Buscar

fachadas e juntas de dilatação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 125 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 125 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 125 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ESPAÇO CIENTÍFICO
Revista do CEUL de Santarém
Vol. 14 – Nº2 – 2013
ISSN 1518-5044
ESPAÇO CIENTÍFICO
Indexador: Latindex
Comissão Editorial
Celso Shiguetoshi Tanabe
Maria Sheyla Cruz Gama
Maria Viviani Escher Antero
Comissão Científica
Carmen Tereza Velanga – UNIR
Damião Pedro Meira Filho – IFPA
Felipe Schaedler de Almeida – UFRGS
Francisco dos Santos Rocha – CEULM/ULBRA
Gilbson Santos Soares – CEULS/IFPA
Izabel Alcina Evangelista Soares – CEULS/UEPA
José Ricardo Geller – CEULS/OAB
Lidiane Nascimento Leão – UFOPA
Luiz Fernando Gouveia e Silva – UEPA
Maria Lilia Imbiriba Sousa Colares – UFOPA
Maria Marlene Escher Furtado – UFOPA
Marialina Corrêa Sobrinho – CEULS/IESPES
Paula Chistina Figueira Cardoso – USP
Robinson Severo – UFOPA
Rosângela Maria Lima de Andrade CEULS/
ULBRA/IESPES
Sylviane Beck Ribeiro – UNIR
Troy Patrick Beldini – UFOPA
Wallinhgton de Araujo Gabler – UFOPA
Correspondência
Av. Sergio Henn, 1787, Bairro Diamantino
CEP: 68025-000 – Santarém/PA
Fone/Fax: (93) 3524.1055
E-mail: pesquisa.stm@ulbra.br
EDITORA DA ULBRA
Diretor: Astomiro Romais
Coord. de periódicos: Roger Kessler Gomes
Capa: Everaldo Manica Ficanha
Editoração: Isabel Kubaski
PORTAL DE PERIÓDICOS DA ULBRA
Gerência: Agostinho Iaqchan
Matérias assinadas são de responsabilidade dos 
autores. Direitos autorais reservados. Citação 
parcial permitida, com referência à fonte.
COMUNIDADE EVANGÉLICA
LUTERANA SÃO PAULO
Presidente
Adilson Ratund
Vice-Presidente
Jair de Souza Junior
Reitor
Marcos Fernando Ziemer
Pró-Reitor de Planejamento 
e Administração
Romeu Forneck
Pró-Reitor Acadêmico 
Ricardo Willy Rieth
Pró-Reitor Adjunto de Ensino Presencial
Pedro Antonio González Hernández
Pró-Reitor Adjunto de Ensino a Distância
Pedro Luiz Pinto da Cunha
Pró-Reitor Adjunto de Pós-Graduação, 
Pesquisa e Inovação 
Erwin Francisco Tochtrop Júnior
Pró-Reitor Adjunto de Extensão 
e Assuntos Comunitários 
Valter Kuchenbecker
Capelão Geral 
Pastor Lucas André Albrecht
CENTRO UNIVERSITÁRIO 
LUTERANO DE SANTARÉM
Diretor Geral
Ildo Schlender
Capelão
Rev. Maximiliano Wolfgramm Silva
Coordenador de Ensino
Celso Shiguetoshi Tanabe
Coordenadora de Pesquisa, 
Pós-Graduação e Extensão
Maria Viviani Escher Antero
Setor de Processamento Técnico da Biblioteca Martinho Lutero – ULBRA/Canoas
E77	 Espaço	Científico	:	revista	do	Centro	Universitário	Luterano	de	Santarém	/	Universidade	
Luterana do Brasil. – N. 1 (jan./jun. 2000)- . – Canoas : Ed. ULBRA, 2000- .
v. ; 27 cm.
Semestral.
ISSN 1518-5044
1.	Pesquisa	científica	–	periódicos.	2.	Ciência	e	tecnologia	–	periódicos.	I.	Universidade	
Luterana do Brasil. II. Instituto Luterano de Ensino Superior de Santarém.
CDU 5/6(05)
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Sumário
3 Editorial
4 Revestimentos cerâmicos de fachadas e juntas de movimentação: caracterização 
e prevenção de patologias
Amanda Neves Lima, Paulo Henrique Lobo Neves
18 Produzir para transformar: a horticultura como forma de recuperação e 
profissionalização de condenados
Paulo Henrique Dias Barbosa
33 A percepção de alunos do ciclo básico universitário sobre as estratégias de 
produção de resumo: um estudo de caso em Santarém-PA
Paula Cristina Galdino de Oliveira, Maria Sheyla Gama (Orientadora)
43 Mídias tecnológicas na educação: o uso do laptop na Escola Municipal de Ensino 
Fundamental Irmã Leodgard Gausepohl
Lúcia Maria Maia Pimentel, Rosângela Maria Lima de Andrade
65 Aconselhamento pastoral: Apontamentos sobre o uso da “Terapia Breve com foco 
na Solução” no cuidado de pessoas em estado depressivo
Maximiliano Wolfgramm Silva
81 O novo modelo de gestão pública brasileira: uma análise do terceiro setor
Izabel Evangelista, Mara Jeane Dantas da Silva Costa
105 Disponibilidade de P no solo e na solução do solo em diferentes tipos de uso na 
região do planalto santareno no ano de 2012
Renata de Andrade Coelho, Juliano Gallo, Raimundo Cosme de Oliveira Junior, 
Celso Tanabe, Paulo Henrique Barbosa, Isabel Cristina Tavares Martins, Edson 
Reis, Gilbson Soares, Daniel Rocha de Oliveira, Ellen Pinon
122 Normas editoriais
Editorial
O Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS busca com mais um 
número da Revista Espaço Científico a “qualidade e constância, os caminhos que 
devem e podem levar ao desenvolvimento regional sustentável, com responsabilidade 
ambiental e equidade social”.
Como Instituição de Ensino Superior entende-se que a dinâmica da 
investigação deve ser socializada e que estas levem conhecimentos as mais distantes 
comunidades.
Neste sentido a revista oportuniza a comunidade acadêmica e científica apresentar 
suas pesquisas e revisões em diferentes áreas do conhecimento.
Nesta edição o leitor encontra sete artigos que expressam de forma relevante 
resultados de trabalhos que possam enriquecer as suas leituras.
Sejam bem vindos e convidados para apresentar seus relatórios de pesquisa neste 
espaço aberto à publicação.
Comissão Editorial
Espaço Científico Santarém v.15, n.2 p.4-17 2014
Revestimentos cerâmicos de fachadas e 
juntas de movimentação: caracterização e 
prevenção de patologias
Amanda Neves Lima
Paulo Henrique Lobo Neves
RESUMO
Ao longo dos tempos, o revestimento cerâmico tornou-se mais que um item de decoração ou 
acabamento. Com novas tecnologias aplicadas à técnica milenar da produção da cerâmica, obteve-
se um elemento que passou a ser, na maioria das vezes, indispensável na construção civil. A alta 
resistência às mais diversas condições ambientais, tem sido uma das principais razões pela qual os 
edifícios têm utilizado este tipo de material. Apesar das inúmeras qualidades que o uso do sistema de 
revestimento cerâmico de fachadas pode apresentar, a incidência das manifestações patológicas tem 
sido cada vez mais comum, onerando os custos até mesmo em edifícios recentes. Estas ocorrências 
preocupam os construtores e as grandes empresas de fabricação de cerâmica. Neste trabalho são 
apresentadas ações que podem eliminar ou ao menos minimizar a incidência desses problemas, os 
quais exigem uma adequada tecnologia de produção que resulte em um revestimento com maior 
capacidade de absorver deformações, o que vem sendo obtido principalmente pelo emprego de 
materiais mais adequados e de detalhes construtivos, tais como juntas de movimentação e telas 
de reforço.
Palavras-chave: Revestimentos cerâmicos. Fachadas. Patologias. Juntas de Movimentação.
ABSTRACT
Throughout the ages, the ceramic coating has become more than a decorative item or finish. 
With new technologies applied to the ancient technique of ceramics production, we obtained a factor 
which has become, in most cases, indispensable in construction. The high resistance to various 
environmental conditions, has been one of the main reasons why the buildings have used this type 
of material. Despite numerous qualities that the use of ceramic tile façade system can provide, the 
incidence of pathological manifestations have been increasingly common , burdening costs even 
in newer buildings. These occurrences concern to builders and major companies manufacturing 
ceramic. In this work actions that can eliminate or at least minimize the incidence of these problems 
requires adequate production technology that results in a coating with a higher capacity to absorb 
deformation , which has been achieved mainly by the use of suitable materials and construction 
details are presented such as movement joints and screens reinforcements .
Keywords: Ceramic Coatings. Facades. Pathologies. Together Movement.
Amanda Neves Lima é Especialista e Engenheira Civil.
Paulo Henrique Lobo Neves é Engenheiro Civil, IFPA, Professor do CEULS ULBRA.
Espaço Científico v.15, n.2, 2014 5
1 INTRODUÇÃO
O desempenho do sistema de revestimento cerâmico de fachadade um 
empreendimento depende da relação de todos os materiais e suas técnicas de aplicação 
específica para aquela situação de projeto. 
Todavia, a NBR 13529 diz que o sistema de revestimento é o “conjunto formado 
por revestimento de argamassa e acabamento decorativo, compatível com a natureza 
da base, condições de exposição, acabamento final e desempenho, previstos em 
projeto.”
Conforme Ribeiro e Barros (2010), o revestimento de fachada complementa 
as funções da vedação vertical, da qual faz parte, juntamente com as alvenarias e as 
esquadrias. Além destas, também desempenha funções de proteção contra a ação de 
agentes de deterioração, contribuindo para a estanqueidade da água e para o isolamento 
termoacústico; e constitui o acabamento, exercendo funções estéticas, de durabilidade 
e de valorização econômica. 
Para garantir a eficiência dos revestimentos cerâmicos, é necessário considerar-se 
vários fatores: a apropriação dos materiais ao tipo de uso, a qualidade e o planejamento 
dos serviços de assentamento e a manutenção após a aplicação de acordo com o uso a 
que se destina (REBELO, 2010).
O objetivo deste trabalho é analisar a vantagem do uso dos revestimentos cerâmicos, 
que apresentam grande durabilidade e menor necessidade de manutenção e identificar 
as patologias associadas às fachadas, principalmente quando estes revestimentos põem 
em risco a vida de pessoas, por exemplo, no caso de descolamentos de placas.
2 METODOLOGIA
Este estudo está fundamentado em trabalhos publicados disponíveis sobre o 
assunto, que enfocam o uso dos revestimentos cerâmicos nas fachadas das edificações 
e os cuidados para as possíveis ocorrências patológicas, assim como as ações para 
minimizar tais problemas.
3 REVESTIMENTOS CERÂMICOS DE FACHADAS
3.1 Origem e características da matéria-prima
A indústria cerâmica possui um contexto histórico milenar, em vista da facilidade 
da extração da matéria-prima (argila). Desde a antiguidade, o homem utiliza a argila 
para confecção de potes, tendo descoberto que o aquecimento tornava rígida essa argila, 
originando o metódo do cozimento, utilizado até hoje nas indústrias cerâmicas.
Espaço Científico v.15, n.2, 20146
O revestimento cerâmico também vem sendo utilizado há muitos séculos para 
revestir paredes e pisos. Utilizado apenas pela nobreza, os antigos artesãos ceramistas 
fabricavam as placas para decorar os grandes palácios e construções nobres.
Segundo a ABCERAM (Associação Brasileira de Cerâmica), a abundância de 
matérias-primas naturais, fontes alternativas de energia e disponibilidade de tecnologias 
práticas embutidas nos equipamentos industriais, fizeram com que as indústrias 
cerâmicas brasileiras evoluíssem rapidamente.
As placas cerâmicas são obtidas basicamente da moldagem, secagem e queima da 
argila ou alguma mistura contendo argila. Além disso, em seu processo de fabricação 
é feita a esmaltação e sua decoração.
3.2 Funções e classificação dos revestimentos
As principais vantagens de utilização de revestimentos cerâmicos em fachadas 
são: a durabilidade do material; facilidade de limpeza e manutenção; qualidade do 
acabamento final; proteção dos elementos de vedação; isolamento térmico e acústico; 
estanqueidade à água e aos gases; segurança ao fogo; e aspecto visual e estético 
agradável.
A qualidade e durabilidade de uma superfície com revestimento cerâmico está 
fundamentada em conceitos relacionados ao planejamento e escolha do revestimento; 
qualidade do material de assentamento; qualidade da construção e do assentamento e 
manutenção.
É fundamental que o consumidor esteja ciente de que a absorção de água, bem 
como as resistências mecânicas (impacto, compressão, flexão), a abrasão, a gretagem, 
os choques térmicos, o frio intenso e a formação de manchas por ataques químicos 
variam de forma acentuada, de um produto para outro.
É preciso ter especial cuidado com a escolha da cerâmica a ser aplicada, 
especialmente no que se refere à absorção de água. Observado o seguinte quadro, os 
produtos cerâmicos estão enquadrados em cinco grupos principais.
TABELA 1 –	Classificação	dos	Revestimentos	Cerâmicos	quanto	à	absorção	de	água.
PRODUTO ABSORÇÃO DE ÁGUA ( % )
CARACTERÍSTICA 
DA ABSORÇÃO 
PORCELANATO 0 a 0,5 quase nula 
GRÉS (“PASTILHA”) 0,5 a 3 baixa 
SEMI - GRÉS 3 a 6 média 
SEMI - POROSO 6 a 10 média alta 
POROSO 10 a 20 alta
Fonte: NOGUEIRA, Sylvio. 2010.
Espaço Científico v.15, n.2, 2014 7
O ladrilho porcelânico de grés ou pastilha e o porcelanato apresentam-se como 
os melhores produtos, sob o ponto de vista da absorção de água, obviamente que os 
demais quesitos, citados na tabela, devam ser considerados, atenta e cuidadosamente, 
na escolha final do produto.
As funções dos revestimentos cerâmicos de fachadas são proteger a edificação 
das ações de chuvas, sol e vento, preservando-se assim sua estrutura, alvenaria, bem 
como dar um acabamento arquitetônico ao conjunto.
A escolha do revestimento cerâmico para fachadas deve ocorrer no projeto 
arquitetônico da edificação, levando-se em conta vários aspectos da construção e sua 
localização geográfica.
A localização geográfica é um fator importante na hora de escolher o revestimento 
correto. Se for uma região chuvosa, deverá ser aplicado um revestimento de maior 
resistência à água, com as características que já foram citadas acima, mesmo que seja 
em uma região com pouca chuva a escolha deve seguir a norma técnica brasileira 
NBR 13755/1996. Devem também ter fácil limpeza e não podem perder sua coloração 
original com a ação da luz solar.
O vento também é um importante fator, pois sua ação, levando-se em consideração 
principalmente em cidades com maior índice de poluição, pode causar a oxidação dos 
revestimentos cerâmicos em maior intensidade, atuando em conjunto com as chuvas.
3.3 Execução de revestimento cerâmico de fachadas
No presente estudo, avalia-se os revestimentos aplicados em fachadas, que para 
maior aproveitamento do uso, deve-se respeitar as normas de colocação. 
O revestimento cerâmico deve possuir juntas especiais, segundo a NBR-13755, 
também chamadas juntas de movimentação ou de dessolidarização. Para Nogueira 
(2010), tais juntas devem ser abertas, no corpo da parede, até o plano dos tijolos, 
formando painéis de apropriadas dimensões, de acordo com projeto específico ou 
catálogo do fabricante. 
O objetivo fundamental do emprego de juntas no sistema de revestimento cerâmico 
de fachada está relacionado principalmente ao aumento da capacidade de absorver 
deformações. Porém, além dos quesitos funcionais, este elemento necessariamente 
precisa ser estanque e manter a integridade física do revestimento, contribuindo assim 
para a manutenção da estética ao longo da vida útil do edifício. 
Espaço Científico v.15, n.2, 20148
FIGURA 1 – Representação esquemática do sistema de revestimento cerâmico.
(1) representa o substrato; (2) é a argamassa de preparo do substrato, usualmente denominada chapisco; (3) 
corresponde	à	argamassa	de	regularização,	denominada	emboço;	(4)	é	a	argamassa	colante	industrializada	de	
fixação	das	placas	cerâmicas	e	(5)	corresponde	ao	conjunto	formado	pelas	peças	cerâmicas	e	a	argamassa	de	
preenchimento das juntas de assentamento. 
Fonte: Mansura, A. P.; Nascimento, O. L.; Mansura, H. S., 2012. p.19.
O assentamento deverá ser efetuado com argamassa pré-fabricada, do tipo 
colante, para superfícies externas, observando-se, com extremo rigor, as instruções do 
fabricante, inclusive as condições climáticas durante o trabalho, quantidades de massa 
em função da velocidade de aplicação, formação de película, ferramental próprio, 
tempos de cura, etc. 
 Os rejuntes, entre as peças, também devem ser pré-fabricados, de alta adesividade 
e aditivados com polímeros, para que possam exercer sua função em cada painel 
formado pelas juntas, sem sofreresmagamento.
 Após completa cura dos assentamentos e rejuntes, as superfícies devem ser 
hidrofugadas, ou seja, devem receber vedação ou impermeabilização especial, incolor 
Espaço Científico v.15, n.2, 2014 9
e penetrante, com preferência para produtos à base de silano ou siloxano. Vale advertir 
contra o uso de repelentes superficiais siliconados, formadores de película, pois estes 
são fotossensíveis e desagregam sob ação do sol, podendo ocasionar, no futuro, graves 
problemas para as fachadas. 
Por fim, as juntas de movimentação devem ser limpas, desengorduradas, usando-se 
metiletilcetona e evitando-se o thinner; e vedadas com mástique de silicone, pigmentado, 
de elasticidade permanente.
Além das etapas, anteriormente descritas, devem ser observados, na contratação 
do colocador, os seguintes requisitos: 
a) firma especializada, com fartas referências de clientes anteriores;
b) responsável técnico (CREA), integrando o contrato social da empresa;
c) adequados equipamentos de proteção individual e de segurança;
d) comprovação de seguros (vida e danos), para empregados e terceiros;
e) transcrição, no corpo do contrato, de todas as especificações, tanto de produtos 
como dos procedimentos técnicos anteriormente descritos.
4 PATOLOGIAS
As patologias dos revestimentos cerâmicos são anomalias que podem surgir logo 
após o assentamento, ou após algum tempo de uso. As anomalias mais comuns são o 
descolamento e as fissuras. Conforme Chaves (2009). Para diminuir o aparecimento 
desses problemas, deve-se conhecer a origem e identificar esses defeitos. Assim, as 
patologias são classificadas em:
•	 Congênitas	-	Originárias na fase de projeto em decorrência do desrespeito às 
tecnologias normatizadas pela ABNT, de falhas de especificações de material 
e no detalhamento e especificação inadequada dos revestimentos.
• Construtivas - Quando os assentadores não dominam a tecnologia e os 
responsáveis pela obra não controlam corretamente os procedimentos 
produtivos.
• Adquiridas - Ocorrem durante a vida útil dos revestimentos, resultam de 
agressões do meio ambiente, ou decorrentes de falta de manutenção ou 
manutenção inadequada, ou ainda, de agressões ao revestimento, em função 
de instalação de outros sistemas nas edificações danificando as placas, 
rejuntamentos e por via de consequência desencadeando patologias.
• Acidentais - Caracterizadas situações não previstas que causem impactos que o 
revestimento não seja capaz de suportar, tais como incêndio e movimentações 
estruturais não previstas.
Espaço Científico v.15, n.2, 201410
4.1 Principais manifestações patológicas
Dentre as principais patologias dos revestimentos cerâmicos de fachadas podem-se 
destacar os destacamentos de placas; as trincas, gretamento e fissuras; as eflorescências 
e deterioração das juntas. 
4.1.1 Destacamentos
Segundo Fontenelle e Moura (2004), os destacamentos são caracterizados pela 
perda de aderência das placas cerâmicas do substrato ou da argamassa colante, quando 
as tensões surgidas no revestimento cerâmico ultrapassam a capacidade de aderência 
das ligações entre a placa cerâmica e argamassa colante e/ou emboço. 
O primeiro sinal desta patologia é a ocorrência de um som oco nas placas 
cerâmicas, ou ainda nas áreas em que se observa o estufamento da camada de placas 
cerâmicas e rejuntes, seguido do destacamento destas áreas, que pode ser imediato ou 
não. Devido à maior probabilidade de acidentes envolvendo os usuários e os custos 
para seu reparo, esta patologia é considerada mais séria. Geralmente, estas patologias 
ocorrem nos primeiros e últimos andares do edifício, devido ao maior nível de tensões 
observados nestes locais. 
As principais causas destas manifestações patológicas são:
a) ausência de detalhes construtivos em projeto específico, no caso, contravergas 
e juntas de dessolidarização; 
b) deformação lenta da estrutura de concreto armado, variações de umidade e de 
temperatura;
c) instabilidade do suporte, devido à acomodação do edifício como um todo;
d) utilização da argamassa colante já aberta, após o vencimento delimitado pelo 
fabricante; 
e) assentamento sobre superfície contaminada;
f) imperícia ou negligência da mão-de-obra na execução e/ou controle dos 
serviços (assentadores, mestres e engenheiros). 
Uma outra forma de se evitar a ocorrência deste tipo de patologia, além de corrigir 
todos os passos mencionados anteriormente, seria evitar a execução dos revestimentos 
cerâmicos em uma fase da construção em que o suporte ainda esteja recém executado, 
evitando-se assim as retrações que podem ocasionar tensões não consideradas no projeto 
do revestimento cerâmico. 
A recuperação desta patologia é extremamente trabalhosa e, na maior parte das 
vezes, cara também, já que o reparo localizado nem sempre é suficiente para acabar 
com o problema, que volta a ocorrer em outras áreas do revestimento cerâmico. Muitas 
Espaço Científico v.15, n.2, 2014 11
vezes, a solução é a retirada total do revestimento, podendo-se chegar até ao emboço 
e refazer todas as camadas.
4.1.2 Trincas, gretamento e fissuras 
Estas patologias aparecem por causa da perda de integridade da superfície da placa 
cerâmica, que pode ficar limitada a um defeito estético, no caso de gretamento, ou pode 
evoluir para um destacamento, no caso de trincas (FONTENELLE e MOURA, 2004).
As trincas são rupturas da placa cerâmica provocadas por esforços mecânicos, 
que causam a separação destas placas em várias partes; podem ter aberturas superiores 
a 1 mm. As fissuras são rompimentos nas placas cerâmicas, com aberturas menores 
que 1 mm e que não causam a ruptura total das placas. Já o gretamento é uma série de 
aberturas inferiores a 1 mm e que ocorre na superfície esmaltada dos revestimentos 
cerâmicos, dando a ele uma aparência de teia de aranha. 
Estas patologias também ocorrem normalmente nos primeiros e últimos andares 
do edifício, geralmente pela falta de especificação de juntas de movimentação e detalhes 
construtivos adequados. A inclusão destes elementos no projeto de revestimento e o uso das 
argamassas bem dosadas ou colantes podem evitar o aparecimento destes problemas.
O Quadro 1, a seguir, aponta as principais causas das ocorrências deste tipo de 
deformação, inclusive suas principais características.
QUADRO 1 –	Causas	das	trincas,	gretamento	e	fissuras	.
Causas das trincas, 
gretamentos e fissuras
Descrição
Dilatação e retração das 
placas cerâmicas 
Este problema ocorre quando há variação térmica e/ou de 
umidade (a expansão por umidade é uma característica limitada 
em 0,6 mm/m pela NBR 13818). Estas variações geram um 
estado de tensões internas que, quando ultrapassam o limite de 
resistência da placa cerâmica, causam trincas e fissuras e, quando 
ultrapassam o limite de resistência da camada de esmalte, 
causam gretamento. 
Deformação estrutural 
excessiva 
Esta deformação do edifício pode criar tensões na alvenaria 
que, quando não são completamente absorvidas, podem ser 
transferidas aos revestimentos. Estes, por sua vez, podem não 
resistir ao nível de tensões, rompendo -se e, muitas vezes, 
destacando -se do substrato. 
Ausência de detalhes 
construtivos 
A falta de alguns detalhes construtivos, tais como vergas, 
contravergas nas aberturas de janelas e portas, pingadeiras nas 
janelas, platibandas e juntas de movimentação, podem ajudar a 
dissipar as tensões que chegam até os revestimentos. 
Espaço Científico v.15, n.2, 201412
Causas das trincas, 
gretamentos e fissuras
Descrição
Retração da argamassa 
de fixação 
Este problema ocorre quando se usa argamassa de fixação dosada 
em obra em vez de argamassa colante industrializada. A retração 
da argamassa causada pela hidratação do cimento podem 
causar um aperto ou “beliscão” na placa cerâmica que, por 
estarfirmemente aderente à argamassa, pode tornar a superfície 
convexa e tracionada, causando gretamento, fissuras ou 
mesmo trincas nas placas cerâmicas. 
Fonte: Campante; Baía (2003, apud FONTENELLE; MOURA; 2004, p.8).
4.1.3 Eflorescência 
Esta manifestação patológica é evidenciada pelo surgimento, na superfície do 
revestimento, de depósitos cristalinos de cor esbranquiçada, comprometendo a aparência 
do revestimento. Estes sais em contato com o ar solidificam, causando depósitos. 
Segundo Fontenelle e Moura (2004), estes depósitos surgem quando os sais 
solúveis nas placas de cerâmicas, nos componentes da alvenaria, nas argamassas 
de emboço, de fixação ou de rejuntamento são transportados pela água utilizada na 
construção ou vinda de infiltrações, através dos poros dos componentes de revestimento 
(placas cerâmicas não esmaltadas, rejuntes).
Em algumas situações, como em ambientes constantemente molhados e com 
alguns tipos de sais de difícil secagem, estes depósitos apresentam-se como uma 
exsudação na superfície. 
Não haverá ocorrência deste problema, quando eliminado qualquer um 
desses fatores: sais solúveis, presença de água ou porosidade do componente de 
revestimento. 
Algumas precauções podem ser tomadas para evitar a eflorescência: 
a) reduzir o consumo de cimento Portland na argamassa de emboço ou usar 
cimento com baixo teor de álcalis; 
b) utilizar placas cerâmicas de boa qualidade, ou seja, queimadas em altas 
temperaturas, que elimina os sais solúveis de sua composição e a umidade 
residual; 
c) garantir o tempo necessário para secagem de todas as camadas anteriores à 
execução de revestimento cerâmico. 
Para a remoção dos depósitos nas áreas já comprometidas com a ocorrência deste 
problema, pode-se recorrer a uma simples lavagem da superfície do revestimento, o 
que geralmente é suficiente para a eliminação dos depósitos, mas eles podem voltar a 
ocorrer, principalmente se as condições continuarem propícias. Com o passar do tempo, 
porém, o problema tende a diminuir, na medida em que os sais forem eliminados. Para 
Espaço Científico v.15, n.2, 2014 13
Fontenelle e Moura (2004), durante a limpeza do revestimento cerâmico, deve-se evitar 
o uso de ácido muriático. Caso seja necessário seu uso, fazê-lo em concentrações baixas 
e em pequena quantidade, enxaguando muito bem a superfície após seu uso. 
4.1.4 Deterioração das juntas de assentamento
Este problema, apesar de afetar diretamente as argamassas de preenchimento das 
juntas de assentamento (rejuntes) e de movimentação, compromete o desempenho dos 
revestimentos cerâmicos como um todo, já que estes componentes são responsáveis pela 
estanqueidade do revestimento cerâmico e pela capacidade de absorver deformações. 
Os sinais de que está ocorrendo uma deterioração das juntas são perda de estanqueidade 
da junta e envelhecimento do material de preenchimento. 
A perda da estanqueidade pode iniciar-se logo após a sua execução, através de 
procedimentos de limpeza inadequados. Estes procedimentos de limpeza podem causar 
deterioração de parte do material aplicado, como ácidos e bases concentrados, que, 
somados aos ataques de agentes atmosféricos agressivos e/ou solicitações mecânicas por 
movimentações estruturais, podem causar fissuração ou trincas, bem como infiltração 
de água. 
O envelhecimento das juntas entre componentes, por serem preenchidas com 
materiais à base de cimento, normalmente não representa grandes problemas, já que 
o cimento é um material de excelente durabilidade, desde que bem executado. Sua 
deterioração é observada quando na presença de agentes agressivos, como a chuva ácida 
ou aparecimento de fissuras. Quando estes rejuntes possuem uma quantidade grande de 
resinas, deve -se considerar que estas são de origem orgânica e podem envelhecer, além 
de perder a cor, caso sejam responsáveis pela coloração das juntas de assentamento. 
As juntas de movimentação são preenchidas com selantes à base de poliuretano, 
polissulfetos, silicone, dentre outros. Estes materiais de origem orgânica apresentam 
durabilidade variadas, geralmente em torno de 5 anos, embora existam materiais no 
mercado que possuem garantia de 20 anos. Sua deterioração é causada também por 
microorganismos, razão pela qual, após o período de garantia, devem ser inspecionados 
e trocados. 
As maneiras de se evitar a ocorrência desta patologia estão diretamente ligadas ao 
controle da execução do rejuntamento ou preenchimento das juntas de movimentação, 
bem como à escolha de materiais de preenchimento que atendam aos requisitos de 
projeto. 
4.2 As juntas de movimentação – recuperação e prevenção 
para as patologias
Tratando-se de tecnologia da construção, o termo junta tem o conceito além de 
união, sobretudo, tem o sentido de separação. É com esse sentido que a junta é definida 
Espaço Científico v.15, n.2, 201414
por Filho Neto (2005, apud RIBEIRO e BARROS, 2010, p.61) como sendo uma 
“abertura estreita, fenda ou rebaixo que se deixa longitudinalmente entre duas pecas 
ou elementos construtivos, com a finalidade de separá-los” 
Segundo Ribeiro e Barros (2010), as juntas constituem-se em elementos 
construtivos que devem ser dotados de mecanismo de funcionamento e desempenho 
determinados.
Quando considerado seu aspecto funcional, as juntas podem ser consideradas 
um elemento construtivo presente entre dois outros elementos paralelos, cuja função é 
proporcionar a união entre estes e o acabamento da sua junção. Ou podem ser concebidas 
com a função de acomodar os movimentos diferenciais entre os dois elementos paralelos. 
Nesse caso, são denominadas juntas de movimentação. 
Em revestimentos aderidos de fachadas, a função principal das juntas de 
movimentação é minimizar a propagação de esforços neles atuantes e que provêm, 
geralmente, dos elementos com os quais se conectam (estrutura, parede, revestimento) 
e do seu comportamento intrínseco diante das ações do meio ambiente (variação de 
temperatura e umidade, por exemplo). Nesse caso, é função das juntas minimizar as 
tensões introduzidas no revestimento. O emprego desse detalhe construtivo objetiva 
evitar patologias, como o aparecimento de fissuras ou até mesmo o destacamento de 
partes do revestimento. 
Para Ribeiro e Barros (2010), a constituição de cada tipo de junta de movimentação 
varia de acordo com sua função no sistema de revestimento cerâmico, e os principais 
elementos que podem estar presentes na junta são o limitador de profundidade ou a fita 
isoladora e o selante, os quais, de uma maneira ou de outra, interagem com o substrato. 
“Pode-se dizer que as superfícies laterais da junta de movimentação, nas quais o 
selante vai aderir, constituem seu substrato, que é constituído pelas diversas camadas 
que compõem o sistema de revestimento e podem ser porosas ou não” (RIBEIRO e 
BARROS, 2010, p.67).
Quanto à função, as juntas de movimentação podem ser classificadas em:
• Junta de trabalho - interrompe a superfície do revestimento nas regiões em 
que houver descontinuidades no substrato, com a função principal de acomodar 
os movimentos da sua base suporte, sobretudo aqueles resultantes da interação 
vedação-estrutura.
•	 Junta	de	transição	- interrompe as camadas de acabamento e fixação e tem 
como função principal permitir a transição entre materiais com diferentes 
características térmicas na fachada. 
• Junta de contorno - a função é separar as interfaces entre o revestimento 
cerâmico e outros elementos construtivos adjacentes.
• Junta de dessolidarização - a função é dessolidarizar a camada de acabamento 
da base. Além disso, permite dissipar de tensões pela subdivisão de áreas 
extensas de revestimentos.
Espaço Científico v.15, n.2, 2014 15
As juntas de movimentação são classificadas, quanto ao seu tratamento, em juntas 
seladas e juntas pré-formadas. 
•	 Juntas	seladas	- sãopreenchidas por selante em um estado não-curado. Os 
selantes de poliuretano e de silicone são os mais recomendados para uso em 
revestimentos cerâmicos de fachadas, sobretudo por serem mais resistentes 
ao intemperismo e apresentarem melhor capacidade de deformação que os 
selantes acrílicos.
•	 Juntas	pré-formadas	-	são preenchidas por material celular comprimido dentro 
da junta. Podem ser feitas com material selante pré-formado extruturado ou 
com selante pré-formado moldado, sendo a segunda opção bastante utilizada 
para recuperação de juntamente deterioradas.
Como são parte do subsistema de revestimentos cerâmicos de fachadas, as 
juntas de movimentação devem satisfazer aos requisitos de desempenho relacionados 
à durabilidade, dissipação de tensões, estanqueidade e estética.
Há uma tendência de fazer as juntas de movimentação bem estreitas e de aumentar 
as distâncias entre elas, a fim de reduzir o impacto visual na arquitetura do edifício. 
Essa tendência pode causar conflitos na função de acomodação dos movimentos e 
resistência às tensões.
Para Ribeiro e Barros (2010), as falhas mais comuns nas juntas de movimentação 
são a perda de adesão; falha de coesão; escorrimento; dobramento e intrusão; deformação 
excessiva; ataque químico; desgaste precoce e desagregação. Existem diversos fatores 
que podem ocasionar essas falhas nas juntas selantes, como deficiência de projeto e 
especificação das juntas; escolha incorreta do selante; aplicação sobre o susbstrato 
contamidado ou úmido; temperatura inadequada para aplicação; defeitos na preparação 
da superfície ou aplicação do selante; ocorrência de movimentações não previstas, etc.
O conhecimento existente sobre tecnologia de produção de juntas de movimentação 
seladas destaca a importância da realização de um criterioso projeto de revestimentos 
de fachadas e dimensionamento das juntas.
A fase inicial do projeto de revestimentos é constituída por um conjunto 
de informações sobre a obra objeto do projeto de revestimento. O projetista de 
revestimentos deve reunir informações que possibilitem o seu entendimento acerca 
dos fatores que originam movimentos na fachada do edifício e que lhe permita fazer a 
previsão do comportamento potencial das camadas de revestimento em razão daqueles 
fatores e, por consequência, o comportamento da própria junta. 
O dimensionamento de juntas consiste na definição do posicionamento e das 
dimensões da abertura da junta (largura e profundidade). Recomenda-se que sejam 
feitas juntas horizontais a cada pavimento, coincidindo com o fundo da laje ou da 
viga, na região de fixação da alvenaria à estrutura; as juntas verticais também são 
localizadas preferencialmente nos encontros entre a alvenaria e a estrutura. Tanto as 
juntas horizontais, quanto as verticais, podem ser empregadas às juntas de trabalho ou 
Espaço Científico v.15, n.2, 201416
juntas de dessolidarização. A escolha deverá ser feita pelo projetista, que deverá levar 
em consideração a melhor opção para o edifício em análise.
O selante é o material responsável pelo cumprimento da maior parte das funções 
da junta; assim, sugere-se iniciar a seleção dos materiais pela sua determinação e, em 
seguida, escolhe-se os demais, que deverão ser compatíveis com ele. Para a escolha 
do selante, deve-se levar em consideração os catálogos dos materiais, informações 
de fornecedores, verificação de edificações vizinhas, ensaios laboratoriais, etc. Essas 
informações ajudam na definição do material a ser utilizado.
Após a definição do tipo de selante, o projetista deve fornecer ao executor as 
informações necessárias para a aquisição e aplicação do selante, as quais consistem 
em informações gerais sobre os produtos, propriedades necessárias durante a aplicação 
e propriedades de uso.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do estudo sobre revestimentos de fachada, fica evidenciada a necessidade 
de uma série de procedimentos que influenciam na durabilidade e desempenho das 
placas cerâmicas.
Mesmo nos edifícios mais recentes, vários tipos de patologias podem ser 
identificados; isso se deve à corrente falta de qualificação e certificação de mão de obra, 
além da verificação do material a ser utilizado para o assentamento das placas. Outro 
motivo para o surgimento de patologias é a falta de projeto específico de fachada.
Este trabalho também proporcionou maior conhecimento sobre as principais 
manifestações patológicas, e ainda enfatizou a prevenção destas patologias, a partir de 
cuidados específicos para cada anomalia e a introdução de juntas de movimentação, 
para o melhor desempenho da função dos revestimentos de fachada e diminuição das 
anomalias.
Afirma-se ainda que uma das considerações mais importantes a que se pode chegar 
após a conclusão deste trabalho é a importância de fiscalização adequada e a presença 
do responsável técnico especializado na obra, pois são fundamentais para atender a 
qualidade, o desempenho e o custo final determinado para cada projeto. 
6 REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CERÂMICA. Informações Técnicas. Disponível em: 
<http://www.abeceram.org.br>. Acesso em: 23 abr 2014. 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13817: Placas 
cerâmicas para revestimento - Classificação. Rio de Janeiro, 1997. 
___ NBR 13818: Placas cerâmicas para revestimento - Especificação e métodos de 
ensaios. Rio de Janeiro, 1997. 
Espaço Científico v.15, n.2, 2014 17
___.NBR 13529: Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas - 
Terminologia. Rio de Janeiro, 1995.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS FABRICANTES DE CERAMICA PARA 
REVESTIMENTO. História da Cerâmica. Disponível em: <http://www.anfacer.org.br>. 
Acesso em: 21 ago 2014.
CAMPANTE, E. F.; SABBATINI, F. H. Metodologia de diagnóstico, prevenção e 
recuperação de manifestações patológicas em revestimento cerâmico de fachadas. 
2001. 16f. Boletim Técnico – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 
2001. Disponível em:<http://http://www.pcc.usp.br/files/text/publications/BT_00301.
pdf>. Acesso em: 14 jul 2014.
CHAVES, Ana Margarida V. A., Patologia e Reabilitação de Revestimentos de 
Fachadas. 2009. 176f. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil – Materiais 
Reabilitação e Sustentabilidade da Construção, Universidade do Minho, Portugal, 2009. 
Disponível em: <http://hdl.handle.net/1822/10764>. Acesso em: 14 mai 2014.
FONTENELLE, Mª Aridenise Macena; MOURA, Yolanda Montenegro. Revestimentos 
Cerâmicos em Fachadas: Estudo das Causas das Patologias. 2004. 71f. Relatório de 
Pesquisa – Programa de Melhoria da Comunidade da Construção de Fortaleza, Fortaleza, 
2004. Disponível em: <http://www.comunidadedaconstrucao.com.br/upload/ativos/132/
anexo/03pespat.pdf>. Acesso em: 25 jul 2014.
MANSURA, Alexandra; NASCIMENTO, Otávio Luiz; MANSURA, Herman. 
Mapeamento de Patologias em Sistema de Revestimento Cerâmico de Fachadas. 
Construindo, Belo Horizonte, v. 4, n. 1, 2012. Disponível em: <http://www.fumec.br/
revistas/construindo/article/download/1695/1168.>. Acesso em: 7 mai 2014.
NOGUEIRA, Sylvio. Afinal, “Pastilhar” ou não “Pastilhar” ?. 2010. Artigos Técnicos. 
Disponível em: <www.ecivilnet.com/artigos/pastilhas_revestimentos.htm>. Acesso em: 
22 jun 2014.
REBELO, Carlos da Rocha. Projeto e Execução de Revestimento Cerâmico Interno. 
2010. 55f. Monografia (Especialização em Construção Civil) – Deparatamento de 
Engenharia de Materiais de Construção, Escola de Engenharia da UFMG, Minas Gerais, 
2010. Disponível em:<http://www.cecc.eng.ufmg.br/trabalhos/pg2/60.pdf>. Acesso em: 
22 jul. 2014.
RIBEIRO, Fabiana Andrade; BARROS, Mercia Maria Semensato Bottura de. Juntas 
de Movimentação em Revestimentos Cerâmicos de Fachadas. 1.ed. São Paulo: PINI, 
2010.
Espaço Científico Santarém v.15, n.2 p.18-32 2014
Produzir para transformar: a 
horticultura como forma de recuperação e 
profissionalização de condenados
PauloHenrique Dias Barbosa
RESUMO
O sistema carcerário brasileiro passa por um momento muito delicado, resultado de 
processos de desleixo da administração pública e de pré-conceitos da sociedade.Assim sendo, a 
laborterapia, sendo ela baseada na agricultura ou não, é uma alternativa para reduzir a situação 
trágica encontrada nos presídios e outras instituições carcerárias brasileiras, através de atividades 
que busquem a recuperação, transformação e profissionalização do condenado. O objetivo do 
projeto de extensão foi trabalhar junto aos reclusos da Associação de Proteção e Assistência aos 
Condenados (APAC) visando à instalação e manejo de uma horta comunitária para o consumo 
interno, buscando a valorização do recuperando e de seu trabalho, ao mesmo tempo em que se 
promove a discussão e práticas de educação ambiental. O projeto foi realizado por meio de aulas 
expositivas, dinâmicas e práticas em campo.Os impactos do trabalho foram positivos, tendo 
aumentado o número de participantes do projeto ao longo do ano, além do gasto com verduras e 
alguns legumes diminuir consideravelmente, reduzindo em até 90% o gasto da associação com 
compra de verduras folhosas.
Palavras-chave: Extensão, valorização humana, horta comunitária.
ABSTRACT
The Brazilian prison system passes through a very delicate moment, there sultof carelessness 
processes of public administration and the society preconception. Thus, the work therapy, being 
base donagricultureornot, is an alternative toreducethetragic situation found in other Brazilian 
prisons and penitentiary institutions through activities that seek recovery, transformation and 
professionalization of the condemned. The purpose of the extension project was to work with 
the inmatesof the Association for the Protection and Assistanceto Condemned ( APAC ) for the 
installation and management of a community garden for domestic consumption , seeking convicts 
recovery and their work , while that promotes discussion and practice of environmental education 
. The project was actualized by expository classes, dynamic and practical lessons on the field. The 
impacts of the project were positive, with increased number of project participants throughout the 
year, in additiontospending some vegetable sand legumes decreased considerably, reducingupto 
90 % of the expense associated with buy ingleafy greens.
Keywords: extension, humanenhancement, communityGarden . 
Paulo Henrique Dias Barbosa é Engenheiro Agrônomo do INCRA/SR30 e Professor Assistente do curso de 
Agronomia do Centro Universitário Luterano de Santarém – CEULS/ULBRA - Av. Marechal Rondon, 3438, casa 
B, Santarém, PA. CEP 68040-328. E-mail: phdbarbosa@hotmail.com. 
Espaço Científico v.15, n.2, 2014 19
INTRODUÇÃO
Comecei a trabalhar na laborterapia da APAC sem muito interesse. Aos poucos 
fiz um pequeno barco e fui descobrindo como eu era importante, que podia fazer 
muito mais e melhor. Que podia ser feliz e fazer minha família feliz. As idéias de 
vingança e de ódio que tinha anteriormente foram cedendo espaço à criatividade e 
à paz. A serenidade passou a ser meu lema. O trabalho me modificou inteiramente, 
dando-me o sentido da responsabilidade. Descobri que não tenho vocação para 
viver atrás das grades e que o trabalho engrandece o ser humano. Tudo isso foi 
descoberto nas mesas de laborterapia.” (Depoimento de um recuperando – R.D.C 
– descrito no Livro “Vamos matar o Criminoso?” de Mário Ottoboni)
O objetivo de iniciar a discussão do projeto com a passagem acima é mostrar, já de 
início, a importância da laborterapia na recuperação e transformação do indivíduo.
O sistema carcerário brasileiro passa por um momento muito delicado, resultados 
de processos de desleixo da administração pública e de pré-conceitos da sociedade. 
Atualmente, segundo o Ministério da Justiça (BRASIL, 2010), estão registradas 473.626 
pessoas em cárcere no Brasil, sendo que a capacidade máxima seria de 294.684 pessoas. 
Esse quadro mostra a total falta de estrutura e de qualidade de vida dentro dos presídios, 
como superlotação das celas, falta de assistência médica, social, profissional, jurídica 
e educacional, alimentação e condições higiênicas precárias, entre outros. 
Assim sendo, a laborterapia, sendo ela baseada na agricultura ou não, é uma 
alternativa para reduzir a situação trágica encontrada nos presídios e outras instituições 
carcerárias brasileiras, através de atividades que busquem a recuperação, transformação 
e profissionalização do condenado (CEZARIO et al., 2009).
O trabalho como elemento transformador
Seguindo essa linha atuação, o projeto foi realizado junto à Apac, uma entidade 
civil dedicada à recuperação e reintegração social dos condenados a penas privativas 
de liberdade, cujo trabalho baseia-se em um método de valorização humana vinculada 
à evangelização. Procuram também, em uma perspectiva mais extensa, a proteção da 
sociedade e a promoção da justiça. A Associação é amparada pela Constituição Federal 
para atuar nos presídios e age como entidade auxiliar na execução e administração do 
cumprimento das penas nos regimes fechado, semi-aberto e aberto (FBAC, 2010). 
O objetivo da Apac é promover a humanização das prisões, sem perder de vista 
a finalidade punitiva da pena. Seu propósito é evitar a reincidência no crime e oferecer 
alternativas para o condenado se recuperar.
A Apac distingue-se do sistema carcerário comum sob vários aspectos, 
especialmente na co-responsabilidade do condenado em sua recuperação e nas 
assistências espiritual, médica, psicológica, educacional e jurídica prestadas a ele 
pela comunidade. Outro importante diferencial do Método, segundo Alvim (2009) é o 
Espaço Científico v.15, n.2, 201420
estabelecimento de uma disciplina rígida, caracterizada por respeito, ordem, trabalho 
e o envolvimento da família do sentenciado. O Método Apac é composto por doze 
elementos, que devem ser adotados de forma conjunta e articulada para obtenção de 
êxito no trabalho de recuperação dos condenados, sendo o trabalho um deles. No regime 
fechado tem-se a função de recuperação; no semi-aberto, profissionalização e, regime 
no aberto, de inserção social (ALVIM, 2009).
Perspectivas do Trabalho Prisional no Brasil
O trabalho prisional como um todo se insere em um contexto atual e amplamente 
discutido em diversas áreas do conhecimento científico, principalmente nas ciências 
sociais aplicadas e na saúde. Porém, as atividades laborterápicas com ênfase na 
agricultura são pouco discutidas no ambiente prisional, havendo diversas lacunas sobre 
a influência dessas práticas na recuperação de condenados.
Segundo Carvalho e Baldin (2005) o trabalho prisional, da forma que é aplicado 
hoje na maioria dos centros de detenção do Brasil, não possui um viés que busca a 
profissionalização e ressocialização do condenado, sendo necessária uma reorganização 
de todo sistema carcerário brasileiro. De acordo com as autoras, as modificações 
seriam pautadas a partir de deficiências endógenas, ou seja, os projetos partiriam das 
necessidades dos presidiários e não as necessidades se enquadrariam nos projetos que 
são impostos. Junior (2008), em seu trabalho sobre a dignidade da pessoa humana, 
também enfatiza essa questão da reformulação do sistema, porém tratando de outro 
problema, que é o trabalho prisional influenciando a perda da dignidade da pessoa. O 
autor mostra que as condições de reclusão do sistema penitenciário não promovem a 
recuperação do condenado, além de contribuírem para derrocar ainda mais a pessoa. 
A dignidade da pessoa humana é um dos direitos a todos os brasileiros descritos na 
constituição, inclusive àqueles em estado de reclusão (Art.1º, inciso III; art.5º, inciso 
XLIX, da CF/88).
Outro enfoque que se dá ao trabalho prisional pelas atividades de laborterapia, 
são as atividades com o objetivo de realizar terapias com os condenados visandoà 
transformação e ressocialização dos mesmos e de profissionalizá-los para atuarem no 
mercado de trabalho (CEZARIO et al., 2009). Segundo o Código Penal Brasileiro, 
“A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão 
criminal e proporcionar condição para a harmônica integração social do condenado e 
do internado.” (artigo 1º da Lei nº 7.210/84 da lei de execução penal)
Porém, o que se vê na realidade é muito distante dessa descrição. Segundo Adorno 
(1993), o sistema penitenciário brasileiro é muito precário e não oferece, quase sempre, 
qualquer tipo de possibilidade do indivíduo ali inserido se recuperar e se reintegrar à 
sociedade. Diversos problemas, presentes em grande parte dos presídios brasileiros, 
podem ser citados como superlotação das celas, falta de assistência médica, social, 
profissional, jurídica e educacional, alimentação e condições higiênicas precárias, 
entre outros. Esse emaranhado de problemas gera como consequências fugas, 
Espaço Científico v.15, n.2, 2014 21
rebeliões, agressões entre os condenados, transmissão de doenças (causadas por más 
condições de higiene, por insetos e roedores, sexualmente transmissíveis, etc.), tráfico 
de drogas, exploração humana e outros. Dessa forma, o indivíduo que é sentenciado a 
uma pena, além de não se recuperar, fica exposto a todas as condições ideais para se 
“especializar na criminalidade”, visto que não há, praticamente, programas educacionais 
e profissionalizantes dentro dos presídios, sendo esses uma forma eficiente de diminuir 
todos esses problemas. Cezario et al. (2009) em seu trabalho sobre a relação entre 
queixas de cansaço e dores pelos condenados da Penitenciária Estadual de Maringá 
e as atividades laborterápicas desenvolvidas, chegou à conclusão de que as mesmas 
tinham relação com as posições ergonômicas durante as atividades, devido à falta de 
estrutura e espaço para a realização das atividades, e não com as atividades, pois, todos 
os condenados preferiam participar das mesmas a ficarem ociosos. 
De acordo com as conclusões desse trabalho e de vários outros relacionados ao 
tema é perceptível a unanimidade em relação à utilização de estruturas apropriadas 
ao desenvolvimento adequado das práticas laborterápicas, a fim de proporcionarem 
os objetivos esperados, ou seja, promover a transformação e profissionalização do 
indivíduo (COSTA e BRATKOWSKI, 2007). 
Além de estruturas apropriadas à realização das atividades laborterápicas, são 
necessários articuladores e interventores que saibam atuar adequadamente no ambiente 
prisional, buscando a partir das necessidades do grupo a formulação das atividades 
(CARVALHO E BALDIN, 2005). Porém, Presno Amodeo (2007), em seu trabalho 
sobre as armadilhas na participação, mostra a complexidade e a multidimensionalidade 
dos processos participativos, ou seja, como alguns processos ditos participativos podem 
apresentar como formas de evidenciar e aumentar relações de poder dentro de grupos 
sociais, sendo muito importante a preparação do agente responsável pelas atividades 
no grupo.
Trabalho prisional, laborterapia e recuperação
A utilidade e a produtividade do trabalho, ao longo da história, passaram a ser 
em grande parte das relações, uma medida de valor financeiro e de troca de serviços 
(CARVALHO E BALDIN, 2005), porém, aplicado de forma adequada, é uma solução 
para diminuir os problemas sociais presentes nos presídios e outros centros de detenção 
de todo o país, efetivando sua função o seu valor social (LEAL, 2004). 
O trabalho prisional pode ser ou não remunerado, caracterizando-se, geralmente, 
por atividades internas como limpeza, manutenção de máquinas, organização de 
documentos e livros, lavagem de roupas, etc, e, em alguns centros de reclusão, são 
prestados serviços para instituições terceirizadas, como empresas e órgãos públicos 
(CEZARIO et al., 2009).
Segundo Dejours (1992), o trabalho traz ao recluso um sentimento de valorização 
do seu esforço aumentando sua auto-estima, além de capacitar e habilitar os condenados 
Espaço Científico v.15, n.2, 201422
em atividades variadas, sendo uma forma a mais de inclusão no mercado profissional. 
O trabalho como laborterapia (ou terapia ocupacional) pode ser exercitado através do 
artesanato, música, agricultura e outros trabalhos manuais, sendo muito importante no 
processo de recuperação do indivíduo, principalmente, quando o mesmo está ainda em 
regime totalmente fechado. Nesse período, de acordo com Guimarães Júnior (2005) é 
necessário que o condenado descubra primeiramente seus próprios valores como ser 
humano, que aumente sua auto-estima e que transforme todos os seus sentimentos 
negativos, como raiva, vingança e ódio em sentimentos positivos, como compaixão, 
tolerância e bondade, sendo a laborterapia uma forma de incentivar essa transformação. 
Após essa fase, o recuperando estará mais preparado para se reintegrar à comunidade 
local e às atividades que serão desenvolvidas na mesma.
Como mencionado anteriormente, a laborterapia é qualquer atividade com 
o objetivo terapêutico e profissional ao mesmo tempo. Dessa forma, as atividades 
relacionadas à agricultura também podem desempenhar um papel laborterápico, pois, 
auxiliam na recuperação e profissionalização do indivíduo, através de atividades 
de jardinagem, arborização, ornamentação, horticultura entre outros. Essas práticas 
permitem que o recuperando tenha contato com a terra e com seres vivos, instigando 
nele mesmo o sentido de ser útil e de valorização da vida (BINKOWSKI; NICOLAUD, 
2007)
Partindo de todas as premissas anteriores, o objetivo geral desse projeto de 
extensão foi trabalhar junto aos reclusos da Associação de Proteção e Assistência aos 
Condenados (Apac), visando à instalação e manejo de uma horta comunitária para 
o consumo interno, buscando a valorização do recuperando e de seu trabalho, ao 
mesmo tempo em que se promove a discussão e práticas de educação ambiental. Os 
objetivos específicos foram os seguintes: pesquisar fontes de material didático para a 
realização das atividades descritas; elaborar, organizar e preparar materiais de simples 
compreensão, no intuito de facilitar e aumentar o interesse dos recuperandos aos temas 
abordados; instalar e manejar uma horta comunitária; abordar temas relacionados 
à sustentabilidade ambiental, como reaproveitamento de resíduos, uso da água, 
importância da fauna e flora, tendo como aplicação prática as atividades relacionadas à 
horta comunitária; facilitar as atividades em equipe, através de dinâmicas e atividades de 
campo que promovam a importância da cooperação e do trabalho em grupo; capacitar 
os recuperandos, por meio de atividades práticas e palestras, para os manejos de horta, 
utilizando procedimentos e manejos sustentáveis; articular os resultados obtidos com 
a sociedade e a comunidade acadêmica através de simpósios, mostras e outros tipos 
de eventos. 
MATERIAIS E MÉTODOS
Inicialmente foi feita uma pesquisa entre os recuperandos sobre o conhecimento 
á respeito dos temas propostos pelo projeto. Essa pesquisa foi realizada através 
Espaço Científico v.15, n.2, 2014 23
de conversas informais e dinâmicas de grupo, suscitando a familiarização entre os 
estudantes participantes e os recuperandos.
A próxima fase consistiu em levantar e organizar os materiais didáticos que 
foram utilizados nas palestras, atividades práticas, e dinâmicas. A abordagem do tema 
relacionado à educação ambiental foi feita através de palestras, dinâmicas e aplicação 
prática durante a realização das atividades na horta comunitária. Os recursos utilizados 
foram cartilhas informativas, fotografias, gravuras, desenhos, revistas específicas e 
gerais, livros e jogos. Todo o material didático foi formulado de acordo com grau de 
escolaridade dos condenados, visando gerar mais interesse dos mesmos pelos temas 
propostos,bemcomo mais participação do grupo durante as atividades. Os temas 
inicialmente escolhidos para serem abordados nas palestras e nas dinâmicas, de forma 
prática na horta comunitária, foram meio ambiente e sociedade; o ser humano como 
agente de modificação do ambiente; meio ambiente e políticas públicas; agricultura 
sustentável; recursos hídricos e utilização consciente da água; produção e reutilização do 
lixo e outros resíduos domésticos para a utilização na agricultura; olericultura (cultivo 
de hortaliças) básica; produção de adubos orgânicos através de resíduos caseiros; 
preparação e utilização de caldas; plantio de hortaliças por sementes e mudas; tratos 
culturais em hortaliças (poda, replantio, transplantio, etc.); irrigação; colheita e pós-
colheita de hortaliças. As dinâmicas, que tiveram o cunho de estimular e facilitar o 
trabalho em grupo e cooperação entre os recuperandos foram feitas sempre em grupos, 
sejam eles menores ou maiores. As palestras e algumas dinâmicas foram realizadas 
e discutidas em grupos grandes, pois, essas objetivaram promover a interação e 
articulação entre todos os indivíduos. Já para as atividades práticas na horta e algumas 
palestras foram formados grupos menores, no intuito de não ocorrer dispersão e 
consequentemente favorecer o aprendizado.
A abordagem dos temas relacionados especificamente à implantação e manejo 
de hortas foi feitas em duas etapas: 1) Durante as palestras e dinâmicas como citado 
anteriormente, onde foram apresentadas, de uma forma simplificada e interativa, 
informações teóricas sobre as culturas, sua implantação, manejo e cuidados na colheita, 
pós-colheita, etc.; 2) Atividades práticas (LUZ, 1998): Nessa etapa, os temas abordados 
nas palestras e dinâmicas foram colocados em prática, além da discussão de outros 
aspectos que foram abordados somente em campo, como tipos de solos e umidade, 
interpretação do ambiente, desenvolvimento das plantas (raízes e parte aérea) e outras 
abordagens que aconteceram durante a realização do projeto .
A fase seguinte consistiu em definir quais culturas seriam implantadas na horta 
comunitária. Inicialmente, foram utilizadas as seguintes variedades (EPAMIG, 2007), 
que foram modificadas ao longo do projeto por sugestões dos recuperandos:
Horta: Cebolinha (Alliumschoenoprasum), Salsa (Petroselinumcrispum), Cenoura 
(Daucuscarota), Alface (Lactuca sativa), Almeirão (Cichoriumintybus), Couve-flor 
(Brassicaoleraceavar.botrytis), Couve-comum (Brassicaoleraceavar.acephala), 
Repolho (Brassicaoleraceavar.capitata), Abóbora (Cucurbita moschata), Beterraba 
(Beta vulgarisvar. crassa)
Espaço Científico v.15, n.2, 201424
As sementes e as mudas foram adquiridas através de compra (utilização da 
bolsa de extensão) em estabelecimentos especializados e de doações desses próprios 
estabelecimentos ou de setores relacionados ao tema da Universidade Federal de Viçosa 
ou de produtores rurais.
A próxima fase consistiu em manejar de forma sustentável a produção, com 
utilização de caldas, adubos de resíduos orgânicos produzidos na própria Apac, tratos 
culturais, irrigação, colheita, conservação pós-colheita, como já descrito.
As fases foram colocadas de forma cronológica somente para efeito de 
entendimento, porém todas as fases aconteceram simultaneamente ou de forma 
intercalada. 
DISCUSSÃO
Inicialmente a proposta era trabalhar a implantação de uma horta comunitária 
através de práticas ambientalmente sustentáveis com todos os recuperandos da 
Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac), porém, ao começar o 
trabalho foram encontrados alguns contratempos (parte intrínseca da extensão) que 
tiveram que ser contornada. 
Dentro da Apac existem três modelos de sistema: o regime fechado, onde o recluso 
não tem contato fora da instituição e é privado de alguns espaços dentro da própria 
Apac; o regime semi-aberto (extra e intramuros) onde o recluso tem algum contato fora 
da instituição e liberdade de utilizar todos os espaços dentro da instituição; e o regime 
aberto, onde o recluso fica na Apac somente à noite e finais de semana. De acordo 
com a metodologia utilizada na associação, os reclusos de diferentes regimes devem 
manter o mínimo possível de contato, então o projeto teve que ser realizado somente 
um grupo, visto que o espaço para a horta era pequeno. Foi definido trabalhar com o 
regime semi-aberto,pois o mesmo recebe um número bem menor de voluntários do 
que o fechado e também pelo fato do projeto ter um caráter profissionalizante, sendo, 
a curto prazo, mais urgente para regime semi-aberto.
Como os reclusos do regime semi-aberto poderiam a qualquer momento serem 
liberados para trabalharem fora da Apac, percebeu-se desinteresse por parte da maioria 
deles durante as atividades. Além do fato de estarem na expectativa de saírem, eles 
estavam acompanhando o projeto porque eram obrigados. A regularidade nas aulas 
também era um problema, pois, alguns reclusos trabalhavam também na marcenaria e 
na padaria da Associação, ocorrendo, algumas vezes, presença de apenas dois reclusos 
nas atividades.
Em uma reunião com o coordenador da Apac, alguns pontos no projeto foram 
modificados: 1) Os reclusos do regime fechado que se interessassem pelo projeto 
poderiam participar das atividades. Para o projeto tomar forma de curso sem perder 
o seu objetivo, foram utilizados materiais doados pelo Centro de Produções Técnicas 
Espaço Científico v.15, n.2, 2014 25
(CPT) sobre implantação e cultivo de hortas caseiras e mais alguns materiais à parte. 
Utilizando esse material, ao final do curso os reclusos receberiam um certificado de 
conclusão do mesmo (após realização de uma prova); 2) A carga horária presencial na 
Apac para a realização do curso não poderia exceder seis horas semanais, pois, existem 
vários outros projetos (voluntários ou não) sendo realizados na Associação que também 
precisavam ser executados. Como o planejado eram 12 horas semanais, as demais 
horas foram utilizadas para preparo das atividades e para a leitura de bibliografias 
pertinentes ao tema.
Em relação à estrutura de trabalho, todo material requisitado para a realização 
da horta (esterco, sementes, pá, enxada, etc.) e das aulas (quadro-negro, giz, DVD, 
televisão, sala de aula e materiais escolares) foram adquiridos pela própria Apac, 
através de doações ou de recurso financeiro próprio. O esterco para adubação foi 
doado pelo Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa, as mudas 
de couve com os funcionários do Campo Experimental do curso de Agronomia 
(Departamento de Fitotecnia) e os demais produtos foram comprados pela instituição. 
Foram adquiridas, para a implantação da horta, sementes de Alface, Almeirão, 
Mostarda, Abóbora, Moranga, Salsa, Cebolinha, Beterraba, Cenoura, Couve-flor e 
Repolho. Como o espaço da horta não era muito grande as espécies foram cultivadas 
de forma intercalada, sendo que os recuperandos escolheram quais hortaliças seriam 
cultivadas primeiro.
Após nove semanas que a horta foi implantada,os recuperandos começaram a 
colher algumas verduras, como alface, almeirão e mostarda, cebolinha e salsa. As 
hortaliças produzidas foram utilizadas no consumo interno da associação e o pouco 
excedente foi doado para algumas famílias carentes.
Quando se iniciou o projeto não havia nada plantado no terreno destinado a horta, 
havendo somente muitos entulhos e pedras por toda a área. Ao final do mesmo estavam 
cultivados dois canteiros com alface, um com couve, um com beterraba e cenoura, um 
com e mostarda, um com salsinha, cebolinha e azedinho e alguns pés de berinjela.
Os impactos do projeto foram positivos, pois, as atividades se iniciaram com 
poucos recuperandos (cinco) e no final doze estavam participando e mais três estavam 
interessados em participar. Além disso, o gasto com verduras e alguns legumes diminuiu 
consideravelmente, pois, a hortaproduzia constantemente, diminuindo em 90% os 
gastos com folhosas e até 60% com as outras hortaliças.
Pouco antes do encerramento do projeto a Apac passou a ter uma barraca na Feira 
que acontece todo sábado em Viçosa, onde os produtores rurais da região comercializam 
seus produtos. Nessa barraca seriam vendidos todos os artigos produzidos na padaria 
(pães recheados, salgadinhos, bolo, biscoitos, etc.), na marcenaria (mesas, cadeiras, 
enfeites, etc.) e na parte de artesanato (enfeites de madeira, papel, cera, vidro, etc.). 
Antes de encerrar o projeto alguns recuperandos já estavam cultivando algumas plantas 
ornamentais e chás e temperos em vasos para comercializarem na barraca também.
Espaço Científico v.15, n.2, 201426
CONCLUSÕES
Durante a graduação, na maioria das vezes, os alunos são preparados somente 
para atuar na pesquisa ou só no ensino, sendo que a extensão e a interação entre os três 
pilares acabam não sendo abordados. Porém, projetos como esse são uma forma se ter 
essa interação, pois, ao mesmo tempo que ocorre a atuação extensionista, é necessária a 
interação com a pesquisa científica e com métodos de ensino. Nesse aspecto, o projeto da 
Apac foi excepcional. O aprendizado foi extremamente amplo, tanto na extensão quanto 
na pesquisa e no ensino. No entanto, o maior aprendizado desse projeto foi entender 
um pouco o significado da expressão valorização da pessoa humana. É importante 
não somente aprender, mas também viver, experiência essa vivenciada na troca de 
sentimentos, na quebra de preconceitos e na construção de um novo paradigma.
O projeto poderia ter continuidade, mas não seria necessário. Em teoria (e 
logicamente o que deve ser colocado em prática), um projeto de extensão não é um 
projeto assistencialista, visto que, o objetivo da extensão é auxiliar na construção dos 
meios e não levar aos fins. Ao longo dos onze meses algumas sementes foram plantadas e 
é completamente possível acreditar que os conhecimentos sobre a implantação e manejo 
sustentável da horta foram e continuarão sendo construídos entre os recuperandos, 
mantendo continuamente a produção da mesma.
Como extensão é feita de elos e parcerias, não se pode deixar de agradecer a 
todos os recuperandos da Apac (Senhor Carlito, Juscelino, Nandino, Marcos, Sidnei, 
Eduardo, Leacir, Jacinto, Guilherme, Willian e Senhor Aristides, João Carlos, Senhor 
Antônio) pela paciência, compreensão e, principalmente, por dar uma aula prática 
sobre o verdadeiro sentido da frase de Mário Ottoboni que diz: “Todo homem é maior 
que seu erro”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADORNO, S. Sistema penitenciário no Brasil: problemas e desafios. Revista do Conselho 
Nacional de Política Criminal e Penitenciária, Brasília, 1(2): 63-87, jul/dez 1993.
ALVIM, W. B. A ressocialização do preso brasileiro. Buscalegis, América do Norte, 0 
7 07 2009.
APAC, Associação de Proteção e Assistência aos Condenados. www.apacitauna.com.br
BINKOWSKI, P.; NICOLAUD, B. Horta agroecológica terapêutica. Revista Brasileira 
de Agroecologia, v.2, n.1, fev. 2007.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: 
promulgada em 5 de outubro de 1988. Contém as emendas constitucionais posteriores. 
Brasília, DF: Senado, 1988.
BRASIL. Ministério da Justiça. Código Penal. Lei de Execução Penal n.º7.210, de 11 
de julhode 1984.
CARVALHO, A. L. L.; BALDIN, N. A terapia ocupacional no processo educação/trabalho 
do preso no sistema penal: Um estudo da Prisão Provisória de Curitiba. Revista Saúde e 
Ambiente/Health and Environment Journal, Joinville, v.6,n.1, junho, 2005.
Espaço Científico v.15, n.2, 2014 27
CEZARIO, A. C. F.et al. Anamnese e exame geral de 30 reclusos da Penitenciária Estadual 
de Maringá que desenvolvem laborterapia . Revista Saúde e Pesquisa, Maringá, v.2, 
n.1, p.9-16, jan./abr. 2009.
COSTA, S. G. da; BRATKOWSKI, P. L. da S.. Paradoxos do trabalho prisional na 
era do capitalismo flexível: o caso do DETRAN-RS. Revista de Administração 
Contemporânea, Curitiba, v.11,n.3, jul./set. 2007.
FBAC - Fraternidade Brasileira Assistência aos Condenados. www.fbac.com.br, 2009
JUNIOR, O. M. A “dignidade da pessoa humana” como paradigma dominante. Revista 
Eletrônica Direito e Política, Itajaí, v.3, n.3, set./dez., 2008.
LEAL, C. B. Associação de proteção e assistência aos condenados: uma experiência 
brasileira que o mundo começa a descobrir. Revista do Conselho Nacional de Polícia 
Criminal e Penitenciária, Brasília, 1(7): 29-36, jan/jun 1996.
LEAL, J. J. O princípio constitucional do valor social trabalho e obrigatoriedade do 
trabalho Prisional. Novos Estudos Jurídicos, v. 9, n. 1, p.57-76, jan./abr. 2004
LUZ, V.P. Técnicas Agrícolas. 9ª edição. Volume 1. Editora ática. 1998
OTTOBONI, M. Vamos matar o criminoso? Método APAC. São Paulo: Paulinas, 
2001.
PRESNO AMODEO, N. B. As armadilhas da participação: os desafios da extensão rural 
como ferramenta de desenvolvimento. Revista Brasileira de Economia Doméstica, 
Viçosa, v.18,n.2, 2007.
APÊNDICES
FIGURA 1 –	Terreno	destinado	à	horta	no	início	do	projeto.
Fonte: Paulo Henrique Dias Barbosa.
Espaço Científico v.15, n.2, 201428
FIGURA 2 – Início das atividades na horta.
Fonte: Paulo Henrique Dias Barbosa.
FIGURA 3 – Organização da horta em canteiros.
Fonte: Paulo Henrique Dias Barbosa.
Espaço Científico v.15, n.2, 2014 29
FIGURA 4 – Organização e demarcação dos canteiros.
Fonte: Paulo Henrique Dias Barbosa.
FIGURA 5 – Plantio de mudas de cebolinha no canteiro.
Fonte: Paulo Henrique Dias Barbosa.
Espaço Científico v.15, n.2, 201430
FIGURA 6 – Crescimento das hortaliças (Alface e Cebolinha em destaque).
Fonte: Paulo Henrique Dias Barbosa.
FIGURA 7 – Recuperandos em atividades de manejo da horta (8 semanas de projeto).
Fonte: Paulo Henrique Dias Barbosa.
Espaço Científico v.15, n.2, 2014 31
FIGURA 8 – Recuperandos Eduardo, Sr.Carlito, Edilson, Sidnei, Marcos e Willian (Direita para esquerda).
Fonte: Paulo Henrique Dias Barbosa.
FIGURA 9 – Canteiro de alface no ponto de colheita.
Fonte: Paulo Henrique Dias Barbosa.
Espaço Científico v.15, n.2, 201432
FIGURA 10 – Recuperando Nadino colhendo beterrabas.
Fonte: Paulo Henrique Dias Barbosa.
Espaço Científico Santarém v.15, n.2 p.33-42 2014
A percepção de alunos do ciclo básico 
universitário sobre as estratégias de 
produção de resumo: um estudo de caso em 
Santarém-PA
Paula Cristina Galdino de Oliveira
Maria Sheyla Gama (Orientadora)
RESUMO
O presente estudo visou abordar as predisposições de alunos do ciclo básico de uma 
instituição particular, de Santarém-PA, com o foco na efetivação do processamento de leitura, 
mais especificamente as estratégias em geral, conforme pressupostos teórico-práticos constantes 
em Solé, 1998; Kleiman, 1999; Dias (2006); Machado, Lousada e Abreu-Taderlli (2004). A 
metodologia constitui-se de uma abordagem quali-quantitativa, visto que o intento foi verificar 
as estratégias metacognitivas de leitura utilizadas pelos discentes para produção de resumo, 
procurando identificar aquelas que necessitam de maior investimento pedagógico. Para isso, foi 
desenvolvido como instrumento de coleta de dados um questionário semiestruturado, que permitiu 
um estudo exploratório. Os resultados mostram que, no geral, aproximadamente a metade dos 
alunos investigados conhece ou faz uso de estratégias metacognitivas indispensáveis à produção 
de resumo, como a visualização do texto por completo, a identificação de título, subtítulos, autor, 
gênero textual, data de publicação. Verifica-se que boa parte dos alunos realiza uma leitura geral 
para confirmação das hipóteses, bem como a observância de cada parágrafo, buscando identificar 
seus tópicos síntese. Por outro lado, notou-se também que há dificuldade na identificação das ideias 
principais, visto que a grande maioria, no destaque das ideiasprincipais, afirmam frisar exemplos, 
justificativas, informações facilmente deduzíveis, ou seja, dão relevo a ideias secundárias e não 
principais. Percebeu-se ainda o conhecimento, por uma parte significativa de alunos, de outras 
estratégias metacognitivas, como buscar explicitar a relação estabelecida entre as ideias principais 
e ainda identificar os atos verbais do autor do texto lido, que, por sua vez, é um indicativo de uma 
leitura adulta, acadêmica de fato. O estudo, ainda em andamento, busca cruzar os dados, mediante 
a atuação das variáveis que os condicionaram.
Palavras-chave: Estratégias de leitura; Percepção acadêmica; Produção de resumo.
ABSTRACT
The present study aimed to address the predispositions of students in the basic cycle of a 
particular institution, Santarém-PA, with a focus on effective processing of reading, specifically 
the strategies in general, as the theoretical-practical constants in Solé, 1998; Kleiman, 1999; Dias 
(2006); Machado, Lousada-Taderlli and Abreu (2004). The methodology consists of qualitative 
and quantitative approach, since the intent was to verify the metacognitive reading strategies used 
Paula Cristina Galdino de Oliveira é Especialista em Metodologia do Ensino Superior (CEULS/ULBRA), Graduada 
em Letras E-mail: paula.oliveyra@gmail.com.
Maria Sheyla Gama é Profa. Msc. e Coordenadora dos Cursos de Letras – Habilitação em Letras-Língua 
Portuguesa e Habilitação em Letras-Língua Inglesa no Centro Universitário Luterano de Santarém - CEULS/
ULBRA. E-mail: sheylagama@yahoo.com.br.
Espaço Científico v.15, n.2, 201434
by students to produce short, trying to identify those who need further educational investment. 
Therefore, it was developed as a tool for data collection, a semi-structured questionnaire, which 
allowed an exploratory study. The results show that, overall, about half of the students surveyed 
know or makes use of metacognitive strategies essential for the production of short, as the text 
display altogether, identifying title, subtitle, author, genre, release date . It appears that most of the 
students held a general reading for confirmation of hypotheses, and observance of each paragraph 
in order to identify their topics synthesis. Moreover, it was noted that there is also difficulty in 
identifying the main ideas, since the vast majority, the highlight of the main ideas, examples stress 
claim, justifications, easily derivable information, in other words, emphasize the main ideas and 
not secondary. It was noticed even knowledge, for a significant portion of students from other 
metacognitive strategies, such as seeking to clarify the relationship between the main ideas, and 
identify the verbal acts of the author of the text read, which, in turn, is a indicative of an adult 
reading, academic apparel. The study, still in progress, looking across the data, by operating 
variables that conditioned. 
Keywords: Reading strategies; Perception academic; Production summary.
1 INTRODUÇÃO
O ato de ler, após passar por diversas percepções, é compreendido atualmente 
não apenas como uma atividade linguística e cognitiva, em que nesta se realiza 
operações mentais/interpretativas, e naquela se mobiliza conhecimentos sobre o 
léxico, a morfossintaxe e a semântica. O processamento de um texto, seja em termos 
de produção textual ou de leitura, constitui-se também uma atividade sociointerativa, 
visto se ativar todo um conhecimento de mundo e um conhecimento sociointeracional. 
Segundo Koch (1998), tais conhecimentos compreendem os objetivos verbalizados 
nos diversos gêneros textuais e mesmo do próprio objetivo de leitura em um dado 
momento; englobam ainda as normas gerais de comunicação, denominadas em Grice 
(1969 apud Koch, 1998) de máximas – quantidade de informação necessária, gênero 
textual e linguagem adequada ao contexto de interação etc.; o conhecimento da estrutura 
composicional do gênero textual que se está lendo ou produzindo; e o conhecimento 
de diversos recursos para assegurar a compreensão e a aceitação do texto. Assim, 
no processo de interação entre leitor e texto, mobiliza-se não apenas conhecimentos 
linguísticos e textuais, mas psicossociais e interacionais.
Kleyman (1989), ao discorrer sobre a complexidade dos processos envolvidos 
na leitura, afirma que o processo de leitura não é “linear e serial, passo a passo, desde 
o olho até a memória [...]” (1989, p.17). Mas, pelo contrário, o leitor é engajado, 
antecipa o material até a formação de uma imagem, porque sua decisão de pausar ou 
fixar em determinado fragmento, pauta-se não apenas pelo que acaba de ler na página, 
porém inclui seu conhecimento sobre os recursos linguísticos, o assunto e tantos outros 
sistemas de conhecimentos. Pode-se inverter no caminho, e partir do todo, “da síntese” 
para a análise das unidades, a fim de se verificar hipóteses. E, deste modo, a leitura é 
vista como um “processo interativo”, visto que os diversos conhecimentos do leitor se 
imbricam em todo momento com o explícito e implícito no material sociolinguístico 
para chegar à compreensão. 
Espaço Científico v.15, n.2, 2014 35
Nesta interação complexa entre leitor e texto, entram em ação as estratégias 
de leitura, que, segundo Solé (1998, 71), são “procedimentos de ordem elevada que 
envolvem o cognitivo e o metacognitivo”. As estratégias cognitivas dizem respeito às 
ações inconscientes no ato de leitura, como ativação do conhecimento de mundo, do 
conhecimento linguístico e textual. As metacognitivas implicam controlar e regular 
ações, isto é, explicitar objetivos da leitura, ações para detectar e corrigir falhas na 
compreensão, lembrar o que se lê, entre outros objetivos. Solé (1998) ainda propõe 
estratégias metacognitivas para antes – estabelecer objetivos e previsões, ativar 
conhecimento prévio...-, durante - fazer novas previsões, relacionar a nova informação 
ao conhecimento prévio; resumir as ideias do texto...- e após a leitura - identificar ideia 
principal, elaboração de resumo, e formulação e resposta de perguntas. 
Como se observa, e Solé (1998) também salienta, é difícil delimitar precisa e 
claramente o que vem antes, durante e depois, visto que estas estratégias se relacionam 
intimamente, sendo de grande orientação, na escolha e uso delas, o(s) objetivo(s) 
específico(s) que o leitor possui. 
Na educação superior, pode-se dizer que o objetivo geral da leitura é estudar/
aprender/construir conhecimento. Neste intuito, desdobram-se os específicos, isto é, 
lê-se, em geral, para fazer um resumo, uma resenha, um debate, um seminário, uma 
socialização, uma avaliação escrita ou oral que, por sua vez, atendem a objetivos outros, 
específicos ao domínio de cada componente curricular de um curso superior, que pode 
ir ao encontro do saber comparar, atribuir valor, identificar, caracterizar, posicionar-se 
criticamente, etc. A linguagem é por si mediadora, na concepção de Vygotsky e tantos 
outros. Rojo (2004), por exemplo, afirma: 
[...] ser letrado e ler na vida e na cidadania é muito mais que isso: é escapar da 
literalidade dos textos e interpretá-los, colocando-os em relação com outros textos 
e discursos, de maneira situada na realidade social; é discutir com os textos, 
replicando e avaliando posições e ideologias que constituem seus senti-dos; é, 
enfim, trazer o texto para a vida e colocá-lo em relação com ela. 
A partir dessa compreensão é que podem ser validadas quaisquer estratégias de 
leitura, as quais devem superar o nível da compreensão e atingir o posicionamento 
interdiscursivo. A universidade, ou a escola, reveste-se dessa valorosa condição, a de 
promover a troca de ideias, as contraposições e a constituição da subjetividade ancorada 
na mediação, via ato de ler, escrever, falar, ouvir. Nesse sentido, ressaltamos que o 
objetivo da leitura no âmbito escolar diz respeito à produção própria do conhecimento, a 
partir

Continue navegando