercícios resistidos, de força muscular, com foco no au-
mento da massa muscular e da densidade óssea. Lembre-se de que os pacien-
tes perdem massa magra e óssea devido à insufi ciência cardíaca e aos efeitos 
dos medicamentos utilizados após o transplante. 
Reabilitação do transplantado
Para pacientes transplantados, são recomendados os programas de reabilitação 
cardíaca, que têm sido reconhecidos nas últimas décadas como sendo essenciais no 
pós-operatório de transplante cardíaco, além de outras doenças cardiovasculares.
A reabilitação cardíaca é considerada o processo para desenvolver e promo-
ver a manutenção das condições mentais, físicas e sociais do paciente, fazendo 
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com que ele retorne, o quanto antes, a uma vida ativa, funcional e produtiva. É o 
processo para restaurar capacidades vitais e funcionais do paciente. É uma dis-
ciplina profissional que se encontra em desenvolvimento, no sentido de dar res-
posta às necessidades de uma população a envelhecer e uma maior consciência 
dos benefícios disponíveis em programas de cuidados em cardiologia e cirurgia 
cardíaca para pessoas de todas as idades (MANN et al., 2017). 
DICA
A reabilitação cardíaca reduz a morbimortalidade e melhora a qualidade 
de vida do paciente com transplante cardíaco. Utilize-a, promovendo 
segurança, eficiência e motivação ao paciente.
Na reabilitação cardíaca para o transplantado, o exercício físico fará par-
te de um programa que abrange também mudanças no estilo de vida deste 
paciente:
• Cessação do tabagismo;
• Cessação do uso de álcool;
• Controle do estresse;
• Alimentação equilibrada e saudável.
Deve ser um processo também educativo. Você deverá ensinar ao paciente 
sobre o transplante cardíaco, prática de exercício físico sem acompanhamen-
to, atividade sexual, atividade ocupacional (laboral), mecanismos de ação dos 
medicamentos, mudança dos hábitos alimentares, dentre outros (CONSOLIM-
-COLOMBO; SARAIVA; IZAR, 2019).
A reabilitação cardíaca para o transplantado de coração também apresenta 
etapas, que devem ser ordenadas e sequenciais:
1. Avaliação inicial do risco do paciente;
2. Deambulação e exercício físico precoce: respeitar os princípios de con-
servação da energia conforme os exercícios de mobilidade articular evoluem 
de passivos para ativos; 
3. Educação do paciente/familiar: hábitos de saúde, conforme citado ante-
riormente. 
O processo deve respeitar as três fases da reabilitação cardíaca, assim 
como no paciente com qualquer outra doença cardiovascular. A fase I é aquela 
iniciada no hospital, a fase II é realizada, em média, após duas a três semanas 
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da alta hospitalar, e a fase III é a manutenção das capacidades físicas do pacien-
te, realizada já na sociedade ou em domicílio. 
Realizar a reabilitação cardíaca após transplante cardíaco, com duração de 
oito a 12 meses, pode aumentar em até 50% a capacidade funcional dos pa-
cientes e diminuir em até 25% o índice de mortalidade, produzindo adaptações 
centrais e periféricas e resultando na melhor extração e utilização do oxigênio, 
além de melhor hemodinâmica.
Veja mais sobre estas três fases da reabilitação cardíaca no paciente trans-
plantado:
Fase I 
No caso de transplante de coração, essa fase já compreende o período pré-
-operatório, sendo tão importante quanto a própria cirurgia. Aqui será desen-
volvido um conjunto de ensinos de orientação para o paciente/família,além do 
ensino de exercícios respiratórios (CONSOLIM-COLOMBO; SARAIVA; IZAR, 2019).
Lembra que vimos que o paciente que passará pelo transplante pode apre-
sentar quadros de ansiedade? É aqui, na fase I, que isso geralmente ocorre. O 
paciente apresentará medo do resultado cirúrgico. Portanto, faz-se importante 
o papel do psicólogo também (MANN et al., 2017).
No pós-operatório, a fase I apre-
senta duas subfases, a aguda e a de 
mobilização. Na fase aguda, fatores 
como a analgesia, anestesia e dor au-
mentam o risco de complicações pul-
monares devido à restrição ao leito, 
inadequada limpeza das vias aéreas e 
limitação da expansão pulmonar. Por-
tanto, devem ocorrer procedimentos 
mais voltados à cinesioterapia respi-
ratória (Figura 9) para eliminação de 
obstruções respiratórias e manter a 
eficácia da limpeza das vias aéreas.
Em suma, a fisioterapia nesta fase deve ser aplicada por meio de técnicas 
simples e de baixa intensidade, objetivando a manutenção da função pulmo-
nar. Para isso, é possível realizar: 
Figura 9. Exercício respiratório. Fonte: Shutterstock. 
Acesso em: 18/02/2021. 
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• Ajustes da ventilação mecânica;
• Desmame da ventilação mecânica;
• Cinesioterapia respiratória; 
• Manobras respiratórias para reexpansão pulmonar e higiene brônquica.
Na fase de mobilidade, você deverá focar nos exercícios de mobilização das 
articulações das extremidades (Figura 10), favorecendo a circulação e manten-
do a lubrificação articular.
Figura 10. Exercício de mobilidade articular. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/02/2021. 
Figura 11. Exercício ativo com resistência. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/02/2021
Devem ser realizados exercícios ativos (Figura 11), promovendo a manuten-
ção da amplitude de movimento articular (ADM), assim como da massa e tônus 
dos músculos envolvidos.
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O paciente também precisará treinar a marcha (Figura 12), promovendo a 
manutenção dessa capacidade física, assim como do condicionamento cardior-
respiratório, prevenindo complicações da imobilização (MANN et al., 2017).
Figura 12. Treinamento de marcha. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/02/2021
Fase II 
A fase II ocorre após o período de internamento, dura entre três e seis me-
ses, e deve ocorrer em ambiente hospitalar, domiciliar ou comunitário. Se for 
em ambiente comunitário, deverá ter supervisão periódica pela equipe de saú-
de. Continua-se o processo educativo e é realizada uma avaliação clínica glo-
bal composta por anamnese e exame físico neurológico, cardiorrespiratório e 
musculoesquelético, assim como uma boa avaliação funcional (ACSM, 2018).
Nesta fase, você irá programar e aplicar exercícios individualizados, contro-
lando a duração, a intensidade, a frequência e o tipo de atividade. 
Fase III 
Essa é a fase de manutenção, podendo durar meses, anos ou, de preferên-
cia, a vida toda do paciente. Ela objetiva promover, a longo prazo, a manuten-
ção de capacidades físicas e de comportamentos desenvolvidos na fase ante-
rior, com foco na autorregulação do paciente e na adesão a comportamentos 
de vida saudáveis.
O fisioterapeuta deve, ao prescrever o exercício físico, basear-se nas avalia-
ções realizadas e progressão do paciente que foi observada durante a segunda 
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fase. Este programa deve, em geral, incluir de 30 a 60 minutos de exercício 
físico do tipo aeróbio de intensidade moderada, ou seja, de 40 a 60% do VO2 
máximo, ou 50 a 70% da frequência cardíaca máxima, ou intensa, de 60 a 85% 
do VO2 máximo/70 a 90% da frequência cardíaca máxima, todos os dias da 
semana, de preferência, ou, no mínimo, cinco dias na semana (MANN e et al., 
2017; ACSM, 2018). 
Dentre os exercícios aeróbios mais utilizados pelos fisioterapeutas, temos 
a caminhada, a caminhada “leve” (trote), a bicicleta ergométrica (Figura 13) (ou 
até mesmo a não estacionária), a fisioterapia aquática, etc
Figura 13. Exercício em bicicleta ergométrica. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/02/2021. 
Nesta fase, deve ser mantida a intervenção da equipa interdisciplinar, revi-
sando medicamentos, alguma educação adicional, intervenções comportamen-
tais, suporte social, eliminação de fatores de risco, dentre outros (ACSM, 2018).
Vários são os testes que devem ser utilizados para mensurar as diversas va-
riáveis que são influenciadas pela reabilitação cardíaca. Na fase III, é interessan-
te refazer estes testes: o teste ergométrico (ou ergoespirométrico) e o teste de 
caminhada de seis minutos. 
O teste de caminhada dos seis minutos tem sido utilizado para avaliar a ca-
pacidade funcional e dar prognóstico cardiovascular. Ele é uma adaptação do 
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teste de corrida de 12 minutos , denominado Cooper no ano de 1968 para avaliar 
pessoas saudáveis. Essa adaptação foi feita para ser utilizada em pacientes com 
doenças cardiovasculares e respiratórias e avaliar a capacidade submáxima de 
exercício físico. O teste é simples, seguro e bem tolerado pelos pacientes, mesmo 
aqueles mais velhos e com sintomas mais importantes. 
De forma geral, o exercício físico é um dos componentes mais importantes de 
um programa de reabilitação do paciente transplantado (ACSM, 2018). No caso 
específico dos pacientes com transplantes cardíacos, o exercício físico precoce é 
relatado como terapêutico na reabilitação, e objetiva melhorar sua capacidade 
física, prevenindo complicações como obesidade, hipertensão arterial sistêmica, 
redução da libido, ansiedade, osteoporose, depressão ou medo. 
O exercício físico irá melhorar a função endotelial e a resposta cardiorrespi-
ratória, que possuem importante papel no controle e na redução da hipertensão 
arterial sistémica. Assim, o paciente transplantado conseguirá reduzir o risco 
cardiovascular global e de mortalidade, melhorará sua capacidade funcional e 
qualidade de vida (ACSM, 2018).
Exercícios resistidos também devem ser realizados, com aumento progres-
sivo da intensidade e volume, para que assim o paciente consiga desenvolver 
força, resistência e potência muscular, aumentando a sua capacidade funcional 
e de exercício.
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Sintetizando
Caro aluno, chegamos ao final desta unidade da disciplina de Fisioterapia 
em Cardiologia e Angiologia. Nela, você pôde entender que o transplante car-
díaco consiste na substituição de um coração com insuficiência cardíaca, na 
maioria das vezes, por outro saudável, proveniente de um doador. O transplan-
te é a última escolha para pacientes com insuficiência cardíaca, aumentando a 
qualidade e a expectativa de vida da pessoa. 
Os pacientes transplantados terão alterações fisiológicas, físicas e psicoló-
gicas que precisam ser tratadas por uma equipe interdisciplinar. Nela, cons-
ta também você, futuro fisioterapeuta. O profissional da fisioterapia tem um 
papel importante no processo de transplante cardíaco do paciente, desde o 
pré até o pós-cirúrgico, principalmente na prescrição do exercício físico seguro, 
eficiente e motivante. O exercício promoverá aumento da massa muscular e 
óssea, diminuição da frequência cardíaca de repouso e aumento da frequên-
cia cardíaca máxima, do consumo máximo de oxigênio, da força muscular, da 
resistência cardiorrespiratória, melhora da capacidade funcional, além de me-
lhora da qualidade de vida do paciente. 
No pós-cirúrgico, principalmente, podemos destacar a reabilitação cardía-
ca nas fases I a III, sendo que na III o exercício físico predomina como o mais 
importante, melhorando a capacidade física do paciente. Lembre-se que area-
bilitação cardíaca é considerada o processo de desenvolvimento e promoção 
da manutenção das condições mentais, físicas e sociais do paciente, fazendo 
com que ele retorne o quanto antes a uma vida ativa, funcional e produtiva. É 
o processo para restaurar capacidades vitais e funcionais do paciente, neste 
caso, transplantado.
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FISIOTERAPIA EM CARDIOLOGIA E ANGIOLOGIA 111
SER_FISIO_FICA_UNID4.indd 111 09/03/2021 14:35:48bem-estar, qualidade de vida e 
sobrevida das pessoas.
Anatomia cardiovascular
A Figura 1 mostra o coração, órgão muscular considerado oco e contrátil. 
Ele possui formato de cone, tendo sua base superiormente e o ápice infe-
riormente. Ele está localizado no tórax (na cavidade torácica), entre os dois 
pulmões e superiormente ao músculo diafragma. 
De acordo com Dangelo e Fattini, em Anatomia humana básica, publicado 
em 2012, o coração fi ca posterior ao osso esterno e às cartilagens das costelas 
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(as cartilagens costais), e anterior ao esôfago e à coluna vertebral torácica, em 
um espaço denominado mediastino. Na base do coração, localizam-se vasos 
sanguíneos venosos (as veias), que entram nos átrios, assim como artérias, 
que saem dos ventrículos.
Figura 1. Anatomia interna do coração. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/10/2020. (Adaptado).
Você se recorda que o coração apresenta quatro cavidades? São os átrios di-
reito e esquerdo e os ventrículos direito e esquerdo: os átrios estão separados 
pelo septo interatrial, e os ventrículos estão separados pelo septo interven-
tricular. Assim, a comunicação entre as cavidades cardíacas ocorre por meio 
do óstio atrioventricular direito para o átrio e o ventrículo direitos, e do óstio 
atrioventricular esquerdo para o átrio e o ventrículo esquerdos. Cada um des-
ses óstios é provido de membranas de tecido conjuntivo fi broso revestido por 
endotélio, que constituem as valvas cardíacas (MIRANDA NETO, 2012). No lado 
direito, está a valva atrioventricular direita (tricúspide) e, no lado esquerdo, a 
valva atrioventricular esquerda (bicúspide).
Constituem as paredes do coração três camadas de tecidos com espessuras 
diferentes. Da superfície externa para a interna, temos: pericárdio, miocárdio 
e endocárdio. O pericárdio é um saco fi bro-seroso que reveste o coração e 
Aorta
Veia cava superior Artéria pulmonar
Valva aórtica
Veia pulmonar
Átrio esquerdo
Valva mitral
Ventrículo 
esquerdo
Valva tricúspide
Valva pulmonar
Ventrículo direito
Septo
Átrio direito
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as raízes das veias e artérias maiores, protegendo e contra possíveis lesões 
nos pulmões durante os batimentos cardíacos. O endocárdio corresponde a 
uma membrana com função de revestir a superfície interna das cavidades do 
coração. Por fim, o miocárdio é a parede média e mais espessa do coração, 
formado pelo músculo estriado cardíaco. Está presente tanto em átrios quanto 
em ventrículos em espessuras diferentes (DANGELO; FATTINI, 2012).
CURIOSIDADE
A pericardite caracteriza-se por um processo inflamatório que afeta a 
membrana que recobre e protege o coração, o pericárdio. Essa doença 
pode ser aguda ou crônica.
Sem a presença do pericárdio, o coração humano é semelhante ao da Figura 2.
Figura 2. Protótipo do coração humano. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/10/2020. 
No interior das cavidades cardíacas, o miocárdio forma saliências irregula-
res, denominadas trabéculas cárneas. As que emergem das paredes atriais são 
denominadas músculos pectíneos, e as das paredes ventriculares são os mús-
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culos papilares. Nos ápices desses pilares, prendem-se às cordas tendíneas fi -
lamentos delgados, fi xados aos músculos papilares em uma das extremidades, 
e, na outra extremidade, na válvula das valvas atrioventriculares.
Os vasos sanguíneos são uma série de tubos com diferentes diâmetros, 
formando extensa e complexa rede que se ramifi ca e se distribui por todos 
os tecidos do corpo, conduzindo o sangue. Existem três tipos de vasos sanguí-
neos: artérias, veias e capilares.
De modo geral, o sangue que circula pelas artérias (Figura 3) possui maior 
concentração de oxigênio (sangue arterial), exceto o tronco pulmonar e suas 
ramifi cações, que transportam sangue com maior concentração de dióxido de 
carbono (sangue venoso). As artérias são responsáveis pela irrigação do corpo, 
e as pequenas artérias são chamadas de arteríolas. 
Figura 3. Artérias, veias, arteríolas, vênulas e capilares. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 09/10/2020. (Adaptado).
Vejamos, agora, os trajetos das principais artérias do corpo humano. 
De acordo com Larosa, em Anatomia humana – texto e atlas, publicado em 
2016, as artérias se originam do tronco pulmonar e da artéria aorta (direta 
e indiretamente). A artéria aorta se origina do ventrículo e, na parte ascen-
dente da aorta, na cavidade torácica, ela se ramifi ca, transformando-se em 
artérias coronárias direita e esquerda e irrigando o coração. O arco da aor-
Veia Artéria
Ar
tér
ia
Capilares
Ar
te
río
la
Vê
nu
la
Veia
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Figura 4. Principais ramifi cações da artéria aorta. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 09/10/2020. (Adaptado).
ta continua e emite os ramos da artéria carótida comum esquerda, tronco 
braquiocefálico e artéria subclávia esquerda. O tronco braquiocefálico, por 
sua vez, dá origem às artérias carótida comum direita e subclávia direita. As 
artérias carótidas comuns direita e esquerda dão origem aos ramos respon-
sáveis por irrigar estruturas da cabeça e do pescoço, e as artérias subclávias 
irrigam o membro superior.
O trajeto descendente da aorta inicia logo após o arco, na cavidade torá-
cica em direção ao abdômen (aorta descendente, parte torácica), descendo 
anteriormente à coluna vertebral e atravessando o músculo diafragma. Da 
aorta descendente na parte abdominal originam-se, além de várias outras 
artérias, as artérias ilíacas comuns direita e esquerda, ao nível da 4ª vérte-
bra lombar. Veja, na Figura 5, a presença das artérias ilíacas comuns direita 
e esquerda.
Artéria carótida
comum direita
Artéria braquiocefálica
Aorta ascendente 
Artéria carótida
comum esquerda
Artéria subclávia 
esquerda
Aorta descendente 
parte torácica
Aorta descendente 
parte abdominal
Arco da aorta
Artéria subclávia direita
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Figura 5. Principais ramificações da artéria aorta e da veia cava inferior – membros inferiores. Fonte: Shutterstock. 
Acesso em: 09/10/2020. (Adaptado).
As veias são vasos sanguíneos que possuem a função de conduzir o san-
gue de volta ao coração (o que chamamos de retorno venoso), terminando nos 
átrios. A maioria delas transporta sangue rico em CO2 (dióxido de carbono); é 
importante ressaltar, no entanto, que as veias pulmonares transportam san-
gue rico em O2 dos pulmões para o átrio esquerdo do coração. 
Nós, seres humanos, possuímos mais veias do que artérias. Elas estão loca-
lizadas mais superficialmente, se comparadas com as artérias, variando o diâ-
metro em grande, médio e pequeno calibre. Sucessivamente, as veias do corpo 
se unem para formar as veias cavas superior e inferior, além do seio coronário, 
Veia renal Artéria renal
Aorta
Artéria ilíaca comum 
Artéria ilíaca interna
Artéria poplítea
Artéria tibial anterior
Veia tibial anterior
Artéria tibial posterior
Veia tibial posterior
Veia ilíaca interna
Veia ilíaca comum
Veia cava inferior
Rim
Artéria peroneal
Veia poplítea
Artéria femoral
Veia femoral
Veia safena maior
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desembocando no átrio direito. As veias pulmonares, por sua vez, desembocam 
no átrio esquerdo. Além disso, as pequenas veias são chamadas de vênulas.
Fisiologia cardiovascular
Após relembrarmos as principais estruturas anatômicas do sistema car-
diovascular, é importante reforçar o conteúdo sobre o funcionamento dessas 
estruturas. De forma geral, é essencial relembrar como e em quais partes do 
corpo o sanguecircula no nosso organismo.
O sangue percorre a rede de vasos sanguíneos por dois circuitos fechados di-
ferentes: a pequena circulação, ou circulação pulmonar, e a grande circulação, 
ou circulação sistêmica. A Figura 6 mostra o trajeto percorrido pelo sangue ve-
noso presente no átrio direito, passando pelo ventrículo direito, tronco pulmonar, 
com as artérias pulmonares direita e esquerda, conduzindo aos pulmões, as quais, 
após ramifi cações, originam os capilares sanguíneos que permitem a hematose 
– ou seja, a eliminação do dióxido de carbono e a incorporação do oxigênio ao san-
gue. O sangue retorna ao átrio esquerdo pelas quatro veias pulmonares.
Figura 6. Circulação sistêmica e pulmonar. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 09/10/2020. (Adaptado).
Artérias pulmonares Veias pulmonares
Aorta e ramos
Átrio esquerdo
Ventrículo esquerdo
Sangue rico em oxigênio e pobre em CO2
Sangue rico em CO2 e pobre em oxigênio
Circulação pulmonar 
Veia cava superior
Ventrículo direito
Circulação sistêmica
Átrio direito
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A circulação sistêmica transporta 
sangue rico em O2 (oxigenado) para 
todos os tecidos do corpo e retorna 
com o sangue rico em CO2 (venoso), 
dos tecidos para o átrio direito. Assim, 
o sangue oxigenado sai do ventrículo 
esquerdo pela aorta, que se ramifica 
pelo corpo, originando arteríolas e ca-
pilares, e permite trocas entre o san-
gue e os tecidos do corpo.
Condução elétrica do coração
O coração é ativado por eletrici-
dade, ou seja, por estímulos elétricos. As câmaras cardíacas (átrios e ventrí-
culos) funcionam como uma bomba que propulsiona o sangue. As paredes 
musculares de cada câmara se contraem em uma sequência bem objetiva e 
precisa, o que impulsiona um máximo volume de sangue, gastando menos 
energia possível.
O coração funciona como um todo (como um sincício), devido à presença 
dos discos intercalares. Sincício é uma massa protoplasmática multinucleada 
de células, e, quando o estímulo é aplicado em qualquer parte do miocárdio, 
todo o músculo se contrai.
Dois sincícios funcionais estão presentes no coração: o sincício atrial e o 
ventricular. Eles são separados por uma membrana de tecido fibroso, per-
mitindo que a contração nas fibras que compõem o sincício atrial ocorra em 
tempo diferente daquela que ocorre no ventricular. Dessa forma, enquanto o 
átrio se contrai (sístole), o sangue é ejetado para o ventrículo; quando o átrio 
relaxa (o que chamamos de diástole), o ventrículo se contrai, o que proporcio-
na o fechamento das válvulas e impulsiona o sangue para as artérias. 
Uma descarga elétrica controla a contração das fibras miocárdicas. Essa 
descarga elétrica, em uma velocidade controlada, flui por meio de vias elétri-
cas do sistema de condução. Nós temos o nó (ou nodo) sinusal ou sinoatrial, 
marca-passo natural do coração. A descarga elétrica que inicia a cada bati-
mento cardíaco tem origem nesse marca-passo (Figura 7), e fica situado na 
parede do átrio direito.
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Figura 7. Sistema elétrico do coração. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 09/10/2020. (Adaptado).
O nó sinoatrial inicia um impulso elétrico que fl ui sobre os átrios esquerdo e di-
reito, contraindo-os. O sangue é, então, deslocado imediatamente para os ventrí-
culos. Ao chegar no nó atrioventricular, estação intermediária do sistema elétrico, 
o impulso elétrico sofre um discreto retardo. Em seguida, o impulso elétrico se dis-
semina ao longo do feixe de His, que se divide em ramo direito (direcionado para 
o ventrículo direito) e ramo esquerdo (direcionado para o ventrículo esquerdo).
DICA
Fique sempre atento a arritmias cardíacas nos seus futuros pacientes 
cardiopatas. A arritmia cardíaca é caracterizada pela alteração no ritmo 
dos batimentos do coração. Quando os batimentos estão abaixo do nor-
mal, consideramos como bradicardia; quando os batimentos estão acima 
do normal (em repouso), consideramos como taquicardia.
O impulso elétrico atingirá os ventrículos, contraindo-os, o que permitirá a 
saída de sangue para fora do coração. O ventrículo esquerdo ejeta sangue para 
os músculos, cérebro e outros órgãos do corpo. Já o ventrículo direito ejeta o san-
gue exclusivamente para a circulação do pulmão, para que ocorra a hematose.
Nó atrioventricular
Nó sinoatrial
Ramo direito
Fibras de Purkinje
Divisão posterior 
esquerda
Divisão anterior 
esquerda
Ramo esquerdo
Feixe de His
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Importante saber que o ritmo cardíaco oriundo do nó sinusal é denomina-
do ritmo sinusal, e o ritmo cardíaco oriundo do nó atrioventricular é denomi-
nado ritmo juncional. 
Resumindo, os estímulos elétricos são realizados pelas células nodais e pelas 
células de Purkinje. Essas células especializadas possuem a capacidade de iniciar 
um impulso elétrico (automaticidade), responder a impulsos elétricos (excitabili-
dade) e dar continuidade ao estímulo elétrico (condutividade). 
As estruturas e respectivas funções na condução elétrica do coração são:
• Células de Purkinje: também chamadas de fi bras condutoras, se encarre-
gam mais especifi camente de distribuir a contração da musculatura coronária.
• Células nodais: apresentam capacidade de garantir a velocidade da con-
tração do miocárdio e estão presentes no nó sinoatrial e no nó atrioventricular.
• Nó sinoatrial ou sinusal: encontrado no átrio direito, na junção da veia 
cava superior, exerce uma função autônoma e é responsável pelo estabeleci-
mento da frequência e do ritmo dos batimentos cardíacos.
• Nó atrioventricular: também localizado no átrio direito, mas próximo à 
valva tricúspide. Sua função é propiciar a passagem de sangue dos átrios para 
os ventrículos por meio da promoção de uma pausa fi siológica da 
contratura miocárdica.
• Feixe de His: é um feixe de tecido condutor que, por 
ser bifurcado, permite a condução do estímulo tanto 
para o ventrículo direito quanto para o esquerdo. 
Todas essas estruturas têm participação na ma-
nutenção da contração e do relaxamento da mus-
culatura cardíaca, o miocárdio.
Exames complementares – exame clínico do cardiopata 
aplicado à cardiologia
Na rotina de atendimento de pacientes fisioterapêuticos, os exames 
complementares se tornam indispensáveis, visto que eles auxiliam no em-
basamento das decisões clínicas do(a) fisioterapeuta. Eles são utilizados 
em todas as áreas da fisioterapia, sendo que cada uma requisita exames 
específicos. 
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A avaliação de um(a) paciente cardiopata envolve uma anamnese bem detalha-
da, além de exame físico específi co e análise de exames complementares. Dentre 
esses últimos, destacam-se o eletrocardiograma, o ecocardiograma e a ergometria. 
Além disso, a presença de uma angioplastia prévia também deve ser identifi cada. 
O eletrocardiograma é um exame que avalia a atividade elétrica do coração por 
meio de eletrodos fi xados na pele. O ecocardiograma com doppler abrange os mé-
todos de diagnóstico da estrutura e do funcionamento do coração baseados no uso 
de ultrassom, geralmente em torno de 2 a 4 MHz. Já a angioplastia não é exatamente 
um exame, mas um procedimento que objetiva a revascularização do coração, fa-
zendo com que o fl uxo sanguíneo se normalize quando há artérias obstruídas.
Eletrocardiograma (ECG)
O eletrocardiógrafo foi inventado no início do século XX pelo cientista 
Willem Einthoven com o objetivo de registrar as ondas elétricas que se ori-
ginam no coração. O protótipo do eletrocardiógrafo consistiu em um gal-
vanômetro de corda, no qual os dois braços e uma perna eram imersos em 
uma solução salina (condutora) para representar os vértices do triângulo 
de Einthoven;atualmente, são exatamente nessas regiões do corpo que os 
eletrodos são conectados. A lei de Einthoven propõe que, a partir do co-
nhecimento dos potenciais elétricos de duas das três derivações bipolares 
periféricas, o terceiro pode ser determinado pela soma dos dois primeiros. 
O eletrocardiograma é um exame de extrema importância para o diagnós-
tico cardiológico, pois registra a atividade elétrica do coração, sendo, portanto, 
considerado o “padrão ouro” para o diagnóstico não invasivo de arritmias e 
distúrbios de condução. O aparelho capta as alterações de potenciais elétricos 
entre dois pontos do corpo, os quais são gerados a partir da despolarização 
e da repolarização das células cardíacas. O potencial de ação monofásico do 
músculo ventricular é registrado por um microeletrodo inserido no interior da 
fi bra muscular. A defl exão do potencial, a qual é caracterizada por qualquer 
alteração na atividade elétrica além da linha base, é causada pela despolari-
zação, e o retorno desse potencial à linha base ocorre devido à repolarização.
Algumas informações importantes podem ser obtidas por meio do ECG, 
além dos distúrbios de ritmo do coração, tais como orientação anatômica do 
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coração, tamanho relativo das câmaras cardíacas, extensão, localização e pro-
gressão dos danos isquêmicos ao miocárdio, efeitos de concentrações altera-
das de eletrólitos e influência de fármacos. 
Ao observarmos um traçado eletrocardiográfico normal, ou seja, sem alte-
rações, podemos notar que ele é formado pela onda P, pelo complexo QRS e 
pela onda T, como mostrado na Figura 8.
Figura 8. ECG normal. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 09/10/2020. (Adaptado). 
Registro do eletrocardiograma
O eletrocardiograma é constituído de 12 derivações de registro: seis do pla-
no elétrico frontal, como as derivações periféricas D1, D2, D3 (bipolares), aVR, 
aVL e aVF (unipolares); e seis do plano elétrico horizontal, como as derivações 
precordiais V1 a V6 (unipolares). Em situações mais específicas, pode-se acres-
centar outras derivações, como as cardíacas direitas (VD, V3R a V6R) e as car-
díacas posteriores (VE, V7 e V8).
Você, como futuro(a) profissional da fisioterapia, receberá de seus pacientes car-
diopatas um papel de registro do ECG. Nele, terá pequenos quadrados desenhados, 
de 1 mm de cada lado. A abscissa é o que marca o intervalo de tempo, e, consideran-
do a velocidade padrão de 25 mm/s, cada 1 mm corresponde a 0,04 s. Já a ordenada 
marca a voltagem, sendo que 1 mm corresponde a 0,1 mV; dessa forma, em um 
equipamento previamente ajustado, a calibração corresponde a 10 mm ou 1 mV.
0,2 s
P
R
Q
S
T
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Propedêutica eletrocardiográfica
Com o objetivo de facilitar o diagnóstico, deve-se ter uma sistematização 
na interpretação do ECG. Ela segue as seguintes etapas, conforme pontuaram 
Feldman e Goldwasser, no artigo “Eletrocardiograma: recomendações para a 
sua interpretação”, publicado em 2004:
1. Frequência cardíaca (FC)
2. Ritmo cardíaco (RIT)
3. Onda P (OP)
4. Segmento PR (sPR)
5. Intervalo PR (iPR)
6. Complexo QRS
7. Ponto J e segmento ST (sST)
8. Onda T (OT)
9. Intervalo QT (iQT)
10. Onda U (OU) (p. 22). 
Frequência cardíaca
Pelo ECG, a frequência cardíaca (FC) é calculada dividindo 1500 pelo número 
de quadrados pequenos que estejam entre dois complexos QRS ou duas OP con-
tínuas. Consideramos uma FC normal aquela situada entre 60 e 100 bpm. 
Taquicardia e bradicardia sinusais são consideradas quando a FC está maior 
do que 100 bpm ou menor do que 60 bpm, respectivamente, e elas podem ser 
encontradas nas pessoas com ou sem doenças cardíacas subjacentes. Bradi-
cardia com FC menor do que 40 bpm e taquicardia com FC maior que 160 bpm 
entre pessoas em repouso, no entanto, requerem uma análise mais precisa 
para identificar outras arritmias.
Além disso, é possível observar a bradicardia mais frequentemente em pes-
soas com maior condicionamento físico ou atletas, em casos de hipertonia vagal, 
em pessoas que utilizam medicamentos antagonistas dos canais de cálcio, beta-
bloqueadores e morfina, em casos de hipotireoidismo e hiperpotassemia, na dis-
função do nódulo sinusal, na hipertensão endocraniana e no infarto do miocárdio. 
Já a taquicardia é frequentemente observada em pessoas após a prática de 
exercícios físicos, em crises e situações de ansiedade, hipertireoidismo, em estados 
hipercinéticos, após o uso de álcool, nicotina, cafeína, vasodilatadores, substâncias 
adrenérgicas e atropina, na insuficiência cardíaca e no infarto do miocárdio. 
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Ritmo cardíaco
O ritmo cardíaco é avaliado pela medida dos intervalos entre os ciclos car-
díacos. É mais fácil aferi-los entre as espículas dos QRS, os intervalos R-R. Ele 
é regular quando esses intervalos são constantes ou iguais, e irregular quando 
são inconstantes ou diferentes. 
Onda P
A onda P é a primeira do ECG normal. Trata-se de uma onda simétrica, arre-
dondada, de pequena amplitude (menor do que 2,5 mm) e de duração menor 
do que 110 ms. O ritmo sinusal (normal do coração) traduz-se pela presença da 
onda P positiva nas derivações D1, D2, aVF, V2 a V6 e negativa em aVR. A orien-
tação vetorial (SâP) está situada entre 0° e +90°, próximo de +60°. 
A onda P deve estar seguida do QRS, relação atrioventricular 1:1. Caso você 
observe ausência da onda P, isso pode ser sinal de arritmias, tais como bloqueios 
atrioventriculares de 2° e 3° graus, flutter ou fibrilação atrial e ritmo juncional. Uma 
onda P alargada, bimodal ou entalhada, no entanto, pode sugerir fibrilação atrial. 
Uma onda P com medida entre 2,5 mm e 3 mm, bem como duração en-
tre 100 ms e 120 ms, deve ser analisada no contexto do quadro clínico do(a) 
paciente, visto que pode corresponder ao crescimento atrial. A onda P apicu-
lada e de amplitude aumentada maior do que 3 mm está correlacionada ao 
crescimento do átrio direito; a de duração aumentada maior do que 120 ms e 
com entalhes, por sua vez, tem relação com o crescimento do átrio esquerdo. 
Segmento PR
Consideramos o segmento PR como o segmento de linha que une a onda P 
ao QRS, devendo estar ao nível da linha de base do traçado. O desnivelamento 
geralmente é observado na pericardite aguda (inflamação do pericárdio) ou no 
infarto atrial.
Intervalo PR
O intervalo PR é o intervalo de tempo medido entre o início da onda P e o iní-
cio do QRS. Ele pode variar de 120 ms a 200 ms, mantendo-se constante. Dentro 
deste limite, o intervalo PR será menor na taquicardia e maior na bradicardia. 
O intervalo constante e maior do que 210 ms é característico do bloqueio 
atrioventricular de 1º grau. Intervalos menores do que 120 ms estão relacio-
nados à síndrome de pré-excitação ventricular. Veja, no Quadro 1, os valores 
máximos normais do intervalo PR.
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QUADRO 1. VALORES MÁXIMOS NORMAIS DO iPR
Frequência cardíaca/min 18 a 40 anos iPR em ms Mais de 40 anos iPR em ms
Menos de 70 200 210
71 a 90 190 200
91 a 110 180 190
111 a 130 170 180
131 a 150 160 170
Mais de 150 150 160
Menos de 70Menos de 70Menos de 70
71 a 90
Menos de 70
71 a 9071 a 90
91 a 11091 a 110
111 a 130111 a 130111 a 130
131 a 150131 a 150
Mais de 150
131 a 150
Mais de 150Mais de 150
200
190190
180
170170
160
150150
210210
200
190190
180
170170
160
Fonte: FELDMAN; GOLDWASSER, 2004, p. 254. 
Complexo QRS
O complexo QRS é a segunda onda do ECG normal. Possui defl exão estreita, 
espiculada, com duração entre 60 ms e 100 ms e de amplitude variada. 
A onda Q é a primeira defl exão negativa, e a onda R é a primeira defl exão 
positiva. A onda S é a defl exãonegativa que segue a R, a onda R’ é a defl exão 
positiva que segue a S e a S’ é a defl exão negativa, que segue a R’. Nas deriva-
ções D1 até aVF, existem diferenças nas morfologias dos QRS entre as pessoas 
em razão das rotações cardíacas. O padrão aproximado em V1/V2 é rS, em V3/
V4, RS e em V5/V6, qRs. A orientação vetorial (SâQRS) situa-se entre 0° e +90°.
E como se caracteriza a onda Q anormal (ou patológica)? Ela tem amplitude 
aumentada, geralmente maior do que 3 mm ou 25% do tamanho do QRS. 
Um QRS largo tem a duração igual ou maior do que 120 ms. Um QRS de 
duração aumentada é maior do que 30 ms e se correlaciona com uma área 
eletricamente inativa, como é o caso da necrose ventricular. Um QRS de baixa 
voltagem tem a amplitude menor do que 5 mm nas derivações standards e me-
nor do que 8 mm nas precordiais, o que pode ser observado em pessoas com 
enfi sema pulmonar, obesas com mixedema, miocardite e derrame pericárdico.
As alterações morfológicas dos QRS possibilitam a identifi cação de blo-
queios de ramos e hipertrofi as ventriculares. O QRS de amplitude aumentada 
pode corresponder à hipertrofi a do VE, por exemplo. Dentre os índices para 
tal diagnóstico, utiliza-se mais o de Sokolow-Lyon; esse índice é calculado pela 
soma (em mm) das maiores amplitudes da onda S, de V1 ou V2, com a onda R, 
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de V5 ou V6. Ele é considerado positivo quando o resultado for igual ou maior 
do que 35 mm.
Geralmente, em D3, uma onda Q profunda pode não ser necrose. Neste 
caso, repete-se o D3 em inspiração. Se a onda Q diminuir ou desaparecer, não 
é algo patológico, devendo-se à rotação cardíaca normal. 
Ponto J e segmento ST
O ponto J é o ponto de junção entre o final do QRS e o início do segmento ST, 
situado no nível da linha de base. Já o segmento ST é o segmento de linha que 
une QRS à onda T, correspondendo à fase inicial da repolarização ventricular. 
Sua morfologia corresponde a algo curvo, côncavo para cima e deve estar no 
nível da linha de base do traçado, a linha isoelétrica. 
Pequenos desnivelamentos do ponto J e sST de até 1 mm nas derivações pe-
riféricas ou até 2 mm nas precordiais e com sST côncavo para cima podem ser 
observados em pessoas sem cardiopatias, vagotônicos ou simpaticotônicos, o 
que sugere repolarização ventricular precoce. 
Onda T
A onda T é a terceira do ECG normal e corresponde à repolarização ven-
tricular em sua quase totalidade. É uma onda assimétrica, arredondada, com 
a fase descendente mais rápida e a ascendente mais lenta. Possui amplitude 
variável e menor do que o QRS. Ela possui polaridade positiva em D1-D2-aV-
F-V2 a V6 e negativa em aVR. A orientação vetorial (SâT) está situada entre 0° 
e +90°, próximo de +45°.
Mudanças em sua polaridade e forma são observadas na criança e no ado-
lescente, estando negativa de V1 a V4, o que chamamos de onda T infantil ou 
juvenil. Na pessoa adulta obesa, em mulheres ou em afrodescendentes, ela 
pode estar negativa em V1 e V2. Nos atletas, a onda T pode estar negativa em 
algumas derivações. No tabagista ou após a ingestão de álcool ou hiperven-
tilação, ela pode estar aplanada, com pequena amplitude ou mesmo pouco 
negativa, o que configura alterações inespecíficas da repolarização ventricular.
Intervalo QT
É o intervalo de tempo medido entre o início do QRS e o final da onda T, cor-
respondendo à sístole elétrica total ventricular. Ele pode variar inversamente 
em relação à FC, sendo maior na FC mais lenta e menor na FC mais rápida. Em 
geral, os limites deste intervalo são de 300 a 440 ms.
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Onda U
Em algumas ocasiões, é possível identificar a onda U, considerada a quarta 
onda do ECG, quando ela vem logo após a onda T. É uma onda morfologicamente 
de curta duração, arredondada, de pequena amplitude e com a mesma polarida-
de da onda T precedente. Ondas do tipo U com amplitude e duração aumentadas 
são observadas na hipopotassemia e negativa na isquemia miocárdica. 
Após a onda U, o traçado segue em uma linha de base isoelétrica, a linha 
de base do eletrocardiograma que representa a diástole ou o repouso elétrico 
do coração, interrompido por um novo ciclo cardíaco e assim sucessivamente.
A Figura 9, por fim, apresenta um ECG normal com todas as curvas vistas 
neste tópico.
Figura 9. Eletrocardiograma normal. Fonte: FELDMAN; GOLDWASSER, 2004, p. 25. (Adaptado).
Relação do eletrocardiograma com o ciclo cardíaco
Para fazer essa combinação, vamos iniciar com o estímulo originado pelo nó 
AS que acarretará na contração da musculatura cardíaca, o que configura a onda P 
no ECG, que se mostra já no começo da pressão atrial. Concluída a passagem nos 
Intervalo
Sístole elétrica Diástole elétrica
Intervalo
PR QT
PR
Onda P SEG SEG Onda T Onda U
J
Pto
ST
QRS
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átrios, nó AV e feixe de His, o estímulo progride para os ventrículos, ocasionando 
a onda QRS do ECG, e os ventrículos contraem, desencadeando o fechamento das 
valvas atrioventriculares (mitral e tricúspide) – quando acontece a bulha.
Logo após a primeira bulha, as valvas semilunares se abrem e, aos poucos, 
os ventrículos relaxam. Com o objetivo de restabelecer as cargas elétricas den-
tro das fi bras musculares (negativo no meio interno e positivo no meio exter-
no), é evidenciada a onda T no ECG. Ao fi nal do completo relaxamento ventricu-
lar, as valvas semilunares se fecham (segunda bulha) e o próximo ciclo aguarda 
o estímulo do nó AS pra começar.
Ecocardiograma
O ecocardiograma, principalmente na forma de doppler cardiograma, é 
um exame para avaliação do coração. Possui alta sensibilidade, é rápido e não 
invasivo. De acordo com Negrão e Barretto, em Cardiologia do exercício – do atle-
ta ao cardiopata, publicado em 2010, a partir dele é possível avaliar alterações 
nas dimensões das cavidades cardíacas e da massa ventricular, associadas ou 
não a alterações da função ventricular esquerda.
Veja, na Figura 10, um conjunto de padrões de ecocardiografi a, ou seja, as 
imagens que aparecem na tela da máquina que está realizando o exame.
Figura 10. Conjunto de padrões de ecocardiografi a. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 09/10/2020. 
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Recomenda-se seguir as diretrizes da Sociedade Norte-Americana de Eco-
cardiografi a na padronização técnica para medidas das cavidades e da massa 
ventricular, assim como na avaliação hemodinâmica. 
Para obtenção de medidas lineares do ventrículo esquerdo, o registro deve 
ser feito na janela chamada paraesternal. Recomenda-se que a espessura e 
os diâmetros do ventrículo esquerdo sejam medidos no eixo curto, no nível 
da ponta das cúspides da valva mitral (nos músculos papilares). Essas medi-
das podem ser realizadas pelo modo bidimensional, que é quando o ângulo 
entre o cursor do modo M e o eixo maior do ventrículo esquerdo for maior 
do que 30°. O átrio esquerdo é medido em seu diâmetro anteroposterior, 
conforme afi rmam Negrão e Barretto, em Cardiologia do exercício – do atleta 
ao cardiopata (2010).
Utiliza-se o modo bidimensional no plano paraesternal longitudinal. Em 
casos nos quais é observado aumento do diâmetro longitudinal do átrio es-
querdo, superior ao aumento verifi cado no diâmetro anteroposterior, deve-se 
realizar a medida do volume do átrio esquerdo no plano apical, permitindo 
uma avaliação mais acurada do remodelamento assimétrico dessa cavidade. 
O médico deve ter cuidado para que as veias pulmonares sejam excluídas do 
traçado e para que a borda inferior represente o plano do anel mitral. Parece uma 
técnica complexa, e realmente é, mas o médico é quem a realiza. Você, como futu-
ro(a) fi sioterapeuta cardiológico,deve entender os resultados do exame.
O padrão geométrico do ventrículo esquerdo é obtido com base no valor do 
índice de massa e da espessura relativa da parede. Esse valor é calculado por 
meio da soma da espessura do septo interventricular e da parede inferolateral 
divididas pelo diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo.
QUADRO 2. CLASSIFICAÇÃO DO PADRÃO GEOMÉTRICO DO VENTRÍCULO ESQUERDO
Geometria
 normal
Remodelamento
concêntrico
Hipertrofi a
excêntrica
Hipertrofi a
concêntrica
IMVE (g/m²)
≤ 95 (M) ≤ 95 (M) > 95 (M) > 95 (M)
≤ 102 (H) ≤ 102 (H) > 102 (H) > 102 (H)
ERP ≤ 0,42 > 0,42 ≤ 0,42 > 0,42
≤ 95 (M)≤ 95 (M)≤ 95 (M)
≤ 102 (H)≤ 102 (H)≤ 102 (H)
≤ 0,42≤ 0,42
≤ 95 (M)≤ 95 (M)
≤ 102 (H)≤ 102 (H)≤ 102 (H)
> 0,42> 0,42
> 95 (M)
> 0,42
> 95 (M)> 95 (M)
> 102 (H)> 102 (H)> 102 (H)
≤ 0,42≤ 0,42
> 95 (M)> 95 (M)> 95 (M)
> 102 (H)> 102 (H)> 102 (H)
> 0,42> 0,42
Fonte: NEGRÃO; BARRETTO, 2010, p. 203.
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Ergometria
A ergometria, também chamada de teste ergométrico, é utilizada como 
teste de esforço máximo e deve ser conduzida por um médico cardiologista. 
Embora o(a) fi sioterapeuta não se envolva propriamente com esse teste, ele(a) 
deve saber interpretar os dados fornecidos, pois é um instrumento de avalia-
ção para tratamento de pacientes cardíacos. Ele fornece informação signifi ca-
tiva sobre o prognóstico de pacientes com doença coronariana comprovada.
Além disso, ele pode ser realizado sempre que o(a) médico(a) cardiologista, ou 
você, futuro(a) fi sioterapeuta, achar necessário, e não apenas no início de um pro-
grama de reabilitação. O teste máximo, no entanto, geralmente é realizado ao térmi-
no da fase ambulatorial inicial (fase II) do programa de reabilitação cardiovascular 
e precede o momento em que o paciente é liberado para retornar ao trabalho.
Para o(a) fi sioterapeuta envolvido(a) na reabilitação cardiovascular, a impli-
cação prognóstica desse teste é importante, pois identifi ca a prioridade para o 
envolvimento em um programa já em andamento com base na probabilidade 
de um futuro evento cardíaco, além de fornecer parte dos dados úteis para a 
decisão sobre o programa específi co de exercícios.
Protocolos de teste de esforço físico
O teste de esforço pela ergometria objetiva avaliar as condições clínicas e 
funcionais do sistema cardiovascular e deve ser conduzido por médico(a) car-
diologista, auxiliado por profi ssionais com formação e experiência em fi siologia 
do esforço. Existem vários protocolos, e podem ser realizados em esteira ou 
bicicleta ergométrica.
Indicações do teste 
• Infarto agudo do miocárdio com boa evolução;
• Revascularização do miocárdio;
• Angina estável;
• Angioplastia coronária;
• Miocardiopatias;
• Transplante cardíaco;
• Hipertensão arterial sistêmica controlada.
Contraindicações absolutas
• Paciente acamado(a);
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• Angina instável ou prolongada;
• Infarto agudo do miocárdio instável;
• Arritmia atrial ou ventricular severa;
• Bloqueio de ramo cardíaco do segundo ou terceiro grau;
• Alteração significativa e recente do eletrocardiograma de repouso;
• Insuficiência cardíaca congestiva descompensada;
• Miocardite ativa ou suspeita;
• Pericardite aguda;
• Infecção aguda;
• Tromboflebites ou trombose intracardíaca;
• Embolia pulmonar ou sistêmica recente;
• Angústia emocional significativa;
• Aneurisma dissecante da artéria aorta diagnosticada ou suspeita;
• Febre acima de 38 °C;
• Estenose aórtica severa;
• Resposta inapropriada da pressão arterial sistêmica: mudanças ortostáti-
cas ou em exercício físico e pacientes sintomáticos(as).
Contraindicações relativas
• Doença valvular cardíaca moderada;
• Aneurisma ventricular;
• Pressão arterial diastólica de repouso acima de 120 mmHg ou pressão 
sistólica de repouso acima de 220 mmHg;
• Resposta hipotensiva da PAS (queda > 10 a 15 mmHg);
• Diminuição do gradiente pressóricopossível reduzir a mortalidade decorrente das car-
diopatias congênitas se os cuidados pré e pós-natais fossem realizados com 
mais regularidade.
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Comunicação interatrial (CIA)
O lado direito do coração não se comunica, anatomicamente, com o lado 
esquerdo, pois há o septo interatrial. Em casos patológicos raros, todavia, 
pode haver uma comunicação interatrial (CIA). A CIA é uma abertura na 
parede muscular, ou seja, no septo que separa o átrio direito do átrio es-
querdo. Isso causa, consequentemente, a mistura do sangue arterial com 
o venoso.
Existem vários tipos de CIA. De acordo com Umeda, em Manual de fi sio-
terapia na reabilitação cardiovascular, de 2013, a mais comum é a ostium 
secundum, normalmente localizada no meio do septo interatrial. A presença 
do defeito causa, a cada batimento cardíaco, aumento do fl uxo sanguíneo 
que passa pelos pulmões. Períodos prolongados deste fl uxo de sangue au-
mentado nos pulmões causam hipertensão pulmonar. Se não tratada, a 
hipertensão pulmonar pode determinar o óbito do(a) paciente.
De forma mais habitual, a CIA é diagnosticada precocemente, muitas 
das vezes pelo pediatra, quando a pessoa ainda é criança ou adolescen-
te. Ela também pode ser diagnosticada mais tardiamente, com a pessoa 
adulta, por meio de exames de rotina ou após o surgimento de 
sintomas não comuns.
Geralmente, pacientes com CIA possuem dispnéia 
e fadiga (cansaço). Em casos nos quais a CIA evolui 
para uma embolia, entretanto, os sintomas são 
mais graves, como paralisia de parte do corpo, 
alterações de visão, comportamento e memória, 
difi culdade na fala, dor no abdômen, dentre outros. 
Comunicação interventricular (CIV)
A comunicação interventricular (CIV) é a presença de uma abertura no 
septo que separa o ventrículo direito do ventrículo esquerdo (Figura 12), per-
mitindo a passagem de sangue de um lado para o outro do coração e, conse-
quentemente, sua mistura. Assim como a CIA, é uma cardiopatia congênita, 
geralmente diagnosticada na infância.
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Figura 12. Comparação entre coração normal e CIV. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 10/10/2020. (Adaptado).
Quando existe uma CIV, uma quantidade grande de sangue passa do lado 
esquerdo, com maior pressão, para o direito, de menor pressão. O sangue já 
oxigenado vai novamente para os pulmões, e volta para o lado esquerdo. Isso 
sobrecarrega o trabalho do coração a cada batimento, ocasionando uma hi-
pertrofi a do átrio e do ventrículo esquerdo. Já nos pulmões, há o aumento da 
pressão, lesionando permanentemente as paredes das artérias pulmonares ao 
longo do tempo, conforme pontua Umeda (2013). 
Os sintomas dependem do tamanho do orifício que permite a CIV. Se for 
pequeno, os sintomas são poucos ou ausentes. No exame médico, todavia, é 
possível escutar um sopro característico. Entretanto, se o orifício é grande, o 
paciente pode apresentar dispneia, fadiga e difi culdade para se alimentar, im-
pactando negativamente no ritmo normal de crescimento, principalmente em 
pacientes crianças.
Persistência do canal arterial (PCA)
No feto, o canal arterial é um vaso grande, com a função de conectar o 
tronco da artéria pulmonar com a artéria aorta descendente. Cerca de 60% do 
Comunicação interventricular
Defeito no septo 
interventricular
Coração normal
Aorta
Átrio
direito
Átrio
esquerdo
Ventrículo
direito
Septo
Septo
Ventrículo
direito
Ventrículo
esquerdo
Ventrículo
esquerdo
Átrio
esquerdo
Átrio
direito
Artéria
pulmonar Artéria
pulmonar
Aorta
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débito cardíaco direito é desviado para a aorta descendente por meio deste 
canal durante o período fetal. 
Em bebês nascidos a termo (37 a 39 semanas), esse canal se fecha entre 12 e 
15 horas de vida. É importante ressaltar, no entanto, que se trata de um fecha-
mento pós-natal funcional, e o fechamento permanente ocorre em cinco a sete 
dias após o nascimento, podendo permanecer até o 21º dia. No prematuro, o 
canal arterial pode permanecer aberto por um período mais longo. De modo 
geral, quanto mais imaturo for o recém-nascido, maior será a frequência da 
persistência do canal arterial (UMEDA, 2013).
A PCA acarreta, geralmente, em signifi cativas alterações hemodinâmicas nas cir-
culações sistêmica e pulmonar do prematuro desde os primeiros dias de vida. Quanto 
maior o diâmetro do canal, maior o fl uxo sanguíneo pulmonar e menor o sistêmico.
Por fi m, os principais sintomas do paciente que apresenta PCA são taquicar-
dia, sopro cardíaco, aumento da amplitude do pulso cardíaco, deterioração do 
quadro respiratório, dentre outros.
Tetralogia de Fallot
A tetralogia de Fallot (TF) está presente no nascimento, ou seja, é uma 
doença congênita. É uma doença bastante rara, afetando três em cada dez mil 
crianças, aproximadamente. Sua ocorrência não é predominante em um gêne-
ro, ocorrendo igualmente em meninas e meninos. Além disso, a TF pode ser 
associada à fi ssura de palato e lábio.
CURIOSIDADE
Para saber mais sobre a tetralogia de Fallot, leia e assista 
ao vídeo da matéria “Tetralogia de Fallot: doença do cora-
ção que afeta três a cada 10 mil nascidos”, elaborada pelo 
G1. Nela, é possível saber um pouco mais sobre diagnós-
tico e sintomas da doença, além de conhecer um pouco a 
realidade de alguns portadores. 
Uma grave variante da TF é uma combinação de características anatômicas 
cardíacas: um defeito no septo interventricular (Figura 13); a aorta se move 
para o lado direito do coração, localizado sobre o defeito do septo interven-
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tricular; e hipertrofi a do ventrículo direito, como uma tentativa de compensar 
a obstrução pulmonar. Pode haver também obstrução pulmonar completa, 
com a ausência da valva pulmonar, ausência de conexão entre o ventrículo 
direito e a artéria pulmonar e artérias pulmonares anormais em tamanho e 
número (UMEDA, 2013).
Como nas doenças anteriores, há presença de sopro sistólico, baquetea-
mento digital, policitemia e, comumente, pode haver dispneia e fadiga.
Figura 13. Comparação entre coração normal e tetralogia de Fallot. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 10/10/2020. (Adaptado).
Transposição das grandes artérias (TGA)
A transposição das grandes artérias (TGA) é caracterizada pela saída da ar-
téria pulmonar do ventrículo esquerdo e da aorta do ventrículo direito; cada 
átrio está conectado ao seu respectivo ventrículo. Nesta doença, as artérias 
principais do coração trocam de lado.
Devido a essas características da TGA, o sangue rico em CO2 desemboca no 
ventrículo direito e, em seguida, é bombeado para a aorta, retornando ao cor-
po sem passar pelo pulmão. Já o sangue rico em O2 que sai do pulmão desem-
boca no ventrículo esquerdo, que bombeia novamente sangue para o pulmão 
(UMEDA, 2013). Dessa forma, na TGA existe, em paralelo, duas circulações, uma 
de cada lado do coração, sem que haja renovação de sangue. 
Artéria pulmonar
Veia cava 
superior
Veia cava 
inferior
Ventrículo 
direito
Átrio 
esquerdo
Ventrículo 
esquerdo
Estreitamento 
da 
válvula 
pulmonar
Defeito no septo 
interventricular
Átrio 
direito
Aorta
Tetralogia de FallotCoração normal
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Não é uma doença compatível com a vida, visto que todos os órgãos do 
nosso corpo precisam de oxigênio para seu perfeito funcionamento. Isso faz 
com que na TGA seja indispensável à existência de uma comunicação, por 
meio da qual ocorre a mistura do sangue entre os dois lados do coração. Essa 
comunicação para a mistura do sangue pode ocorrer pela CIA, CIV ou pelo 
canal arterial.
Atresiasvalvares
Atresia valvar é uma cardiopatia congênita com característica cianótica, 
oriunda da agenesia, ou seja, ausência da conexão atrioventricular ou imper-
furação da valva (bicúspide ou tricúspide). Essa cardiopatia gera como conse-
quência a incomunicação entre átrio e ventrículo. 
Nas atresias valvares ocorrem, comumente, anomalias associadas, como 
um defeito septal ventricular, defeito no septo atrial, estenose valvar pulmo-
nar, persistência do ducto arterioso e transposição das grandes artérias. Os si-
nais iniciais incluem insufi ciência cardíaca e cianose. A primeira bulha cardíaca 
(B1) é única e pode ser mais acentuada, e a segunda bulha cardíaca 
(B2) é única (UMEDA, 2013). 
Muitos bebês têm um sopro cuja natureza depen-
de da presença de anomalias associadas. O diag-
nóstico é realizado por meio do ECO. Em alguns 
casos, o cateterismo cardíaco pode ser neces-
sário, mas o tratamento defi nitivo é por meio da 
correção cirúrgica.
Correções cirúrgicas e repercussões nos aparelhos 
circulatório e respiratório
São comuns as cirurgias de revascularização do miocárdio para colocação 
de stents, troca ou reparo das válvulas cardíacas, assim como cirurgias de 
correção de alterações anatômicas oriundas de doenças congênitas. Podem 
ser empregadas diferentes técnicas cirúrgicas, de maior ou menor amplitude 
e intensidade.
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As cirurgias mais comuns são as de correção da CIA, CIV, das atresias valva-
res, TGA, PCA e tetralogia de Fallot. Independentemente da cirurgia a ser reali-
zada, orientações médicas são repassadas em consulta pré-cirúrgica.
No caso da cirurgia de correção da CIV, é colocada uma prótese na região da 
abertura que conecta o ventrículo direito com o esquerdo. Essa prótese evita 
que o sangue rico em O2 passe para o ventrículo direito e se misture com san-
gue rico em CO2 (MANN et al., 2017). Geralmente, essa correção é realizada por 
uma punção na virilha. Após isso, a prótese é guiada por um cateter por meio 
da artéria aorta, que avança até a região do ventrículo esquerdo. Ela vem com-
pactada em um dispositivo que libera a prótese e, após posicionada, retira-se o 
cateter, finalizando o procedimento. 
Já a cirurgia de correção da CIA é realizada com uma prótese na abertura, 
que conecta o átrio direito com o esquerdo. Essa prótese tem o formato de 
dois cogumelos justapostos e, após colocada, bloqueia a passagem de sangue. 
A correção de CIA também é realizada por uma punção na virilha e a prótese 
guiada por um cateter por meio da artéria aorta, até ser posicionada na aber-
tura do átrio no coração. Ela vem acompanhada de um dispositivo que a libera 
e, após posicionada, retira-se o cateter.
A cirurgia de Blalock-Taussig corresponde ao tratamento tradicional para 
crianças sintomáticas com tetralogia de Fallot, sendo realizada geralmente no 
primeiro ano de vida. Ela consiste no shunt da artéria subclávia para a pulmo-
nar. Já na técnica modificada há shunt com tubo de Gore-Tex da artéria subclá-
via para a pulmonar, visto que apresentam um risco baixo e a maioria das crian-
ças exibe rápida melhora clínica, conforme postulam Mann e outros autores, 
na obra Braunwald – tratado de doenças cardiovasculares, de 2017. 
A atresia de valva tricúspide é a mais comum. A cirurgia objetiva corrigir os 
defeitos, garantindo que o corpo receba a adequada quantidade de sangue rico 
em O2. Muitas das vezes não é possível corrigir a totalidade dos problemas na 
primeira cirurgia, sendo necessárias cirurgias paliativas. De acordo com Con-
solim-Colombo, Saraiva e Izar, no livro Tratado de cardiologia SOCESP, publicado 
em 2019, nessa primeira cirurgia há a colocação de um tubo pequeno que leva 
sangue para os pulmões, para que assim ele seja oxigenado.
Na TGA, a correção cirúrgica é realizada com cerclagem arterial (o que cha-
mamos de operação de Jatene), geralmente durante a primeira semana de vida 
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do bebê. As porções próximas das grandes artérias são transfectadas; as ar-
térias coronarianas são transplantadas para a raiz da pulmonar, transforman-
do-se em raiz neoaórtica; a artéria aorta é unida ao ventrículo esquerdo; e a 
artéria pulmonar é unida ao ventrículo direito. 
Por fi m, temos que falar sobre a cirurgia de correção da PCA. Pacientes 
sintomáticos ou assintomáticos de qualquer idade podem ser submetidos a 
cirurgia, com shunt signifi cativo esquerda e direita por meio de um canal arte-
rial persistente. É considerada uma cirurgia segura e com baixa mortalidade, e 
geralmente é realizada a união ou secção do canal arterial (CONSOLIM-COLOM-
BO; SARAIVA; IZAR, 2019).
Manuseio pré e pós-operatório de cirurgias em
neonatos e pediátricos
Crianças com cardiopatias congênitas estão mais suscetíveis a baixo ganho 
de peso, pneumonias de repetição, limitação ao exercício físico diário, crises 
de hipóxia e até mesmo insufi ciência cardíaca durante a evolução clínica da 
doença. Elas também podem desenvolver alterações da mecânica respiratória.
As principais complicações pós-cirurgia cardíaca pediátrica são pneumonia, 
atelectasia, pneumotórax, derrame pleural, hemorragia e hipertensão pulmo-
nar, paralisia diafragmática, dentre outras (UMEDA, 2013).
Diante disso, o(a) fi sioterapeuta deve compor a equipe multidisciplinar em 
saúde nos períodos pré, peri e, principalmente, pós-operatório, objetivando 
melhorar o quadro clínico do paciente neonato e pediátrico, prevenindo e recu-
perando complicações pulmonares, auxiliando na reabilitação social, reduzin-
do efeitos deletérios da cirurgia e da restrição ao leito.
Você, futuro(a) fi sioterapeuta, também pode promover a melhora do volume 
corrente expiratório, da resistência e da complacência e resistência pulmonar, 
assim como redução do tempo de internação no hospital de bebês ou crianças.
É necessário determinar ou eleger a intervenção fi sioterapêutica correta e ade-
quada ao paciente neonato e pediátrico, em qualquer fase operatória. Isso requer 
conhecimento sobre fi siopatologia da cardiopatia, além de compreensão da anato-
mia, fi siologia, tipo de cirurgia (paliativa ou reparadora), assim como da condição clí-
nica do paciente; apenas assim você conseguirá alcançar abordagens mais efetivas.
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Sintetizando
Nessa unidade, você pôde lembrar que o sistema cardiovascular é compos-
to anatomicamente por coração e vasos sanguíneos. O coração é formado por 
quatro câmaras cardíacas, divididas em duas do lado direito e duas do lado 
esquerdo; do lado direito circula sangue rico em CO2, e do lado esquerdo cir-
cula sangue rico em O2. Em perfeita harmonia circulatória, o sangue percorre 
a pequena e grande circulação, trazendo energia e vida para o corpo humano.
Para avaliação de algumas variáveis deste sistema e, principalmente, ve-
rificação de possíveis anormalidades, utilizamos exames complementares, 
como o ECG e o ECO. O ECG avalia a atividade elétrica do coração, apresen-
tando normalidade ou arritmias cardíacas, e o ECO avalia a estrutura e o fun-
cionamento do coração baseados no uso de ultrassom. 
Esses exames são muito utilizados em casos de cardiopatias congênitas. 
Elas são oriundas do nascimento, sendo desenvolvidas, geralmente, no perío-
do fetal. Algumas são incompatíveis com a vida, outras possuem tratamento, 
geralmente cirúrgico. As mais comuns são a PCA, PCV, tetralogia de Fallot, 
atresias valvares e TGA.
Por fim, as cirurgias em neonatos e crianças com doenças congênitas vi-
sam corrigir as anormalidades causadas pela doença. Essas crianças, todavia, 
podem permanecer com sequelas cardiovasculares e respiratórias que, mes-
mo compatíveis com a vida, podem, se não tratadas com o auxílio da fisiote-
rapia, levar

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