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Fisiopatologia e Diagnóstico da Função Hepática Daliana Caldas Pessoa 1 É o maior órgão interno 1,2 a 1,5 kg É um órgão friável, de cor vermelho-amarronzada Quadrante superior direito da região abdominal Intercomunicação Vesícula Pâncreas Intestino Suprimento sanguíneo duplo: Artéria hepática (rico em O2) Veia porta (rico em nutrientes do TGI) Anatomia Considerações Gerais FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA 3 Considerações Gerais Anatomia Hepática É possível perder cerca de 75% deste tecido (por doença ou intervenção cirúrgica), sem que ele pare de funcionar. O tecido hepático é constituído por formações diminutas que recebem o nome de lóbulos, compostos por colunas de células hepáticas ou hepatócitos, rodeadas por canais diminutos (canalículos), pelos quais passa a bile secretada pelos hepatócitos. Estes canais se unem para formar o ducto hepático que, junto com o ducto procedente da vesícula biliar, forma o ducto comum da bile, que descarrega seu conteúdo no duodeno. FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA 4 Considerações Gerais FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA 5 Considerações Gerais Anatomia Hepática As células hepáticas ajudam o sangue a assimilar as substâncias nutritivas e a excretar os materiais residuais e as toxinas, bem como esteroides, estrógenos e outros hormônios. O fígado é um órgão muito versátil. Armazena glicogênio, ferro, cobre e vitaminas. Produz carboidratos a partir de lipídios ou de proteínas, e lipídios a partir de carboidratos ou de proteínas. Sintetiza também o colesterol e purifica muitos fármacos e muitas outras substâncias, como as enzimas. FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA 6 Funções do Fígado Filtração e armazenamento de sangue Metabolismo dos carboidratos Armazenamento de glicogênio Conversão de Galactose e Frutose em Glicose Gliconeogênese FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA 7 FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA Funções do Fígado Metabolismo das Gorduras Oxidação dos ácidos graxos para obtenção de energia necessária para outras funções orgânicas Síntese de grande quantidade de colesterol, fosfolipídios e da maioria das lipoproteínas Síntese de gordura a partir das proteínas e carboidratos Funções do Fígado Metabolismo das Proteínas Desaminação dos aminoácidos Formação de uréia para a remoção da amônia dos líquidos corporais Síntese das proteínas plasmáticas Armazenamento de vitaminas Vitamina A – 10 meses Vitamina D – 3-4 meses Vitamina B12 – 1 ano FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA 9 Funções do Fígado Armazenamento de ferro Ferritina Produção dos fatores de Coagulação Exceto o VII Vitamina K Remoção de fármacos, hormônios e outras substâncias Formação da Bile Ácidos Biliares – Principal componente da bile FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA 10 Hepatopatias: manifestações clínicas Icterícia Hipertensão Porta – Ascite, Varizes de esôfago Insuficiência Hepática e Encefalopatia Metabolismo alterado de medicamentos Anormalidades endócrinas Anormalidades nutricionais e metabólicas Anormalidades Imunológicas Hemostasia Alterada FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA 11 Hepatopatias: manifestações clínicas FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA Hepatopatias: manifestações clínicas FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA Cirrose Agudas: Hepatite viral (particularmente hepatite A, B e C) Lesão hepática induzida por fármacos (Lesão direta) Doença hepática alcoólica. Crônicas Hepatite B e C crônicas Doença hepática alcoólica Esteatose-hepática não alcoólica Doenças do Fígado Hepatites virais: Hepatite A: Contaminação oral-fecal Não existe forma crônica Imunidade natural ou vacinação Hepatite B: Contato sexual e vertical Forma crônica Vacina Hepatite C: Uso de drogas injetáveis transfusão sanguínea vertical Não existe Vacina Aguda: ALT>AST - Elevações de 8-50 xU/L Doenças do Fígado Hepatites alcoólicas Hepatites tóxicas: Paracetamol Hepatites isquêmicas Esteatose hepática alcoólica O metabolismo do álcool produz acetil CoA em excesso, que acaba sendo utilizado para síntese de ácidos graxos pelo hepatócitos e, portanto, de triglicérides Estatose hepática não-acoólica: Obesidade, diabetes e dislipidemia AST 2x> ALT Doenças do Fígado Cirrose Fibrose progressiva com deposição de colágeno. Transporte de sangue até aos hepatócitos comprometido, assim como a capacidade dos hepatócitos de secretarem substâncias para o plasma (albumina) e para as vias biliares Hipertensão portal Ascite Ginecomastia Características laboratoriais Redução no número de plaquetas Aumento do TP AST/ALT > 1 Maior Doenças do Fígado Carcinoma hepatocelular 90% dos carcinomas hepáticos aparecem sobrepostos numa cirrose Características: lesão celular por compressão durante o crescimento e infiltração do tumor - AST, ALT obstrução biliar: ALP, GGT Diagnóstico: biópsia hepática, ultrassom, tomografia AFP Doenças do Fígado Avaliação Bioquímica Em que se baseia a avaliação da função hepática? Análise das substâncias sintetizadas ou metabolizadas pelo fígado Medição de substâncias liberadas pelo dano tissular Marcadores Imunológicos FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA 19 Avaliação Bioquímica Principais marcadores bioquímicos da função hepática Bilirrubina Proteínas – Dosagem e eletroforese Fatores de coagulação Enzimas hepáticas ALT AST GGT FAL FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA 20 Avaliação Bioquímica Marcadores Imunológicos Hepatite A (Anti HAV total, Anti HAV IgM) Hepatite B (HBsAg, HBeAg, Anti HBs, Anti HBc, Anti-Hbe e Carga viral) Hepatite C (Anti HCV, carga viral e genotipagem) FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA 21 FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA 22 FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA BILIRRUBINA LIGANDINA UDP - GLICURONILTRANSFERASE BILIRRUBINA MONOGLICURONÍDEO BILIRRUBINA DIGLICURONÍDEO BILIRRUBINA CONJUGADA UROBILINOGÊNEO ESTERCOBILINA AÇÃO BACTERIANA (β-Glicuronidase) OXIDAÇÃO ESTERCOBILINOGÊNEO UROBILINOGÊNEO UROBILINOGÊNEO UROBILINA BILIRRUBINA LIVRE (LIGADA A PROTEÍNA) OXIDAÇÃO HEPATÓCITO INTESTINO RIM VESÍCULA BILIAR 23 Avaliação Bioquímica Hiperbilirrubinemias O aumento da bilirrubina indireta, portanto, é causado pelo aumento da degradação do heme ou deficiência da conjugação no fígado O aumento da bilirrubina direta é causado principalmente por deficiência na eliminação da bilirrubina pela bile O aumento de ambas pode ser causado por obstrução do fluxo de bile (mas com predomínio do aumento da bilirrubina direta) ou por lesão mais intensa dos hepatócitos (onde há deficiência na conjugação e também refluxo da bilirrubina conjugada para o sangue) FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA 24 Fisiológica ou Icterícia do Recém-nascido 7 a 10 dias (50% dos recém-nascidos) Imaturidade do metabolismo e na excreção da bilirrubina: Falta de UDP-Glicuroniltransferase Leite materno: inibidoresda conjugação TTT c/ Luz fluorescente Hiperbilirrubinemia Não-conjugada Hemolítica Formação : Anemia falciforme, esferocitose Transporte: AAS, diuréticos Conjugação: Deficiência genética na UDP-Glicuroniltransferase Síndrome de Gilbert Síndrome de Crigler Najjar I e II Kernicterus: Dano cerebral por depósito de BI Hiperbilirrubinemia Não-conjugada Gilbert Crigler Najjar I Crigler-Najjar II Bilirrubina total 1,0-5,0 >20 10-20 UDP-glucuronil-transferase 50% 0% 10% Conjugado Monoglucuronide 40% 0 95% Diglucuronide 60% 0 5% Avaliação Bioquímica Hiperbilirrubinemia conjugada Hepáticas – hepatites Pós-hepáticas – icterícia obstrutiva Síndrome de Dubin-Johnson FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA 27 Colúria Acolia Fecal Coloração amarelada Pele, Escleróticas e Mucosas Deposição, da bilirrubina devido a hiperbilirrubinemia. Coloração âmbar da urina Excesso de bilirrubina direta ou conjugada Fezes esbranquiçadas Ausência dos pigmentos que colorem as fezes Provenientes do urobilinogênio intestinal Obstrução do fluxo biliar Hiperbilirrubinemia Avaliação Bioquímica Dosagem de Bilirrubina Método de van den Bergh Método de Jendrassik –Gróf BILIRRUBINA INDIRETA = BILIRRUBINA TOTAL – BILIRRUBINA DIRETA FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA BILIRRUBINA SAL DIAZÔNIO (ÁCIDO SULFANÍLICO) + CORANTE AZO (LIDO À 540nm) BILIRRUBINA SAL DIAZÔNIO (ÁCIDO SULFANÍLICO) + CORANTE AZO (BILIRRUBINA DIRETA) BILIRRUBINA SAL DIAZÔNIO (ÁCIDO SULFANÍLICO) + CORANTE AZO (BILIRRUBINA TOTAL) + AGENTE SOLUBILIZANTE (TEOFILINA, CAFEÍNA METANOL) V.R. = DIRETA – 0,1-0,4mg/dL INDIRETA – 0,1-0,6mg/dL TOTAL – até 1,0mg/dL 29 Avaliação Bioquímica Determinação da Bilirrubina na Urina Método da fita Determinação do Urobilinogênio Urina Fita FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA 30 Avaliação Bioquímica Proteínas Plasmática Lesão Crônica Diminuição na síntese e concentração das proteínas plasmática Lesão Aguda Aumento das proteínas de fase aguda FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA CRÔNICO AGUDO 31 Avaliação Bioquímica Fatores de Coagulação Aumento do Tempo de Protrombina Diminuição na síntese Diminuição na absorção de Vitamina K FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA V.R. = PT – 12s ou 100% Marcador de prognóstico 32 Avaliação Bioquímica FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA Localização da enzimas no hepatócito 33 Aumento na liberação de enzimas para o plasma é consequência de: Lesão celular extensa Proliferação celular e aumento na renovação celular Aumento na síntese enzimática Obstrução de ductos Integridade celular – Enzimas plasmáticas Avaliação Bioquímica Avaliação Bioquímica Aspartato Aminotransferase (AST/TGO) Meia-vida sangüínea de 17h Fração Mitocondrial (80%) e Citosólica Presente não só no fígado Coração Músculo esquelético Utilizada na monitorização de drogas hepatotóxicas FISIOPATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA FUNÇÃO HEPÁTICA V.R. = AST – 10-40 U/L 35 Avaliação Bioquímica Alanina Aminotransferase (ALT/TGP) Meia-vida sangüínea de 47h Fração Citosólica (90%) e Mitocondrial (10%) Presente principalmente no fígado Rins Relação AST/ALT Quociente de De Ritis AST/ALT > 1 Crônica AST/ALT 1 Crônica AST/ALT