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MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 1 MEDICINA LEGAL ASFIXIOLOGIA 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 2 Sumário MEDICINA LEGAL: ASFIXIOLOGIA ...................................................................................................................... 3 MEDICINA LEGAL: ASFIXIOLOGIA ...................................................................................................................... 3 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................. 3 2. CONCEITO ...................................................................................................................................................... 3 3. RELEVÂNCIA JURÍDICO-PENAL ....................................................................................................................... 4 4. CLASSIFICAÇÃO .............................................................................................................................................. 5 4.1 Classificação de Afrânio Peixoto .............................................................................................................. 7 4.2 Fases clínicas da Asfixia ........................................................................................................................... 8 4.3 Sinais Gerais de Asfixia ............................................................................................................................ 8 5. ASFIXIAS EM ESPÉCIE ................................................................................................................................... 13 5.1 Sufocação............................................................................................................................................... 13 5.2 Asfixias por Constrição Cervical ............................................................................................................. 18 5.2.1 Enforcamento ................................................................................................................................. 19 5.2.2 Estrangulamento ............................................................................................................................ 25 5.2.3 Esganadura ..................................................................................................................................... 27 5.3 Asfixia por Modificação do Meio Ambiente .................................................................................... 29 5.3.1 Confinamento ................................................................................................................................. 29 5.3.2 Soterramento ................................................................................................................................. 32 5.3.3 Afogamento .................................................................................................................................... 33 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 3 MEDICINA LEGAL: ASFIXIOLOGIA MEDICINA LEGAL: ASFIXIOLOGIA Asfixiologia forense é o ramo da medicina legal que estuda as asfixias. São espécies de energias físico- químicas, impedindo a passagem do ar para as vias respiratórias e, com isso, alteração na composição sanguínea. São estudadas dentro de Traumatologia Forense. No entanto, por ser um assunto muito cobrado em prova, por questões de didática, optamos por fazer um resumo próprio desta matéria! Mãos à obra! 1. INTRODUÇÃO De acordo com Genival Veloso França, asfixia consiste na “síndrome caracterizada pelos efeitos da privação, completa ou incompleta, rápida ou lenta, externa ou interna de oxigênio”. Em outras palavras, a asfixia consiste na alteração de oxigênio e gás carbônico no sangue em decorrência do impedimento da passagem do ar. É a supressão de respiração. Em geral, é um estado de hipoxia e hipercapnia no sangue arterial. A energia vulnerante que causa morte nas asfixias é uma energia vulnerante de natureza físico- química (energia mista), pois possui um componente físico e um componente químico. Vamos entender: ▪ Componente físico - pois tem um aspecto ligado ao movimento. ▪ Componente químico - pois, quando se impede que o ar, por um aspecto físico mecânico, ingresse nos pulmões, altera as reações químicas de oxidação da molécula de glicose dentro da mitocôndria. 2. CONCEITO Asfixia é a supressão de respiração. Em geral, é um estado de hipoxia e hipercapnia no sangue arterial. A asfixiologia é um ramo da traumatologia que estuda os traumas produzidos por energias de ordem físico-química. Devido a sua relevância dentro da medicina-legal, a asfixiologia acabou ganhando certa autonomia enquanto temática. Modernamente a doutrina médico-legal passou a trabalhar com um conceito fisiopatológico de asfixia. Asfixia é um estado de HIPÓXIA E HIPERCAPNIA no sangue arterial. 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 4 ● Hipoxia – diminuição de oxigênio (O2) no sangue arterial. ● Hipercapnia – aumento de gás carbônico (CO2) no sangue arterial. Na asfixia ocorre o aumento de CO2 e a diminuição de oxigênio no sangue, em razão da alteração da hematose. A Hematose consiste na troca gasosa que ocorre nos pulmões. O sangue que chega aos pulmões está cheio de gás carbônico - proveniente da respiração celular – e deve ser trocado com o oxigênio que estamos respirando. Essa troca gasosa chamamos, em linhas gerais, de hematose. TEMA DE PROVA – A degradação da hematose aparece da seguinte forma das provas: “Nas asfixias ocorre uma alteração da hematose com consequenteD A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 30 Obs.: Não há necessidade de que o ambiente esteja hermeticamente vedado, uma vez que vários mecanismos contribuem para ocorrência da asfixia com o passar do tempo. Exemplos: ✔ Consumo cada vez maior (progressivo) de O2 que consequentemente vai reduzindo e produzindo mais CO2 em decorrência da respiração da(s) pessoa(s) que estão confinadas; ✔ Aumento progressivo da temperatura ambiental; ✔ Aumento da concentração/saturação de vapores de água no ar atmosférico; 💣 Percebam que no caso de confinamento a asfixia é uma asfixia multifatorial, sendo vários os fatores responsáveis pela ocorrência do fato. Mecanismo de morte no confinamento O mecanismo de morte no confinamento nem sempre é por asfixia. Está relacionado à diminuição do oxigênio, conjugada com o aumento da umidade e temperatura do ambiente. Esse mecanismo gerará a seguinte evolução clínica: · Dispneia (dificuldade de respirar caracterizada por respiração curta e rápida – sensação de aumento do esforço inspiratório; · Sensação de calor, em decorrência do aumento da umidade; · Hipoxia + Exaustão térmica; · Fase de reação - hiperpneia (aceleração e intensificação do movimento respiratório), taquicardia, elevação da pressão arterial e pânico. Pegadinha de prova! Logo, a morte pode ser por asfixia ou Intermação: ▪ Asfixias - sendo consumido o oxigênio pouco a pouco e o gás carbônico acumulando gradativamente. ▪ Intermação – Aumento de vapor d’agua impede a perda de calor. a) Asfixia por monóxido de carbono (asfixia tissular): Trata-se de uma asfixia pura ao nível dos tecidos, em razão da presença da carboxiemoglobina (hemoglobina + CO), expulsando o O2 e gerando hipóxia, de modo que há O2 no sangue, mas não nos tecidos, visto que a hemoglobina leva CO para as células. O O2 é transportado através da hemoglobina, sendo que a ligação ocorre através da presença de ferro. O monóxido de carbono possui maior afinidade com o Fe, de modo que, na sua presença, o O2 não consegue se ligar à hemoglobina. Trata-se de uma asfixia pura ao nível dos tecidos. O monóxido de carbono compete com o O2 na combinação com a hemoglobina, tendo afinidade cerca de 250 vezes maior. Por isso, ao entrar em contato com a hemoglobina, o CO (monóxido de carbono) forma a carboxiemoglobina, impedindo o transporte do oxigênio para as células. 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 31 Os sinais característicos são: ● Tonalidade rósea da face (“como de vida”); ● Manchas de hipóstases claras ou acarminadas (vimos em tanatologia); ● Pulmão e demais órgãos de tom carmim e sangue fluido e róseo. ● A respeito da rigidez cadavérica, há controvérsia na literatura médico-legal: Genival Veloso de França defende que a rigidez cadavérica é mais tardia, pouco intensa e de menor duração; Já Hygino Hercules assevera que tal fenômeno cadavérico é mais precoce e intensa em razão da redução de oxigênio no tecido muscular, gerando uma acidez dos tecidos. Caiu na prova Delegado RJ 2022! Um casal de jovens foi encontrado sem vida em cômodo doméstico (banheiro), confinado (com pouca ventilação). Na necropsia, evidenciaram-se, em ambos, a pele e face rosadas, vísceras de cor de cereja, livores carminados, sangue fluido e róseo. A partir dos achados descritos nessa situação hipotética, é correto afirmar que o tipo de agente químico, a via de exposição e o biomarcador a ser investigado pelo exame complementar são, respectivamente, monóxido de carbono, via inalatória e carboxi-hemoglobina (CO-Hb). (item correto) De acordo com Genival França, nesse tipo de morte, encontram-se vários sinais de grande valor, tais como rigidez cadavérica mais tardia, pouco intensa e de menor duração, tonalidade rósea da face, manchas de hipóstases claras, pulmões e demais órgãos de tom carmim, sangue fluido e róseo, putrefação tardia e, finalmente, os comemorativos da morte." Vamos aprofundar um pouco? Nas asfixias temos como elemento o sangue asfíxico que é de coloração escura e textura rala. O sangue sendo escuro, o cadáver como vimos anteriormente tem uma coloração escura – “Cianose Cadavérica” – manchas escuras no cadáver. Sendo assim, por que na asfixia por CO – Monóxido de Carbono – que é uma asfixia, não temos o cadáver com coloração escura? Porque, diferentemente das asfixias normais, em que temos o aumento do gás carbônico e diminuição do oxigênio, na asfixia por CO não termos a redução de oxigênio, ele estará presente, o que ocorre é tão somente a quebra deste com a hemoglobina. Nos casos de CO não há a redução de oxigênio no sangue, mas sim nas células, no tecido, por isso o sangue nessas asfixias o sangue não será escuro, será de cor Carmim. b) Diagnóstico da Asfixia por Confinamento ▪ Exame externo pode denotar sujidades na roupa e no corpo condizente com o ambiente, podendo haver lesões por ação contundente decorrente de eventuais desabamentos. ▪ Exame interno inespecíficos e limitados aos sinais gerais de asfixia, sem lesões patognomônicas. c) Causa Jurídica: A principal causa jurídica apontada pela doutrina nas hipóteses de confinamento é 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 32 acidental. 5.3.2 Soterramento Soterramento é a modalidade de asfixia em que o indivíduo fica coberto completamente por escombros ou por sólidos pulverulentos. Isto é, soterramento é a asfixia motivada por obstrução das vias respiratórias por terra ou substâncias pulverulentas. É na sua maioria de natureza acidental causada por desmoronamento ou desabamento. É possível, também, o soterramento em grãos (soja, trigo etc.). Ex.: pessoas que são enterradas ainda com vida, desabamentos e desmoronamentos. SOTERRAMENTO EM SENTIDO AMPLO X SOTERRAMENTO EM SENTIDO ESTRITO. O autor Hygino Hercules destaca que o soterramento pode ser em sentido amplo e emsentido estrito. a) Soterramento em sentido amplo - refere-se a todas as formas de morte em que o indivíduo fique coberto completamente por escombros de desmoronamento. Mas, a causa da morte não será asfixia, pois não há resíduos na árvore respiratória. b) Soterramento em sentido estrito - a vítima está com seu corpo coberto por sólidos pulverulentos e, neste caso, aspirou o resíduo, culminando em uma morte por asfixia. Há, então, o seguinte mecanismo de morte: ▪ Sufocação indireta (asfixia por compressão do tórax) ▪ Sufocação direta pela oclusão das vias respiratórias superiores em decorrência da entrada de sólidos. (Ex.: partículas como lama e areia). Em soterramentos por material granular, este pode entrar nas vias aéreas superiores ▪ Confinamento (fica preso sem renovar o ar) ▪ Ação contundente ▪ Soterramento em sentido estrito, caracterizado pela aspiração de material sólido pulverulento. Como se a vítima fosse “afogada em meio sólido”. a) Diagnóstico ● O principal vestígio a ser analisado é a presença de sólidos granulados (materiais do soterramento) nas regiões mais profundas da árvore respiratória. → Professor Wilson Palermo destaca que não basta encontrar tais resíduos pulverulentos na boca e demais orifícios naturais, sendo imprescindível que sejam encontrados nos planos mais profundos do aparelho respiratório. − Alguns livros médicos legais afirmam que se o produto estiver no estômago seria um sinal vital, demonstrando que no momento do soterramento a vítima estava viva. Porém, há doutrina em sentido diverso, afirmando não se trata de um sinal patognomônico; 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 33 ● Corpo e vestes apresentam vestígios do local; ● Presença de escoriações e equimoses decorrentes da ação contundente dos escombros. ● Presença de cogumelo de espuma – sinalizando a existência de edema de pulmão. Não esquecer que o cogumelo de espuma não é sinal patognomônico de asfixia, em nenhuma das modalidades. 5.3.3 Afogamento Asfixia por transformação do meio gasoso em meio líquido O afogamento é a modalidade de asfixia causada pela penetração de grande quantidade de líquido nos pulmões, através das vias respiratórias, acabando por impedir a passagem do ar até os pulmões Segundo Genival Veloso França: Afogamento é um tipo de asfixia mecânica produzida pela penetração de um meio líquido ou semilíquido nas vias respiratórias, impedindo a passagem de ar até os pulmões. a) Causa Jurídica A causa da morte mais comum é o acidente. Casos de suicídio são pouco raros. Afogamentos criminosos são raros, e exigem grande superioridade de forças por parte do agressor, figurando como vítimas, normalmente crianças ou pessoas inconscientes. b) Espécies de afogamento De acordo do Hygino Hercules, o afogamento pode ser completo ou incompleto. Trata-se de classificação que está relacionada ao fato do corpo da vítima estar completamente submerso, ou não. ▪ Afogamento completo → corpo totalmente submerso; ▪ Afogamento incompleto → corpo não está completamente submerso. Ex.: afogamento em valas rasas, banheiras, etc. c) Fases do afogamento Brouardel e Loyer citam 5 fases. Hoffmann, 3 fases; e Marculies divide em 2 fases. Apresentaremos as classificações que já caíram em concursos públicos. Genival Veloso de França: 1) Fase da defesa – período da surpresa e da dispnéia; 2) Fase da resistência – parada dos movimentos respiratórios como mecanismo de defesa; 3) Fase da exaustão – término da resistência pela exaustão e inspiração profunda, com consequente asfixia; inconsciência; insensibilidade; convulsão e morte. 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 34 Professor Wilson Palermo: 1) Fase da luta – inicialmente tenta não se afogar, Sobe e afunda várias vezes e engole muita água 2) Fase da apneia (ausência de respiração) voluntária – Afunda e prende a respiração, chegando a vomitar a água engolida e ter convulsões 3) Fase da inspiração – Perde a consciência e inspira, permitindo que a água inunde os brônquios e alvéolos Períodos (Tourdes): 1) Período da resistência ou Dispneia – pequena inspiração de surpresa, com retenção da respiração, procurando defender-se; 2) Período de grandes inspirações e convulsões – inspirações profundas com penetração de líquido nos pulmões e perda da consciência; 3) Período de morte aparente – Ausência de respiração e de reflexos, perda da sensibilidade, com consequente morte real. d) Afogado branco x Afogado azul: ▪ Afogado azul → se enquadram nos casos em que a vítima aspira líquido. · Morre por entrada de água nas vias respiratórias; · O afogado Azul também é chamado de: afogado verdadeiro, úmido ou real. ▪ Afogado branco → são casos em que não há aspiração de líquido. · Morre por parada cardíaca reflexa. · O Afogado branco também é chamado de: afogado seco, por inibição ou branco de Parrot. Afogados Brancos de Parrot: Nas hipóteses de afogados brancos não há aspiração de água e, portanto, não estão presentes os sinais de asfixia. Normalmente, trata-se de um quadro em que a vítima está alcoolizada ou sob efeito de alguma droga depressora, vindo a cair inesperadamente na em água gelada, sofrendo um choque térmico que causa parada cardíaca por descarga vagal. ● Não há aspiração de água; ● choque térmico/reflexo vagal; ● Pessoa cai na água e não retorna (tempo curto); ● Pessoa sofre uma queda inesperada na água; 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 35 ● Vítima está alcoolizada ou sob efeito de algum depressor do sistema nervoso central; ● Comum em águas muito frias; ● Síndrome de imersão ou hidrocussão – parada cardíaca que ocorre quando uma pessoa mergulha em água a temperatura5ºC abaixo da corporal (choque térmico); ● Parada cardíaca por descarga vagal – estímulo seria o contato da água fria com a mucosa da faringe e da laringe; ● Espasmo prolongado da musculatura intrínseca da laringe, assim que a água entra em contato com as cordas vocais. AFOGADOS BRANCOS AFOGADO AZUL ● Chamados brancos de Parrot ou afogados secos. O indivíduo morre por inibição ao tocar na água. ● Quando não há líquido nos pulmões, porque a morte ocorreu por parada cardíaca reflexa. ● É a MORTE POR INIBIÇÃO, estando a respiração ausente quando o indivíduo submerge. ● Em que a morte ocorreu por entrada de líquido nos pulmões. ● Aqui sim é um afogamento. ● tradicional, afogamento úmido ou real ou verdadeiro e tende a seguir as fases da asfixia segundo Ponsold. e) Sinais internos x Sinais externos nos afogados SINAIS EXTERNOS SINAIS INTERNOS ● Baixa temperatura da pele (esfriamento precoce). ● Presença de líquido nas vias respiratórias: ● Cogumelo de espuma: indica edema nos pulmões. Só aparece nos cadáveres retirados cedo da água. Caso contrário, vão se desfazendo e tendem a desaparecer. A presença de cogumelo de espuma no cadáver, por si só, não confirma o diagnóstico da morte por afogamento. NÃO É SINAL PATOGNOMÔNICO DE AFOGAMENTO! Professor Wilson Palermo ensina que o cogumelo de espuma só aparece em cadáveres retirados cedo da água. Caso contrário, vão se desfazendo e tendem a desaparecer. ● Presença de corpos estranhos: Aspiração de corpos estranhos (material lodoso no nariz e na boca). A aspiração de corpos estranhos tem valor médico-legal controvertido, frente a dificuldade em se determinar se a aspiração ocorreu em vida ou houve penetração post mortem. A presença de alimentos parcialmente digeridos na árvore respiratória indica vômito durante a fase da luta e consequente aspiração do conteúdo, sendo 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 36 um indício de reação vital. ● Mãos de lavadeira: Maceração da pele palmar e plantar: a pele das mãos e dos pés ficam maceradas (enrugadas). ● Enfisema aquoso (sinal de Brouardel). ● Pele anserina: a pele tem um aspecto arrepiado pelo mecanismo pilo-eretor. (Pele de galinha). SINAL DE BERNT. É ocasionada pela retração dos músculos dos pelos. ● Alterações e lesões nos pulmões: ficam aumentados e pesados. ● Escoriações e feridas na polpa digital e sorpos estranhos nos sulcos ungueais: enquanto ainda vivo, o afogado tentar agarrar-se a qualquer coisa para não afundar (fase da luta), assim pode sofrer atrito dos dedos em pedras ou materiais do meio ● Hemorragias cranianas. - temporal (sinal de niles) consiste no extravasamento de sangue no ouvido médio. - etmoidal (vargas-alvarado) consiste no extravasamento de sangue no osso etmoide, localizado logo atrás do nariz. ● Destacamento da epiderme. ● Alterações do aparelho digestivo. ● Lesões de arrasto (lesões de Simonin). ● Diluição do sangue ● Dentes e unhas róseas (chamado de dentes róseos post mortem): Os dentes encontrados em algumas vítimas de afogamento e enforcamento apresentam-se de róseo-claro a vermelho pouco intenso. Dentes rosados significa que normalmente houve afogamento em água doce (hipótese mais certa) ou enforcamento (já caiu em prova) ● Manchas de Paltauf. As manchas de Paltauf são valiosas para o diagnóstico de afogamento, pois não são observadas em outras formas de asfixia (diferentemente da de Tardieu). São explicadas pela rotura das paredes dos alvéolos e capilares sanguíneos devido a aspiração de líquido, gerando equimoses subpleurais, de contorno irregular. 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 37 ● Retração dos mamilos, saco escrotal e do pênis x ● Mancha verde da putrefação: ocorre nos terços médios superiores do corpo e não na fossa ilíaca como geralmente ocorre, tendo em vista o posicionamento do corpo após o afogamento, fazendo que haja maior concentração de sangue nessas áreas ou devido à penetração de bactérias com líquido do afogamento. x ● cabeça de negro de lecha-marzo: em razão da posição que fica o cadáver, concentrando grande quantidade de sangue na região. x FENÔMENOS CADAVÉRICOS NOS AFOGADOS: Os fenômenos cadavéricos nos afogamentos possuem algumas peculiaridades, pois sofrem alterações em decorrência das mudanças metabólicas provocadas pelo processo de asfixia, pelos distúrbios eletrolíticos do próprio afogamento e pela permanência do corpo na água: ● RIGIDEZ MUSCULAR ANTECIPADA em função da asfixia; ● RESFRIAMENTO DO CORPO É MUITO MAIS RÁPIDO; ● LIVORES DE HIPÓSTASE: − aparecem mais cedo, devido a fluidez do sangue; − aparecem inicialmente na cabeça (enegrecida) e face anterior do tórax (“Cabeça de Negro”); − possuem uma tonalidade mais clara que nas demais formas de asfixias mecânicas – a cor dos livores é mais avermelhada - em função da baixa temperatura da água e da maior facilidade do oxigênio da água penetrar nos vasos superficiais. ● PUTREFAÇÃO RETARDADA - enquanto o corpo permanece em água a putrefação é retardada. Porém, logo que este é retirado da água, logo se decompõe. − Putrefação pode iniciar pelo tórax, devido a penetração de bactérias com o líquido do 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 38 afogamento; − A mancha verde da putrefação aparece inicialmente no tórax e não no abdômen (e não, na fossa ilíaca direita), tendo em vista a posição do corpo após o afogamento, fazendo com que tenha maior concentração de sangue nessas áreas. f) Prova da Densidade Comparada de Carrara (Água Doce X Água Salgada) A prova da densidade comparada de Carrara se baseia na diluição(afogamento em água doce) ou concentração (afogamento em água salgada) do sangue no átrio esquerdo. Mede-se a densidade do sangue do átrio direito e do átrio esquerdo e verifica-se se estão diferentes. ▪ No afogamento em água doce ocorre a diluição do sangue, que é mais intensa no átrio esquerdo, que recebe o sangue (recém diluído que vem dos pulmões). De acordo com Roberto Blanco, a causa da morte nas hipóteses de afogamento: - na água doce, a morte é, em geral por fibrilação - na água salgada, a morte é por asfixia mecânica ▪ No afogamento em água salgada há hemoconcentração, que é mais intensa no átrio esquerdo, pois recebe o sangue mais concentrado dos pulmões. ÁGUA DOCE ÁGUA SALGADA ● Como é menos concentrada que o sangue, passa dos alvéolos para os vasos, diluindo o sangue (hemodiluição) e causando aumento do volume de sangue (hipervolemia). A morte ● Como é mais concentrada do que o sangue, desloca a água do sangue para dentro dos alvéolos, os quais ficam encharcados tanto pela água aspirada como pela água do sangue. 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 39 no afogado de água doce se dá por parada cardíaca e não por asfixia. ● A água dos alvéolos passa para o sangue, que começa a ficar diluído. Esse sangue diluído vai para o coração. Percebe-se o sangue do átrio esquerdo mais diluído que o do átrio direito. ● A morte é, em geral, por fibrilação ventricular (L.W). Levando à asfixia. Esse é o genuíno afogamento. ● A água do sangue passa para os alvéolos. Os pulmões ficam abarrotados de líquido. O líquido em excesso começa a voltar pela árvore respiratória e começa a sair pela boca e narinas, formando o cogumelo de espuma. No caso da água salgada, o sangue que vai para os átrios é mais concentrado, tem uma densidade maior. Aqui, a densidade do átrio esquerdo vai ser maior que a do átrio direito. Percebe-se o sangue do átrio esquerdo mais concentrado do que o do átrio direito. ● A morte é por asfixia mecânica (L.W). Destaque (1): A análise das densidades dos átrios (átrio direito x átrio esquerdo) é importante para diferenciar se o afogamento se deu na água doce ou na água salgada. Ensina o professor Wilson Palermo que: No afogamento em água doce, ocorre diluição do sangue e esta diluição tem que ser mais intensa no átrio esquerdo do que no direito, já que o esquerdo recebe o sangue recém-diluído que vem dos pulmões. Logo, o sangue do átrio direito está menos diluído do que no esquerdo. Com a utilização de uma substância teste (sulfato de sódio diluído), pode-se perceber que a gota de sangue do átrio direito é mais concentrada, logo, mais densa. Assim, a gota do átrio direito afunda mais e volta de forma mais devagar para a superfície, ocorrendo o inverso com a gota de sangue do átrio esquerdo. Na água do mar também existe diferença das densidades, mas quanto ao grau de hemoconcentração, que é maior do lado esquerdo. Destaque (2): PONTO CRIOSCÓPICA DE CARRARA ou DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE CRIOSCÓPICA DO SANGUE (CARRARA) Tal teste se funda no Princípio da Crioscopia, ao afirmar que o abaixamento do ponto de congelação 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 40 de uma solução à medida que aumento a concentração do soluto. Como o sangue é uma solução salina complexa, seu ponto de congelação pode ser medido com o fim de constatar eventuais alterações (-0,64ºC). O método de Carrara consiste na verificação do ponto de congelamento do sangue. Conforme Roberto Blanco, nos afogados de água doce, a hemólise é mais acentuada e há liberação maior de potássio, o que pode determinar fibrilação. Na água salgada, o primeiro lado a congelar é o direito, pois é menos concentrado (mais puro e mais aproximado do ponto de congelamento da água, já que o sangue do átrio esquerdo está mais diluído em água salgada, oriunda dos pulmões e, portanto, mais concentrada devido à maior carga de substâncias presentes nesta água. Há o que se chama de hemoconcentração). Isto porque quanto maior a concentração molecular de um líquido, mais baixa será a temperatura para seu congelamento. Destaque (3): DIAGNÓSTICO DE AFOGAMENTO EM CADÁVERES PUTREFEITOS Com a putrefação, a maioria dos sinais de afogamento já vão ter sumido, sendo inviável, inclusive, a realiação da prova das densidades dos átrios. Nesse caso, uma das possibilidades de realizar o diagnóstico é verificar a existência de plânctons na medula óssea. Questão da prova de Delegado da Paraíba 2022: Durante uma necropsia, perito médico-legista verificou a presença de lesão denominada “manchas de Paltauf” no corpo de um periciando. Essa alteração é encontrada de forma mais característica no exame interno de morte ocasionada por afogamento – alternativa considerada correta. Questão da prova de Delegado do Rio de Janeiro 2022: No dia 2/1/2022, Juliana compareceu à delegacia de polícia em Paraty – RJ para registrar ocorrência de desaparecimento dos seus pais, Sebastião e Maria Eugênia, por eles terem extrapolado o horário previsto para retorno de um passeio que faziam sozinhos naquele mesmo dia, numa luxuosa embarcação com piscina de água potável. Poucas horas depois do registro, policiais civis daquela unidade receberam a notícia do encontro de um cadáver do sexo feminino às margens de uma das praias da cidade. Feita a perinecroscopia, o perito criminal relatou equimose periorbital, pele anserina, cogumelo de espuma na boca e narinas, assim como a presença de estigmas ungueais nos antebraços. No dia seguinte ao relato do desaparecimento, os policiais civis souberam que pescadores haviam encontrado um cadáver do sexo masculino em alto-mar. Comparecendo ao local, o perito criminal relatou que o cadáver estava em decúbito ventral, com ausência do cogumelo de espuma, sem sinais aparentes de violência e sem sinais de putrefação. Os dois cadáveres foram submetidos a exame necroscópico, necropapiloscópico e a testes laboratoriais específicos, confirmando-se que eram, respectivamente, de Maria Eugênia (cadáver C1) e Sebastião (cadáver C2). Em relação a C1, o perito legista confirmou as lesões descritas pelo perito criminal. Em relação a C2, foi relatada a presença do sinal de Niles, do sinal de Vargas-Alvarado, além de manchas de Paltauf. Quanto à prova das densidades comparadas e ao ponto crioscópico do sangue, foram destacadas alterações na diluição do sangue no hemicoração esquerdo 58440 58440 M AR C ELO M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 41 dos dois cadáveres, sendo relatadas hemodiluição/hidremia em C1 e hemoconcentração em C2, com as respectivas características, tais como descritas por Mario Carrara. A partir dessa situação hipotética, os achados periciais permitem que o delegado de polícia considere que as duas mortes foram provocadas por afogamento, tendo a de Sebastião ocorrido em água salgada e a de Maria Eugênia, em água doce, ainda que C1 tenha sido encontrado numa praia – alternativa considerada correta. 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87Hipóxia e Hipercapnia, sendo este o atual conceito de asfixia em substituição ao antigo conceito de ausência de pulso”. Em termos fisiopatológicos, existe asfixia quando há, ao mesmo tempo, a redução de teor do oxigênio (hipóxia) e o aumento do teor de gás carbônico (hipercapnia/hipercabia) no sangue arterial. (correto) 3. RELEVÂNCIA JURÍDICO-PENAL Do ponto de vista penal, as asfixias podem configurar como agravantes (dependendo das circunstâncias – art. 61, II, D, CP, pois não é mais concebida como agravante autônoma, mas pode continuar sendo considerada um meio cruel), qualificadora (como no caso de homicídio conforme art.121 §2, III, CP) e de forma autônoma (art.252 CP). Especificando: ▪ ASFIXIA COMO QUALIFICADORA DO HOMICÍDIO (MEIO CRUEL) Art. 121,CP. Matar alguém: 2º Se o homicídio é cometido: III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; ▪ ASFIXIA COMO CIRCUNSTÂNCIA AGRAVANTE (MEIO CRUEL) Circunstâncias agravantes Art. 61, CP. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) ASFIXI A HIPOXI A HIPERCAPNI A 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 5 II – ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum; ▪ ASFIXIA COMO ELEMENTAR Uso de gás tóxico ou asfixiante Art. 252, CP. Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou asfixiante: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou transporte de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante Art. 253, CP. Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, sem licença da autoridade, substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à sua fabricação: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 4. TRÍADE ASFÍXICA ✔ Sangue fluido – em razão da elevação CO², que causa a queda de viscosidade do sangue ✔ Escuro – também por causa do excesso CO² e ✔ Congestão polivisceral 4. CLASSIFICAÇÃO As provas para área da segurança pública, cada vez mais, vêm adotando a classificação utilizada no livro do Prof. Hygino. Por tal razão, adotaremos essa classificação para estudo. ASFIXIAS: Naturais Violentas: Obstrução das vias respiratórias Restrição aos movimentos do Tórax Modificação do Meio Ambiente 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 6 Parada Respiratória Central 1. Asfixias naturais: Asfixias naturais são aquelas causadas por doenças que reduzem a ventilação ou a circulação pulmonar. À rigor, todas as formas de doenças em que a parada respiratória precede a cardíaca é uma asfixia natural. 2. Asfixias violentas: são causadas por um trauma, ou seja, um agente vulnerante externo, produzido por uma energia de ordem físico-química. Sufocação Direta ASFIXIA *Por obstrução Enforcamento das vias Constrição Cervical Estrangulamento respiratórias Esganadura Sufocação Indireta (compressão torácica) ASFIXIA Fraturas Costais Múltiplas (Respiração paradoxal) *Por restrição aos Movimentos do tórax Paralisia da Musculatura Respiratória Em espasmo Em flacidez Em fadiga (crucificação) Confinamento ASFIXIA *Por modificação do Soterramento Meio ambiente Afogamento Traumatismo Central ASFIXIA 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 7 *Por parada respiratória Eletroplessão e Fulguração central Intoxicação por drogas depressoras 4.1 Classificação de Afrânio Peixoto Puras ASFIXIAS Complexas Mistas Afrânio Peixoto propõe uma classificação diferenciadas das asfixias: puras, complexas e mistas. a) ASFIXIA PURA - São hipóteses de asfixia pura: apenas da hipoxia e hipercapnia. São decorrentes de problemas que afetam exclusivamente o aparelho respiratório (são problemas exclusivamente respiratórios – fechando os orifícios respiratórios). (1) Asfixias por modificação do meio ambiente ou em ambientes por gases irrespiráveis: ● Confinamento ● Soterramento ● Afogamento (2) Asfixias por obstrução à penetração do ar nas vias respiratórias: ● Sufocação direta ● Sufocação indireta (!) – O Professor Blanco ensina que somente a sufocação direta é um caso de asfixia pura. A sufocação indireta é caso de asfixia complexa. b) ASFIXIAS COMPLEXAS - Nas asfixias complexas participam, além dos fatores respiratórios (hipóxia + hipercapnia), também fatores circulatórios. São exemplos de asfixias complexas: (1) Enforcamento - Asfixia por constrição passiva do pescoço exercida pelo peso do corpo (2) Estrangulamento - Asfixia por constrição ativa do pescoço exercida pela força muscular: c) ASFIXIAS MISTAS - Nas asfixias mistas participam fatores respiratórios, circulatórios e nervosos. ✔ Exemplo de asfixia mista: Esganadura. 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE RN AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 8 4.2 Fases clínicas da Asfixia De acordo com Genival França, é possível estabelecer um cronograma das manifestações clínicas que surgem das asfixias mecânicas: ✔ 1ª FASE – Cerebral - enjoos, vertigens, sensação de angústia e lipotimias, dura de 1 a 2 minutos. ✔ 2ª FASE- Excitação cortical e medular - Convulsões generalizadas e contrações dos músculos respiratórios e face, relaxamento dos esfíncteres com emissão de fezes e urina, duração 1 a 2 minutos. ✔ 3ª FASE- Respiratória - Lentidão dos movimentos respiratórios, insuficiência ventricular, aceleração da morte! 1 a 2 minutos. ✔ 4ª FASE- Cardíaca - Sofrimento do miocárdio, batimentos lentos dura de 3 a 5 minutos. 4.3 Sinais Gerais de Asfixia Atenção futuro Delegado! Esse é um dos temas mais recorrentes em provas, foco!!! As asfixias podem ser encontradas alguns sinais que indicam a possibilidade de diagnóstico, sem, contudo, fornecer elementos patognomônicos. Atenção: Não são sinais patognomônicos (cai muito)!!! Ou seja, não são sinais que denotam 100% de certeza que ocorreu a asfixia, mas apenas um indício. 💣 Não há sinal constante ou patognomônico nas asfixias!!! SINAIS GERAIS DE ASFIXIA: Cianose, Petéquias, Congestão polivisceral, fluidez do sangue e edema pulmonar SINAIS EXTERNOS INTERNOS ● Cianose facial (cor azulada ou arroxeada da face). ● Sangue fluido e escuro. ● Cogumelo de espuma (não confirma por si só afogamento). ● Equimoses viscerais, mais comuns na região subpleural (manchas de Tardieu, que existem em qualquer asfixia, não são patognomônicas de afogamento). ● Projeção da língua para fora ● Maior volume de sangue nas vísceras. ● Equimoses na pele, com forma de petéquias, na pele e mucosas da face, sobretudo nas pálpebras e olhos (conjuntiva ocular). ● Hemorragia, edema e enfisema pulmonar. 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 9 ● Manchas de hipóstase / Livores cadavéricos mais escuros e precoces. X a) Cianose Elemento frequente, podendo estar ausente em alguns casos de enforcamento e de asfixia por gases. A cianose é caracterizada pela cor violácea escura que pode se apresentar em qualquer parte do corpo. ● cor violácea escura dos livores; ● cor azulada dos lábios, ● cor azulada dos leitos ungueais (parte de baixo das unhas) e polpas digitais; ● sangue das cavidades cardíacas de cor azul-púrpura escura. 💣 A cianose não é sinal patognomônico de asfixia, ou seja, não traz certeza de asfixia. Quando? A cianose apenas pode ser considerada um sinal geral de asfixia quando for intensa é observada precocemente, logo após ou apenas algumas horas depois da morte. Sua causa decorre do aumento da concentração de hemoglobina reduzida (Hb) no sangue, em decorrência da redução do O2 (hipóxia). NÃO POSSUI RELAÇÃO COM CONCENTRAÇÃO DE CO2 NO SANGUE. Muito cuidado! Indivíduos com anemia grave podem não apresentar cianose. A anemia grave é patologia caracterizada pela diminuição dos glóbulos vermelhos no sangue. Logo, não haverá hemoglobina suficiente para que caracterize essa coloração diferenciada. b) Petéquias As petéquias são hemorragias puntiformes, com diâmetro de 1 a 3 mm, encontradas na pele, conjuntiva oculares (equimoses conjuntivais), e na pleura (equimoses pleurais). 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 10 (petéquia na região inferior da gengiva) As petéquias, como os outros sinais gerais de asfixias, não são patognomônicos, ou seja, não traduzem certeza de asfixia. Há outros fenômenos que também podem gerar petéquias: ▪ Mortes precedidas de esforços respiratórios extremos, compressão torácica, constrição do pescoço; ▪ Acessos de tosse ou vômito; ▪ Pessoas que sofreram manobras de ressuscitação com massagem cardíaca. Considerado a possibilidade da existência de petéquias em fenômenos em pessoas vivas e em hipóteses de causa morte diversa da asfixia, tal sinal, visto de forma isolado, acabou por perder sua credibilidade como indicativo de asfixia. Somente quando conjugado com os outros sinais, se traduzirá em indício de asfixia aos peritos. b.1) Manchas de Tardieu Ambroise TARDIEU defendia que o conjunto de petéquias localizadas na pleura ou no pericárdio seria um sinal de certeza de morte por asfixia, ficando conhecidas como “manchas de Tardieu”. Tardieu considerava um sinal típico de asfixia por sufocação. Mais tarde percebeu-se o equívoco, tratando-se de mero sinal indicativo. (petéquias no pericárdio – coração) 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 11 Caiu na prova Delegado SP 2022! Em relação à asfixiologia médico-legal, é correto afirmar que equimoses viscerais (ou manchas ou petéquias de Tardieu) são localizadas principalmente nas regiões sub-conjuntival, subpleural e sub-epicárdica. (ITEM CORRETO) b.2) Manchas de Paltauf As “manchas de Paltauf”, por sua vez, são equimose subpleurais (pulmão), que se diferem das machas de Tardieu por serem maiores e terem origem na rotura dos alvéolos pulmonares devido à penetração brusca de líquido. 💣 É SINAL PATOGNOMÔNICO DE ASFIXIA POR AFOGAMENTO. Caiu na prova Delegado Paraíba 2022! Durante uma necropsia, perito médico-legista verificou a presença de lesão denominada “manchas de Paltauf” no corpo de um periciando. Essa alteração é encontrada de forma mais característica no exame interno de morte ocasionada por afogamento. (item correto) b.3) Petéquias Post Mortem Cuidado para não confundir as petéquias indicativas de uma asfixia, das petéquiaspost mortem. Embora sejam sinais semelhantes visualmente, seus mecanismos de formação são diversos. As petéquias post mortem aparecem, normalmente, nas regiões de maiores declives, locais onde aparecem os livores de hipóstase. O mecanismo de formação decorre do extravasamento do sangue dos vasos sanguíneos, pelo efeito da gravidade, impregnando os tecidos. Os livores se iniciam com micropontos, assemelhando-se às petéquias neste estágio inicial. Como não há reação inflamatória, o sangue que se infiltra nos tecidos, normalmente, sai quando lavado com um jato de água. Trata-se de tema que será enfrentado em Tanatologia. As petéquias formam-se em decorrência da rotura das vênulas, devido a uma mudança brusca da pressão venosa. Não necessariamente aparecerão nas áreas de maior declive, mas sim em regiões específicas como na pele, conjuntiva oculares (equimoses conjuntivais), e pleura ou pericárdio. 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 12 Diferentemente das petéquias post mortem, as decorrentes de asfixia, quando lavadas não desaparecem, pois ficam fixadas nos tecidos. PETÉQUIAS INDICATIVAS DE ASFIXIA PETÉQUIAS POST MORTEM · Poderão aparecer inclusive na face do corpo oposta aos livores. · Fixadas na malha do tecido (não sai com jato d’água). · Aparecem nas áreas de maior intensidade dos livores cadavéricos, quando o corpo permanece por muito tempo em uma mesma posição. c) Congestão da Face e Polivisceral Congestão Polivisceral é o aumento do volume de sangue (congestão), de forma generalizada, nas vísceras. Ocorre principalmente no fígado e no mesentério. O baço, na maioria das vezes, se mostra com pouco sangue devido às suas contrações durante o processo asfíxico. A congestão polivisceral também é camada de SINAL DE ETIENNE-MARTIN. Normalmente tem causa pela falência cardíaca que antecede à morte. 💣 NÃO É SINAL EXCLUSIVO DE ASFIXIA. Congestão da conjuntiva d) Fluidez do Sangue A fluidez do sangue ou sangue fluido é a ausência de coagulação do sangue após a morte. Após a morte, independente da causa, o sangue coagula. Nas mortes rápidas (ex.:asfixia), verificou-se que os coágulos desapareciam após algum tempo. Logo, na asfixia, temos um sangue escuro e fluido (ralo, fino) em decorrência do aumento do gás carbônico. Obs.: Como o sangue é ralo/fino, com a ação da gravidade ele vai se acumular mais rápido nas zonas de declive do corpo. Nesse sentido as manchas de hipóstase nas asfixias são mais precoces. 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 13 💣 NÃO É SINAL EXCLUSIVO DE ASFIXIA. e) Edema Pulmonar ou Cogumelo de Espuma É o acúmulo de fluido nos pulmões. Finas bolhas de espuma que, juntas, cobrem a boca e as narinas e continuam pelas vias aéreas inferiores. Ao analisar as vias áreas dos mortos por asfixia, verifica-se a existência de espuma em decorrência de incursões e movimentos respiratórios violentos. O pulmão está com edemas, está inchado, e, ao se misturar com o ar, forma-se a espuma (sinal geral na asfixia). Lembrar que quando o agente está em processo de asfixia à intensidade da respiração na busca desesperada de ar é extremamente maior que a normal, por isso os edemas se formam no pulmão. A intensidade dependerá do tempo transcorrido entre o início da asfixia e a morte. Será mais abundante nas asfixias por afogamento, hipótese em que será chamado de “cogumelo de espuma”, ou mais escasso nas asfixias comuns. 💣 NÃO É SINAL EXCLUSIVO DE ASFIXIA. ⇨ QUESTÃO DE PROVA! A doutrina clássica cita a chamada TRIADE ASFÍXICA como sendo a fluidez do sangue, a congestão polivisceral e as manchas de Tardieu. 5. ASFIXIAS EM ESPÉCIE 5.1 Sufocação Segundo Hygino, a sufocação é uma modalidade de asfixia causada por obstrução das vias aéreas superiores ou por compressão torácica. O conceito fisiopatológico de asfixia (hipóxia + hipercapnia) vale para todas as espécies de asfixia. Na sufocação, essa diminuição do oxigênio no sangue venoso, e consequente aumento do gás carbônico, ocorre em decorrência da obstrução das vias aéreas superiores, ou pela impossibilidade do movimento respiratório em decorrência de compressão torácica. A sufocação pode ser classificada como direta ou indireta. 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 14 a) SUFOCAÇÃO DIRETA: Sufocação direta é uma modalidade de asfixia em que há obstáculo à penetração do ar nas vias respiratórias. A diminuição do oxigênio no sangue venoso, com o consequente aumento do gás carbônico, ocorre em decorrência da obstrução da entrada de ar nas vias respiratórias. Essa obstrução dos orifícios respiratórios pode ocorrer pela: a.1) SUFOCAÇÃO DIRETA POR OCLUSÃO DOS ORIFÍCIOS NATURAIS. A oclusão dos orifícios naturais – boca e narinas – pode dar de forma acidental ou criminosa. Exemplos comuns: ✔ Associação a crimes sexuais – vai aparecer muito em sexologia forense (quando o criminoso tampa a boca da vítima para que ela não grite por socorro); ✔ Infanticídio ✔ Associação às brincadeiras com sacos plásticos (quando temos os acidentes com crianças que colocam sacolas plásticas na cabeça e acidentalmente se sufocam); ✔ Associação com crimes de asfixia com travesseiros, almofadas, cobertas, etc. Obs.: Pode-se encontrar a presença de marcas ungueais (estigmas ungueais) ao redor dos orifícios nasais e da boca nos casos de sufocação pelas mãos, faltando, no entanto, quando o agressor usa objetos moles como travesseiros. É comum encontrar lesões na mucosa labial pelo traumatismo desta com os dentes. Atenção! A causa jurídica mais comum de asfixia por oclusão dos orifícios naturais é o acidente. É difícil encontrarmos, embora não seja impossível, as hipóteses de suicídioou crime. A modalidade criminosa de sufocação direta por oclusão dos orifícios naturais requer superioridade de forças do agressor em relação à vítima, impossibilitando a reação da vítima. O professor Wilson Palermo, em sua sinopse, destaca que o mais comum é encontrar a sufocação direta pela obstrução dos orifícios naturais nos infanticídios (in: Coleção Sinopses para Concursos. Medicina Legal. Wilson Luiz Palermo, 6ª edição, 2021, pág. 355). a.2) SUFOCAÇÃO DIRETA POR OCLUSÃO DAS VIAS RESPIRATÓRIAS SUPERIORES A sufocação direta pela obstrução das vias aéreas superiores ocorrerá quando a obstáculo à penetração do ar estiver situado na faringe, laringe ou traqueia (em seu início). Essa espécie de asfixia também é conhecida como “sufocação por engasgamento”, frequentes em crianças, doentes mentais, podendo ocorrer também em idosos. Exemplos comuns ✔ Corpos estranhos nas vias aéreas - quando tivermos a presença de corpos estranhos na via área; ✔ Broncoaspiração de vômito por pacientes embriagados, em estados de inconsciência ou de 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 15 intoxicação que alterem os reflexos de defesa do organismo. Obs.: Poderá estar presente, na árvore respiratória, o corpo estranho causador da sufocação (no caso de engasgamento). É mais frequente a forma acidental da morte violenta. b) SUFOCAÇÃO INDIRETA (Compressão do tórax): É conhecida como congestão compressiva de “perthes” A Sufocação indireta é causada pela compressão do tórax e abdômen, impedindo os movimentos respiratórios, levando à asfixia: ✔ Compressão homicida: é a mais rara. ✔ Compressão acidental: ocorrem em multidões, e ainda nas hipóteses de deslizamento de encostas. A sufocação indireta é uma espécie de asfixia causada por compressão torácica. (compressão do tórax). Temos, então, uma pressão/peso muito forte que impede a completa expansão torácica na respiração (a caixa torácica não consegue se expandir totalmente), associada a impossibilidade de movimentação do abdômen. Importante observação é que a sufocação indireta será sempre uma asfixia violenta, ou seja, produto de uma ação externa. Lembremos aqui que nem toda morte violenta será criminosa, a exemplo das mortes acidentais. 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 16 É comum a verificação do Sinal de Morestin (Máscara equimótica da face / Sinal de Le Dentut), formado por pequenas hemorragias na cabeça, pois o sangue fica concentrado e não chega ao coração, gerando o represamento do sangue na veia cava superior (aumento da pressão sanguínea). (...) temos como um sinal post mortem “a máscara equimótica da face – conhecida como máscara equimótica de Morestin ou como cianose cervicofacial de Le Dentut, proveniente da estase mecânica da veia cava superior. Deve-se fazer a diferença entre congestão da face e manchas de hipóstase por posições especiais do cadáver, como nos afogados que, submersos, ficam de cabeça para baixo. Segundo Gisbert Calabuig, a expressão congestão é mais adequada que cianose, pois esta apenas reflete um sinal que se traduz pela tonalidade azul”. FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal, Editora Guanabara Koogan, 10ª edição, 2015, p. 330. CAIU EM PROVA – CESPE PCRO 2022! “Um dos sinais mais importantes é a máscara equimótica da face, também conhecida como congestão cefalocervical ou máscara equimótica de Morestin, produzida pelo refluxo sanguíneo da veia cava superior em face da compressão torácica. Os pulmões mostram-se distendidos (sinal de Valentin), congestos, com sufusões hemorrágicas subpleurais. O fígado é congesto e o sangue do coração, escuro e fluído”. Genival Veloso de França. Medicina Legal, 11.ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. Considerando-se as informações apresentadas, é correto afirmar que o autor se refere às lesões anatomopatológicas de sufocação indireta. (item correto) ⍟ OBS.: SUFOCAÇÃO POSICIONAL OU CRUCIFICAÇÃO Questão peculiar é a sufocação posicional, considerada por alguns doutrinadores como modalidade de sufocação indireta. Embora não haja compressão do tórax, na sufocação posicional o indivíduo é “crucificado” ou colocado durante muito tempo de “cabeça para baixo”, gerando a fadiga aguda dos músculos da respiração, impedindo a expansão torácica e consequente movimentação muscular necessária para a respiração. Quais são essas posições? ✔ posição de crucificação prolongada; ✔ posição de cabeça para baixo prolongada; ✔ posição de imobilização frequentemente usada pela polícia – mãos e pés amarrados para trás. Na maioria das vezes a sufocação indireta é acidental, podendo, em menor incidência, termos casos criminosos, porém jamais uma morte natural. Temos os seguintes exemplos: ▪ Acidentes de trânsito; 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 17 ▪ Desmoronamento de construções, deslizamento de encostas; ▪ “Estouro de multidões”; ▪ Soterramento (estudo na modalidade de asfixia por modificação do meio ambiente). Outro exemplo, mais recente, ocorreu em 1986, no estádio Belga de Heisl, durante tumulto provocado por hooligans na partida entre Liverpool e Juventus – 173 pessoas mortas, principalmente por compressão do tórax. ⍟ OBS.: MÁSCARA EQUIMÓTICA DE MORESTIN Sinônimos: ● Infiltração equimótica difusa da face (lejars) ● Cianose cervicofacil (le dentu). ● Máscara equimótica da face; ● Máscara Equimótica Facial; ● Sinal de Morestin. Como sinais gerais, um dos achados mais importantes é a máscara equimótica de Morestin. Segundo Genival França, ela é produzida pelo refluxo sanguíneo da veia cava superior em face da compressão torácica. No rosto da pessoa que tem o tórax comprimido começa a aparecer um pontilhado hemorrágico.Esse pontilhado hemorrágico indica que houve uma compressão parcial do tórax, impedindo que ele se expandisse. A sístole ocorre bem, mas a diástole está prejudicada. Portanto, a máscara de Morestin é um sinal especial que sugere que houve uma compressão do tórax. 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 18 Temos as seguintes características ou sinais: ● Pele da face semeada por milhares de pequeninas equimoses petéquias, muito próximas entre si, de cor arroxeada muito escura. ● Conjuntivas oculares com inúmeras petéquias e edema. ● Lábios e Língua tumefeitos (inchado). Gengiva pode apresentar hemorragia. ● Nariz e ouvido podem apresentar hemorragia externa. ● Petéquias cutâneas podem se estender até o tórax, confluentes nos locais de maior intensidade dos livores de hipóstase, interrompendo-se apenas nas áreas submetidas à compressão externa nos pontos de apoio ou de dobras de roupas. ● Fraturas costais. ● Manchas de Tadieu na pleura e no pericárdio. ● Sinal de Valentin: significa a congestão dos pulmões, que se mostram distendidos e com sufusões hemorrágicas subpleurais. ( Wilson Palermo, Sinopese para Concursos de Medicina Legal, 6ª ed., 2021, pág. 357). 5.2 Asfixias por Constrição Cervical Asfixias por constrição cervical são classificadas como asfixias complexas, pois além da constrição das vias aéreas com simultâneo quadro de hipóxia e aumento do gás carbônico, há a interrupção da circulação e inibição provocada pela compressão dos elementos nervosos do pescoço São espécies de asfixias por constrição cervical: ✔ Enforcamento ✔ Estrangulamento ✔ Esganadura As asfixias por constrição possuem um ponto em comum: o mecanismo de morte resulta da interação de fatores respiratórios, vasculares e nervosos. CAIU EM PROVA: A seguinte afirmativa já foi considerada correta em prova: Se um cadáver foi encontrado em semissuspensão por corda envolta no pescoço e amarrada em caibro de telhado, com as pernas dobradas 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 19 no joelho e os pés tocando o chão, a causa da morte poderá ser justificada por mecanismos respiratórios, circulatórios ou nervosos. 5.2.1 Enforcamento Asfixia por constrição passiva do pescoço exercida pelo peso do corpo. O enforcamento é a forma de asfixia mecânica em que a constrição do pescoço é produzida por um laço acionado pelo peso da própria vítima. Conceito e causa jurídica (muito importante!) De acordo com a literatura médico legal: é a modalidade de asfixia em que a construção do pescoço é exercida por um laço, cuja extremidade se acha fixa um ponto dado, sendo a força atuante o peso do corpo. A interrupção do atmosférico até as vias respiratórias, como decorrência desta força atuante. É mais comum nos suicídios, mas pode ter como etiologia o acidente, o homicídio e a execução judicial (nos países que aceitam). São espécies de enforcamento: (1) Enforcamento completo e incompleto; (2) Enforcamento típico e atípico. ● Enforcamento completo e incompleto: Leva em consideração a suspensão do corpo da vítima. (a) Enforcamento completo → o corpo fica totalmente suspenso; (b) Enforcamento incompleto → o corpo da vítima fica parcialmente apoiado sobre o solo. (Quando uma parte do corpo da vítima está encostada no chão). “Chama-se de suspensão típica ou completa aquela em que o corpo fica totalmente sem tocar em qualquer ponto de apoio: e suspensão atípica ou incompleta, se é apoiado pelos pés, joelhos ou outra parte qualquer do corpo. Antigamente, não se admitia o enforcamento por suspensão incompleta; somente após o suicídio do Príncipe Condé, passou-se a aceitar tal possibilidade. Esta forma de enforcamento não é tão rara quanto se imagina”. FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal, Editora Guanabara Koogan, 10ª edição, 2015, p. 356 Enforcamento incompleto 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 20 ● Enforcamento típico e atípico: Leva em consideração a posição do nó. (a) Enforcamento típico - quando o nó está localizado na nuca (parte posterior do pescoço) e o laço adiante. No enforcamento típico, a cabeça está sempre virada para frente. (b) Enforcamento atípico - quando o nó estiver localizado em local diverso da nuca (qualquer lugar que não seja parte posterior do pescoço). No enforcamento atípico, a cabeça fica virada sempre ao lado oposto para o nó. Características do sulco no enforcamento: No enforcamento e no estrangulamento, o laço que circunda o pescoço deixa uma marca característica que se chama sulco. Tem grande importância médico-legal, tanto por ser constante como, via de regra, ser patognomônico. No enforcamento, o sulco é: - Oblíquo ascendente: (porque o peso puxa para baixo e o laço puxa para cima), uma parte marca mais do que a outra; - Interrompido no nó; - Fica por cima da cartilagem tireóidea; 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 21 - É um sulco intenso de um lado e vai apagando do outro lado; - Tem profundidade variável(sulco deixado por laços largos é menos profundo do por laços estreitos). - Do lado que o sulco some/sulco superficial, é o lado do nó, o lado de onde ele estava pendurado. Do lado que sulco é profundo, é o lado da alça. a) Enforcamento típico - sulco profundo na frente e superficial atrás; b) Enforcamento atípico - sulco profundo de um lado e superficial do outro. Sinais gerais existentes no sulco do enforcamento: - placas violáceas de livores nas porções superiores e inferiores do sulco (ponsold) - decalques que reproduzem os relevos do laço (bonnet) - zona violácea ao nível das bordas dos sulcos (thoinot) - infiltrações hemorrágicas puntiformes no fundo do sulco (neldying) - livores puntiformes por cima e por baixo das bordas do sulto (azevedo neves) - pele enrugada e escoriada no fundo do sulco (ambroise-paré) Obs.1: Só tem sulco no enforcamento e no estrangulamento! NÃO EXISTE SULCO NA ESGANADURA. Obs.2: As características do sulco podem sofrer alterações a depender das densidades do laço utilizado como agente vulnerante – se é um laço mole x duro: SULCO PRODUZIDO POR LAÇO MOLE SULCO PRODUZIDO POR LAÇO DURO O leito do sulco é mole. Leito do sulco duro, apergaminhado. A tonalidade é branca. De tonalidade pardo escura (linha argentina), resultante da desidratação da pele. Cai muito em prova!!! O aspecto do sulco no estrangulamento e no enforcamento é de extrema importância para o diagnóstico diferencial entre as modalidades de asfixia por constrição do pescoço em que há a atuação de um laço. ASPECTOS DO LAÇO/SULCO NO ESTRANGULAMENTO ASPECTOS DO LAÇO NO ENFORCAMENTO ● Horizontal ● Oblíquo ● Completo/contínuo ● Incompleto/ descontínuo ● Profundidade homogênea/regular/uniforme ● Profundidade Heterogênea (variável – maior na alça) ● Excepcionalmente apergaminhado ● Quase sempre apergaminhado 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 22 ● Abaixo da Laringe ● Abaixo do Hioide (Topografia da laringe) ● Acima da laringe ● Acima do Hioide (Topografia acima da cartilagem tireóidea) Visibilidade depende do laço ⇨ Laço mais grosso – menos visível ⇨ Laço mais fino – mais visível Enforcamento – marca de sulco alta e profunda, localizada acima do osso hioide, em direção oblíqua superior ascendente e bem marcada (principalmente na área oposta ao nó). Observem que a área bem próxima da orelha (imagem 01) não encontramos marcação pelo sulco. Seria, portanto, o local onde estava o nó (trata- se da área mais alta, sem contato do objeto usado para o enforcamento com a pele). Essa marca é típica de enforcamento, não aparecendo no estrangulamento. Questão da prova de Delegado da Paraíba 2022: Após receberem chamada para a realização de perícia em uma casa onde um rapaz encontrou o corpo do pai morto, os peritos criminais, tendo chegado ao local, verificaram que o corpo tinha sido retirado da posição original. Mesmo assim, puderam constatar: sinal de Ponsold; presença de espuma na boca; projeção da língua para o exterior; livores cadavéricos abaixo da 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 23 cicatriz umbilical e na face anterior dos membros inferiores; fenômenos putrefativos secos na parte superior do cadáver e úmidos na parte inferior, além de rigidez cadavérica em curso. Diante dessa situação hipotética, é correto afirmar que as características externas verificadas no corpo são mais compatíveis com enforcamento – alternativa considerada correta. CARACTERÍSTICAS DA FACE DO ENFORCADO A face poderá estar cianótica ou não, a depender da maior ou menor constrição das veias e artérias do pescoço. Ensina o professor Wilson Palermo que: “quanto maior é o impedimento da passagem do sangue nas veias, o sangue vai penetrando através das artérias e, não tendo como não sair, fica acumulado nas veias da face, dando aspecto azulado no rosto.” ▪ No enforcado branco, por sua vez, não há o aspecto cianótico, pois o impedimento à circulação é completo. A cabeça do enforcado pende para o lado oposto ao nó, inclinando-se para o lado da alça, fechando por completo a passagem de sangue. Ocorre nos enforcados típicos, uma vez que o nó está na região posterior do pescoço. ▪ No enforcado azul a face apresenta aspecto cianótico, pois o impedimento da passagem de sangue é maior ou menor, mas não há impedimento completo. ENFORCADO BRANCO X ENFORCADO AZUL AZUL BRANCO Face fica cianosada e com aspecto aumentado, porque o laço, ao apertar o pescoço, comprime também a circulação. A face fica branca e lívida, devido a forte compressão do laço, que obstrui totalmente tanto as veias quanto as artérias. SINAIS COMUNS NO ENFORCAMENTO: ● Sinal de Amussat (sinal vascular) – É a ruptura da camada interna ou íntima da artéria carótida. Obs.: O sinal de Amussat é o sinal que mais aparece no enforcamento e assim como os outros pode aparecer em outras lesões, contudo, no enforcamento é muito mais frequente. ● Sinal de Friedberg (sinal vascular) – é um sinal causado pela ruptura da túnica ou camada externa da artéria carótida. ● Sinal de Dotto (sinal neurológico) – é provocado pela ruptura da bainha de mielina do nervo vago. ● Sinal de Argêntica/Argentina - a linha Argentina é uma linha prateada de cor branco prateada, ou branco acinzentada localizada no pescoço. Trata-se de uma escoriação. Essa linha aparece em decorrência de um enforcamento por um laço duro (corda, arame, etc.), em que há desidratação da pele, secando o local. (Ela não aparece em enforcamento causado por laço mole). 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 24 FENÔMENOS CADAVÉRICAS NOS ENFORCADOS COMPLETOS Em enforcamentos completos que o corpo permaneça suspenso por tempoprolongado, normalmente, teremos os seguintes fenômenos cadavéricos típicos: 1) Livores de hipóstase serão mais intensos e duradouros nos seguimentos do corpo mais baixos. · Por ação gravitacional, é o extravasamento do sangue pelas veias, os livores tendem a se formar primeiro nos membros inferiores e nas extremidades dos membros superiores, devido a dificuldade do sangue venoso retornar. · No enforcado, os livores situam-se abaixo do umbigo. Livores cadavéricos em placas, por cima e por baixo das bordas = SINAL DE PONSOLD 2) Surgimento de inúmeras petéquias nos pés, seguindo para as mãos e braços. 3) Nos enforcamentos completos, os livores aparecem na pele das regiões do pescoço, situadas logo acima, contrastando com a palidez das áreas abaixo do pescoço, principalmente nos enforcamentos completos azuis, ou seja, quando há a oclusão do retorno venoso do sangue, ocorrendo este contraste. 4) Retardamento da rigidez cadavérica na metade inferior do corpo, em decorrência do acúmulo de líquido. 5) A putrefação tende a ser coliquativa na metade inferior e mumificativa na metade superior do corpo, em decorrência da explicação anterior. CAUSA JURÍDICA DA MORTE Na ordem de importância teremos as seguintes possibilidades de causa jurídica da morte: 1º) suicídio; 2º) acidente; 3º) crime/homicídio (extremamente raros). A perícia deve procurar sinais de que a suspensão ocorreu em vida (reação vital), tais como: → Quadro típico de cianose e petéquias acima do laço, com aumento de volume da língua e edema, inclusive na pálpebra; → Hemorragia ao redor de focos de fratura do osso hioide ou equimose retrofaríngea de Brouardel; → Nos casos de homicídios – necessidade de se incapacitar previamente a vítima (lesões 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 25 incapacitantes ou lesões de defesa); → Presença de livores distribuídos no corpo pode demonstrar a dissimulação do crime. PERÍODOS DO ENFORCAMENTO: Os períodos do enforcamento são os sinais clínicos da evolução do enforcamento reproduzido nos livros clássicos. Prof. Higyno rejeita essa classificação, uma vez que estas fases podem não ocorrer desta forma. 1) 1° Periodo → calor, zumbido, sensação luminosa, perda da consciência 2) 2° Período → Convulsão e excitação do corpo 3) 3° período → Sinais de morte aparente até a morte real Não esquecer: A POSIÇÃO DA CABEÇA SEMPRE SE MOSTRA VOLTADA PARA O LADO CONTRÁRIO DO NÓ. A face pode apresentar-se branca ou arroxeada (variando com o grau de compressão vascular). É comum a presença de líquido ou espuma pela boca e narinas (cogumelo de espuma). A língua é cianótica e está projetada além das arcadas dentária. 5.2.2 Estrangulamento Asfixia por constrição ativa do pescoço exercida pela força muscular. O Estrangulamento é a forma de asfixia em que a constrição do pescoço é feita por um laço acionado por força diversa do peso da vítima. A causa jurídica da morte predominante é homicida. Costuma apresentar de forma mais frequente os sinais gerais de asfixia. O laço obstrui a passagem de ar aos pulmões, interrompe a passagem de sangue pelo pescoço e comprime os nervos do pescoço. O diagnóstico entre o enforcamento e o estrangulamento está baseado no diferencial aspecto do sulco. Para determinar se a causa da morte foi enforcamento ou estrangulamento, é imprescindível a apreciação das características do sulco deixado pelo laço. 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 26 Sulco no estrangulamento: ● Situa-se topografia da laringe ou entre ela e o osso hioide (mais baixo que o sulco do enforcamento); ● Possui direção horizontal; ● Profundidade regular, uniforme e pouco acentuada; ● Normalmente o sulco é completo, com largura semelhante à do material do laço, podendo ser maior se houver deslizamento; ● Fundo do sulco apresenta escoriações e cor pardo-avermelhada quando o laço for áspero; ● Excepcionalmente apergaminhado. 💣 ATENÇÃO! A diferença do sulco no estrangulamento e no enforcamento é muito cobrada em prova!!! Para fixar vamos especificar novamente diferenças entre o estrangulamento e o enforcamento: - no enforcamento geralmente encontra-se sulco único, acima da laringe (alto), de profundidade variável, apergaminhado, interrompido nas proximidades do nó, e mais profundo na parte que corresponde à alça, de direção oblíqua ascendente. - no estrangulamento, o sulco quase sempre é múltiplo, de profundidade uniforme, contínuo, de direção horizontal, sobre a laringe (baixo) e não se apergaminha. Tem o fundo escoriado (por causa do atrito constante do laço com a pele). Além disso, no estrangulamento o corpo da vítima atua de forma passiva. DICA DD: Estrangulamento antibraquial “A experiência demonstra que, embora em situações não tão raras, é possível o estrangulamento através da constrição do pescoço pela ação do braço e do antebraço sobre a laringe, conhecida como “golpe de gravata". Sob o ponto de vista médico-legal, além do diagnóstico de morte por estrangulamento, é muito importante que se teçam considerações fundamentadas no sentido de se estabelecer com critérios bem definidos a causa jurídica de morte: se por homicídio ou acidente. Em geral, a morte se dá por oclusão das vias respiratórias ou da obstrução da circulação das carótidas, por ação da prega do cotovelo sobre a face lateral do pescoço. A morte pode ser também por inibição (reflexo laríngeo- 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 27 pneumogástrico), síndrome conhecida por “estrangulamento branco de Claude Bernard-Lacassagne", em que, por vezes, pressões menos significativas do pescoço podem resultar em parada cardíaca e em que não se encontram os sinais clássicos de asfixia.Em tais ocorrências, o difícil é precisar o diagnóstico, pois os sinais encontrados não são tão evidentes quanto os deixados pelo laço no estrangulamento e no enforcamento ou pelos dedos na esganadura. Pode ainda ocorrer a morte por estrangulamento onde se usa a pressão de um objeto duro, como cassetete, bastão ou outro objeto similar, sobre o pescoço, onde a perícia vai encontrar significativas lesões externas (esquimoses e escoriações) e lesões internas (infiltração hemorrágica dos tecidos moles e muito comumente fraturas dos anéis da traqueia e da laringe), principalmente na sua região anterior. Considerar com relevância todos os achados da necropsia referentes às partes moles e ósseas da região anterior do pescoço, dando ênfase também para a ausência de alterações externas e internas da sua região posterior. Uma das formas mais comuns de afogamentos homicidas ocorre por meio do estrangulamento antibraquial, utilizado para dominar a vítima, privar-lhe dos sentidos e, em seguida, afogá- la. Mesmo que a ação criminosa se dê pela compressão do antebraço sobre a laringe (privando a respiração) e do braço e do antebraço sobre as faces laterais do pescoço (privando da circulação cerebral), o ato de defesa da vítima é empurrar o braço do agressor para baixo provocando equimoses, principalmente, na parte superior do tórax. Em tais ocorrências, nem sempre é fácil precisar o diagnóstico dessa forma de estrangulamento, pois os sinais encontrados não são tão evidentes quanto os deixados pelo laço no estrangulamento e no enforcamento ou pelos dedos e unhas na esganadura. As lesões do plano interno do pescoço são mais comuns e mais intensas". FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal, Editora Guanabara Koogan, 10ª edição, 2015, p. 369 CAUSA JURÍDICA DA MORTE Na ordem de importância teremos as seguintes possibilidades de causa jurídica da morte: 1º) Homicídio →A causa jurídica mais comum, certamente, é o enforcamento criminoso. 2º) Suicídio (pouco raro) → Deve-se procurar ausência de lesões de defesa; presença de sinais de outras tentativas de suicídio; e presença de algum dispositivo que impeça o afrouxamento do laço (torniquete). 3º) Acidente (raro) → Hipóteses acidentais são raras, sendo apresentadas na literatura a possibilidade de acidentes autoeróticos. Nestes casos, devem ser pesquisados: sinais de prática masturbatória; dispositivo que provoca asfixia controlada; presença de farto material pornográfico no local. 5.2.3 Esganadura Forma de asfixia mecânica em que a constrição do pescoço é feita pelas mãos. Alguns doutrinadores chamam a esganadura de “estrangulamento com as mãos”. a) Aspectos Médico-Legais 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 28 ● Há disparidade de forças entre os sujeitos: Necessidade de que haja grande superioridade de forças do agressor: - Vítimas crianças e idosos; - Vítimas entorpecidas; - Pluralidade de agressores. ● Local em desalinho, presença de lesões de defesa; ● Presença de equimoses e escoriações no pescoço. - Estigmas Ungueais – escoriações deixadas pelas unhas do agressor teoricamente de forma semilunar, apergaminhadas, de tonalidade pardo-amarelada. ● A esganadura é a forma de constrição cervical que mais apresenta fratura dos elementos do plano visceral do pescoço. ● Fratura do osso hioide. ● Presença das Marcas de Franca (Genival França), que consiste em marcas semilunares na túnica interna da carótida. “(...) escoriações produzidas pelas unhas do agressor, teoricamente de forma semilunar, apergaminhadas, de tonalidade pardo-amarelada, conhecidas como estigmas ou marcas ungueais. Podem também ter a forma de rastros escoriativos. Se o criminoso usou a mão direita, aparecem essas marcas em maior quantidade no lado esquerdo do pescoço da vítima. FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal, Editora Guanabara Koogan, 10ª edição, 2015, p. 370 ● A face da vítima fica pálida ou cianótica, dependendo da intensidade da constrição. - Petéquias na face = SINAL DE LACASSAGNE b) Causa jurídica da morte: Criminosa (homicídio). É SEMPRE HOMICÍDIO!!! (alguns autores falam na esganadura erótica, que causa morte de forma culposa, porém não prevalece). Esganadura é um tipo de asfixia mecânica que se verifica pela constrição do pescoço pelas mãos, ao obstruir a passagem do ar atmosférico pelas vias respiratórias até os pulmões. É sempre homicida, sendo impossível a forma suicida ou acidental. FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal, Editora Guanabara Koogan, 10ª edição, 2015, p. 370. "Essencialmente homicida, requer para sua execução, superioridade de forças, ou que a vítima não possa, por qualquer motivo, opor resistência... A lei não reconhece validade jurídica às formas suicida ou acidental". CROCE, Delton. CROCE Jr., Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª edição,pg 1031, Editora Saraiva, 8 edição, 2012. 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 MEDICINA LEGAL ASFIXILOOGIA 29 Questão da prova de Delegado de Minas Gerais 2021: Um médico legista, ao chegar à sala de necropsia, deparou-se com três cadáveres cuja causa da morte foi asfixia. Durante o exame necroscópico, foi identificado no primeiro corpo, sulco único, com profundidade variável e direção oblíqua ao eixo do pescoço; no segundo, os sulcos são duplos, de profundidade constante e transversais ao eixo do pescoço; no terceiro, em vez de sulcos, havia equimoses e escoriações nos dois lados do pescoço. A causa da morte mais provável em cada um deles é, respectivamente: enforcamento, estrangulamento e esganadura – alternativa considerada correta. 5.3 Asfixia por Modificação do Meio Ambiente Espécies de asfixia por mudança do meio ambiente: 1. Confinamento 2. Soterramento 3. Afogamento Asfixia por modificação do meio ambiente ocorrerá quando o ar atmosférico for substituído por um líquido (afogamento); por um sólido suficientemente fragmentado de modo a envolver o corpo humano (soterramento); ou meio gasoso com composição que não satisfaça as necessidades respiratórias (confinamento). 5.3.1 Confinamento É a modalidade de asfixia em que um ou mais indivíduos permanecem em ambiente restrito ou fechado sem adequada renovação de ar ou com composição gasosa pobre em oxigênio. Ex.: É o caso, por exemplo, de crianças que ficam presas em automóveis fechados. Pessoas presas em elevador, etc. 58440 58440 M AR C EL O M IR AN D A FE R N AN D ES 9 79 22 50 15 87 M AR C EL O M IR AN