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Hepatopatias em grandes animais O fígado é um grande órgão, subdividido em lobos distintos Situados na porção anterior direita da cavidade abdominal, em estreita associação ao diafragma e estômago Equinos - a esquerda 6º ao 9º EIC esquerdo e 7º ao 15º-17º EIC Direito Bovinos – 10° ao 12° EIC Direito Peq. ruminantes – 8° ao 10° EIC Direito Secreção e excreção de bile Metabolismo de proteínas, carboidratos e lipídios Desintoxicação e neutralização Armazenamento de cobre e ferro Ativação e síntese de vitaminas Produção de albumina, fibrinogênio, fatores de coagulação, heparina, ... Regulação do volume sanguíneo Atividade fagocitária Para sinais de insuficiência hepática – mais de 70% do órgão é lesionado Anamnese Sinais clínicos Provas Laboratoriais Biópsia Diagnóstico por Imagem Hepatopatias em grandes animais Como diagnosticar uma hepatopatia Icterícia – é o principal fator que traz o tutor ao hospital – visual Hepatomegalia – US e RX Doa abdominal – palpação Ascite Sinais clínicos associados a lesão hepática não são patognomônicos e podem ser observados em outras condições Gerais: Anorexia; Depressão; Letargia; Perda de peso; Diarreia e Desidratação Específicos: Aumento do volume abdominal; Icterícia; Fezes acólicas - mais claras; Encefalopatia; Coagulopatias É um sinal clínico que aparece com frequência nas doenças do fígado e do sistema biliar e no curso das anemias hemolíticas Devido a multiplicidade de funções do fígado a exploração hepática deve basear-se nos testes de: ❖ Integridade celular - enzimas dos hepatócitos e ductos biliares ❖ Função excretora biliar - bilirrubina e ácidos biliares ❖ Insuficiência hepatocelular - proteínas e lipídios ❖ Testes de reação inflamatória - globulinas e fibrinogênio São muito utilizadas para determinar se a disfunção hepática é responsável pelo sinal clínico manifestado A avaliação bioquímica seriada permite o acompanhamento da progressão ou regressão da enfermidade além da resposta ao tratamento De acordo com o padrão e a magnitude da elevação da atividade sérica das enzimas pode-se estimar se a doença é primariamente hepatocelular, biliar, hepatobiliar ou vascular As alterações na atividade das enzimas séricas geralmente indicam um, ou a combinação dos seguintes eventos: ❖ Necrose celular ❖ Alteração da permeabilidade da membrana celular ❖ Incapacidade do organismo em eliminar a enzima ❖ Aumento ou redução da produção Testes bioquímicos ❖ Detectam uma alteração hepatocelular, estase biliar ou disfunção metabólica ❖ Não determinam a exata natureza da lesão - causa e distribuição ❖ Não fornecem informações sobre a reversibilidade da lesão/estado de funcionabilidade do órgão Aspartato aminotransferase (AST) Lesão de hepatócitos Largamente distribuída nos tecidos, especialmente nos músculos e no fígado (hepatócitos) Aumentos significativos ou moderados - Necrose hepatocelular, fibrose, neoplasia e amiloidose Nunca deve ser pedido sozinho, e sim em conjunto com a CK para assim, excluir possibilidade de lesão muscular Gama glutamiltransferase (GGT) – doença hepática colestática e/ou de ductos biliares Detectada principalmente nas células dos ductos biliares, indicando lesão biliar Pode ser empregada como índice de colestase para bovinos Permanece elevada por longos períodos Atividade é alta no colostro de vacas e em bezerros recém-nascidos → transferência de imunidade passiva Fosfatase alcalina (FA) – Doença hepática colestática e/ou lesão de ductos biliares Presente no citoplasma de todas as células epiteliais e ósseas Excretada na bile Atividade sérica varia com a idade e com o órgão afetado Grandes variações individuais Bilirrubinas – Avaliação da função excretora Produzida pela digestão da hemoglobina nas células do sistema mononuclear fagocitário Insolúvel na água, é captada pelo hepatócito e conjugada com o ácido glucurônico. Dessa forma acrescenta-se grupamentos polares à molécula de bilirrubina, tornando-a hidrossolúvel Valores plasmáticos: diretamente proporcionais a produção e inversamente proporcionais ao clearence do hepatócito Distribuição em conjugada e não conjugada permite inferir sobre as causas do aumento Hiperbilirrubinemia: Superprodução de bilirrubina – hemólise Queda na absorção, conjugação, ou secreção da bilirrubina pelos hepatócitos – doença hepática severa Redução no fluxo biliar (colestase) – resultado de processos obstrutivos extra ou intra-hepático Direta: hemólise, jejum, obstrução intestinal, insuficiência cardíaca e algumas medicações (esteróides, heparina e halotano) Indireta: em cavalos é um indicador mais fiável de doenças hepática quando acima dos parâmetros normais – marcador de insuficiência hepática Proteínas séricas (albumina, globulinas, fibrinogênio) – avaliação da função secretora Determinação dos valores da proteína plasmática total e de suas frações fornecem importantes informações sobre o estado fisiológico e enfermidades dos animais Albumina, globulinas (exceto as gamaglobulinas) e fibrinogênio: sintetizadas no fígado Lipidograma – avaliação da função secretora Níveis séricos dos triglicerídeos, colesterol, fosfolipídios e ácidos graxos: ocasionalmente mensurados para avaliar a função hepática Raramente são medidas as lipoproteínas (VLDL, HDL e LDL) em grandes animais Tricotomia ampla, antissepsia local, sedação do animal para coleta do material Utilizada para determinar o diagnóstico definitivo Procedimento simples, fácil e seguro Estabelecimento do diagnóstico dependendo do tamanho da amostra e da interpretação histológica (imuno-histoquímica, PCR) Necessitam de bons aparelhos e profissionais capacitados e grandes centros Radiografias – dificuldade por tamanho dos animais – penetração do raio Ultrassonografias – avaliação de porções hepáticas – tamanho e aspecto Importante estabelecer se alteração hepática é primária ou secundária a outra alteração como: hiperadrenocorticismo, diabetes mellitus, pancreatite, insuficiência cardíaca congestiva O fígado é um órgão de difícil avaliação clínica, os métodos semiológicos mais utilizados são inspeção e palpação Importante diferenciar: DOENÇA HEPATICA INSUFICIENCIA HEPATICA Variedade de processos que causam lesão hepatocelular e/ou colestase Pode ser moderada a severa, aguda ou crônica Resultados dos testes diagnósticos variam muito dependendo do processo e da extensão da doença Podem apresentar doença hepática e ausência de insuficiência hepática O pode causar: Hipóxia, doença metabólica, intoxicações, inflamações, neoplasias, traumas e obstrução de ductos biliares Ocorre quando poucos hepatócitos mantêm sua função normal O fígado falha em retirar do sangue substâncias que deveriam ser eliminadas e não sintetizam adequadamente produtos como albumina, colesterol, glicose e ureia Alterações que levam a insuficiência hepática incluem processos que causam grande destruição de hepatócitos, por doença crônica ou lesão aguda massiva Atividade sérica das enzimas pode ser normal se não houver destruição ativa no momento da coleta, ou se quantidade de hepatócitos viáveis não for suficiente para produzir alterações Intoxicação por cobre devida a suplementos injetáveis Intoxicação por zinco Micotoxicose – Aflatoxicose Neoplasia hepática Colelitíase Lipidose hepática secundária a cetose Fotossensibilização hepatógena (várias plantas, fungos e algas) Abscessos hepáticos secundários a rumenites (Fusobacterium necrophorum e Corynebacterium pyogenes)Fasciolose Hemoglobinúria bacilar (Clostridium haemolyticum, C. novyi Tipo D) Hepatite bacteriana secundária a septicemia Clostridiose (Clostridium novyi Tipo B) Intoxicação por ferro devida a hematínicos injetáveis Enfermidades Infecciosas e Inflamatórias Rinopneumonite neonatal Doença de Theiler (insuficiência hepática aguda dos equinos secundária à utilização de biológicos de origem equina) ocorre geralmente por conta de soro, vacina Hepatite bacteriana secundária a septicemia Plantas com alcalóides pirrolizidínicos Cirrose biliar (trevo híbrido, Trifolium hybridum, e outras causas) Fotossensibilização hepatógena (várias plantas e fungos) Leucoencefalomalacia equina (milho mofado, Fusarium moniliforme) Aflatoxicose Outras Causas: Intoxicação por ferro de hematínicos injetáveis em potros, Colangites e Colelitíase, Carcinoma hepático, Hiperlipemia/lipidose hepática, Hiperbilirrubinemia do jejum Icterícia hemolítica (pré-hepática) Causada por: Toxinas bacterianas (hemoglobinúria bacilar nos bovinos, leptospirose) Protozoários intracelulares (babesiose, anaplasmose) Vírus (anemia infecciosa equina) Outras causas: intoxicações, doenças autoimunes, intoxicação por cobre, selênio, fenotiazida (equinos), anemia hemolítica do recém-nascido, acidentes ofídicos Patologia clínica: anemia, aumento de urobilinogênio urinário e ausência de bilirrubina, elevada bilirrubina indireta sérica. Obstruções por nematoides ou trematóides, fasciolose, raramente por neoplasias Patologia clínica: aumento de bilirrubina direta e urobilinogênio urinário, elevada bilirrubina total sérica, pp/ a direta. Causas: afecções hepáticas difusas Patologia clínica: aumento de bilirrubina direta na urina, porém não de urobilinogênio (impossibilidade de excreção para o sistema digestivo; em obstruções parciais, há em menor quantidade), elevada bilirrubina total sérica. Devido a hipoglicemia Há falta de desintoxicação hepática (excesso de aminoácidos e de amônia, ou acetilcolina) Hiperexcitabilidade, convulsões e coma, tremores musculares e fraqueza, distúrbios comportamentais (marcha forçada, alheio ao ambiente, letargia) Na insuficiência hepática há deficiência em metabolizar aminoácidos e proteínas, que reduzem pressão oncótica, e ocasionam edema (geralmente submandibular) e ascite. Na hepatite, fibrose hepática, obstrução ou estase biliar, ou ausência de sais biliares podem ocasionar constipação com crises diarreicas, fezes descoradas e esteatorreia (fezes gordurosas) Agentes fotossensibilizantes causam degeneração do endotélio e oclusão do ducto biliar, assim a Bile e filoeritrina caem na corrente sanguínea e sensibilizam a pele ao contato com a luz solar Há deficiência na formação da protombina, fibrinogênio e de tromboplastina. A absorção de vitamina K é dependente de sais biliares ↑em congestões hepáticas (ICC) e envenenamentos; menor na fibrose hepática Em traumatismos graves Não existe um tratamento geral satisfatório para as doenças hepáticas difusas. A terapia é indicada em casos de insuficiência hepática aguda sem fibrose crônica, apresentando maiores possibilidades de regeneração. O prognóstico é ruim para casos de encelopatia, hemólise, acidose grave ou diarreias. Remover o agente causal: ATB – sem ou pouca metabolização hepática (Ampicilina, Amoxicilina, Cefalosporinas, Neomicinas, Tetraciclinas, Tilosina e Sulfa/trimetoprim) Antifúngico Alimento Suplementos Protetor hepático: Glicose 5% - dois ou três frascos de 1L – em gota lenta Repouso e confinamento Manejo da alimentar – reposição de proteínas Manutenção da Glicemia - aplicação de dextrose ou de seus precursores (propilenoglicol ou glicerol) Uso de tranquilizantes (fenobarbital) Desverminação
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