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Prof Ricardo (29/03; 05, 12, 19,26/04): INTRODUÇÃO E DEFINIÇÃO DE SAÚDE OCUPACIONAL 
 
Caso Clínico (UNESP): 
- 66 anos; natural de sorocaba, procedente de votorantim-SP 
- Trabalhava em uma indústria de fundição de ferro (trabalhou por 26 anos; está afastado há 
20 anos); não usava EPI com periodicidade; Relata se lebrar de ter visto colegas de trabalho 
com o mesmo quadro dele (Hx ocupacional!); 
- Dispneia progressiva, aos moderados esforços, associada com episódios de tosse seca há 
aprox 1 mes (Hx da doença!). 
- Presença de baqueteamento digital (2+/4+) 
- Estertores Crepitantes: Crepitações finas isoladas (Exame físico da Pneumoconiose é pobre) 
Hipóteses Diagnósticas: 
- Doença Intersticial Pulmonar; Fibrose Pulmonar Idiopática; 
- Asma; Bronquite; Tb; DPOC; Sarcoidose; Neoplasia; 
- Pneumonite intersticial usal ou inespecífica; Pneumonia não especificada; Pneumonite por 
hipersensibilidade; 
- Pneumoconiose em período de reativação: (doenças de fibrose pulmonar ligadas ao tipo de 
trabalho do pte) : Silicose (sílica) Siderose (ferro); Asbestose (amianto) 
- Insuficiência Cardíaca 
- Lúpus 
- Intoxicação por subst. Químicas 
Exames Complementares: 
- Exames laboratoriais: HMG; Gasometria; (normais) 
- Rx Tórax PA+P: infiltrado intersticial difuso bilateralmente com micronódulos difusos; 
o DD para esse raio X: doenças intersticiais -> Tb Miliar* 
o Mas, com essa AM e Rx, já poderíamos confirmar o dx de Pneumoconiose! 
- Ecocardiograma; 
- Espirometria: normal, sem resposta ao BD; 
Investigar melhor (Não havia necessidade! Muito invasivo e Desnecessário para dx e CD): 
- TC de Tórax: pneumopatia acometendo principalmente o interstício periférico com sinais de 
fibrose e importante componente em vidro-fosco, associado à linfadenopatia mediastinal; 
o *Silicose com reativação da doença (longa hx ocupacional de exposição à sílica) 
- Broncoscopia: traqueobronquite difusa; 
- ECG: ritmo sinusal, extra-sístoles atriais, blqoueio do feixe anterossuperior do ramo E 
- Biópsia brônquica: hiperplasia mucossecretora 
- Bacterioscopia (lavado broncoalveolar): cocos gram + raros e leucócitos raros; S aureus; 
o Pneumoconiose 
- Biópsia a céu aberto: Pneumoconiose Nodular, predominantemente micronodular. 
Recadinho: Na anamnese, questionar Hx Ocupacional! Trabalho atual e pregresso; e entender O 
QUE ele faz no seu trabalho; com o que age; ao que está exposto; se usa EPI; etc 
As Doenças Ocupacionais podem ser divididas em: 
- Acidentes: evento agudo, súbito; tem “data” “hora”; características de mais fácil 
visualização e identificação 
- Doença: evento crônico, vem ao longo do tempo; 
 
Causas de Adoecimento, Incapacidade, Morte: 
(1) (Causa Direta) Natureza Nociva da Substância manipulado; São as doenças causadas por 
exposição a algum aguente etiológico, que pode ser: 
- Agentes Físicos: frio, ruído 
- Agentes Químicos: chumbo, mercúrio; outros metais; organofosforados 
- Agentes Biológicos: vírus, bact, fungos, pts de risco; 
(2) (Causa Indireta) Violência que se faz à Estrutura Natural da máquina pela Posição Forçada e 
Inadequadas ao corpo; São as doenças osteomusculares e ortopédicas, p.ex. 
 
Algumas Doenças Ocupacionais: 
Pneumoconiose: a pneumoconiose é uma doença pulmonar (faz fibrose pulmonar) ligadas ao tipo 
de trabalho do pte; comum em regiões metropolitanas, como ctba, que tem indústrias (cerâmica, 
mineradora,...); de evolução crônica; geralmente oligo ou assintomáticos; dx por exame 
complementar: 
- Silicose (“doença dos mineiros”)(hx ocupacional de exposição à sílica - minerais do tipo 
rocha, “pedra dura”, presente em vidro, cerâmica, carvão; acomete mais lobos pulmonares 
superiores); (“doenças dos mineiros”) 
- Siderose (exposição ao ferro); 
- Asbestose (exposição ao asbesto/amianto; fibrose principalmente de lobos inferiores; leva 
muito mais frequentemente à câncer); 
- Bagacose (bagaço da cana) 
Intoxicação por Organofosforados: Lembrar dessa doença ocupacional em ptes que trabalham com 
agrotóxicos (área rural); 
Intoxicação por Metais: a intoxicação por metais 1º leva a tremores nas mãos/membros, depois 
tornando-se vertiginosos, paralíticos, dementes (Neuropatia); o pte pode ficar surdo-mudo e com 
confusão mental (pela neurotoxicidade do agente). 
- Por mercúrio “doenças de mineiros”; 
- Por chumbo “doença dos oleiros e de ceramistas – que trabalham com chumbo quente”; 
- Por cromo (Dermatose Ocupacional causada pelo Cimento – Bicromato de Potássio) 
Doenças Osteomusculares e Ortopédicas: “Doenças dos Coveiros”: Doenças pelas posturas 
forçadas, ou seja, é uma questão de ergonomia, biomecânica e esforço; 
- OBS: “Ergonomia” é a relação existente entre o trabalhador e a sua postura frente ao seu 
trabalho; ou seja, é a adaptação existente a condição pessoal e individual para o trabalhador 
realizar a sua tarefa; 
“Doenças dos que Trabalham em Pé”: Hoje, são as varizes (que não tem fator único de causalidade), 
Doenças Venosas Crônicas Periféricas; 
“Doenças dos Tipógrafos”: (Distúrbios mentais: estresse, ansiedade, paciente WorkAholick – que 
não consegue se desligar do trabalho, não descansa) 
“Doenças dos Escribas e Notários”: O que hoje conhecemos como escrivão. LER (Lesão por esforço 
repetitivo) e DORT (distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho). 
Câncer/Neoplasias Ocupacionais: trabalhadores expostos ao Benzopireno, que está no carvão 
(limpadores de chaminés), e na carne. 
 
Saúde Ocupacional: “saúde relacionada ao trabalho dos indivíduos”. A saúde Ocupacional 
objetiva: “qualidade de vida no trabalho, protegendo a saúde dos trabalhadores, promovendo o 
bem-estar físico, mental e social, prevenindo e controloando os acidentes e doenças através da 
redução de risco ocupacional”. 
- As normas reguladoras (BR), a partir de 1978, traçaram a obrigatoriedade de ter 
profissionais da saúde para os trabalhadores (“Act Factory”) 
 
Os trabalhadores podem adoecer ou morrer por causas relacionadas ao trabalho, como 
consequencia da profissão que exercem ou exerceram, ou pelas condições adversas que seu trabalho 
é ou foi realizado. 
 Assim, o perfil de adoecimento e morte dos trabalhadores podem ser sintetizados em 4 Grupos de 
Causas (Segundo Mendes & Dias, 1999): 
 (1) Doenças comuns aparentemente sem qualquer relação (direta e/ou indireta) com o trabalho. 
Exs: obesidade, dças autoimunes/LES, otosclerose, vitiligo 
*(2) Doenças comuns (crônico-degenerativo, infecciosas, neoplásicas, etc), que eventualmente são 
modificadas no aumento da frequência de sua ocorrência ou na precocidade de seu surgimento em 
trabalhadores, sob determinadas condições de trabalho. Ex: HAS em motoristas de ônibus, pex. (G2) 
*(3) Doenças comuns que têm o espectro de sua etiologia ampliado ou tornado mais complexo pelo 
trabalho. Ou seja, “em decorrência do trabalho, somam-se ou multiplicam-se as condições 
provocadoras ou desencadeadoras nesses quadros nosológicos”. Exs: asma brônquica; dermatite de 
contato alérgica; perda auditiva induzida pelo ruído do trabalho; algumas doenças mentais; (G3) 
*(4) Doenças de agravos à saúde específicos, tipificados pelos acidentes do trabalho e pelas doenças 
profissionais. Ex de doenças profissionais: silicose, bagacose e asbestose. (G1) 
* Os 3 últimos grupos constituem a família das “doenças relacionadas ao trabalho”. 
 
Classificação proposta por Schilling (1984): resume e exemplifica os grupos das doenças; 
(1) Trabalho como Causa Necessária. Exs: intoxicação por chumbo; silicose; doenças profissionais 
legalmente prescritas; tecnopatias 
(2) Trabalho como Fator de Risco Contributivo Adicional, mas Não Necessário. Exs: doença 
coronariana, doenças do aparelho locomotor, câncer, varizes dos membros inferiores, mesopatias. 
(3) Trabalho como Provocador de um Distúrbio Latente, ou Agravador de Doença já Estabelecida. 
Ex: bronquite crônica, dermatite de contato alérgica, asma, doenças mentais 
 
Sistematização daPatologia do Trabalho: Se fossemos sistematizar as patologias do trabalho, 
poderíamos classificá-los em 3 grandes grupos: 
(1) Tecnopatias ou Doenças Profissionais (doença produzida ou desencadeada pelo exercício do 
trabalho peculiar a determinada atividade); trabalho como fator Único da doença. 
(2) “Doenças Adquiridas pelas condições especiais em que o trabalho é realizado” ou Mesopatias. 
Doença do Trabalho (doença adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que 
o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente); 
(3) Acidente de trajeto; (acidente que ocorre no percurso do local de residência para o trabalho, ou 
do trabalho para a residência – considera-se o percurso habitual, com meio de transporte habitual; e 
é avaliado se a distância-tempo de deslocamento são compatíveis com o percurso referido. 
* Esses 3 grupos, são considerados como Acidentes do Trabalho, que é o que ocorre pelo Exercício 
da Atividade a serviço da empresa ou pelo Exercício do Trabalho, provocando lesão corporal ou 
perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou a redução, permanente ou temporária, da 
capacidade para o trabalho. 
 Lei nº 8.213 (1991), define Acidente De Trabalho: 
- OBS: é importante conhecermos a lei para termos maior confiança ao preencher uma 
Notificação de Acidente/Doença de Trabalho; lembrar que sempre é preciso ver se o que o 
paciente está tendo como sinal/sintoma é realmente decorrente do trabalho ou não. 
Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: 
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído 
diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, 
ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; 
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de: 
 a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; 
 b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; 
 c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; 
 d) ato de pessoa privada do uso da razão; 
 e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; 
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; 
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: 
 a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; 
 b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou 
proporcionar proveito; 
 c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de 
seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção 
utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; 
 d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o 
meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. 
 
Sob Aspecto Médico Administrativo: ao atender uma vítima de acidente de trabalho, é necessário 
preencher a CAT (comunicação de acidente do Trabalho). 
 
Art. 224. Serão responsáveis pelo preenchimento e encaminhamento da CAT: 
I – no caso de segurado empregado, a empresa empregadora; 
II - para o segurado especial (AGRICULTOR, PESCADOR ARTESANAL), o próprio acidentado, 
seus dependentes, a entidade sindical da categoria, o médico assistente ou qualquer autoridade 
pública. 
III – no caso do trabalhador avulso (prestador de serviços a diversas empresas, sem vínculo de 
emprego, e que são contratados por sindicatos e órgãos gestores de mão-de-obra, como estivador, 
amarrador de embarcações, ensacador de cacau), a empresa tomadora de serviço e, na falta dela, o 
sindicato da categoria ou o órgão gestor de mão-de-obra-OGMO; 
 
Art. 227. As Comunicações de Acidente do Trabalho feitas perante o INSS devem se referir 
às seguintes ocorrências: 
I – CAT inicial: acidente do trabalho típico, trajeto, doença ocupacional ou óbito imediato; 
II – CAT reabertura: afastamento por agravamento de lesão de acidente do trabalho ou de doença 
profissional ou do trabalho; 
III – CAT comunicação de óbito: falecimento decorrente de acidente ou doença profissional ou do 
trabalho, após o registro da CAT inicial. 
 
Art. 228. A CAT deverá ser preenchida com todos os dados informados nos seus respectivos 
campos, em quatro vias, com a seguinte destinação: 
I – 1º via: ao INSS; 
II – 2º via: ao segurado ou dependente; 
III – 3º via: ao sindicato dos trabalhadores; 
IV – 4º via: à empresa; 
 
Art. 230. A empresa deverá comunicar o acidente ocorrido com o segurado empregado, 
exceto o doméstico, e o trabalhador avulso até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em 
caso de morte, de imediato à autoridade competente, sob pena de multa aplicada e cobrada na 
forma do art. 286 do RPS. 
 
O papel dos profissionais de Saúde na Atenção à Saúde dos trabalhadores: 
Os médicos têm um elenco de atribuições específicas que estão regulamentadas pelo Conselho 
Federal de Medicina (CFM), por meio da Resolução/CFM n.º 1.488/1998, que deve ser conhecida e 
cumprida por todos aqueles que prestam assistência médica a trabalhadores, independentemente 
de sua especialidade ou do local de atuação, se a serviço do empregador, como contratado, assessor, 
consultor, perito ou como perito médico-judicial ou da previdência social. 
 
Art. 1.º. São atribuições dos profissionais que prestam assistência médica ao trabalhador: 
I. assistir ao trabalhador, elaborar seu prontuário médico e fazer todos os encaminhamentos devidos; 
II. fornecer atestados e pareceres para o afastamento do trabalho sempre que necessário, 
considerando que o repouso, o acesso a terapias ou o afastamento de determinados agentes 
agressivos faz parte do tratamento; 
III. fornecer laudos, pareceres e relatórios de exame médico e dar encaminhamento, sempre que 
necessário, para benefício do paciente e dentro dos preceitos éticos, quanto aos dados de 
diagnóstico, prognóstico e tempo previsto de tratamento. Quando requerido pelo paciente, deve o 
médico pôr à sua disposição tudo o que se refira ao seu atendimento, em especial cópia dos exames 
e prontuário médico. 
 
Art. 2º. Para o estabelecimento do nexo causal entre os transtornos de saúde e as atividades 
do trabalhador, além do exame clínico (físico e mental) e os exames complementares, quando 
necessários, deve o médico considerar: 
I - a hx clínica e ocupacional, decisiva em qualquer diagnóstico e/ou investigacão de nexo causal; 
II - o estudo do local de trabalho; 
III - o estudo da organização do trabalho; 
IV - os dados epidemiológicos; 
V - a literatura atualizada; 
VI - a ocorrência de quadro clínico ou subclínico em trabalhador exposto a condicões agressivas; 
VII - a identificacão de riscos físicos, químicos, biológicos, mecânicos, estressantes e outros; 
VIII - o depoimento e a experiência dos trabalhadores; 
IX - os conhecimentos e as práticas de outras disciplinas e de seus profissionais, sejam ou não da 
área da saúde. 
 
Do Risco Ocupacional: classicamentem os fatores de risco para a saúde e segurança dos 
trabalhadores, presentes ou relacionados ao trabalho, podem ser classificados em 5 grandes grupos: 
(1) Físico: ruído, vibraçao, radiação ionizante ou não; frio, calor, pressões anormais, umidade 
(2) Químico: poeiras, fumos, neblinas, gases, vapores, subst compostas ou produtos químicos 
em geral; 
(3) Biológico: vírus, bact, fungos, parasitas, bacilos 
(4) Ergonômico: esforço físico intenso; levantamento e transporte manual de peso; controle 
rígido de produtividade; imposição de ritmos excessivos; trabalho em turno e noturno; 
jornadas de trabalho prolongadas; monotonia erepetitividade; outras situações causadoras 
de estresse físico e/ou psíquico. 
(5) De acidentes: arranjo físico inadequado; máquinas e equipamentos sem proteção; 
iluminação inadequada; eletricidade; probalidade de incêndio ou explosão; armazenamento 
inadequado; animais peçonhentos; outras situações de risco que poderão contribuir para a 
ocorrência de acidentes;

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