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1 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Cardiopatias Congênitas - CC Circulação –-> da Fetal para Neonatal Circulação Fetal Durante a gestação, a placenta tem uma baixa resistência vascular, logo, a PA SISTÊMICA DO FETO É BAIXA! Os pulmões do feto são repletos de líquido motivo da alta resistência vascular pulmonar. Obs.: menos de 10% do débito cardíaco passa pelo pulmão! SHUNTS DIREITO-ESQUERDO. O que são? São passagens que desviam a maior parte do sangue da direita para esquerda sem fazê-lo passar pelo pulmão. A alta pressão dos vasos pulmonares + a baixa PA sistêmica do feto torna esse feito possível! Essa passagem é feita através do forame oval e do canal arterial (ducto arterial ou arterioso). O canal arterial é uma ligação entre o tronco pulmonar e a aorta. O forame oval é uma válvula entre os átrios direito e esquerdo. O sangue oxigenado da placenta entra no feto pela veia umbilical e, por meio do ducto venoso, atinge a veia cava inferior, passa pela veia porta e chega ao átrio direito. Após, apenas 10% do fluxo segue via pulmões e 90% dele é desviado pelos shunts. Portanto, devido ao forame oval, o sangue passa ao átrio esquerdo, segue para ventrículo esquerdo, aorta e para o corpo todo. Ele também é desviado pelo shunt do canal arterial, que despeja sangue diretamente na aorta. Já, o sangue não oxigenado, proveniente da veia cava superior, também segue esse mesmo caminho, sendo desviado igualmente pelos shunts. Logo, todo fluxo sanguíneo está percorrendo o corpo e, ao atingir a aorta descendente, une-se ao retorno venoso dos órgãos, chega às artérias umbilicais, alcançando a placenta onde libera o CO2 e os resíduos. 2 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Transição da Circulação Fetal - Neonatal Após o nascimento há 2 eventos importantes: 1. O líquido dentro dos pulmões é reabsorvido e há uma queda na resistência vascular pulmonar. O feto começa a respirar espontaneamente ao nascer; o fluxo sanguíneo pulmonar aumenta; há respiração fetal normal e adequada; 2. O clampeamento do cordão umbilical eleva a pressão sistêmica do recém- nascido. Esses eventos levam à disfunção do ducto arterial e início do seu fechamento (1° funcional, depois anatômico). O fechamento do forame oval ocorre pelo aumento da pressão no átrio esquerdo. Síndromes Clínicas das CC Insuficiência Cardíaca (IC) Pediátrica São desencadeadas quando a demanda hemodinâmica excede a capacidade do coração de gerar fluxos e pressões adequadas. Na pediatria, a causa + frequente de IC são as cardiopatias congênitas! Tipos de IC na pediatria Insuficiência cardíaca de baixo débito: o coração não consegue manter o débito. Causa primária: disfunção sistólica ventricular; Insuficiência cardíaca de alto débito: o coração está funcionalmente preservado, MAS, a periferia apresenta necessidade de oxigênio maior do que o que está chegando (anemia, hipertireoidismo) IC por diminuição do fluxo que parte do VE: estenose subaórtica, estenose aórtica, coarctação de aorta, interrupção da aorta; IC pela diminuição do fluxo sistêmico (geralmente com hiperfluxo pulmonar): comunicação interventricular, tronco arterial único, defeito de septo atrioventricular total, transposição de grandes artérias; 3 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! IC por obstrução do VD: estenose pulmonar, atresia pulmonar, hipertensão pulmonar persistente grave. Quadro Clínico Depende sempre da causa base, mas as principais manifestações são: TAQUIDISPNEIA – principalmente aos esforços; MAMADA INCOMPLETA – o lactente mama pouco e para; IRRITABILIDADE; DEFICIT DE CRESCIMENTO PÔNDERO- ESTATURAL; SUDORESE AOS ESFORÇOS. Insuficiência Cardíaca Descompensada em Pediatria Pode ocorrer por falha na bomba ou aumento da demanda tecidual. Os pacientes descompensados podem ser classificados: Com relação à VOLEMIA: - Pacientes com sinais de hipervolemia: congestos (úmidos); - Pacientes sem esses sintomas: secos; Quanto à PERFUSÃO: - Pacientes com baixo débito + má perfusão: frios; - Pacientes com perfusão preservada: quentes. Estes perfis estão dentro dos Perfis Hemodinâmicos de Warner Stevenson – IC: 4 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Tratamento O tratamento da IC aguda depende da causa base. O principal perfil nas cardiopatias congênitas é o C, ou seja, congesto e mal perfundido. A congestão deve ser tratada com diuréticos, principalmente a furosemida. Se predominarem sinais de baixo débito, deve-se associar inotrópicos, como a milrinona. Já o tratamento da IC crônica deve ser voltado para: Diminuir a hipervolemia e a congestão. Inibir a vasoconstrição do sistema renina- angiotensina-aldosterona. Reduzir a pós-carga ventricular. As medicações de escolha são os diuréticos e inibidores da enzima conversora da angiotensina. Crises de Hipóxia É um quadro clínico decorrente do agravo de determinadas cardiopatias congênitas cianogênicas. Principal causa de MORTALIDADE dos pacientes com cardiopatia congênita cianogênicas! Constrição da via de saída do ventrículo direito Ocorre especificamente na tetralogia de Fallot. Como veremos adiante, na tetralogia de Fallot, temos uma estenose pulmonar em graus variados, porém algumas situações podem fazer uma constrição mais severa do infundíbulo pulmonar e piorar a condição prévia. São elas: choro, febre, anemia, esforço físico e situações de depleção de volume ou desidratação (como em diarreias). A criança inicialmente fica agitada ou chorosa, evolui para respirações rápidas e profundas, com piora súbita da cianose. Após, vem um período de sonolência e apatia, podendo ocorrer perda de consciência e eventos mais graves, como parada cardiorrespiratória. O tratamento consiste basicamente em administração de oxigênio, colocar a criança em posição inclinada para frente para aumentar o retorno venoso (nos maiores, posição genupeitoral). Podem ser utilizados como tratamento medicamentoso: Sedativos (morfina) para acalmar a criança e relaxar o infundíbulo pulmonar; expansão com cristaloide para aumentar a pré-carga e facilitar o fluxo pulmonar; e betabloqueador também para relaxamento do infundíbulo. BOPES Betabloqueador Oxigênio Posição genupeitoral Expansão com cristaloide Sedativo (morfina) TUDO FALHOU? Cirurgia de emergência com shunt arterial sistêmico pulmonar ou correção total. Fechamento e/ou diminuição do canal arterial em cardiopatias com fluxo pulmonar dependente dele O canal arterial tende a se fechar nos primeiros dias de vida. . . PORÉM, algumas cardiopatias DEPENDEM DELE PÉRVIO para que a criança sobreviva! Cardiopatias congênitas 5 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! críticas! São aquelas dependentes do canal arterial. Classicamente ocorrem na atresia pulmonar. Como na atresia pulmonar não há passagem de sangue do VD ao tronco pulmonar, o paciente depende desse fluxo para sobreviver. Se ele fechar, o paciente descompensa e vai à óbito! Nesses casos, o tratamento é o uso de prostaglandina vasodilatadora E1, que mantém a permeabilidade do canal arterial, evitando seufechamento até abordagem cirúrgica. Sopro na Infância São sons do sangue fluindo pelo coração. De acordo com a fase do ciclo cardíaco que é auscultado: Sopro sistólico: ocorre durante a sístole, na fase de contração e ejeção ventricular. Ocorre em situações de obstrução à ejeção ventricular, regurgitação de valva atrioventricular ou por algum shunt sanguíneo intracardíaco (como na comunicação interventricular). Pode ser característico de um sopor inocente. Sopro diastólico: é sempre patológico! Ocorre durante a diástole, na fase de relaxamento e enchimento ventricular. Pode ocorrer por falhas nas válvulas atrioventriculares ou por regurgitação das valvas aórtica ou pulmonar, por exemplo estenose de valvas atrioventriculares e insuficiência de valva aórtica ou pulmonar. Sopro contínuo: ocorre na sístole e na diástole. O exemplo mais clássico na pediatria é a persistência do canal arterial. Pode acontecer também nos shunts arteriovenosos. Sopro Funcional Também chamado de inocente, é a presença de uma alteração na ausculta sem anormalidades anatômicas ou funcionais cardíacas. São audíveis principalmente em casos de febre, anemia, desidratação; são SEMPRE SISTÓLICOS, NUNCA DIASTÓLICOS; curta duração e baixa intensidade; não há frêmitos, estalidos ou cliques; não irradia; a ausculta das bulhas é normal; RX de tórax e eletrocardiograma são normais; diminui a intensidade quando em posição ereta (ortostática), sentado e com manobra de Valsalva. CARDIOPATIAS CONGÊNITAS Fatores de Risco História familiar de cardiopatias Prematuridade, quanto menor a idade gestacional, maior a chance Uso de drogas de ação teratogênica pela mãe (álcool, ácido retinoico, ácido valproico, fenitoína e lítio) Malformações associadas Infecções congênitas Diabetes Melittus materno Lúpus eritematoso sistêmico Síndromes genéticas Síndrome de Turner Teste do Coraçãozinho Esse teste faz a triagem para cardiopatias congênitas críticas e deve ser realizado entre 24 e 48 horas de vida. Consiste em aferir a saturação de O2 no membro superior direito (pré-ductal ou pré-canal arterial) e em um dos membros inferiores (pós- ductal ou pós-canal arterial). Para ser considerado normal, o valor da oximetria deve ser ≥95% em ambos os membros, com a diferença medida entre eles menor que 3%. Caso alterado, deve ser repetido com uma hora, se persistir a alteração, realizar ecocardiograma em até 24 horas. 6 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Teste de Hiperóxia Usado para diferenciar causas cardíacas das respiratórias de cianose. Nele, oferecemos oxigênio a 100% para o neonato e verificamos a pO2. Patologias de causa pulmonar apresentam boa resposta ao teste e uma pO2 maior de 250mmHg exclui a possibilidade de cardiopatia congênita. Já, pO2 menor de 100 mmHg sugere uma cardiopatia congênita. Valores intermediários sugerem cardiopatias congênitas com shunt misto ou patologias respiratórias. Principais Cardiopatias Congênitas As principais são: CIV, CIA, PCA, TGA e T4F. As cardiopatias são classificadas em cianogênicas ou acianogênicas e de hipo ou hiperfluxo pulmonar. As cianogênicas são aquelas em que há shunt direito-esquerdo, ou seja, o sangue não oxigenado chega às extremidades, ou quando há hipóxia tecidual. Nas acianogênicas isso não ocorre. As de hipofluxo são aquelas em que há estenose pulmonar, portanto, pouco sangue chega até os pulmões. Já as de hiperfluxo apresentam aumento do fluxo pulmonar por elevada pressão no coração direito. Cardiopatias Acianogênicas Comunicação Interventricular A comunicação interventricular (CIV) é uma descontinuidade do septo que divide os ventrículos direito e ventrículo esquerdo. É a cardiopatia congênita mais prevalente! Após o nascimento, a maior pressão está do lado esquerdo do corpo. Logo, há passagem do sangue do lado esquerdo do coração para o direito (shunt esquerdo–direito) por meio da CIV!!! Com o aumento de volume do lado direito, temos então um hiperfluxo pulmonar. A repercussão hemodinâmica da CIV depende do seu tamanho e da diferença de pressão entre os ventrículos direito e esquerdo. CIVs PEQUENAS: Normalmente, são assintomáticas. O precórdio é calmo, com poucas manifestações. CIVs MODERADAS À GRANDES: Comunicações maiores podem levar à insuficiência cardíaca direita. É mais comum descompensar por volta de 2 a 3 meses de idade. Os sinais e sintomas incluem: 1. Sinais de ICC: taquipneia, dispneia taquicardia, sudorese, hepatomegalia. 2. Piora dos sintomas aos esforços: nos lactentes, a piora ao mamar faz com que 7 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! a criança pare de mamar antes de estar satisfeita. Como consequência, há baixo ganho ponderal e sonos curtos. 3. Pneumonias de repetição: pelo hiperfluxo pulmonar AUSCULTA CARDÍACA Temos um sopro holossistólico, mais evidente na borda esternal esquerda baixa, entre o terceiro e o quarto espaço intercostal. O componente pulmonar da segunda bulha torna-se mais acentuado (hiperfonese de B2), em decorrência do hiperfluxo pulmonar. Exames e Diagnóstico Ecocardiograma mostra a estrutura do coração. Eletrocardiograma em CIVs pequenas, o eletro pode ser normal! Nas maiores, pode haver sobrecarga ventricular esquerda. Radiografia de tórax em CIVs pequenas, a radiografia de tórax pode ser normal. Nas maiores, podemos observar aumento da trama vascular pulmonar e aumento da área cardíaca. Tratamento O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico. CIVs pequenas e assintomáticas, normalmente, fecham-se sozinhas e não precisam de tratamento. O tratamento clínico, em casos de pacientes sintomáticos, consiste inicialmente no tratamento dos sintomas da IC. Devemos aumentar o aporte calórico dos alimentos e fazer restrição hídrica, principalmente quando temos baixo ganho ponderal. A correção cirúrgica deve ser feita antes da evolução para hipertensão pulmonar. Comunicação Interatrial (CIA) É caracterizada por um defeito no septo que separa os átrios. A pressão esquerda é maior que a direita, isso permite um shunt da esquerda para a direita. Pode ser dividida anatomicamente, a depender do local do defeito, em quatro tipos: Tipo fossa oval ou ostium secundum (OS): é a forma mais comum de CIA, representando cerca de 70% dos casos. Tipo ostium primum: é o segundo tipo mais frequente, correspondendo a cerca de 20% dos casos. 8 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Tipo seio venoso: ocorre em cerca de 10% dos casos de CIA. Tipo seio coronário: é o mais raro. . A CIA é uma cardiopatia que pode passar despercebida por vários anos, com o paciente totalmente assintomático sem limitações a qualquer esforço físico. AUSCULTA CARDÍACA: o que mais cai nas provas sobre essa patologia é a ausculta cardíaca patognomônica: desdobramento fixo de segunda bulha cardíaca. É comum a CIA ser notada pela primeira vez em exames médicos de rotina ou mesmo ao realizar-se uma radiografia de tórax sem suspeita prévia de cardiopatia. Eletrocardiograma: podemos observar sobrecarga de VD e bloqueio do ramo direito. Geralmente, o ritmo é sinusal, mas arritmias atriais, como a fibrilação atrial, são mais comuns em pacientes com CIA. Radiografia de tórax: podemos observar um aumento da trama vascular pulmonar e da área cardíaca às custas do aumento de câmaras direitas. Tratamento O fechamento espontâneo da CIA, ou a reduçãodo seu diâmetro, pode ocorrer em alguns casos no primeiro ano de vida. O tratamento clínico deve ser voltado para insuficiência cardíaca, arritmias e hipertensão pulmonar, quando presentes. Para CIAs grandes, o ideal é realizar a cirurgia com o paciente ainda assintomático, na idade pré-escolar ou escolar, para evitar que eles desenvolvam hipertensão pulmonar grave no futuro, além de outras patologias, como arritmias e eventos trombóticos. Persistência do Canal Arterial Na vida intrauterina, o canal arterial é uma estrutura muito importante para a fisiologia da circulação fetal, pois faz o desvio do sangue direito para o esquerdo. Esse canal deve se fechar nos primeiros dias de vida, porém em alguns pacientes ele se mantém aberto. Essa é a persistência do canal arterial. Fatores de risco História familiar de PCA Prematuridade Sofrimento fetal agudo Asfixia perinatal Síndrome da rubéola congênita. Após o nascimento, com a queda progressiva da pressão pulmonar e o aumento da pressão sistêmica, o fluxo sanguíneo pelo canal 9 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! passa a ser da aorta para a artéria pulmonar (shunt esquerdo-direito), levando a um hiperfluxo sanguíneo pulmonar. O quadro clínico depende do tamanho do shunt esquerda→ direita. Canais arteriais pequenos podem ser pouco sintomáticos, apresentando apenas sopro cardíaco e exame físico normal. Canais maiores podem levar à insuficiência cardíaca congestiva e ao precórdio hiperdinâmico (hipercinético). O sopro típico do canal arterial é o que mais cai nas provas de Residência: sopro “em maquinaria”! É mais audível no 2° espaço intercostal esquerdo e fica + acentuado quando o paciente fica reclinado para frente ou durante a inspiração. Pode haver terceira bulha auscultada no ápice do coração. Outros sinais clínicos muito cobrados são os pulsos periféricos amplos em martelo d’água ou pulso de Corrigan. Por fim, a pressão arterial pode ser divergente, isto é, haver grande diferença entre a pressão sistólica e a pressão diastólica. Quando aos exames e diagnóstico. . . Eletrocardiograma: se PCA pequeno, pode ser normal; PCAs maiores podem ter sobrecarga de câmaras esquerdas pelo maior retorno venoso causado pelo hiperfluxo pulmonar. Radiografia de tórax: acentuação de trama vascular pulmonar, cardiomegalia, dilatação da artéria pulmonar e da porção ascendente da aorta. Tratamento O tratamento inicial pode ser clínico, com o uso de indometacina ou ibuprofeno. Na falha do tratamento farmacológico, a cirurgia costuma ser indicada entre 6 meses e 2 anos de idade. Ela pode ser via percutânea ou aberta (ligadura do canal arterial). O tratamento cirúrgico costuma ser simples, sem maiores complicações e sem necessidade de circulação extracorpórea. Cardiopatias Cianogênicas Tetralogia de Fallot É um desvio do septo infundibular (conotruncal) em relação ao septo ventricular – levando a 4 manifestações da doença. H.E.D.CIV Hipertrofia do ventrículo direito, secundário à obstrução da via de saída de VD. Estenose pulmonar infundibular ou infundibulovalvar, com obstrução da via de saída do ventrículo direito em diferentes graus, podendo estar associada à hipoplasia ou até à atresia pulmonar em casos mais extremos. Dextroposição da aorta em relação ao septo interventricular (aorta cavalgando os ventrículos). Comunicação InterVentricular. 10 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Vamos entender! Pela estenose pulmonar, há obstrução da saída de sangue do ventrículo direito, portanto há hipofluxo pulmonar e aumento da pressão do ventrículo direito. Com isso, há passagem de sangue de VD ao VE por meio da CIV (shunt direito-esquerdo), gerando cianose periférica. Pela fisiopatologia, temos, então, como clínica principal: • Cianose periférica • Crises de hipoxemia Sopro sistólico na borda esternal esquerda alta. Quanto aos exames e diagnóstico: Eletrocardiograma: no eletrocardiograma, podemos observar sobrecarga acentuada do ventrículo direito com o eixo desviado para direita e para baixo. Radiografia de tórax: a radiografia de tórax da tetralogia de Fallot é típica. O que você precisa saber: a forma do coração é em “forma de bota” ou “tamanco holandês”, com a ponta do ápice para cima pela hipertrofia de VD. O arco médio côncavo é escavado devido à hipoplasia das artérias pulmonares, dando a forma característica do tamanco holandês. A área cardíaca costuma ser normal, a trama vascular vai estar diminuída pelo hipofluxo pulmonar. Tratamento Em casos de atresia pulmonar ou estenose grave, há a necessidade de manutenção do canal arterial nos primeiros dias de vida, por meio da infusão de prostaglandinas. As crises de hipoxemia devem ser tratadas, conforme vimos acima, com “B.O.P.E.S”: betabloqueador, oxigênio, posição genupeitoral, expansão e sedativo (morfina), a fim de aumentar a resistência vascular sistêmica e reduzir a resistência vascular pulmonar. A cirurgia de Blalock-Taussig é um tratamento provisório em casos de sinais e 11 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! sintomas intensos e consiste em anastomose entre a artéria subclávia e pulmonar. O tratamento cirúrgico definitivo é indicado após o sexto mês de vida. Transposição das Grandes Artérias - TGA É uma cardiopatia que apresenta uma circulação em paralelo, ou seja, a aorta tem origem no ventrículo direito e o tronco pulmonar, no esquerdo. Isso é o que chamamos de discordância ventrículo-arterial, pois as artérias saem dos ventrículos “errados”. Como o sangue que vai para os tecidos é pouco oxigenado, há cianose periférica. Como o sangue que vai para os pulmões tem uma grande pressão por sair de câmara esquerda, temos hiperfluxo pulmonar. O quadro clássico é de uma cianose que inicia após os primeiros dias de vida devido ao fechamento do canal arterial, podendo ou não ter sopro, associada a um desconforto respiratório. O bebê pode evoluir com sinais de insuficiência cardíaca e choque, uma vez que o ventrículo direito tem que bombear sangue para a circulação sistêmica com alta pressão, sem ter sido “preparado para tal função”. Sendo assim, o quadro inicial pode ser de: mau estado geral, palidez, extremidades frias, baixa saturação periférica e hipotensão. Os recém-nascidos que nascem com essa malformação podem chegar ao óbito em poucas horas caso o tratamento para manutenção do canal arterial não seja instaurado de imediato. Sopro sistólico, melhor auscultado na borda superior esternal esquerda, com irradiação para a área interescapular esquerda e hiperfonese de 2ª bulha. Hepatomegalia pela congestão sistêmica. Os pulsos femorais podem estar ausentes e as extremidades inferiores mais cianóticas que as superiores. Exames e diagnóstico: Eletrocardiograma: o eletrocardiograma é inespecífico, com sobrecarga de VD e eixo desviado para a direita. Radiografia de tórax. Na TGA, o coração tem formato ovalado, muitas vezes é descrito como o formato de um “ovo deitado”. 12 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Tratamento O procedimento imediato a ser adotado é a manutenção da comunicação entre os lados direito e esquerdo do coração. A primeira medida é a infusão de prostaglandinas para manter o canal arterial aberto. A atrioseptostomia com cateterbalão é um procedimento paliativo que pode ser utilizado com a prostaglandina até a instituição do tratamento definitivo. A cirurgia de Jatene (inversão das artérias para seus respectivos ventrículos) é o tratamento cirúrgico definitivo e deve ser feita já nas primeiras semanas de vida. _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ Referências Estratégia MED. Pediatria. Cardiopatias Congênitas. Curso Extensivo. 2023.
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