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Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
Unidade 1
Antropoceno e as crises social e ambiental
Aula 1
Antropoceno e as Crises Contemporâneas
Antropoceno e as crises contemporâneas
Este conteúdo é um vídeo!
Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo
computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo
para assistir mesmo sem conexão à internet.
Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender
conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la? 
Clique aqui para acessar os slides da sua videoaula.
Bons estudos!
Ponto de Partida
Caro estudante, boas-vindas à nossa aula sobre uma das temáticas de extrema relevância
atualmente, que está diretamente relacionada ao futuro do nosso planeta: o Antropoceno.
De acordo com o ganhador do Prêmio Nobel de química em 1995, Paul Crutzen, o Antropoceno
signi�ca uma nova época geológica caracterizada pelo impacto do homem na Terra, na qual a
humanidade se transformou em uma força geológica capaz de alterar as condições de
sustentação da vida. Entretanto, esse termo é ainda bastante questionado por muitos cientistas.
De fato, nas últimas décadas a economia e o comércio mundial, baseados em uma sociedade de
consumo, tiveram um forte crescimento, com melhorias das condições de vida de milhões de
pessoas pelo mundo. Mas isso teve um preço: o aumento da poluição, a perda da biodiversidade
e o aquecimento global.
https://cm-kls-content.s3.amazonaws.com/202401/ALEXANDRIA/RESPONSABILIDADE_SOCIAL_E_AMBIENTAL/PPT/u1a1_res_soc_amb.pdf
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Você pode se perguntar: como isso afetará a minha vida?
As crises do Antropoceno vão alterar e desa�ar as nossas compreensões de economia e
natureza?
Portanto, você, como futuro pro�ssional, a partir desta aula, começa a compreender, questionar e
se preparar para os desa�os desse novo tempo, ou para muitos, “era geológica”, sobre as nossas
atividades econômicas e sociais.
Vamos juntos no estudo dessa instigante e importante temática!
Um grande abraço!
Vamos Começar!
O surgimento do conceito de Antropoceno
O Holoceno é a atual época do período Quaternário da Era Cenozoica, que se iniciou há cerca de
11,65 mil anos antes do presente, após o último período glacial. Tal período se caracterizou por
apresentar um clima razoavelmente estável. Esse fato permitiu gradualmente a evolução das
atividades humanas, como o desenvolvimento da agricultura e a domesticação de animais, e,
consequentemente, mudou o estilo de vida nômade para o sedentário em grande parte da
população. Soma-se a isso as migrações humanas, a constituição de sociedades complexas e a
criação dos aglomerados urbanos, como vilarejos, vilas e a cidades (Veiga, 2019; Costa, 2022).
Dessa forma, o Holoceno se constituiu no período de desenvolvimento do homem e de seus
atributos na Terra.
Para um número signi�cativo de cientistas, esse período se esgotou e estamos vivendo o início
de um novo período geológico: o Antropoceno. Esse termo foi cunhado pelo biólogo Eugene F.
Stoermer, em 1980, e signi�ca antropo (homem) + ceno (novo) (Veiga, 2019). Já a hipótese de
um novo tempo geológico foi levantada originalmente pelo cientista Paul Crutzen, ganhador do
Prêmio Nobel de Química, em 1995, o qual, durante uma reunião do Programa Internacional de
Geosfera-Biosfera (IGBP), no ano de 2000, sugeriu o uso do termo para representar o atual tempo
geológico e explica: “Eu estava em uma conferência e alguém mencionou o Holoceno. De
repente, pensei que esse termo era incorreto. O mundo tinha mudado muito. Eu disse não,
estamos no Antropoceno”. Para ambos os cientistas, o uso do termo Antropoceno é o mais
adequado para “[...] enfatizar o papel central da humanidade na geologia e na ecologia” (Crutzen;
Stoermer, 2000, p. 17).
O que identi�ca o Antropoceno são as profundas transformações das atividades humanas sobre
os processos de regulação biofísicos do planeta. Isto é, o homem passou a ser uma força
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geológica capaz de modi�car as condições estruturantes do sistema terrestre. Portanto,
Antropoceno signi�ca a época da dominação humana sobre o planeta (Alves, 2020).
Não há consenso sobre o início do Antropoceno. Alguns artigos abrangem desde o início da
agricultura até os eventos relacionados ao período histórico, informalmente reconhecido como a
Grande Aceleração, mas alguns especialistas escolheram uma data simbólica como marco
temporal: o ano de 1784, data do aperfeiçoamento da máquina a vapor por James Watt. Esse é o
período que marca o início do uso intensivo de combustíveis fósseis (no caso o carvão), o início
da Revolução Industrial e do sistema de produção capitalista.
Um exemplo imediato de todo o impacto ocasionado pela população humana no planeta é a
questão demográ�ca: em 1800, a população mundial era de 1 bilhão de pessoas; hoje somos 8
bilhões e as estimativas falam em 10 bilhões no ano de 2050. Esse aumento esteve ligado à
urbanização, que se intensi�cou nos últimos 200 anos, ou seja, o mundo se tornou urbano, com
mais de 50% da população mundial vivendo em cidades. No Brasil, por exemplo, esses índices
são superiores a 80% da população (Ipea, 2014). E para atender essa crescente demanda,
aumentou-se a pressão na extração de recursos naturais, na ascensão de uma agricultura
industrial, no desmatamento de �orestas tropicais e na consequente perda de biodiversidade. Da
mesma forma, entre os problemas ocasionados estão a poluição em todos os sistemas
planetários – ar, oceanos, solo etc. –, e a con�guração de sociedades com desigualdades
socioeconômicas em nível global.
A expressão Antropoceno é objeto de questionamentos. O geógrafo norte-americano Jason
Moore prefere o vocábulo Capitoloceno porque, segundo ele, não é possível atribuir à espécie
humana a condição de força geológica, mas sim ao sistema capitalista que, por seu caráter
expansionista, é o causador da mudança de era geológica (Moore, 2016). Outros usam o termo
Ocidentaloceno, porque a responsabilidade pelos desdobramentos atuais é dos países ricos do
Norte Global, e esses não podem ser atribuídos às nações mais pobres (Unesco, 2018; Costa,
2022); ou ainda Tecnoceno, porque as mudanças em curso e suas consequências ocorreram a
partir do desenvolvimento tecnológico e têm o poder de alcançar todas as condições de vida
para as gerações futuras (Costa, 2021).
Apesar dos questionamentos, a expressão Antropoceno se popularizou e tornou-se não só a
designação de um novo tempo geológico, mas também uma metáfora dos novos tempos em
curso. Em uma ou em outra perspectiva, o Antropoceno traz a discussão a respeito dos limites
de um planeta �nito, tanto de espaço quanto de recursos naturais. Além disso, se os sistemas
econômicos e sociais continuarem na mesma sistemática, passaremos de um cenário de crise
para uma provável e desa�adora emergência ecológica, afetando a vida como um todo.
Siga em Frente...
O Antropoceno e as crises contemporâneas
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
Os problemas relacionados ao desequilíbrio no uso dos recursos naturais e no aumento da
poluição puderam ser facilmente observados a partir de 1950, em que um novo e perigoso
estágio intensi�cou os efeitos antropogênicos sobre o sistema Terra, que os cientistas têm
denominado a Grande Aceleração. Com o �m da Segunda Guerra Mundial, época de signi�cativa
expansão das atividades econômicas, baseada em uma sociedade de consumo, o uso de
combustíveis fósseis foi responsável por recordes sucessivos na emissão de gases
antropogênicos. Para exempli�car, nos últimos 50 (cinquenta) anos, a economia mundial
multiplicou-se por quase quatro vezes, enquanto o comércio global aumentou em 10 (dez) vezes
(IPBES, 2019). Para contemplar as demandas desse crescimento econômico, nós, seres
humanos, passamos a exercer uma pressão excessiva sobre os ciclos de regulação do planeta
com o aumento da poluição, os desmatamentos, a perda de biodiversidadealinhada apenas com os
interesses econômicos e políticos, sem atenção ao meio ambiente e a responsabilidade social.
Assim, Daniel buscou alternativas para tentar mudar essa perspectiva na empresa e encontrou
uma ONG, que tem um forte papel de preservação do meio ambiente e responsabilidade social
ambiental empresarial, por promover projetos empresariais sustentáveis. Daniel apresentou o
projeto criado pela ONG para a diretoria da empresa, foi questionado sobre qual seria o impacto
no lucro da empresa e contra-argumentou, dizendo que o projeto da ONG pode ser um diálogo
aberto, um passo importante para o marketing da empresa e promoção para a expansão dos
negócios, além disso pode atrair novos investimentos.
Daniel ainda trouxe o caso de uma renomada empresa de cosméticos como exemplo, que, após
ter sido acusada de danos ambientais, adotou a causa do meio ambiente e, hoje, é uma das
empresas mais respeitadas no segmento de cosméticos por conta de sua conduta. Entretanto,
mesmo com esse exemplo a empresa que Daniel trabalha não aceitou a proposta da ONG.
Com base nessa situação, podemos nos questionar: a empresa, pela resistência, demonstra-se
contrária às ONGs e aos organismos internacionais em favor do seu interesse? Há, efetivamente,
uma oposição entre as ONGs, organismos internacionais e interesses econômicos e políticos do
Estado? O desenvolvimento sustentável depende do alinhamento entre ONGs, organismos
internacionais e interesses econômicos e políticos do Estado?
Um abraço!
Vamos Começar!
A preocupação da sociedade com o meio ambiente
O movimento ambiental tem origem na segunda metade do século XIX, com os grupos
protecionistas criados na Europa, que estavam preocupados com os efeitos das transformações
advindas da Revolução Industrial, como a perda de áreas selvagens e a poluição em cidades, que
se tornaram insalubres. Sob essa perspectiva, a primeira sociedade ambientalista privada foi
criada na Inglaterra em 1863, chamada de Commons, Foot-paths, and Open Spaces Preservation
Society (Mccormick, 1992).
Já nos Estados Unidos, os primeiros grupos ambientalistas são da virada dos séculos XIX e XX,
estabelecidos com base em duas compreensões das relações do homem com a natureza: os
preservacionistas, que defendiam a manutenção de áreas virgens, intocadas, sem a interferência
de atividades humanas; e os conservacionistas, centrados na racionalização e compatibilização
do uso dos recursos naturais com a proteção ao ambiente (Mccormick, 1992). Essas leituras são
re�exos das discussões da época, assentadas ora na proteção da vida selvagem, ora nos efeitos
da industrialização e da urbanização.
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No �nal da década de 1950 e início da década de 1960, começa a surgir uma nova articulação de
grupos e entidades de proteção ao meio ambiente, in�uenciados pelos riscos da corrida nuclear,
da explosão demográ�ca e do aumento degradação ambiental, fatores esses que foram
exteriorizados por meio de denúncias formuladas através da publicação de livros e artigos
acadêmicos. Um caso emblemático é a obra Primavera Silenciosa, de autoria da bióloga Rachel
Carson, em 1962, que demonstrou os efeitos nocivos da contaminação por pesticidas na
agricultura e as consequências para o equilíbrio ecológico. Essa publicação teve enorme
repercussão nos meios acadêmicos e políticos, in�uenciando decisivamente o movimento
ambientalista e abrindo as discussões que levaram o governo norte-americano a criar a sua
agência de proteção ao meio ambiente nos anos de 1970.
As décadas de 1970 e 1980 trouxeram uma nova con�guração na estrutura do movimento
ambientalista. Se, em um primeiro momento, os movimentos ambientalistas eram oriundos de
pautas convergentes de determinados setores da sociedade, o avanço das questões ecológicas
no tabuleiro político e econômico da governança global impuseram uma nova estruturação. Eles
começam a se organizar, em nível institucional, por meio de pessoas jurídicas de caráter não
governamental, ora em organizações de âmbito internacional, que traziam em seu bojo a
premissa que os problemas ecológicos não eram somente locais, mas conjugavam aspectos
transfronteiriços e globais, ora como entidades nacionais, orientadas por pautas regionais e
locais, focados nos projetos de desenvolvimento sustentável de acordo com a realidade em cada
país. Em qualquer dessas perspectivas, teríamos doravante a expansão de organizações de
caráter não governamental, estimuladas pelas Nações Unidas.
No início do século XXI, surgiram novas formas de atuação em face dos problemas ambientais
por meio de ativismos impulsionados pelos avanços das novas tecnologias de informação e
comunicação, especialmente a internet e suas redes sociais. Uma das formas é o ciberativismo,
em que comunidades virtuais de pessoas com propósitos e pautas convergentes estimulam
determinadas práticas. Um exemplo é o evento anual chamado Hora do Planeta, criado pela
organização WWF, que é responsável por conjugar centenas de cidades e quase 1 bilhão de
pessoas em defesa das pautas patrocinadas pelo movimento, como a emergência climática e a
perda da biodiversidade.
 Um importante ativismo recente, que conjuga a atuação virtual e real, é o movimento de jovens
suecos, iniciado pela jovem Greta Thunberg, que, em maio de 2018, iniciou um protesto escolar
às sextas-feiras, em frente ao Parlamento sueco, cobrando medidas contra a mudança climática.
A princípio, sozinha, e depois com a companhia de milhares de jovens, que deixavam de
participar das aulas para protestar. Greta inspirou um movimento que se espalhou pelo mundo
com o nome de “sextas-feiras pelo clima”. O movimento continua e é considerado um dos
principais ativismos ambientais na contemporaneidade.
Siga em Frente...
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
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Os principais movimentos e organizações não governamentais
ambientais
A compreensão dos movimentos ambientalistas, como conhecemos atualmente, está
diretamente ligada às organizações não governamentais (ONGs). O conceito de ONGs é para
aquelas pessoas que não se enquadram como governamentais ou empresariais de �ns
lucrativos; portanto, em sentido amplo, estão incluídos conceitualmente os sindicatos, as
organizações pro�ssionais e as entidades com pautas especí�cas, como de consumidores, de
questões identitárias e outras de promoção social. Mas o conceito de ONGs na área ambiental é
mais restrito. Elas são de�nidas como pessoas privadas, não governamentais, sem �ns
lucrativos, com propósitos de intervenção acerca de questões globais aos locais, em prol das
iniciativas de proteção e promoção do meio ambiente. Outras expressões são utilizadas como
equivalentes para caracterizar as ONGs ambientalistas, como entidade do terceiro setor, ou
ainda, organizações da sociedade civil.
As ONGs ambientalistas tiveram um forte estímulo e articulação a partir da Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, no ano de 1972. Diante das
dinâmicas dos problemas ecológicos, que são transfronteiriços, algumas das principais
entidades ambientalistas estão organizadas em nível internacional. Vamos destacar algumas
das principais organizações globais de proteção ambiental.
A primeira delas é o WWF, que é o Fundo Mundial para a Natureza, criado em 1961, na cidade de
Gland, Suíça. Com mais de 5 milhões de associados em todo o mundo, o WWF tem “[...]
como missão global conter a degradação do meio ambiente e construir um futuro no qual as
pessoas vivam em harmonia com a natureza” (WWF, 2020). Tem linha centrada em projetos que
atuem na conservação da biodiversidade mundial, na garantia da sustentabilidade de recursos
naturais renováveis e na redução da poluição e do desperdício. O WWF-Brasil foi criado em 1996
e atua por meio de projetos no contexto econômico e social brasileiro, em especial nos biomas
brasileiros, como a Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e nos ecossistemas marinhos.
Suas iniciativas “[...] buscam proteger e restaurar a biodiversidade, fortalecera agricultura
familiar e a produção local, além de gerar estudos sobre o impacto do desmatamento e das
queimadas” (WWF, 2020).
A segunda organização é o Greenpeace, criado em Vancouver, Canadá, em 1971. Trata-se de uma
das mais combativas organizações ambientalistas, que tem atuação por meio do ativismo
ambiental e de mecanismos de pressão sobre governos e empresas. O Greenpeace é mantido
exclusivamente por seus associados, recusando �nanciamento público ou empresarial. Entre as
suas principais missões e valores estão (i) proteger os ecossistemas e a biodiversidade em
todas as suas formas; (ii) promover a paz, o desarmamento global e a não violência; (iii) enfrentar
as mudanças climáticas: (iv) promover soluções sustentáveis junto à sociedade (Greenpeace,
2022). O Greenpeace possui escritório no Brasil desde 1992 e desenvolve ações ativistas em
defesa da Amazônia e contra o desmatamento; na luta contra os agrotóxicos; e no combate aos
efeitos danosos da mineração; entre outras.
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
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A terceira organização internacional é a União Internacional para a Conservação da Natureza e
dos Recursos Naturais – conhecida pela sigla em inglês IUCN –, criada na França, em 1948.
Trata-se da maior rede de sociedades ambientais em nível global, conjugando mais de 1400
membros, entre órgãos governamentais e da sociedade civil (IUCN, 2019).
No Brasil, temos algumas importantes organizações. Entre elas, destaca-se a Fundação S.O.S
Mata Atlântica, que é uma ONG brasileira criada em 1986 e atua no fomento de políticas públicas
para a proteção e conservação da Mata Atlântica, um dos principais biomas brasileiros. Sua
atuação se dá por meio de estudos e monitoramento das intervenções antrópicas sobre o bioma,
conscientização pública e o aprimoramento da legislação ambiental (SOS Mata Atlântica, 2021).
Outra organização importante é o Instituto Socioambiental (ISA), organização criada em 1994,
que atua na defesa da diversidade socioambiental brasileira, em especial por projetos e
iniciativas em conjunto com comunidades indígenas, quilombolas e extrativistas, de modo a
preservar e fortalecer a cultura e os saberes tradicionais (ISA, 2021). Por �m, o instituto O Direito
Por um Planeta Verde (IDPV), pessoa jurídica sem �ns lucrativos, criada em 2005, e que reúne os
principais especialistas na área do Direito Ambiental no Brasil. O IDPV, uma das entidades �liadas
à IUCN, é o responsável pela edição anual do Congresso Brasileiro de Direito Ambiental, fórum de
discussões com pesquisas e debates acadêmicos dos principais desa�os e proposições sobre
as demandas ecológicas em nível internacional e nacional.
A atuação das ONGs e seus efeitos na agenda ambiental
As organizações não governamentais (ONGs) possuem um papel fundamental nas instâncias
deliberativas em nível internacional e nacional, em contribuição direta acerca da sensibilização
sobre os problemas estruturais e no processo de formulação das políticas e estratégias de
promoção e proteção ao meio ambiente. Nesse contexto, a participação da comunidade é de
fundamental importância. Para exempli�car, a Declaração do Rio de Janeiro, elaborada em 1992
durante a Cúpula da Terra, destaca que “[...] o melhor modo de tratar as questões ambientais é
com a participação de todos os cidadãos interessados, em vários níveis” (ONU, 1992). Um dos
níveis de participação é, sem dúvida, por meio das organizações ambientalistas.
No Brasil, a importância das ONGs ambientalistas está presente no seu reconhecimento pelo
poder público. No âmbito federal, temos o Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas, com
673 delas inscritas e distribuídas em todas as regiões do país (Brasil, 2019). Outro ponto de
destaque são os conselhos do meio ambiente, constituindo uma das principais formas de
participação e atuação na formulação de políticas públicas ambientais. Esses conselhos de meio
ambiente são obrigatórios em todos os níveis federativos para aqueles que pretendem efetuar o
licenciamento ambiental de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras, ou seja, se um
estado ou um município decidir licenciar atividades, além de órgão ambiental capacitado, ele
deverá possuir conselho de meio ambiente com caráter deliberativo.
O mais relevante desses órgãos no país é o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama),
vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, que conjuga integrantes eleitos entre as ONGs
ambientalistas brasileiras inscritas no Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas. A
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estrutura jurídica brasileira prevê, também, a existência de conselhos com participação
comunitária e/ou de pessoas jurídicas ambientalistas em casos de unidades de conservação e
nos órgãos responsáveis pela gestão dos recursos hídricos no Brasil, como os comitês de bacia
hidrográ�ca, os conselhos estaduais e o nacional, de recursos hídricos.
Outra forma de participação das ONGs ambientalistas em conjunto com o poder público é por
meio de parcerias em projetos e programas para o desenvolvimento sustentável. Um dos
exemplos de �nanciamento é por meio dos fundos de meio ambiente, com recursos �nanceiros
destinados para projetos de soluções sustentáveis e setores especí�cos, como biomas,
populações tradicionais, combate à poluição, dentre outros. O Fundo Nacional do Meio Ambiente,
criado pelo governo brasileiro por meio da Lei 7.797, em 1989, é o mais antigo da América Latina
e tem apoiado uma série de iniciativas nesse âmbito (Brasil, 1989). Há, ainda, fundos ambientais
nos estados e municípios, assim como aqueles para áreas como a proteção da biodiversidade e
das �orestas públicas brasileiras.
Em geral, as entidades ambientalistas exercem mecanismos permanentes de acompanhamento
e �scalização das intervenções e pressões que empresas e governos realizam no meio ambiente.
Duas formas podem ser destacadas: a atuação administrativa e a judicial. Na primeira delas, a
administrativa, as ONGs costumam acionar e cobrar a �scalização dos órgãos governamentais
de proteção ao meio ambiente – como o IBAMA, na esfera federal –, em caso de infrações
ambientais praticadas por empresas privadas e pelo próprio poder público. A segunda forma é a
intervenção na esfera judicial, em que as pessoas jurídicas ambientalistas criadas há mais de um
ano e com �nalidades institucionais ambientais possuem legitimidade processual para ajuizar
ação civil pública para a defesa do meio ambiente, inclusive em casos de ocorrência de danos
ambientais, conforme dispõe a Lei Federal 7.347/1985 (Brasil, 1985). Por �m, podem acionar
Ministério Público, em caso de crimes ambientais cometidos por pessoas físicas ou jurídicas,
para que ele faça a proposição da competente ação penal de responsabilização.
Além desse contexto de atuação em face das instituições públicas e setor empresarial, é
importante destacar que muitas ONGs são criadas para projetos na escala da proximidade, ou
seja, nos lugares em que vivem comunidades e pessoas que são bene�ciadas ou atendidas pelas
suas iniciativas, além de estratégias de melhoria das condições de vida e de preservação e
conservação dos recursos naturais. Outras ONGs atuam na produção de dados, estudos e
pesquisas que irão subsidiar um conjunto de proposições públicas e privadas em suas áreas
institucionais, muitas vezes realizado em parceria com instituições de ensino. Da mesma forma,
algumas ONGs estabelecem projetos de educação ambiental, para a formação de uma
consciência pública sobre a importância da proteção ambiental, estimulando a participação
comunitária e dos setores organizados da sociedade civil. 
Vamos Exercitar?
Vamos retomar o projeto de Daniel e a ONG, para a empresa em que Daniel trabalha. Visando
uma mudança de perspectiva da empresa em atuar somente considerando os lucros, sem
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preocupações sustentáveis, ele propôs alterações nos processos produtivo. Daniel justi�cou que
o projeto seria no sentido de promover o marketing da empresa, a sua expansão,atrair novos
negócios e investimentos, a �m de modi�car no mercado a imagem da empresa pela postura
antiética no contexto social-ambiental.  
Agora, respondendo aos questionamentos da nossa situação-problema inicial, essa empresa,
pela resistência à proposta de Daniel, demonstrou ser contrária ao projeto, pois vê a ONG em
desfavor ao seu interesse.
Esse interesse pode ser considerado escuso, por parecer ter como único e exclusivo objetivo o
lucro da empresa em detrimento do meio ambiente. Tal fato não caracteriza interesses
econômicos, porque lucro não deve ser confundido com a economia que a integra, uma vez que a
economia não despreza o respeito ao meio ambiente e tampouco à responsabilidade social.
Por �m, é importante considerar que as ONGs, organismos internacionais e interesses
econômicos e políticos do Estado não são opostos. Assim, para que o desenvolvimento
sustentável seja alcançado, deve ocorrer, inevitavelmente, o alinhamento entre eles.
Saiba mais
As organizações da sociedade civil desempenham um papel fundamental na agenda de nossas
sociedades, com projetos e iniciativas com impacto social, em benefício de grupos, comunidades
e cidades. Seja conhecendo, se bene�ciando ou mesmo atuando pro�ssionalmente em uma
delas, as organizações da sociedade civil estão na linha de frente dos desa�os do nosso tempo.
Portanto, como pro�ssional, é importante conhecer os trabalhos dessas entidades. 
Como sugestão, conheça o trabalho do Observatório do Terceiro Setor, uma agência brasileira de
conteúdo multimídia com foco nas temáticas sociais e nos direitos humanos.
Nesta aula, abordamos questões que envolvem o conceito de ambientalismo. Para saber mais
como surgiu o ambientalismo, acesse Raízes do ambientalismo.
As ONGs são organizações formadas pela sociedade civil sem �ns lucrativos, cuja missão é a
resolução de algum problema da sociedade. Atuam em áreas nas quais há falhas com relação à
assistência por parte do governo, como as ambientais, econômicas e sociais. Elas são
chamadas de Terceiro Setor. Para saber mais sobre o assunto, acesse a página A importância
das ONGs ambientais na luta pela conservação do meio ambiente.
Referências
BRASIL. Lei 7.347, de 24 de julho de 1985. Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por
danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico e dá outras providências. Diário O�cial da União, Brasília, DF.
https://observatorio3setor.org.br/
https://revistapesquisa.fapesp.br/raizes-do-ambientalismo/
https://dialogoshistoricos.wordpress.com/ambiente/a-importancia-das-ongs-ambientais-na-luta-pela-conservacao-do-meio-ambiente/
https://dialogoshistoricos.wordpress.com/ambiente/a-importancia-das-ongs-ambientais-na-luta-pela-conservacao-do-meio-ambiente/
Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
Disponível em: https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?
tipo=LEI&numero=7347&ano=1985&ato=955oXR65keBpWTffb. Acesso em: 20 out. 2023.
BRASIL. Lei 7.797, de 11 de julho de 1989. Cria o Fundo Nacional do Meio Ambiente. Diário O�cial
da União, Brasília, DF. Disponível em: https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?
tipo=LEI&numero=7797&ano=1989&ato=e40cXR61EeFpWT814.  Acesso em: 20 out. 2023.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Cadastro nacional de entidades ambientalistas 2019.
Disponível em: http://cnea.mma.gov.br/entidades-cadastradas. Acesso em: 10 ago. 2023.
GREENPEACE. Quem somos. Disponível em: https://www.greenpeace.org/brasil/quem-somos/
Acesso em: 20 out. 2023.
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Relatório anual de atividades 2021. Disponível em:
https://www.socioambiental.org/sites/default/�les/2022-06/Relatorio-2021-F11.pdf Acesso em:
11 out. 2023.
MCCORMICK, J. Rumo ao paraíso: a história do movimento ambientalista. Rio de Janeiro:
Relume-Durnarã, 1992.
SOS MATA ATLANTICA. Relatório anual 2021. Disponível em: https://cms.sosma.org.br/wp-
content/uploads/2022/07/Relatorio_21_julho.pdf Acesso em: 20 out. 2023.
UNIÃO INTERNACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DOS RECURSOS NATURAIS.
Relatório anual 2019. Disponível em:
https://portals.iucn.org/library/sites/library/�les/documents/2020-012-Pt.pdf. Acesso em: 22
out. 2023.
WWF. Relatório de parcerias corporativas 2020. Disponível em: https://www.wwf.org.br/?
79328/Relatorio-de-Parcerias-Corporativas-do-Brasil-
2020#:~:text=Nossa%20miss%C3%A3o%20%C3%A9%20conter%20a,da%20polui%C3%A7%C3%A
3o%20e%20do%20desperd%C3%ADcio. Acesso em: 10 ago. 2023. 
Aula 5
Encerramento da Unidade
Antropoceno e as crises social e ambiental
https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=7347&ano=1985&ato=955oXR65keBpWTffb
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https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=7797&ano=1989&ato=e40cXR61EeFpWT814
https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=7797&ano=1989&ato=e40cXR61EeFpWT814
http://cnea.mma.gov.br/entidades-cadastradas.%20Acesso%20em:%2010%20ago.%202023
https://www.greenpeace.org/brasil/quem-somos/
https://www.socioambiental.org/sites/default/files/2022-06/Relatorio-2021-F11.pdf
https://cms.sosma.org.br/wp-content/uploads/2022/07/Relatorio_21_julho.pdf
https://cms.sosma.org.br/wp-content/uploads/2022/07/Relatorio_21_julho.pdf
https://portals.iucn.org/library/sites/library/files/documents/2020-012-Pt.pdf
https://www.wwf.org.br/?79328/Relatorio-de-Parcerias-Corporativas-do-Brasil-2020#:~:text=Nossa%20miss%C3%A3o%20%C3%A9%20conter%20a,da%20polui%C3%A7%C3%A3o%20e%20do%20desperd%C3%ADcio
https://www.wwf.org.br/?79328/Relatorio-de-Parcerias-Corporativas-do-Brasil-2020#:~:text=Nossa%20miss%C3%A3o%20%C3%A9%20conter%20a,da%20polui%C3%A7%C3%A3o%20e%20do%20desperd%C3%ADcio
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Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
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Bons estudos!
Ponto de Chegada
Olá, estudante!
Para desenvolver a competência desta unidade, que é conhecer e re�etir sobre os desa�os
sistêmicos no contexto do antropoceno, identi�cando os principais problemas e articulando os
valores necessários para a sustentabilidade, você deverá, primeiramente, conhecer os conceitos
fundamentais dos seguintes pontos: Antropoceno, mudanças climáticas, desigualdades
socioambientais e movimentos ambientais.
Primeiramente, você observou que o conceito de Antropoceno é bastante questionado por parte
da comunidade cienti�ca, isso porque, a época geológica que vivemos atualmente é chamada de
Holoceno, e, de acordo com a Comissão Internacional sobre Estratigra�a (ramo da geologia que
estuda, descreve e classi�ca camadas rochosas, os estratos, e as correlacionam espacialmente
e temporalmente), o Holoceno começou há, aproximadamente, 11.650 anos (Wicander; Reed;
Monroe, 2017).
Na escala de tempo geológico, o Holoceno faz parte do Período Quaternário, que começou há
cerca de 12 mil anos e segue até os dias atuais. Seu nome signi�ca totalmente recente, e é a
época mais recente da história da Terra. Iniciou-se após o �m do último período glacial do
planeta e, por isso, ele também é chamado de período pós-glacial. Entre suas características
climáticas, destaca-se por apresentar uma razoável estabilidade, fator que favoreceu o avanço
das populações humanas em diversas regiõesdo planeta (Wicander; Reed; Monroe, 2017). A
estabilidade climática propiciou o desenvolvimento econômico e social, e o ser humano expandiu
as atividades agrícolas e a domesticação dos animais, construiu cidades e montou uma máquina
de produção e consumo de bens e serviços (Alves, 2020). Assim, a população humana pôde
estruturar-se e expandir-se, de cerca de 5 milhões, no início do Holoceno, para cerca de 8 bilhões,
em 2023 (ONU, 2023).
https://cm-kls-content.s3.amazonaws.com/202401/ALEXANDRIA/RESPONSABILIDADE_SOCIAL_E_AMBIENTAL/PPT/u1enc_res_soc_amb.pdf
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Diante desse cenário, você pode compreender que toda essa expansão trouxe mudança
expressivas no meio ambiente, gerando uma série de impactos ambientais, como o aumento
drástico nos níveis dos GGE (gases do efeito estufa), extinção em massa de espécies animais e
vegetais, desenvolvimento de novas doenças e novos vírus, poluição do ar. A análise dos dados
da Angus Maddison, Historical Statistics of the World Economy e FMI 2022 demonstram que a
economia global cresceu 135 vezes em 250 anos, a renda per capita cresceu 15 vezes, enquanto
a população mundial cresceu 9,2 vezes (Global Footprint Network, 2022).
Figura 1 | Crescimento da economia, da população e da renda per capita mundial: 1722:2022. Fonte: Angus, Maddison,
Historical Statistics of the Worl Economy e FMI 2022.
Entretanto, você pode perceber que todo esse crescimento e enriquecimento humano ocorreu às
custas do encolhimento e empobrecimento do meio ambiente. As atividades antrópicas
ultrapassaram vários indicadores de sustentabilidade, como a capacidade de carga da Terra e a
Pegada Ecológica da humanidade, que extrapolaram a biocapacidade do planeta. Esse panorama
só parece piorar: a cada dia a nossa dívida com a natureza cresce e, junto com ela, também
cresce o processo de degradação ambiental, que pode destruir a base ecológica que sustenta a
economia e a sobrevivência humana (Alves, 2020). Como exemplo disso, as análises dos
resultados em 2013 demostraram que a Pegada Ecológica global estava 68% acima da
biocapacidade. Ou seja, a população mundial está utilizando cerca de 1,7 do planeta e caminha
para o uso de dois planetas até 2030.
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
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Figura 2 | Pegada Ecológica e biocapacidade global: 1961-2013. Fonte: adaptado de York University, FoDaFo, Global Footprint
Network, 2023.
O mundo vive um período de transformações inéditas, no que tem sido denominado por
cientistas e pensadores como a era do Antropoceno, que signi�ca época da dominação humana,
período em que a humanidade se tornou a força impulsionadora da degradação ambiental e o
vetor de ações que são catalisadoras de uma provável catástrofe ecológica. Se, por um lado, as
últimas décadas registraram um forte crescimento da economia e do consumo com a
globalização, por outro lado, a explosão demográ�ca, a urbanização e o aumento da poluição
estão provocando uma série de crises em nível global.
Nesse contexto, um dos principais desa�os é a questão da mudança do clima, em que os efeitos
adversos do aquecimento global, potencializados pela emissão de gases de efeito estufa, são
sentidos em todo o planeta. É importante frisar que o efeito estufa é fundamental para a
manutenção da vida no nosso planeta, responsável pela regulação da temperatura média global.
Esse aquecimento ocorre pela radiação solar. Parte dessa energia emitida pelo Sol à Terra é
re�etida para o espaço, outra parte é absorvida pela superfície terrestre e pelos oceanos. Uma
parcela do calor irradiado de volta ao espaço é retida pelos gases de efeito estufa (dióxido de
carbono (CO2), o gás metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), o ozônio (O3) e o vapor d’agua), de tal
modo que o equilíbrio energético é mantido, fazendo com que não haja grandes amplitudes
térmicas e as temperaturas �quem estáveis (Xavier; Kerr, 2008).
Entretanto, as atividades humanas, como aquelas ligadas à indústria, atividades agropecuárias,
uso de transportes e desmatamento estão potencializando o efeito estufa, pois são grandes
geradores dos gases do efeito estufa. Consequentemente, mais calor é aprisionado no sistema,
gerando o processo de aquecimento global. E, como resultado, temos a recorrência de eventos
climáticos e meteorológicos: chuvas, enchentes, tempestades, ciclones e secas são cada vez
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mais intensos, afetando as atividades agropecuárias e os ecossistemas, com a perda da
biodiversidade e a extinção de componentes da �ora e da fauna.
Esse quadro é reconhecido não somente pela ciência, mas também pelo conjunto de atores do
tabuleiro institucional, como organismos multilaterais, governos, setor empresarial e sociedade
civil. Tendo como referência o Acordo de Paris, que é um tratado global, os Estados têm se
comprometido a reduzir a emissão dos seus gases de efeito estufa, causadores do aquecimento
global, além do compromisso com um conjunto de medidas para reduzir as vulnerabilidades de
países, regiões e cidades em face da mudança do clima.
Enquanto o mundo se depara com as exigências da mudança do clima, um antigo problema
estrutural está de volta: o aumento da desigualdade econômica e social no mundo. Além de
impactar negativamente a economia e as relações sociais, a desigualdade tem se manifestado
em diversas dimensões, e uma delas é a ambiental. Ou seja, temos agora a desigualdade
ambiental, que se con�gura ora com as disparidades no acesso e consumo dos recursos
naturais entre países, ora com a alocação de riscos ambientais para regiões e populações mais
vulneráveis, afetadas desfavoravelmente pela poluição e danos ambientais. Além disso, mais
recentemente, em decorrência da emergência climática, temos o surgimento dos deslocados
ambientais, pessoas e grupos que são obrigados a deixar seus lares e países por conta de
desastres e eventos climáticos.
Sob essas circunstâncias, a sociedade civil, por meio das organizações não governamentais,
conhecidas pela sigla ONGs, tem se organizado e proposto medidas de combate às principais
crises na proteção do meio ambiente, seja por atuação em nível internacional, como o
enfrentamento da mudança do clima e da perda da biodiversidade, seja por atuação nacional e
regional, diretamente em projetos e iniciativas com povos tradicionais, pessoas e cidades.
Por tudo que se relacionou, constata-se que estamos em um período de problemas sistêmicos,
com consequências diretas nas atividades econômicas e sociais. Portanto, a importância do
conhecimento e compreensão dessas questões é um elemento agregador na formação
pro�ssional, justamente para se preparar para o manejo dos instrumentos e mecanismos de
superação das crises.
É Hora de Praticar!
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Em uma localidade no interior do Brasil, a notícia da possível implantação de uma fábrica
potencialmente causadora de signi�cativa degradação ambiental está causando intensos
debates entre poder público e moradores. De um lado, o poder público, em defesa da nova
atividade econômica, argumentando, em síntese, a oferta de novos empregos para a cidade. De
outro lado, moradores mais antigos, preocupados com os impactos da possível instalação da
fábrica para o meio ambiente, em especial porque a cidade tem sofrido com eventos climáticos,
como a ausência de chuvas e a falta de água para as atividades produtivas. Entre essas leituras,
encontra-se uma parcela substancial da população, que está apreensiva e não dispõe de um
conjunto de informações para uma opinião favorável ou contrária sobre a implementação do
novo empreendimento.
Nesse contexto, você, consultor na área ambiental, é contratado por uma organização não
governamental (ONG) com atuação na localidade para conferir as orientações dos processosde
análise e decisão sobre a possível instalação da fábrica. A ONG pretende solicitar uma audiência
pública e usar as informações que você, enquanto consultor, produziu para a compreensão da
dinâmica do processo de decisão para possível aprovação ou não da fábrica.
Você acredita que o aquecimento global esteja acontecendo no nosso planeta em decorrência
das atividades humanas ou é um apenas um processo natural?
Na sua opinião, está correto o uso do termo Antropoceno para descrever a época mais recente
da história do planeta Terra?
Para você, o mundo, no atual momento, passa por um período com aumento da desigualdade
econômica e social?
Em primeiro lugar, ao ser contratado como consultor, é importante destacar a legitimidade de
todos os envolvidos – população, ONGs e poder público – no processo de consciência e
participação sobre a possível instalação dessa nova fábrica. Isso porque a legislação brasileira e
os instrumentos internacionais de proteção ao meio ambiente destacam a centralidade do
princípio da participação comunitária, ou seja, que todos os afetados e interessados direta e
indiretamente sejam ouvidos no processo de tomada de decisão. No caso, de um lado há o
interesse do poder público, justi�cado pela possibilidade de geração de novos empregos na
cidade; de outro lado, uma parcela dos moradores preocupados com os impactos dessa nova
fábrica no ambiente e nas suas atividades.
De forma a conferir respaldo técnico às informações de sua consultoria, é importante enumerar
alguns dos principais diplomas da participação comunitária, como a Declaração do Rio de
Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, de 1992, que dispõe em seu art. 10 que “[...] o
melhor modo de tratar as questões ambientais é com a participação de todos os cidadãos
interessados [...]”; e isso inclui “[...] a informação sobre os materiais e as atividades que oferecem
perigo a suas comunidades, assim como a oportunidade de participar dos processos de adoção
de decisões” (ONU, 1992). Outro importante diploma nesse sentido é o Acordo de Escazú, que
garante os “direitos de acesso”, compreendendo o direito à informação, à participação pública
nos processos de tomada de decisões em questões ambientais e o direito de acesso à justiça
(ONU, 2018).
No que se refere à legislação brasileira, ela estabelece a participação em vários diplomas legais,
prevendo a audiência e a consulta pública no licenciamento ambiental de atividades
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
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potencialmente causadoras de signi�cativa degradação ou poluição, situação correspondente ao
caso em discussão (Conama, 1986; 1987; 2020). Ou seja, todas vezes que se con�gurar uma
obra ou atividade causadora de poluição ou degradação de forma signi�cativa, haverá a
possibilidade de uma audiência pública para ouvir a população. E, nesse caso, o órgão ambiental
responsável deverá trazer as informações dos impactos positivos e negativos do
empreendimento. É pertinente destacar que nessa audiência pública a população poderá fazer
perguntas, esclarecer dúvidas e ter acesso às informações que julgar necessárias para
compreender as implicações de uma fábrica. Portanto, esse conjunto de dados deverá ser
evidenciado em sua consultoria. Por esses elementos, ressalta-se que as políticas públicas que
afetam pessoas, populações, cidades e regiões devem ser fruto de uma construção dialógica
entre os atores envolvidos, e não a sobreposição de uma única interpretação.
Para �xar seu aprendizado, veja no infográ�co a seguir os principais tópicos estudados nesta
unidade:
Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
Figura 1 | Antropoceno e as crises social e ambiental: conceitos importantes. Fonte: elaborado
pelo autor.
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
ALVES, J. E. D. Antropoceno: a era do colapso ambiental. Disponível em: https://cee.�ocruz.br/?
q=node/1106. Acesso em: 27 ago. 2022.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução Conama nº 001/1986. Dispõe sobre
critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. Diário O�cial da
União, Brasília, DF, 17 fev. 1986, p. 2548-2549. Disponível em: http://conama.mma.gov.br/?
option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=745. Acesso em: 30 ago. 2023.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução Conama nº 009/1987. Dispõe sobre a
questão de audiências públicas. Diário O�cial da União, Brasília, DF, 5 jul. 1990, p. 12945.
Disponível em: http://conama.mma.gov.br/?
option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=60. Acesso em: 30 ago. 2023.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução Conama nº 424/2020. Estabelece, em
caráter excepcional e temporário, nos casos de licenciamento ambiental, a possibilidade de
realização de audiência pública de forma remota, por meio da Rede Mundial de Computadores,
durante o período da pandemia do Novo Coronavírus (COVID-19). Diário O�cial da União, Brasília,
DF, 12 ago. 2020, seção 1, p. 154. Disponível em: http://conama.mma.gov.br/?
option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=793. Acesso em: 30 ago. 2023.
COSTA, A. Antropoceno: desmandamentos gravados em rocha. In: Os mil nomes de Gaia: do
Antropoceno à idade da terra, v. 1. Rio: Machado, 2023.
GLOBAL FOOTPRINT NETWORK. Crescimento da economia, da população e da renda per capita
mundial: 1722:2022. Disponível em: http://data.footprintnetwork.org/. Acesso em: 19 out. 2023.
ONU. Acordo regional sobre acesso à informação, participação pública e acesso à justiça em
assuntos ambientais na América Latina e no Caribe, adotado em Escazú (Costa Rica) em 4 de
março de 2018. Disponível em:
https://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/43611/S1800493_pt.pdf?
sequence=1&isAllowed=y . Acesso em: 30 ago. 2023.
ONU. Declaração do Rio de Janeiro sobre meio ambiente e desenvolvimento. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S0103-40141992000200013. Acesso em: 30 ago. 2022. 
ONU. População mundial deve ultrapassar marca de 8 bilhões ainda este ano. ONU News.
Disponível em: https://curtlink.com/qjDY. Acesso em: 19 out. 2023. 
York University, FoDaFo, Global Footprint Network, 2023. Disponível em:
https://data.footprintnetwork.org/#/countryTrends?cn=5001&type=BCpc,EFCpc. Acesso em: 21
mar. 2024. 
WICANDER, R.; MONROE, J. Geologia. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2017.
XAVIER, M. E. R.; KERR, A. A. F. S. O efeito estufa e as mudanças climáticas globais. USP
Repositório, 2008. Disponível em: http://www.fap.if.usp.br/~akerr/efeito_estufa.pdf. Acesso em:
19 out. 2023.
,
Unidade 2
Governança e proteção ambiental
https://cee.fiocruz.br/?q=node/1106
https://cee.fiocruz.br/?q=node/1106
http://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=745
http://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=745
http://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=60
http://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=60
http://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=793
http://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=793
http://data.footprintnetwork.org/
https://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/43611/S1800493_pt.pdf?sequence=1&isAllowed=y
https://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/43611/S1800493_pt.pdf?sequence=1&isAllowed=y
https://doi.org/10.1590/S0103-40141992000200013
https://curtlink.com/qjDY
https://data.footprintnetwork.org/#/countryTrends?cn=5001&type=BCpc,EFCpc
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Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
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Aula 1
Proteção Ambiental Internacional
Proteção ambiental internacional
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Bonsestudos!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
É uma alegria tê-lo conosco em mais uma aula da disciplina de Responsabilidade Social e
Ambiental!
Nossa temática será sobre o sistema de proteção e governança ambiental internacional. Ela
permitirá que você compreenda o processo de reconhecimento e a�rmação da proteção
ambiental no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU). Por meio das conferências da
ONU, discussões como mudanças do clima, sustentabilidade e outras passaram a fazer parte do
nosso dia a dia pro�ssional. Além disso, há a aplicabilidade dos documentos internacionais no
ordenamento jurídico brasileiro, em um diálogo cada vez mais recorrente, para que os desa�os
ambientais sejam enfrentados por todos os Estados.
Você, que atua como professor em uma instituição do ensino fundamental e médio, �cou
responsável pela elaboração de uma atividade extracurricular, cujo objetivo é descartar a
importância dos acordos e conferência ambientais. Para isso, decidiu organizar uma mostra de
painéis trabalhando os pontos descritos a seguir:
O que é a ONU? Qual a sua importância para a temática ambiental e social?
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Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
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Qual a importância das conferências ambientais?
Escolha e discorra sobre uma importante conferência de sua escolha.
Vamos Começar!
A proteção ambiental internacional
A temática ambiental entrou na agenda global na década de 1960, do século passado, a partir
das preocupações com os efeitos da explosão demográ�ca mundial e do aumento da poluição.
Em um período de forte expansão do comércio e das atividades econômicas houve a
constatação dos limites desse crescimento, que se tornou um assunto de debates entre
pesquisadores e atores das instâncias internacionais.
O sistema internacional contemporâneo é relativamente recente, originado no �nal da Segunda
Guerra Mundial, com a Conferência de São Francisco, de 1945, que aprovou a Carta de São
Francisco, de criação da Organização das Nações Unidas (ONU). O propósito primordial da ONU
é o de garantir a paz mundial, mas também o de “conseguir uma cooperação internacional para
resolver os problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural ou humanitário [...]” e
de “ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução desses
objetivos comuns” (Brasil, 1945). Assim, a ONU se tornou o centro das discussões globais,
atuando por meio de seus conselhos: Segurança, Econômico e Social e outros; de suas
comissões: Direitos Humanos (desde 2006 se transformou em Conselho) etc.; E de suas
agências especializadas: Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (Unesco); Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO); Fundo
Monetário Internacional (FMI).
No que se refere ao direito internacional, em que os principais sujeitos são os Estados, é preciso
destacar o papel da ONU, que se tornou o lócus de formação de um arcabouço de normas e
instituições em várias áreas, como direitos humanos, educação, cultura e meio ambiente. Com
essa perspectiva, a discussão entre Estados é fundamental para a formação de normas
ambientais internacionais com o objetivo comum de proteção ao meio ambiente em todas as
suas dimensões. Vários problemas ambientais são de caráter transnacional e exigem ações
multilaterais e cooperativas (Bursztyn; Bursztyn, 2012).
A formalização da proteção ambiental no âmbito internacional se dá essencialmente por meio de
dois tipos de atos: tratados e declarações. Os tratados são �rmados entre Estados e podem ser
bilaterais (dois Estados) ou multilaterais (vários Estados). Um tratado possui força jurídica
vinculante, assim, é chamado de hard law. Os tratados podem ser globais, quando estabelecidos
em organizações de abrangência mundial (exemplo: ONU), ou regionais, quando �rmados por
países de uma determinada região do mundo ou em uma organização delimitada
geogra�camente (exemplo: OEA). Os tratados de direito ambiental costumam receber a
denominação de convenção, porque costumam ser oriundos de conferências especí�cas para
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
debater temáticas ambientais. Já as declarações, que no direito ambiental não têm força jurídica
vinculante, são chamadas de soft law, ou seja, não são normas impositivas, mas formam os
princípios do direito internacional. Esses são gradativamente reconhecidos nas instâncias
internacionais e nacionais. Portanto, ao estudar o direito ambiental, esses dois tipos de atos são
os mais frequentes.
Os tratados em matéria ambiental costumam ter algumas características, tais como: (i) os
países signatários se submetem às regras comuns; (ii) os países adotam uma cooperação
interestatal, por meio de agências internacionais ou órgãos especí�cos que são criados; (iii) o
conteúdo dos tratados depende do estágio atual do conhecimento cientí�co; (iv) os tratados
podem comportar obrigações diferenciadas entre países (Bursztyn; Bursztyn, 2012). Os tratados
ambientais são compromissos para enfrentar questões como poluição, diversidade biológica,
mudança do clima, �orestas, dentre outros, que são reveladores de como as dinâmicas
ambientais não respeitam fronteiras de Estados. Exige-se deles a cooperação e a articulação
comum para o enfrentamento dos desa�os ambientais.
É evidente que esse é um processo complexo, com di�culdades, porque a estrutura do direito
internacional foi construída em observância a um dos pressupostos do Estado moderno, a
soberania. E isso signi�ca a autodeterminação dos seus territórios para dispor livremente de
suas riquezas e recursos naturais. Além disso, a autodeterminação está diretamente ligada ao
desenvolvimento, que é um argumento presente entre os países, em especial os emergentes,
marcados pela desigualdade em múltiplas dimensões – econômica, social, ambiental. A
cooperação para lidar com os problemas ambientais deve equacionar esses desa�os. Isso
demonstra a complexidade dos debates nas instâncias internacionais.
A partir da década de 1970, há o franco desenvolvimento do direito internacional do meio
ambiente, que ocorreu com as conferências no âmbito da Organização das Nações Unidas
(ONU), como observaremos a seguir.
Siga em Frente...
As conferências ambientais da ONU
Entender o processo de constituição das instâncias de governança ambiental internacional
passa pela compreensão das conferências das Nações Unidas sobre a temática. Da primeira
conferência, em 1972, até os dias atuais, a ONU promoveu quatro conferências mundiais, que
foram decisivas para que assuntos como meio ambiente equilibrado, desenvolvimento
sustentável, mudanças climáticas, entre outros, assumissem centralidade na agenda global. São
elas:
1. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (1972).
2. Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992).
Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
3. Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+10 (2002).
4. Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+20 (2012).
Em 1968, a Assembleia Geral das Nações Unidas, por meio da Resolução 2.398 (XXIII), decidiu
pela realização de uma conferência mundial para discutir as questões ambientais. Dessa forma,
ocorreu, de 5 a 16 de junho de 1972, na cidade de Estocolmo, Suécia, a Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, que é considerada um marco do direito ambiental
internacional.
No curso dos trabalhos da Conferência, os países participantes dividiram-se em duas correntes
de interpretação dos problemas ambientais (Melo, 2017): (i) de um lado, os preservacionistas,
liderados pelos países desenvolvidos, que defenderam a mitigação nas intervenções antrópicas
do meio ambiente; e (ii) de outro, os desenvolvimentistas, composta pelos países em
desenvolvimento, entre os quais o Brasil, que defendiam a aceitação da poluição e que a
preocupação deveria ser com o crescimentoeconômico.
Ao término dos trabalhos, foi editada a Declaração de Estocolmo sobre Meio Ambiente Humano,
com 26 princípios. O Princípio 1 da Declaração reconhece o meio ambiente com qualidade como
direito fundamental:
O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida
adequadas, em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna, gozar
de bem-estar e é portador solene de obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente, para as
gerações presentes e futuras (Declaração de Estocolmo sobre Meio Ambiente Humano, 1972).
No quadro de governança internacional, em dezembro de 1972, foi criado o Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), com sede em Nairóbi, Quênia, responsável por
promover a proteção ao meio ambiente e o uso e�ciente de recursos naturais no contexto do
desenvolvimento sustentável. O PNUMA é uma agência do sistema das Nações Unidas e a
principal autoridade global em meio ambiente (Melo, 2017).
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92), realizada
em 1992, na cidade do Rio de Janeiro, também conhecida como a Cúpula da Terra, representou o
momento máximo da preocupação ambiental global. Foram produzidos cinco documentos
internacionais: (i) Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento; (ii) Agenda 21; (iii)
Convenção-Quadro sobre Mudanças do Clima; (iv) Convenção sobre Diversidade Biológica ou da
Biodiversidade (v) Declaração de Princípios sobre Florestas. A Declaração do Rio é um
documento que contém 27 princípios, norteadores do direito ambiental na esfera internacional e
fonte para o desenvolvimento principiológico na legislação ambiental dos países.
No que se refere à Agenda 21, trata-se de um documento programático com 40 capítulos, em que
se estabelecem diretrizes para a implementação do desenvolvimento sustentável, do espaço
global ao local. Já a Convenção sobre Diversidade Biológica é o mais importante instrumento
internacional de proteção da biodiversidade. Os objetivos da Convenção sobre Diversidade
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Biológica são: (i) a conservação da diversidade biológica; (ii) a utilização sustentável de seus
componentes; e (iii) a repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da utilização dos
recursos genéticos, mediante, inclusive, o acesso adequado aos recursos genéticos e a
transferência adequada de tecnologias pertinentes, levando em conta todos os direitos sobre tais
recursos e tecnologias, e mediante �nanciamento adequado (Melo, 2017).
Por �m, a Declaração de Princípios sobre Florestas é um documento sem força jurídica
vinculativa. Em seu conteúdo, essa declaração exprime que os países, em especial os
desenvolvidos, devem empreender esforços para recuperar a Terra por meio de re�orestamento,
arborização e conservação �orestal.
Em 2002, a ONU promoveu, em Johanesburgo, África do Sul, a Cúpula Mundial sobre
Desenvolvimento Sustentável, também conhecida como Rio+10. Em seus debates, emergiu a
necessidade de adoção de medidas concretas para executar os objetivos da Agenda 21, até
então não su�cientemente implementados, além do enfoque na importância da concretização de
políticas públicas para um crescimento com sustentabilidade. Dois foram os documentos o�ciais
da Cúpula Mundial: (i) Declaração Política; e (ii) o Plano de Implementação.
A Declaração Política, denominada O Compromisso de Johanesburgo sobre Desenvolvimento
Sustentável, rea�rma os princípios das duas conferências anteriores e faz uma análise da
pobreza e da má distribuição de renda no mundo. O Plano de Implementação é o documento das
metas, assentadas em três objetivos: (i) a erradicação da pobreza; (ii) a alteração nos padrões
insustentáveis de produção e consumo; e (iii) a proteção dos recursos naturais para o
desenvolvimento econômico e social. A partir deles, o Plano de Implementação relaciona as
medidas de desenvolvimento sustentável para cada região do planeta.
Em junho de 2012, a cidade do Rio de Janeiro foi palco da Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). A Rio+20 teve dois temas principais: (i) a economia verde
no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; e (ii) a estrutura
institucional para o desenvolvimento sustentável (Melo, 2017). A Rio+20 não teve a mesma
representatividade das conferências anteriores. Os países desenvolvidos, diante da crise
econômica global de 2008, optaram por não se comprometer com medidas vinculantes ou
mesmo metas especí�cas para as diversas temáticas com pertinência ambiental. O documento
�nal da Conferência é denominado O Futuro que Queremos, e contém 283 tópicos que, em linhas
gerais, relaciona a renovação dos compromissos políticos das conferências anteriores
(Estocolmo/1972, Rio/1992 e Johanesburgo/2002) e consigna proposições genéricas da
economia verde e o quadro institucional para o desenvolvimento sustentável (Melo, 2017).
Por �m, em 28 de julho de 2022, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução
declarando que todas as pessoas têm direito a um meio ambiente limpo e saudável (ONU, 2022).
Apesar de não ser vinculante, a resolução é um importante indicativo para a proteção ambiental
em todo o planeta.
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A Interface internacional e o direito brasileiro
As decisões proclamadas nas conferências das Nações Unidas e nos acordos internacionais têm
in�uência direta na estrutura jurídica e nos órgãos de governança ambiental nacional. Há uma
simbiose entre direito internacional e nacional na proteção ambiental. Isso se dá tanto pela
incorporação dos tratados ambientais na ordem jurídica brasileira quanto pela inspiração na
elaboração de diplomas legais na legislação brasileira.
Inicialmente, a aprovação de um tratado pelo Brasil passa por estágios, como a negociação, a
assinatura pelo representante do Estado, a aprovação pela Câmara dos Deputados e Senado
Federal, e a rati�cação, ato pelo qual o país assume a obrigação de cumpri-lo no plano
internacional. Com essas etapas, o tratado é válido em nível internacional. Para exempli�car, no
caso da Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima, o Brasil assumiu o compromisso de reduzir
as suas emissões de gases de efeito estufa, o que implica uma série de medidas e instrumentos
para observar as prescrições da Convenção-Quadro, e afeta todos os setores do país, como o
poder público, a esfera empresarial e a sociedade civil. O Acordo de Paris, decorrência da
Convenção-Quadro, também foi incorporado à ordem jurídica brasileira.
Figura 1 | Status dos tratados de direitos humanos. Fonte: elaborado pelo autor.
Outro exemplo de aplicabilidade dessa sistemática é Convenção sobre Diversidade Biológica,
que além de incorporada internamente, proporcionou a edição do Decreto 4.339/2002, com os
princípios e diretrizes para a implementação da Política Nacional da Biodiversidade.
A Declaração de Estocolmo, de 1972, inseriu o meio ambiente no rol dos direitos humanos,
enquanto o Relatório Nosso Futuro Comum, de 1987, consignou que o meio ambiente deve ser
protegido para as presentes e futuras gerações. O art. 225 da Constituição de 1988, que é o
coração da proteção ambiental em nível constitucional, dispôs que o meio ambiente
ecologicamente equilibrado é um direito fundamental e que deve ser protegido para as presentes
e futuras gerações (Brasil, 1988). Essa passagem demonstra a in�uência das discussões da
ONU. Em nível infraconstitucional, o exemplo mais signi�cativo é a Declaração do Rio de Janeiro,
de 1992, que trouxe princípios internacionais de proteção ao meio ambiente, que são atualmente
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previstos na legislação brasileira, como os princípios da precaução, poluidor-pagador,
participação comunitária, informação e análogos.
No que se refere à estrutura administrativa brasileira, ela é igualmente in�uenciada pelas
conferências das Nações Unidas. Após a realização da Conferência de Estocolmo,o Brasil criou,
em 1973, no âmbito do Ministério do Interior, a Secretaria Especial de Meio Ambiente da
Presidência da República, como primeiro órgão nacional de proteção ao meio ambiente. Em
1992, após a Cúpula da Terra (Rio/92), a Secretaria de Meio Ambiente se transformou no
Ministério do Meio Ambiente e Amazônia Legal, integrando a estrutura diretamente vinculada à
Presidência da República (Melo, 2017). Por todos esses elementos, evidencia-se a in�uência do
domínio internacional em face da legislação brasileira.
Vamos Exercitar?
Trabalhamos, na aula de hoje, o sistema de proteção e governança ambiental internacional e
ainda compreendemos o processo de reconhecimento e a�rmação da proteção ambiental no
âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU). Por meio das conferências da ONU,
discussões como mudanças do clima, sustentabilidade e outras passaram a fazer parte do
nosso dia a dia pro�ssional. Diante disso, você, atuando como professor em uma instituição do
ensino fundamental e médio, �cou responsável pela elaboração de uma atividade extracurricular
cujo objetivo é descartar a importância dos acordos e conferências ambientais. Para isso,
decidiu organizar uma mostra de painéis trabalhando os pontos descritos a seguir:
O que é a ONU? Qual sua importância para a temática ambiental e social?
Qual a importância das conferências ambientais?
Escolha e discorra sobre uma importante conferência de sua escolha.
As pesquisas realizadas por meio de sua orientação geraram as informações a seguir, as quais
foram organizadas nos painéis:
A Organização das Nações Unidas (ONU) é uma organização intergovernamental criada
para promover a cooperação internacional. Uma substituição à Liga das Nações, a
organização foi estabelecida em 24 de outubro de 1945, após o término da Segunda Guerra
Mundial, com a intenção de impedir outro con�ito como aquele. É o principal organismo
internacional e visa essencialmente: preservar a paz e a segurança mundial; estimular a
cooperação internacional na área econômica, social, cultural e humanitária; promover o
respeito às liberdades individuais e aos direitos humanos.
Já as conferências ambientais têm o objetivo de repensar os caminhos que a sociedade
está tomando. Líderes de todo o mundo buscam soluções para que o desenvolvimento
econômico continue a avançar sem que os recursos naturais sejam esgotados e que não
ocorra avanço da poluição.
Conferência de Estocolmo; Primeira Conferência Mundial do Clima; Conferência Rio 92; A
primeira de todas as COPs; COP3 e o Protocolo de Kyoto; COP21 e o Acordo de Paris.
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Saiba mais
Nesta aula, estudamos o sistema internacional de proteção ao meio ambiente. Como forma de
nos aprofundarmos no tema, uma sugestão é conhecer o site da Companhia Ambiental do
Estado de São Paulo (Cetesb), que mantém um banco de dados com as principais convenções
internacionais em matéria de meio ambiente. Trata-se de uma oportunidade de conhecer os
documentos e instrumentos globais das principais temáticas ambientais. Procure conhecer os
principais documentos ambientais em nível internacional.
Além disso, falamos da importância dos acordos e conferências internacionais, que se atenta à
necessidade de um critério e de princípios comuns que ofereçam aos povos do mundo
inspiração e guia para preservar e melhorar o meio ambiente humano. Entre essas conferências,
destaca-se a de Estocolmo, que publicou princípios importantes. Para saber mais sobre esse
assunto, leia a Declaração de Estocolmo sobre o ambiente humano, e conheça esses princípios. 
Outro ponto de destaque nesta aula foi compreender o papel-chave da ONU (Organização das
Nações Unidas) na organização das conferências ambientais. Para conhecer mais o trabalho e a
importância dessa organização, leia As Nações Unidas no Brasil. 
Referências
BRASIL. Decreto 19.841, de 22 de outubro de 1945. Promulga a Carta das Nações Unidas, da qual
faz parte integrante o anexo Estatuto da Corte Internacional de Justiça, assinada em São
Francisco, a 26 de junho de 1945, por ocasião da Conferência de Organização Internacional das
Nações Unidas. Diário O�cial da União, Brasília, DF. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/d19841.htm. Acesso em: 15 set. 2022.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília,
DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm. Acesso em: 1 ago. 2022.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal.  Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 708
Distrito Federal. Relator: Min. Roberto Barroso, 4 de julho de 2022. Disponível em:
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5951856. Acesso em: 18 set. 2022.
BURSZTYN, M.; BURSZTYN, M. A. Fundamentos de política e gestão ambiental: caminhos para a
sustentabilidade. Rio: Garamond, 2012.
ONU. Declaração do Rio de Janeiro sobre meio ambiente e desenvolvimento de 2012.
Documentos Estud., v. 6, n. 15. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-
40141992000200013. Acesso em: 30 ago. 2022.
ONU declara que meio ambiente é um direito humano. Nações Unidas Brasil, 29 jul. 2022.
Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/192608-onu-declara-que-meio-ambiente-saudavel-e-um-
https://cetesb.sp.gov.br/centroregional/
https://cetesb.sp.gov.br/centroregional/
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/2167.pdf
https://brasil.un.org/pt-br/about/about-the-un
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/d19841.htm
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5951856
https://doi.org/10.1590/S0103-40141992000200013
https://doi.org/10.1590/S0103-40141992000200013
https://brasil.un.org/pt-br/192608-onu-declara-que-meio-ambiente-saudavel-e-um-direito-humano
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direito-humano. Acesso em: 18 set. 2022.
MELO, F. Direito ambiental. 2. ed. São Paulo: Método, 2017. 
Aula 2
Desenvolvimento Sustentável
Desenvolvimento sustentável
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Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender
conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la? 
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Bons estudos!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
É uma alegria tê-los conosco em uma aula sobre um tema fundamental para a sua formação: a
sustentabilidade!
Atualmente, não há nenhuma discussão estatal ou empresarial que prescinda da
sustentabilidade enquanto um valor central para as nossas sociedades, em todas as escalas, do
global ao local. Por meio da sustentabilidade, temos o compromisso de compatibilização das
atividades econômicas com a proteção ao meio ambiente.
Para compreendermos melhor, é necessário retomarmos a história de João, que se mudou para
outro país e que, anos antes de se mudar, trabalhou numa empresa, a qual, em face de questões
ambientais e investimento necessário ao cumprimento da legislação ambiental, mudou-se para
outro país com legislação ambiental mais amena.
https://brasil.un.org/pt-br/192608-onu-declara-que-meio-ambiente-saudavel-e-um-direito-humano
https://cm-kls-content.s3.amazonaws.com/202401/ALEXANDRIA/RESPONSABILIDADE_SOCIAL_E_AMBIENTAL/PPT/u2a2_res_soc_amb.pdf
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Daniel, um ex-colega de trabalho de João, com o qual até hoje ele mantém contato pela amizade
que tinham, con�denciou a João algumas questões. Entre elas, a política da empresa, pouco
comprometida com a sustentabilidade em razão desse novo país e suas peculiaridades. Trata-se
de um país rico em recursos naturais, mas com pouca infraestrutura. As pessoas são
extremamente pobres e há escassez na oferta de emprego, por isso as �las são longas quando a
empresa abre vagas. O governo não empreendeesforço algum no desenvolvimento sustentável,
tanto que o poder público local carece de pessoas com entendimento apurado sobre meio
ambiente, e a corrupção impera, haja vista a carência �nanceira.
Daniel é o executivo responsável pela imagem dessa empresa e, sendo assim, é de sua
competência que o desenvolvimento sustentável seja promovido pela empresa em razão do meio
no qual está inserido. Daniel se vê num dilema porque esses temas não são, em hipótese
alguma, preocupação dessa sociedade, dando a entender que não internalizaram o que é
sustentabilidade e, por esse motivo, o poder público não impõe limites às atividades
empresariais, exigindo a promoção do desenvolvimento sustentável. Daniel conseguiu, desse
modo, compreender por que a legislação é amena.
Com base na situação descrita anteriormente, podemos nos questionar: a conscientização social
é fator determinante à sustentabilidade? Se o desenvolvimento sustentável é um movimento da
globalização, a empresa deveria tomar decisões que promovessem essa consciência? A crise
econômica e a falta de compromisso social repercutem na ausência do desenvolvimento
sustentável?
Um abraço!
Vamos Começar!
A concepção de desenvolvimento sustentável
Sustentabilidade é uma palavra de origem latina, sustentare, e signi�ca sustentar, manter algo.
Na primeira metade do século XX, a sustentabilidade esteve majoritariamente ligada aos
domínios da biologia e, em especial, da ecologia. Ao longo da segunda metade do século XX, o
termo se estende para a problemática da explosão demográ�ca e da poluição na sociedade
global (Almeida, 2016, p. 58).
A noção de sustentabilidade, em sentido amplo, é primordialmente a manutenção dos sistemas
de suporte à vida. Portanto, a sustentabilidade é um conceito sistêmico, visto que conjuga
saberes interdisciplinares, especi�camente aqueles de sustentação da vida no planeta e, no caso
da vida humana, os processos econômicos, sociais, culturais, e, claro, ambientais.
A partir dos domínios da ecologia e suas preocupações com a superpopulação, o uso dos
recursos naturais e a poluição e seus resíduos, houve a transposição de suas análises para
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outros domínios, notadamente por meio dos relatórios patrocinados pelo Clube de Roma, grupo
de empresários e pensadores formado no �nal da década de 1960 e que patrocinou uma série de
discussões sobre o futuro do planeta. Um dos estudos foi particularmente importante,
denominado Os Limites do Crescimento ou Relatório Meadows, do ano de 1972, elaborado por
cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT). A principal conclusão desse estudo
cientí�co foi de que:
Se se mantiverem as tendências atuais de crescimento da população mundial, da
industrialização, da poluição, da produção de alimentos e de esgotamento de recursos, os limites
de crescimento do nosso planeta serão atingidos nos próximos cem anos. O resultado mais
provável vai ser um declínio súbito e incontrolável da população e da capacidade produtiva
(Relatório Meadows apud Tamares,1983, p. 151).
Contudo, o relatório cientí�co apontou:
É possível alterar essas tendências de crescimento e criar condições de estabilidade ecológica e
económica que podem ser mantidas a longo prazo. O estado de equilíbrio global pode ser
concebido de forma a garantir, a cada habitante da Terra, a satisfação das necessidades
materiais básicas e a igualdade de oportunidades por forma que cada pessoa possa atingir a sua
plena realização humana (Relatório Meadows apud Tamares,1983, p. 151).
Apesar das críticas que recebeu, diante de suas projeções pouco otimistas sobre o futuro da
humanidade, deixando clara a �nitude de recursos naturais em uma sociedade de consumo
acelerado, o Relatório Meadows contribuiu para que as discussões ambientais adentrassem
de�nitivamente no âmbito global. A�nal, ele tocou num ponto central para o sistema econômico
global: a necessidade de limitações nos padrões de produção e consumo.
É a partir desse momento que entra em debate uma série de termos e teorias para equacionar as
premissas do crescimento econômico em um mundo �nito, limitado. Por isso, a ideia de
crescimento, central para o pensamento moderno, e intensi�cada após o término da Segunda
Guerra, precisará ser sustentada, razão pela qual se iniciam as formulações teóricas para uma
concepção de desenvolvimento, que deverá ser sustentável. Isto é, um desenvolvimento em que
a economia seja sustentada pelo uso racional dos recursos naturais; o que é preciso reconhecer,
trata-se de um dos grandes desa�os da contemporaneidade.
A evolução do conceito de desenvolvimento sustentável
Em 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou a Conferência sobre o Meio
Ambiente Humano, em Estocolmo, Suécia. Nesse período, deu-se o delineamento dos contornos
da expressão ecodesenvolvimento por Maurice Strong – Secretário Geral dessa convenção –,
cabendo a Ignacy Sachs a popularização do conceito como um projeto de desenvolvimento
socialmente inclusivo, ecologicamente viável e economicamente sustentado, o qual se converteu
com o passar dos anos no conceito de desenvolvimento sustentável. A expressão
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desenvolvimento sustentável apareceu pela primeira vez no ano de 1980, no documento
intitulado Estratégia de Conservação Mundial (World Conservation Strategy) (Barbieri, 2020).
Em 1983, a ONU criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, cujo longo
ciclo de audiências e debates com líderes políticos e organizações em todo o planeta resultou,
em 1987, no Relatório Nosso Futuro Comum, também conhecido como Relatório Brundtland
(Melo, 2017). Esse documento de�niu os contornos clássicos do desenvolvimento sustentável,
que passou a ser considerado como aquele “[...] que atende às necessidades das gerações
atuais sem comprometer a capacidade de as futuras gerações terem suas próprias necessidades
atendidas” (ONU, 1991). O Relatório Nosso Futuro Comum é um manifesto essencialmente ético,
de conjugação da economia com os propósitos de justiça social e ambiental. A partir de sua
elaboração, expressões como desenvolvimento sustentável e sustentabilidade passam a ser
associadas como sinônimos.
Em 1992, a ONU realizou a Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(Rio/92) e o conceito de desenvolvimento sustentável cristalizou-se por meio de um dos seus
principais documentos: a Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,
cujas principais proposições são (ONU, 1992):
Os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável. Têm
direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza (Princípio 1).
O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas
equitativamente as necessidades de desenvolvimento e de meio ambiente das gerações
presentes e futuras (Princípio 3).
Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental constituirá parte integrante
do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente deste (Princípio 4).
Para todos os Estados e todos os indivíduos, como requisito indispensável para o
desenvolvimento sustentável, irão cooperar na tarefa essencial de erradicar a pobreza, a �m de
reduzir as disparidades de padrões de vida e melhor atender às necessidades da maioria da
população do mundo (Princípio 5).
Para alcançar o desenvolvimento sustentável e uma qualidade de vida mais elevada para todos,
os Estados devem reduzir e eliminar os padrões insustentáveis de produção e consumo, e
promover políticas demográ�cas adequadas (Princípio 8).
A Declaração do Rio Janeiro pretendeu, por meio de suas proposições, conciliar os pleitos do
mercado capitalista com as carências dos países em desenvolvimento e pobres, o que terminou
por elencar princípios contraditórios. De qualquer forma, por meio de uma declaração �exível –
soft law – foi possível articular o desenvolvimento sustentável em escalas e esferas, do global ao
local,dos mercados à sociedade civil, apesar de tal abrangência se reduzir ao plano discursivo.
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Outro documento representativo dessas conjugações foi igualmente editado ao término dos
trabalhos da Rio/92, a ambiciosa Agenda 21. Trata-se de um documento programático, com 40
capítulos, com as diretrizes para a implementação do desenvolvimento sustentável em todas as
escalas, do global ao local, para o século XXI (Melo, 2017). Apesar de festejada em sua edição, a
Agenda 21 foi perdendo força com os passar dos anos.
A interpretação de desenvolvimento sustentável foi consolidada com a Cúpula Mundial sobre
Desenvolvimento Sustentável (Rio + 10), realizada em Johannesburgo, África do Sul, em 2002. A
conferência admitiu as limitações e as di�culdades na implementação da Agenda 21, mas
rea�rmou o signi�cado de desenvolvimento sustentável da Rio/92. A Declaração de
Johannesburgo sobre o Desenvolvimento Sustentável (2002 apud Melo, 2017, p. 29) defendeu o
capitalismo verde, diante da globalização e que “[...] a rápida integração de mercados, a
mobilidade do capital e os signi�cativos aumentos nos �uxos de investimento mundo afora
trouxeram novos desa�os e oportunidades para a busca do desenvolvimento sustentável.
Contudo, ainda conforme a referida Declaração (2002 apud Melo, 2017, p. 29), “[...] os benefícios
e custos da globalização são distribuídos desigualmente, e os países em desenvolvimento
enfrentam especiais di�culdades para encarar esse desa�o”.
Da edição do Relatório Bruntland, passando pela Agenda 21, até chegar aos dias atuais, a esfera
internacional reforçou o aspecto de multiplicidade de signi�cados de desenvolvimento
sustentável e da expressão sustentabilidade, que, inclusive, foi apropriada por adjetivações, tais
como sustentabilidade ambiental, econômica, social, cultural e tantas outras denominações.
Siga em Frente...
Sustentabilidade no âmbito estatal e corporativo
O desenvolvimento sustentável é um princípio no direito brasileiro. A Constituição de 1988, em
seu art. 170, disciplina que a ordem econômica é fundada na valorização do trabalho e na livre-
iniciativa e visa assegurar uma existência digna para todos, conforme os ditames da justiça
social, com a observância, entre outros, dos princípios da função social da propriedade e da
defesa do meio ambiente (Brasil, 1988). Por função social, entende-se que o exercício do direito
de propriedade impõe o respeito pelas normas ambientais (Melo, 2017). A defesa do meio
ambiente nas atividades econômicas ocorre igualmente por meio do tratamento diferenciado
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e
prestação (Brasil, 1988).
Na ordem constitucional brasileira, o desenvolvimento sustentável encontra-se na conjugação do
art. 170 – ordem econômica – com o art. 225 – proteção ao meio ambiente (Melo, 2017). Apesar
disso, há uma constante tensão na implementação das atividades econômicas com as normas
jurídicas de proteção ambiental. Daí surge a indagação: em caso de confronto entre uma
atividade econômica e a proteção ao meio ambiente, qual é a interpretação que deverá
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prevalecer? Embora sejamos uma economia de livre mercado, nenhuma atividade pode ser
exercida em desconformidade com a proteção ao meio ambiente. A�nal, só é possível uma
existência com dignidade se as pessoas puderem viver em um meio ambiente ecologicamente
equilibrado, sem poluição, com salubridade. E se não temos o ambiente saudável, como falar em
saúde e qualidade de vida? Apesar dessas a�rmações serem reconhecidas por todos, sabemos
que a questão é bem mais complexa. Por isso, o Supremo Tribunal Federal (STF) chegou a
disciplinar a matéria, decidindo que é necessária a compatibilização entre atividades econômicas
e proteção ao meio ambiente. Contudo, consignou que as atividades econômicas não podem ser
exercidas em desarmonia com os princípios destinados a tornar efetiva a proteção ao meio
ambiente (Melo, 2017).
Portanto, é necessário buscar sempre a compatibilização entre atividades econômicas e
proteção ao meio ambiente. Na impossibilidade, é preciso atentar-se para as questões
ambientais. E isso porque a preocupação somente na dimensão econômica tem ocasionado os
danos e desastres ambientais que são constantemente relatados nos meios de comunicação,
em que pessoas, populações ou cidades são afetadas. A�nal, ao se privilegiar apenas os
argumentos econômicos, continuamos somente como crescimento econômico, e a
sustentabilidade torna-se meramente retórica, sem qualquer efetividade.
Em meados da década de 1990, o britânico John Elkington propõe o termo Triple Bottom Line
(TBL), no âmbito corporativo norte-americano, o qual �ca conhecido no Brasil como o tripé da
sustentabilidade, conjugando as dimensões econômica, social e ambiental. Esse conceito possui
como elementos constitutivos os três Ps da sustentabilidade (people, planet, pro�t; ou, em
português, pessoas, planeta e lucro). Em suma, as empresas devem buscar o lucro corporativo,
mas com responsabilidade social em suas operações, que devem estar alinhadas ao
compromisso ambiental com o planeta (Melo, 2017). O TBL é utilizado atualmente como um dos
indicadores de mensuração da sustentabilidade para governos, setor empresarial e organizações
sem �ns lucrativos.
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Figura 1 | Esquema representativo dos vários componentes do desenvolvimento sustentável. Fonte: Wikipedia.
O tripé da sustentabilidade associa os aspectos econômicos, sociais e ambientais. A
sustentabilidade econômica visa o uso racional e e�ciente dos recursos naturais, com a
utilização de tecnologias que diminuam os impactos ambientais e as externalidades negativas. A
sustentabilidade social envolve uma distribuição de renda justa, de modo a reduzir as
desigualdades e promover os valores de uma sociedade inclusiva. Por sustentabilidade
ambiental, entende-se o respeito e proteção aos ciclos de regulação dos processos ecológicos
essenciais, de modo a garantir recursos para as presentes e futuras gerações, em uma
concepção que as variáveis ambientais sejam integradas aos ciclos econômicos.
No âmbito governamental, um exemplo de aplicação do tripé da sustentabilidade é a agenda
ambiental na administração pública (A3P), que articula a promoção da sustentabilidade nas
entidades da administração pública direta e indireta em nível federal, estadual e municipal, nos
três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Apesar da adesão ser voluntária, a A3P é um
relevante programa de práticas governamentais sustentáveis.
Outra leitura de sustentabilidade procura dividi-la em duas abordagens: sustentabilidade fraca e
sustentabilidade forte (Bursztyn; Bursztyn, 2012). A sustentabilidade fraca é aquela que se baseia
na economia clássica, em que o capital natural pode ser substituído pelo capital produzido e que,
por consequência, não há limites para o crescimento econômico. Nesse pensamento, é possível
adotar soluções tecnológicas para solucionar os problemas ambientais. Já a sustentabilidade
forte assenta-se na economia ecológica, isto é, a ausência do capital natural impõe limites para o
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crescimento econômico. Essa compreensão tem como fundamento a preservação dos
componentes ecológicos, de modo que será preciso conter os fatores de pressão, ou seja, limites
para uma economia de crescimento contínuo. Em qualquer dessas perspectivas, é importante
compreender a importância que a sustentabilidade assume na contemporaneidade como
elemento essencial para as nossas sociedades.
Vamos Exercitar?
Retomando a situação proposta no início desta seção, lembramos que uma empresa se mudou
para um país sem consciência de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável. Podemos
a�rmar, por essa razão, que meio ambiente, saúde, qualidade de vida são questões muito
distantes de seu entendimento.
Por um lado, pelas exigências de mercado que pedeme a acidi�cação de
oceanos, dentre outros fatores.
Alguns estudos cientí�cos nos ajudam a compreender os desa�os impostos pela Grande
Aceleração das últimas décadas. O relatório A Avaliação Global da Natureza, lançado em 2019
pela Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES, na
sigla em inglês), é a mais extensa análise da perda da biodiversidade no planeta e a�rma que “[...]
o ritmo das mudanças globais na natureza nos últimos 50 (cinquenta) anos não tem precedentes
na história” (IPBES, 2019, p. 12). Além disso, o documento apresenta outros dados alarmantes,
alguns destacados na sequência: a) 75% da superfície da Terra já sofreu alterações
consideráveis e já se perdeu mais de 85% de áreas de zonas úmidas; b) 66% da superfície dos
oceanos estão experimentando efeitos crescentes de deterioração; c) Em média, cerca de 25%
das espécies em grupos de animais e plantas estão ameaçados, o que sugere que cerca de um
milhão de espécies já estão em perigo de extinção, muitas em apenas algumas décadas; d) Em
2016, 559 das 6.190 raças de mamíferos domesticados usados para alimentação e agricultura
(mais de 9%) foram extintas e pelo menos 1.000 outras foram ameaçadas de extinção.
O relatório Planeta Vivo, do ano de 2020, elaborado pela entidade WWF, traz os mesmos dados
sobre a perda da biodiversidade, e indica que os fatores responsáveis por essa perda são: o uso
da terra, com a conversão de áreas intocadas em setores agrícolas, e, no caso dos oceanos, o
aumento excessivo da pesca. O ponto fundamental do relatório é que “a perda de biodiversidade
não é apenas um problema ambiental. Ela também afeta o desenvolvimento, a economia, a
segurança global, a ética e a moral” (WWF, 2020). Recentemente um novo relatório do IPBES
(2022) alertou que cerca de um milhão de espécies da fauna e da �ora estão ameaçadas de
extinção.
Esse conjunto de dados traz uma constatação fundamental: a necessidade de estabelecer
limites planetários, em uma perspectiva que permita conjugar as atividades socioeconômicas de
nossas sociedades com a capacidade suporte do planeta. Para tanto, será necessário
compreender quais são os limites planetários.
Diante disso, um estudo liderado pela equipe do cientista sueco Johan Rockström, do Centro de
Resiliência de Estocolmo, caracterizou os nove processos que regulam a estabilidade e a
resiliência do planeta, estabelecendo os limites para o que é denominado “espaço operacional
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seguro para a humanidade”, isto é, em que é possível a manutenção das atividades sem colocar
em risco a vida terrestre (Veiga, 2019; Costa, 2022).
Os nove processos que precisam ser regulados para a garantia da estabilidade planetária podem
ser observados na Figura 1 (Veiga, 2019; Costa, 2022):
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Figura 1 | Os 9 limites planetários. Fonte: BBC News Brasil.
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Na Figura 1, podemos visualizar que a parte em verde são as chamadas zonas seguras, em que
temos o espaço operacional seguro; em laranja, as zonas de risco crescente, com alto potencial
de efeitos prejudiciais; e em vermelho, as zonas de risco alto, nas quais os limites foram
ultrapassados e estamos sujeitos a consequências imprevisíveis. Percebemos que a
humanidade já ultrapassou quatro dos limites estabelecidos: mudanças climáticas; integridade
da biosfera (perda de biodiversidade); �uxos bioquímicos de nitrogênio e fósforo; e, mais
recentemente, as mudanças no uso da terra (solo). Esses são desa�os que estão postos no
tabuleiro global, a demandar a atuação de todas as instituições internacionais e nacionais. Nota-
se, assim, que a observância dos limites planetários é uma das exigências para que as crises
provocadas pela Grande Aceleração não conduzam o sistema Terra a uma situação de
irreversibilidade.
Os principais efeitos do Antropoceno nas dinâmicas econômica
e social
Diante desse cenário, para o enfrentamento das questões que se apresentam no Antropoceno, é
imprescindível repensar os meios de produção e os padrões de consumo em sociedade, que
afetam decisivamente os processos ambientais e, por consequência, as dinâmicas de regulação
do sistema Terra. Se, em sentido amplo, é essencial uma conjugação de políticas e estratégias
por diversos atores globais – instituições governamentais, setores empresariais e organismos
multilaterais –, na escala da proximidade (quotidiano) é preciso destacar o exercício de uma
ética da responsabilidade, por meio da conscientização ecológica para a compreensão da
�nitude dos recursos naturais e o repensar das relações de consumo. Não há dúvidas de que
dispomos de tecnologias cada vez mais avançadas e que podem ser muito importantes no
contexto das crises. Mas as tecnologias, sem a mudança de consciência pública e individual, e
sem a percepção do próprio ser humano de que ele e natureza constituem um todo, podem não
ser su�cientes para lidar com a questão demográ�ca e o aumento da poluição (Odum, 2001).
Um dos intentos que contribui no processo de tomada de consciência é um indicador criado que
nos permite conhecer os impactos das nossas atividades sobre o planeta. Trata-se do conceito
de pegada ecológica – elaborado pela entidade Global Footprint Network – que é uma unidade
métrica que estabelece uma equação entre a demanda de recursos utilizados por pessoas,
empresas e governos e a capacidade de regeneração biológica do planeta. A pegada ecológica
mede o quanto de área de terra (hectares) e água são requeridos para o consumo e para a
absorção dos resíduos sólidos gerados (WWF, 2020).
Muitos países estão em situação de dé�cit ecológico, isto é, usam mais recursos naturais –
pegada ecológica – que seus ecossistemas podem regenerar – biocapacidade – como é o caso
dos Estados Unidos, China, Índia, Israel, Japão e a União Europeia. Com o aumento desse dé�cit
em nível global, temos o que é chamado de “capacidade de carga” do planeta, que é a sobrecarga
no consumo de seus recursos. Desde a década de 1970, a capacidade de carga do planeta tem
sido ultrapassada com sérios riscos para a dinâmica ambiental. Uma das representações usadas
para demonstrar o limite da capacidade de carga do planeta é determinar o dia em que ele ocorre
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em cada ano. No ano de 2022, ela foi atingida no dia 28 de julho (WWF, 2022). A partir de então,
estamos em dé�cit. Em uma analogia, entramos no “vermelho”, consumindo mais do que o
planeta pode suportar. Por esse parâmetro, para atender aos níveis de utilização dos recursos
ambientais atuais, é demandado o equivalente a 1,75 do planeta (WWF, 2022). No caso do Brasil,
a capacidade de carga foi atingida em 12 de agosto de 2022 (WWF, 2022). Isso se dá, em boa
medida, pelo aumento do desmatamento na Floresta Amazônica e das queimadas nesse e em
outros biomas brasileiros, como o Cerrado e o Pantanal.
De tudo que foi estudado, é necessário compreender que a era do Antropoceno é uma realidade e
que devemos estar preparados para o enfrentamento de seus efeitos em nossas atividades
econômicas e cotidianas. Ainda que a atuação no nível individual ou de pequenos grupos seja
restrita, isso não é um obstáculo para que possamos compreender o imperativo do exercício da
ética da responsabilidade em todos os campos da atividade humana, tanto pro�ssional quanto
cidadã, porque não há dissociação entre eles. A�nal, o que está em risco é a construção da
sociedade e dos predicados da vida. Esse é o desa�o do nosso tempo.
Vamos Exercitar?
Conforme discutido anteriormente, o termo Antropoceno, refere-se a uma nova época geológica
caracterizada pelo impacto do homem na Terra, em que a humanidade se transformou em uma
força geológica capaz de alterar as condições de sustentação da vida.
E agora, você, como futuro pro�ssional, começa a compreender, questionar e se preparar para os
desa�os desse novo tempo. Para auxiliar esse avanço, vamos elucidar algumas questões
importantes sobre essa temática:empresas comprometidas e responsáveis
social e ambientalmente, o dilema de Daniel é extremamente compreensível. Por outro, Daniel,
como executivo tem um compromisso com o lucro da empresa por meio da projeção da sua
imagem positiva e, também, na qualidade de executivo dessa empresa, tem a obrigação ética e
moral, nesse caso, com o despertar desse povo à sustentabilidade e ao desenvolvimento
sustentável.
Lembre-se de que a sustentabilidade se refere à responsabilidade social e ambiental empresarial
e essa obrigação impõe zelar pelo meio e pelo desenvolvimento sustentável tornar possível
suprir as necessidades sociais e, por isso, que muitos países adotam a lei para impor esses
limites ao desenvolvimento econômico para garantir o meio ambiente saudável não só para esta,
mas também para as gerações futuras.
Diante da situação proposta, é importante considerar a obrigação ética e moral, porque a lei,
nesse país, em especial, é amena. É certo, então, dizer que o despertar pode acarretar a empresa
a necessidade de adequação, caso esse país venha a legislar de modo mais rígido a �m de
promover a sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável, o que hoje não é de seu interesse.
Por essa razão, o dilema de Daniel se mostra muito pertinente, pois, por um lado, tem que
promover a empresa demonstrando o desenvolvimento sustentável frente às exigências do
mercado global e, por outro, Daniel, para corresponder às atribuições de seu cargo de modo
ético, terá que desempenhar um trabalho muito expressivo e importante, pois deverá despertar
essa sociedade para o compromisso social representado pela sustentabilidade, porque a crise
econômica e falta de compromisso social promovem o não desenvolvimento sustentável e
poderão levar ao enrijecimento da lei, obrigando a empresa para o desenvolvimento sustentável
dessa sociedade, a se adequar como ocorrera no país de João.
Saiba mais
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Nessa aula estudamos o surgimento e o contexto da sustentabilidade no mundo contemporâneo.
Essa será uma temática constante em sua vida pro�ssional. Como aprofundamento, sugerimos o
artigo Desenvolvimento Sustentável: a evolução teórica, o abismo com a prática e o princípio de
responsabilidade, de autoria de Isabella Pearce de Carvalho Monteiro. A autora faz uma
abordagem histórica do desenvolvimento sustentável para, ao �nal, defender a importância em
nossas sociedades. 
Outro ponto de destaque nessa aula foi compreender a importância do relatório Our Common
Future (Nosso Futuro Comum), também conhecido como Relatório Brundtland, o qual apresentou
um novo olhar sobre o desenvolvimento. 
Referências
BARBIERI, J. C. Desenvolvimento sustentável: das origens à agenda 2030. Petrópolis: Vozes,
2020.
BOFF, L. Sustentabilidade: o que é, o que não é. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2016.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília,
DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm. Acesso em: 1 ago. 2022.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade 3.540. Rel. Min. Celso de
Melo, 1 de setembro de 2005. Disponível em: https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?
docTP=AC&docID=387260. Acesso em: 10 set. 2022.
BURSZTYN, M.; BURSZTYN, M. A. Fundamentos de política e gestão ambiental: caminhos para a
sustentabilidade. Rio: Garamond, 2012.
MELO, F. Direito ambiental. 2. ed. São Paulo: Método, 2017.
ODUM, E. P. Fundamentos de ecologia. 6. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.
ONU – COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro
comum. 2. ed. Rio: FGV, 1991.
ONU. Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 2012. Disponível
em: https://doi.org/10.1590/S0103-40141992000200013. Acesso em: 30 ago. 2022.
SACHS, I. Terceira margem: em busca do ecodesenvolvimento. São Paulo: Companhia das
Letras, 2009.
TAMARES, R. Crítica dos limites do crescimento. Lisboa: Dom Quixote, 1993.
https://sou.undb.edu.br/public/publicacoes/revceds_n_2_desenvolvimento_sustentavel_a_evolucao_teorica_o_abismo_com_a_pratica_e_o_principio_de_responsabilidade_isabella_pearce_monteiro.pdf
https://sou.undb.edu.br/public/publicacoes/revceds_n_2_desenvolvimento_sustentavel_a_evolucao_teorica_o_abismo_com_a_pratica_e_o_principio_de_responsabilidade_isabella_pearce_monteiro.pdf
http://www.ecobrasil.eco.br/site_content/30-categoria-conceitos/1003-nosso-futuro-comum-relatorio-brundtland
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=387260
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=387260
https://doi.org/10.1590/S0103-40141992000200013
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Aula 3
Politicas Públicas Ambientais
Políticas públicas ambientais
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Bons estudos!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
Você sabe o que são políticas públicas? Qual a importância delas em nossas sociedades? E
como as políticas públicas ambientais dialogam com as atividades econômicas?
Esta é a temática da nossa aula: as políticas públicas ambientais. Estudaremos a Política
Nacional do Meio Ambiente, que é o diploma legal estruturante das políticas e da governança
ambiental no Brasil. Você conhecerá o Sistema Nacional do Meio Ambiente, com os órgãos em
nível federal, estadual e municipal responsáveis pela promoção e proteção ao meio ambiente.
Além disso, faremos uma abordagem de dois dos principais instrumentos da política nacional
que regulamentam as atividades econômicas: a avaliação de impactos ambientais e o
licenciamento ambiental.
Para compreendermos melhor, é necessário retomar, portanto, o caso de Arnaldo, que vive em
Santa Cruz da Serra, local em que será construída uma represa por uma empresa que aponta
inúmeros benefícios, apoiada pelo município e governo do estado sob a justi�cativa de ser seu
maior benefício pela produção de energia elétrica barata e a geração de emprego. Arnaldo,
auxiliado por moradores e pelos defensores do meio ambiente, representados pelas ONGs locais,
a�rma que nenhum estudo prévio de impacto ambiental foi efetivamente realizado para justi�car
https://cm-kls-content.s3.amazonaws.com/202401/ALEXANDRIA/RESPONSABILIDADE_SOCIAL_E_AMBIENTAL/PPT/u2a3_res_soc_amb.pdf
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a construção da represa. Além disso, entende que os moradores perderão uma expressiva
porção de terra produtiva, sem contar a interrupção da piracema, que por si só já é um impacto
ambiental. E também o êxodo rural e a história de um povo que vai, literalmente, por água abaixo.
Diante disso, o impacto ambiental, com a interrupção da piracema, e o impacto social, pelas
mudanças de costume local, valem como preço a ser pago para a geração de energia?
Um abraço!
Vamos Começar!
O conceito de políticas públicas
A globalização e liberalização econômica têm provocado um impacto considerável nos costumes
da sociedade. Isso repercute no seu modo de vida, cada vez mais, pautando-se no consumo
desenfreado pela compra por impulso, que é, sem dúvida alguma, uma forma de aquecer o
mercado e trazer a obsolescência mais rápido, gerando danos ao meio ambiente, tanto pela
produção quanto pelo descarte.
Diante desse cenário, é importante compreender que as empresas têm a obrigação, para com a
sociedade, da preservação e conservação ambiental pela sua responsabilidade socioambiental,
contando com a gestão corporativa para esse �m, praticando o devido respeito à pessoa humana
em toda a sua acepção. Porém, esse não é o papel de apenas uma das partes.Para a sua
efetividade, são necessárias ações conjuntas, ou seja, políticas públicas. Mas o que são essas
políticas?
Quando um problema público é identi�cado, surge a necessidade de ofertar respostas e
alternativas para resolvê-lo. Situações socialmente sensíveis exigem do poder público uma
diretriz. Essa diretriz é o que chamamos de políticas públicas (Secchi; Coelho; Pires, 2019), isto é,
o mecanismo de atuação estatal para a resolução de problemas públicos. Portanto, tais
problemas, socialmente reconhecidos por atores estatais e não estatais, entram na agenda de
discussões do poder público e exigem a formulação de políticas públicas para as mudanças
possíveis e pretendidas.
No Brasil, as dinâmicas das políticas públicas estão diretamente ligadas ao Estado pela sua
centralidade e intervencionismo histórico, ou seja, o Estado brasileiro é o responsável pela
elaboração de políticas públicas. Mas o fato de ser o responsável não impede a participação dos
grupos de interesse, como o setor empresarial e a sociedade civil. O Brasil é uma federação, em
que o Estado divide suas atribuições com competências atribuídas aos seus entes federativos:
União, Estados-membros, Distrito Federal e municípios. Assim, políticas públicas são formuladas
em termos espaciais ou territoriais, em outras palavras, aquelas que interessam a todo o país
são políticas nacionais, como é o caso do meio ambiente, educação, saúde e outras áreas.
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As políticas públicas são compostas por princípios, objetivos e instrumentos para a sua
concretização. Os princípios são os elementos estruturantes que irão balizar a política pública. É
por meio deles que são de�nidas as estratégias. Quanto aos objetivos, eles articulam as
mudanças pretendidas, os estágios de implementação de uma política pública e, por vezes, o
tempo necessário. Já os instrumentos são as ações, os meios e os mecanismos que permitem
que a política pública alcance os seus objetivos.
Outra forma de compreender as políticas públicas é por meio dos níveis operacionais. Existem
três níveis: (i) plano; (ii) programa; (iii) projetos. No plano, temos os princípios, objetivos e
instrumentos, como já estudamos no parágrafo anterior. O plano deve ser aplicado por meio de
programas, que são os recortes ou desdobramentos dele. Para exempli�car, os programas
podem ser aplicados no âmbito dos estados ou dos municípios. Eles podem ser divididos em
projetos, que são a menor unidade de planejamento ou de ação. Portanto, políticas públicas
possuem níveis operacionais na articulação e operacionalização por meio de um plano, que é um
nível estruturante e de longo prazo; com os programas, em um nível intermediário e de médio
prazo; e com os projetos, de curto prazo e em um nível operacional (Secchi; Coelho; Pires, 2019,
p. 9). O quadro a seguir expõe os níveis operacionais de uma política pública.
Figura 1 | Níveis operacionais da política pública. Fonte: elaborado pelo autor.
Feitas essas considerações, vamos estudar agora as políticas públicas em matéria ambiental.
Políticas públicas ambientais
Política pública ambiental é uma diretriz de planejamento e intervenção estatal, com a
participação do setor produtivo e dos atores não governamentais, para a proteção do meio
ambiente. Uma política pública ambiental condiciona e disciplina as atividades econômicas e
sociais em compatibilização com a proteção ambiental.
No Brasil, as políticas públicas ambientais existem desde 1930, com a aprovação do Código
Florestal, de 1934, do Código de Águas, também de 1934, e de outros diplomas legais (Bursztyn;
Bursztyn, 2012). Na década de 1970, teve início a estruturação dos órgãos administrativos de
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proteção ao meio ambiente, mas de forma fragmentada. Esse quadro mudaria na década
seguinte.
A efetiva concepção de proteção ao meio ambiente ocorreu somente em 1981, quando foi
editada a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, instituída pela Lei 6.938. Essa é a lei
estruturante da proteção ambiental brasileira e traz os princípios, objetivos e instrumentos para
uma política ambiental para o Brasil. Nesse momento, entende-se o meio ambiente de forma
holística.
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) estabeleceu como objetivo geral “[...] a
preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar,
no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e
à proteção da dignidade da vida humana [...]” (Brasil, 1981). Nota-se que a PNMA conjuga o
desenvolvimento das atividades sociais e econômicas com a proteção ambiental, de forma a
assegurar a dignidade humana.
O art. 4º, da Lei 6.938 (Brasil, 1981), elenca os seus objetivos especí�cos. Vamos destacar os
três mais relevantes para a nossa discussão. O primeiro deles é a “ [...] compatibilização do
desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do
equilíbrio ecológico” (Brasil, 1981). Esse objetivo é o que chamamos atualmente de
desenvolvimento sustentável, ou seja, compatibilizar as atividades econômicas com a proteção
ao meio ambiente. O segundo objetivo é o “[...] estabelecimento de critérios e padrões da
qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais” (Brasil,
1981). Cabe ao poder público estabelecer padrões de qualidade ambiental para o ar, os recursos
hídricos e o solo. O terceiro objetivo é a “[...] imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação
de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de
recursos ambientais com �ns econômicos” (Brasil, 1981).
Outro ponto fundamental da Lei 6.938/1981 foi a criação do Sistema Nacional do Meio Ambiente
(Sisnama), que é o conjunto de órgãos da União, responsáveis pela proteção, controle,
monitoramento e melhoria da qualidade e da política ambiental no país. Trata-se da estrutura
responsável pela administração ambiental no Brasil. O Sisnama é regulamentado pelo Decreto nº
99.274/1990 (Brasil, 1990) e estrutura-se em seis recortes fundamentais:
(i) órgão superior: o Conselho de Governo, com a �nalidade de assessor o Presidente da
República nas questões ambientais.
(ii) órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), com a
função de assessorar o Conselho de Governo, especialmente de deliberar sobre normas e
padrões compatíveis com o meio ambiente.
(iii) órgão central: o Ministério do Meio Ambiente, com a �nalidade de coordenar a política
nacional e as diretrizes para a proteção ambiental.
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(iv) órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, que são autarquias
federais responsáveis por executar e fazer executar as diretrizes governamentais para o meio
ambiente.
(v) órgãos seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de
programas, projetos e pelo controle e �scalização de atividades capazes de provocar a
degradação ambiental.
(vi) órgãos locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e �scalização
dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições.
Por �m, é preciso evidenciar que a partir da PNMA, surgiram outras políticas públicas em áreas
especí�cas em matéria ambiental, como a Política Nacional de Recursos Hídricos; a Política
Nacional de Resíduos Sólidos; Política Nacional de Biodiversidade; Política Nacional de Educação
Ambiental; Política Nacional de Mudança do Clima, entre outras. O fato de termos políticas em
nível nacional mostra a preocupação da articulação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios.
Siga em Frente...
Políticas públicas e a regulação das atividades econômicas
As políticas públicas ambientais possuem uma interface imediata com as atividades
econômicas, especi�camente por meio de programas e procedimentos para disciplinare
condicionar empreendimentos e atividades potencialmente poluidores ou causadores de
degradação. No caso da Política Nacional do Meio Ambiente, dois de seus instrumentos,
previstos em seu art. 9º (Brasil, 1981), são fundamentais para a regulação das atividades
econômicas: a avaliação de impactos ambientais e o licenciamento ambiental.
A avaliação de impactos ambientais é um instrumento de gestão ambiental que dispõe sobre a
obrigatoriedade de estudos dos impactos ambientais de atividades e empreendimentos
potencialmente causadores de poluição ou degradação ambiental. A avaliação de impactos
ambientais é a análise técnica dos possíveis impactos, que se dá por meio dos estudos
ambientais. Um exemplo é o Estudo Prévio de Impacto Ambiental, conhecido pela sigla Eia/Rima
(Brasil, 1988). O Eia/Rima não é obrigatório para todos os empreendimentos. O pressuposto é
que a obra ou atividade seja potencialmente causadora de signi�cativa degradação do meio
ambiente, como é o caso de rodovias, ferrovias, atividades de mineração, entre outras (Conama,
1986).
Os Estudos de Impactos Ambientais (EIA) são um relatório técnico de avaliação das
consequências e danos ambientais de acordo com projetos especí�cos. Por meio dele, pode-se
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prevenir ou mitigar (diminuir) as consequências ao meio ambiente. O EIA é o responsável pela
análise (inclusive bibliogra�a e estudos ambientais de probabilidade) e avaliação da coleta de
material, ou seja, veri�ca os impactos prévios à implantação de determinado projeto e aponta
quais procedimentos devem ser adotados para a sua realização. Por conter todas as
informações do empreendimento, é um documento sigiloso. O Relatório de Impacto Ambiental –
RIMA –, por sua vez, consiste no relatório técnico conclusivo que analisa o impacto ambiental. O
RIMA contém os levantamentos e as conclusões pelos quais o órgão público responsável pela
licença deverá analisar e conceder ou não a licença para o projeto ser executado. O RIMA é o
documento público que re�ete as informações e conclusões do EIA, sendo possível a realização
de audiência pública, na garantia do princípio da participação comunitária. Podem requerer a
audiência pública o próprio órgão ambiental licenciador, o Ministério Público, uma entidade da
sociedade civil ou cinquenta ou mais cidadãos (Conama, 1987).
A avaliação de impactos ambientais está diretamente ligada a outro importante instrumento da
PNMA: o licenciamento ambiental. Segundo Melo (2017, p. 221), é um procedimento
administrativo com a “[...] �nalidade de avaliar os possíveis impactos e riscos de uma atividade
ou empreendimento potencialmente causador de degradação ambiental ou poluição”. Esse
instrumento é uma manifestação do princípio da prevenção, ou seja, tem como objetivo antecipar
e mitigar os impactos negativos de uma empresa ou atividade potencialmente causadora de
poluição ou degradação ambiental. Enquanto procedimento, o licenciamento ambiental passa
por etapas, em que o empreendedor deverá observar as prescrições do órgão ambiental para a
obtenção das licenças ambientais do seu negócio. No licenciamento ambiental trifásico, que é o
mais completo, é necessária a obtenção de três licenças ambientais: (a) licença prévia, obtida
com a aprovação do projeto e de sua localização; (b) licença de instalação, em que o projeto é
implementado e ganha materialidade; e (c) licença de operação, que permite o funcionamento da
empresa. Caso o empreendimento seja potencialmente causador de signi�cativa degradação do
meio ambiente, o empreendedor deverá elaborar o EIA/RIMA, cuja aprovação pelo órgão
ambiental enseja a concessão da licença prévia; prosseguindo, depois, com as demais etapas.
O licenciamento ambiental pode ser realizado por qualquer ente federativo – União, Estados-
membros, Distrito Federal e municípios –, desde que tenha um órgão ambiental capacitado e um
conselho de meio ambiente. Para exempli�car, no âmbito federal temos o Ibama – órgão
ambiental – e o Conama – Conselho Nacional de Meio Ambiente. Esses dois requisitos são
obrigatórios para que um ente federativo proceda ao licenciamento ambiental.
O licenciamento ambiental é importante e necessário por ser um instrumento que prevê
condições para o estabelecimento de empreendimentos e atividades, para tentar eliminar,
quando possível, ou minimizar danos ao meio ambiente e, ao mesmo tempo, garantir o
desenvolvimento social e econômico do país.
Vamos Exercitar?
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Nesta aula, estudamos o caso de Arnaldo, que, como cidadão, se opõe à companhia, em função
dos danos ambientais e sociais que provocarão com a construção da represa. Apesar de ser
mais barata que a termoelétrica, não veri�ca qualquer estudo que justi�que que ali é o local
adequado para a incitação e que vale a pena se sobrepor à função social da propriedade e aos
eventos naturais, como é caso da piracema, para se obter essa energia de forma mais barata.
Compreende-se, então, que a conciliação entre as reivindicações de Arnaldo com as justi�cativas
do município, governo do estado e da empresa somente seria possível se avaliadas por
instrumentos competentes, que levassem a um laudo conclusivo.
Por essa razão, o EIA/RIMA é indispensável para que a construção, se for o caso, se justi�que
diante das reivindicações de Arnaldo. O EIA leva em conta todos os elementos locais, inclusive
os benefícios com o menor impacto aos habitantes do local, para que eles se bene�ciem,
primeiramente, se conscientizem da mudança e queiram, por essa consciência, a mudança. A
construção da represa se justi�ca somente se o EIA demonstrar sua necessidade, se for
efetivamente necessária. Seus ganhos devem ser além do que possam ganhar com o
entretenimento e outras atividades advindas desse investimento. A ação de Arnaldo ganhou
apoio dos moradores e ONGs locais, porque qualquer mudança deve vir, necessariamente, com o
aval (aceitação) do povo local (quando proposta por ele) para o desenvolvimento participativo
(participação popular que legitima as mudanças) e função social da propriedade (a que �m se
destina); elementos importantíssimos da Política Pública Ambiental. É certo, pois, que o governo
somente pode intervir sem a participação popular quando a situação é de caráter de urgência ou
emergencial, como acontece em uma catástrofe caso não ocorra a mudança, por exemplo.
Como conclusão, somente após o resultado do EIA/RIMA e da audiência pública é que poderá
ser avaliado se o impacto ambiental, com interrupção da piracema, e o impacto social, pela
mudança de costume local, valem como preço a ser pago para a geração de energia, uma vez
que existem outras formas de captação de energia que podem ser estudadas e implantadas,
fazendo com que os costumes e a natureza não paguem um preço tão alto. 
Saiba mais
Nesta aula destacamos a importância das políticas públicas, que estão diretamente associadas
às questões políticas e governamentais que mediam a relação entre Estado e sociedade. Para
saber mais sobre essa temática, leia a matéria Entendendo os conceitos básicos de Políticas
Públicas. 
Outro ponto abordado e de enorme importância foi a Política Nacional do Meio Ambiente
(PNMA), a qual vem disciplinada pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, e foi recepcionada
pela Constituição Federal de 1988. É a referência mais importante na proteção ambiental. Ela dá
efetividade ao artigo Constitucional 225. Para conhecer melhor a PNMA leia Política Nacional do
Meio Ambiente (PNMA) – Lei nº 6938/81. 
Um dos principais instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente para compatibilizar as
atividades econômicas com a proteção ao meio ambiente é o licenciamento ambiental. É
importante para o pro�ssional das áreas pública e corporativa conhecer os fundamentos e
https://www.clp.org.br/entendendo-os-conceitos-basicos-mlg2-de-politicas-publicas-mlg2/
https://www.clp.org.br/entendendo-os-conceitos-basicos-mlg2-de-politicas-publicas-mlg2/
https://www.jusbrasil.com.br/noticias/politica-nacional-do-meio-ambiente-pnma-lei-n-6938-81/321528492https://www.jusbrasil.com.br/noticias/politica-nacional-do-meio-ambiente-pnma-lei-n-6938-81/321528492
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
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procedimentos do licenciamento ambiental. Por isso, a dica é acessar a Cartilha do
Licenciamento Ambiental, do Tribunal de Contas da União (TCU). Com ela, você conhecerá a
leitura do licenciamento ambiental pelo principal órgão de �scalização das contas públicas do
Brasil. 
Referências
BRASIL. Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990. Regulamenta a Lei nº 6.902, de 27 de abril de
1981, e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõem, respectivamente sobre a criação
de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, e dá outras providências. Diário O�cial da União, Brasília, DF, 6 jun. 1990. Disponível
em: https://shre.ink/UhAs. Acesso em: 25 out. 2023.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus �ns e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário
O�cial de União, Brasília, DF, 2 set. 1981.  Disponível em: https://shre.ink/UhIO. Acesso em: 25
out. 2023.
BRASIL. Lei Complementar 140, de 8 de dezembro de 2011. Fixa normas, nos termos dos incisos
III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação
entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas
decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais
notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à
preservação das �orestas, da fauna e da �ora; e altera a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981.
Diário O�cial da União, Brasília, DF, Disponível em: https://shre.ink/UhIh. Acesso em: 25 out. 2023.
BURSZTYN, M.; BURSZTYN, M. A. Fundamentos de política e gestão ambiental: caminhos para a
sustentabilidade. Rio: Garamond, 2012.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (Brasília, DF). Resolução Conama nº 001/1986.
Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. Diário
O�cial da União, 17 fev. 1986, p. 2548-2549. Disponível em: https://shre.ink/UhIz. Acesso em: 25
out. 2023.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (Brasília, DF). Resolução Conama nº 009/1987.
Dispõe sobre a questão de audiências públicas. Diário O�cial da União, Brasília, DF, 5 jul.,1990, p.
12945. Disponível em: https://shre.ink/UhIC. Acesso em: 25 out. 2023.
SECCHI, L.; COELHO, F. de S.; PIRES, V. Políticas públicas: conceitos, casos práticos, questões de
concursos. 3. ed. São Paulo: Cengage, 2019.
https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/cartilha-de-licenciamento-ambiental-2-edicao.htm
https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/cartilha-de-licenciamento-ambiental-2-edicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6902.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6902.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm
https://shre.ink/UhAs
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
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Aula 4
Responsabilidade em Matéria Ambiental
Responsabilidade em matéria ambiental
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Bons estudos!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
Nesta aula, abordaremos conceitos e tópicos relacionados a crimes ambientais, infrações
administrativas ambientais e responsabilidade civil em face de um dano ambiental.
Nossa situação-problema é a seguinte: você é um consultor que, juntamente com uma equipe
multidisciplinar, �cou encarregado de avaliar relatórios de um empreendimento de construção
civil que visa à construção de casas em duas glebas na área rural de um município.
O produto �nal, que será construído por você, será a elaboração de um plano de trabalho para a
mitigação de danos ambientais. A primeira etapa já foi construída e agora vocês devem focar na
identi�cação de danos ambientais com base relatórios para realizar a segunda parte do produto.
Assim, a equipe multidisciplinar leu atentamente os relatórios e destacou duas partes:
Trecho 1: veri�cou-se descarte em área de várzea de resíduos Classe D (tintas, solventes
etc.) durante a primeira fase de obras.
Trecho 2: análises químicas e físicas do solo e água super�cial do local apresentaram
valores elevados para alguns componentes, mas ainda dentro do limite permitido em
legislação.
https://cm-kls-content.s3.amazonaws.com/202401/ALEXANDRIA/RESPONSABILIDADE_SOCIAL_E_AMBIENTAL/PPT/u2a4_res_soc_amb.pdf
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
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Os dois trechos destacados são danos ambientais? Qual tipo de dano ambiental foi cometido
pela empresa? Em relação ao direito comum, a empresa seria responsabilizada levando-se em
consideração a responsabilização civil subjetiva, objetiva ou ambas?
Reconhecidamente, empreendimentos de grande porte da construção civil podem prejudicar o
equilíbrio do meio biofísico e causar impactos socioeconômicos, culturais e ambientais. Dessa
forma, uma análise cuidadosa dos trechos destacados, com base em conceitos e na legislação, é
necessária.
Bons estudos e um abraço!
Vamos Começar!
Dano ambiental
O arcabouço jurídico de proteção ao meio ambiente tem como objetivo a prevenção aos
impactos ambientais que causem poluição ou degradação, notadamente em casos de dano
ambiental. Com a ocorrência de um dano ambiental, adentra-se nas discussões sobre a
responsabilidade em matéria ambiental (Melo, 2017).
Em que pese a sua importância, o ordenamento jurídico brasileiro não confere uma de�nição de
dano ambiental. Por essa razão, a sua compreensão passa por elementos doutrinários e pela
interpretação dos tribunais superiores, especialmente o Superior Tribunal de Justiça (Melo,
2017). É importante conhecer os dois conceitos legais e que estão associados ao entendimento
do dano ambiental: degradação da qualidade ambiental e poluição.
Considera-se degradação da qualidade ambiental a “alteração adversa das características do
meio ambiente”, (Brasil, 1981). A degradação da qualidade ambiental ocorre tanto pela ação
antrópica quanto por um evento natural, como um abalo sísmico ou uma erupção vulcânica. Já o
conceito de poluição é a degradação da qualidade ambiental provocada por uma atividade
antropogênica, isto é, promovida pelo homem. A poluição é sempre negativa e no ordenamento
jurídico brasileiro é um ilícito penal (Brasil, 1998) e administrativo (Brasil, 2008).
Já o termo dano ambiental podemos compreender que é a poluição que foi causada por qualquer
ação humana (culposa ou não, de um ato lícito ou de um ato ilícito) que, ultrapassando os limites
do desprezível, promoveu alterações adversas no ambiente (degradação ambiental). Podem
existir diversos tipos de danos ambientais: (1) dano ecológico, que é a alteração adversa da
biota, como resultado da intervenção humana; (2) à saúde; (3) às atividades produtivas; (4) à
segurança; (5) ao bem-estar; entre outros. Podemos concluir que não existe um conceito �xo
para dano ambiental, pois, assim como o de meio ambiente, ele é aberto, ou seja, sujeito a ser
preenchido casuisticamente, de acordo com cada realidade concreta que se apresente ao
intérprete (Milaré, 2007).
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O dano ambiental possui “[...] feição multifacetária, com implicações no macrobem ambiental,
nos microbens ambientais (�orestas, rios, fauna etc.), no patrimônio material e moral de pessoas
e da coletividade” (Melo, 2017).
Desse modo, diante das várias dimensões jurídicas, vamos apresentar duas das principais
classi�cações doutrinárias e jurisprudenciaissobre o dano ambiental: (i) quanto à extensão do
bem protegido; e (ii) quanto à extensão do dano ambiental (Leite; Ayala, 2010).
Figura 1 | Classi�cação de dano ambiental. Fonte: elaborada pelo autor.
Quanto à extensão do bem protegido, é possível con�gurar como: (i) dano ambiental lato sensu;
(ii) dano individual, re�exo ou em ricochete. Compreende-se como “[...] dano ambiental lato sensu
(em sentido amplo) o que afeta os interesses difusos da coletividade e, como tal, todos os
componentes do meio ambiente (meio ambiente natural, cultural, arti�cial)” (Melo, 2017, p. 374).
Dano ambiental individual, re�exo ou em ricochete é “[...] o dano individual, que afeta interesses
próprios, e somente de forma indireta ou re�exa protege o bem ambiental” (Melo, 2017, p. 374).
Para exempli�car, as lesões à saúde, ao patrimônio e à atividade econômica de uma ou de um
grupo de pessoas.
Quanto à extensão do dano, a divisão é feita em: (i) dano patrimonial; (ii) dano extrapatrimonial.
Dano ambiental patrimonial “[...] é o que diz respeito à perda material do bem atingido. É o dano
físico, material” (Melo, 2017, p. 375). Dano extrapatrimonial ou moral ambiental é aquele que
ofende valores imateriais, reduzindo o bem-estar, a qualidade de vida do indivíduo ou da
coletividade, ou atingindo o valor intrínseco do bem. O dano extrapatrimonial pode ser dividido
em individual e coletivo. O dano moral ambiental individual é aquele que acarreta dor ou
sofrimento psíquico para uma pessoa, como no caso de um pescador impedido de exercer sua
atividade econômica por causa de um dano ambiental. O dano moral ambiental coletivo, por sua
vez, se dá pelo prejuízo à imagem e moral coletiva dos indivíduos. Com esses apontamentos, �ca
evidenciado o caráter multifacetário do dano ambiental no ordenamento jurídico brasileiro.
 
Responsabilidade ambiental
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
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Entende-se por responsabilidade a obrigação de responder pela ação ou omissão que seja lesiva
a uma pessoa, patrimônio ou em face de uma obrigação legal. Na esfera ambiental, a
responsabilidade surge com a conduta considerada lesiva ao meio ambiente. Assim, a
Constituição Federal de 1988 disciplina a responsabilidade em matéria ambiental nos seguintes
termos: “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente
da obrigação de reparar os danos causados” (Brasil, 1988). Essa norma estabelece a tríplice
responsabilidade em matéria ambiental: civil, penal e administrativa. Cada uma delas dispõe de
um regime jurídico próprio que, apesar de disciplinarem a aplicação de sanções aos
responsáveis, sua preocupação central está em reparar os danos causados ao meio ambiente.
Figura 2 | Natureza jurídica da responsabilidade ambiental. Fonte: elaborada pelo autor.
A responsabilidade penal ambiental é disciplinada pela Lei 9.605/1998, também conhecida como
Lei de Crimes Ambientais. No caso de cometimento de um crime ambiental, conforme os tipos
penais, teremos a imputação da pessoa física ou jurídica. Essa responsabilidade é sempre
subjetiva, com a necessidade de comprovação da culpabilidade – dolo ou culpa – do autor do
crime. Uma das novidades da Lei 9.605/1998 foi instituir a responsabilidade penal da pessoa
jurídica, “[...] nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal
ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade” (Brasil,
1998). Dois são os requisitos para con�gurar a responsabilidade penal da pessoa jurídica: (i) a
decisão deve ser praticada pelo representante legal ou pelo órgão colegiado da empresa; (ii) a
conduta deve satisfazer ou bene�ciar os interesses da pessoa jurídica. Assim, uma decisão do
representante legal/contratual ou de um órgão colegiado que bene�cie a empresa enseja a
discussão do cometimento de um ilícito penal e, caso se con�rme, ela poderá ser condenada
isolada, cumulativa ou alternativamente às penas de multa, restritivas de direitos e prestação de
serviços à comunidade (Brasil, 1998). Já as pessoas físicas que cometem crimes ambientais
poderão sofrer as penas restritivas de liberdade, restritivas de direitos e multa, de acordo com o
crime ambiental cometido.
A responsabilidade administrativa ambiental, por sua vez, surge quando a pessoa física ou
jurídica pratica uma infração administrativa que, segundo de�nição legal, é “[...] toda ação ou
omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio
ambiente” (Brasil, 1998). Na responsabilidade administrativa, que é subjetiva – há que
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
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demonstrar o dolo e a culpa do responsável –, ao se veri�car o cometimento de uma infração
ambiental, o �scal do órgão ambiental, lavra um auto de infração e aplica uma sanção à pessoa
física ou jurídica, que pode ser uma multa, suspensão de atividades, demolição de obra e outras
(Brasil, 2008). Com isso, é instaurado o processo administrativo, em que o autuado poderá se
defender dos fatos e fundamentos consignados no auto de infração e, ao �nal, a decisão da
autoridade administrativa ambiental.
 Por �m, temos a responsabilidade civil ambiental. No caso da ocorrência de um dano ambiental,
o responsável, pessoa física e jurídica, de direito público ou privado, é obrigado à reparação. O
ordenamento jurídico brasileiro adota, desde a Lei 6.938/1981, a teoria da responsabilidade civil
objetiva, em que é necessária somente a comprovação do nexo de causalidade entre a conduta e
o dano, sem discutir a culpabilidade, isto é, não é preciso investigar a culpa ou o dolo do
poluidor/degradador. Além disso, a adoção da teoria da responsabilidade objetiva implica a
irrelevância da licitude ou ilicitude da atividade e que questões como caso fortuito e de força
maior não são excludentes.
A licitude de uma atividade ou empreendimento, quer autorizado ou licenciado, não afasta ou
atenua a responsabilidade do poluidor. O fato de o empreendimento ou atividade ter se
submetido ao licenciamento ambiental, por exemplo, não exime a empresa da obrigação de
reparar as consequências de suas intervenções, especialmente em caso de danos ao meio
ambiente. De forma direta, o argumento da licitude da atividade não afasta eventual
responsabilidade do poluidor. Em paralelo, é tese do STJ que “[...] não há direito adquirido à
manutenção de situação que gere prejuízo ao meio ambiente” (Brasil, 2018).
Siga em Frente...
Reparação do dano ambiental
Ao se veri�car a ocorrência de um dano ao meio ambiente, é necessário que se proceda à sua
reparação, que deve ser integral.
A primeira pergunta é: quem deve reparar? Evidentemente, o causador do dano ambiental. Por
esse conceito, tanto pessoas de direito privado – empresas – quanto as entidades da
administração pública direta – União, estados, Distrito Federal e municípios – e indireta –
autarquias, fundações públicas e outras – podem ser consideradas poluidoras. Mas há um
aspecto muito importante: o poluidor pode ser direto ou indireto. O poluidor direto é aquele que
efetivamente causou a degradação, ao passo que o poluidor indireto é aquele que, de alguma
forma, contribuiu para o dano ambiental. Como exemplo, instituições �nanceiras podem ser
responsabilizadas por empréstimos a empresas que causem danos ambientais; a empresa como
poluidora direta, a instituição �nanceira como poluidora indireta. E o último ponto a ser
destacado é que os poluidores direto e indireto são solidários, ou seja, aqueles que participaram
do dano ambiental ou tiraram proveito da atividade são igualmente responsáveis pela reparação.
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
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Assim, uma ação civil pública pode ser ajuizada em face de ambos, poluidor direto ou indireto, ou
de qualquer um deles.
A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Brasil, 1981) e a Lei da Ação Civil Pública (Brasil,
1985) relacionam basicamente duas formas de reparação do dano ambiental:(i) a
reparação/restauração e a (ii) indenização pecuniária. Outra modalidade de reparação é
destacada pela doutrina: a compensação ecológica (Melo, 2017). Dessa forma, são três as
modalidades de reparação do dano ambiental: (i) reparação especí�ca (in natura); (ii)
compensação ecológica; e (iii) indenização pecuniária. Destaca-se, em um primeiro momento,
que a ordem estabelecida deve ser observada, isto é, deve ser priorizada a reparação especí�ca
sobre as demais modalidades, que são subsidiárias.
A reparação especí�ca, também chamada de in natura, é aquela no local em que ocorreu o dano
ambiental e, assim, encontra-se na perspectiva de retorno do equilíbrio ecológico, ou pelo menos
uma situação mais próxima (Melo, 2017). Nessa modalidade, é o próprio bem lesado que deve
ser reparado. Por exemplo, se o dano é o desmatamento de dez hectares de vegetação primária,
a reparação será feita no próprio local, com a obrigação de que seja consistente na
recomposição da área desmatada.
Contudo, se não for possível a reparação especí�ca, adentra-se nas hipóteses de compensação
ecológica ou de indenização pecuniária. A compensação ecológica é a substituição do bem
lesado por outro equivalente (Melo, 2017). Para essa modalidade, além da impossibilidade da
reparação especí�ca, é preciso que a área a ser compensada seja do mesmo tamanho da área
do dano e que tenha a mesma importância ecológica. A indenização pecuniária, por �m, é a
forma clássica de reparação no direito civil, mas subsidiária no direito ambiental (Melo, 2017). Os
valores arrecadados a título de indenização são destinados para o Fundo para Reconstituição
dos Bens Lesados, criado pela Lei da Ação Civil Pública.
Uma questão relevante é a cumulação de pedidos em uma ação civil pública ambiental, isto é,
aquele que cometer um dano ambiental poderá ser obrigado, reciprocamente, a reparar o local
onde ocorreu o dano ambiental e destinar recursos �nanceiros para o fundo para a reconstituição
dos bens lesados.
Por �m, a pretensão de reparação aos danos causados ao meio ambiente é imprescritível,
conforme decidiu o STF (Brasil, 2020). Em outras palavras, uma ação civil pública de reparação
de danos causados ao meio ambiente não está sujeita ao instituto da prescrição, podendo ser
ajuizada mesmo que tenham se passado vários anos da ocorrência do dano. Trata-se de
demonstração da relevância do bem ambiental, cuja proteção é imprescindível para todas as
atividades humanas.
Vamos Exercitar?
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Vamos retomar a nossa situação-problema, na qual você é um consultor freelancer que,
juntamente com uma equipe multidisciplinar, �cou encarregado de avaliar relatórios de um
empreendimento de construção civil.
Baseado na leitura de relatórios da obra, destacaram-se duas partes:
Trecho 1: Veri�cou-se descarte em área de várzea de resíduos Classe D (tintas, solventes,
etc.) durante a primeira fase de obras.
Trecho 2: Análises químicas e físicas do solo e da água super�cial do local apresentaram
valores elevados para alguns componentes, mas ainda dentro do limite permitido em
legislação.
Os dois trechos destacados são danos ambientais? Qual tipo de dano ambiental foi cometido
pela empresa? Em relação ao direito comum, a empresa seria responsabilizada levando-se em
consideração a responsabilização civil subjetiva, objetiva ou ambas?
Durante nossos estudos, de�nimos que o dano ambiental pode ser explicado como a poluição
que foi causada por qualquer ação humana que, ultrapassando os limites do desprezível,
promoveu alterações adversas no ambiente, ou seja, degradação ambiental. Dessa forma,
podemos enquadrar o exposto no trecho 1 como dano ambiental, pois houve descarte
inadequado de resíduos e consequente contaminação do solo. Já o exposto no segundo trecho
não pode ser considerado dano ambiental, pois os valores dos parâmetros de água analisados
permaneceram dentro do permitido na legislação.
Um segundo aspecto de nosso estudo foi discriminar os tipos de danos ambientais que
usualmente ocorrem no mundo. Foram descritos cinco tipos principais: 
1. Dano ecológico, que é a alteração adversa da biota, como resultado da intervenção
humana.
2. À saúde.
3. Às atividades produtivas.
4. À segurança.
5. Ao bem-estar.
Dessa maneira, podemos a�rmar que o trecho 1 pode ser enquadrado em dois tipos de danos
ambientais: no primeiro (dano ecológico), pois evidenciamos uma alteração adversa no solo, que,
embora seja um componente abiótico do ecossistema, apresenta organismos vivos; e no quarto
(dano à segurança), pois o descarte inadequado de produtos tóxicos pode colocar a segurança
dos trabalhadores em risco.
Nosso último questionamento é mais complexo e envolve a compreensão do direito comum,
fundamentado na responsabilidade civil subjetiva e objetiva. É importante lembrar que a primeira
é aquela que, em síntese, baseia-se no elemento culpa, e a segunda é aquela que, também em
síntese, por força de lei, independe do elemento culpa.
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
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Se considerarmos que é encargo da empresa responsável pela obra a gestão dos resíduos
oriundos de suas atividades, podemos concluir que o ato de descarte foi deliberado e ela
assumiu o risco de dano ambiental, sendo culpada pelo ato. Com base nessa leitura, a empresa
seria responsabilizada em ambas as fundamentações do direito comum, pois seria provada a
sua culpa em face dos acontecimentos que resultaram na contaminação do solo local. 
Saiba mais
Um dos maiores desastres ambientais do Brasil foi o rompimento da barragem de rejeitos da
mineração no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, Minas Gerais, em 5 de novembro de 2015.
Durante o processo de reparação, um dos ajustes feitos entre as empresas responsáveis pela
barragem e o Ministério Público Federal foi a assinatura de um Termo de Transação e
Ajustamento de Conduta. Nele �cou estabelecida a criação de uma organização autônoma,
dedicada às atividades de reparação e compensação dos impactos ambientais na Bacia do Vale
do Rio Doce. Essa organização é a Fundação Renova. Trata-se de uma entidade que hoje é
responsável por vários projetos e iniciativas de reparação dos danos ambientais do acidente de
Mariana. Você pode conhecer mais sobre o trabalho acessando o site da Fundação Renova. 
Para saber mais a respeito da responsabilidade administrativa ambiental, suas infrações e a
atuação cabível à polícia ambiental, sugerimos a leitura do capítulo 27 Responsabilidade
Administrativa, do livro Direito ambiental e sustentabilidade, disponível em sua Biblioteca Virtual. 
Nesta aula, destacamos o conceito da recuperação ambiental, que é associado a intervenções
realizadas com o intuito de restituir as condições de um ambiente natural degradado ou alterado
a um estado próximo ao seu original, em parte ou em sua totalidade. Para saber mais sobre essa
temática, leia a matéria Recuperação ambiental.
Referências
BENJAMIN, A. H. Responsabilidade civil pelo dano ambiental: doutrinas essenciais de direito
ambiental. São Paulo: RT, 2011.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus �ns e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário
O�cial de União, Brasília, DF, 2 set. 1981.  Disponível em: https://shre.ink/UhIO. Acesso em: 25
out. 2023.
BRASIL. Lei 7.347, de 24 de julho de 1985. Disciplina a Ação Civil Pública de Responsabilidade
por Danos Causados ao Meio Ambiente, ao Consumidor, a Bens e Direitos de Valor Artístico,
Estético, Histórico, Turístico e Paisagístico e Dá Outras Providências. Diário O�cial da União,
Brasília, DF, 24 jul. 1985. Disponível em: https://shre.ink/UNaZ. Acesso em: 26 out. 2023.
https://www.fundacaorenova.org/
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788520439241/pageid/0
https://www.gov.br/ibama/pt-br/assuntos/biodiversidade/recuperacao-ambiental
https://shre.ink/UhIO
https://shre.ink/UNaZ
Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituiçãoda República Federativa do Brasil de 1988. Brasília,
DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: https://shre.ink/UNaC. Acesso em: 26 out.
2023.
BRASIL. Lei nº 9.605, 12 fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm. Diário O�cial da União,
Brasília, DF, 12 fev. 1988. Acesso em: 26 out. 2023.
BRASIL. Decreto nº 6.514, de 22 de julho de 2008. Dispõe sobre as infrações e sanções
administrativas ao meio ambiente, estabelece o processo administrativo federal para apuração
destas infrações, e dá outras providências. Diário O�cial da União, Brasília, DF, 22 jul. 2008.
Disponível em: https://shre.ink/UNah. Acesso em: 26 out. 2023.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial Nº 1.374.284 – MG. Rel. Min. Luiz Felipe
Salomão, 27 de agosto de 2014. Revista Eletrônica de Jurisprudência, 27 ago. 2014. Disponível
em: https://shre.ink/UNa9. Acesso em: 26 out. 2023.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 1.755.077 – PA. Relator: Min. Herman
Benjamin, 17 de outubro de 2018. Revista Eletrônica de Jurisprudência, 17 out. 2018. Disponível
em: https://shre.ink/UNac. Acesso em: 26 out. 2023.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula 629. Brasília, DF: Superior Tribunal de Justiça, 12 de
dezembro de 2018. Disponível em: https://shre.ink/UNae. Acesso em: 26 out. 2023.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 654.833 Acre. Rel. Min. Alexandre de
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LEITE, J. R. M.; AYALA, P. de A. Dano ambiental: do individual ao coletivo, extrapatrimonial, teoria
e prática. 3. ed. São Paulo: RT, 2010.
MELO, F. Direito ambiental. 2. ed. São Paulo: Método, 2017.
MILARÉ, E. Direito do Ambiente. 7. ed. São Paulo: RT, 2011.
SOARES, M.; BAPTISTA, M. M. A. Responsabilidade administrativa. In: PHILIPPI JÚNIOR, A.;
FREITAS, V. P. de; SPÍNOLA, A. L. S. (org.). Direito ambiental e sustentabilidade. Barueri: Manole,
2016. Disponível em: https://goo.gl/yiUYLc. Acesso em: 26 out. 2023. 
https://shre.ink/UNaC
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm
https://shre.ink/UNah
https://shre.ink/UNa9
https://shre.ink/UNac
https://shre.ink/UNae
https://shre.ink/UNab
https://goo.gl/yiUYLc
Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
Aula 5
Encerramento da Unidade
Governança e proteção ambiental
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Bons estudos!
Ponto de Chegada
Olá, estudante!
Agora você irá desenvolver as competências abordadas nesta unidade, que é conhecer e re�etir
sobre os principais documentos internacionais de proteção ambiental, além de compreender a
Política Nacional do Meio Ambiente, identi�car os instrumentos públicos de compatibilização
das atividades econômicas e a proteção ao meio ambiente, e conhecer a sistemática da
responsabilidade em matéria ambiental. Para isso, você deverá, primeiramente, conhecer os
conceitos fundamentais dos seguintes pontos: proteção internacional, sustentabilidade, políticas
públicas, responsabilidade ambiental.
A questão ambiental é um componente indissociável dos processos econômicos. Os Estados,
corporações e sociedade discutem a relação entre economia e meio ambiente. Em uma
sociedade global, com os �uxos econômicos e com a interação de sistemas empresariais, os
temas ambientais estão presentes em todos os níveis. Por isso, a importância de conhecermos
as estruturas de governança ambiental, tanto em nível internacional quanto nacional.
Um importante marco dos movimentos relacionados aos problemas ambientais é a publicação
um ensaio retratado no artigo da Reader’s Digest, que trata do uso indiscriminado de inseticidas,
como destaque para o diclorodefeniltricloretano – DDT, por Rachel Carson, em 1945. Esse artigo,
https://cm-kls-content.s3.amazonaws.com/202401/ALEXANDRIA/RESPONSABILIDADE_SOCIAL_E_AMBIENTAL/PPT/u2enc_res_soc_amb.pdf
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
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apesar de publicado, não obteve sucesso. Contudo, a autora, em 1962, publicou o livro Primavera
silenciosa, retomando o assunto dos inseticidas, que despertou o interesse pelo meio ambiente,
embora tenha sido escrito numa linguagem nada técnica, mas sim poética. No primeiro capítulo,
Uma fábula para o amanhã, a escritora descreve uma cidade �ctícia americana atacada por uma
doença inexplicável, surgida de um pó misterioso, que, primeiramente, atingiu as plantas e, mais
tarde, se alastrou, atingindo os animais e, em seguida, a população, inclusive as crianças,
transformando em uma estação moribunda e silenciosa a primavera. Com essa obra, despertou-
se a importância dos cuidados com o meio ambiente e, a partir desse momento, iniciam-se os
movimentos em sua defesa.
Após esse acontecimento, outro evento de fundamental importância foi a criação do clube de
Roma, em 1968. O empresário italiano Aurelio Peccei, presidente honorário da Fiat, e o cientista
escocês Alexander King criaram um grupo para discutir o futuro das condições humanas no
planeta. A ideia era convidar cerca de 20 personalidades da época para avaliar questões de
ordem política, econômica e social com relação ao meio ambiente. Em 1972, o grupo contratou
uma equipe de cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, sigla em inglês),
liderada por Dennis e Donella Meadows, para elaborar um relatório que simulasse a interação do
homem e o meio ambiente, levando em consideração o aumento populacional e o esgotamento
dos recursos naturais. Esse trabalho foi intitulado Os limites do crescimento, o qual concluiu que
se a humanidade continuasse a consumir os recursos naturais como na época, por consequência
da industrialização, eles se esgotariam em menos de 100 anos.
Entretanto, toda a dinâmica de reconhecimento dos problemas ambientais e a formulação de
normas de regulação e de governança ambiental tiveram início nos eventos promovidos pela
Organização das Nações Unidas (ONU). A partir da Conferência de Estocolmo, em 1972, e da
criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), uma série de encontros
entre os atores globais – organizações internacionais, Estados e entidades não governamentais
– passaram a discutir os desa�os para superar os efeitos causados pelo crescimento econômico
acelerado e o comprometimento da disponibilidade de recursos ambientais. Então, a
necessidade de compatibilizar os avanços econômicos sem desestruturar os sistemas
ecológicos passa a ter relevância. É nesse momento que o desenvolvimento, uma temática que
ganhou força após a Segunda Guerra Mundial, passa a ser articulado com a necessidade de ser
sustentado, ou seja, cria-se a concepção de um desenvolvimento que possa ser durável,
sustentável.
O conceito de desenvolvimento sustentável foi consolidado com o Relatório Nosso Futuro
Comum, da ONU, de 1987, que declarou que o uso dos recursos naturais pelas presentes
gerações não pode comprometer a disponibilidade para as futuras gerações. Trata-se de um
compromisso ético entre gerações e de a�rmação de um desenvolvimento sustentado. Essa
concepção adentrou em todos os âmbitos institucionais, de governos ao setor corporativo, da
escala global à local. Tanto que hoje nenhuma discussão prescinde da sustentabilidade
enquanto norteadora das atividades econômicas, em que pesem as tensões e di�culdades de
conjugação, sobretudo em países como o Brasil, no qual as exigências materiais mínimas para a
maioria da população continuam a ser um objetivo a ser superado emnossa sociedade.
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Nesse contexto, as políticas públicas são um mecanismo fundamental para a promoção da
sustentabilidade. No Brasil, a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) é o diploma legal
estruturante, com os princípios, objetivos e instrumentos de proteção e promoção do meio
ambiente. A PNMA criou o Sistema Nacional do Meio Ambiente, com os entes e órgãos
responsáveis pela proteção do ambiente em todos os níveis: federal, estadual e municipal. Além
disso, temos os instrumentos da PNMA que regulamentam as atividades econômicas, como é o
caso do licenciamento ambiental, que estabelece a conjugação dos valores econômicos e da
proteção ao meio ambiente.
O licenciamento ambiental é um dos instrumentos previstos na Lei nº 6.938/81 da Política
Nacional do Meio Ambiente. Dessa maneira, qualquer construção, instalação, ampliação e
funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou
potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental
estão sujeitos ao prévio licenciamento ambiental. Para alguns autores, o objetivo do
licenciamento ambiental é obter a Licença Ambiental (LA), entretanto, devemos considerar tal
avaliação muito simplista. Resumidamente, o objetivo principal desse procedimento é veri�car se
a atividade poluidora (ou potencialmente poluidora) que se pretende implementar, ou que já
esteja implementada, está realmente em consonância com a legislação ambiental e com as
exigências técnicas necessárias para evitar danos ambientais, sendo defendida por diversos
autores (Milaré, 2007; Oliveira, 2005).
Para a obtenção da LA, são necessárias algumas fases, que são de fundamental importância
para a avaliação adequada dos possíveis danos ambientais.
A licença prévia é a primeira etapa requerida na fase preliminar da atividade. Nesse estágio, são
avaliadas a localização e viabilidade ambiental da requerente e, também, se estabelecem os
requisitos básicos e condições obrigatórias que precisam ser atendidos nas próximas etapas da
implementação. É importantíssimo levantar e avaliar os impactos ambientais e sociais prováveis
do empreendimento nesse momento, além de incluir a comunidade na tomada de decisão �nal.
Vale ressaltar que qualquer planejamento realizado antes da licença prévia é suscetível à
alteração. É nessa fase que ocorre o EIA-RIMA.
Podemos considerar que a licença prévia desempenha um papel de maior importância dentro do
licenciamento ambiental em relação às demais licenças, pois é nesse momento que se levantam
as consequências da implantação e da operação do empreendimento, além de sua localização.
Para muitos autores, realizar essa fase de forma equivocada pode ser uma grande tragédia em
médio e longo prazo, resultando em diversos problemas ambientais, sociais etc.
Após essa etapa inicial, busca-se a licença de instalação (LI), que autoriza a implantação do
empreendimento ou atividade de acordo com as especi�cações que foram de�nidas na licença
prévia aprovada, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes. Com essa
segunda licença concedida, a próxima a ser solicitada é a licença de operação (LO), que, após
veri�car a conformidade do que foi solicitado nas licenças prévias e de instalação, autorizará o
início da atividade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição.
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Embora toda a sistemática ambiental esteja assentada na de�nição de políticas e instrumentos
de prevenção aos danos ambientais, é preciso disciplinar as consequências jurídicas pela não
observância das prescrições legais. É nesse ponto que surge um tema de fundamental relevância
pro�ssional: a responsabilidade ambiental das pessoas físicas e jurídicas que praticam condutas
consideradas lesivas ao meio ambiente. Por disposição constitucional, essa responsabilidade
impõe sanções penais e administrativas aos poluidores, que são obrigados a reparar os danos
causados. A responsabilidade em matéria ambiental é um mecanismo de defesa contra as
intervenções deletérias ao ambiente, assumindo um tema central no dia a dia de qualquer
pro�ssional dos setores corporativos.
É Hora de Praticar!
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Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você trabalha como consultor na área
ambiental e foi contratado por determinada entidade da sociedade civil para emitir uma análise
técnica de um caso que envolve a conduta poluidora de uma empresa e a possível
responsabilidade em matéria ambiental.
Desse modo, trata-se de problemática que envolve uma empresa do ramo têxtil, em que o
processo industrial utiliza produtos químicos intensivamente. A atividade é considerada
potencialmente causadora de signi�cativa degradação, sendo que a empresa se submeteu ao
licenciamento ambiental, com a elaboração do estudo prévio de impacto ambiental (EIA/RIMA).
Durante o procedimento administrativo, foi realizada audiência pública e uma parcela
signi�cativa da população das cidades vizinhas manifestou-se contrária à instalação do
empreendimento, por estar muito próximo de um rio que abastece várias cidades e pelos riscos
envolvidos. Apesar das manifestações contrárias, o órgão ambiental licenciador concedeu as
licenças ambientais e a empresa está em operação há mais de três anos.
No início do ano de 2022, diante dos efeitos econômicos advindos da pandemia, a empresa
resolveu cortar custos operacionais e um dos aspectos mais afetados foram as operações de
tratamento dos e�uentes líquidos e gasosos gerados em sua dinâmica industrial. Apesar da
redução de custos no sistema de tratamento de e�uentes, as metas �nanceiras pretendidas não
foram atingidas.
Diante disso, no mês de setembro de 2022, uma decisão do diretor-presidente da empresa
determinou que os funcionários �zessem o lançamento dos e�uentes da empresa diretamente
no rio que atravessa a área do empreendimento. Devido a essa destinação direta no curso
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d’água, houve uma redução dos custos operacionais, já que os e�uentes não precisaram de
tratamento.
Mas essa decisão teve consequências imediatas, com a mortandade de peixes e a
contaminação da água, o uso impróprio por semanas, impedindo que os moradores das cidades
vizinhas pudessem usá-la no abastecimento público e como insumo de seus processos
produtivos, em especial na agricultura e na pecuária. Diante da repercussão negativa, a empresa
veio a público se manifestar e pedir desculpas pelo ocorrido. Contudo, alegou que não pode ser
responsabilizada porque é uma atividade devidamente licenciada pelo órgão ambiental estadual
e que adota padrões internacionais de sustentabilidade. Inclusive, o lema da empresa baseia-se
no tripé da sustentabilidade: econômico, social e ambiental. Além disso, sua responsabilização
poderia levar ao fechamento de suas atividades e à dispensa de seus funcionários.
Diante desse relato, a análise agora é com você! Para tanto, emita as suas considerações sobre a
possível responsabilidade da empresa no caso em questão.
Você acredita que os instrumentos de avaliação dos impactos ambientais, como os estudos
ambientais, são realmente e�cazes na proteção ambiental?
Na sua opinião, levando em consideração o direito à qualidade de vida, a perspectiva de
necessidade de recursos ambientais e um meio ambiente equilibrado das futuras gerações,
podemos dizer que é ético o enriquecimento monetário de empresas à custa da degradação do
meio ambiente e da qualidade de vida da coletividade?
Para você, a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), que é o diploma legal estruturante,
com os princípios, objetivos e instrumentos de proteção e promoção do meio ambiente, atua
com seriedade e e�cácia no nosso país?
Vamos juntos articular os principais aspectospara a resolução do nosso estudo de caso.
Em primeiro lugar, é necessário contextualizar que o caso trata de um dos aspectos mais
recorrentes e sensíveis da nossa realidade: o desenvolvimento de atividades econômicas em
respeito à proteção ao meio ambiente. Trata-se de uma questão recorrente no universo
pro�ssional, mas com consequências para todos, uma vez que os impactos ambientais têm
efeitos sociais e econômicos. Para a resolução, é importante identi�car que o problema conjuga
o conhecimento dos instrumentos regulatórios das atividades econômicas previstos na Lei
6.938/1991, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, em especial o licenciamento
ambiental, com a responsabilidade ambiental, ou seja, as consequências do descumprimento
das normas ambientais, com a ocorrência de dano ambiental.
Desse modo, com base no problema proposto, nota-se que a empresa cumpriu normalmente os
procedimentos do licenciamento ambiental. Por se tratar de atividade potencialmente causadora
de signi�cativa degradação do meio ambiente, foi exigida a realização do estudo prévio de
impacto ambiental (EIA/RIMA), inclusive com a realização de audiência pública, momento de
informação e participação da sociedade. Diante da regularidade das etapas procedimentais,
foram concedidas as licenças ambientais, com o funcionamento das operações.
No entanto, podemos notar que, diante das di�culdades �nanceiras, especialmente decorrentes
dos efeitos da pandemia da covid-19, a empresa optou por reduzir custos e direcionou esse
intento aos procedimentos e medidas de controle de suas externalidades, ou seja, daquelas que
podem causar poluição. E aqui temos o início do problema, porque ao reduzir as medidas de
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tratamento de e�uentes de uma atividade que é reconhecidamente poluidora, aumentou os
riscos de um dano ambiental, que viria a ser con�rmado.
O lançamento de e�uentes, com a contaminação do rio, ocasionou o dano ambiental, que teve
reciprocamente duas dimensões: (i) causou danos à natureza, com a mortandade de peixes; e (ii)
impossibilitou o uso da água para o abastecimento público e insumo de atividades produtivas
(Melo, 2017). Por isso, no caso em análise, a empresa será responsável por esses aspectos.
Quanto às alegações da empresa, elas não coadunam com o sistema jurídico brasileiro, porque a
Constituição Federal, em seu art. 225, § 3º (Brasil, 1988), determina a tríplice responsabilidade –
civil, penal e administrativa – para os causadores de danos ao meio ambiente. No caso, é
possível discutir a responsabilidade penal da pessoa jurídica, porque houve uma decisão do
órgão colegiado, que bene�ciou a empresa, já que deixou de investir recursos �nanceiros com
essa conduta que, ao �nal, ocasionou o crime de poluição (Brasil, 1998). Além disso, essa
conduta pode ser analisada à luz da responsabilidade administrativa ambiental (Brasil, 2008). E,
por �m, implicará a obrigação de reparar os danos causados ao meio ambiente.
O argumento de que a empresa é licenciada não afasta a obrigação de reparar os danos
causados ao meio ambiente. Ademais, usar a justi�cativa da empregabilidade e do possível
fechamento como forma de se esquivar da responsabilidade, além de não ter qualquer
embasamento jurídico, representa uma lógica de privatizar os lucros e socializar os prejuízos
com a sociedade. É evidente que isso não se coaduna com os parâmetros de uma empresa que
se apresenta seguindo o tripé da sustentabilidade. Esses são, em síntese, os principais
argumentos para o deslinde da sua atuação como consultor ambiental. 
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Figura 1 | Governança e proteção ambiental: tópicos importantes. Fonte: elaborada pelo autor.
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BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília,
DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm. Acesso em: 27 out. 2023.
BRASIL. Lei nº 9.605, 12 fevereiro de 1998. 
Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao
meio ambiente, e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm. Diário O�cial da União, Brasília, DF, 12 fev.
1988. Acesso em: 27 out. 2023.
BRASIL. Decreto nº 6.514, de 22 de julho de 2008. Dispõe sobre as infrações e sanções
administrativas ao meio ambiente, estabelece o processo administrativo federal para apuração
destas infrações, e dá outras providências. Diário O�cial da União, Brasília, DF, 22 jul. 2008
Disponível em: https://shre.ink/UNAh. Acesso em: 27 out. 2023.
MELO, F. Direito ambiental. 2. ed. São Paulo: Método, 2017.
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Unidade 3
Responsabilidade social e ambiental e gestão corporativa
Aula 1
Responsabilidade Social Corporativa
Responsabilidade social corporativa
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/%20Constitui%C3%A7ao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm
https://shre.ink/UNAh
https://cm-kls-content.s3.amazonaws.com/202401/ALEXANDRIA/RESPONSABILIDADE_SOCIAL_E_AMBIENTAL/PPT/u3a1_res_soc_amb.pdf
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
Ponto de Partida
Olá, estudante!
É uma alegria tê-lo conosco em uma nova aula da disciplina de Responsabilidade Social e
Ambiental!
A temática que estudaremos é a responsabilidade social corporativa. Trata-se de uma nova
con�guração para as empresas que, reconhecendo o seu valor como agente social, assumem o
compromisso ético para o cumprimento das dimensões econômica, social e ambiental da
sustentabilidade. Por meio da responsabilidade social corporativa, a empresa estabelece um
diálogo permanente com a sociedade, conjugando a perspectiva dos seus negócios com as
demandas socioambientais.
Para compreender melhor esse termo, vamos trabalhar o caso de Wesley, que testemunhou e
testemunha o desmatamento da Cidade dos Anjos por um loteadora que está construindo um
polo industrial, desmatando mais de cinquenta por cento do permitido na área da instalação.
Wesley começou um movimento contra essa conduta e cada dia mais tem conseguido adeptos
para garantir que a cidade seja respeitada em sua essência e importância como patrimônio
ambiental.
Por essa razão, Wesley e os adeptos promoveram o movimento, que foi além da pan�etagem e
outras ações de divulgação. Com isso, conseguiram chamar a atenção da imprensa e do
Ministério Público, e, apesar de toda a visibilidade do movimento, o grupo não teve êxito na
tentativa de marcar uma audiência com a empresa loteadora para discutir as questões
anteriormente citadas.
O modelo empresarial da loteadora é tão ultrapassado que sequer deu oportunidade de ouvir os
interessados. Enquanto esperavam, um dos integrantes do movimento, Anderson, comentou que
a empresa em que trabalha adota a governança corporativa e, por esse meio, entende que todos
fazem parte do seu processo de melhoria, inclusive com transparência nas suas ações.
Questiona-se, portanto: se a loteadora tivesse adotado a governança corporativa como
ferramenta para vislumbrar o futuro da empresa, ela cometeria tantos abusos perante a
comunidade e o meio ambiente? Ela abriria oportunidade para ouvir as reivindicações
representadas pelo movimento liderado por Wesley? Ela seria vista no mercado com outra
imagem?
Agora, você compreenderá a importância da atuação da empresa como vetor para a construção
de valores de uma sociedade comprometida com a qualidade de vida e a sustentabilidade.
Estou te esperando!
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RESPONSABILIDADESOCIAL E
AMBIENTAL
Vamos Começar!
Conceito de responsabilidade social corporativa
No que consiste e quais são os propósitos da responsabilidade social corporativa? Qual a sua
importância no contexto empresarial e nas relações com a sociedade? Essas são perguntas que
nos conduzem para uma nova dimensão do papel das empresas no mundo contemporâneo.
Em primeiro lugar, é preciso re�etir sobre o signi�cado do termo empresa. A compreensão usual
é que constitui uma atividade econômica organizada com a �nalidade de obtenção de lucro.
Desde o início do sistema de produção capitalista, o sentido da atividade econômica por meio de
organizações de variados tipos sempre esteve vocacionado para a maximização da lucratividade
a partir da redução de custos e do aumento da produção, ou seja, uma dimensão de caráter
eminentemente econômico.
Todavia, a empresa, enquanto atividade, transformou-se tanto em relação à maneira pela qual se
dá a sua con�guração quanto no que se refere à sua importância social. A empresa é um agente
fundamental para o ciclo econômico uma vez que vincula nos processos produtivos mão de obra
e insumos com a geração de renda e transformações signi�cativas no ambiente natural e social.
Portanto, considerando os impactos das suas atividades, as empresas não estão livres das
discussões sobre a sua responsabilidade no quadro do desenvolvimento, especialmente o
sustentável.
Na década de 1950, no cenário norte-americano, Howard Bowen lança a obra Social
Responsabilities of the Businessman, considerada a primeira re�exão acadêmica a respeito do
tema responsabilidade social. O autor não se restringiu às questões �lantrópicas e pontuou a
importância do compromisso das empresas para a melhoria das condições sociais da sociedade
(Junco; Florencio; Bustelo, 2014).
No Brasil, é a partir da década de 1990 que o tema da responsabilidade social passa a ser
importante para a administração e gestão organizacional. Coube ao Instituto Ethos estimular a
adoção das práticas de responsabilidade social corporativa (também chamada de
responsabilidade social empresarial) no espaço de negócios brasileiro.
As discussões sobre a responsabilidade social contribuíram para que a ciência jurídica
incorporasse um redimensionamento da concepção da atividade empresarial em nossa
sociedade. Desse modo, a função social da empresa é um dos aspectos centrais da Constituição
Federal de 1988, em que a atividade econômica é uma conjugação dos interesses dos
proprietários com os da coletividade. No capítulo sobre a ordem econômica, a Carta Magna
disciplina os princípios da livre iniciativa e concorrência à luz da justiça social e de uma
sociedade livre, justa e solidária. As empresas estão vinculadas a conservar e nutrir respeito à
ordem econômica e social por meio da preservação do meio ambiente, da proteção aos
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
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consumidores e aos trabalhadores (Brasil, 1988). As empresas têm uma função social destacada
e não vinculada exclusivamente à questão econômica.
Em que pese a centralidade da função social da empresa no universo jurídico, ela não se
confunde com a responsabilidade social corporativa. Essa é mais ampla e representa um
compromisso das empresas além do processo econômico e legal para um engajamento social e
ambiental em sociedade. Por essa razão, o desempenho da atividade econômica em
conformidade com a legislação é somente um dos elementos da responsabilidade social
corporativa.
Com esses apontamentos, indaga-se: como conceituar a responsabilidade social corporativa? No
âmbito internacional, uma importante normatização, a ISO 26000:2010, estabelece os
parâmetros para a responsabilidade social, que, por sua vez, apresenta o seguinte conceito:
A responsabilidade social se expressa pelo desejo e pelo propósito das organizações em
incorporarem considerações socioambientais em seus processos decisórios e a responsabilizar-
se pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente. Isso implica
um comportamento ético e transparente que contribua para o desenvolvimento sustentável, que
esteja em conformidade com as leis aplicáveis e seja consistente com as normas internacionais
de comportamento. Também implica que a responsabilidade social esteja integrada em toda a
organização, seja praticada em suas relações e leve em conta os interesses das partes
interessadas (ABNT, 2010).
Para o Instituto Ethos, a responsabilidade social corporativa é de�nida como:
[...] a forma de gestão que se de�ne pela relação ética e transparente da empresa com todos os
públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais
compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais
e culturais para gerações futuras, respeitando a diversidade e a redução das desigualdades
sociais (Instituto Ethos, 2004).
Nota-se, portanto, que a responsabilidade social corporativa expressa uma convenção
empresarial, representativa do novo contexto das empresas que estão eticamente
comprometidas com os processos econômicos, sociais e ambientais.
Siga em Frente...
Os elementos estruturantes da responsabilidade social
corporativa
A responsabilidade social corporativa é uma convenção que estabelece compromissos éticos
quanto ao papel e ponderação das consequências da atividade empresarial. Dessa forma, a
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
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empresa passa a �gurar não apenas como um agente econômico, mas como um vetor para a
construção de valores de uma sociedade compromissada com a qualidade de vida e com a
sustentabilidade.
Como compreender a responsabilidade social corporativa? Há diversos modelos, mas um dos
principais estabelece e articula quatro categorias de responsabilidade social: (i) econômica; (ii)
legal; (iii) ética; (iv) de ação discricionária (Carrol, 1979 apud Amorim, 2009). As duas primeiras
responsabilidades são inerentes às atividades empresariais, dado que o objetivo econômico de
uma empresa não pode prescindir da observância da legislação, seja tributária, trabalhista ou
ambiental. A responsabilidade ética, por sua vez, expressa o compromisso da transparência, da
lealdade nas relações, inclusive intergeracional, ou seja, de garantir os recursos naturais para as
gerações futuras. A responsabilidade discricionária, por �m, é o engajamento voluntário com os
projetos comunitários (sociais, educacionais, recreativos), que contribuem para mudanças na
sociedade (Amorim, 2009).
Os princípios estruturantes da responsabilidade social corporativa estão estabelecidos na norma
internacional ISO 26000:2010 (ABNT, 2010). O primeiro deles é a accountability, isto é, a
obrigação da empresa de ser responsável por suas ações e decisões, o que implica a prestação
de contas. Accountability deve ser entendida como a: “[...] condição de responsabilizar-se por
decisões e atividades e prestar contas destas decisões e atividades aos órgãos de governança
de uma organização, a autoridades legais e, de modo mais amplo, às partes interessadas da
organização” (ABNT, 2010). O segundo princípio é a transparência, que consiste em divulgar de
forma clara e objetiva as consequências dos impactos de suas atividades nas comunidades
afetadas. O terceiro princípio é o comportamento ético, que signi�ca integridade. A organização
deve se estabelecer com base na honestidade e no compromisso com valores em prol da
comunidade e do meio ambiente. O quarto princípio é o respeito pelos interesses das partes
interessadas, isto é, identi�car os stakeholders (que são todas as partes envolvidas e
interessadas em um negócio), ouvindo-os ativamente e considerando as suas proposições. O
quinto princípio é o respeito pelo Estado de direito, ou seja, a organização deve aceitar e respeitar
as normas jurídicas constituintes do Estado. O sexto princípio é o respeito pelas normas
internacionais de comportamento, com a adoção de comportamentos organizacionais
responsáveis e comprometidos com as melhores práticas de governança social e ambiental,
mesmo emQual foi o preço do Antropoceno e como isso afetará a minha vida?
O Antropoceno ocorre atrelado à modernidade urbano-industrial. Temos um ponto-chave da
expansão do Antropoceno, a Revolução Industrial e energética, a qual deu início ao uso
generalizado de combustíveis fósseis (carvão mineral) e à produção em massa de mercadorias e
meios de subsistência. Como consequência, houve uma rápida expansão das atividades
antrópicas. Todo esse processo expansionista gerou efeitos incomparáveis: em 250 anos, a
economia global cresceu 135 vezes, a população mundial cresceu 9,2 vezes e a renda per capita
cresceu 15 vezes. Esse crescimento demoeconômico foi maior do que o de todo o período dos
200 mil anos anteriores, desde o surgimento do Homo sapiens.
Entretanto, todo esse avanço gerou consequências extremamente negativas ao meio ambiente.
Nossas atividades ultrapassaram a capacidade de carga da Terra, e a Pegada Ecológica da
humanidade extrapolou a biocapacidade do planeta. Tal cenário ainda não parece mudar. A cada
dia, a dívida do ser humano com a natureza continuação a crescer e a degradação ambiental
pode, no limite, destruir a base ecológica que sustenta a economia e a sobrevivência humana. 
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
Saiba mais
Nesta aula discutimos a hipótese do Antropoceno. Sob esse contexto, é proposto que as
atividades humanas alteraram consideravelmente a dinâmica do planeta, con�gurando uma nova
época geológica. Para auxiliar na compreensão das de�nições do Antropoceno, leia o artigo O
que é o Antropoceno e por que esta teoria cientí�ca responsabiliza a humanidade. 
Além disso, podemos compreender que o avanço das atividades humanas está alterando
drasticamente a dinâmica no planeta. Entre os pontos destacados, está o aquecimento global,
aumento da temperatura média dos oceanos e da camada de ar próxima à superfície da Terra,
que pode ser consequência de causas naturais e atividades humanas. Para saber mais sobre
essa temática, leia a matéria As Mudanças Climáticas,  e Antropoceno: a era do colapso
ambiental, e entenda quais os principais fatores associados às mudanças climáticas e ao
aquecimento global.
Outro ponto de relevância que abordamos nesta aula é uma das principais métricas para
conhecer e compreender o impacto das nossas atividades no planeta, a Pegada Ecológica. Mas
será que você sabe qual é a sua pegada? Para conhecê-la, acesse Pegada Ecológica e faça o
teste usando a calculadora da contabilidade ambiental, que re�ete as nossas condutas sobre o
planeta. Além de interessante, o resultado nos ajudará a compreender a nossa responsabilidade
no Antropoceno. 
Referências
ALVES, J. E. D. Antropoceno: a era do colapso ambiental. Disponível em: https://cee.�ocruz.br/?
q=node/1106. Acesso em: 17 out. 2023.
COSTA, A. Antropoceno: desmandamentos gravados em rocha. In: Os mil nomes de Gaia: do
Antropoceno à idade da terra, v. 1. Rio: Machado, 2023.
COSTA, F. Tecnoceno: algoritmos, biohackers y nuevas formas de vida. Buenos Aires: Taurus,
2021.
CRUTZEN, P.; STOERMER, E. The “Anthropocene”. Global Change Newsletter, v. 41, 2000, p. 17-18.
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https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/reducao_de_impactos2/clima/mudancas_climaticas2/
https://cee.fiocruz.br/?q=node/1106#:~:text=O%20aquecimento%20global%2C%20a%20extin%C3%A7%C3%A3o,um%20colapso%20ambiental%20e%20social,%20e
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Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
IPEA. Um exame dos padrões de crescimento das cidades brasileiras. Disponível em:
http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_1155.pdf. Acesso em: 17 out. 2023.
GLOBAL FOOTPRINT NETWORK. Ecological footprint per person. In:  National footprint and
biocapacity accounts 2022 edition. Disponível em: https://data.footprintnetwork.org/#/. Acesso
em: 17 out. 2023.
MOORE, J. W. Anthropocene or capitalocene? Nature, History, and the Crisis of Capitalism. Los
Angeles: Kairos, 2016.
ODUM, E. P. Fundamentos de ecologia. 6. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.
O QUE é o Antropoceno e por que esta teoria cientí�ca responsabiliza a humanidade? National
Geographic Brasil, jan. 2023. Disponível em:
https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/2023/01/o-que-e-o-antropoceno-e-por-que-
esta-teoria-cienti�ca-responsabiliza-a-humanidade
UNESCO. Correio da Unesco: um glossário para o antropoceno. In: Bem-vindo ao Antropoceno, v.
2, abr.-jun., 2018. Disponível em: https://pt.unesco.org/courier/2018- 2/um-glossario-o-
antropoceno. Acesso em: 17 out. 2023.
VEIGA, J. E. da. O Antropoceno e a ciência do sistema terra. São Paulo: Editora 34, 2019.
WWF. Índice planeta vivo 2020: reversão da curva de perda de biodiversidade. In: Almond, R. E.;
Grooten, M.; Petersen, T. (eds.) Gland: WWF, 2020. Disponível em:
https://f.hubspotusercontent20.net/hubfs/4783129/LPR/PDFs/Brazil%20FINAL%20summary.pdf
. Acesso em: 17 out. 2023.
Aula 2
Mudanças Climáticas
Mudanças climáticas
https://data.footprintnetwork.org/#/
https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/2023/01/o-que-e-o-antropoceno-e-por-que-esta-teoria-cientifica-responsabiliza-a-humanidade
https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/2023/01/o-que-e-o-antropoceno-e-por-que-esta-teoria-cientifica-responsabiliza-a-humanidade
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Bons estudos!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
É uma alegria tê-lo conosco em uma nova aula sobre um tema fundamental para a sua formação
pro�ssional e social: as mudanças climáticas.
Sabemos, hoje, que a mudança do clima é uma realidade com impactos diretos nas relações
econômicas e sociais. Agora, você, como um recém-contratado de uma multinacional do ramo
alimentício, será o responsável pela implantação de projetos que visam diminuir o impacto da
empresa na emissão dos gases do efeito estufa (GEE). Diante do desa�o, você decide realizar
uma palestra para sua equipe sobre o que é o aquecimento global, as mudanças climáticas, seus
impactos, quais são os principais GEE e o que é o efeito estufa.
Vamos juntos no estudo desse tema fundamental para a manutenção dos recursos do nosso
planeta e para as gerações atuais e futuras!
Um grande abraço!
Vamos Começar!
O conceito de mudanças climáticas
A mudança do clima é o maior desa�o do mundo contemporâneo. Nenhuma política ou
perspectiva de desenvolvimento social e econômico prescinde dessa temática, e sua
compreensão é fundamental e indispensável para o futuro de nossas sociedades. A mudança do
clima ampli�ca a vulnerabilidade de populaçõespaíses em que as normas sejam mais �exíveis. O sétimo e último princípio é o
respeito pelos direitos humanos em sua compreensão de universalidade, como direitos para
todas as pessoas, sem quaisquer tipos de discriminações, em todos os lugares do planeta. O
respeito aos direitos humanos impõe igualmente a sua promoção, isto é, o engajamento de
promovê-los em conformidade com os preceitos da Carta Internacional dos Direitos Humanos.
A responsabilidade social corporativa equivale a um novo estágio de entendimento do papel da
empresa. Ela conduz a empresa a uma dimensão de cidadania, como uma empresa-cidadã.
Supera-se a ideia de uma empresa como um negócio, de interesse exclusivo dos investidores, ou
mesmo de uma empresa como organização social (Martinelli, 1997 apud Amorim, 2009).
Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
A empresa-cidadã tem “[...] uma concepção estratégica e um compromisso ético, resultando na
satisfação das expectativas e respeito pelos parceiros” (Amorim, 2009, p. 134). A empresa olha
para si mesma, e a sociedade e o mercado a olham também para avaliar a sua contribuição e
participação no processo de redução dos problemas socioambientais. Nesse cenário, a empresa
articula ações com base em objetivos que não consistem em práticas comerciais ou em
resultados econômicos imediatos; ela passa a atuar como um agente social (Amorim, 2009).
Nota-se, destarte, que a responsabilidade social corporativa contém um núcleo de cidadania
empresarial, com ganhos e resultados tanto internamente quanto externamente que, em última
análise, são representativos dos compromissos com a sociedade.
A aplicação da responsabilidade social corporativa
A responsabilidade social corporativa, como já destacado, é de implementação voluntária. Por
essa razão, há diversas estratégias para torná-la efetiva no contexto empresarial, de acordo com
o setor econômico e o tamanho da empresa. Mas o aspecto fundamental é que toda e qualquer
empresa pode adotar os preceitos da responsabilidade social corporativa.
A norma ISO 26000:2010 fornece algumas diretrizes de campos temáticos e de reconhecido
interesse e relevância social. As empresas podem, ao dialogar com as expectativas e
necessidades das partes interessadas, articular ações concretas. As diretrizes funcionam como
temas centrais a partir dos quais a organização poderá identi�car questões peculiares,
relevantes, estabelecendo suas prioridades de ação. Então, como áreas centrais, podemos
destacar: governança organizacional; direitos humanos; práticas de trabalho; meio ambiente;
práticas leais de operação; questões relativas ao consumidor; envolvimento e desenvolvimento
da comunidade (ABNT, 2010).
É preciso ressaltar que a responsabilidade social corporativa demanda o cumprimento de
deveres, isto é, ações reais. Por esse motivo, é primordial enxergar a responsabilidade social
corporativa no sentido de ações a serem desempenhadas. Não se trata de algo teórico, mas de
medidas reais, efetivas, na expectativa de transformação.
A compreensão da responsabilidade social corporativa impõe a conjugação de duas
perspectivas. Na primeira, a responsabilidade social corporativa está relacionada com as
condutas internas (Jones, 1997 apud Amorim, 2009), que dizem respeito às dinâmicas
operacionais da empresa. Nesse caso, estão incluídas as ações no contexto de programas de
relação com os empregados, sobretudo no que tange ao respeito aos direitos sociais do trabalho,
assim como na geração de uma percepção interna de satisfação e de mútua colaboração, num
ambiente laboral que proporcione o crescimento pro�ssional e a igualdade de oportunidades. No
mesmo sentido, a responsabilidade social perpassa pela estruturação de um programa de
integridade e governança corporativa que esteja imbuído do máximo respeito aos direitos dos
colaboradores, permitindo-lhes o desenvolvimento integral e o engajamento nas ações
empresariais.
Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
No plano interno ainda há de se pontuar ações no campo do respeito aos direitos humanos,
principalmente para promover a igualdade de gênero, evitando práticas discriminatórios de
quaisquer tipos, bem como integração e acessibilidade de pessoas com de�ciência. Enumeram-
se, ainda, programas de ética corporativa, com especial atenção à prevenção de assédio sexual e
moral, programas de relacionamento interno, para promover uma política de recursos humanos
pautada na conciliação e no respeito mútuo às diferenças e singularidades, programas de
capacitação em responsabilidade social corporativa com enfoque na integração da empresa
junto à comunidade local, bem como o estabelecimento de códigos de conduta no
relacionamento com clientes, fornecedores e parceiros comerciais.
A segunda perspectiva da responsabilidade social corporativa é voltada ao plano externo, com a
participação da corporação em ações fora dos seus interesses diretos e imediatos (Amorim,
2009), por meio de investimento e destinação de recursos a programas sociais, de proteção
ambiental, de conscientização sanitária etc., criados e mantidos pela própria empresa, ou em
parceria com organizações não governamentais ou mesmo com as entidades do poder público.
Como destaque, há o desenvolvimento de projetos socioeducacionais junto às comunidades,
atendimento a grupos de risco e pessoas em situação de vulnerabilidade, além de projetos para a
conservação e recuperação de áreas degradadas pelas próprias atividades empresariais. O plano
externo é estabelecido entre a empresa em suas relações com o entorno, seja a comunidade ou
o meio ambiente.
Como se pode notar, a responsabilidade social corporativa contempla inúmeras possibilidades
de atuação para a empresa, a qual caberá de�nir o conjunto de ações pertinentes ao seu modelo
de negócios ou à dimensão que pretende conferir ênfase em sua atuação.
Vamos Exercitar?
As empresas se preocupam muito hoje em dia em associar a sua imagem com práticas sociais.
Procuram cada vez mais proceder e associar a sua imagem ao “ser socialmente correto”,
contudo, o compromisso empresarial ou organizacional com a sociedade, com a economia e
com o meio ambiente deve decorrer do seu comportamento ético, que precisa envolver o
comprometimento interno e externo representado pelos stakeholders, com planejamento
estratégico, para se veri�car a boa prática da governança corporativa. A empresa ou organização
deve ter compromisso com os seus investidores, com o mercado, com a sociedade. Se ela for
seriamente comprometida, certamente colherá bons frutos.
Questiona-se, portanto, se a construtora tivesse adotado a governança corporativa como
ferramenta para vislumbrar o futuro da empresa, ela cometeria tantos abusos perante a
comunidade e o meio ambiente?
Ela abriria oportunidade para ouvir as reivindicações representadas pelo movimento liderado por
Wesley? Ela seria vista no mercado com outra imagem?
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
No caso da loteadora, não se denota isso, porque em momento algum ela foi transparente nas
suas ações e os danos são iminentes agora. O levante e a denúncia foram feitos,
comprometendo de imediato sua imagem idônea no mercado. Certamente, se adotasse a
governança corporativa, a empresa loteadora teria atrelada à sua conduta a execução de danos
ao meio ambiente e, também, estaria aberta às reivindicações da comunidade. Além disso, o
movimento de Wesley seria ouvido e atendido. A imagem da empresa seria outra e a
comunidade, em vez de contrária a ela, seria sua aliada. 
Saiba mais
No Brasil, a divulgação das iniciativas de responsabilidade social corporativa está associada ao
trabalho do Instituto Ethos. Trata-se da principal organização na promoção de cursos e
capacitações para o desenvolvimento sustentável na área empresarial. Conhecer o trabalho do
Instituto Ethos, por meio de suas publicações e eventos, é uma forma de se aprofundar nas
temáticas para uma governança socialmente responsável. 
Como citamos ao longo desta aula, a responsabilidade social é o modo de pensar e agirde forma
ética nas relações. Para conhecer mais sobre essa temática, leia a matéria Tudo o que você
precisa saber sobre responsabilidade social.
Agora que sabemos da importância da implantação da responsabilidade social corporativa, quais
as vantagens e desa�os, para saber mais sobre o conceito e como colocar em prática as ações
dessa temática, leia a matéria Como garantir a Responsabilidade Social Corporativa?  
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 26000: diretrizes sobre
responsabilidade social. Rio de Janeiro: 2010. Disponível em:
http://servicos.uberlandia.mg.gov.br/uploads/cms_b_arquivos/16719.pdf. Acesso em: 30 out.
2023. 
AMORIM, T. N. G. F. Responsabilidade social corporativa. In: ALBUQUERQUE, J. de L. (org.).
Gestão ambiental e responsabilidade social: conceitos, ferramentas e aplicações. São Paulo:
Atlas, 2009. 
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília,
DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm. Acesso em: 30 out. 2023. 
COMO garantir a responsabilidade social corporativa? Serasa Experian, 29 dez. 2021. Disponível
em: https://serasa.certi�cadodigital.com.br/blog/comunicacao/como-garantir-a-
responsabilidade-social-corporativa/. Acesso em: 30 out. 2023. 
https://www.ethos.org.br/
https://fadc.org.br/noticias/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-responsabilidade-social
https://fadc.org.br/noticias/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-responsabilidade-social
https://serasa.certificadodigital.com.br/blog/comunicacao/como-garantir-a-responsabilidade-social-corporativa/
http://servicos.uberlandia.mg.gov.br/uploads/cms_b_arquivos/16719.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/%20Constitui%C3%A7ao.htm
https://serasa.certificadodigital.com.br/blog/comunicacao/como-garantir-a-responsabilidade-social-corporativa/
https://serasa.certificadodigital.com.br/blog/comunicacao/como-garantir-a-responsabilidade-social-corporativa/
Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
JUNCO, J. G. del; FLORENCIO, B. P.; BUSTELO, F. E. Manual práctico de responsabilidad social
corporativa: gestión, diagnóstico e impacto en la empresa. Madrid: Ediciones Pirámide, 2014.
TUDO o que você precisa saber sobre responsabilidade social. Fundação Abrinq, 16 nov. 2020.
Disponível em: https://fadc.org.br/noticias/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-
responsabilidade-social. Acesso em: 30 out. 2023.
Aula 2
Indicadores de Sustentabilidade
Indicadores de sustentabilidade
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Ponto de Partida
Olá, estudante!
É uma alegria tê-lo conosco nesta aula em que discutiremos os indicadores de sustentabilidade,
que são as práticas e procedimentos para que uma empresa se apresente como responsável
ecologicamente perante o mercado e os seus consumidores.
Para que uma empresa seja considerada sustentável, é necessário mais do que o cumprimento
das obrigações legais. Exige-se que ela adote processos e procedimentos que reduzam os seus
impactos no meio ambiente. Uma das principais iniciativas nesse sentido é a adoção de um
sistema de gestão ambiental, com a adoção de uma política empresarial que conjugue o
planejamento e o gerenciamento dos impactos de suas atividades.
https://fadc.org.br/noticias/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-responsabilidade-social
https://fadc.org.br/noticias/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-responsabilidade-social
https://cm-kls-content.s3.amazonaws.com/202401/ALEXANDRIA/RESPONSABILIDADE_SOCIAL_E_AMBIENTAL/PPT/u3a2_res_soc_amb.pdf
Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
Agora, você, proprietário de uma empresa que atua no ramo de consultoria, visando à
implantação de soluções sustentáveis para grandes empresas, deverá apresentar um plano de
trabalho para a implantação de estratégias e indicadores de sustentabilidade para uma franquia
de cosméticos. Dessa maneira, você preparou um portfólio com o plano de ação. Caso aprovado,
ele será executado com base na ISO 14001.
Para facilitar o entendimento da ISO 14001, você destacou alguns pontos importantes que serão
apresentados para os contratantes dessa norma internacional, que estabelece diretrizes para
sistemas de gestão ambiental:
O que é a ISO 14001 e para que serve?
Quais os benefícios que uma empresa tem com a certi�cação ISO 14001?
Como se aplica a ISO 14001 em uma empresa?
Vamos juntos no estudo dessa instigante temática!
Vamos Começar!
A importância dos indicadores de sustentabilidade
Atualmente, o discurso sobre a sustentabilidade é dominante em todos os setores, público ou
privado. Trata-se de uma demanda que conjuga o compromisso com o planeta e o ambiente de
negócios. Mas a sustentabilidade não pode estar restrita à articulação de seus pressupostos em
um plano meramente retórico, é preciso critérios para aferir se, de fato, uma organização adota
processos, procedimentos e práticas sustentáveis. E ainda que uma empresa se respalde em um
conjunto de práticas sustentáveis, elas nem sempre são su�cientes para que essa se atribua a
prerrogativa de ser sustentável. Diante disso, como caracterizar uma empresa comprometida
com a sustentabilidade?
Em um primeiro momento, o compromisso básico com a sustentabilidade está no cumprimento
das disposições legais, em especial das políticas públicas ambientais. Nessas políticas, temos
as normas jurídicas de comando e controle, ou seja, aquelas que estabelecem imposições para
as empresas para, em seguida, serem �scalizadas pelas autoridades competentes pelo
cumprimento. O licenciamento ambiental é um exemplo na medida em que, após a empresa
cumprir com os procedimentos legais (comando) e obter a licença de operação, ela passa a ser
�scalizada pelos órgãos ambientais (controle).
Contudo, para que uma organização seja considerada sustentável, é preciso mais que a
submissão à legislação ambiental, que, apesar de obrigatória, encontra-se no nível elementar.
Para ser sustentável, a empresa precisa conferir outros aspectos estruturais em seus negócios,
como a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental, conjugando as exigências legais com
Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
a de�nição de uma política ambiental empresarial, que tenha como referência o planejamento e o
gerenciamento ambiental de suas atividades (Seiffert, 2007). Assim, em um Sistema de Gestão
Ambiental, a política empresarial traduz o propósito da empresa com seus compromissos para a
proteção do meio ambiente. O nível de planejamento envolve a adequação do uso dos recursos
naturais, isto é, a conjugação do cumprimento dos objetivos das políticas públicas com as
aspirações da sociedade no que se refere aos impactos ambientais da empresa. Já o
gerenciamento ambiental está no caráter mais tático, operacional, com o “[...] conjunto de ações
destinado a regular o uso, controle, proteção e conservação do meio ambiente [...]” (Seiffert,
2007, p. 54).
Mas qual a importância de um Sistema de Gestão Ambiental? Além de lidar com as pressões dos
agentes públicos e privados, há o compromisso de minimizar ao máximo os efeitos prejudiciais
de suas atividades econômicas sobre o meio ambiente. Por isso, um Sistema de Gestão
Ambiental inclui a estrutura organizacional e o conjunto de elementos de planejamento,
procedimentos, processos e práticas para implementar e manter uma política ambiental na
organização (ABNT, 2015).
Nesse contexto, o gerenciamento ambiental assume relevância na medida em que busca o que
foi prometido no plano discursivo, ou seja, a coerência exigida entre os compromissos
assumidos e a realidade daspráticas com efeitos na redução dos impactos deletérios de
determinada organização. Entendendo o gerenciamento como o nível operacional da
sustentabilidade, é por meio dele que veri�camos se os aspectos legais e de planejamento são
observados, se, de fato, o Sistema de Gestão Ambiental é e�ciente para a proteção do meio
ambiente.
Por essa razão, o próprio ambiente de negócios estabeleceu um conjunto de parâmetros,
instrumentos e certi�cações para a sustentabilidade. Eles são responsáveis por veri�car e
atestar se uma organização realmente adota em sua estrutura organizacional normas e
procedimentos que articulam os pilares da sustentabilidade.
Principais indicadores de sustentabilidade empresarial
Um dos mais importantes parâmetros para a sustentabilidade empresarial é a exigência de
avaliar o ciclo de vida de produtos, que consiste nos “[...] estágios consecutivos e encadeados de
um sistema de produto (ou serviço), desde a aquisição da matéria-prima ou de sua geração, a
partir de recursos naturais até a disposição �nal” (ABNT, 2015, p. 5). Essa avaliação é uma
abordagem do berço ao túmulo, ou seja, desde a matéria-prima, passando pelo processo
produtivo, o consumo, até a disposição �nal ambientalmente adequada, que é a distribuição
desse produto enquanto resíduo sólido que se transformou em rejeito, considerado aquele que
não pode mais ser tratado ou cujo tratamento é inviável economicamente.
A legislação brasileira, a propósito, na Lei 12.305/2010, que de�niu a Política Nacional de
Resíduos Sólidos, estabelece, entre os seus objetivos, a implementação do ciclo de vida dos
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
produtos, instituindo também uma responsabilidade compartilhada para todos os envolvidos,
como fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e titulares dos
serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos (Brasil, 2010). Desde a
fabricação até a disposição �nal dos rejeitos em aterros, todos possuem uma responsabilidade
individualizada e encadeada, inclusive os consumidores, que, por exemplo, devem entregar os
resíduos de seu consumo nos sistemas de coleta seletiva. No âmbito empresarial, é preciso
avaliar todos os riscos de um produto, da extração enquanto recurso natural aos impactos do seu
processo produtivo e de sua disposição �nal, tudo com vistas a proteger a saúde humana e o
meio ambiente.
De igual perspectiva, é necessário destacar a ecoe�ciência, que é um conceito que “[...] descreve
uma visão para a produção de bens e serviços que possuam valor econômico enquanto reduzem
os impactos ecológicos da produção” (Câmara, 2009, p. 237). Ou seja, processos produtivos que
reduzam a intensidade de materiais e energia, assim como adotem processos de reciclagem e
tratamentos de resíduos sólidos. A ecoe�ciência também está prevista na Lei da Política
Nacional de Resíduos Sólidos, como
a compatibilização entre o fornecimento, a preços competitivos, de bens e serviços quali�cados
que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto
ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade
de sustentação estimada do planeta (Brasil, 2010, p. 4).
Esse conceito da legislação brasileira destaca que a satisfação das necessidades da presente
geração deve ser de forma a não comprometer a capacidade de sustentação dos recursos
naturais planetários para as futuras gerações, consignando uma concepção de ética
intergeracional. Com a ecoe�ciência, temos, reciprocamente, a melhoria econômica e da imagem
da empresa perante as autoridades governamentais e a sociedade, uma vez que assume o valor
da geração de negócios levando em consideração a capacidade de suporte do planeta, tanto na
extração de recursos naturais quanto no que se refere à capacidade de receber resíduos e
rejeitos (Câmara, 2009).
Outro importante indicador de desempenho é o método da Produção mais Limpa (P + L), criado
pelas Nações Unidas. Trata-se de uma estratégia preventiva e estratégica para otimizar a
e�ciência no uso de matérias-primas e minimizar os resíduos gerados no processo produtivo,
exigindo um processo de inovação permanente nas empresas. O P + L atua por níveis
operacionais. No primeiro nível de P + L, a empresa deve minimizar a geração de resíduos de sua
atividade, na própria origem ou fonte, seja com a mudança de matéria-prima, seja com o uso de
tecnologias limpas. O segundo nível é a reciclagem interna de seus produtos, em que eles são
usados no próprio processo produtivo da empresa. Por �m, em um terceiro nível, adotar a
reciclagem externa, isto é, quando o resíduo de uma empresa é aproveitado por outra empresa,
minimizando, assim, os impactos na geração de resíduos.
Já a rotulagem verde, ou ambiental, são selos, marcas ou símbolos utilizados para conferir
orientação aos consumidores �nais da origem e observância de padrões ambientais para
Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
determinados produtos ou serviços disponíveis no mercado (Seiffert, 2007). Assim, nos rótulos
de embalagens de um produto temos a rotulagem ou selo verde. Normalmente, a rotulagem é
feita por entidades independentes, de forma a garantir a con�abilidade e seriedade das etapas de
veri�cação da conformidade ambiental de um produto. A rotulagem verde contribui
reciprocamente com a empresa e com os consumidores, ao incentivar o consumo ambiental
consciente. Em conjunto com a rotulagem, temos a certi�cação ambiental, que se relaciona com
os métodos e processos de produção de uma atividade econômica. Enquanto a rotulagem é
destinada aos consumidores �nais, a certi�cação é direcionada para as indústrias que usam os
recursos, como no caso da certi�cação �orestal no Brasil. Tal certi�cação atesta a origem legal
da madeira manejada de forma adequada e que poderá ser usada em outros setores
econômicos, com a garantia de sua origem.
Por �m, o Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISE – é uma ferramenta de análise
comparativa do desempenho das empresas constantes das listas da BM&FBovespa quanto à
sustentabilidade corporativa com fundamento na e�ciência econômica e equidade ambiental,
além da governança corporativa, que garante a transparência e, também, a promoção da justiça
social. O ISE é, hoje, uma referência para os fundos de investimento e valoriza as ações
empresariais (Teixeira; Nossa; Funchal, 2011).
Siga em Frente...
A aplicação dos indicadores de sustentabilidade
Um dos principais programas internacionais para a sustentabilidade corporativa é a norma ISO
14001:2015, que articula um conjunto de preceitos e requisitos para a implementação de um
sistema de gestão que melhore o desempenho ambiental de uma organização. No Brasil, essa
norma é de responsabilidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e tem como
objetivo “[...] prover às organizações uma estrutura para a proteção do meio ambiente e
possibilitar uma resposta às mudanças das condições ambientais em equilíbrio com as
necessidades socioeconômicas” (ABNT, 2015, p. 8).
Ao adotar a ISO 14001:2015, a empresa deve se comprometer com uma abordagem chamada de
Plan-Do-Check-Act (PDCA), que traduzido para o português é: planejar, fazer, checar e agir. Cada
verbo representa um ciclo da abordagem para um Sistema de Gestão Ambiental, isoladamente
ou em conjunto (ABNT, 2015).
O primeiro ciclo é planejar, com o estabelecimento dos objetivos e processos necessários para o
Sistema de Gestão Ambiental da empresa. O segundo ciclo é fazer, que consiste na execução do
que foi planejado. O terceiro ciclo é checar, que consiste em “[...] monitorar e medir os processos
em relação à política ambiental, incluindo seus compromissos, objetivos ambientais e critérios
operacionais, e reportar os resultados”. Por �m, o quarto ciclo é agir, que se refere à tomada de
ações para a melhoria contínua do sistema de gestão ambiental.
Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
A �gura a seguir é representativa do PDCA:
Figura 1 | Relação entre o cicloPDCA e a estrutura da Norma ISO 14.001:2015.  Fonte: adaptada de ABNT (2015, p. x).
Com o Sistema de Gestão Ambiental da ISO 14001:2015, a organização deverá de�nir o seu
propósito e os objetivos ambientais que pretende assumir e/ou melhorar. No que se refere ao
conteúdo, um Sistema de Gestão Ambiental deve contemplar alguns pontos norteadores: (i)
papel da liderança; (ii) planejamento; (iii) apoio; (iv) operação; (v) avaliação de desempenho; (vi)
melhoria (ABNT, 2015).
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
Em primeiro plano, a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental passa pelas lideranças
da organização, com o comprometimento e a de�nição de política ambiental compatível com as
exigências da empresa. Em seguida, o planejamento, que se dá por meio de ações para abordar
os riscos e oportunidades de um sistema de gestão ambiental. A empresa deve “[....] determinar
os aspectos ambientais de suas atividades, produtos e serviços os quais ela possa controlar e
aqueles que ela possa in�uenciar, e seus impactos ambientais associados [...]” (ABNT, 2015, p.
10). A referência para o planejamento é a avaliação para o ciclo de vida do produto, como
abordamos no tópico anterior. O terceiro ciclo é o apoio, com a comunicação e conscientização
do Sistema de Gestão Ambiental pelos colaboradores de todos os níveis da organização, que, de
acordo com suas funções, possam receber as capacitações e treinamentos correspondentes ao
programa. O quarto ciclo é o de operação, com os critérios operacionais do seu processo
produtivo, sendo que “a organização deve controlar mudanças planejadas e analisar criticamente
as consequências de mudanças não intencionais, tomando ações para mitigar quaisquer efeitos
adversos [...]” (ABNT, 2015, p. 15). Essa etapa também deve assegurar respostas para prevenir e
mitigar impactos ambientais adversos, assim como para os casos de emergências. O quinto
ciclo é a avaliação de desempenho, em que a empresa deve monitorar, analisar e avaliar o seu
desempenho ambiental. Isso inclui a realização de auditorias internas, de forma a avaliar o
sistema de gestão ambiental, com as ações necessárias, corretivas ou de mudança dos
procedimentos ambientais. Por �m, o ciclo de melhoria, que consiste na melhoria contínua da
adequação e e�cácia do seu Sistema de Gestão Ambiental.
Ao adotar todas essas etapas, a empresa recebe a certi�cação ISO 14001:2015, que traduz o seu
compromisso com a sustentabilidade e a melhoria ambiental contínua em seus negócios,
reduzindo os seus impactos no ambiente e contribuindo com a melhoria da sua imagem e das
suas relações com o mercado e os consumidores.
Vamos Exercitar?
Vamos retomar a apresentação do plano de ação para a implantação de estratégias e
indicadores de sustentabilidade para uma franquia de cosméticos. Para isso, você elencou
algumas questões importantes para destacar a importância da ISO 14001:
O que é a ISO 14001 e para que serve?
A ABNT NBR ISO 14001 é uma norma internacional que estabelece diretrizes para sistemas de
gestão ambiental (SGA) em empresas e organizações. Seu objetivo principal é ajudar as
empresas a gerenciarem seus impactos ambientais e a promoverem a sustentabilidade em suas
operações. A ISO 14001 fornece um conjunto de requisitos e diretrizes para o estabelecimento,
implementação, manutenção e melhoria contínua de um SGA efetivo. A norma pode ser aplicada
por empresas de todos os tamanhos e setores, independentemente de sua localização
geográ�ca ou de sua atividade econômica.
Quais os benefícios que uma empresa tem com a certi�cação ISO 14001?
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
Melhoria do desempenho ambiental; Redução de riscos e custos operacionais; Atendimento às
legislações e regulamentações ambientais aplicáveis; Satisfação de clientes e stakeholders;
Melhoria da imagem e reputação da empresa; Promoção da sustentabilidade em suas
operações; Identi�cação de oportunidades de melhoria; Maior e�ciência dos processos e
melhoria da produtividade e competitividade; Acesso a novos mercados; Atendimento a
requisitos de fornecimento de grandes clientes ou órgãos públicos; Reconhecimento da
capacidade da empresa de gerenciar seus impactos ambientais e de sua responsabilidade
social.
Como se aplica a ISO 14001 em uma empresa?
Envolve a implementação de um sistema de gestão ambiental (SGA) efetivo, baseado na
estrutura de seis etapas da norma. Isso inclui a de�nição de uma política ambiental clara, a
identi�cação e avaliação dos aspectos ambientais da empresa, o estabelecimento de objetivos e
metas ambientais, a elaboração de um programa de gestão ambiental, a implementação de um
sistema de monitoramento e controle, e a realização de revisões e auditorias periódicas do
sistema de gestão ambiental.
Saiba mais
Conhecer os projetos e práticas empresariais para a sustentabilidade é uma forma de diversi�car
as alternativas e respostas aos problemas enfrentados no cotidiano pro�ssional. Uma das
iniciativas que conjuga as inovações e orientações do setor empresarial brasileiro para a
sustentabilidade é o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável
(CEBDS), uma associação civil sem �ns lucrativos. O CEBDS é integrado por algumas das
maiores empresas, que representam quase metade do PIB brasileiro, e é responsável por estudos
e publicações para a construção de um país mais justo e sustentável. Como destaque, sugerimos
a leitura do documento Visão Brasil 2050, em que o CEBDS destaca os elementos para uma
agenda sustentável para as empresas brasileiras até o ano de 2050. 
Outro ponto importante que abordamos nesta aula foi o ISE B3, que é o indicador do
desempenho médio das cotações dos ativos de empresas selecionadas pelo seu reconhecido
comprometimento com a sustentabilidade empresarial. Conheça um pouco mais lendo a matéria
Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3). 
Também apresentamos a ABNT NBR ISO 14001:2015, que visa à implantação de sistemas de
gestão ambiental. Para saber mais sobre esse assunto acesse a página do Getweb na sua
Biblioteca Virtual, e busque a norma ABNT NBR ISO 14001:2015, sobre Sistema de Gestão
Ambiental – Requisitos com orientações para uso. 
Referências
https://cebds.org/publicacoes/visao-brasil-2050/
https://www.b3.com.br/pt_br/market-data-e-indices/indices/indices-de-sustentabilidade/indice-de-sustentabilidade-empresarial-ise-b3.htm
https://biblioteca-virtual.com/detalhes/parceiros/10
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 14001: sistemas de gestão
ambiental: requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro: 2015.
BRASIL. Lei 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos;
altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário O�cial da União,
Brasília, DF, p. 3, 3 ago. 2010. Disponível em: https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?
tipo=LEI&numero=12305&ano=2010&ato=e3dgXUq1keVpWT0f1. Acesso em: 3 out. 2022.
CAMARA, R. P. de B. Ecoe�ciência. In: ALBUQUERQUE, J. de L. (org.). Gestão ambiental e
responsabilidade social: conceitos, ferramentas e aplicações. São Paulo: Atlas, 2009.
FURNIEL, I. ISO 4001: tudo que você precisa saber. Certi�cação ISO, 22 jun. 2011. Disponível em:
https://shre.ink/UxHM. Acesso em: 31 out. 2023.
SEIFFERT, M. E. B. Gestão ambiental. São Paulo: Atlas, 2007.
TEIXEIRA, E. A., NOSSA, V.; FUNCHAL, B. O índice de sustentabilidade empresarial (ISE) e os
impactos no endividamento e na percepção de risco. R. Cont. Fin. – USP, São Paulo, v. 22, n. 55,
p. 29-44, jan./fev./mar./abr. 2011. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rcf/a/Npy4byt4mpTnHbnw4Yy6zLw/?format=pdf&lang=pt. Acesso em:
30 out. 2023.
Aula 3
Agenda 2030
Agenda 2030
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Ponto de Partida
Olá, estudante!
Atualmente, a Agenda 2030 é a principal referência para a sustentabilidade em nível global. Trata-
se de um documento �rmado por todos os países que integram a Organização das Nações
Unidas, que assumiram o compromisso de implementar, até o ano de 2030, um conjunto de 17
objetivos e 169 metas para o desenvolvimento sustentável.
A Agenda 2030 é um plano de ação para as pessoas, as organizações e o planeta. Esses
objetivos, de forma fundamental, defendem a erradicação da pobreza em todas as suas formas e
dimensões como um requisito fundamental para um planeta que conjugue o respeito à dignidade
da pessoa humana e a proteção à natureza.
Agora, você, pro�ssional atuante na área de conservação do meio ambiente, que atualmente é o
responsável pela administração de uma Unidade de Conservação Federal, deverá criar um painel
de apresentação em forma de pôster, visando destacar para os visitantes os objetivos da Agenda
2030 e sua importância.
Venha conosco!
Vamos Começar!
O surgimento da Agenda 2030
A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável é, atualmente, o mais importante
documento das prioridades globais para a sustentabilidade. A Agenda 2030 traduz o
compromisso comum dos 193 países da Organização das Nações Unidas (ONU) para atender
aos objetivos e metas para o desenvolvimento sustentável até o ano de 2030. Ela articula, em
essência, as três dimensões do desenvolvimento sustentável: econômico, social e ambiental.
A Agenda 2030 contém uma declaração formal e um plano de ação para o cumprimento dos 17
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (conhecidos pela sigla ODS), com 169 metas
associadas. Os objetivos e metas da Agenda 2030 baseiam-se nas principais declarações e
convenções do sistema global de direitos humanos e nas conferências ambientais da ONU. Por
isso, os preceitos da Agenda 2030 assentam-se na a�rmação da concepção universal dos
direitos humanos, com seus valores de dignidade da pessoa humana e de igualdade e não
discriminação. Isto é, uma concepção integral, indivisível e interdependente de direitos civis,
políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais.
O plano de ação da Agenda 2030 estrutura-se nos chamados 5 Ps: Pessoas, Planeta,
Prosperidade, Paz e Parcerias. Trata-se do compromisso de que os seres humanos possam viver
Disciplina
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com prosperidade e paz em um mundo ambientalmente saudável. Para que isso seja possível, as
parcerias entre atores internacionais e nacionais são fundamentais.
Em seu preâmbulo, o documento reconhece que “a erradicação da pobreza em todas as suas
formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema, é o maior desa�o global e um requisito
indispensável para o desenvolvimento sustentável” (ONU, 2015, p. 1). Por isso, erradicar a
pobreza extrema é condição para que a sustentabilidade seja possível para os objetivos da
Agenda 2030. A partir desse ponto crucial, temos os demais compromissos dos signatários da
Agenda 2030, dos quais destacamos (ONU, 2015):
1. Comprometimento com a educação de qualidade em todos os níveis.
2. Promoção da saúde física e mental e cobertura universal da saúde de qualidade.
3. Compromisso com a mudança nos padrões de produção e consumo, de forma a garantir a
sustentabilidade.
4.  Reconhecimento da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima para
negociar uma
5.  resposta global à mudança climática, que exige a cooperação de todos.
�. Reconhecimento que o desenvolvimento depende da gestão sustentável dos recursos
naturais do planeta.
7. Reconhecimento da importância do desenvolvimento e gestão urbana sustentáveis como
condição da qualidade de vida.
�. Reconhecimento que a paz e a segurança são essenciais para o desenvolvimento
sustentável, com sociedades justas e pací�cas, assentadas no Estado de direito e no
respeito aos direitos humanos.
9. Compromisso com a promoção da diversidade cultural, da tolerância e do respeito mútuo
para uma ética de cidadania global, em um mundo de responsabilidades compartilhadas.
Em constatação ao momento histórico e aos riscos subjacentes, a Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável traz um chamado à ação para mudar o mundo, por meio de uma
articulação em todas as escalas e níveis de atuação no planeta, do global ao local, do público ao
privado, em um engajamento com o planeta, a nossa casa comum.
Para a Agenda 2030: “o futuro da humanidade e do nosso planeta está em nossas mãos” (ONU,
2015, p. 16). E conclui: “temos mapeado o caminho para o desenvolvimento sustentável; será
para todos nós, para garantir que a jornada seja bem-sucedida e seus ganhos irreversíveis” (ONU,
2015, p. 16).
Siga em Frente...
O conteúdo da Agenda 2030
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O cerne da Agenda 2030 são os 17 Objetivos de Desenvolvimento sustentável (ODS). Cada um
deles representa um propósito a ser implementado em todos os países do mundo. Os ODS
devem ser compreendidos como integrados e indivisíveis, mas a aplicação de cada qual deve
levar em consideração as singularidades e realidades de cada país, de acordo com o seu estágio
em face dos desa�os do desenvolvimento.
Dessa forma, para compreender a Agenda 2030 é necessário relacionar o conteúdo de cada um
dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
O Objetivo 1 é “acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares” (ONU,
2015, p. 19). O combate à pobreza extrema é o pressuposto para que seja possível o
cumprimento dos demais objetivos. A�nal, um cenário de pobreza não permite o exercício dos
mais elementares direitos da pessoa humana.
O Objetivo 2 é “acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e
promover a agricultura sustentável” (ONU, 2015, p. 19). Ele estabelece os sistemas sustentáveis
de produção de alimentos para reduzir as vulnerabilidades nutricionais e a fome no mundo.
O Objetivo 3 é “assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos” (ONU, 2015, p.
19). Esse compromisso procura reduzir a mortalidade, do nascimento à velhice, além de garantir
o acesso a um sistema de saúde universal, cujo �nanciamento deve ser uma prioridade.
O Objetivo 4 é “assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover
oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos” (ONU, 2015, p. 19). Temos aqui a
educação de meninos e meninas, em todos os estágios, como uma condição para uma vida
digna. Esse objetivo estabelece o investimento na infraestrutura e na formação de professores,
inclusive, para o ensino das técnicas e habilidades para o desenvolvimento sustentável.
O Objetivo 5 é “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas” (ONU,
2015, p. 19). Trata-se, reciprocamente, de um objetivo e de um pressuposto para um mundo
plural e dialógico, em que mulheres e meninas possam exercer plenamente os seus direitos e
liberdades em igualdade de condições, sem discriminações e violências.
O Objetivo 6 é “assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para
todos” (ONU, 2015, p. 19). Para tanto, deve-se garantir o acesso equitativo à água potável, segura
e acessível para todos, e também o saneamento como condição de saúde.
O Objetivo 7 é “assegurar o acesso con�ável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia
para todos” (ONU, 2015, p. 19). A energia deve ser um elemento de dignidade de comunidadese
pessoas, assim como a sua geração por meio de energias renováveis.
O Objetivo 8 é “promover o crescimento econômico sustentado, emprego pleno e produtivo e
trabalho decente para todos” (ONU, 2015, p. 19). Esse é o objetivo econômico, com incentivos às
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políticas de desenvolvimento e de e�ciência dos processos de produção e consumo, e também
de empregos decentes em um sistema de proteção trabalhista a homens e mulheres.
O Objetivo 9 é “construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e
sustentável e fomentar a inovação” (ONU, 2015, p. 19). Infraestruturas resilientes e con�áveis;
modernização para tornar as indústrias sustentáveis; investimentos em pesquisas tecnológicas
para as inovações necessárias.
O Objetivo 10 é “reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles” (ONU, 2015, p. 20). A
redução das desigualdades e a promoção da inclusão social, política e econômica é um
imperativo no mundo contemporâneo, o que passa por políticas de proteção social para todos.
O Objetivo 11 é “tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e
sustentáveis” (ONU, 2015, p. 20). Em um mundo no qual a maioria da população vive em cidades,
exige-se uma urbanização inclusiva e sustentável, com garantia de habitação, serviços públicos
de qualidade, redução da poluição e proteção ao patrimônio histórico.
O Objetivo 12 é “assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis” (ONU, 2015, p. 20),
ou seja, a gestão e�ciente dos recursos naturais, por meio de políticas públicas sustentáveis, tais
como a redução do desperdício de alimentos, redução de resíduos etc. E o fundamental: a
conscientização e re�exão dos padrões de consumo em sociedade.
O Objetivo 13 é “tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos”.
Trata-se do imperativo de reforçar a resiliência e a capacidade de adaptação em face das
mudanças climáticas.
O Objetivo 14 é a “conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos
marinhos para o desenvolvimento sustentável” (ONU, 2015, p. 20). Signi�ca reduzir a poluição
marinha e a acidi�cação dos oceanos, que são riscos para a sustentabilidade global.
O Objetivo 15 é “proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres,
gerir de forma sustentável as �orestas, combater a deserti�cação, deter e reverter a degradação
da terra e deter a perda de biodiversidade” (ONU, 2015, p. 20). Tal objetivo traduz a necessidade
de proteção das �orestas do mundo e da biodiversidade.
O Objetivo 16 é “promover sociedades pací�cas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável,
proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições e�cazes, responsáveis e
inclusivas em todos os níveis” (ONU, 2015, p. 20).
Por �m, o Objetivo 17 é “fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para
o desenvolvimento sustentável (ONU, 2015, p. 20)”. Esse último objetivo conjuga cooperação
nacional e internacional para que os países possam executar as metas de desenvolvimento
sustentável.
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A aplicação da Agenda 2030 nas organizações
A implementação dos ODS demanda o engajamento de governos, organizações e sociedade civil.
Apesar de facultativos, esses objetivos conjugam um compromisso comum para a promoção
dos direitos humanos e da sustentabilidade planetária. Mas as ênfases nos objetivos e nas
metas é uma decisão das respectivas organizações.
No que se refere ao Brasil, por meio do Decreto nº 8.892/2016, foi criada a Comissão Nacional
para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, com a �nalidade de internalizar, difundir e dar
transparência ao processo de implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento
Sustentável, da ONU. De início, o Brasil assumiu formalmente a promessa de observar e
concretizar os ODS. Contudo, com a mudança de governos, o Decreto nº 10.179/2019 revogou a
norma que criou a comissão brasileira. Atualmente, não há qualquer dispositivo legal que
estabeleça as incumbências do Estado brasileiro quanto ao cumprimento dos objetivos e metas
da Agenda 2030.
Em relação às organizações empresariais, há, em nível internacional, um compromisso para a
realização da Agenda 2030. Trata-se do Pacto Global da ONU, uma iniciativa voluntária que
re�ete a preocupação de líderes e corporações com a sustentabilidade. O Pacto Global conjuga
os princípios fundamentais para os negócios no contexto do desenvolvimento sustentável,
estabelecidos com base em documentos do Sistema Global de Direitos Humanos, como a
Declaração Universal dos Direitos Humanos; a Declaração da Organização Internacional do
Trabalho sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho; a Declaração do Rio sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento; e a Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção. Esses
documentos são estruturantes das quatro responsabilidades do Pacto Global: (i) direitos
humanos, (ii) trabalho, (iii) meio ambiente e (iii) combate à corrupção (ONU, [s. d.]). Essas
responsabilidades são representativas dos princípios e valores universais que devem ser
incorporados no ambiente de negócios em nível global.
Por sua vez, essas responsabilidades são estruturantes dos 10 princípios do Pacto Global, que as
empresas se comprometem a seguir (ONU, [s. d.]). Em matéria de direitos humanos, as empresas
se comprometem a respeitá-los conforme os documentos do sistema internacional (Princípio 1).
Além disso, se comprometem a não participar de violações de direitos humanos (Princípio 2). No
que se refere ao aspecto de trabalho, as empresas devem respeitar a liberdade de associação
dos trabalhadores e reconhecer a negociação coletiva (Princípio 3); eliminar o trabalho forçado
(Princípio 4); abolir o trabalho infantil (Princípio 5); e eliminar a discriminação no emprego
(Princípio 6). Quanto à proteção do meio ambiente, as empresas devem apoiar a prevenção dos
danos ambientais (Princípio 7); promover a responsabilidade ambiental (Princípio 8); e estimular
o desenvolvimento e a difusão de tecnologias ecologicamente corretas (Princípio 9). Por �m, no
que tange à corrupção, as empresas devem se comprometer a combatê-la em todas as suas
formas (Princípio 10).
Na edição 2020 do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, foi lançado o Programa
Ambição pelos ODS, uma iniciativa do Pacto Global com metas para auxiliar as empresas que
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
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desejam atuar pelos objetivos e metas da Agenda 2030. A �gura a seguir relaciona as principais
referências (chamadas de benchmarks) do programa.
Figura 1 | Principais referências do Programa Ambição pelos ODS. Fonte: Ambição... ([s. d., s. p.]).
A empresa poderá, de acordo com a sua área de atuação, escolher uma ou mais referências para
os seus negócios. Conforme o Pacto Global da ONU ([s. d.]), os critérios de sucesso empresarial
e os modelos econômicos estão mudando, e isso signi�ca que as empresas podem assumir um
protagonismo diante dos desa�os para a vida das pessoas e para o planeta.
Por �m, diante da inércia do governo brasileiro na implantação das ODS, o setor empresarial tem
se articulado para conferir a sua contribuição para o cenário do Pacto Global e do Programa
Ambição pelos ODS, até mesmo porque uma das condições para o recebimento de investimentos
oriundos de fundos internacionais é a observância da Agenda 2030. Portanto, os ODS são uma
necessidade no ambiente corporativo, mas também uma oportunidade de negócios baseados
em valores e compromissos para um futuro comum.
Vamos Exercitar?
O cerne da Agenda 2030 são os 17 Objetivos de Desenvolvimento sustentável (ODS). Cada um
deles representa um propósito a ser implementado em todos os países do mundo. Os ODS
devem ser compreendidos como integrados e indivisíveis, mas a aplicação de cada qual deve
levar em consideração as singularidades e realidades de cada país, de acordo com o seu estágio,
em face dos desa�os do desenvolvimento.
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RESPONSABILIDADESOCIAL E
AMBIENTAL
Agora, retomando a nossa situação-problema, em que você, que atua como administrador de
uma Unidade de Conservação (UC), deverá elaborar um pôster para a apresentação dos 17
objetivos da Agenda 2023. A visitação às unidades de conservação é uma das principais
estratégias de sensibilização da sociedade para a importância da conservação da natureza.
Quem conhece as belezas naturais protegidas nas unidades de conservação federais é mais um
aliado potencial na proteção desse patrimônio natural, por isso destaca-se a importância da
divulgação desse ambiente da Agenda 2030 e seus objetivos que, atualmente, é o mais
importante documento das prioridades globais para a sustentabilidade.
A seguir, apresentamos os 17 objetivos da Agenda 2030, organizados pela ONU e que serviram
de modelo para a elaboração do pôster para a apresentação das ODS para os visitantes da
Unidade de Conservação.
Figura 2 | Objetivos de desenvolvimento sustentável. Fonte: Painel... ([s. d., s. p.]). 
É importante destacar que essa iniciativa obteve um grande sucesso, e, dessa maneira, foi
replicada em outras Unidades de Conservação brasileiras na tentativa de sensibilizar a população
quanto à importância de se alcançar os 17 objetivos da Agenda 2023.
Saiba mais
A Agenda 2030 conjuga 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas
associadas. Como se pode notar, trata-se de um extenso programa para direcionar o mundo para
a sustentabilidade. Portanto, é importante que você conheça o detalhamento de uma cada um
dos ODS, articulando a correspondência com a sua atuação pro�ssional. 
https://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/crime/embaixadores-da-juventude/conhea-mais/a-agenda-2030-para-o-desenvolvimento-sustentvel.html
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
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Além disso, destacamos várias iniciativas nos órgãos governamentais brasileiros para a
implementação da Agenda 2030, como no caso do Conselho Nacional de Justiça, do Supremo
Tribunal Federal e do Instituto Nacional de Pesquisa Econômica Aplicada.
Acesse essas indicações para conhecer mais dessa temática instigante! 
Bons estudos!
Referências
AMBIÇÃO pelos ODS. Pacto Global Rede Brasil, [s. d.]. Disponível em:
https://www.pactoglobal.org.br/ambicao-pelos-ods/. Acesso em: 25 mar. 2024.
BRASIL. Decreto nº 8.892, de 27 de outubro de 2016. Cria a Comissão Nacional para os Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável. Diário O�cial da União, Brasília, DF, 27 out. 2016. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/decreto/d8892.htm. Acesso em: 1
nov. 2023.
BRASIL. Decreto nº 10.179, de 18 de dezembro de 2019. Declara a revogação, para os �ns do
disposto no art. 16 da Lei Complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998, de decretos
normativos. Diário O�cial da União, Brasília, DF, 18 dez. 2019. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D10179.htm. Acesso em: 1
nov. 2023.
O PACTO Global da ONU. Pacto Global Rede Brasil, [s. d.]. Disponível em:
https://www.pactoglobal.org.br/. Acesso em: 1 nov. 2023.
PAINEL na ONU discute ética e a implementação dos ODS. ONU News Perspectiva Global
Reportagens Humanas, [s. d.]. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2016/01/1537631.
Acesso em: 25 mar. 2024.
TRANSFORMANDO nosso mundo: a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável. Brasil
UM, [s. d.]. Disponível em: https://brasil.un.org/sites/default/�les/2020-09/agenda2030-pt-br.pdf.
Acesso em: 1 nov. 2023.
Aula 4
ESG (Environmental Social Governance)
ESG (Environmental Social Governance)
https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/agenda-2030/
https://portal.stf.jus.br/hotsites/agenda-2030/
https://portal.stf.jus.br/hotsites/agenda-2030/
https://www.ipea.gov.br/ods/
https://www.pactoglobal.org.br/ambicao-pelos-ods/
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/decreto/d8892.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D10179.htm
https://www.pactoglobal.org.br/
https://news.un.org/pt/story/2016/01/1537631
https://brasil.un.org/sites/default/files/2020-09/agenda2030-pt-br.pdf
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Ponto de Partida
Olá, estudante!
Uma das mais importantes discussões no universo empresarial é o paradigma ESG. Mas você
sabe o que signi�ca ESG?
A sigla ESG é a conjugação de três palavras da língua inglesa que estabelecem os parâmetros
para a sustentabilidade corporativa, e que em português signi�cam: o ambiental, o social e a
governança. O ESG tem origem no mercado de investimentos, como um parâmetro norteador
para a alocação de recursos �nanceiros em empresas que se comprometem com as práticas de
sustentabilidade. Hoje, adotar o paradigma ESG é tanto um compromisso com o planeta quanto
uma garantia de manutenção da empresa no tabuleiro das relações econômicas. A�nal, para
uma empresa expandir-se, são necessários investimentos, e hoje eles são alocados,
principalmente, naquelas que adotam as práticas ESG.
Para conhecer mais o ESG, vamos responder a alguns questionamentos:
O que é ESG?
Qual a sua origem?
Como as diretrizes e programas de ESG estão impactando o mundo corporativo?
Essas são perguntas fundamentais para que possamos compreender como o ESG é hoje o
principal referencial para os investimentos de fundos do mercado �nanceiro e para outros
setores empresariais.
Tenho certeza de que você vai gostar desse conteúdo!
Um abraço!
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Vamos Começar!
O conceito de ESG
ESG é a sigla para três expressões da língua inglesa: environmental (meio ambiente); social (com
o mesmo sentido em português); e governance (governança). Essas palavras representam o
conjunto de programas e práticas de uma organização em sua atuação no mercado. Isto é,
empresas que atuam diretamente em observância aos parâmetros ambientais, que conjugam o
compromisso social com os seus colaboradores e a comunidade do entorno do
empreendimento, e adotam procedimentos de governança corporativa em conformidade com os
aspectos legais e éticos nos negócios.
A sigla ESG surgiu em uma publicação do Pacto Global das Nações Unidas (ONU), em parceria
com o Banco Mundial, denominada Who Cares Wins (Quem se Importa Ganha), de 2004,
vinculada ao setor do mercado de capitais. No ano seguinte, a Iniciativa Financeira do Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma, cuja sigla em inglês é UNEP-FI) lançou o
Relatório Fresh�eld, elaborado pelo escritório de advocacia Fresh�elds Bruckhaus Deringer, sobre
a importância, a legalidade e a responsabilidade �duciária das estratégias ESG para o mercado
de investimentos (ONU, 2009). Fala-se em responsabilidade �duciária porque essa é a relação
estabelecida entre o investidor e o gestor, ou seja, os gestores de fundos devem alocar os
recursos �nanceiros dos investidores para empresas que estejam alinhadas com os princípios de
ESG. Nota-se que o conceito de ESG surgiu diretamente da preocupação do setor de �nanças ao
perceber a relação entre as questões ambientais e o desempenho �nanceiro das organizações
em médio e longo prazo (Lemme, 2018). Investimentos, portanto, devem ser destinados a
empresas que compreendem e implementam as questões de ESG como estruturantes do seu
modelo de negócios.
A importância dessa concepção levou a iniciativa �nanceira do Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (Pnuma) a elaborar um documento especí�co, os Princípios para o
Investimento Responsável (ONU, 2019), com os compromissos paraa incorporação do ESG nas
decisões de investimentos. São seis os princípios para o investimento sustentável: o primeiro é
incorporar os temas de ESG às análises de investimento e aos processos de tomada de decisão
(ONU, 2019). Os fundos e carteiras de investimentos internacionais devem considerar as
questões de ESG na alocação de seus recursos; o segundo princípio é incorporar os temas de
ESG às políticas e práticas de propriedade de ativos das organizações de investimentos (ONU,
2019); o terceiro princípio é fazer com que as entidades que recebem investimentos façam a
divulgação de suas ações relacionadas aos temas de ESG (ONU, 2019). Empresas que recebem
investimentos devem declarar que incorporaram os padrões de ESG (ONU, 2019); o quarto
princípio é promover a aceitação e implementação dos quatro princípios anteriores dentro do
setor do investimento (ONU, 2019); o quinto princípio é a articulação dos fundos para
trabalharem unidos para ampliar a e�cácia na implementação dos princípios; e, por �m, o sexto
princípio, estabelece que os signatários do documento se comprometam a divulgar relatórios das
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atividades e progresso da implementação dos princípios para o investimento responsável (ONU,
2019).
Mas qual a importância das questões de ESG? Estabelecer o paradigma de ESG é uma decisão
sobre o futuro sustentável de uma empresa. Como percebemos, os parâmetros de ESG são
decisivos para que fundos de investimentos internacionais escolham as empresas em que
pretendem alocar os recursos sob sua custódia. Isto é, a destinação de investimentos
internacionais e nacionais atualmente é orientada para empresas alinhadas e focadas nos pilares
de ESG. A�nal, em uma economia de mercado, os agentes �nanceiros in�uenciam diretamente
as decisões de setores, empresas e empreendedores (Lemme, 2018). Uma empresa que não
esteja atenta a essas questões não terá os investimentos ou �nanciamentos necessários para a
expansão dos seus negócios.
Outro aspecto a ser considerado é que as empresas que adotam as questões de ESG articulam
ativos intangíveis como valor e reputação, que são importantes nas relações de mercado e com
o consumidor. Ora, uma empresa não irá fazer negócios com uma outra que não tenha
compromisso com os parâmetros ambientais, que se bene�cia do desmatamento ilegal ou adota
processos produtivos que estão em dissonância com os padrões globais de redução da emissão
dos gases de efeito estufa. Da mesma forma, qual o valor de uma empresa que adota políticas
discriminatórias quanto a gênero e raça, e cujas condutas são atentatórias aos direitos
humanos? Ou ainda, usa relatórios de governança incompletos ou enganosos para maquiar as
suas �nanças e situação �nanceira. Por esse conjunto de razões, os valores de ESG são
fundamentais para a sustentabilidade corporativa, razão pela qual vão assumindo um papel de
centralidade nas discussões econômicas em todo o planeta.
Siga em Frente...
Os elementos estruturantes de ESG
A letra “E” signi�ca Environmental ou, em português, Ambiental. Trata-se do parâmetro que traz
uma constatação imediata: sem um planeta habitável, sustentável, não há como se falar ou
mensurar o social e a governança. O Ambiental preocupa-se com os impactos das atividades
humanas sobre o meio ambiente, em especial os efeitos da mudança do clima sobre os sistemas
de sustentação da vida. Devido às transformações climáticas cada vez mais intensas, esse
parâmetro traz a importância do compromisso corporativo com a redução da emissão de gases
de efeito estufa. Assim, um aspecto fundamental é a substituição da matriz energética, de uma
economia baseada na queima dos combustíveis fósseis para uma economia de baixo carbono.
Além disso, no Ambiental temos a gestão de recursos naturais, como os hídricos, cuja
disponibilidade está comprometida pela escassez e poluição. Por isso, há a necessidade de
apoiar empresas que façam o uso e�ciente desse recurso. Na mesma perspectiva, o uso racional
e adequado do solo, evitando os desmatamentos e as queimadas. Assim como é fundamental a
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proteção de espaços ambientais, como as áreas de preservação permanente e as reservas
legais.
Outro ponto está na gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos. Em uma sociedade de
consumo, é preciso pensar em procedimentos que articulem a avaliação pelo ciclo de vida dos
produtos, desde o desenvolvimento, a obtenção de matérias-primas, o consumo até a disposição
�nal. É necessário avaliar o impacto de um produto, de sua concepção até o momento �nal,
quando se torna rejeito – que é o resíduo sólido que não pode ser mais tratado ou não é mais
viável economicamente –, e será destinado a um aterro. Essa avaliação empresarial é de suma
importância para reduzir a produção de resíduos sólidos e, evidentemente, os riscos para a saúde
humana e o meio ambiente.
A letra “S”, por sua vez, signi�ca Social, e indica as questões sociais, de como a empresa se
relaciona com o cumprimento e promoção dos direitos humanos, assim como suas relações
com os stakeholders – tais como funcionários, fornecedores, clientes e a comunidade do
entorno. No contexto empresarial, fala-se hoje em um capitalismo de stakeholders, ou seja, que
além do lucro busque criar valor para todas as partes que se relacionam com a empresa.
No Social, a organização deve se comprometer com a promoção do trabalho digno e decente
para os seus colaboradores. Deve-se conjugar a observância necessária à legislação trabalhista
com aspectos como a proteção social, a promoção de expedientes de reconhecimento da
diversidade e de eliminação da discriminação nas relações de trabalho. Por proteção social
entende-se: garantir aos colaboradores a redução de riscos e incertezas em suas atividades,
respeitando a saúde física e mental. De igual forma, a empresa deve garantir o acesso equitativo
de grupos vulneráveis e minorias às relações de trabalho, em respeito à diversidade. E isso passa
por processos admissionais e de convivência laboral sem discriminações. Apesar da ênfase nas
questões laborais, o “S” inclui o respeito amplo aos direitos humanos, em todas a suas
dimensões: direitos civis e políticos (primeira dimensão); direitos econômicos, sociais e culturais
(segunda dimensão); e direitos de solidariedade (terceira dimensão). Essa conjugação expressa
a leitura de universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos, ou seja, são
direitos para todas as pessoas, sem discriminações, em que essas dimensões de direitos
formam um núcleo fundamental, pois são recíprocos entre si.
A letra “G”, por �m, é para Governance, ou, em português, Governança Corporativa. Trata-se da
base estrutural do paradigma de ESG, porque é por meio da governança corporativa que temos a
cultura organizacional da empresa e o seu alinhamento com a sustentabilidade. Uma governança
estabelece, de forma objetiva, a articulação do seu propósito com os objetivos do negócio. A
governança impõe a transparência nas informações, com “[...] políticas corporativas
transparentes que protejam seus clientes, seu modelo de negócios e preservem a credibilidade e
reputação” (Mota Filho, 2022, p. 650). Por essa razão, a governança corporativa conjuga o
combate à corrupção e de todas as formas de favorecimentos por meios ilícitos e antiéticos,
porque essas condutas reduzem recursos destinados à sociedade e solapam a con�ança da
empresa.
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A aplicação dos programas de ESG
A implementação de um programa de ESG em uma organização é facultativa, mas revela um
compromisso com os stakeholders, a comunidade, o planeta e, claro, a sua própria permanência
no sistema de relações econômicas. Adotar o processo de ESG, contudo, não é uma decisão
retórica de supostamente a�rmar valores ecológicos e de proteção ambiental. Isso porque temos
casos de empresas que proclamam a adoção de padrões de sustentabilidade, mas que
estiveram envolvidas em acidentes ambientais e outros procedimentosincompatíveis.
É o denominado greenwashing (em português, lavagem verde), que consiste na prática de utilizar
o marketing verde, com propagandas e retóricas de alinhamento ambiental, mas que, na prática,
é uma ‘cortina de fumaça’ para iludir os consumidores. Ou ainda, de forma mais sensível, a
desconexão entre a publicidade ecológica e a realidade da empresa, que continua a manter
processos produtivos com impactos prejudiciais ao meio ambiente.
E por que isso ocorre? Possivelmente, porque não há uma regulamentação das dinâmicas de
ESG. Apesar dos relatórios de sustentabilidade de ESG em determinados setores da economia
mundial, não há no Brasil regulamento da questão. Por isso, para evitar situações como
greenwashing, as estratégias de ESG exigem ações concretas, um engajamento efetivo da
organização com a sustentabilidade.
O primeiro passo para a implementação de ESG está na governança corporativa, isto é, “[...] um
alinhamento entre a parte formal (das políticas, regimentos e códigos) e a parte informal (que é
esse dia a dia) da empresa e sua cultura” (Donaggio, 2022, p. 417).  Apesar de ser um elemento
importante em empresas multinacionais e de grande porte, a governança é possível naquelas
empresas de médio e pequeno porte. Para tanto, basta existir uma estrutura mínima de controle
e monitoramento interno dos riscos de suas atividades.
Algumas estratégias são fundamentais para se veri�car a governança corporativa, entre elas:
práticas de gestão alinhadas ao ESG; o diálogo e a publicidade sobre os seus processos e
procedimentos; o combate à corrupção; e a adoção de programas de compliance.
Segundo Halla (2022), a governança em aderência ao ESG está ligada a fatores como de�nição
de propósito da empresa, com declaração pública de seus valores e objetivos, assim como
estabelecer em seu corpo de governança uma composição que respeite a diversidade de gênero
e social. Da mesma forma, os relatórios de sustentabilidade da empresa (também chamados de
relatórios corporativos socioambientais) devem ser elaborados de forma a contemplar “[...] os
temas que os stakeholders ou partes interessadas têm de dúvidas em relação à empresa” (Halla,
2022, p. 589), inclusive no que se refere às questões de riscos do empreendimento, saúde
�nanceira e �scal etc. Em todos os níveis empresariais, deve haver o compromisso com o
combate às condutas que se con�guram como corrupção por meio de orientação e treinamentos
internos e pela assunção de políticas semelhantes em relação aos parceiros do negócio, ou seja,
não comprar ou transacionar com empresas envolvidas em casos de corrupção.
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Uma das principais instâncias para o cumprimento dos princípios de ESG e que tem sido adotada
pelas grandes corporações são os programas de compliance, que contribuem para minimizar os
riscos e orientar a empresa na observância dos padrões legais e éticos nos negócios. Sobre a
importância e abrangência de compliance ambiental, Marchezini destaca que ele
[...] vai além da mera obediência à normas e regulamentos administrativos ou de políticas
voluntárias de responsabilidade socioambiental. Contribui para uma redução signi�cativa dos
riscos de desastres e escândalos ambientais com proteção da imagem, para o aprimoramento
de processos voltando-se à racionalização do uso de recursos naturais e do barateamento dos
custos de produção; viabiliza maior acessibilidade a processos seletivos e licitações e, agora,
investimentos; reduz custos processuais, com controle preventivo de responsabilização
(Marchezini, 2022, p. 102).
Nota-se, portanto, que o compliance ambiental é um programa multidimensional, conjugando a
sustentabilidade com base nas variáveis econômica, social, legal, ética e ambiental (Marchezini,
2022) de forma contínua. O monitoramento e a revisão de processos e procedimentos, quando
necessário, são elementos que garantem a integridade e a con�abilidade da adoção das práticas
de ESG. Ademais, essa conjugação de fatores contribui para o ganho de imagem da empresa
perante a sociedade e o mercado.
A partir dos elementos delineados, temos a estruturação do paradigma de ESG, que será
presente na cultura organizacional e no �uxo operacional e produtivo da empresa.
Vamos Exercitar?
Aprendemos na aula de hoje, que adotar o paradigma ESG é tanto um compromisso com o
planeta quanto uma garantia de manutenção da empresa nas relações econômicas, pois, hoje
em dia, para que uma empresa se expanda, geralmente, são necessários investimentos, que são
alocados, principalmente, naquelas companhias que adotam as práticas ESG.
Agora vamos responder aos questionamentos propostos no início de nossa aula?
O que é ESG?
O conceito de ESG, diretamente ligado ao universo dos investimentos, é o equilíbrio dos aspectos
ambiental, social e de governança na gestão dos negócios. Desse modo, os aspectos econômico,
de transparência e ética se articulam, buscando assegurar a competitividade e a perenidade de
uma empresa. Esse conceito tem usos diferentes, podendo ser aplicado internamente, na gestão
da empresa, ou externamente, para analisá-la.
ESG é a sigla para três palavras da língua inglesa: environmental (meio ambiente); social (com o
mesmo sentido em português); e governance (governança). Essas palavras representam o
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conjunto de programas e práticas de uma organização em sua atuação no mercado. Isto é,
empresas que atuam diretamente em observância aos parâmetros ambientais; que conjugam o
compromisso social com os seus colaboradores e a comunidade do entorno do
empreendimento; e adotam procedimentos de governança corporativa em conformidade com os
aspectos legais e éticos nos negócios.
Qual a sua origem?
A sigla ESG surgiu em uma publicação do Pacto Global das Nações Unidas (ONU), em parceria
com o Banco Mundial, denominada Who Cares Wins (Quem se Importa Ganha), de 2004,
vinculado ao setor do mercado de capitais. No ano seguinte, a Iniciativa Financeira do Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma, cuja sigla em inglês é UNEP-FI) lançou o
Relatório Fresh�eld, sobre a importância, a legalidade e a responsabilidade �duciária das
estratégias ESG para o mercado de investimentos (ONU, 2009). Com 20 instituições �nanceiras,
de nove países, o documento visava estabelecer diretrizes que incluíssem as questões
ambientais, sociais e de governança para o mercado �nanceiro.
Além disso, o relatório apontou que empresas que se preocupam com esses três valores podem,
além de trazer benefícios para a sociedade, agregar valor aos negócios, visto que tais princípios
são cada vez mais importantes para o investidor moderno. Apesar do seu início no mercado de
investimentos, o conceito de ESG foi, ao longo dos anos, ganhando notoriedade em outros
setores da economia. Em 2015, o movimento ganhou ainda mais força com a Agenda 2030 da
ONU e o Acordo de Paris, ambos focados nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
E como as diretrizes e programas de ESG estão impactando o mundo corporativo?
A implementação de um programa de ESG em uma organização é facultativa, mas revela um
compromisso com os stakeholders, a comunidade, o planeta e, incontestavelmente, a sua própria
permanência no sistema de relações econômicas. O conceito não in�uencia apenas os
consumidores como também o mercado �nanceiro. Os pilares do ESG passaram a ser
fundamentais nas análises dos riscos e nas tomadas de decisões dos investidores. Como
consequência, as gestoras e os fundos de investimentos passaram a aportar menos em
empresas que não se preocupam com a sustentabilidade. A�nal, quem gostaria de investir em
uma empresa que não se esforça para reduzir seu impacto no meio ambiente ou não se importa
com o bem-estar das pessoas e de seus próprios colaboradores? A preferência passou a ser para
o investimento atrelado ao impacto. 
Um exemplo, é o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3), que mede o desempenho
médio dos ativos de empresas selecionadas pelo seu comprometimentocom a sustentabilidade
empresarial. O ISE B3 serve como base para os investidores na tomada de decisão e induz as
empresas a adotarem melhores práticas voltadas ao assunto, contribuindo, assim, para o
crescimento dos negócios. O conceito de ESG não é um tema novo. Ele vem sendo usado há
muitos anos pelo setor �nanceiro para se referir aos aspectos ambientais, sociais e de
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governança que são observados por investidores do mercado de capitais na análise das
empresas investidas e na tomada de decisão de investimentos.
Saiba mais
Uma forma de aprofundar os estudos do paradigma ESG é ler e conhecer os relatórios de
sustentabilidade de algumas das principais empresas da economia brasileira. Eles permitem
visualizar como os aspectos ambientais, sociais e de governança corporativa são conjugados no
ecossistema da empresa. Assim, a primeira sugestão é conhecer o relatório ESG da empresa
Cogna Educação.
Em outro setor econômico, sugerimos conhecer as dinâmicas ESG da Petrobras.
Para compreender a importância atual do ESG, o qual tornou-se uma forma de de�nir se as
operações das empresas são socialmente responsáveis, sustentáveis e corretamente
gerenciadas, acesse o site da Fundação Abrinq, e leia a matéria ESG: entenda o conceito que está
em alta no meio corporativo.
Bons estudos! 
Referências
MARQUEZINI, F. de S. O paradigma ESG na perspectiva do direito e do compliance ambiental. In:
NASCIMENTO, J. O. (org.). ESG: o cisne verde e o capitalismo de stakeholder. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2022.
MOTA FILHO, H. E. C. A agenda ESG e os investimentos: responsabilidade social e ambiental no
Brasil. In: NASCIMENTO, J. O. (org.). ESG: o cisne verde e o capitalismo de stakeholder. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2022.
ONU. Princípios para o investimento responsável (PRI). Nairobi: Unep-ONU, 2019. Disponível em:
www.unglobalcompact.org. Acesso em: 3 nov. 2023.
ONU. Responsabilidade �duciária. Nairobi: Unep-ONU, 2009. Disponível em: 
https://www.unep�.org/�leadmin/publications/investment/Executive%20summary%20-
%20Fiduciary%20responsibility%20-%20Portuguese.pdf. Acesso em: 3 nov. 2023.
Aula 5
Encerramento da Unidade
https://www.esgcogna.com.br/wp-content/uploads/2022/08/relatorio_sustentabilidade_cogna_2021_ago2022.pdf
https://www.esgcogna.com.br/wp-content/uploads/2022/08/relatorio_sustentabilidade_cogna_2021_ago2022.pdf
ttps://www.esgcogna.com.br/wp-content/uploads/2022/08/relatorio_sustentabilidade_cogna_2021_ago2022.pdf
https://www.fadc.org.br/noticias/entenda-o-conceito-ESG
https://www.fadc.org.br/noticias/entenda-o-conceito-ESG
http://www.unglobalcompact.org/
https://www.unepfi.org/fileadmin/publications/investment/Executive%20summary%20-%20Fiduciary%20responsibility%20-%20Portuguese.pdf
https://www.unepfi.org/fileadmin/publications/investment/Executive%20summary%20-%20Fiduciary%20responsibility%20-%20Portuguese.pdf
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Responsabilidade social e ambiental e gestão corporativa
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Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender
conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la? 
Clique aqui para acessar os slides da sua videoaula.
Bons estudos! 
Ponto de Chegada
Se, em um primeiro momento, as empresas foram vistas como empreendimentos organizados
para a produção de bens e serviços em busca da lucratividade, atualmente essa concepção é
insu�ciente para conjugar as determinações e expectativas que elas assumem no mundo
contemporâneo. A�nal, em um cenário de desa�os sistêmicos, com mudanças climáticas e
pressões sobre os recursos naturais, a garantia da sustentabilidade perpassa o
redimensionamento dos processos e procedimentos das corporações.
Hoje, a empresa deve ser compreendida como um agente social diante dos impactos de suas
atividades na sociedade e no meio ambiente. Tanto que a Constituição Federal, no artigo 170 do
capítulo I, instituiu a função social da empresa, princípio que procura compatibilizar as suas
prerrogativas econômicas com as exigências sociais dos consumidores e de proteção ao meio
ambiente.
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,
tem por �m assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,
observados os seguintes princípios:
I - Soberania nacional;
II - Propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - Livre concorrência;
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V - Defesa do consumidor;
VI - Defesa do meio ambiente;
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - Tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte.
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica,
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei (Brasil,
1988).
Esse redirecionamento da atuação das empresas é expresso por meio da responsabilidade
social corporativa, uma estratégia que estabelece compromissos éticos como estruturantes das
relações empresariais com a sociedade e o meio ambiente. A responsabilidade social
corporativa efetiva-se pela articulação dos deveres legais com a gestão ética e transparente das
operações internas e externas, efetuadas em diálogo com as partes envolvidas direta ou
indiretamente com os negócios da empresa.
O engajamento das empresas com a sustentabilidade desdobra-se em uma série de parâmetros
que são norteadores do universo de negócios. Instrumentos regulatórios e econômicos são
utilizados para que uma corporação esteja alinhada com as exigências sociais e ambientais.
Para exempli�car: empresas buscam adotar métricas internacionais de sustentabilidade, como é
o caso da norma ISO 140001:2015, que dispõe sobre as diretrizes e critérios de um sistema de
gestão para a melhoria ambiental de suas atividades.
De acordo com a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), o Sistema de Gestão
Ambiental (SGA) é uma estrutura organizacional que permite à empresa avaliar e controlar os
impactos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços. Entre os objetivos do SGA
podemos destacar o fato de prover uma estrutura organizacional focada na proteção do meio
ambiente, além do fato de criar alternativas que contribuam para o desenvolvimento sustentável
(ABNT, 2004).
Em abril de 1991, na Segunda Conferência Mundial da Indústria sobre a Administração Ambiental
(WICEM II), realizada em Roterdã, na Holanda, organizada pela Câmara Internacional do
Comércio (ICC), houve a apresentação e assinatura da Carta Empresarial para o Desenvolvimento
Sustentável, proposto pela própria Câmara.
Essa carta empresarial, também conhecida como Carta de Roterdã, possui 16 princípios de
gestão que expressam compromissos a serem assumidos pelas empresas, no estabelecimento
de um sistema de gestão ambiental (SGA). São eles:
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1. Prioridade empresarial: Reconhecer o gerenciamento ambiental como uma das primeiras
prioridades da empresa é um fator determinante para o desenvolvimento sustentável;
estabelecer políticas, programas e práticas para conduzir as operações de maneira
ambientalmente sadia.
2. Gerenciamento integrado: Integrar plenamente essas políticas, programas e práticas em
cada ramo de atividade, como elemento essencial do gerenciamento em todas as suas
funções.
3. Processo de aperfeiçoamento: Continuar a aprimorar as políticas, programas e o
desempenho ambiental da empresa, levando em conta os progressos técnicos, o avanço
cientí�co, as necessidades do consumidor e as expectativas da comunidade,e de ecossistemas frágeis.
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Há um conjunto de conceitos ligados às questões climáticas como mudança do clima,
aquecimento global, gases de efeito estufa e outros. Conhecê-los permitirá o entendimento do
contexto e dos desa�os que as alterações climáticas impõem nos sistemas naturais e humanos.
Considera-se mudança do clima as transformações nos padrões de temperatura e clima ao longo
do tempo. Embora possa ser de origem natural, o fator decisivo para a mudança do clima é
atribuído, direta ou indiretamente, às atividades humanas, já que elas induzem à alteração da
composição da atmosfera. O principal efeito humano que desencadeou a mudança do clima foi e
ainda é o uso dos combustíveis fósseis, desde o início da modernidade, com o advento da
Revolução Industrial. Nesse contexto, temos a emissão dos gases de efeito estufa (GEE), que
são aqueles “[...] constituintes gasosos, naturais ou antrópicos, que, na atmosfera, absorvem e
reemitem radiação infravermelha” (Brasil, 2009). São exemplos desses GEE: o dióxido de
carbono, o metano e o óxido nitroso, que são utilizados ou resultantes de atividades da indústria,
transporte, agricultura, pecuária etc. Além disso, o desmatamento de �orestas tropicais, a
substituição no uso do solo, agricultura, descarte de resíduos sólidos (lixo) e outras atividades
contribuem para a emissão desses gases. Os principais emissores de dióxido de carbono são: a
China, os Estados Unidos e a União Europeia, que contribuem com 42,6% das emissões globais.
A emissão de gases de efeito estufa é diretamente responsável pelo aumento da temperatura
planetária. Desde 1880, quando se iniciaram as medições globais, até o ano de 2020, a
temperatura da Terra aumentou mais de 1,2º C acima do nível pré-industrial (1850-1900) e a
última década foi a mais quente da história (OMM, 2022). Temos aqui o que é chamado de
aquecimento global. Esse aumento da temperatura global afeta diretamente os sistemas de
sustentação da vida no planeta, que são interconectados às mais variadas atividades humanas.
Dessa forma, há estudos dos impactos do aquecimento global sobre o Ártico, a Antártica e o
permafrost (que é o material orgânico congelado). Com o derretimento das geleiras e calotas
polares, há o aumento no nível do mar. Pesquisas indicam que, caso as emissões de gases do
efeito estufa continuem no patamar atual, o gelo do Ártico terá virado água em 2050 (IPBES,
2019). Ademais, nota-se o aumento dos extremos climáticos e meteorológicos, com oscilações
signi�cativas de calor e frio em todo o planeta. Chuvas, enchentes, tempestades, ciclones e
secas são cada vez mais comuns e intensos, prejudicando as atividades agropecuárias, em
especial a segurança alimentar das populações mundiais. Os ecossistemas, por sua vez, são
afetados pelo aquecimento global com a perda da biodiversidade, com ameaças e a extinção de
componentes da �ora e da fauna. Nos oceanos, os recifes de corais são atingidos com a
acidi�cação, que ocorre pela dissolução do dióxido de carbono atmosférico na água dos
oceanos, diminuindo o seu pH.
Todos os elementos delineados possuem impacto imediato para os seres humanos com efeitos
na saúde, na disseminação de vetores de transmissão de doenças, e, em última análise, na
própria existência da vida como conhecemos. Para exempli�car, a pandemia da covid-19 e outras
questões epidemiológicas estão associadas às consequências da perda da biodiversidade
causada pelos desmatamentos e queimadas das �orestas tropicais em todo o mundo.
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As principais iniciativas em face das mudanças climáticas
Por esse conjunto, nota-se que será necessário um compromisso global para enfrentar os efeitos
negativos da mudança do clima. É importante destacar que há um conjunto de negociações e
proposições em nível global – envolvendo países, entidades internacionais, cientistas e
sociedade civil – para o enfrentamento da mudança do clima. A Organização das Nações Unidas
(ONU) tem um papel central nesse processo. Ela é uma das responsáveis pela criação do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (em inglês IPCC), em 1988. Formado por
cientistas de todo o planeta, o IPCC é a principal autoridade mundial no que tange ao
aquecimento global e produz periodicamente relatórios cientí�cos sobre a mudança do clima,
com a formulação de estratégicas de enfrentamento e respostas aos impactos. Até o ano de
2022, o IPCC tinha produzido seis relatórios de avaliação e estratégias de enfrentamento à
mudança do clima.
No que se refere à arquitetura normativa internacional, o principal documento sobre a mudança
climática é a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (em inglês
UNFCCC). A Convenção-Quadro tem como principal objetivo a “[...] estabilização das
concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera num nível que impeça uma interferência
antrópica perigosa no sistema climático” (Brasil, 1998). Ela pretende evitar os chamados efeitos
negativos da mudança do clima, que são:
[...] as mudanças no meio ambiente físico ou biota resultantes da mudança do clima que tenham
efeitos deletérios signi�cativos sobre a composição, resiliência ou produtividade de
ecossistemas naturais e administrados, sobre o funcionamento de sistemas socioeconômicos
ou sobre a saúde e o bem-estar humanos (Brasil, 1998). 
Portanto, a Convenção-Quadro tem como foco o compromisso dos países no processo de
estabilização da emissão de gases de efeito estufa no sistema climático decorrente de
atividades antrópicas, para que não se potencializem os efeitos do aquecimento global (Brasil,
1998).
Com a adoção da Convenção-Quadro, e como forma de manter a discussão sobre o clima, as
partes (países) se reúnem periodicamente para discutir as questões climáticas. Essas reuniões
são chamadas de COP (conferência das partes), órgão supremo da Convenção-Quadro. A
primeira COP ocorreu no ano de 1995, em Berlim, Alemanha (Melo, 2017).
Uma das principais deliberações desse órgão ocorreu durante a COP 3, em 1997, com a
aprovação do Protocolo de Kyoto, que estabeleceu metas de redução de emissões para os
países desenvolvidos. Após oito anos de negociações, o protocolo entrou em vigor em 16 de
fevereiro de 2005, com a rati�cação por, no mínimo, 55% do total de países-membros da
Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima. Esses deveriam ser responsáveis por, pelo menos,
55% do total das emissões de gases de efeito estufa, tendo como referência o ano de 1990
(Melo, 2017). Mesmo com o Protocolo de Kyoto, as emissões de gases de efeito estufa não
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cessaram. Pelo contrário, registraram sensível aumento, e um dos fatores foi a crise econômica
de 2008.  
Para substituir o Protocolo de Kyoto durante a 21ª Conferência das Partes (COP 21), realizada em
Paris, em dezembro de 2015, celebrou-se um novo acordo para enfrentar as ameaças da
mudança climática, denominado Acordo de Paris. Este contou com a assinatura dos
representantes de 196 países da Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima. O Acordo de Paris
entrou em vigor o�cialmente em novembro de 2016 e visa reforçar a resposta mundial à ameaça
da mudança climática no contexto do desenvolvimento sustentável, além de erradicar a pobreza
(Brasil, 2017).
Após a entrada em vigor, realizou-se em Marrakesh, Marrocos, em 2016, a 22ª Conferência das
Partes (COP 22), em que as discussões se centraram no estabelecimento de um plano para
implementar e monitorar o Acordo de Paris até dezembro de 2018. A 24ª Conferência das Partes
(COP 24), ocorrida em Katowice, Polônia, em 2018, adotou um manual de instruções (livro de
regras) para os países implementarem os seus esforços nacionais no Acordo de Paris, chamado
de Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), que é a contribuição voluntária de cada país
para a redução de suas emissões de gases de efeito estufa.tendo como
ponto de partida as regulamentações legais, e aplicar os mesmos critérios ambientais no
nível internacional.
4. Educação do empregado: Educar, treinar e motivar os empregados para que suas atividades
sejam conduzidas de maneira ambientalmente responsável.
5. Avaliação prévia: Avaliar os impactos sobre o meio ambiente antes de iniciar uma nova
atividade ou projeto, e antes de desativar instalações ou retirar-se de um local.
�. Produtos e serviços: Desenvolver e oferecer produtos ou serviços que não tenham nenhum
impacto ambiental indevido e sejam seguros no uso a que se destinam, que sejam
e�cientes no consumo de energia e recursos materiais, e que possam ser reciclados,
reutilizados ou removidos com segurança.
7. Orientação ao cliente: Aconselhar e, quando apropriado, educar os clientes, os
distribuidores e o público em geral quanto à segurança no uso, transporte, armazenagem e
remoção dos produtos oferecidos, aplicando as mesmas considerações à prestação de
serviços.
�. Instalações e operações: Desenvolver, projetar e operar instalações, além de conduzir
atividades, levando em conta o uso e�ciente da energia e matérias-primas, o uso
sustentável dos recursos reutilizáveis, a minimização de impactos ambientais adversos e
da geração de lixo, e a remoção segura e responsável de resíduos.
9. Pesquisa: Realizar ou apoiar pesquisas dos impactos ambientais de novas matérias-
primas, produtos, processos, emissões e lixos associados com o empreendimento, bem
como dos meios de minimizar quaisquer impactos adversos.
10. Abordagem cautelosa: Modi�car o processo de produção, a comercialização ou o uso de
produtos ou serviços, ou a condução, de atividades, de acordo com o conhecimento técnico
e cientí�co, para evitar séria ou irreversível degradação ambiental.
11. Fornecedores e empreiteiros: Promover a adoção desses princípios pelos empreiteiros que
agem em nome da empresa, encorajando e, quando apropriado, exigindo um
aprimoramento de suas práticas para torná-las coerentes com as da empresa; e encorajar a
ampla adoção desses princípios pelos fornecedores.
12. Alerta para emergências: Desenvolver e manter, quando existirem perigos signi�cativos,
planos de alerta para emergências em conjunto com os serviços de emergências, as
autoridades pertinentes e a comunidade local, reconhecendo potenciais impactos fora da
empresa.
13. Transferência de tecnologia: Contribuir com a transferência de tecnologia e métodos
gerenciais ambientalmente corretos para todos os setores industriais e públicos.
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14. Contribuir para o esforço comum: Contribuir para o desenvolvimento das políticas públicas
e para os programas e iniciativas educacionais empresariais, governamentais e
intergovernamentais que ampliem a consciência ambiental e a proteção do meio ambiente.
15. Abertura às preocupações sociais: Promover a abertura e o diálogo com os empregados e
com o público, antevendo e respondendo às suas preocupações quanto aos perigos e
impactos potenciais das operações, produtos, resíduos ou serviços da empresa, incluindo
aqueles que são sentidos fora da empresa ou em nível global.
1�. Cumprir as exigências e emitir relatórios: Medir o desempenho ambiental; realizar
auditorias e avaliações ambientais periódicas sobre o aumento das exigências da empresa,
das normas legais e desses princípios; e oferecer e periodicamente as informações
adequadas ao conselho diretor, aos acionistas, aos empregados, às autoridades e ao
público (Valle, 2002, p. 153).
Com base nesses princípios, o British Standards Institute (BSI) lançou, em 1992, a norma BS
7750, que normatiza a instalação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) e a sua certi�cação
(Nahuz, 1995).
Avançando no contexto de sustentabilidade, em nível global, a Organização das Nações Unidas
(ONU) concebeu a Agenda 2030 como o documento que sintetiza os compromissos da
humanidade com um planeta sustentável. Por meio da Agenda 2030, foram de�nidos 17
objetivos e 169 metas para que todos, governos, corporações e pessoas se engajem para a
sustentabilidade em todas as dimensões, nas escalas global, nacional, regional e local. O
cumprimento da Agenda 2030 foi assumido pelo universo empresarial, que estabeleceu, por
meio da ONU, o Pacto Global, uma iniciativa com as responsabilidades e princípios que devem
ser seguidos pelas empresas em busca da sustentabilidade corporativa.
No contexto dos fundos de investimentos, surgiu o paradigma ESG, que se apresenta como a
principal articulação para a sustentabilidade corporativa no âmbito internacional. As práticas de
ESG, com os seus parâmetros ambientais, sociais e de governança corporativa, condicionam os
investimentos das instituições �nanceiras mundiais. Isso signi�ca que o ESG é, reciprocamente,
um mecanismo para efetivar as dimensões da sustentabilidade e um garantidor de investimentos
para uma empresa. Portanto, adotar os princípios de ESG é condição de permanência em longo
prazo da corporação no tabuleiro das relações econômicas, em conformidade com os padrões
mundiais de desenvolvimento sustentável.
É Hora de Praticar!
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Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você trabalha como consultor na área
corporativa e foi contratado por uma empresa que enfrenta problemas de relacionamento com a
comunidade do entorno, especi�camente a acusação de haver incompatibilidade entre o
marketing verde de seus produtos e as dinâmicas que adota em suas operações empresariais.
Desse modo, a contratante é considerada pelo mercado como uma empresa ambientalmente
responsável, pelo fato de possuir no processo produtivo o uso de matéria-prima com certi�cação
ambiental e de seus produtos possuírem rotulagem verde. Esses instrumentos norteiam a
narrativa da empresa junto aos seus consumidores �nais, ao declarar-se alinhada com o
desenvolvimento sustentável. Ademais, anualmente a empresa efetua a publicação de um
relatório corporativo socioambiental, em que destaca as suas políticas verdes e exterioriza os
dados e informações dos impactos dos seus produtos no meio ambiente.
Em que pese essas iniciativas, uma organização não governamental (ONG) que atua na
comunidade onde a empresa está localizada tem efetuado uma série de questionamentos.
Segundo a ONG, ainda que a empresa detenha o selo verde para os seus produtos e certi�cação
ambiental dos componentes do seu processo produtivo, essas métricas são insu�cientes para
considerá-la ambientalmente responsável. Isso porque a empresa não tem adotado os
procedimentos necessários para o gerenciamento dos seus resíduos sólidos, com o descarte em
locais inapropriados, mesmo efetuando o lançamento direto de seus e�uentes em um corpo
d’água que atravessa a cidade mais próxima, gerando poluição.
A ONG acusa ainda a empresa de manipular as informações constantes do seu relatório
corporativo socioambiental, com a divulgação seletiva dos pontos positivos e omitindo os
impactos ambientais negativos das suas atividades. Além disso, a empresa confere ênfase
oportunista em projetos sociais na comunidade, de forma a causar boa impressão no mercado e
nos consumidores. Mas são iniciativas oriundas de obrigações �rmadas em processos judiciais,
não de forma espontânea. Por �m, a empresa é conhecida pelos seus problemas nas relações
laborais, praticando condutas discriminatórias quanto à paridade de gênero e pessoas com
de�ciência.
Nesse cenário, a situação se agravou com a divulgação dos questionamentos da ONG nos
principais meios de comunicação da região, que atribuíram à empresa a prática de greenwashing
(lavagem verde), de propagação de um marketing verde oportunista e enganoso. 
Preocupada com essa situação, você foi contratado pela empresa em questão para elaborar uma
estratégia ambiental efetiva,de forma a suplantar os problemas apresentados e conferir a
credibilidade necessária.
Você acredita que a implantação ESG nas empresas e outros negócios trazem vantagens, como
o aumento de competitividade, ou somente aumentam os custos das operações?
A empresa pode criar o seu próprio SGA ou adotar um dos modelos genéricos propostos por
outras entidades nacionais ou internacionais. Já que esse processo não é obrigatório, quais as
vantagens de optar por ele em busca de melhorias no âmbito ambiental da empresa?
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A Agenda 2030 é um plano de ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade, que busca
fortalecer a paz universal. O plano indica 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os ODS, e
169 metas para erradicar a pobreza e promover uma vida digna para todos, dentro dos limites do
planeta. Analisando os 17 objetivos propostos pela agenda, destaque cinco que você acredita
serem prioridades e diga por quê.
 
Dê o play!
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Vamos juntos articular os principais aspectos para a resolução do nosso estudo de caso.
Em primeiro lugar, na qualidade de consultor, é necessário veri�car a procedência ou não das
denúncias apresentadas pela ONG. Esse é o ponto de partida, porque em caso de con�rmação, a
empresa deverá, de imediato, empenhar providências para minimizar os impactos no meio
ambiente, em especial quanto ao gerenciamento dos resíduos sólidos, sob pena de possível
responsabilidade ambiental civil, penal e administrativa.
Como você foi contratado para elaborar uma estratégia socioambiental, essa será a discussão.
Em que pese a empresa possuir selo verde para os seus produtos e adquirir matéria-prima
certi�cada, esses instrumentos, apesar de importantes, são insu�cientes para que a empresa
seja considerada sustentável, considerando as informações prestadas. Eles devem ser mantidos,
mas conjugados com outras medidas a serem consideradas pela empresa.
Nessa perspectiva, como consultor você poderá propor à empresa a implementação das práticas
ESG nos seus negócios, de modo a inseri-la no principal paradigma da sustentabilidade
corporativa global. Para tanto, a empresa deverá de�nir claramente a atuação ambiental e social
pretendida, por meio de uma decisão de governança corporativa, com a de�nição dos propósitos
e objetivos. Ela deve assumir um claro compromisso que procure superar o plano retórico e as
medidas pontuais.
No âmbito interno, a empresa poderá estabelecer um programa de compliance, de modo a
minimizar os riscos e orientar a observância dos padrões legais e éticos nos negócios. Esse
programa poderá balizar, também, o relatório corporativo socioambiental, de modo a avaliá-lo
criticamente e evitar a inserção de informações distorcidas ou que omitam os impactos
ambientais das suas atividades. A transparência e a ética são elementos que conferem
credibilidade ao relatório em questão, inclusive com a possibilidade de revisão pelos parceiros de
negócios e mesmo de receber os complementos e críticas das entidades ambientalistas que
atuam na área da empresa.
Em conjunto, o programa de compliance deverá estabelecer os parâmetros de contratação de
pessoal pela empresa, com processos admissionais que contemplem o acesso equitativo de
gênero e outros grupos vulneráveis e minorias nos seus quadros, em respeito à diversidade. Além
disso, garantir que o dia a dia das relações laborais ocorra sem discriminações, em medidas
além das prescrições legais.
Ademais, o programa de compliance deve estabelecer regras e procedimentos para que as
compras sejam efetuadas em empresas que conjuguem os preceitos e valores da
https://gtagenda2030.org.br/ods/
https://cm-kls-content.s3.amazonaws.com/202401/ALEXANDRIA/RESPONSABILIDADE_SOCIAL_E_AMBIENTAL/PPT/u3deplay_res_soc_amb.pdf
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sustentabilidade e que não aceitem condutas dissonantes da ética e probidade em seus
negócios.
Quantos aos projetos comunitários, a empresa deve estabelecê-los em uma perspectiva
voluntária, seja diretamente ou determinando parcerias com outras entidades que promovam
atividades sociais, culturais ou ambientais. Esses projetos auxiliam nas transformações sociais
no entorno e com ganhos de valor à empresa.
No que se refere às dinâmicas ambientais, os selos e certi�cações devem ser mantidos. Mas é
preciso adotar um sistema de gestão ambiental que traga melhorias efetivas para a empresa.
Nesse ponto, a implementação da norma ISO 140001:2015 seria uma possibilidade. Há de se
conferir atenção ao gerenciamento de resíduos e rejeitos de suas atividades produtivas, que
deverão ser destinados corretamente e não lançados de forma inadequada. Até mesmo porque
há uma responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, conforme de�ne a
legislação brasileira. Essas são, em síntese, algumas medidas para orientar a sua atuação como
consultor pro�ssional. 
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Figura 1 | Responsabilidade social e ambiental e gestão corporativa: tópicos importantes. Fonte:
elaborada pelo autor.
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 14001: sistemas de gestão
ambiental: requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro, 2004.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília,
DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm. Acesso em: 27 out. 2023.
NAHUZ, M. A. R. O sistema ISO 14000 e a certi�cação ambiental. RAE – Revista de
Administração de Empresas, São Paulo, v. 35, n. 6, p. 55-66, 1995. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rae/a/qjXXj3D8BXyfBT6NYZ8cP3R/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 6
nov. 2023.
VALLE, C. E. Qualidade ambiental: ISO 14000. 4. ed. rev. e ampl. São Paulo: Senac, 2002.
,
Unidade 4
Alternativas socioambientais para a sustentabilidade
Aula 1
Estado de Direito Ecológico
Estado de direito ecológico
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Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender
conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la? 
Clique aqui para acessar os slides da sua videoaula.
Bons estudos!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/%20Constitui%C3%A7ao.htm
https://www.scielo.br/j/rae/a/qjXXj3D8BXyfBT6NYZ8cP3R/?format=pdf&lang=pt
https://cm-kls-content.s3.amazonaws.com/202401/ALEXANDRIA/RESPONSABILIDADE_SOCIAL_E_AMBIENTAL/PPT/u4a1_res_soc_amb.pdf
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É uma alegria tê-lo conosco em uma nova unidade de ensino da disciplina de Responsabilidade
Social e Ambiental!
Nosso objetivo é apresentar as principais alternativas e possibilidades para a sustentabilidade,
diante disso, iremos discutir os elementos estruturantes do Estado Ecológico de Direito, o qual
destaca o meio ambiente ecologicamente equilibrado como um direito fundamental, impondo
deveres para a consecução da dimensão ecológica da dignidade e da proteção aos processos
ecológicos essenciais.
Além disso, trabalharemos as dimensões éticas e sua interface na proteção ambiental, incluindo
a con�guração no universo jurídico brasileiro.
Agora, vamos trabalhar a nossa situação-problema, onde você, um renomado pesquisador que
atua na área da ética ambiental, foi convidado para palestrar no mais importante evento nacional
que tem foco em destacar a importância do Estado de Direito Ecológico. Você �cou
extremamente empolgado com a oportunidade e resolveu já iniciar a preparação do material que
irá apresentar no evento. Inicialmente, você decidiu selecionar três questões para guiar a
elaboração dessa apresentação, são elas:
Qual é a de�nição do Estado de direito ecológico?
Existe Estadode direito no Brasil?
O que é, e qual a importância do biocentrismo?
Com isso, você deverá, inicialmente, organizar esses questionamentos para, posteriormente,
preparar a apresentação para o evento!
Boa jornada!  
Vamos Começar!
Surgimento do estado de direito ecológico
Na modernidade, o constitucionalismo passou pelas feições de Estado liberal, social e
atualmente encontra-se como Estado democrático de direito. Mas, com o advento do
Antropoceno, novas abordagens têm sido suscitadas, tais como Estado socioambiental de
direito, Estado de direito ambiental e, mais recentemente, Estado ecológico de direito.
Cada uma dessas novas perspectivas possui características assentadas na ética das relações
com a natureza. Apesar da multiplicidade terminológica, há um ponto de partida uni�cador: a
incorporação do meio ambiente como marco fundamental do Estado contemporâneo.
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A primeira proposição é o Estado socioambiental de direito, que estabelece o esverdeamento
constitucional pela inserção da variável ecológica em conjunto com os valores e conquistas das
concepções liberais e sociais (Sarlet; Fensterseifer, 2017). O constitucionalismo socioambiental
incorpora, diante do contexto atual, a dimensão ambiental, de garantia de proteção do meio
ambiente sem desguarnecer do combate às desigualdades sociais, especialmente nos países do
sul global.
Quanto ao Estado de direito ambiental, que em muitos pontos se aproxima do modelo
socioambiental, trata-se de uma construção teórica como “[...] aquele que faz da incolumidade
do seu meio ambiente sua tarefa, critério e meta procedimental de suas decisões, o que não
exclui, por óbvio, o âmbito social” (Leite; Silveira: Bettega; 2017, p. 68). O Estado de direito
ambiental é a �rme inserção do meio ambiente nos textos e discussões constitucionais. Ele está
aprumado na proteção do meio ambiente, reciprocamente, como um direito fundamental e um
dever estatal, norteador das políticas públicas. O dever estatal é cumprido por meio de uma
atuação positiva e negativa. Atuação positiva mediante políticas públicas de proteção e melhoria
da qualidade ambiental; a negativa, pela ausência de interferências deletérias no meio ambiente.
O Estado de direito ambiental reconhece a importância dos sistemas ecológicos, considerando
os componentes naturais sujeitos à proteção jurídica intrínseca, isto é, com tutela independente
das valorações humanas. Temos, ademais, a compreensão de uma ética biocêntrica, que, a
propósito, é a fundamentação para a proteção aos direitos dos animais.
Por �m, o Estado de direito ecológico, teorizado mais recentemente, por vezes é tido como
sinônimo de Estado de direito ambiental. Uma primeira proposição para o Estado de direito
ecológico é que se trata de uma ampliação da interpretação ética, em que é possível o
reconhecimento dos direitos da natureza e, portanto, a possibilidade de uma tutela jurídica em
sentido amplo. O Estado de direito ecológico dialoga com as tradições do sul global, como as
cosmovisões do bem-viver, pachamama, sumak kaysay e outras, que são a compreensão dos
povos originários das suas relações com a natureza, em um paradigma de interdependência, em
que homem e natureza não estão separados. O Estado de direito ecológico é uma construção
teórica que, diante das complexidades que as questões ambientais suscitam no mundo
contemporâneo, converge para uma �nalidade de salvaguarda da vida e da natureza.
Outra formulação do Estado de direito ecológico confere a justi�cativa da proteção ambiental
ligada aos desa�os do Antropoceno. Com o avanço do conhecimento cientí�co sobre os
complexos processos do sistema planetário, incluindo os impactos da in�uência humana nele, é
exigido, como expõe Aragão (2017), um arcabouço de proteção mais rigoroso, porque há uma
obrigação geral para todos os atores e em todas as escalas de não ultrapassarmos os limites
biofísicos do planeta. O Estado de direito ecológico, portanto, atua para um espaço operacional
seguro para a vida planetária.
É preciso atentar-se, por �m, que não há um modelo único para as denominações Estado
Socioambiental, Estado de Direito Ambiental e Estado Ecológico de Direito. Por isso, optamos por
usar a expressão Estado Ecológico de Direito, por conjugar os aspectos de todas as concepções.
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Siga em Frente...
Princípios estruturantes do Estado de Direito Ecológico
É possível falar na existência de um Estado de direito ambiental ou mesmo de um Estado de
direito ecológico no Brasil? Entendemos que sim, porque a proteção da dignidade humana e dos
processos ecológicos essenciais está prevista na Constituição de 1988.
O art. 225 da Constituição de 1988 traz como norma-matriz o direito fundamental ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado. Esse direito deve ser entendido como um meio ambiente
não poluído, saudável, com salubridade. A sadia qualidade de vida só é realizável com o meio
ambiente ecologicamente equilibrado. A propósito, a Constituição de 1988 “[...] associou o meio
ambiente ecologicamente equilibrado ao direito à vida, em especial à sadia qualidade de vida, em
direcionamento voltado para o princípio estruturante do texto constitucional: a dignidade da
pessoa humana” (Melo, 2017, p. 45). O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é
um direito fundamental de terceira dimensão, diretamente relacionado ao cumprimento dos
demais direitos fundamentais. Dessa forma,
[....] a efetivação dos direitos civis e políticos (direitos de primeira dimensão) e dos direitos
econômicos, sociais e culturais (direitos de segunda dimensão) só é possível com um meio
ambiente ecologicamente equilibrado. A�nal, como é possível garantir o direito à vida, à saúde ou
ao trabalho em um ambiente poluído? O meio ambiente ecologicamente equilibrado reveste-se
como indeclinável para a efetivação das demais dimensões de direitos humanos (Melo, 2017, p.
45).
Portanto, sem um meio ambiente ecologicamente equilibrado não há a dimensão ecológica da
dignidade da pessoa humana. Por essa razão, a Constituição de 1988 traz um conjunto de
deveres para o poder público, expresso no § 1º do art. 225.
Um deles é a obrigação de “preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o
manejo ecológico das espécies e ecossistemas” (Brasil, 1988).  Os processos ecológicos
essenciais são os �adores da vida. Por meio deles temos a proteção da biodiversidade, incluindo
a variabilidade genética de espécies e ecossistemas. No caso da humanidade, esses processos
ecológicos são os garantidores da produção de alimentos, da saúde e das condições climáticas
de habitabilidade terrestre. Nota-se, assim, que processos ecológicos essenciais assumem a
salvaguarda tanto da vida humana quanto da biodiversidade e da natureza.
É importante destacar outras obrigações constitucionais de proteção ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, tais como (i) preservar a integridade e a diversidade do patrimônio
genético e (ii) de de�nir espaços territoriais especialmente protegidos (Brasil, 1988). A
preservação do patrimônio genético, entendido como a informação de origem genética de
espécies vegetais, animais ou microbianas, é o dever de proteção à biodiversidade. No que se
refere aos espaços protegidos, a instituição de unidades de conservação, que são áreas com
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características naturais relevantes, legalmente instituídas pelo poder público para �ns de
preservação ou conservação ambiental.
Com essas observações, constata-se a dupla dimensão protetiva a partir da norma-matriz do
meio ambiente ecologicamente equilibrado, tanto da dignidade da pessoa humana quanto dos
processos ecológicos essenciais. Em uma ou outra perspectiva, as nomenclaturas ambiental ou
ecológica estão presentes no texto constitucional. Em síntese, a Constituição de 1988 permite,
como decorrência das adversidades do Antropoceno, o alargamento conceitual-teórico para a
salvaguarda ecológica.
Aplicaçãodas políticas públicas no paradigma ecológico
Quais são os compromissos do Estado ecológico de direito? Quais as matrizes éticas para essa
abordagem estatal?
Em primeiro lugar, a diferença do Estado tradicional e do Estado de direito ecológico está na
força jurídica das obrigações impostas para a proteção do meio ambiente (Aragão, 2017).
No Estado tradicional, o direito ambiental assenta-se na obrigação de evitar os danos ambientais
e, conjuntamente, melhorar a qualidade ambiental, tudo baseado em “esforços” (Aragão, 2017).
Trata-se de um direito ambiental que, basicamente, �xa restrições para os empreendimentos na
gestão dos recursos naturais (Winter, 2017).
No Estado ecológico de direito, por sua vez, o objetivo é o de alcançar resultados na proteção
ambiental, ou seja, diante do cenário atual, em que temos conhecimento das consequências dos
impactos humanos no planeta, não podemos nos contentar com meros esforços, é hora de
adotar medidas e políticas públicas efetivas para o enfrentamento das emergências do
Antropoceno (Aragão, 2017).
Assim,
[...] não é su�ciente aplicar estas medidas ambientais se, ao mesmo tempo, não houver um
acompanhamento permanente para saber se os efeitos das medidas correspondem ao que é
necessário para alcançar os �ns, ou se é necessário adotar novas e reforçadas medidas de
proteção ou recuperação ambiental (Aragão, 2017, p. 33). 
É preciso respeitar o espaço operacional seguro, de forma que as interferências econômicas no
ambiente não acentuem o desequilíbrio dos sistemas de sustentação planetária. A�nal, se
conhecemos os limites, não é aceitável que atividades dissonantes sejam franqueadas.
Por isso há a necessidade de redimensionar o princípio da precaução, pois ele é decisivo nas
avaliações e nos monitoramentos ambientais. Esse princípio tem como objeto o controle da
incerteza cientí�ca e do perigo in abstrato, entendidos como a ausência de pesquisas e
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informações sobre a potencialidade lesiva ou não de determinada atividade para o meio
ambiente e a saúde humana. Além desses aspectos, redimensionar o princípio da precaução
implica inserir a variável social de modo que as avaliações das atividades e dos empreendimento
considerem os impactos e consequências sociais para as comunidades. Deve-se observar que
essas intervenções não ocasionem situações de vulnerabilidades ou desigualdades
socioambientais.
No cerne do Estado de direito ecológico está a superação de uma compreensão ética assentada
no antropocentrismo utilitarista, da humanidade como o centro de todas as relações jurídicas. A
dimensão da dignidade ecológica impõe a aceitação da matriz biocêntrica que, em pese as
diversas correntes de interpretação, manifesta-se por meio da proteção da biodiversidade e dos
animais, considerados como valores intrínsecos.
A propósito, o conceito de meio ambiente na legislação brasileira, previsto na Lei da Política
Nacional do Meio Ambiente, é de matriz biocêntrica. Desse modo, o art. 3º, I, da Lei 6.938/1981,
dispõe: “meio ambiente, o conjunto de condições, leis, in�uências e interações de ordem física,
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (Brasil, 1981).
Nota-se que a proteção ambiental é para todas as formas de vida, não somente a humana. A
ética biocêntrica é exempli�cada em julgados do Supremo Tribunal Federal (STF), que proibiram
práticas consideradas cruéis contra os animais não humanos, como no caso das rinhas de galo,
da farra do boi e da vaquejada (Melo, 2017).
Por �m, o reconhecimento dos direitos da natureza, em uma visão ecocêntrica. Essa matriz não é
contemplada pelo direito e pelos julgados dos tribunais superiores brasileiros. Na América Latina,
todavia, temos exemplos da matriz ecocêntrica nas constituições do Equador e da Bolívia. No
âmbito do Poder Judiciário, um dos casos paradigmáticos é uma sentença da Corte
Constitucional da Colômbia, que, ao decidir sobre a proteção e conservação do Rio Atrato, que
corta aquele país, o reconheceu como sujeito de direitos. O Tribunal Constitucional do Equador,
por sua vez, em decisão de novembro de 2021, a�rmou que: “Os direitos da natureza protegem
os ecossistemas e processos naturais por seu valor intrínseco, complementando o direito
humano a um meio ambiente saudável e ecologicamente equilibrado” (Ecuador, 2021). Nota-se,
assim, que a natureza como sujeito de direitos é uma dimensão que está em processo de
aceitação nesses países, em um paradigma que poderá ser albergado por outros sistemas
jurídicos.
Vamos Exercitar?
Nesta aula destacamos a importância do Estado de direito ecológico, o qual representa uma
alternativa viável à melhor regulação que o Direito deve fornecer para combater os retrocessos
ambientais, garantir a tutela integral da dignidade humana e da integridade dos ecossistemas.
Agora, vamos retomar nossa situação-problema, em que você, um renomado pesquisador que
atua na área da ética ambiental, foi convidado para palestrar no mais importante evento nacional
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cujo foco é destacar a importância do Estado de direito ecológico. Você �cou extremamente
empolgado com a oportunidade e resolveu começar a preparação do material que irá apresentar
no evento. Inicialmente, você decidiu selecionar três questões para guiar a elaboração dessa
apresentação:
Qual é a de�nição do Estado de direito ecológico?
Pode ser de�nido como aquele que faz da incolumidade do seu meio ambiente sua tarefa,
critério e meta procedimental de suas decisões, o que não exclui, obviamente, o âmbito social. O
Estado de direito ambiental é a �rme inserção do meio ambiente nos textos e discussões
constitucionais. Ele está aprumado na proteção do meio ambiente reciprocamente como um
direito fundamental e como um dever estatal, norteador das políticas públicas.
Existe Estado de direito no Brasil?
Sim! Podemos considerar essa a�rmação, pois a proteção da dignidade humana e dos processos
ecológicos essenciais estão previstos na Constituição de 1988. Destaca-se o art. 225 da
Constituição de 1988, que traz como norma-matriz o direito fundamental ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado. Esse direito deve ser entendido como um meio ambiente não
poluído, saudável, com salubridade. A sadia qualidade de vida só é realizável com o meio
ambiente ecologicamente equilibrado. A propósito, a Constituição de 1988 “[...] associou o meio
ambiente ecologicamente equilibrado ao direito à vida, em especial à sadia qualidade de vida, em
direcionamento voltado para o princípio estruturante do texto constitucional: a dignidade da
pessoa humana”.
O que é e qual a importância do biocentrismo?
O biocentrismo é uma posição �losó�ca que concebe a considerabilidade moral como inerente à
vida e aos seres vivos, em reverência ao bem próprio de cada sujeito vivo. O biocentrismo não
privilegia a racionalidade nem a senciência enquanto critérios morais de�nidores da categoria de
sujeito moral.
Dessa maneira, nota-se que a proteção ambiental deve ser feita para todas as formas de vida,
não somente a humana. A ética biocêntrica é exempli�cada em julgados do Supremo Tribunal
Federal (STF), que proibiram práticas consideradas cruéis contra os animais não humanos, como
no caso das rinhas de galo, da farra do boi e da vaquejada.
Agora, com informações já levantadas, você estará apto para iniciar a construção de sua
apresentação, que será um enorme sucesso nesse importante evento! 
Saiba mais
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A con�guração do Estado de direito ecológico é objeto de estudos por teóricos e pesquisadores.
Uma entidade acadêmica que aprofunda as discussões da temática é o Instituto O Direito por um
Planeta Verde, que disponibilizou em sua página uma obra coletiva sobre o Estado de Direito
Ecológico. 
Destacamos nesta aula o conceito de biocentrismo, que é a proteção ambiental para todas as
formas de vida, não somente a humana. Para saber mais sobre esse assunto, leia Do
antropocentrismoao biocentrismo, e compreenda esse conceito.
O Estado de direito ambiental é fundamental para o desenvolvimento sustentável. Ele integra as
necessidades ambientais aos elementos essenciais do Estado de direito, além de fornecer a
base para o aprimoramento da governança ambiental. Você pode conhecer mais sobre o estado
de direito ambiental acessando página ONU/Estado de Direito Ambiental.
Bons estudos!
Referências
ARAGÃO, A. O estado de direito ecológico no antropoceno e os limites do planeta. In: LEITE, J. R.
M. (org). Estado de direito ecológico: conceito, conteúdo e novas dimensões para a proteção da
Natureza. São Paulo: Instituto o Direito por um Planeta Verde, 2017.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília,
DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm. Acesso em: 8 nov. 2023.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.  Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus �ns e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário
O�cial da União, Brasília, DF, 31 ago. 1981. Disponível em:
https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?
tipo=LEI&numero=6938&ano=1981&ato=5b0UTRE50MrRVT15d Acesso em: 8 nov. 2023.
ECUADOR. Corte Constitucional de Ecuador. Caso nº 1149-19-JP/20. Rel. Juiz Agustín Grijalva
Jiménez, 21 de noviembre de 2021. Disponível em:
http://esacc.corteconstitucional.gob.ec/storage/api/v1/10_DWL_FL/e2NhcnBldGE6J3RyYW1pdG
UnLCB1dWlkOic2MmE3MmIxNy1hMzE4LTQyZmMtYjJkOS1mYzYzNWE5ZTAwNGYucGRmJ30=.
Acesso em: 8 nov. 2023.
LEITE, J. R. M.; SILVEIRA, P. G.; BETTEGA, B. Princípios estruturantes da estado de direito para a
natureza. In: LEITE, J. R. M. (org.). Estado de direito ecológico: conceito, conteúdo e novas
dimensões para a proteção da Natureza. São Paulo: Instituto O Direito por um Planeta Verde,
2017.
MELO, F. Direito ambiental. 2. ed. São Paulo: Método, 2017.
SARLET, I.; FENSTERSEIFER, T. Direito constitucional ambiental. 5. ed. São Paulo: RT, 2017.
http://www.planetaverde.org/arquivos/biblioteca/arquivo_20221108171214_8395.pdf
http://www.planetaverde.org/arquivos/biblioteca/arquivo_20221108171214_8395.pdf
https://www.ihu.unisinos.br/categorias/596577-do-antropocentrismo-ao-biocentrismo
https://www.ihu.unisinos.br/categorias/596577-do-antropocentrismo-ao-biocentrismo
https://www.unep.org/pt-br/explore-topics/direitos-ambientais-e-governanca/what-we-do/estado-de-direito-ambiental
https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=6938&ano=1981&ato=5b0UTRE50MrRVT15d
https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=6938&ano=1981&ato=5b0UTRE50MrRVT15d
http://esacc.corteconstitucional.gob.ec/storage/api/v1/10_DWL_FL/e2NhcnBldGE6J3RyYW1pdGUnLCB1dWlkOic2MmE3MmIxNy1hMzE4LTQyZmMtYjJkOS1mYzYzNWE5ZTAwNGYucGRmJ30=
http://esacc.corteconstitucional.gob.ec/storage/api/v1/10_DWL_FL/e2NhcnBldGE6J3RyYW1pdGUnLCB1dWlkOic2MmE3MmIxNy1hMzE4LTQyZmMtYjJkOS1mYzYzNWE5ZTAwNGYucGRmJ30=
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WINTER, G. Problemas jurídicos no antropoceno: da proteção ambiental à autolimitação. In:
LEITE, J. R. M. (org.). Estado de direito ecológico: conceito, conteúdo e novas dimensões para a
proteção da Natureza. São Paulo: Instituto O Direito por um Planeta Verde, 2017. 
Aula 2
Educação Ambiental
Educação ambiental
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Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender
conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la? 
Clique aqui para acessar os slides da sua videoaula.
Bons estudos!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
É uma alegria tê-lo conosco em um novo encontro, em que discutiremos a educação ambiental!
Falar em educação ambiental é discutir os valores, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências para o exercício de uma cidadania voltada para a sustentabilidade. É por meio dela
que tomamos consciência e re�etimos sobre a importância da proteção do meio ambiente em
nosso cotidiano.
A educação ambiental é um dever não somente do poder público e das instituições de ensino,
mas igualmente de empresas, entidades de classe, organizações privadas, órgãos de imprensa e
da sociedade como um todo.
https://cm-kls-content.s3.amazonaws.com/202401/ALEXANDRIA/RESPONSABILIDADE_SOCIAL_E_AMBIENTAL/PPT/u4a2_res_soc_amb.pdf
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Para melhor compreendermos, vamos conhecer nossa situação-problema, que trata do caso de
André, que trabalha em uma granja na cidade de Águas Claras. Essa granja sofria com as perdas
naturais, o que gerava muitos resíduos, como cascas de ovos quebradas. André propôs que
�zessem a coleta seletiva dessas perdas para a produção de ração animal. Apoiado pela
empresa, ele começou a coleta seletiva e passou a processar as cascas de ovos junto com o
milho, que já produzia em sua pequena propriedade rural, e assim obteve a ração animal.
André teve sucesso na venda de sua ração, com produção acima do esperado, e passou a ter,
além da cultura de milho, a criação de porcos. Em razão do crescimento de seu agronegócio, se
viu obrigado a contar com os vizinhos do sítio. Unidos, montaram uma cooperativa para gerir os
negócios e passaram a pedir uma melhor gestão. Com isso, André e os cooperados buscaram
conhecer melhor a cadeia ambiental, para que, além de obter lucro, também pudessem manter o
equilíbrio socioambiental e um convívio harmônico. Pela internet, procuraram um curso on-line de
gestão, o qual fora subsidiado pela cooperativa. Essa medida foi tomada para que o crescimento
do agronegócio de todos se realizasse com sustentabilidade. O primeiro curso eleito foi Como
fazer para aproveitar ao máximo água. Posteriormente, outros cursos seriam feitos pelo grupo.
Pergunta-se:
Essa decisão tomada pelos cooperados para melhor aproveitamento e gestão do
agronegócio está baseada na educação ambiental e isso levará ao desenvolvimento
sustentável do agronegócio iniciado por André?
A educação ambiental, nesse caso, está representada pelo curso on-line realizado pelos
cooperados?
Os cooperados poderão implementar com técnicas novas o agronegócio?
Vamos juntos no estudo dessa instigante temática!
Vamos Começar!
Conceito de educação ambiental
A Educação Ambiental parte da re�exão das práticas socioambientais de prevenção de impactos
ambientais e preservação dos recursos naturais, a �m de garantir que o meio ambiente não seja
degradado de tal modo que comprometa o planeta.
É importante considerar que a educação ambiental, dada a sua importância, foi objeto do
encontro da União Internacional para a Conservação da Natureza – UICN –, de 1948, e se efetiva
na Conferência de Estocolmo, em 1972, com a ideia de inseri-la na agenda internacional em favor
do meio ambiente, consagrando-se no Programa Internacional de Educação Ambiental, em 1975,
em Belgrado, na então Iugoslávia, no qual se de�niram princípios e orientações com vistas às
gerações futuras,
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A Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano destacou, em seu princípio 19, que:
É indispensável um esforço para a educação em questões ambientais, dirigida tanto às gerações
jovens como aos adultos e que preste a devida atenção ao setor da população menos
privilegiado, para fundamentar as bases de uma opinião pública bem-informada, e de uma
conduta dos indivíduos, das empresas e das coletividades inspirada no sentido de sua
responsabilidade sobre a proteção e melhoramento do meio ambiente em toda sua dimensão
humana. É igualmente essencial que os meios de comunicação de massas evitem contribuir para
a deterioração do meio ambiente humano e, ao contrário, difundam informação de caráter
educativo sobre a necessidade de protegê-lo e melhorá-lo, a �m de que o homem possa
desenvolver-seem todos os aspectos (ONU, 1972).
Já em 1977, ocorreu a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental (Tbilisi,
Geórgia, antiga URSS), considerada um dos principais eventos de educação ambiental do
planeta. Tal conferência foi organizada a partir de uma parceria entre a Unesco e o Programa de
Meio Ambiente da ONU – Pnuma e esse encontro resultou nas de�nições, nos objetivos, nos
princípios e nas estratégias para a educação ambiental no mundo. Nessa Conferência
estabeleceu-se que o processo educativo deveria ser orientado para a resolução dos problemas
concretos do meio ambiente, por meio de enfoques interdisciplinares e da participação ativa e
responsável de cada indivíduo e da coletividade.
A Constituição de 1988, por sua vez, estabelece, no art. 225, § 1º, VI, como dever do poder
público “[...] promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização
pública para a preservação do meio ambiente” (Brasil, 1988). Esse dever foi regulamentado pela
Lei 9.795/1999, que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), inserindo a
educação ambiental como componente essencial e permanente da educação nacional, e
disciplinando os seus princípios, objetivos e responsabilidades para todos os atores públicos e
privados.
Para a PNEA, a educação ambiental é entendida como “[...] os processos por meio dos quais o
indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente [...]” (Brasil, 1999). Ademais, a
PNEA, ao teor da Constituição de 1988, reconhece o meio ambiente como “[...] bem de uso
comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade” (Brasil, 1999).
A educação ambiental “[...] é um componente essencial e permanente da educação nacional,
devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo
educativo, em caráter formal e não-formal” (Brasil, 1999). Entende-se por educação formal aquela
que ocorre nos sistemas o�ciais de ensino, desenvolvida no âmbito dos currículos das
instituições públicas e privadas. A PNEA estabelece que a educação ambiental deve ser
considerada como “[...] uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os
níveis e modalidades do ensino formal” (Brasil, 1999). Já a educação ambiental não formal são
“[...] as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões
ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente” (Brasil,
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1999). As práticas e vivências em ambientes como comunidades e entidades em geral são
exemplos de iniciativas da educação não formal.
O documento com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental, aprovado
pelo Conselho Nacional de Educação em 2012, estabelece que:
[...] A Educação Ambiental é uma dimensão da educação, é atividade intencional da prática
social, que deve imprimir ao desenvolvimento individual um caráter social em sua relação com a
natureza e com os outros seres humanos, visando potencializar essa atividade humana com a
�nalidade de torná-la plena de prática social e de ética ambiental (MEC, 2012, p. 2).
Por meio da educação ambiental, é possível uma formação crítica e dialógica do contexto, das
complexidades e exigências estabelecidas pelas questões ecológicas à sociedade
contemporânea. Além disso, a educação ambiental permite o conhecimento dos mecanismos e
instrumentos para o exercício de uma cidadania ecológica ativa.
Siga em Frente...
Princípios e objetivos da educação ambiental
A implementação dos planos, programas e projetos de educação ambiental é orientada por oito
princípios, estabelecidos no artigo 4º da PNEA (Brasil, 1999).
O primeiro princípio é o “enfoque humanista, holístico, democrático e participativo” (Brasil, 1999).
Ao contrário de uma leitura reducionista, fragmentada e de mero repasse de informações, esse
princípio pressupõe uma perspectiva dialógica para a educação ambiental, por meio da
problematização das causas e efeitos das temáticas ecológicas, com o chamamento à
participação comunitária baseado em pressupostos democráticos.
O segundo princípio é “a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a
interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da
sustentabilidade” (Brasil, 1999). Esse princípio refuta concepções estanques e supostamente
independentes dos elementos que compõem o meio ambiente. Ao reverso, reconhece o meio
ambiente como totalidade, com suas dimensões interligadas, em uma relação de
interdependência; o meio ambiente é uno e indivisível.
O terceiro princípio é “o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter,
multi e transdisciplinaridade” (Brasil, 1999). Não há uma única perspectiva pedagógica, mas
olhares e possibilidades múltiplas na abordagem do meio ambiente, que devem ser
contemplados e conjugados nas práticas educacionais. Na perspectiva multidisciplinar, temos o
reconhecimento de que as questões ambientais envolvem saberes disciplinares distintos; em
relação à interdisciplinar, há a interação e reciprocidade entre os princípios desses saberes
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disciplinares; e sob a ótica da perspectiva transdisciplinar, compreende-se que os conhecimentos
disciplinares fazem parte de um mesmo “sistema” complexo e integrado.
O quarto princípio, é “a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais”
(Brasil, 1999), isto é, não há desvinculação dessas práticas e valores e a proteção ao meio
ambiente.
O quinto princípio é “a garantia de continuidade e permanência do processo educativo” (Brasil,
1999), em que a educação ambiental não se resume a ações datadas ou transitórias e, conforme
o sexto princípio, da “permanente avaliação crítica do processo educativo” (Brasil, 1999). Trata-se
de reconhecer a educação ambiental como um contínuo de avaliações e reavaliações, de críticas
e autocríticas, diante das dinâmicas e transformações ecológicas em curso.
O sétimo princípio é “a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais,
nacionais e globais” (Brasil, 1999). As demandas ambientais estão em múltiplas escalas, do
global ao local. Só podemos ser globais com as ações locais. Os programas e projetos de
educação ambiental devem contemplar essas múltiplas escalas, sem perder, todavia, o contexto
e os desa�os do chão da vida, isto é, a escala da proximidade.
Por �m, o oitavo princípio, o “reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual
e cultural” (Brasil, 1999). É preciso levar em conta a pluralidade e a diversidade cultural de um
país como o Brasil, com os saberes e conhecimentos dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira. Para tanto, uma ecologia dos saberes, em que o conhecimento cientí�co
dialoga com as práticas populares, em uma abertura para as tradições e vivências dos povos
originários, das comunidades tradicionais, das periferias e dos rincões do Brasil.
Com base nesses princípios, temos os objetivos fundamentais da educação ambiental no Brasil,
previstos no art. 5º da PNEA (Brasil, 1999). Destacaremos três deles, que reputamos necessários
para a compreensão da educação ambiental.
O primeiro objetivo, “o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a
problemática ambiental e social” (Brasil, 1999), é o compromisso da educação ambiental como
um elemento crítico para a conscientização e a mobilização em face dos impasses
contemporâneos. Sem contextualizar as estruturas que estão no cerne e que engendram a
problemática ambiental, a educação ambiental perde a possibilidade de fomentar um sujeito e
uma sociedade comprometidos com o exercício dos direitos socioambientais.
O segundo objetivo é “o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável,
na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambientalcomo um valor inseparável do exercício da cidadania” (Brasil, 1999). A proteção ambiental não se
circunscreve a ativismos, com propagandas e discursos por mais e mais direitos. Ela requer
ações políticas no encontro com a realidade, em uma cidadania contra a apatia e a passividade,
de compromisso com a solidariedade entre as presentes e futuras gerações.
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O terceiro objetivo, por �m, é “o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em
níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente
equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça
social, responsabilidade e sustentabilidade” (Art. 5º, V). Esse objetivo reúne os valores
fundamentais de uma sociedade ecológica e democrática, em conformidade com os objetivos
constitucionais da República Federativa do Brasil, previstos no art. 3º da Constituição Federal
(Brasil, 1988).
A aplicação da educação ambiental nos contextos social e
corporativo
O art. 3º da PNEA traz as incumbências para que o poder público, as instituições educativas, os
órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente, os meios de comunicação de massa,
as empresas, as instituições públicas e privadas e a sociedade como um todo possam
implementar os processos de educação ambiental (Brasil, 1999). Essa conjugação de atores é
um demonstrativo que a educação ambiental, como processo integrante da cidadania, é um
compromisso da sociedade brasileira.
Em primeiro plano, cabe ao poder público, consoante as políticas de educação e meio ambiente,
“[...] de�nir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação
ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação,
recuperação e melhoria do meio ambiente” (Brasil, 1999). A condução dessas políticas é de
responsabilidade dos ministérios da Educação e do Meio Ambiente, que devem se articular na
incorporação da dimensão ambiental, tanto no ensino formal quanto na formação e capacitação
de docentes em todos os níveis educacionais.
Já às instituições educativas cabem “[...] promover a educação ambiental de maneira integrada
aos programas educacionais que desenvolvem” (Brasil, 1999). Pontua-se que a autorização e
supervisão do funcionamento de instituições de ensino e de seus cursos, nas redes pública e
privada, dependem do cumprimento das prescrições da educação ambiental.
Os órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama) devem “[...] promover
ações de educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e
melhoria do meio ambiente” (Brasil, 1999). Os órgãos do Sisnama, como indutores e
�scalizadores da proteção ambiental no país, não podem prescindir da execução de programas e
projetos de educação ambiental. A�nal, entidades como o Ibama, o Instituto Chico Mendes e os
órgãos ambientais e municipais podem tanto promover quanto fomentar as dinâmicas de
educação ambiental em suas áreas de atuação.
A PNEA, consciente da importância e do papel dos meios de comunicação de massa na
sociedade, estabeleceu para eles a incumbência de “colaborar de maneira ativa e permanente na
disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a
dimensão ambiental em sua programação” (Brasil, 1999). É preciso destacar que alguns desses
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meios de comunicação, como emissoras de televisão e de rádio são concessões públicas e nada
mais pertinente que contribuírem para a conscientização da sociedade sobre a necessidade de
proteção e promoção dos valores ecológicos.
Já às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, foi estabelecida a
atribuição de “promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à
melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões
do processo produtivo no meio ambiente” (Brasil, 1999). Esse dispositivo conjuga dois aspectos.
Primeiro, o conceito de meio ambiente contempla questões laborais, ou seja, a preocupação com
a saúde e a segurança dos trabalhadores. Segundo, a conscientização dos trabalhadores dos
efeitos da atividade produtiva sobre o meio ambiente, de modo a re�etir em práticas
sustentáveis.
Por �m, à sociedade como um todo, é necessário “manter atenção permanente à formação de
valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a
prevenção, a identi�cação e a solução de problemas ambientais” (Brasil, 1999). É o
reconhecimento que a educação ambiental possui dimensões individual e coletiva, que se
re�etem na participação cidadã nos processos de decisão e no exercício das atividades, valores
e atitudes compromissados com a promoção de uma sociedade sustentável.
Vamos Exercitar?
Nesta seção, você estudou os aspectos relevantes da educação ambiental. Sua prática tem sido
considerada de importância ímpar para a consciência ambiental. A educação ambiental analítica,
crítica e inovadora compreende um ato político, objetivando a transformação social que, pelo
enfoque holístico, abrange a integração pessoa humana, natureza e universo.
Retornando à nossa situação-problema, percebemos que, com o crescimento do seu
agronegócio, André se viu obrigado a contar com os vizinhos do sítio, que, unidos, montaram
uma cooperativa para gerir os negócios e passaram a pedir uma melhor gestão. Esse modelo de
gestão solidária fez com que André e os cooperados buscassem conhecer melhor a cadeia
ambiental, para que, além de obter lucro, também pudessem manter o equilíbrio socioambiental e
um convívio harmônico.
Tendo em vista que a água é a questão do momento nesse agronegócio e a preocupação com a
cadeia que se perfez, procurar educar-se ambientalmente foi uma das iniciativas prudentes e que
resultará em frutos bené�cos a todos e ao meio ambiente.
Portanto, a decisão tomada pelos cooperados implicará um melhor aproveitamento dos recursos
e levará a uma gestão equilibrada, resultando num agronegócio sustentável. A educação
ambiental leva conhecimento técnico e cientí�co, e deve ser realizada utilizando uma linguagem
que todos possam entender.
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
O desenvolvimento sustentável do agronegócio de André tende a ter êxito com a decisão de
integrar a educação ambiental como recurso para prosperar. O curso on-line é o passo para a
educação ambiental e é uma importante inciativa de André. Todos os cooperados participantes
poderão aprender novas técnicas e aplicá-las a �m de garantir o equilíbrio socioambiental. No
caso, eles iniciaram com a água, recurso �nito de importância ímpar a todas as espécies, por
isso utilizá-la de modo consciente e consistente é certeza de sucesso ao empreendimento,
representado pelo agronegócio iniciado por André. 
Saiba mais
Uma das formas de aprofundar o aprendizado em educação ambiental é conhecer e pesquisar
no conjunto de publicações que o Ministério da Educação (MEC) disponibiliza em seu portal.
Nele, temos as diretrizes para as políticas públicas e as orientações temáticas para a educação
ambiental, como no caso do consumo, da mudança do clima e das transformações ecológicas.
A Conferência Intergovernamental de Tbilisi, na antiga União Soviética, é considerada um dos
principais eventos de educação ambiental do planeta. Nessa conferência, foram estabelecidos
os objetos e princípios de Tbilisi. Para saber mais sobre esse evento importante, leia a matéria
Entendendo a Conferência de Tbilisi (1977).
Para compreender todos os aspectos da educação ambiental, leia o artigo O que é Educação
Ambiental?, no Portal de Educação Ambiental, e mergulhe nessa importante temática!
Bons estudos! 
Referências
ARAGÃO, A. O estado de direito ecológico no antropoceno e os limites do planeta. In: LEITE, J. R.
M. (org). Estado de direito ecológico: conceito, conteúdo e novas dimensões para a proteção da
Natureza. São Paulo: Instituto o Direito por um Planeta Verde, 2017.BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília,
DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm. Acesso em: 8 nov. 2023.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.  Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus �ns e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário
O�cial da União, Brasília, DF, 31 ago. 1981. Disponível em:
https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?
tipo=LEI&numero=6938&ano=1981&ato=5b0UTRE50MrRVT15d Acesso em: 8 nov. 2023.
http://portal.mec.gov.br/component/content/article/194-secretarias-112877938/secad-educacao-continuada-223369541/13639-educacao-ambiental-publicacoes
https://blog.portaleducacao.com.br/entendendo-a-conferencia-de-tbilisi-1977/
https://semil.sp.gov.br/educacaoambiental/2023/06/o-que-e-educacao-ambiental/#:~:text=%E2%80%9CA%20educa%C3%A7%C3%A3o%20ambiental%20%C3%A9%20um,culturas%20e%20seus%20meios%20biof%C3%ADsicos.
https://semil.sp.gov.br/educacaoambiental/2023/06/o-que-e-educacao-ambiental/#:~:text=%E2%80%9CA%20educa%C3%A7%C3%A3o%20ambiental%20%C3%A9%20um,culturas%20e%20seus%20meios%20biof%C3%ADsicos.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/%20Constitui%C3%A7ao.htm
https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=6938&ano=1981&ato=5b0UTRE50MrRVT15d
https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=6938&ano=1981&ato=5b0UTRE50MrRVT15d
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ECUADOR. Corte Constitucional de Ecuador. Caso nº 1149-19-JP/20. Rel. Juiz Agustín Grijalva
Jiménez, em 21 de noviembre de 2021. Disponível em:
http://esacc.corteconstitucional.gob.ec/storage/api/v1/10_DWL_FL/e2NhcnBldGE6J3RyYW1pdG
UnLCB1dWlkOic2MmE3MmIxNy1hMzE4LTQyZmMtYjJkOS1mYzYzNWE5ZTAwNGYucGRmJ30=.
Acesso em: 08 nov. 2023.
LEITE, J. R. M.; SILVEIRA, P. G.; BETTEGA, B. Princípios estruturantes da estado de direito para a
natureza. In: LEITE, J. R. M. (org.). Estado de direito ecológico: conceito, conteúdo e novas
dimensões para a proteção da Natureza. São Paulo: Instituto O Direito por um Planeta Verde,
2017.
MELO, F. Direito ambiental. 2. ed. São Paulo: Método, 2017.
SARLET, I.; FENSTERSEIFER, T. Direito constitucional ambiental. 5. ed. São Paulo: RT, 2017.
WINTER, G. Problemas jurídicos no antropoceno: da proteção ambiental à autolimitação. In:
LEITE, J. R. M. (org.). Estado de direito ecológico: conceito, conteúdo e novas dimensões para a
proteção da Natureza. São Paulo: Instituto O Direito por um Planeta Verde, 2017.
Aula 3
Consumos Sustentável
Consumo sustentável
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Ponto de Partida
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Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
Olá, estudante!
Para pensar em alternativas para a construção de uma sociedade sustentável é fundamental
discutir as relações de consumo.
Se por um lado temos os benefícios proporcionados pela sociedade de consumo, por outro
precisamos reconhecer os impactos sobre o meio ambiente, em especial a pressão sobre os
recursos naturais e o descarte dos resíduos sólidos.
É preciso refutar práticas econômicas prejudiciais, como é o caso da obsolescência planejada,
que, de forma deliberada, reduz a durabilidade dos produtos como forma de estimular o consumo
repetitivo. Por isso, a necessidade de estabelecer padrões de consumo sustentável e de
aprofundar os instrumentos de gestão dos resíduos sólidos.
Para auxiliar a dinâmica abordada nesta aula, elencamos algumas questões importantes para
discutirmos ao longo dessa temática:
Qual a de�nição da obsolescência planejada e a sua relação com o consumismo?
O que é adotar um consumo sustentável?
Qual a importância da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)? Cite dois
instrumentos importantes da PNRS.
Vamos juntos estudar as dinâmicas do consumo sustentável?
Estou te esperando!
Vamos Começar!
O conceito de consumo sustentável
Somos uma sociedade de consumo. Trata-se de reconhecer que as relações de consumo
constituem um elemento indissociável das expectativas da sociedade contemporânea.
Com a modernidade, o crescimento econômico e o consumo foram os �adores da superação dos
níveis básicos de sobrevivência para uma parcela da população mundial, por meio do sistema de
produção em massa. Mas, a partir da segunda metade do século XX, sua maximização nos
trouxe aquilo que é chamado de sociedade consumista. O consumo deixou de ser uma condição
importante para a melhoria da qualidade de vida e se transformou em um vetor para o
hedonismo individual, de um consumo pelo consumo, em um mundo supostamente de
abundância, sem preocupação com o descarte dos produtos e seus impactos. Tem-se, então, o
consumismo, que é uma distorção do consumo (Crespo, 2012).
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De forma mais grave, nas últimas décadas, o consumo assumiu contornos emocionais, com a
aquisição de produtos e serviços para atender o prazer de possuí-los como signi�cado de vida e
reconhecimento social (Crespo, 2012). Esse estágio é chamado de hiperconsumo, ou seja, a
identi�cação do que somos e como vivemos é marcada pela satisfação de nossas pulsões e
desejos por meio do consumo. Mas essa exacerbação não signi�cou o aumento dos níveis de
satisfação e felicidade pessoal.
Os pressupostos do consumismo são uma ameaça para os predicados de sobrevivência global.
A�nal, quanto mais consumo, mais produção e maior geração de resíduos sólidos. Desse modo,
O problema da produção e do consumo realizados em bases não sustentáveis é simples de ser
entendido: não podemos extrair mais recursos naturais do que a natureza é capaz de repor,
quando se trata de recursos renováveis, e não podemos extrair inde�nidamente recursos �nitos,
não renováveis. Também não podemos descartar mais resíduos do que a natureza é capaz de
assimilar (Crespo, 2012, p. 81).
Relacionado ao consumismo, temos a Teoria de Beck (1986), que diz respeito à sociedade
industrial, cuja característica é a produção e distribuição de bens, dando origem à sociedade de
risco, porque a distribuição dos riscos não corresponde às diferenças econômicas, sociais,
sequer geográ�cas, chamadas de primeira modernidade.
A ciência e a tecnologia não dão conta do controle dos riscos e, como consequência, geram
danos à saúde humana e ao meio ambiente. A princípio, com aparente não efeito, contudo, em
longo prazo podem tornar-se irreversíveis. Entre os riscos apontados por Beck (1986), está o
ecológico, o químico, os nucleares e os genéticos produzidos pela indústria, externados pela
economia, juridicamente individuais, cienti�camente legitimados e minimizados politicamente. A
esses riscos a economia incorporou as quedas nos mercados �nanceiros internacionais.
Segundo Beck (1999), esses riscos gerariam uma nova forma de capitalismo, economia, ordem
global, sociedade e de vida pessoal. Assim, o conceito de risco liga-se ao de globalização. São
riscos democráticos que afetam os países e as classes sociais sem respeitar as suas fronteiras.
É por esse cenário que devemos rede�nir a dinâmica das relações de consumo, pois trata-se de
fator indissociável para uma sociedade sustentável. Por isso, o surgimento deexpressões como
consumo sustentável, consumo verde, consumo consciente, entre outras. Optamos pela
denominação consumo sustentável por ser ampla e abarcar as demais, como o consumo verde,
que confere ênfase ao papel do ato de compra do consumidor para as escolhas sustentáveis; e o
consumo consciente, como aquele efetuado a partir de concepções éticas, com base em
de�nições como produção local, autossustentáveis e outras variantes.
O consumo sustentável conjuga as obrigações de todos os atores da sociedade de consumo
para com a sustentabilidade intergeracional. Isto é, adotar o consumo sustentável é respeitar a
capacidade dos sistemas de sustentação da vida na Terra e, por decorrência, garantir um mundo
com disponibilidade de recursos naturais para as futuras gerações. Nessa perspectiva, a ênfase
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não está exclusivamente nas questões tecnológicas, mas também no desa�o das mudanças dos
valores socioambientais. A�nal, apesar da importância dos avanços tecnológicos, isoladamente,
eles não são su�cientes para resolver a demanda da população, da poluição e do consumismo
sem que determinações legais, econômicas e morais sejam estabelecidas para mudar a relação
com a natureza (Odum, 2001).
Portanto, no paradigma do consumo sustentável é estipulado um conjunto de obrigações para o
poder público, o setor produtivo e os consumidores, como partícipes decisivos para as mudanças
necessárias. Para o poder público, tem-se a exigência de normas de regulação e de incentivo
para os processos de produção ecologicamente equilibrados. Para o setor empresarial, a adoção
de processos de produção que respeitem a �nitude dos recursos naturais, além de minimizarem
o descarte dos produtos. E para o consumidor, o imperativo de mudança nos padrões de
consumo, o que, é preciso reconhecer, não é uma tarefa das mais fáceis.
Com esses apontamentos, podemos de�nir o consumo sustentável como os princípios, as
políticas e as obrigações do poder público, do setor produtivo e dos consumidores para a
de�nição de padrões de consumo compatíveis com a capacidade de suporte planetário e a
garantia dos recursos naturais para as futuras gerações.
Siga em Frente...
Políticas para o consumo sustentável
A legislação brasileira prevê políticas públicas com parâmetros para a produção e o consumo
sustentáveis. Ambos estão correlacionados, ou seja, a produção e o consumo são faces de uma
mesma moeda.
 A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) estabelece os padrões sustentáveis de
produção e consumo. Esses devem “[...] atender as necessidades das atuais gerações e permitir
melhores condições de vida, sem comprometer a qualidade ambiental e o atendimento das
necessidades das gerações futuras” (Brasil, 2010). Portanto, produção e consumo são
orientados para a sustentabilidade no diálogo ético entre as gerações.
Contudo, algumas dinâmicas de mercado estão em dissonância com os pressupostos da
sustentabilidade. Para exempli�car, uma prática sensível e altamente gravosa às exigências
atuais: a obsolescência planejada. Trata-se de um conjunto de técnicas e procedimentos que, de
forma arti�cial e deliberada, de�nem limites na durabilidade e/ou desejabilidade dos produtos,
como forma de estimular o consumo repetitivo. Os produtos são feitos para serem trocados ou
repostos após curto período de duração ou uso, antecipando, de forma intencional, a sua
substituição, em um estímulo do consumo pelo consumo. Embora a obsolescência seja natural
em qualquer produto, na planejada temos uma estratégia de mercado perniciosa, para que ela
ocorra antes.
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Moraes (2015) menciona a existência de três modalidades de obsolescência: (i) de qualidade; (ii)
de função ou funcional; e (iii) de desejabilidade ou psicológica. A obsolescência de qualidade é
aquela em que o produtor, de forma deliberada, projeta o tempo de vida útil do produto, com
técnicas e materiais inferiores, com a redução da durabilidade (Moraes, 2015). A obsolescência
de função ou funcional torna um produto obsoleto com o lançamento de outro no mercado, ou
dele mesmo, com ajustes e melhoramentos pontuais (Moraes, 2015). Por �m, a obsolescência de
desejabilidade ou psicológica, que consiste na estratégia de defasagem do produto em
decorrência da aparência ou design, afetando o desejo por ele e, por consequência, colocando o
consumidor em estado de ansiedade pela sua substituição (Moraes, 2015).
A obsolescência planejada tem efeitos prejudiciais nas relações de consumo, quebrando a boa-fé
objetiva, e danosos em matéria ambiental, especialmente no que se refere à geração de resíduos
sólidos.
Na primeira perspectiva, do direito do consumidor, o Superior Tribunal de Justiça possui julgado
sobre os problemas da obsolescência:
(...) independentemente de prazo contratual de garantia, a venda de um bem tido por durável com
vida útil inferior àquela que legitimamente se esperava, além de con�gurar um defeito de
adequação (art. 18 do CDC), evidencia uma quebra da boa-fé objetiva, que deve nortear as
relações contratuais, sejam de consumo, sejam de direito comum. Constitui, em outras palavras,
descumprimento do dever de informação e a não realização do próprio objeto do contrato, que
era a compra de um bem cujo ciclo vital se esperava, de forma legítima e razoável, fosse mais
longo (Superior Tribunal de Justiça, 2012).
Na decisão, evidenciou-se a obsolescência em razão de qualidade, em que, ao se constatar
duração inferior de produto com expectativa de vida útil maior, ocorreu um procedimento
incompatível com as relações de consumo. Atualmente, por ausência de legislação sobre a
obsolescência planejada no Brasil, o Código de Defesa do Consumidor é um importante
instrumento para o questionamento de práticas prejudiciais aos consumidores, impondo ação
governamental no sentido de protegê-los, com a “[...] garantia dos produtos e serviços com
padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho” (Brasil, 1990).
Na segunda perspectiva, o viés ambiental, a obsolescência planejada é dissonante das
exigências ecológicas. O estímulo ao consumismo, por meio da substituição permanente de
produtos, tem por correspondência a extração maior de recursos minerais e o aumento do
consumo de energia, com impactos signi�cativos sobre o meio ambiente, tanto na
disponibilidade de recursos quanto na geração de resíduos sólidos, ou seja, de poluição por
resíduos sólidos.
A implementação de instrumentos para o consumo sustentável
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A de�nição das responsabilidades e a implementação dos instrumentos da Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS) são fundamentais para a construção de uma sociedade sustentável.
Com efeito, a PNRS estrutura-se na conjugação de obrigações para as diferentes esferas do
poder público, o setor empresarial e os segmentos da sociedade para a proteção da saúde
pública e da qualidade ambiental (Brasil, 2010).
Em primeiro lugar, destaca-se o papel do poder público, por meio dos planos de resíduos sólidos,
articulados em vários níveis, como o plano nacional, os planos estaduais, os planos
intermunicipais, os planos municipais, entre outros. Esses planos são instrumentos de
diagnóstico, análise e planejamento para as políticas públicas de produção e consumo em longo
prazo; no caso do plano nacional e dos planos estaduais de resíduos sólidos, o prazo de duração
é de vinte anos e atualização a cada quatro anos (Brasil, 2010). O plano nacional de resíduos
sólidos traz em seu conteúdo as metas de redução, reutilização, reciclagem, entre outras, com
vistas a minimizar a quantidade de resíduos e rejeitos produzidos no país (Brasil, 2010).  Os
planos, em síntese, são os norteadores da gestão integrada e do gerenciamento de resíduos
sólidos no Brasil.
Com os instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, temos o compromisso de todos
os atores com os padrões sustentáveis de produção e consumo e, ademais, com as dinâmicas
do �uxo de gestão dosresíduos sólidos, notadamente a responsabilidade pós-consumo. Nessa
perspectiva, dois instrumentos se destacam: a logística reversa e a coleta seletiva.
A logística reversa é um instrumento econômico e social destinado a “[....] viabilizar a coleta e a
restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial [...]” (Brasil, 2010), após o uso pelo
consumidor. Esses resíduos poderão ser usados para reaproveitamento nos ciclos produtivos ou
para destinação �nal ambientalmente adequada. A logística reversa é uma obrigação de
fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de produtos que causem riscos à saúde
humana e ao meio ambiente (Brasil, 2010).
Segundo a Lei 12.305/2010, a logística reversa é obrigatória para os seguintes produtos: (i)
agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o
uso, constitua resíduo perigoso: (ii) pilhas e baterias; (iii) pneus; (iv) óleos lubri�cantes, seus
resíduos e embalagens; (v) lâmpadas �uorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;
e (vi) produtos eletroeletrônicos e seus componentes (Brasil, 2010). Outros produtos podem ser
inseridos, de acordo com os riscos para a saúde humana e o meio ambiente, como é o caso de
embalagens plásticas, metálicas, de vidro etc. Os consumidores, por sua vez, deverão efetuar a
devolução dos produtos e das embalagens após o uso, no caso, aos comerciantes ou
distribuidores (Brasil, 2010).
Outro instrumento relevante é a coleta seletiva, que é a “coleta de resíduos sólidos previamente
segregados conforme sua constituição ou composição” (Brasil, 2010). O ente federativo
responsável pela implementação da coleta seletiva é o município. Ele implementa a coleta
seletiva por meio do órgão titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de
resíduos sólidos. A coleta seletiva traz duas obrigações para os consumidores: (i) acondicionar
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adequadamente e de forma diferenciada os resíduos sólidos gerados; e (ii) disponibilizar
adequadamente os resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis para coleta ou devolução (Brasil,
2010).
Além da PNRS, é pertinente destacar a questão das compras governamentais. A Lei
14.133/2021, que é o novo diploma legal para as licitações, tem o desenvolvimento nacional
sustentável como princípio e um de seus objetivos (Brasil, 2021). O poder de contratação dos
entes federativos é determinante para que padrões ambientalmente sustentáveis de produtos e
serviços sejam produzidos e alocados não só na administração pública, como re�examente em
toda a sociedade.
Em conjunto com as obrigações e procedimentos legais, como nós, consumidores, podemos
articular as dinâmicas de consumo em uma perspectiva cidadã? Trata-se de uma questão
sensível, mas é preciso destacar que o consumo ultrapassa a esfera individual e constitui-se
como conduta com impactos coletivos. Enquanto consumidores, as escolhas que são feitas no
presente são determinantes para as disponibilidades futuras. É imperativo atentar-se para a
solidariedade intergeracional, com o compromisso de legar às gerações futuras recursos e
condições para a sobrevivência, mesmo para tentar algo diferente do rumo até hoje traçado.  Por
isso, um estilo de vida sem excessos ou desperdícios no consumo é requisito para as
transformações requeridas. Sem repensar as relações e distorções do consumo, não há como
acreditar na possibilidade de uma sociedade sustentável.
Vamos Exercitar?
Nesta seção, você compreendeu a importância em valorizar as alternativas para a construção de
uma sociedade sustentável, sendo fundamental discutir as relações de consumo.
Aprendemos que para suprir a demanda crescente por bens de consumo, ocorre a extração
excessiva de recursos naturais, como minérios, petróleo e água, gerando o seu esgotamento e
levando à degradação de ecossistemas e à perda de biodiversidade. Se por um lado temos os
benefícios proporcionados pela sociedade de consumo, por outro lado precisamos reconhecer
os seus impactos.
Uma pergunta fundamental em relação a essa temática é: Qual será o destino dos resíduos
gerados pelo bem consumido?
Agora, vamos debater as questões que destacamos no início da nossa aula:
Qual a de�nição da obsolescência planejada e a sua relação com o consumismo?
A obsolescência planejada é um conjunto de técnicas e procedimentos que, de forma arti�cial e
deliberada, de�nem limites na durabilidade e/ou desejabilidade dos produtos, como forma de
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estimular o consumo repetitivo. Os produtos são feitos para serem trocados ou repostos após
curto período de duração ou uso, antecipando de forma intencional a sua substituição, em um
estímulo do consumo pelo consumo. Embora a obsolescência seja natural em qualquer produto,
na planejada temos uma estratégia de mercado perniciosa, elaborada para que ela ocorra antes.
O que é adotar um consumo sustentável?
Adotar o consumo sustentável é respeitar a capacidade dos sistemas de sustentação da vida na
Terra e, por decorrência, garantir um mundo com disponibilidade de recursos naturais para as
futuras gerações. Nessa perspectiva, a ênfase não está exclusivamente nas questões
tecnológicas, mas também no desa�o das mudanças dos valores socioambientais.
Qual a importância da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)? Cite dois
instrumentos importantes da PNRS.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) estabelece os padrões sustentáveis de produção
e consumo. Sua função é atender às necessidades das atuais gerações e permitir melhores
condições de vida, sem comprometer a qualidade ambiental e o atendimento das necessidades
das gerações futuras.
Entre os instrumentos importantes da PNRS, destacamos a logística reversa, que é um
instrumento econômico e social destinado a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos
sólidos ao setor empresarial após o uso pelo consumidor. Esses resíduos poderão ser usados
para reaproveitamento nos ciclos produtivos ou para destinação �nal ambientalmente adequada.
Outro instrumento é a coleta seletiva, que é a coleta de resíduos sólidos previamente segregados,
conforme sua constituição ou composição.
Todos esses pontos destacados anteriormente formam uma rede importante para o controle do
consumo e, consequentemente, auxílio, preservação e manutenção dos recursos naturais.
Saiba mais
Você estudou nesta aula a temática do consumo consciente e os seus desa�os. O consumo
consciente é a prática de repensar os hábitos de consumo, promovendo um estilo de vida mais
sustentável e equilibrado. Para saber mais sobre esse tópico, leia Consumo consciente e
conheça mais essa importante temática.
O Instituto Akatu é uma referência da sociedade civil na formulação de propostas e iniciativas
para o consumo consciente. A entidade traz, em seu portal, iniciativas e orientações sobre o
consumo sustentável em áreas como moda, resíduos sólidos, água, alimentos e outras. Vale a
pena conhecer e pesquisar as diversas publicações.
https://www2.camara.leg.br/a-camara/estruturaadm/gestao-na-camara-dos-deputados/responsabilidade-social-e-ambiental/ecocamara/consumo-consciente
https://akatu.org.br/
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Você pode conhecer um pouco mais do tema sociedade de risco. Para saber mais, sugerimos
que leia A teoria da sociedade de risco, de Ulrich Beck: entre o diagnóstico e a profecia.
Bons estudos!
Referências
BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos;
altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário O�cial da União,
Brasília, DF, 3 ago. 2010, p. 3. Disponível em: https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?
tipo=LEI&numero=12305&ano=2010&ato=e3dgXUq1keVpWT0f1. Acesso em: 3 out. 2022.
BRASIL. Lei nº 14.133, de 1 de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Diário
O�cial da União, Brasília, DF 1 abr. 2021, p. 1. Disponível em:
https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?
tipo=LEI&numero=14133&ano=2021&ato=8d4MTTE5UMZpWTf64.Siga em Frente...
Os efeitos das mudanças climáticas nas relações sociais e
econômicas
Para o enfrentamento do cenário da mudança do clima, é necessário um conjunto de
compromissos e obrigações por todos os atores do tabuleiro global, governos, setor empresarial
e sociedade civil.
De imediato, é preciso reconhecer que vivemos em um cenário de vulnerabilidades, conceito que
está associado ao grau de suscetibilidade de uma sociedade, de acordo com suas capacidades
para enfrentar os efeitos adversos da mudança do clima (Bursztyn; Bursztyn, 2012). Isso signi�ca
que todos seremos impactados pela mudança do clima. Reconhecer as vulnerabilidades é
identi�car os possíveis impactos negativos da mudança do clima sobre as atividades
econômicas, a segurança alimentar e a vida das pessoas em um país ou região. Há países mais
e outros menos vulneráveis. No nosso caso, o Brasil, com um território de dimensão continental,
as vulnerabilidades são distintas, a depender da região. Vamos exempli�car: fenômenos
meteorológicos extremos, como secas e enchentes, podem ter efeitos distintos na região Sul ou
no Nordeste brasileiro. Por isso, conhecer as nossas vulnerabilidades enseja a adoção de
medidas para conter os efeitos adversos da mudança climática e, com isso, fortalecer os
mecanismos para a resiliência.
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Desse modo, duas estratégias são fundamentais: a mitigação e a adaptação aos efeitos
adversos da mudança do clima. Ambas devem ser conjugadas, sendo que a mitigação se
preocupa com a redução das causas e a adaptação assenta-se em lidar com as consequências
da mudança do clima (Pfeiffer, [s. d.]). Em um primeiro momento, o objetivo é mitigação por meio
da imediata redução das emissões de gases de efeito estufa. Esse compromisso foi assumido
em documentos o�ciais no âmbito internacional e nacional.
Em nível internacional, ao rati�car o Acordo de Paris, cada país assumiu o que é denominado
Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), que é o compromisso internacional para a
redução das emissões de gases de efeito estufa. A NDC brasileira, revista no ano de 2020, tem os
seguintes compromissos: (i) reduzir as emissões líquidas totais de gases de efeito estufa em
37% em 2025; (ii) assumir o compromisso de reduzir em 43% as emissões brasileiras até 2030
(Brasil, 2020).
O compromisso internacional assumido pelo Brasil no Acordo de Paris dialoga diretamente como
a Política Nacional de Mudanças do Clima (PNMC), aprovada pela Lei Federal 12.187/2009, que
estabelece, entre outros pontos, que “[...] todos têm o dever de atuar, em benefício das presentes
e futuras gerações, para a redução dos impactos decorrentes das interferências antrópicas sobre
o sistema climático” (Brasil, 2009). Ademais, na execução de políticas públicas relativas à
mudança do clima, a PNMC estimula o apoio e participação “[...] dos governos federal, estadual,
distrital e municipal, assim como do setor produtivo, do meio acadêmico e da sociedade civil
organizada” (Brasil, 2009). No que se refere à mitigação, a PNMC visa à redução das emissões
antrópicas de gases de efeito estufa em relação às suas diferentes fontes e prescreve que as
ações de mitigação devem estar em consonância com o desenvolvimento sustentável (Brasil,
2009).
Além da mitigação das emissões de gases de efeito estufa, há a necessidade da adaptação, que
consiste em iniciativas e medidas para reduzir os impactos adversos da mudança climática. As
medidas de adaptação são necessárias porque as mudanças já estão em curso. Nesse ponto, é
importante a adaptação das economias nacionais, isto é, ter “[...] iniciativas e medidas para
reduzir a vulnerabilidade dos sistemas naturais e humanos frente aos efeitos atuais e esperados
da mudança do clima” (Brasil, 2009). É por meio das iniciativas de adaptação que se tem a
proteção de vidas em face dos efeitos adversos. Entre os exemplos de medidas de adaptação,
temos: (i) re�orestamento de �orestas e a recuperação de ecossistemas afetados; (ii)
desenvolvimento do cultivo de plantas e culturas mais adaptáveis à mudança do clima; (iii)
adoção de sistemas de prevenção, monitoramento e preparação em caso de catástrofes naturais
e eventos climáticos; (iv) garantia de infraestruturas e políticas públicas urbanas para enfrentar
as dinâmicas do clima sobre as cidades.
Em qualquer perspectiva, é preciso atentar que, tanto em nível global quanto local, o que está
subjacente a esses compromissos é reduzir a emissão de carbono o mais próximo de zero. Uma
economia de baixo carbono permitirá o que o IPCC chama de desenvolvimento resiliente: “[...]
viabilizado quando os governos, a sociedade civil e o setor privado fazem escolhas de
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desenvolvimento inclusivas que priorizam a redução de riscos, a equidade e a justiça [...] (IPCC,
2022).
De modo mais imediato, no contexto corporativo e individual, será preciso a tomada de
consciência da nossa atuação no mundo no contexto atual. Para tanto, um elemento que pode
auxiliar é o uso de métricas que nos auxiliam a compreender o papel de cada um de nós no
contexto climático. Uma delas é a chamada pegada de carbono, ou seja, o cálculo dos impactos
das atividades humanas sobre o ambiente. A pegada de carbono é, hoje, um indicador que
contribui no cálculo dos impactos de pessoas, empresas e países nas emissões dos gases de
efeito estufa. Por esse cálculo, podemos conhecer e identi�car quanto cada ação ou como o
nosso modo de vida impacta na emissão de gases de efeito estufa. Por evidente, reduzir a
pegada de carbono é uma medida essencial para todos, governos, setor corporativo e sociedade
civil.
Em qualquer das perspectivas enumeradas, de governos a cada um de nós, será preciso não só a
tomada de consciência, mas o compromisso político e ético com as estratégias para a redução
das vulnerabilidades no contexto climático.
Vamos Exercitar?
Podemos citar o aquecimento global como, possivelmente, o maior desa�o da
contemporaneidade. Diante desse cenário, a adoção de medidas de combate aos fatores
relacionados ao aumento da temperatura global é fundamental. Relacionado a essa temática,
você, como o responsável pela implantação de projetos que visam atenuar os impactos de uma
empresa do ramo alimentício na emissão dos gases do efeito estufa, tem a importante demanda
de esclarecer os seguintes pontos, em uma palestra, para os colaboradores dessa empresa:
O que é o aquecimento global, as mudanças climáticas, seus impactos e quais são os
principais gases do efeito estufa (GEE)?
O que é o efeito estufa?
As mudanças climáticas são transformações de longo prazo nos padrões de temperatura e
clima. Decorrentes dessas transformações, podemos ter o evento do aquecimento global, que é
o aumento da temperatura média dos oceanos e da camada de ar próxima à superfície da Terra.
Um dos principais potencializadores desse aquecimento é o efeito estufa, que corresponde a
uma camada de gases que cobre a superfície da terra, composta, principalmente, por gás
carbônico (CO²), metano (CH4), N²O (óxido nitroso) e vapor d’água (principais GEE), é um
fenômeno natural fundamental para manutenção da vida na Terra, pois sem ela o planeta poderia
se tornar muito frio, inviabilizando a sobrevivência de diversas espécies. Entretanto, parte da
radiação solar que chega ao nosso planeta é re�etida e retorna diretamente para o espaço. Outra
parte é absorvida pelos oceanos e pela superfície terrestre, e uma parte é retida por essa camada
de gases que causa o chamado efeito estufa. Mas as emissões elevadas dos GEE espessam
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essa camada que, consequentemente, retém mais calor na Terra, aumentando a temperatura da
atmosfera terrestre e dos oceanos, e ocasionando o aquecimento global.
Como consequências, podemos observar o aumento da temperatura média do planeta, elevando
o nível do mar, devido ao derretimento das calotas polares, e ainda previsão de uma frequência
maior de eventos extremos climáticos (tempestadesAcesso em: 16 out. 2022.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial Nº 984.106/SC. Relator: Min. Luís Felipe
Salomão, 4 de outubro de 2012. Disponível em:
https://processo.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?
componente=ITA&sequencial=1182088&num_registro=200702079153&data=20121120&formato
=PDF. Acesso em: 15 out. 2022.
CRESPO, S. Enfrentando o desa�o da produção e do consumo sustentáveis: uma visão a partir
das políticas governamentais recentes. In: ALMEIDA, F. (org.) Desenvolvimento sustentável 2012-
2050: visão, rumos e contradições. Rio: Elsevier, 2012.
MORAES, K. G. Obsolescência planejada e direito: (in)sustentabilidade do consumo à produção
de resíduos. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015.
ODUM, E. P. Fundamentos de ecologia. 6. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.
Aula 4
Desenvolvimento e Pós-Desenvolvimento
Desenvolvimento e pós-desenvolvimento
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https://revistaesa.com/ojs/index.php/esa/article/view/188
https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=12305&ano=2010&ato=e3dgXUq1keVpWT0f1
https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=12305&ano=2010&ato=e3dgXUq1keVpWT0f1
https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=14133&ano=2021&ato=8d4MTTE5UMZpWTf64
https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=14133&ano=2021&ato=8d4MTTE5UMZpWTf64
https://processo.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1182088&num_registro=200702079153&data=20121120&formato=PDF
https://processo.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1182088&num_registro=200702079153&data=20121120&formato=PDF
https://processo.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1182088&num_registro=200702079153&data=20121120&formato=PDF
Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
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Bons estudos!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
Uma discussão instigante é sobre a capacidade da economia em conferir alternativas para as
questões postas pelas emergências ecológica e climática. Será possível, de fato, um
desenvolvimento sustentável diante das exigências de governos e sociedade pelo crescimento
econômico contínuo?
Essa é, sem dúvida, a questão dos nossos tempos!
Nesse contexto, vamos construir uma situação �ctícia para auxiliá-lo neste processo de
aprendizagem: Imagine que existe um centro educacional que possui instituições de ensino
espalhadas por todo o território nacional. Você é um dos diretores da referida instituição e
participou de um evento internacional que abordou alternativas relacionadas às emergências
ecológicas e climáticas pertinentes ao desenvolvimento da economia. Nesse evento,
importantes palestrantes apresentaram propostas e alternativas para o desenvolvimento
sustentável e sua relação econômica.
Você selecionou algumas das propostas e trouxe essa temática para as unidades do centro
educacional. Com isso, fomentou a discussão dos seguintes pontos: economia verde, pós-
desenvolvimento, economia ecológica, economia estável e economia em decrescimento.
Agora, cada centro educacional deverá focar-se no assunto e defender a implantação de uma
dessas propostas citadas anteriormente.
Para auxiliá-los nessa discussão, vamos abordar em nossa aula uma série de pontos importantes
relacionados a essa temática.
Bons estudos!
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Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
Vamos Começar!
Desenvolvimento e pós-desenvolvimento
Com o término da Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento, conceito que foi associado ao
crescimento econômico, tornou-se o objetivo social da comunidade internacional.
A mensuração do sucesso e do insucesso de um país está na capacidade de crescimento da sua
economia. Para tanto, a essência do crescimento é expressa pelo aumento do produto interno
bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos por uma nação ou região
durante o período de um ano. Aumentar o PIB tornou-se uma prioridade para governos e
sociedade. Esse indicador, contudo, é criticado por conferir ênfase ao crescimento econômico e
não contemplar outras variáveis.
Por isso, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) estabeleceu o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), conjugando, ao lado dos parâmetros econômicos, indicadores
como educação e saúde. Para exempli�car, o país com melhor IDH do mundo é a Suíça, ao passo
que o Brasil ocupa a 87ª posição no ranking global, tendo como referência o ano de 2021.
Em qualquer das métricas utilizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), a ideia de
desenvolvimento é central. Tanto que a ONU editou, em 1986, a Declaração sobre o Direito ao
Desenvolvimento, em que pretendia inserir o desenvolvimento no rol dos direitos humanos.
Dessa forma,
O direito ao desenvolvimento é um direito humano inalienável em virtude do qual todos os seres
humanos e todos os povos têm o direito de participar, de contribuir e de gozar o desenvolvimento
econômico, social, cultural e político, no qual todos os direitos humanos e liberdades
fundamentais se possam plenamente realizar (ONU, 1986).
O direito ao desenvolvimento é um direito humano inalienável em virtude do qual todos os seres
humanos e todos os povos têm o direito de participar, de contribuir e de gozar o desenvolvimento
econômico, social, cultural e político, no qual todos os direitos humanos e liberdades
fundamentais possam se realizar plenamente (ONU, 1986).
A compreensão do desenvolvimento passou por uma série de interpretações, sendo que, a partir
do Relatório Nosso Futuro Comum, de 1987, recebeu o adjetivo sustentável (ONU, 1991).
Atualmente, falamos em desenvolvimento sustentável, cujo maior exemplo da abrangência
propositiva é o conteúdo da Agenda 2030, de 2015, com os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável para o ano de 2030 (ONU, 2015).
Mas é preciso problematizar o desenvolvimento sustentável diante das emergências ecológica e
climática, notadamente pelo acelerado esgotamento dos recursos naturais e o aumento da
poluição. Sendo assim, como repensar as questões da economia com o meio ambiente? É
Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
possível articular uma economia ecológica? Existem alternativas para o desenvolvimento
sustentável? Essas são perguntas para a prospecção de novos debates.
Em que pese a expressão desenvolvimento sustentável ser dominante nas instâncias de
deliberação em nível internacional e nacional, nos últimos anos surgiram correntes que articulam
novas leituras e compreensões para o enfrentamento das emergências contemporâneas. Entre
elas, os defensores do que é denominado pós-desenvolvimento, que reúne os críticos à ideia de
desenvolvimento.
Na corrente do pós-desenvolvimento, destaca-se a teoria do decrescimento, que, a partir da
crítica ao crescimento econômico como objetivo social e de seus malogros para o meio
ambiente, defende que é preciso parar imediatamente a velocidade e a intensidade do consumo
global, sobretudo pelos países ricos. O conceito de decrescimento, segundo Latouche, tem “[...]
como objeto marcar fortemente o abandono do objetivo do crescimento pelo crescimento [...]”
(Latouche, 2006, p. 13).  Para os defensores do decrescimento, o crescimento é antieconômico e
ecologicamente insustentável (Demaria; Kallis; D’alisa, 2016). É antieconômico porque os
problemas causados são o aumento das desigualdades e das injustiças; é ecologicamente
insustentável porque está exaurindo com os recursos naturais e aumentando signi�cativamentetropicais, inundações, ondas de calor, seca,
nevascas, furacões, tornados e tsunamis), com graves consequências para populações humanas
e ecossistemas naturais. 
Saiba mais
Percebemos, com o entendimento desta unidade, que o avanço das atividades humanas está
alterando drasticamente a dinâmica no planeta. O recorrente aumento da emissão dos gases do
efeito estufa está potencializando o processo de aquecimento do planeta, o que gera
consequências negativas para a manutenção da vida do homem e das processos ecológicos.
Para saber mais sobre essa temática, leia a matéria O que são as mudanças climáticas?.
Apesar dos números relacionados à emissão dos gases do efeito estufa serem extremamente
preocupantes nos dias atuais, existem uma série de esforços visando à diminuição dessas
emissões. Por exemplo, a 21ª Conferência das Partes (COP21), da UNFCCC, em Paris, em que foi
adotado um novo acordo com o objetivo central de fortalecer a resposta global à ameaça da
mudança do clima e de reforçar a capacidade dos países para lidar com os impactos decorrentes
dessas mudanças. Para saber mais sobre a COP21, acesse a página do Ministério do Meio
Ambiente, e leia a matéria Acordo de Paris. 
Um ponto importante abordado nesta aula é a pegada do carbono, medida que calcula a emissão
de carbono equivalente na atmosfera por uma pessoa, atividade, evento, empresa, organização
ou governo. Para saber mais sobre o assunto e calcular a sua pegada de carbono, acesse o site
Calcule as suas emissões. 
Referências
BRASIL. Decreto 2.652, de 1 de julho de 1998. Promulga a Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre mudança do clima, assinada em Nova York, em 9 de maio de 1992. Diário O�cial da União,
Brasília, DF. Disponível em:  https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?
tipo=DEC&numero=2652&ano=1998&ato=163ITTE50dNpWT810. Acesso em: 20 ago. 2023.
BRASIL. Decreto 9.173, de 07 de maio de 2017. Promulga o Acordo de Paris sob a Convenção-
Quadro das Nações Unidas sobre mudança do clima, celebrado em Paris, em 12 de dezembro de
2015, e �rmado em Nova Iorque, em 22 de abril de 2016. Diário O�cial da União, Brasília, DF.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/D9073.htm.
Acesso em: 28 ago. 2023.
https://brasil.un.org/pt-br/175180-o-que-s%C3%A3o-mudan%C3%A7as-clim%C3%A1ticas
https://antigo.mma.gov.br/clima/convencao-das-nacoes-unidas/acordo-de-paris.html
https://calculator.moss.earth/
https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=DEC&numero=2652&ano=1998&ato=163ITTE50dNpWT810
https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=DEC&numero=2652&ano=1998&ato=163ITTE50dNpWT810
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/D9073.htm
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Nota à Imprensa nº 157/2020. Apresentação da
Contribuição Nacionalmente Determinada do Brasil perante o Acordo de Paris. Brasília, DF:
Ministério das Relações Exteriores. Disponível em: https://www.gov.br/mre/pt-
br/canais_atendimento/imprensa/notas-a-imprensa/2020/apresentacao-da-contribuicao-
nacionalmente-determinada-do-brasil-perante-o-acordo-de-paris. Acesso em: 25 ago. 2023.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Acordo de Paris. Ministério do Meio Ambiente. Brasília, DF:
Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: https://antigo.mma.gov.br/clima/convencao-das-
nacoes-unidas/acordo-de-paris.html. Acesso em 16 out. 2023.
BURSZTYN, M.; BURSZTYN, M. A. Fundamentos de política e gestão ambiental: caminhos para a
sustentabilidade. Rio: Garamond, 2013.
CALCULE as suas emissões. Moss. Disponível em: https://calculator.moss.earth/. Acesso em: 16
out. 2023.
IPBES. Resumo para formuladores de políticas do relatório de avaliação global sobre
biodiversidade e serviços ecossistêmicos da plataforma intergovernamental de políticas
cientí�cas sobre biodiversidade e serviços ecossistêmicos. Bonn: IPBES Secretariat, 2019.
Disponível em: https://ipbes.net/assessment-reports/americas. Acesso em: 22 ago. 2023.
IPCC. Sixth assessment report: headline statements from the summary for policymakers.
MELO, F. Direito ambiental. 2. ed. São Paulo: Método, 2017.
O QUE são as mudanças climáticas? Nações Unidas Brasil. Disponível em:
https://brasil.un.org/pt-br/175180-o-que-s%C3%A3o-mudan%C3%A7as-clim%C3%A1ticas.
Acesso em: 13 out. 2023.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE METERIOLOGIA (OMM). 2020 was one of three warmest years on
record. Disponível em: https://public.wmo.int/en/media/press-release/2020-was-one-of-three-
warmest-years-record. Acesso em 28 ago. 2023.
PFEIFFER, C. Mitigação das mudanças climáticas. In: Enciclopédia discursiva da cidade.
Disponível em: https://www.labeurb.unicamp.br/endici/index.php?r=verbete/view&id=231.
Acesso em: 21 ago. 2023. 
Aula 3
Desigualdades Socioambientais
https://www.gov.br/mre/pt-br/canais_atendimento/imprensa/notas-a-imprensa/2020/apresentacao-da-contribuicao-nacionalmente-determinada-do-brasil-perante-o-acordo-de-paris
https://www.gov.br/mre/pt-br/canais_atendimento/imprensa/notas-a-imprensa/2020/apresentacao-da-contribuicao-nacionalmente-determinada-do-brasil-perante-o-acordo-de-paris
https://www.gov.br/mre/pt-br/canais_atendimento/imprensa/notas-a-imprensa/2020/apresentacao-da-contribuicao-nacionalmente-determinada-do-brasil-perante-o-acordo-de-paris
https://antigo.mma.gov.br/clima/convencao-das-nacoes-unidas/acordo-de-paris.html
https://antigo.mma.gov.br/clima/convencao-das-nacoes-unidas/acordo-de-paris.html
https://calculator.moss.earth/
https://ipbes.net/assessment-reports/americas
https://brasil.un.org/pt-br/175180-o-que-s%C3%A3o-mudan%C3%A7as-clim%C3%A1ticas
https://www.labeurb.unicamp.br/endici/index.php?r=verbete/view&id=231
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Desigualdades socioambientais
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Bons estudos!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
Nesta aula vamos estudar a questão da desigualdade em nossas sociedades, em especial a
ambiental.
Hoje, organismos como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional têm manifestado
preocupação com o avanço da desigualdade em nível global, porque ela gera impactos imediatos
na competitividade econômica e na estabilidade social. Além disso, a desigualdade tem uma
dimensão ambiental, que revela as disparidades de consumo entre países ricos e pobres, e
demonstra que os efeitos negativos da poluição e dos danos ambientais afetam mais
desfavoravelmente os grupos e populações vulneráveis.
Para melhor compreensão, tomemos o caso de Arnaldo, o qual se opõe à construção de um
grande empreendimento em sua cidade, Santa Cruz da Serra, local em que será construído um
grande reservatório pela empresa, para atender uma usina hidrelétrica. Diante desse cenário, a
empresa responsável, município e o estado informam que a construção gerará inúmeros
benefícios, dentre eles: energia elétrica; reservatório d´água; prática de esportes; pesca e criação
de peixes; servirá como controle de enchentes; lazer e entretenimento, além da geração de
muitos empregos.
Pergunta-se: É possível compreender a oposição de Arnaldo analisando as justi�cativas do
município, do governo do estado e da empresa?
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
Qual seriam os possíveis impactos diretos na população residente da região afetada e por que
esse fato deve ser considerado como uma fonte de desigualdade?
Agora vamos conhecer os principais fundamentos dessa discussão e nos preparar para o
exercício ético e responsável de suas atividades pro�ssionais em respeito aosprocessos
democráticos de proteção ao meio ambiente.
Um abraço!
Vamos Começar!
O contexto das desigualdades na contemporaneidade
Nos últimos anos, a desigualdade tornou-se uma temática prioritária em qualquer discussão de
instituições governamentais, em nível global ou nacional. Isso porque estamos acompanhando a
escalada da desigualdade em todo o planeta e, como tal, reduzi-la é um pressuposto
fundamental para mitigar os impactos deletérios que ela causa em nossas sociedades. Esse é
um objetivo compartilhado por governos e por organismos multilaterais, como o Fundo
Monetário Internacional e o Banco Mundial. Mas como compreender a desigualdade e as suas
variações?
Com efeito, a desigualdade se estabelece a partir dos processos estruturais em sociedade, em
que ela “[...] condiciona, limita ou prejudica o status e a classe social de uma pessoa ou um grupo
e, consequentemente, interfere em requisitos primários para a qualidade de vida” (Oxfam, 2021).
A desigualdade é multidimensional, mas vamos nos concentrar em duas delas: a econômica e a
social. A desigualdade econômica se dá por meio da concentração de renda em um número
reduzido de pessoas em uma sociedade, ou seja, a maior parte da riqueza produzida e
acumulada encontra-se nas mãos de poucos. A desigualdade social, por sua vez, está
diretamente ligada à estrati�cação de pessoas em uma sociedade por critérios, como gênero,
raça, origem social, entre outras variantes, identi�cando-se, geralmente, com os grupos mais
vulneráveis de uma sociedade. Tanto a desigualdade econômica quanto a social caminham
associadas. Esse é caso do Brasil, com suas desigualdades múltiplas, colocando o país como
um dos mais desiguais do mundo e o 84º no índice de desenvolvimento humano global, entre
189 países (ONU, 2020).
Apesar da relevância e do compromisso dos atores com a redução da desigualdade, os estudos
e as estatísticas sinalizam em sentido contrário, tanto na concentração de renda quanto no
aumento da pobreza. Segundo o relatório da Oxfam, a questão da concentração de renda é um
problema mundial. A plutocracia, o segmento que inclui o 1% mais rico, detém a riqueza dos
outros 99% da população mundial; apenas oito bilionários possuem a riqueza da metade mais
pobre do planeta (Oxfam, 2017). Um nível alto de desigualdade reduz a competitividade e afeta a
economia de um país, por gerar uma estagnação na dinâmica social. Os resultados desses
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
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dados são preocupantes, porque a desigualdade “[...] aumenta a criminalidade e a insegurança e
gera mais pessoas vivendo com medo do que com esperança” (Oxfam Brasil, 2017).
Com os níveis de concentração de renda, temos o efeito imediato do aumento da pobreza, agora
agravada pelas implicações da covid-19 em nível global. No caso do Brasil, em especial, após ter
saído do mapa da fome em 2014, os índices de pobreza cresceram nos últimos anos (Oxfam,
2017; Oliveira, 2019). Trata-se do retorno de uma questão estrutural da sociedade brasileira aos
debates políticos e econômicos. E não podemos nos esquecer de que o compromisso de não
retroceder no combate à fome não é somente político, mas um objetivo expresso no art. 3º, III, da
Constituição Federal de 1988, de “[...] de erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais” (Brasil, 1988, [s. p.]).
É por meio do combate e da superação dos altos índices de desigualdade, em qualquer de seus
enfoques, que podemos traçar um compromisso efetivo para a construção de uma sociedade
igualitária e democrática, requisito fundamental para o enfrentamento das crises
contemporâneas.
As desigualdades e os efeitos sobre a proteção ambiental
De imediato, uma pergunta fundamental: qual a relação entre a desigualdade – econômica e
social – com as questões ambientais? A resposta é: são faces de um mesmo problema. Isso
porque, como alertou o �lósofo francês François Ost (1997, p. 390), “a injustiça das relações
sociais gera a injustiça das relações com a natureza”. Sob essa perspectiva, a desigualdade
econômica e a social resultam na desigualdade ambiental que, por sua vez, pode se manifestar
em duas dimensões: no acesso e no uso privilegiado dos recursos naturais, a partir de um
padrão de consumo privilegiado para poucos; na ausência de participação e proteção ambiental
para os grupos mais vulneráveis, que sofrem com a distribuição desigual dos efeitos deletérios
no meio em que vivem e estão inseridos.
Os dados atuais das emissões dos gases do efeito estufa demonstram que, em um mundo com
cerca de 8 bilhões de pessoas, metade das emissões globais provém dos 500 milhões de
habitantes mais ricos do planeta (Abramovay, 2012). Além disso, esses dados mostram que, se
de um lado os países ricos conseguiram atingir os benefícios do crescimento econômico, de
outro lado, a maioria dos países em desenvolvimento não conseguiu os padrões mínimos de
uma existência digna.
Uma outra dimensão da desigualdade ambiental é que as políticas e os problemas ecológicos
não são democráticos. Os projetos e as iniciativas dos processos produtivos são decididos e
alocados em países e/ou em territórios de grupos vulneráveis que, além de não participarem dos
efeitos positivos desses investimentos, estão mais sujeitos aos efeitos nocivos da poluição e
dos danos ambientais. Como exemplo, temos a situação dos povos originários e tradicionais,
que são expulsos ou têm os seus territórios diretamente afetados pela implementação de
grandes projetos de infraestrutura – barragens, mineração etc. –, sem terem benefícios diretos e
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arcando com o passivo dessas iniciativas. Esses projetos, na maioria das vezes apoiados pelo
poder público, são geradores de externalidades negativas, tanto nos efeitos sobre os grupos
afetados quanto no meio ambiente comum, ou seja, prejudicam outras atividades econômicas
existentes. No mesmo sentido, nas cidades, essas populações vivem em áreas frágeis
ambientalmente (morros, encostas, beiras de rios etc.) ou próximas de lixões e terrenos poluídos,
e sofrem as mazelas da segregação socioespacial, isto é, a ausência de políticas públicas que
conjuguem uma existência digna.
Além das dimensões principais, há uma nova faceta da desigualdade ambiental, que se constitui
pela intensi�cação dos efeitos adversos do clima, em que milhões de pessoas deverão deixar
seus lares e países e se mudarem para outros lugares, con�gurando o que tem sido denominado
deslocados ambientais ou, como tem sido utilizado por alguns, refugiados ambientais. O
relatório World Disaster Report, do ano de 2018, elaborado pela Cruz Vermelha Internacional
(2018), consignou que, entre os anos de 2006-2016, mais de 771 mil mortes foram atribuídas a
desastres, com quase dois bilhões de pessoas afetadas por eventos dessa natureza, das quais
cerca de 95% delas em ocorrências por questões climáticas. Ainda que as questões sobre clima
sejam produzidas pelos setores mais ricos da sociedade, os seus efeitos são sentidos,
sobretudo, pelos povos mais vulneráveis no mundo. A�nal, como expõe Sergio Margulis (2020, p.
120), são as pessoas de baixa renda as mais afetadas pela mudança do clima, porque “[...]
tendem a viver e trabalhar em locais mais expostos a riscos climáticos, sem infraestrutura que os
reduzam, em casas e bairros que enfrentam os maiores problemas quando impactados [...]”.
Por essa conjugação de variantes da desigualdade ambiental, é possível constatar a imbricada e
correspondente relação entre desigualdade e o futuro da vida no planeta. A�nal, a persistência da
desigualdade ambiental é um fator desagregador de toda a construção moderna de Estado e
sociedade. Lutar por uma maior igualdade, ao reverso, pode nos ajudar a um compromisso
comum dos problemas que ameaçam a todos nós (Pickett; Wilkinson, 2015).
Siga em Frente...
A justiça ambiental
Diante do contexto da desigualdade ambiental, uma das principais proposições para o
enfrentamento em sentido crítico é o movimento de Justiça Ambiental. Trata-sede um
movimento que surgiu originalmente nos Estados Unidos, na década de 1980, e procura
demonstrar que os efeitos prejudiciais recaem, sobretudo, em grupos mais vulneráveis da
sociedade, em demonstração do racismo ambiental naquele país. As pautas e os princípios
norteadores do movimento de Justiça Ambiental daquele país se espalharam pelo mundo e
chegaram ao Brasil no �nal da década de 1990, conjugando as especi�cidades das lutas e
pautas ambientais em nosso país.
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E
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Segundo Acselrad, Mello e Bezerra (2009), o movimento de Justiça Ambiental articula suas
proposições em duas dimensões de atuação: (i) a discussão dos processos decisórios de
participação na formulação das políticas ambientais, em especial por parte das populações
afetadas; (ii) os efeitos na distribuição dos benefícios e encargos das intervenções sobre o
ambiente.
Em primeiro lugar, os processos decisórios são, invariavelmente, estabelecidos numa relação de
verticalização imposta por empresas e governos, de cima para baixo, sem os protocolos de
consulta, ou, quando ocorrem, são realizados com mecanismos de pressão sobre as
comunidades e os grupos do entorno, impedindo a livre manifestação pelo peso de retaliações
econômicas, sociais, físicas e políticas no âmbito local. Isso é particularmente sensível pela
conjugação de fatores ou justi�cativas de que a falta de empregos e investimentos em um local
justi�caria a aceitação de projetos e empreendimentos que causam danos ambientais e
sanitários, prejudicando a qualidade de vida das populações para um objetivo imediato que, na
maioria das vezes, tem uma proposição exclusivamente econômica.
Esses processos decisórios estão em uma dinâmica dissonante dos mais elementares princípios
estruturantes do Direito Ambiental, pois os documentos internacionais de proteção ao meio
ambiente destacam a necessidade de participação comunitária na formulação e execução de
políticas ambientais. A Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,
de 1992, consigna, em seu art. 10, que “[...] o melhor modo de tratar as questões ambientais é
com a participação de todos os cidadãos interessados [...]” (ONU, 1992). E continua deixando
claro que o acesso adequado à informação sobre o meio ambiente “[...] inclui a informação sobre
os materiais e as atividades que oferecem perigo a suas comunidades, assim como a
oportunidade de participar dos processos de adoção de decisões” (ONU, 1992). No mesmo
sentido, o Acordo de Escazú (ONU, 2018), garante os “direitos de acesso”, compreendendo o
direito à informação, à participação pública nos processos de tomada de decisões em questões
ambientais e o direito de acesso à justiça. A legislação brasileira estabelece essa participação,
prevendo a audiência pública no licenciamento ambiental de atividades efetiva ou
potencialmente causadoras de signi�cativa degradação ambiental (Conama, 1986; 1987; 2020).
Por esses elementos, evidencia-se que as políticas públicas que afetam pessoas, populações,
cidades e regiões devem ser fruto de uma construção dialógica entre os atores envolvidos, e não
a sobreposição de uma única interpretação.
Uma outra dimensão da Justiça Ambiental envolve a distribuição dos encargos das intervenções
sobre o meio ambiente, que recairão justamente nas populações, nos grupos e nas pessoas mais
vulneráveis em sociedades desiguais – como é o caso do Brasil. Portanto, são esses grupos que
ora são privados do acesso aos recursos naturais para viverem, ora “são expulsos de seus locais
de moradia para a instalação de grandes projetos hidroviários, agropecuários ou de exploração
madeireira ou mineral” (Acselrad; Mello; Bezerra, 2009, p. 42). Esse é o caso dos projetos de
desenvolvimento que são impostos e implicam a expulsão de grupos e populações. Dois são os
exemplos: o primeiro são expulsões ligadas ao mercado global de terras, com aquisição de
grandes áreas produtivas por corporações para a produção de biocombustíveis ou para o
extrativismo, forçando milhares de agricultores a venderem ou deixarem suas terras; o segundo
Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
exemplo são os projetos de infraestrutura, como o caso da Usina de Belo Monte, no Pará, em que
milhares de pessoas foram expulsas de suas casas com o alagamento de amplas faixas de
terras, com a perda dos laços sociais e de pertencimento ancestrais, além dos impactos
ambientais, em que o mais evidente foi o a perda da biodiversidade da região.
Nessa conjugação, nota-se que o movimento de Justiça Ambiental é fundamentalmente uma
rede que estabelece um contraponto e uma resistência aos mecanismos de imposição e
verticalização dos processos decisórios que saem prontos de gabinetes governamentais, sem
interface ou diálogo com a realidade dos territórios e lugares. O que está em pautas nessas
reivindicações é, sobretudo, o compromisso com a participação comunitária em uma sociedade
democrática e dialógica, princípio e condição fundamental para um combate efetivo ao
crescimento da desigualdade ambiental e suas consequências.
Vamos Exercitar?
Vamos retomar o caso de oposição de Arnaldo à construção de um grande reservatório de água
para atender à demanda de uma usina hidrelétrica em sua cidade. Para auxiliar nessa discussão,
vamos trabalhar as seguintes questões:
É possível compreender a oposição de Arnaldo analisando as justi�cativas para a
construção do reservatório (atender a demanda energética)?
Quais seriam os possíveis impactos diretos na população residente da região afetada e por
que esse fato deve ser considerado como uma fonte de desigualdade?
Primeiramente, Arnaldo traz uma série de pontos importantes, como o fato de que os moradores
perderão uma expressiva porção de terra produtiva. Os que residem na área de inundação
perderão os seus lares, forçando muitos ao êxodo rural, além de se perder uma importante parte
da história desse povo. Pensando no contexto ambiental, haverá interrupção da piracema,
impacto direto nos ecossistemas, que sofrerão inundação, entre outros.
Na dimensão da Justiça Ambiental, nota-se que os impactos recairão justamente nas
populações, mais vulneráveis, privando do acesso aos recursos naturais e sendo ‘expulsos’ de
seus locais de moradia, gerando perda dos laços sociais e de pertencimento ancestrais, além
dos impactos ambientais, em que o mais evidente foi o a perda da biodiversidade da região.
Diante disso, o estudo da desigualdade ambiental é uma importante ferramenta que visa
conhecer e reconhecer os padrões de justiça ambiental, ou seja, o contexto, as pessoas e as
dinâmicas de decisão sobre os projetos e iniciativas que impactam o ambiente, como no caso da
construção do reservatório. Assim, é necessária a avaliação do contexto, compreendendo como
o empreendimento realmente será bené�co, mesmo com os impactos destacados.
Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
Saiba mais
De forma recorrente, relatórios são editados para a divulgação de estudos e pesquisas sobre as
dimensões e implicações da desigualdade no âmbito global e brasileiro. Eles têm sido utilizados
para sensibilizar e contribuir na formulação de políticas públicas de combate à desigualdade. Um
dos mais importantes estudos foi editado pelas Nações Unidas em 2019 e trouxe um panorama
global da desigualdade econômica, social, racial e ambiental no século XXI. Você pode acessar o
Relatório do Desenvolvimento Humano 2019 diretamente no site da ONU.
Outro relatório, também das Nações Unidas, editado em 2021, trouxe os dados da desigualdade
na América Latina - Relatório de Desenvolvimento Humano Regional 2021 | Presos: alta
desigualdade e baixo crescimento na América Latina e no Caribe. 
A Justiça Ambiental refere-se “aos princípios que asseguram que nenhum grupo de pessoas,
sejam grupos étnicos, raciais ou de classe, suporte uma parcela desproporcional de degradação
do espaço coletivo. Para saber mais sobre Justiça Ambiental, leia o artigo Por mais Justiça
Ambiental.
Referências
ABRAMOVAY, R. Muito além da economiaverde. São Paulo: Planeta Sustentável, 2012. 
ACSELRAD, H.; MELLO, C. C. A.; BEZERRA, G. N. O que é justiça ambiental? Rio: Garamond, 2009. 
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília,
DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm. Acesso em: 1 ago. 2023. 
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental 101
Distrito Federal. Relatora: Min. Carmen Lúcia, 24 de junho de 2009. Disponível em:
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=629955. Acesso em: 2
ago. 2023.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução Conama nº 001/1986. Dispõe sobre
critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. Diário O�cial da
União, Brasília, DF, 17 fev. 1986, p. 2548-2549. Disponível em: http://conama.mma.gov.br/?
option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=745. Acesso em: 30 ago. 2023.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução Conama nº 009/1987. Dispõe sobre a
questão de audiências públicas. Diário O�cial da União, Brasília, DF, 5 jul. 1990, p. 12945.
Disponível em: http://conama.mma.gov.br/?
option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=60. Acesso em: 30 ago. 2023.
https://www.undp.org/pt/brazil/publications/relatorio-do-desenvolvimento-humano-2019
https://www.undp.org/latin-america/publications/regional-human-development-report-2021-trapped-high-inequality-and-low-growth-latin-america-and-caribbean
https://www.undp.org/latin-america/publications/regional-human-development-report-2021-trapped-high-inequality-and-low-growth-latin-america-and-caribbean
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/por-mais-justica-ambiental/381650476
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/por-mais-justica-ambiental/381650476
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=629955
http://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=745
http://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=745
http://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=60
http://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=60
Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução Conama nº 424/2020. Estabelece, em
caráter excepcional e temporário, nos casos de licenciamento ambiental, a possibilidade de
realização de audiência pública de forma remota, por meio da Rede Mundial de Computadores,
durante o período da pandemia do Novo Coronavírus (COVID-19). Diário O�cial da União, Brasília,
DF, 12 ago. 2020, seção 1, p. 154. Disponível em: http://conama.mma.gov.br/?
option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=793. Acesso em: 30 ago. 2023.
CRUZ VERMELHA INTERNACIONAL. World Disaster Report 2018: Leaving No One Behind.
Geneva: International Federation of Red Cross and Red Crescent Societies, 2018, p. 168.
Disponível em:  https://media.ifrc.org/ifrc/wp-content/uploads/sites/5/2018/10/B-WDR-2018-EN-
LR.pdf Acesso em: fev. 2023.
 JACKSON, T. Prosperidade sem crescimento: vida boa em um planeta �nito. São Paulo: Abril,
2013. 
MATTEI, U.; NADER, L. Pilhagem: quando o estado de direito é ilegal. São Paulo: Martins Fontes,
2013. 
MARGULIS, S. Mudança do clima: tudo que você queria e não queria saber. Rio de Janeiro:
Conrad Adenaur, 2020. 
ONU. Relatório do desenvolvimento humano 2020. Disponível em:
https://hdr.undp.org/system/�les/documents//hdr2019ptpdf.pdf. Acesso em: 22 ago. 2022. 
ONU. Acordo regional sobre acesso à informação, participação pública e acesso à justiça em
assuntos ambientais na América Latina e no Caribe, adotado em Escazú (Costa Rica) em 4 de
março de 2018. Disponível em:
https://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/43611/S1800493_pt.pdf?
sequence=1&isAllowed=y . Acesso em: 30 ago. 2023. 
ONU. Declaração do Rio de Janeiro sobre meio ambiente e desenvolvimento. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S0103-40141992000200013. Acesso em: 30 ago. 2022. 
OST, F. A natureza à margem da lei: a ecologia à prova do direito. Lisboa: Instituto Piaget. 
OXFAM. Uma economia para os 99%: sumário executivo. Londres: Oxfam, 2017. Disponível em:
https://oxfamilibrary.openrepository.com/bitstream/handle/10546/620170/bp-economy-for-99-
percent-161017-summ-pt.pdf?sequence=31&isAllowed=y. Acesso em: 30 jul. 2023. 
OXFAM. A distância que nos une. São Paulo: Oxfam Brasil, 2017. Disponível em: https://www-
cdn.oxfam.org/s3fs-public/�le_attachments/relatorio_a_distancia_que_nos_une_170925.pdf
Acesso em: 30 jul. 2023. 
http://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=793
http://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=793
https://media.ifrc.org/ifrc/wp-content/uploads/sites/5/2018/10/B-WDR-2018-EN-LR.pdf
https://media.ifrc.org/ifrc/wp-content/uploads/sites/5/2018/10/B-WDR-2018-EN-LR.pdf
https://hdr.undp.org/system/files/documents/hdr2019ptpdf.pdf
https://doi.org/10.1590/S0103-40141992000200013
https://oxfamilibrary.openrepository.com/bitstream/handle/10546/620170/bp-economy-for-99-percent-161017-summ-pt.pdf?sequence=31&isAllowed=y
https://oxfamilibrary.openrepository.com/bitstream/handle/10546/620170/bp-economy-for-99-percent-161017-summ-pt.pdf?sequence=31&isAllowed=y
https://www-cdn.oxfam.org/s3fs-public/file_attachments/relatorio_a_distancia_que_nos_une_170925.pdf
https://www-cdn.oxfam.org/s3fs-public/file_attachments/relatorio_a_distancia_que_nos_une_170925.pdf
Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
OXFAM. Desigualdade social: um panorama completo da realidade mundial. Publicado em
15.06.2021. Disponível em: https://www.oxfam.org.br/blog/desigualdade-social-um-panorama-
completo-da-realidade-
mundial/#:~:text=A%20desigualdade%20social%20%C3%A9%20oriunda,para%20a%20qualidade
%20de%20vida. Acesso em: 20 jul. 2023.
PICKETT, R.; WILKINSON, K. O nível: porque uma sociedade mais igualitária é melhor para todos.
Rio: Civilização Brasileira, 2015.
Aula 4
Movimentos de Defesa do Meio Ambiente
Movimentos de defesa do meio ambiente
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computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo
para assistir mesmo sem conexão à internet.
Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender
conteúdos importantes para a sua formação pro�ssional. Vamos assisti-la? 
Clique aqui para acessar os slides da sua videoaula.
Bons estudos!
Ponto de Partida
Olá, estudante!
Nesta aula vamos estudar a importância dos movimentos sociais na promoção e proteção ao
meio ambiente. Além de conhecer a con�guração das principais entidades ambientais em nível
nacional e internacional, o conteúdo da aula vai destacar a importância das organizações não
governamentais, conhecidas pela sigla ONGs, para a agenda ambiental.
Para compreendermos melhor, vamos conhecer a história de João, que trabalha em uma
empresa, e questionou, junto ao amigo Daniel, a imagem e a responsabilidade social e ambiental
https://www.oxfam.org.br/blog/desigualdade-social-um-panorama-completo-da-realidade-mundial/#:~:text=A%20desigualdade%20social%20%C3%A9%20oriunda,para%20a%20qualidade%20de%20vida
https://www.oxfam.org.br/blog/desigualdade-social-um-panorama-completo-da-realidade-mundial/#:~:text=A%20desigualdade%20social%20%C3%A9%20oriunda,para%20a%20qualidade%20de%20vida
https://www.oxfam.org.br/blog/desigualdade-social-um-panorama-completo-da-realidade-mundial/#:~:text=A%20desigualdade%20social%20%C3%A9%20oriunda,para%20a%20qualidade%20de%20vida
https://www.oxfam.org.br/blog/desigualdade-social-um-panorama-completo-da-realidade-mundial/#:~:text=A%20desigualdade%20social%20%C3%A9%20oriunda,para%20a%20qualidade%20de%20vida
https://cm-kls-content.s3.amazonaws.com/202401/ALEXANDRIA/RESPONSABILIDADE_SOCIAL_E_AMBIENTAL/PPT/u1a4_res_soc_amb.pdf
Disciplina
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL
dela. Daniel é o responsável por essa área, entretanto, a empresa está

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