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O QUE É CURATELA? A Curatela é uma função, uma responsabilidade, um encargo conferido a alguém para cuidar e proteger uma pessoa maior de idade que não tem capacidade de sozinha praticar os atos da vida civil. Essa pessoa não possui capacidade de autodeterminação, nem consegue gerir seus próprios interesses, não podendo assim adquirir direitos nem contrair obrigações, como por exemplo: vender, comprar, assinar contratos sem que esteja assistida por seu curador. QUEM ESTA SUJEITO A CURATELA? Estão sujeitos a curatela, as pessoas que não conseguem exprimir sua vontade, seja por causa transitória ou permanente, os ébrios habituais, os viciados em tóxico, os pródigos. Com o advento da Lei n. 13.146/2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência e Lei 13.105/2015, todas as pessoas portadoras de deficiência ou enfermidade mental, com consciência reduzida para a prática de atos da vida civil deixaram de ser tratadas como absolutamente incapazes. A pessoa com deficiência passa então a ter assegurado o direito de exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições e será submetida à curatela, somente quando necessário. A CURATELA E AS ALTERAÇÕES DO ESTATUTO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Antes da alteração promovida pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/15), o Código Civil considerava absolutamente incapaz aqueles que, “por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos.” (inciso II, do art. 3º, do CC). O Estatuto da Pessoa com Deficiência revogou o inciso II, do art. 3º, do CC, de forma que, atualmente, somente o menor de 16 anos é absolutamente incapaz. A pessoa com deficiência não é mais considerada incapaz, mas ainda assim, quando necessário, poderá ser submetida à curatela. Contudo, trata-se de medida extraordinária, proporcional às https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/205855325/lei-13146-15 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174788361/lei-13105-15 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/205855325/lei-13146-15 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10731186/artigo-3-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10731122/inciso-ii-do-artigo-3-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10731186/artigo-3-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 necessidades e às circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível. Quando necessário, será facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de tomada de decisão apoiada. A curatela atingirá somente os atos de natureza patrimonial e negocial não alcançando o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto. TOMADA DE DECISÃO APOIADA É um processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculo e que sejam de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre os atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa exercer sua capacidade. A pessoa com deficiência e seus apoiadores, deverão apresentar um termo ao juízo no qual deverá constar os limites do apoio a ser oferecido e os compromissos dos apoiadores, inclusive o prazo de vigência do acordo. O juiz, antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada de decisão apoiada, assistido por uma equipe disciplinar e pelo Ministério Público, ouvirá pessoalmente o requerente e as pessoas que lhe prestarão apoio. QUEM PODE SER O CURADOR? O Cônjuge ou companheiro é curador do outro, na falta destes, será curador legítimo o pai ou a mãe, na falta destes o descendente que se mostrar mais apto. Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos e na falta de todos estes já mencionados, compete ao juiz escolher. Na nomeação do curador, o juiz poderá estabelecer a curatela compartilhada com mais de uma pessoa. QUAIS AS OBRIGAÇÕES DO CURADOR? O exercício da curatela tem como consequência a administração dos bens e rendimentos do interditado, o cuidado com o interditado e a prestação de cuidados a este. Os curadores são obrigados a prestar contas da sua administração e a partir da sentença de interdição ou da decisão que deferiu a curatela provisória, todos os bens, os rendimentos e a pessoa do interditado ficarão sob os cuidados do curador que exercerá a função de forma direta, mas sob a fiscalização e nos limites fixados pelo juiz. A prestação de contas deverá ser apresentada no prazo a ser fixado pelo juiz, normalmente de 2 em 2 anos e deverá ser apresentada na forma de planilha que especificará as receitas, os débitos e o saldo. Competirá aos curadores o pagamento de dívidas do curatelado, aceitar heranças, legados ou doações, vender ou comprar bens imóveis ou móveis do tutelado mas somente mediante autorização judicial. A SUBSTITUIÇÃO E A REMOÇÃO DO CURADOR O curador poderá ser substituído desde que o pedido de substituição seja feito por pessoa legitimada, em petição fundamentada ao juízo, a qualquer tempo no processo de interdição. Em regra, a substituição é requerida no caso de impedimento por motivos de saúde, nos casos de morte e mudança de domicílios. A remoção do curador deverá ser requerida pelo Ministério Público ou por legitimo interessado. É uma ação autônoma que deverá ser apensada aos autos de interdição. Será justificada quando o curador adotar condutas incompatíveis com o exercício da curatela, quando causar prejuízo ao patrimônio administrado ou causar dano físico ou moral à pessoa do interditado. LEVANTAMENTO E CESSAÇÃO DA INTERDIÇÃO Quando a causa que determinou a interdição cessar, a curatela poderá ser levantada. Poderá ser requerido em apenso aos autos da interdição pelo Ministério Público, pelo próprio interditado ou curador. O juiz nomeará um perito para avaliação no interditado e poderá designar audiência de Instrução e Julgamento. Deferido o pedido, será decretado o levantamento da interdição por sentença e após a averbação do levantamento cessam as obrigações e responsabilidades do curador. Se o interditado vier a óbito, as obrigações cessam e o curador deverá juntar aos autos de interdição a cópia da certidão de óbito para que fique isento de qualquer responsabilidade. COMO DEVE SER FEITA A PRESTAÇÃO DE CONTAS PELO CURADOR? A prestação de contas é toda movimentação financeira da administração dos recursos, que deve informar as despesas efetuadas bem como as receitas em um determinado período de tempo. Deverá ser feita através de uma planilha (modelo abaixo) contendo a descrição de todas as receitas e despesas administradas pelo curador e deverá vir acompanhada de documentos comprobatórios. Exemplo de planilha: