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Sumário 
 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 
 UNIDADE NEONATAL E CUIDADO HUMANIZADO À FAMÍLIA DO 
RECÉM-NASCIDO DE ALTO RISCO ......................................................................... 5 
 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 
NEONATAL ................................................................................................................. 9 
3.1 HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM .................. 10 
 ATENÇÃO AO RECÉM-NASCIDO NO CONTEXTO HOSPITALAR ........ 12 
 PROJETO MÃE CANGURU ..................................................................... 16 
 A FAMÍLIA NO CUIDADO DO RECÉM-NASCIDO HOSPITALIZADO ..... 21 
 A IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO .................................. 23 
7.1 Tipos de Aleitamento Materno ............................................................ 24 
7.2 Duração da amamentação ................................................................. 25 
 IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO ...................................... 26 
8.1 Evita diarreia ...................................................................................... 26 
8.2 Diminui o risco de alergias ................................................................. 27 
8.3 Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes .................. 27 
8.4 Reduz a chance de obesidade ........................................................... 27 
8.5 Melhor nutrição ................................................................................... 28 
8.6 Melhor desenvolvimento da cavidade bucal ....................................... 28 
8.7 Evita nova gravidez ............................................................................ 29 
8.8 Melhor qualidade de vida ................................................................... 29 
 
 
 
 
 
 DIFICULDADES NO ALEITAMENTO MATERNO .................................... 30 
9.1 Bebê que não suga ou tem sucção débil............................................ 30 
9.2 Ingurgitamento mamário ..................................................................... 31 
9.3 Trauma mamilar ................................................................................. 32 
9.4 Mastite ................................................................................................ 33 
9.5 Pouco leite, leite “fraco”, hiperlactação............................................... 34 
 BANCO DE LEITE HUMANO ................................................................ 35 
10.1 Organização do Banco de Leite e do Posto de Coleta .................... 36 
 PRINCIPAIS PATOLOGIAS DO PERÍODO NEONATAL ...................... 39 
 POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE AO RECÉM-NASCIDO NO BRASIL: 
REFLEXOS PARA A ASSISTÊNCIA NEONATAL .................................................... 44 
12.1 A conquista de direitos da mulher/mãe e do recém-nascido ........... 46 
 ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL FÍSICA DA UTI NEONATAL – UTIN .. 48 
 SEGURANÇA DO PACIENTE EM UNIDADE NEONATAL ................... 52 
 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 54 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 INTRODUÇÃO 
 
 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
5 
 
 UNIDADE NEONATAL E CUIDADO HUMANIZADO À FAMÍLIA DO RECÉM-
NASCIDO DE ALTO RISCO 
 
 
Fonte: www.hospsagradafamilia.com.br 
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal constitui-se em ambiente tera- 
pêutico apropriado para tratamento de neonatos em estado grave, sendo considerada 
uma unidade de alta complexidade. Além da tecnologia de ponta e equipamentos di- 
versicados, esta unidade conta com prossionais altamente capacitados e protocolos 
especícos para a assistência ao recém-nascido (RN). Sendo assim, as UTIs neona- 
tais constituem-se em importante campo de trabalho para a enfermagem, exigindo 
conhecimento técnico e cientíco avançado (Kamada, Rocha e Barbeira, 2003 apud 
MONTANHOLI, 2008). 
A prática de enfermagem neonatal consiste em pelo menos três componentes 
refere Refrande (2019) implementar o cuidado de enfermagem, intervir com cuidado 
e interagir com os demais profissionais de saúde. Lembrando que a inter-relação 
 
6 
 
desses três componentes se centra na melhora ou manutenção da saúde neonatal e 
da família. 
Diante de um cuidado mais especializado, os avanços tecnológicos presentes 
na unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN) contribuem para uma mudança 
significativa nos cuidados neonatais, dando uma garantia de sobrevida ao recém-
nascido. O ambiente neonatal também é um problema para o profissional enfermeiro, 
gerando desconforto, desgaste físico e emocional por conta da natureza do trabalho 
e características do setor. Apesar da maioria dos profissionais de enfermagem 
sentirem prazer em cuidar de seres tão frágeis, vivenciam momentos de angústia 
relacionados a procedimentos complexos e dolorosos em um momento tão delicado 
desse ser que está entre a vida e a morte (REFRANDE, 2019). 
Desta forma, exemplifica Refrande (2019) em um ambiente de cuidados com 
todo um aparato tecnológico como a UTIN, podem ser associados aos benefícios da 
tecnologia leve identificada como trabalho em ação, o acolhimento, as atitudes de 
humanização e as interações dos familiares do recém-nascido com a equipe 
multidisciplinar de saúde. Diante disso, como o ambiente neonatal é considerado 
complexo, o profissional de enfermagem possui atividades que envolvem riscos 
psicossociais decorrentes das prolongadas jornadas de trabalho, tarefas que exigem 
um ritmo acelerado, ações repetitivas, insuficiência de pessoal e material, turnos 
diversos, entre outros. 
Nesse sentido, assim como os riscos psicossociais se destacam em atividades 
desenvolvidas pelos profissionais de enfermagem, um estudo enfatiza fatores de risco 
relacionados aos recém-nascidos de muito baixo peso, como a ocorrência de infecção 
em virtude de fatores de risco intrínsecos relacionados com a imaturidade do 
desenvolvimento imunológico e as barreiras de proteção de pele e mucosas 
ineficazes. No entanto, constata-se também a preocupação com os riscos 
psicossociais da equipe de saúde na neonatologia, visto ser um ambiente que envolve 
muitos sentimentos, tanto dos profissionais quanto de familiares (REFRANDE, 2019). 
 
7 
 
De acordo com o autor acima destaca-se também os fatores de riscos 
extrínsecos, como a manipulação do prematuro de muito baixo peso por profissionais 
de saúde, o ambiente hospitalar, antibióticos, nutrição parenteral e dispositivos 
invasivos; porém, existe a necessidade de mais rigor nas técnicas utilizadas nos 
procedimentos com o prematuro, o quantitativo de pessoal e maior atenção na 
realização das técnicas assépticas. 
Uma das importantes técnicas assépticas realizadas com o recém-nascido 
prematuro é na pele, pois esse é o maior órgão vital, o qual protege todo nossocorpo 
com um sistema integumentário íntegro, contribui na termorregulação, sensação tátil, 
no isolamento e no armazenamento de gorduras, provê barreiras contra infecções, 
toxinas, perdas de fluidos eletrolíticos e, assim, promove o envolvimento entre 
enfermeiro e familiar no contato pele a pele com o recém-nascido.A maior parte dos 
profissionais em neonatologia é de dedicação exclusiva, sendo apenas uma pequena 
parte especialista e que destaca o interesse em participar de procedimentos como a 
instalação do cateter central de inserção periférica e envolver-se nas discussões com 
a equipe multiprofissional e, em grande parte, de assistência de enfermagem no 
Brasil (REFRANDE, 2019). 
O enfermeiro se vê assumindo funções que antes eram de técnicos e auxiliares, 
como descrito por Refrande (2019) saindo do papel de supervisão e gerenciamento 
para executar as tarefas no cuidado ao paciente. A partir de 2011, os cuidados de 
enfermagem aos recém-nascidos no setor de neonatologia, antes realizados por 
técnicos, vem sendo realizados por profissionais graduados. 
Por isso, enquanto temos um corpo e através dele atuamos no mundo, o 
espaço e o tempo não são uma soma de pontos sobrepostos, nem tampouco uma 
infinidade de relações das quais nossa consciência extrairia a síntese que implicaria 
nosso corpo. Não estamos no espaço e no tempo, não pensamos o espaço e o tempo; 
nós somos no espaço e no tempo, nosso corpo aplica-se a eles e os envolve. Além 
disso, o corpo do recém-nascido demonstra significados tão importantes para o 
 
8 
 
enfermeiro que o faz se preocupar em não errar momento algum em uma atitude de 
compromisso e responsabilidade com a profissão. E a despeito de cuidar do corpo, 
ele também percebe um “além” do corpo. O corpo que o enfermeiro percebe e não vê 
é o corpo das vivências, da objetividade. É o corpo virtual ou fenomenal, aquele que 
funda o corpo objetivo (REFRANDE, 2019). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 
NEONATAL 
 
Fonte: laboro.edu.br 
O enfermeiro é um dos profissionais responsáveis pelo cuidado voltado ao 
desenvolvimento físico, psíquico e social do recém-nascido na unidade de terapia 
intensiva neonatal. A constante interação com os familiares dos recém-nascidos 
requer capacitação da equipe de saúde para lhes oferecer suporte nesse momento 
de fragilidade. Ademais, a enfermeira (o) é responsável pela implantação de cuidado 
que valoriza o desenvolvimento físico, psíquico e social do RN. (MONTANHOLI; 
MERIGH; JESUS, 2011). 
No Brasil, o Artigo 11 da Lei n 7.498/86 assegura que cabe privativamente ao 
enfermeiro o cuidado direto de enfermagem a pacientes graves com risco de vida, 
cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos 
 
10 
 
de base cientíca e capacidade de tomar decisões imediatas (Brasil, 1986 apud 
MONTANHOLI, 2008). 
3.1 HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM 
A necessidade da humanização dos cuidados no âmbito hospitalar existe em 
um contexto social no qual alguns fatores têm contribuído para a fragmentação do ser 
humano como alguém compreendido com necessidades puramente biológicas: a 
tecnologia, a visão de que é a equipe de saúde que detém todo o saber e, não ter a 
percepção da integralidade do Ser Humano são exemplos destes fatores (RIOS, 
2019). 
 O avanço da tecnologia médica, principalmente a partir da segunda metade do 
século XX, fez com que, por muitas vezes o cuidado se torne a aplicação de um 
procedimento técnico, a fim de cumprir com um objetivo mecanicista, como puncionar 
um acesso venoso, aplicar uma medicação ou realizar determinado exame; a 
fragilização do ser humano na posição de "paciente" desfavorece o exercício da 
autonomia quando ocorre a visão paternalista de que a equipe de saúde detém o 
poder e o conhecimento, subestimando assim a capacidade do doente em fazer 
julgamentos com relação a si e a sua saúde. Perceber o ser humano como alguém 
que não se resume meramente a um ser com necessidades biológicas, mas como um 
agente biopsicossocial e espiritual, com direitos a serem respeitados, devendo ser 
garantida sua dignidade ética, é fundamental para começarmos a caminhar em 
direção à humanização dos cuidados de saúde (RIOS, 2019). 
A preocupação com a humanização iniciou-se no final da década de 80, com a 
implantação do SUS, através da Reforma Sanitária, fruto de esforços de grupos de 
profissionais e de movimentos populares de saúde, no contexto da redemocratização 
da sociedade brasileira e de luta por uma política pública de saúde universal e de 
qualidade (RIOS, 2019). 
 
11 
 
A Política Nacional de Humanização (PNH) é uma política do SUS, criada em 
2003 pelo Ministério da Saúde, pactuada na Comissão Intergestores Tripartite e no 
Conselho Nacional de Saúde. Nossa Instituição adota a PNH e a enfermagem como 
parte do todo, está intimamente inserida nesta vertente da assistência de 
enfermagem. Com a tecnologia e as medidas de prevenção e controle de infecções e 
a assistência médica e de enfermagem especializadas empregadas na UTI Neonatal, 
muitos recém-nascidos (RN) de alto risco conseguem sobreviver à fase inicial de suas 
vidas (SAÚDE, 2004). 
Na opinião de SAÚDE (2004) o período de internação destes recém-nascidos 
pode estender-se por várias semanas ou meses, dependendo de sua gravidade e 
evolução clínica. É essencial que a família acompanhe o RN durante esta fase para 
que após a alta seja capaz de cuidá-lo de forma adequada. 
Humanizar a assistência neonatal é atender de maneira individualizada as 
necessidades do recém-nascido e de sua família, visando uma alta qualidade de 
assistência. Independente do resultado, na sobrevida ou na morte do recém-nascido, 
a assistência humanizada deve transmitir aos pais o sentimento de solidariedade e 
respeito aos seus sentimentos. Pai e Mãe são considerados o foco das influências 
ambientais sobre seu filho. A integração pais/filho não são intuitivas e resultam de 
comportamento socioeconômico condicionado e aprendido SAÚDE (2004). 
 
12 
 
 ATENÇÃO AO RECÉM-NASCIDO NO CONTEXTO HOSPITALAR 
 
Fonte: www.iespe.com.br 
O cuidado de enfermagem implica em auxiliar as pessoas a buscar caminhos 
que lhes dêem sentido,e que prolonguem e renovem as formas de ser e 
sentir-se saudáveis através do cuidado de si (Silva et al., 2005 apud 
REFRANDE, 2019). 
Cuidar não se relaciona, somente, a saber fazer, realizar técnicas ou 
investimento em tecnologias sofisticadas, é muito mais que isso. Concordamos com 
Bonner (1999 apud REFRANDE, 2019) quando afirma que cuidar signica ter 
intimidade, acolher, respeitar, proporcionar sossego e conforto, lembrando-se de que 
tudo começa com o sentimento que nos une e nos faz sensíveis ao que está à nossa 
volta. 
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal constitui-se em ambiente tera- 
pêutico apropriado para tratamento de neonatos em estado grave, sendo 
considerada uma unidade de alta complexidade. Além da tecnologia de ponta 
e equipamentos diversicados, esta unidade conta com prossionais altamente 
capacitados e protocolos especícos para a assistência ao recém-nascido 
(RN). Sendo assim, as UTIs neonatais constituem-se em importante campo 
 
13 
 
de trabalho para a enfermagem, exigindo conhecimento técnico e cientíco 
avançado (Kamada, Rocha e Barbeira, 2003 apud REFRANDE, 2019). 
Rolim e Cardoso (2006 apud REFRANDE, 2019) complementam que o 
cuidado em UTI neonatal deve ser estruturado no sentido de atender a todas as 
necessidades dessa população sujeita a riscos. Para isso, é preciso que os 
prossionais da saúde sejam capazes de garantir observação rigorosa a esses RNs 
que apresentam doenças capazes de ocasionar sua morte ou sequelas que 
interferirão no seu desenvolvimento. Ademais, no cuidado ao recém-nascido deve-se 
tentar reduzir manuseios excessivos que possam comprometer seu bem-estar, 
provocandoestresse, dor, alterações siológicas e comportamentais. 
Os recém-nascidos internados nas UTIs necessitam de uma série de cuidados 
e procedimentos especializados para garantir sua sobrevivência, desenvolvimento 
saudável e inserção no seio familiar.Com o nascimento, ocorrem ajustes fisiológicos 
essenciais para garantir a adaptação à vida extra-uterina. As alterações no sistema 
cardiopulmonar e estabilização da temperatura corporal são vitais nas primeiras horas 
de vida, principalmente no que diz respeito aos recém-nascidos pré-termos, nos quais 
a imaturidade geral pode desencadear uma ampla faixa de problemas perinatais. 
Ademais, alterações patológicas, a sobrecarga de estímulo e a de ciente interação 
entre mãe e bebê podem comprometer o desenvolvimento do recém-nascido 
(REFRANDE, 2019). 
Os cuidados que envolvem a manipulação e o contato direto com o recém-
nascido internado na UTI neonatal são, em geral, atividades complexas e que 
requerem constante interação com as famílias dos recém-nascidos. Alton, Mericle e 
Brandon (2006 apud REFRANDE, 2019) acrescentam que a fragilidade dos recém-
nascidos, a introdução e crescente implementação de procedimentos de alto risco em 
neonatos de extremo baixo peso, somados à baixa tolerância a erros nas microdoses 
de medicação, constituem-se em algumas das preocupações dos profissionais das 
UTIs neonatais. 
 
14 
 
Assim, observamos que é grande a necessidade do cuidado direto de 
enfermagem ser prestado pelo enfermeiro, visto a peculiaridade dos cuidados a esta 
clientela, como, por exemplo, o uso de ventilação mecânica, cateterismo venoso 
central, microdoses de medicação e a instabilidade clínica desses recém-nascidos. 
Ademais, são os enfermeiros que estão continuamente ao lado do recém-nascido, o 
que possibilita decisões de condutas importantes. 
Na maioria das vezes, os tratamentos recebidos pelos recém-nascidos na UTI 
causam dor e desconforto. Marter e Pryor (2005 apud REFRANDE, 2019) 
argumentam que a dor neonatal não controlada pode resultar em efeitos colaterais na 
saúde e no prognóstico do desenvolvimento neurológico em longo prazo. Há 
evidências de que a dor e o estresse no período neonatal infuenciam no 
desenvolvimento e nas percepções aos estímulos dolorosos nas outras fases da vida. 
Assim, os profissionais devem estar habilitados e familiarizados com os instrumentos 
de avaliação e com o tratamento da dor, para serem capazes de identificar e 
prontamente minimizar os estímulos dolorosos. 
No dizer de Refrande (2019) a educação em saúde é outro importante campo 
de atuação do enfermeiro na UTI neonatal. O contato próximo e a interação com os 
pais podem facilitar a promoção do vínculo entre pais e lho e orientações para o 
cuidado ao recém-nascido. Dentre esses cuidados destacam-se: garantir a lactação e 
promover o aleitamento materno, quando indicado. 
Barreira e Machado (2004 apud Refrande, 2019) , em estudo realizado com 
as famílias de recém-nascidos, referem que a prática da educação em saúde é de 
grande importância para a promoção e manutenção do aleitamento materno. 
Iniciativas como grupo de nutrizes e sala de espera são estratégias de incentivo e 
orientação valorizadas pelas puérperas.Muitas vezes, os pais dos recém-nascidos, 
internados na UTI, encontram-se em situações de vulnerabilidade pela apreensão 
quanto ao estado do bebê e aos cuidados que terão que dedicar a ele. 
 
15 
 
A família sente-se ameaçada em sua autonomia, sob pressão da doença, da 
própria família e da equipe. Os elementos desencadeadores são as experiências 
vividas anteriormente, o acúmulo de demandas que comprometem sua capacidade 
para lidar com a situação e o despreparo para agir. Como conseqüência, a família 
alterna momentos que não consegue fazer nada, com outros que tenta resgatar sua 
autonomia, sendo, portanto, um movimento dinâmico e contínuo que atribue uma 
transitoriedade a seu sentimento de vulnerabilidade ao longo da experiência da 
doença e da hospitalização da criança. A ameaça à autonomia exprime o signicado 
de vulnerabilidade para a família nessa circunstância (Pettengil e Angelo, 2005 apud 
Refrande ,2019). 
Nesse sentido, Vieira e Rossi (2000 apud Refrande ,2019 ) salientam que esses 
momentos difíceis demandam uma adaptação, para que ocorra a aceitação dessa 
condição do recém-nascido, requerendo ações por parte daqueles que estão inseridos 
nesse contexto. O enfermeiro, como profissional da equipe, deve estar capacitado 
para dar suporte aos pais neste momento de fragilidade. 
 
16 
 
 PROJETO MÃE CANGURU 
 
Fonte: santacasa.pa.gov.br 
 Método Mãe Canguru (MMC), também conhecido como "Cuidado Mãe 
Canguru" ou "Contato Pele a Pele", tem sido proposto como uma alternativa ao 
cuidado neonatal convencional para bebês de baixo peso ao nascer (BPN). Foi 
idealizado e implantado de forma pioneira por Edgar Rey Sanabria e Hector Martinez 
em 1979, no Instituto Materno-Infantil de Bogotá, Colômbia, e denominado "Mãe 
Canguru" devido à maneira pela qual as mães carregavam seus bebês após o 
nascimento, de forma semelhante aos marsupiais. Era destinado a dar alta precoce 
para recém-nascidos de baixo peso (RNBP) frente a uma situação crítica de falta de 
incubadoras, infecções cruzadas, ausência de recursos tecnológicos, desmame 
precoce, altas taxas de mortalidade neonatal e abandono materno (VENANCIO; 
ALMEIDA, 2004). 
Na visão de Venâncio e Almeida (2004) o novo programa domiciliar de atenção 
ao RNBP era baseado nos seguintes princípios: 
 
17 
 
a) alta precoce independentemente do peso, desde que o bebê apresentasse 
condições clínicas estáveis; 
 b) não utilização de fórmula infantil, e sim apenas leite materno; 
c) incentivo ao contato pele a pele precoce entre mãe e bebê, sendo o mesmo 
colocado entre as mamas; 
 d) manutenção do bebê em posição vertical. Essa iniciativa contou com o apoio 
do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o qual divulgou amplamente 
seus resultados, especialmente no tocante à redução da mortalidade, aos benefícios 
psicológicos e ao baixo custo. 
O método mãe canguru é outro cuidado que torna imprescindível a participação 
do enfermeiro no direcionamento da equipe e na orientação e incentivo dos pais. Esse 
método vem sendo implementado em muitas instituições hospitalares. O sucesso de 
sua implantação e aplicação deve-se principalmente ao cuidado de enfermagem 
constante e atento às necessidades dos pais e dos recém-nascidos (REFRANDE, 
2019, p. 1). 
O Ministério da Saúde (1999, pg18 apud Refrande ,2019) denominou o método 
mãe canguru como contato pele a pele precoce, entre mãe e recém-nascido de baixo-
peso, de forma crescente e pelo tempo que ambos entenderem ser prazeroso e su 
ciente, permitindo dessa forma uma participação maior dos pais no cuidado ao seu 
recém-nascido . 
Além dessas atividades, cabe ao enfermeiro, proporcionar ao recém-nascido 
um ambiente adequado para sua recuperação, pois, como comenta Gamboa 
(1997 apud Refrande,2019), o cuidado ao RN requer diariamente uma 
manipulação prolongada, por um longo período de tempo. Ademais, o 
ambiente da UTI neonatal, carregado de estímulos nem sempre gentis, difere 
dramaticamente do sossegado ambiente uterino. 
O cuidado voltado para o desenvolvimento do recém-nascido prematuro visa 
muito mais ao seu crescimento e desenvolvimento. É uma soma de fatores que 
envolvem a colaboração interprofissional, o envolvimento dos pais no cuidado e a 
 
18 
 
valorização do recém-nascido como um ser humano em processo de desenvolvimento 
físico, psíquico e social. Ademais, os profissionais devem estar atentos para atender 
às necessidades individuais de cada recém-nascido e de sua família. Assim, o 
trabalho da equipe deve estar voltado para a promoção de um cuidado de qualidade 
durante a internação e após a alta hospitalar do recém-nascido (Aita e Snider, 2003 
apud Refrande ,2019 ).Dessa forma, refere o autor acima , esse é um modelo de cuidado que 
considera o recém-nascido de forma holística e não apenas sua doença, busca 
minimizar o desconforto, a dor e as possíveis seqüelas físicas e emocionais. Dentre 
outros aspectos, esse modelo de cuidado visa à diminuição de estímulos agressivos 
ao recém-nascido, como, por exemplo, estímulos sonoros, luminosidade, manipulação 
freqüente e exposição à dor. 
Gamboa (1997 apud Refrande ,2019 ), em estudo realizado com enfermeiros 
que atuam em UTI neonatal sobre o signicado do cuidado de enfermagem na 
perspectiva do enfermeiro, observou que é na atuação do enfermeiro que se constata 
a conciliação entre a técnica e sentimento. Apesar de todos os enfermeiros, sujeitos 
desta pesquisa, informarem assumir o cuidado direto ao neonato, havia diferença no 
que se refere à atitude com que executavam tais cuidados e procedimentos. 
A autora, acima citada, afirma que se a enfermagem argumenta que seu conhe- 
cimento fundamenta-se no cuidado como experiência de saúde humana, seus objetos 
de estudo são as pessoas e não as patologias. Dessa forma, os programas 
curriculares devem ser centrados nas pessoas que vivenciam o cuidado, para serem 
congruentes com esta loso a e, com isso, formarem prossionais aptos a prestar 
assistência centrada nas necessidades do cliente e sua família.Em vários países 
desenvolvidos, o enfermeiro presta cuidados diretos contínuos ao neonato de alto 
risco, ocupando uma posição de destaque nas unidades neonatais, o que resulta em 
grande respeito ao seu trabalho. 
 
19 
 
Larguía (2001 apud Refrande ,2019 ) ao discorrer sobre a assistência perinatal 
na cidade de Buenos Aires, afirma que recém-nascidos prematuros e enfermos 
exigem uma atenção específica e rigorosa que é amplamente reconhecida. Dentre os 
prossionais envolvidos no cuidado perinatal, o enfermeiro é um dos mais essenciais, 
sendo sua atuação imprescindível. 
Estudo americano destaca o enfermeiro neonatal como o esteio da UTI, é ele 
quem trabalha, juntamente com o médico, na decisão de condutas de tratamento, 
realiza assistência direta ao neonato e oferece suporte emocional às famílias 
(Hendrick-Munoz et al., 2007 apud Refrande ,2019 ). 
Além das atividades de cuidado direto ao paciente, a Lei 7498/86 garante que 
cabe, privativamente, a este prossional atividades de gerência da unidade e do cui- 
dado. Essas atividades incluem: checar o serviço e a unidade de enfermagem; plane- 
jamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços de 
assistência de enfermagem, consulta de enfermagem e prescrição da assistência de 
enfermagem. Para desenvolver atividades de gerência da unidade e da assistência 
de enfermagem, há necessidade de construir uma identidade prossional do 
enfermeiro. Os enfemeiros precisam adaptar-se à função gerencial e buscar conciliar 
a gerência com o cuidado de enfermagem (Brito, Gazzinelli e Melo, 2006 apud 
Refrande ,2019).Como se pode constatar, são muitas as atividades que competem ao 
enfermeiro que atua na UTI neonatal. Somam-se à importância do cuidado direto ao 
recém- nascido as atividades de gerência, pois são estas que garantem um cuidado 
de enfermagem de qualidade e um ambiente de trabalho seguro para toda a equipe. 
Lima et al. (2001 apud Refrande ,2019 ) observam que existe predominância 
de atividades de gerenciamento do cuidado em relação às atividades assistenciais. 
As enfermeiras, participantes deste estudo, ressaltam que as atividades gerenciais e 
assistenciais são dimensões indissociáveis em seu trabalho. 
A prática assistencial da enfermagem é dependente da política de trabalho da 
instituição de saúde sendo que, na maioria das vezes, a enfermeira exerce funções 
 
20 
 
administrativas e burocráticas, pois o hospital não conta com recursos humanos 
especializados em número su ciente para prestar uma assistência quali cada princi- 
palmente ao paciente grave (Refrande ,2019). 
O crescimento na assistência neonatal se fez e continua ocorrendo sem um pla 
nejamento estratégico. Há uma carência de equipamentos e leitos para o cuidado 
neonatal, e a qualidade da assistência prestada é extremamente contrastante, vari- 
ando de unidades altamente so sticadas a outras sem a mínima estrutura necessária. 
No entanto, esta carência não pode ser sanada sem um concomitante investimento 
na quali cação dos prossionais que irão manejá-los, sob pena de se fazer uma in- 
corporação inadequada da tecnologia, com alto custo e baixa efetividade (Lansky et 
al., 2002; Barbosa, 2004 apud Refrande ,2019 ). 
Consideramos ser o enfermeiro o prossional da área de saúde com formação 
e competência mais adequadas para prestar cuidado direto ao neonato em UTI. 
Cuidado que, como já foi mencionado, requer atenção, capacidade de tomar decisões 
imediatas, habilidade técnica, constante interação com a equipe de trabalho, pais 
e familiares dos recém nascidos e mais ainda cuidar com delicadeza, sensibilidade e 
amor (Refrande ,2019). 
 Concordamos com Hendricks Munoz e Prendergast (2007 apud Refrande ,2019 ) 
quando comentam que a atuação do enfermeiro na UTI neonatal é vital para a 
implementação do cuidado que visa ao desenvolvimento do recém-nascido e à 
garantia de uma assistência adequada. 
 
21 
 
 A FAMÍLIA NO CUIDADO DO RECÉM-NASCIDO HOSPITALIZADO 
 
Fonte: repositorio.uniceub.br 
A participação dos pais no cuidado ao recém-nascido tem sofrido as 
repercussões das transformações da assistência ao neonato. Em meados do século 
XX, novas formas de cuidados foram desenvolvidas em resposta aos 
questionamentos e estudos abordando os prejuízos da separação do binômio mãe-
filho para o desenvolvimento do neonato e das relações familiares. Apesar disso, o 
cuidado em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) revela-se mecânico e 
impessoal, centrado em técnicas e procedimentos considerados capazes de garantir 
a sobrevivência do prematuro (DUARTE et al., 2012). 
Segundo Duarte et al. (2012) a forma de cuidado predominante na UTIN é 
importante para a melhora dos indicadores de morbimortalidade neonatal, entretanto, 
reconhece-se que essa lógica de cuidado não se mostra suficiente para assegurar o 
atendimento às necessidades de saúde do recém-nascido, nas quais se incluem as 
relacionadas aos aspectos emocionais e sociais. Para garantir resultados mais 
eficientes no processo de cura ou de controle das morbimortalidades devem ser 
utilizadas práticas de saúde que contemplem as singularidades do indivíduo, da 
 
22 
 
família e da comunidade na condução terapêutica, por meio do compartilhamento de 
saberes. 
Pensar o cuidado ao recém-nascido considerando essa perspectiva direciona 
para a noção de integralidade como um princípio norteador das políticas e das práticas 
em saúde. A integralidade revela sentidos que não se resumem em um conceito único, 
sendo a expressão de diferentes aspirações e valores. Independente do sentido 
atribuído, a integralidade implica uma recusa ao reducionismo, uma recusa à 
objetivação dos sujeitos e talvez uma afirmação da abertura para o diálogo (DUARTE 
et al., 2012). 
A construção da integralidade da assistência pode ser reconhecida nas práticas 
que valorizam o cuidado e tem, em suas concepções, a idéia força de considerar o 
usuário como sujeito a ser atendido e respeitado em suas demandas e necessidades. 
Assim, oferecer uma assistência na UTIN que contemple os significados e sentidos 
da integralidade implica em considerar a participação da família no contexto do 
cuidado ao recém-nascido (DUARTE et al., 2012). 
A presença dos pais na UTIN é um direito e sua participação no cuidado do 
filho hospitalizado contribui para o estabelecimento do vínculo afetivo entre mãe e 
filho, para a redução do estresse na família causado pela hospitalização e para seu 
preparo para o cuidado do filho no domicílio. Um estudo realizado com pais de bebês 
internadosna UTIN evidencia as contradições em relação às oportunidades de 
participação no cuidado do filho. Se, por um lado, os profissionais de saúde 
expressaram interesse em desenvolver uma assistência ideal, promovendo a 
participação dos pais, por outro, o cuidado ao recém-nascido na UTIN mostrou-se 
centrado nas rotinas e nos procedimentos técnicos (DUARTE et al., 2012). 
 
23 
 
 A IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO 
 
Fonte: www.unimedfortaleza.com.br 
O aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de vínculo, afeto, 
proteção e nutrição para a criança e constitui a mais sensível, econômica e eficaz 
intervenção para redução da morbimortalidade infantil. Permite ainda um grandioso 
impacto na promoção da saúde integral da dupla mãe/bebê e regozijo de toda a 
sociedade. Se a manutenção do aleitamento materno é vital, a introdução de 
alimentos seguros, acessíveis e culturalmente aceitos na dieta da criança, em época 
oportuna e de forma adequada, é de notória importância para o desenvolvimento 
sustentável e equitativo de uma nação, para a promoção da alimentação saudável em 
consonância com os direitos humanos fundamentais e para a prevenção de distúrbios 
nutricionais de grande impacto em Saúde Pública (SAÚDE, 2015). 
Porém, segundo o autor acima a implementação das ações de proteção e 
promoção do aleitamento materno e da adequada alimentação complementar 
 
24 
 
depende de esforços coletivos intersetoriais e constitui enorme desafio para o sistema 
de saúde, numa perspectiva de abordagem integral e humanizada. 
Amamentar é muito mais do que nutrir a criança. É um processo que envolve 
interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da 
criança, em sua habilidade de se defender de infecções, em sua fisiologia e no seu 
desenvolvimento cognitivo e emocional, e em sua saúde no longo prazo, além de ter 
implicações na saúde física e psíquica da mãe (SAÚDE, 2015). 
7.1 Tipos de Aleitamento Materno 
É muito importante conhecer e utilizar as definições de aleitamento materno 
adotadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e reconhecidas no 
mundo inteiro (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2007 apud SAÚDE, 
2015). 
Assim, conforme citado por Saúde (2015) o aleitamento materno costuma ser 
classificado em: 
• Aleitamento materno exclusivo – quando a criança recebe somente leite 
materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros 
líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de 
reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos. 
• Aleitamento materno predominante – quando a criança recebe, além do leite 
materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos 
de frutas e fluidos rituais. 
 • Aleitamento materno – quando a criança recebe leite materno (direto da 
mama ou ordenhado), independentemente de receber ou não outros alimentos. • 
Aleitamento materno complementado – quando a criança recebe, além do leite 
materno, qualquer alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementá-
lo, e não de substituí-lo. 
 
25 
 
• Aleitamento materno misto ou parcial – quando a criança recebe leite materno 
e outros tipos de leite. 
7.2 Duração da amamentação 
Vários estudos sugerem que a duração da amamentação na espécie humana 
seja, em média, de dois a três anos, idade em que costuma ocorrer o 
desmame naturalmente (KENNEDY, 2005 apud SAÚDE, 2015). 
A OMS, endossada pelo Ministério da Saúde do Brasil, recomenda aleitamento 
materno por dois anos ou mais, sendo exclusivo nos primeiros seis meses. Não há 
vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes dos seis meses, 
podendo, inclusive, haver prejuízos à saúde da criança, pois a introdução precoce de 
outros alimentos está associada a: 
 • Maior número de episódios de diarreia; 
 • Maior número de hospitalizações por doença respiratória; 
 • Risco de desnutrição se os alimentos introduzidos forem nutricionalmente 
inferiores ao leite materno, como, por exemplo, quando os alimentos são muito 
diluídos; 
• Menor absorção de nutrientes importantes do leite materno, como o ferro e o 
zinco; 
• Menor eficácia da amamentação como método anticoncepcional; 
• Menor duração do aleitamento materno. No segundo ano de vida, o leite 
materno continua sendo importante fonte de nutrientes. 
Estima-se que dois copos (500 mL) de leite materno no segundo ano de vida 
fornecem 95% das necessidades de vitamina C, 45% das de vitamina A, 38% das de 
proteína e 31% do total de energia. Além disso, o leite materno continua protegendo 
contra doenças infecciosas. Uma análise de estudos realizados em três continentes 
concluiu que quando as crianças não eram amamentadas no segundo ano de vida 
elas tinham uma chance quase duas vezes maior de morrer por doença infecciosa 
 
26 
 
quando comparadas com crianças amamentadas (WORLD HEALTH 
ORGANIZATION, 2000 apud SAÚDE, 2015). 
 IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO 
Graças aos inúmeros fatores existentes no leite materno que protegem contra 
infecções, ocorrem menos mortes entre as crianças amamentadas. Estima-se que o 
aleitamento materno poderia evitar 13% das mortes em crianças menores de 5 anos 
em todo o mundo, por causas preveníveis (JONES, 2003 apud SAÚDE, 2015). 
Segundo estudo de avaliação de risco, no mundo em desenvolvimento 
poderiam ser salvas 1,47 milhões de vidas por ano se a recomendação de aleitamento 
materno exclusivo por seis meses e complementado por dois anos ou mais fosse 
cumprida (SAÚDE, 2015). 
8.1 Evita diarreia 
Além de evitar a diarreia, a amamentação também exerce influência na 
gravidade dessa doença. Crianças não amamentadas têm um risco três vezes maior 
de desidratarem e de morrerem por diarreia quando comparadas com as 
amamentadas (VICTORIA, 1992 apud SAÚDE, 2015). 
Há fortes evidências de que o leite materno protege contra diarreia, 
principalmente em crianças mais pobres. É importante destacar que essa proteção 
pode diminuir quando o aleitamento materno deixa de ser exclusivo. Oferecer à 
criança amamentada água ou chás, prática considerada inofensiva até pouco tempo 
atrás, pode dobrar o risco de diarreia nos primeiros seis meses (BROWN, 1989; 
POPKIN, 1990 apud SAÚDE, 2015). 
 
27 
 
8.2 Diminui o risco de alergias 
A exposição a pequenas doses de leite de vaca nos primeiros dias de vida 
parece aumentar o risco de alergia ao leite de vaca. Por isso é importante evitar o uso 
desnecessário de formulas infantis. Estudos mostram que a amamentação exclusiva 
nos primeiros meses de vida diminui o risco de alergia à proteína do leite de vaca, de 
dermatite atópica e de outros tipos de alergias, incluindo asma e sibilos recorrentes 
(VAN ODIJK, 2003 apud SAÚDE, 2015). 
8.3 Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes 
Não só o indivíduo que é amamentado adquire proteção contra diabetes, mas 
também a mulher que amamenta. Foi descrita uma redução de 15% na incidência de 
diabetes tipo 2 para cada ano de lactação (STUEBE, 2005 apud SAÚDE, 2015). 
Atribui-se essa proteção a uma melhor homeostase da glicose em mulheres 
que amamentam. Há evidências sugerindo que o aleitamento materno apresenta 
benefícios em longo prazo. A OMS publicou importante revisão sobre evidências 
desse efeito (HORTA, 2007 apud SAÚDE, 2015). Essa revisão concluiu que os 
indivíduos amamentados apresentaram pressões sistólica e diastólica mais baixas (-
1,2mmHg e -0,5mmHg, respectivamente), níveis menores de colesterol total (-
0,18mmol/L) e risco 37% menor de apresentar diabetes tipo 2. 
8.4 Reduz a chance de obesidade 
A maioria dos estudos que avaliaram a relação entre obesidade em crianças 
maiores de 3 anos e tipo de alimentação no início da vida constatou menor frequência 
de sobrepeso/obesidade em crianças que haviam sido amamentadas. Na revisão da 
OMS sobre evidências do efeito do aleitamento materno em longo prazo, os indivíduos28 
 
amamentados tiveram uma chance 22% menor de vir a apresentar 
sobrepeso/obesidade (DEWEY, 2003 apud SAÚDE, 2015). 
É possível também que haja uma relação dose/resposta com a duração do 
aleitamento materno, ou seja, quanto maior o tempo em que o indivíduo foi 
amamentado, menor será a chance de ele vir a apresentar sobrepeso/ obesidade. 
Entre os possíveis mecanismos implicados a essa proteção, encontram-se um melhor 
desenvolvimento da auto-regelação de ingestão de alimentos das crianças 
amamentadas e a composição única do leite materno participando no processo de 
“programação metabólica”, alterando, por exemplo, o número e/ou tamanho das 
células gordurosas ou induzindo o fenômeno de diferenciação metabólica. Foi 
constatado que o leite de vaca altera a taxa metabólica durante o sono de crianças 
amamentadas, podendo esse fato estar associado com a “programação metabólica” 
e o desenvolvimento de obesidade (HAISMA, 2005 apud SAÚDE, 2015). 
8.5 Melhor nutrição 
Do ponto de vista de Saúde (2015) por ser da mesma espécie, o leite materno 
contém todos os nutrientes essenciais para o crescimento e o desenvolvimento ótimos 
da criança pequena, além de ser mais bem digerido, quando comparado com leites 
de outras espécies. O leite materno é capaz de suprir sozinho as necessidades 
nutricionais da criança nos primeiros seis meses, e continua sendo uma importante 
fonte de nutrientes no segundo ano de vida, especialmente de proteínas, gorduras e 
vitaminas. 
8.6 Melhor desenvolvimento da cavidade bucal 
O exercício que a criança faz para retirar o leite da mama é muito importante 
para o desenvolvimento adequado de sua cavidade oral, propiciando uma melhor 
 
29 
 
conformação do palato duro, o que é fundamental para o alinhamento correto dos 
dentes e uma boa oclusão dentária. Quando o palato é empurrado para cima, o que 
ocorre com o uso de chupetas e mamadeiras, o assoalho da cavidade nasal se eleva, 
com diminuição do tamanho do espaço reservado para a passagem do ar, 
prejudicando a respiração nasal. Assim, o desmame precoce pode levar à ruptura do 
desenvolvimento motor-oral adequado, podendo prejudicar as funções de 
mastigação, deglutição, respiração e articulação dos sons da fala, ocasionar má-
oclusão dentária, respiração bucal e alteração motora- oral (SAÚDE, 2015). 
8.7 Evita nova gravidez 
A amamentação é um excelente método anticoncepcional nos primeiros seis 
meses após o parto (98% de eficácia), desde que a mãe esteja amamentando 
exclusiva ou predominantemente e ainda não tenha menstruado (GRAY, 1990 apud 
SAÚDE, 2015). Estudos comprovam que a ovulação nos primeiros seis meses após 
o parto está relacionada com o número de mamadas; assim, as mulheres que ovulam 
antes do sexto mês após o parto em geral amamentam menos vezes por dia que as 
demais. 
8.8 Melhor qualidade de vida 
O aleitamento materno pode melhorar a qualidade de vida das famílias, refere 
Saúde (2015) uma vez que as crianças amamentadas adoecem menos, necessitam 
de menos atendimento médico, hospitalizações e medicamentos, o que pode implicar 
menos faltas ao trabalho dos pais, bem como menos gastos e situações estressantes. 
Além disso, quando a amamentação é bem-sucedida, mães e crianças podem estar 
mais felizes, com repercussão nas relações familiares e, consequentemente, na 
qualidade de vida dessas famílias. 
 
30 
 
 DIFICULDADES NO ALEITAMENTO MATERNO 
 
Fonte: www.aleitamentomaternoexclusivo.com.br 
Alguns problemas podem ocorrer durante o aleitamento materno (AM). Se não 
forem prontamente identificados e tratados, podem ser importantes fontes de 
ansiedade e sofrimento, podendo culminar com a interrupção da amamentação. Este 
capítulo tem por objetivo abordar aspectos relevantes para a prevenção, o diagnóstico 
e o manejo dos principais problemas relacionados à amamentação (SAÚDE, 2014). 
9.1 Bebê que não suga ou tem sucção débil 
SAÚDE (2014) refere que não é raro RNs, aparentemente normais, não 
sugarem ou apresentarem sucção débil, ineficaz, logo após o nascimento. Essa 
condição pode durar poucas horas ou dias. As seguintes medidas são úteis para o 
adequado estabelecimento da amamentação: 
 
31 
 
• Enquanto o bebê não estiver sugando vigorosamente, orientar a mãe a 
estimular suas mamas regularmente (no mínimo cinco vezes ao dia) por meio de 
ordenha manual ou por bomba de extração de leite. Isso garantirá a produção de leite 
e permitirá que o bebê receba leite de sua própria mãe. 
 • Se houver resistência às tentativas de ser amamentado sem causa aparente, 
acalmar o bebê e a mãe, suspender o uso de bicos e chupetas e insistir nas mamadas 
por alguns minutos cada vez. Observar se o bebê sente dor quando posicionado para 
mamar. 
•Se o bebê não consegue pegar a aréola adequadamente ou não consegue 
manter a pega, observar se ele está bem posicionado, se abre bem a boca, se as 
mamas estão muito tensas, ingurgitadas, ou se os mamilos são invertidos ou muito 
planos. O manejo vai depender do problema detectado. 
9.2 Ingurgitamento mamário 
Ingurgitamento discreto é um sinal positivo de que o leite está “descendo”, 
conceitua SAÚDE (2014) não sendo necessária qualquer intervenção. No 
ingurgitamento patológico, a mama fica excessivamente distendida, causando grande 
desconforto, às vezes acompanhado de febre e mal-estar. Pode haver áreas difusas 
avermelhadas, edemaciadas e brilhantes. Os mamilos ficam achatados, dificultando a 
pega do bebê, e o leite muitas vezes não flui com facilidade, devido ao edema e à 
viscosidade aumentada do leite represado. 
As medidas a serem adotadas no manejo do ingurgitamento mamário incluem: 
•Ordenha manual da aréola, se estiver tensa, antes da mamada, para que fique 
macia, facilitando a pega adequada do bebê. A ordenha deve ser delicada. 
• Mamadas frequentes, sem horários preestabelecidos (livre demanda). 
•Massagens delicadas das mamas, com movimentos circulares, 
particularmente nas regiões mais afetadas pelo ingurgitamento; elas fluidificam o leite 
 
32 
 
viscoso acumulado, facilitando sua retirada, e são importantes estímulos do reflexo de 
ejeção do leite. 
 •Uso de analgésicos sistêmicos. Ibuprofeno é considerado o mais efetivo, 
auxiliando também na redução da inflamação e do edema. 
 Paracetamol ou dipirona podem ser usados como alternativas. 
 •Suporte para as mamas, com o uso ininterrupto de sutiã com alças largas e 
firmes, para alívio da dor e manutenção dos ductos em posição anatômica. 
9.3 Trauma mamilar 
Eritema, edema, fissuras, bolhas, manchas brancas, amarelas ou escuras, 
hematomas ou equimoses são as diversas manifestações do trauma mamilar, cujas 
causas mais comuns são posicionamento e/ou pega inadequados durante as 
mamadas segundo SAÚDE (2014) outras causas incluem mamilos curtos, planos ou 
invertidos, disfunções orais na criança, frênulo lingual excessivamente curto, sucção 
não nutritiva prolongada e uso impróprio de bombas de extração de leite. Fazem parte 
do manejo dos traumas mamilares: 
• Início da mamada pela mama menos afetada. 
 •Ordenha de um pouco de leite antes da mamada, o suficiente para 
desencadear o reflexo de ejeção de leite, evitando dessa maneira que a criança tenha 
que sugar muito forte no início da mamada para desencadear o reflexo. 
 • Uso de diferentes posições para amamentar, reduzindo a pressão nos pontos 
dolorosos ou áreas machucadas. • Utilização de analgésicos sistêmicos por via oral, 
se necessário. 
• Aplicação do próprio leite materno ordenhado nos mamilos machucados. 
 
A prevenção de traumas mamilares é possível com as seguintes medidas: 
 
 
33 
 
 • Amamentação com técnica adequada (posicionamento e pega adequados). 
• Cuidados para que os mamilos se mantenham secos, expondo-os ao ar livre 
ou à luz solar, e trocas frequentes dos forros utilizados quando há vazamento de leite. 
• Restrição ao uso de produtos que retiram a proteção natural do mamilo,como 
sabões, álcool ou qualquer produto secativo. 
 • Amamentação em livre demanda. A criança que é colocada no seio materno 
assim que dá os primeiros sinais de que quer mamar vai ao peito com menos fome, 
e, portanto, com menos risco de sugar com força excessiva. 
• Prevenção do ingurgitamento mamário. 
• Ordenha manual da aréola antes da mamada se ela estiver ingurgitada, o que 
aumenta sua flexibilidade, permitindo uma pega adequada. 
• Introdução do dedo indicador ou mínimo pela comissura labial da boca do 
bebê sempre que for preciso interromper a mamada, de maneira que a sucção seja 
interrompida antes de a criança ser retirada do seio. 
• Restrição ao uso de protetores (intermediários) de mamilo, pois podem 
provocar trauma mamilar. 
 • Restrição ao uso de cremes e óleos, os quais podem causar reações 
alérgicas nos mamilos. 
9.4 Mastite 
 SAÚDE (2014) mastite é um processo inflamatório que acomete um ou mais 
segmentos da mama, podendo progredir ou não para uma infecção bacteriana, mais 
comumente pelo Staphylococcus (aureus e albus). Ocorre mais frequentemente na 
segunda e terceira semanas após o parto, e raramente após a 12 semana. Nem 
sempre é fácil distinguir a mastite infecciosa da não infecciosa apenas pelos sinais e 
sintomas. Em ambas, a parte afetada da mama encontra-se dolorosa, vermelha, 
 
34 
 
edemaciada e quente. Quando há infecção, o quadro costuma estar acompanhado 
por mal-estar importante, febre alta (acima de 38 C) e calafrios. 
O tratamento da mastite deve ser instituído o mais precocemente possível, para 
que essa condição não evolua para abscesso mamário. Fazem parte do manejo da 
mastite: 
 Ordenha da mama se não houver esvaziamento adequado pelo bebê. 
 • Antibioticoterapia, quando houver sintomas graves já no início do quadro, 
fissura mamilar ou ausência de melhora dos sintomas após 12 – 24 horas da remoção 
efetiva do leite; 
Medidas gerais: suporte emocional; repouso da mãe (de preferência no leito); 
analgésicos ou anti-inflamatórios não-esteroides como ibuprofeno; início das 
mamadas pela mama não afetada e uso de sutiã firme. Qualquer fator que favoreça a 
estagnação do leite materno predispõe ao aparecimento de mastite, incluindo 
mamadas com horários regulares, redução súbita no número de mamadas, longo 
período de sono do bebê à noite, uso de chupetas ou mamadeiras, não esvaziamento 
completo das mamas, frênulo lingual curto, criança com sucção fraca, produção 
excessiva de leite, separação entre mãe e bebê e desmame abrupto (SAÚDE, 2014). 
Assim, as medidas de prevenção da mastite são as mesmas do ingurgitamento 
mamário, do bloqueio de ductos lactíferos e das fissuras, bem como seu manejo 
precoce 
9.5 Pouco leite, leite “fraco”, hiperlactação 
Apesar de a maioria das mulheres ter condições biológicas para produzir leite 
suficiente para atender à demanda de seus filhos, a queixa de pouco leite ou leite 
“fraco” é muito comum e deve ser valorizada e adequadamente manejada. Muitas 
vezes, a percepção de produção de pouco leite ou leite “fraco” é fruto da insegurança 
materna quanto a sua capacidade de nutrir plenamente seu bebê. Essa insegurança, 
 
35 
 
com frequência reforçada por pessoas próximas, faz com que o choro do bebê e as 
mamadas frequentes (que fazem parte do comportamento normal em bebês 
pequenos) sejam interpretados como sinais de fome (SAÚDE, 2014). 
 BANCO DE LEITE HUMANO 
 
Fonte: portal.fiocruz.br 
 
O primeiro banco de leite humano do Brasil foi implantado em outubro de 1943 
no então Instituto Nacional de Puericultura, atual Instituto Fernandes Figueira (IFF). O 
seu principal objetivo era coletar e distribuir leite humano (LH) com vistas a atender 
os casos considerados especiais, como prematuridade, distúrbios nutricionais e 
alergias a proteínas heterólogas. A partir de 1985, com o desenvolvimento do 
Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno (PNIAM) – criado em 1981 –
 
36 
 
, os BLHs passaram a assumir um novo papel no cenário da saúde pública (A 
EVOLUÇÃO..., 1992 apud ALMEIDA et al., 2008). 
 Segundo relatos de puericultores das décadas de 40 e 50, o BLH foi 
inicialmente projetado para atender a casos especiais, considerando as propriedades 
farmacológicas e não as nutricionais do leite humano. Na época, o leite humano 
distribuído não era visto como um competidor dos produtos industrializados e se 
constituía numa alternativa segura para as situações em que o paradigma do 
desmame comerciogênico falhava. A gravidade do cenário epidemiológico era 
evidenciada por meio de estudos. Destacava-se o fato de que 85% dos óbitos por 
desnutrição entre lactentes desmamados estavam associados ao uso de alimentação 
artificial. Consequentemente, a necessidade de se dispor de leite humano em 
quantidades que permitissem o atendimento nas situações emergenciais transformou-
se em um fato concreto, capaz de justificar a implantação de um BLH (ALMEIDA, 1999 
apud ALMEIDA et al., 2008). 
10.1 Organização do Banco de Leite e do Posto de Coleta 
O banco de leite humano é um serviço especializado vinculado a um hospital 
de atenção materna e/ou infantil. O BLH é responsável por ações de promoção, 
proteção e apoio ao aleitamento materno e execução de atividades de coleta da 
produção lática da nutriz, seleção, classificação, processamento, controle de 
qualidade e distribuição, sendo proibida a comercialização dos produtos por ele 
distribuídos (HINRICHSEN, 2004; BRITTO, 2002; BRASIL, 2006 apud ALMEIDA et 
al., 2008). 
O posto de coleta de leite humano é uma unidade fixa ou móvel, intra ou extra-
hospitalar, vinculada tecnicamente a um banco de leite humano e administrativamente 
a um serviço de saúde ou ao próprio banco. O PCLH é responsável por ações de 
promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e execução de atividades de 
 
37 
 
coleta da produção lática da nutriz e sua estocagem, não podendo executar as 
atividades de processamento do leite, que são exclusivas do BLH (BRASIL, 2001; 
BRASIL, 2006 apud ALMEIDA et al., 2008). 
O BLH e o PCLH, para funcionar, devem possuir licença sanitária atualizada, 
emitida pelo órgão de vigilância sanitária competente, observando as normas 
legais e regulamentares pertinentes (BRASIL, 1977; BRASIL, 2006 ALMEIDA 
et al., 2008). 
O banco de leite e o posto de coleta devem possuir documentação com a 
descrição dos cargos, das funções de pessoal e da estrutura organizacional, além da 
definição de qualificação exigida e responsabilidades. A direção do serviço de saúde, 
a coordenação e o responsável técnico (RT) do BLH ou do PCLH devem planejar, 
implementar e garantir a qualidade dos processos, incluindo: os recursos humanos, 
materiais e equipamentos necessários para o desempenho de suas atribuições, em 
conformidade com a legislação vigente; a responsabilidade sobre o processo de 
trabalho; e a supervisão do pessoal técnico durante o período de funcionamento 
(BRASIL, 2006 apud ALMEIDA et al., 2008). 
Competem ao posto de coleta de leite humano as seguintes atividades: 
 a) Desenvolver ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, 
como programas de incentivo e sensibilização sobre a doação de leite humano. 
(HINRICHSEN, 2004). 
 b) Prestar assistência à gestante, puérpera, nutriz e lactente na prática do 
aleitamento materno. 
 
1) Em relação à gestante: 
 • prepará-la para a amamentação; 
 • elaborar medidas de prevenção de doenças e outros fatores que impeçam a 
amamentação ou a doação de leite humano ordenhado. 
 
2) Quanto à puérpera, à nutriz e ao lactente, prestar orientações sobre: 
 
38 
 
• autocuidado com a mama puerperal (HINRICHSEN, 2004); 
• cuidados ao amamentar; • pega, posição e sucção (HINRICHSEN, 2004 apud 
ALMEIDA et al., 2008); 
 •ordenha, coleta e armazenamento do leite ordenhado no domicílio 
(HINRICHSEN, 2004 apud ALMEIDA et al., 2008); 
• cuidados na utilização do leitehumano ordenhado cru (LHOC) e do leite 
humano ordenhado pasteurizado (LHOP). 
 
3) Executar as operações de controle clínico da doadora. 
 
a) Coletar, armazenar e repassar o leite humano ordenhado para o BLH ao qual o 
posto está vinculado. 
b) Registrar as etapas e os dados do processo, garantindo a rastreabilidade do 
produto. 
c) Manter um sistema de informação que assegure os registros – relacionados às 
doadoras e aos produtos – disponíveis às autoridades competentes, guardando sigilo 
e privacidade. 
d) Estabelecer ações que permitam a rastreabilidade do leite humano ordenhado. 
 
Além dessas atividades exercidas pelo posto de coleta, o banco de leite humano 
também processa e distribui o leite pasteurizado; responde tecnicamente pelo 
processamento e controle de qualidade do leite humano ordenhado procedente do 
PCLH a ele vinculado; e realiza o controle de qualidade dos produtos e processos sob 
sua responsabilidade (ALMEIDA et al., 2008, p. 1). 
 
39 
 
 PRINCIPAIS PATOLOGIAS DO PERÍODO NEONATAL 
 
Fonte: bebe.abril.com.br 
Os bebês podem necessitar de internação em uma UTI por diversos motivos. 
Os mesmos problemas podem se apresentar de forma diferente entre os 
recém-nascidos, sendo, em cada caso, mais ou menos graves, acarretando 
períodos de internação e resultados diferentes. Alguns fatores influenciam 
esses resultados, e um bom acompanhamento pré-natal é fundamental, bem 
como a decisão do momento de interrupção da gravidez (MOREIRA; 
RODRIGUES, 2019). 
Prematuro é todo bebê que nasce antes de 37 semanas completas de gestação 
exemplifica Moreira e Rodrigues (2019) o problema mais comum nessa situação é 
sempre relacionado à maturidade dos órgãos e sistemas, decorrente, acima de tudo, 
da idade gestacional. Portanto, quanto mais prematuro (menor número de semanas 
gestacionais) for o neonato, maiores serão os riscos que ele enfrentará na vida fora 
do útero. As intercorrências mais comuns nos prematuros são: 
 DOENÇAS RESPIRATÓRIAS – a mais comum é a chamada Doença de 
Membrana Hialina. Ela ocorre por falta de uma substância chamada surfactante, que 
atualmente pode ser administrada diretamente nos pulmões dos recém-nascidos que 
 
40 
 
apresentam doenças graves. Nos casos mais preocupantes, os prematuros podem 
necessitar da ajuda de ventiladores artificiais para sobreviver. Nos casos menos 
graves, podem necessitar de outros tipos de ajuda para respirar, fazendo uso, então, 
de aparelhos chamados CPAP ou hood (capacete). Na medida em que o tempo passa, 
os recém-nascidos vão amadurecendo e as necessidades de oxigênio diminuindo. 
Posteriormente, esse oxigênio não será mais necessário (MOREIRA; RODRIGUES, 
2019). 
APNÉIAS – o bebê diminui seus batimentos cardíacos e suspende a 
respiração, podendo apresentar também cianose ao redor dos lábios e das 
extremidades. São comuns nos prematuros, mas podem significar que alguma coisa 
errada está acontecendo, por isso serão sempre investigadas. Se todos os exames 
forem normais, serão tratadas como apneias da prematuridade e algumas medicações 
aminofilina ou cafeína – podem ser prescritas para controlar sua ocorrência 
(MOREIRA; RODRIGUES, 2019). 
PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL – o canal arterial é um vaso sanguíneo 
que comunica a artéria pulmonar com a aorta. Essa comunicação é essencial na vida 
dentro do útero, mas após o nascimento espera-se que feche espontaneamente. Nos 
prematuros, em alguns casos, esse canal não fecha, ocorrendo uma sobrecarga de 
líquido para o pulmão, o que determina a necessidade de seu fechamento com 
medicamentos ou cirurgia (MOREIRA; RODRIGUES, 2019). 
 ANEMIA – é uma situação comum no prematuro. Ocorre geralmente por 
perdas sanguíneas perto do parto ou pela necessidade de frequentes coletas de 
sangue para a realização de exames laboratoriais, os quais têm lugar principalmente 
na fase de maior gravidade do bebê. Também pode ocorrer mais tarde, quando então 
estará relacionada ao rápido crescimento do bebê prematuro (MOREIRA; 
RODRIGUES, 2019, p. 1). 
 DISPLASIA BRONCOPULMONAR – é um problema que pode ocorrer com 
uma certa frequência nos recém-nascidos mais prematuros. Está relacionada à 
 
41 
 
própria prematuridade, ao uso de altas concentrações de oxigênio por tempo 
prolongado e a pressões e volumes usados nos respiradores. Quando o bebê chega 
a 36 semanas de idade corrigida – isto é, 36 semanas contando com as que ele viveu 
dentro do útero e ainda precisa de oxigênio suplementar, dizemos que ele apresenta 
quadro de displasia broncopulmonar (MOREIRA; RODRIGUES, 2019, p. 1). 
RETINOPATIA DA PREMATURIDADE – é um problema que pode ocorrer com 
frequência na vascularização da retina do bebê, em especial nos mais prematuros, e 
está relacionada à prematuridade extrema e ao uso de oxigênio. Em casos graves 
pode levar a perdas visuais significativas por descolamento de retina (MOREIRA; 
RODRIGUES, 2019). 
HEMORRAGIA INTRAVENTRICULAR – ocorre também nos prematuros mais 
graves e pode se apresentar em diversos graus. Refere-se a um sangramento no 
cérebro, mais especificamente nos ventrículos cerebrais. Em graus avançados, pode 
levar a hidrocefalias e preocupar quanto à evolução neurológica do bebê. O 
diagnóstico é realizado por meio da ultrassonografia cerebral e, em alguns casos, o 
neurologista ou neurocirurgião será chamado para avaliar e sugerir intervenções 
(MOREIRA; RODRIGUES, 2019). 
ASFIXIA – é quando há menos oxigênio que o normal no corpo todo ou em 
qualquer órgão que dele faz parte. Um fluxo sanguíneo insuficiente para um órgão 
pode causar asfixia, pois diminui o recebimento de oxigênio por parte deste. Isso pode 
ocorrer com o bebê em qualquer momento, ainda durante a vida intrauterina ou 
durante o parto, caso este seja demorado ou a extração difícil. Após o parto, essa 
intercorrência pode acontecer por questões clínicas ou no cuidado com o bebê. Se o 
período de asfixia for curto, o bebê se recupera sem apresentar alterações em seu 
desenvolvimento; em contrapartida, se o tempo for mais longo, pode haver lesão 
reversível, não permanente, que poderá ou não exigir a intervenção de profissionais 
da reabilitação. De qualquer forma, oferecerá ao bebê boas possibilidades de 
desenvolvimento adequado. Se o período for muito longo, pode haver lesão 
 
42 
 
permanente em um ou mais órgãos do corpo, gerando preocupação quanto ao 
funcionamento deste órgão ou quanto ao futuro desenvolvimento do bebê (MOREIRA; 
RODRIGUES, 2019). 
ASPIRAÇÃO – é respirar algum líquido ou sólido para dentro dos pulmões. As 
aspirações comuns em recém-nascidos incluem: • aspiração de mecônio, que é o 
líquido amniótico (o líquido da bolsa de água) misturado com as fezes, próximo ao 
nascimento (MOREIRA; RODRIGUES, 2019); 
• líquido amniótico (não contendo fezes); 
•sangue, frequentemente misturado ao líquido amniótico, novamente próximo 
ao momento do nascimento; 
 • leite ou conteúdo do estômago durante a alimentação do bebê. PRESSÃO 
SANGUÍNEA BAIXA – bebês podem ter pressão baixa por muitas razões. Isso é 
comum, principalmente logo após o nascimento. Essas razões incluem: 
• perda de sangue antes ou durante o parto; 
• perda de líquido depois do parto; 
• infecção; 
• medicações dadas para a mãe antes do parto. Vale ressaltar que algumas 
vezes não se sabe porque a pressão sanguínea está baixa. 
PNEUMOTÓRAX, PNEUMOMEDIASTINO E ENFISEMA INSTERSTICIAL 
PULMONAR – normalmente, o ar que respiramos vai pela traquéia para uma série de 
ramos chamados brônquios. O ar então segue para os sacos aéreos (alvéolos), nos 
quais o oxigênio é liberado para o sangue e o gás carbônico para a atmosfera. Se os 
alvéolos ficam muito cheios de ar, este pode escapar e ir para espaços onde não 
deveria estar. Essa condição é algumas vezes chamada de ‘escape de ar’, e inclui as 
seguintes regiões: 
• pneumotórax – localiza-se entre a parede torácica e o pulmão. É a região onde 
o ar ficaretido dentro do tórax, causando colapso pulmonar; 
 
43 
 
• pneumomediastino – região sob a parte média do tórax, logo abaixo do osso 
esterno, onde o ar fica preso; 
• enfisema pulmonar intersticial – região entre os alvéolos, ao redor dos 
pequenos vasos sanguíneos e brônquios onde o ar fica retido. 
Menos rotineiramente, o ar pode ficar ao redor do coração (pneumopericárdio), 
sob a pele (enfisema subcutâneo), dentro da cavidade abdominal (pneumoperitônio) 
ou ao redor dos rins (pneumoretroperitônio). Um bebê frequentemente tem mais de 
uma forma de escape de ar. 
TAQUIPNÉIA TRANSITÓRIA – ocorre mais comumente em bebês a termo 
(nascidos aos nove meses completos de gestação), ou próximo do termo, 
principalmente naqueles que nasceram de partos cesarianos. O bebê respira muito 
rápido, mas precisa de pouco oxigênio. A causa costuma ser o acúmulo de fluidos no 
interstício pulmonar, que deverá ser reabsorvido. Esta reabsorção e a normalização 
da respiração do bebê ocorre entre 48h e 72h de vida (MOREIRA; RODRIGUES, 
2019). 
 
44 
 
 POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE AO RECÉM-NASCIDO NO BRASIL: 
REFLEXOS PARA A ASSISTÊNCIA NEONATAL 
Fonte: eudesquintino.jusbrasil.com.br 
 
As primeiras políticas públicas de saúde surgiram a partir de grandes 
transformações políticas, sociais e econômicas na Europa no século XVIII, quando 
houve o estabelecimento de novas relações de poder entre estado e sociedade e o 
nascimento da medicina social. Estas políticas eram voltadas fundamentalmente para 
o controle social, privilegiando a higiene, a infância e a medicalização da família 
(COSTA et al., 2019). 
Neste período, segundo Costa et al. (2019) a família começou a se organizar 
em torno da criança, atribuindo-lhe certa importância, o que a fez sair do anonimato. 
Tornou-se conveniente limitar o número de filhos, para melhorar a atenção dispensada 
a eles. Também o cuidado com o corpo, que antes era realizado com intuito moral, 
 
45 
 
passou a ter um sentido novo: saúde, disciplina e higiene; e como o corpo abrigava a 
alma, ele precisava ser sadio. 
Assim, no século XVIII surgiu um marco em relação à infância. O 
reconhecimento deste período cronológico como uma etapa distinta e com 
características próprias de desenvolvimento humano conferiu ao mesmo certa 
individualidade, passando então a ter um mundo próprio, separado do mundo dos 
adultos. O principal objetivo das primeiras políticas de saúde consistia em produzir 
maior número de crianças, com boas condições de vida, sob a imposição de um 
conjunto de obrigações, tanto aos pais, quanto aos filhos. Isso porque para o 
estabelecimento dessas novas relações, o capitalismo burguês, baseado na razão, na 
tecnologia e na produtividade, necessitava reformular o modo de entender os 
indivíduos, transformando a visão de corpo individual para corpo social produtivo, que 
deve ser protegido e cuidado, de modo quase médico biológico, higienista, sob 
controle e vigilância do estado (COSTA et al., 2019, p. 1). 
 As transformações sociais ocorridas na vida infantil como exemplifica Costa et 
al. (2019) se deram concomitantemente às mudanças estruturais na produção dos 
bens materiais das sociedades europeias, pois foi no período mercantilista, 
caracterizado como o de transição do modo de produção feudal para o capitalista, que 
emergiu um novo juízo valorativo para a infância. O aumento da população tornou-se 
objetivo do estado, que tinha como meta o aumento da produtividade e o 
fortalecimento do exército. Uma das medidas implementadas para o exercício do 
controle estatal foi a institucionalização do parto, constituindo-se numa das tentativas 
de se controlar e monitorar o desenvolvimento da população. 
 Desde então, o entendimento sobre os processos fisiológicos e patológicos 
referentes à gestante, ao parto e ao recém-nascido avançaram pelo desenvolvimento 
científico e tecnológico, permitindo a intervenção médica para melhoria das condições 
de saúde materno-infantil. Foucault analisa a natureza política da medicina na 
sociedade capitalista como uma estratégia de controle social que começa com o 
 
46 
 
controle do corpo. O autor questiona se o controle da sexualidade e da reprodução 
não teria implicações sociais para assegurar o controle populacional, reproduzir a 
força de trabalho e os modos que as relações sociais são estabelecidas, de forma a 
garantir que se tenha uma sexualidade socialmente útil e politicamente conservadora. 
No Brasil, ao longo das últimas décadas, o conjunto de intervenções voltadas para a 
atenção ao período da gestação e primeiro ano de vida esteve sempre no escopo das 
políticas públicas de saúde. 
A elaboração das políticas públicas voltadas ao recém-nascido culminou na 
consolidação de diversas leis e programas de saúde, voltados à atenção materno-
infantil, que tiveram papel preponderante na organização dos sistemas e serviços de 
saúde. O objetivo deste estudo é identificar as principais políticas públicas de saúde 
ao recém-nascido no cenário brasileiro, a partir da década de oitenta do século XX e 
refletir sobre o impacto destas, na assistência neonatal. 
12.1 A conquista de direitos da mulher/mãe e do recém-nascido 
Na década de 1980, o principal foco das leis e políticas públicas estava voltado 
para as conquistas dos direitos da mulher-mãe e, particularmente, para a 
consolidação das lutas anteriores, procurando dar visibilidade a este campo de 
atenção. Cabe-nos destacar que, durante esta década, o recém-nascido não era visto 
como sujeito do cuidado, até então ele ficava subsumido na atenção “integral” à 
mulher-mãe. No início dos anos 80, a regulamentação sobre o alojamento conjunto, 
pela Portaria 18 do Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social 
(INAMPS) do MS, apresentava algumas normas básicas para a implantação de 
alojamentos conjunto em instituições hospitalares (COSTA et al., 2019). 
Na medida em que proporcionava maior contato entre a mãe e o recém-nascido 
para o incentivo ao aleitamento materno, também apontava o início de uma série de 
transformações no campo assistencial da saúde. Embora fosse restrita a abrangência 
 
47 
 
populacional dessa medida, nascia nesse momento a percepção sobre a necessidade 
de amparo legal como premissa inicial para a efetivação de práticas humanizadas, 
direcionadas para o parto e o puerpério. O recém-nascido não aparecia como sujeito 
do cuidado, sendo que as ações e condutas estavam quase inteiramente voltadas 
para a mulher-mãe. Não eram, por conseguinte, respeitadas as especificidades da 
criança que chegava ao mundo (COSTA et al., 2019). 
Em 1983, de acordo com Costa et al. (2019) uma das maiores conquistas do 
movimento feminista foi a formulação, pelo MS, do Programa de Assistência Integral 
à Saúde da Mulher (PAISM), sendo um programa inédito até então, não apenas 
voltado ao binômio mãe-filho, mas à atenção à saúde da mulher em sua totalidade e 
abrangência. O PAISM nasceu no processo de discussão do movimento sanitário, 
fundamentado na necessidade de reestruturação do Sistema Nacional de Saúde, e 
tendo como prioridade a atenção primária e a integralidade da atenção à saúde. Nesse 
sentido, a proposta do PAISM considerava a necessidade de articulação das ações 
de pré-natal, a assistência ao parto e ao puerpério, além da prevenção ao câncer e às 
doenças sexualmente transmissíveis, a assistência ao adolescente, assim como 
assistência específica às mulheres que vivenciavam a menopausa e a anticoncepção. 
O PAISM foi anunciado como uma nova e diferenciada abordagem da saúde 
da mulher, baseado no conceito de “atenção integral à saúde das mulheres” (AISM). 
Esse conceito implica o rompimento com a visão tradicional acerca desse tema, 
sobretudo no âmbito da medicina, que centralizava o atendimento às mulheres nas 
questões relativas à reprodução. Paradoxalmente, entretanto, esse programa 
constituiu-se também na primeiravez em que o Estado brasileiro propôs, oficial e 
explicitamente, e efetivamente implantou, embora de modo parcial, um programa que 
inclui o planejamento familiar dentre suas ações, ou seja, um projeto que contemplava 
o controle da reprodução. Desta forma, o PAISM foi pioneiro, inclusive, no cenário 
mundial, ao propor o atendimento à saúde reprodutiva das mulheres e não mais a 
 
48 
 
utilização de ações isoladas em planejamento familiar. O foco do programa era o 
planejamento familiar e a saúde da mulher (COSTA et al., 2019, p. 1). 
 ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL FÍSICA DA UTI NEONATAL – UTIN 
 
 
Fonte: www.prosaude.org.br 
O serviço de saúde em que a UTI está inserida deve possuir alvará de 
licenciamento atualizado, expedido pela vigilância sanitária local. 
A Portaria nº 930, também orienta e estabelece as diretrizes para a estrutura 
física de uma UTIN, a classificação das UTINs, organização dos leitos, etc. 
Art. 5º A Unidade Neonatal é um serviço de internação responsável pelo 
cuidado integral ao recém-nascido grave ou potencialmente grave, dotado de 
estruturas assistenciais que possuam condições técnicas adequadas à prestação de 
http://www.prosaude.org.br/
 
49 
 
assistência especializada, incluindo instalações físicas, equipamentos e recursos 
humanos. 
§ 1º As Unidades Neonatal devem articular uma linha de cuidados progressivos, 
possibilitando a adequação entre a capacidade instalada e a condição clínica do 
recém-nascido. 
§ 2º Os recém-nascidos que necessitem dos cuidados específicos de Unidade 
Neonatal e que se encontrem em locais que não disponham destas unidades devem 
receber os cuidados necessários até sua transferência para uma Unidade Neonatal, 
que deverá ser feita após estabilização do recém-nascido e com transporte sanitário 
adequado, realizado por profissional habilitado. 
Art. 6º As Unidades Neonatal são divididas de acordo com as necessidades do 
cuidado, nos seguintes termos: 
I - Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN); 
II - Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal (UCIN), com duas tipologias: 
a) Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Convencional (UCINCo); e 
b) Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Canguru (UCINCa). 
Quanto a organização, estrutura e números de leitos, a portaria Nº 930, 
regulamenta: 
Parágrafo único. Poderá ser implantada, alternativamente, uma Unidade 
Neonatal de 10 (dez) leitos com um subconjunto de leitos, na proporção de 4 (quatro) 
leitos de UTIN para 4 (quatro) leitos de UCINCo e 2 (dois) leitos de UCINCa. (Incluído 
pela PRT GM/MS nº 3.389 de 30.12.2013) 
Art. 7º O número de leitos de Unidades Neonatal atenderá ao seguinte 
parâmetro de necessidade populacional: para cada 1000 (mil) nascidos vivos poderão 
ser contratados 2 (dois) leitos de UTIN, 2 (dois) leitos de UCINCo e 1 (um) leito de 
UCINCa. 
§ 1º A UCINCa somente funcionará em unidade hospitalar que conte com 
UCINCo, de forma anexa ou como subconjunto de leitos de uma UCINCo. 
 
50 
 
§ 2º O conjunto de leitos de Cuidados Intermediários, Convencional e Canguru, 
conterá, no mínimo, 1/3 (um terço) de leitos de Canguru. (Redação dada pela PRT 
GM/MS nº 3.389 de 30.12.2013) 
§ 3º A Unidade Neonatal que contar com leitos de UTIN, UCINco e UCINca 
deverá contar com, no mínimo, 10 (dez) leitos totais em ambiente contíguo, 
compartilhando a mesma equipe prevista para UTIN de que trata os arts. 13 e 14. 
(Incluído pela PRT GM/MS nº 3.389 de 30.12.2013). 
§ 4º Na abertura de Unidades Neonatais que contar com leitos de UTIN, 
UCINco e UCINca com módulos de 10 (dez) leitos, deverá ser considerada a 
proporção prevista no parágrafo único do art. 6º. (Incluído pela PRT GM/MS nº 3.389 
de 30.12.2013). 
§ 5º A Unidade Neonatal terá custeio de acordo com a tipologia de cada leito, 
na proporção de 4 (quatro) leitos de UTIN para 4 (quatro) leitos de UCINCo e 2 (dois) 
leitos de UCINCa. (Incluído pela PRT GM/MS nº 3.389 de 30.12.2013). 
Art. 8º Para novos estabelecimentos de saúde que disponham de maternidade 
e que possuam também UTIN ou UCIN é obrigatória a previsão, no projeto 
arquitetônico de sua área física, de alojamento para as mães cujos recém-nascidos 
estiverem internados em UTIN ou UCIN, de forma a garantir condições para o 
cumprimento do direito do recém-nascido a acompanhante em tempo integral. 
Art. 9º Serão habilitadas pelo Ministério da Saúde as novas Unidades Neonatal, 
bem como as já existentes que se adequarem aos requisitos desta Portaria. 
Serviço de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) 
Art. 10. UTIN são serviços hospitalares voltados para o atendimento de recém-
nascido grave ou com risco de morte, assim considerados: 
I recém-nascidos de qualquer idade gestacional que necessitem de ventilação 
mecânica ou em fase aguda de insuficiência respiratória comFiO2 maior que 30% 
(trinta por cento); 
 
51 
 
II recém-nascidos menores de 30 semanas de idade gestacional ou com peso 
de nascimento menor de 1.000 gramas; 
III recém-nascidos que necessitem de cirurgias de grande porte ou pós-
operatório imediato de cirurgias de pequeno e médio porte; 
IV - recém-nascidos que necessitem de nutrição parenteral; e 
 V - recém-nascidos que necessitem de cuidados especializados, tais como uso 
de cateter venoso central, drogas vasoativas, prostaglandina, uso de antibióticos para 
tratamento de infecção grave, uso de ventilação mecânica e Fração de Oxigênio 
(FiO2) maior que 30% (trinta por cento), exsanguineo transfusão ou transfusão de 
hemoderivados por quadros hemolíticos agudos ou distúrbios de coagulação. 
(Redação dada pela PRT GM/MS nº 3.389 de 30.12.2013) 
Art. 11. As UTIN deverão cumprir os seguintes requisitos de Humanização: 
I - Controle de ruído; 
II - Controle de iluminação; 
III - Climatização; 
IV - Iluminação natural, para as novas unidades; 
V - Garantia de livre acesso da mãe e do pai, e permanência dos mesmos; 
VI - garantia de visitas programadas dos familiares; e 
VII - garantia de informações da evolução dos pacientes aos familiares, pela 
equipe médica, no mínimo, uma vez ao dia. 
Art. 12. Para fins de habilitação como UTIN, o serviço hospitalar deverá dispor 
de equipe multiprofissional especializada, equipamentos específicos próprios e 
tecnologia adequada ao diagnóstico e terapêutica dos recém-nascidos graves ou com 
risco de morte. (Redação dada pela PRT GM/MS nº 3.389 de 30.12.2013). 
 
52 
 
 SEGURANÇA DO PACIENTE EM UNIDADE NEONATAL 
 
Fonte: http:www.hmjmj.com.br 
Em Unidade de Internação Neonatal (UIN) há distintas circunstâncias que 
permeiam riscos às crianças; por isso, incidentes de segurança, com ou sem danos, 
podem ocorrer independente da intenção dos profissionais. Ressalta-se que um 
incidente consiste em um evento que pode resultar em dano desnecessário; e, evento 
adverso, um incidente que resultou em dano. Assim, estabelece-se como segurança 
do paciente a redução do risco de danos desnecessários associados aos cuidados de 
saúde para um mínimo aceitável (RODRIGUES et al., 2018). 
 As circunstâncias de cuidado caracterizam o atendimento ofertado, sendo tal 
concepção proposta para além de intervenções, envolvendo equipe de saúde, 
paciente, familiar, contexto e cenário Rodrigues et al. (2018) alega que os incidentes 
de segurança nas UIN relacionam-se, principalmente, com o processo 
medicamentoso, sendo suas causas associadas a fatores humano. O manuseio por 
 
53 
 
vários profissionais e o prolongado período de internação constituem elementos que 
elevam a exposição à falha. A inserção do pai e/ou da mãe na rotina beneficia 
paciente, familiar e instituição. Porém, apesar de delegar cuidado aos pais, percebe-
se a família apenas como um acompanhante que auxilia quando convém aos 
profissionais. No entanto, a assistência em neonatologia deve extrapolar a criança, 
envolvendo também o cuidado com o familiar. 
No dizer de Rodrigues et al. (2018) a presença do acompanhante consisteem 
requisito fundamental para o desenvolvimento da cultura de segurança, pois as mães 
possuem atitudes proativas como: capacidade de observar, oferecer proteção à 
criança e questionar os profissionais. Portanto, salienta-se a importância de a equipe 
conhecer os sentimentos do familiar em relação à situação experenciada. Acredita-se 
que, de forma geral, acompanhantes podem ser parceiros para a segurança na 
identificação e prevenção de eventos adversos. Ainda, o conhecimento da perspectiva 
da família pode contribuir para a mudança do cenário de segurança do paciente. 
 Assim, diante da escassez de estudos sobre incidentes/eventos adversos em 
UIN e do pressuposto de que a participação do familiar não é explorada em sua 
plenitude, justifica-se a realização desta pesquisa, a qual teve como questão 
norteadora: Quais as preocupações e estratégias sobrea segurança do paciente 
percebidas por pais em unidade neonatal? Portanto, este estudo teve por objetivo 
analisar como os pais identificam a segurança do paciente em unidade neonatal 
(RODRIGUES et al., 2018). 
 
 
 
 
 
 
 
 
54 
 
 REFERÊNCIAS 
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integrativa da literatura, Uberaba, p. 1-8, 10 jun. 2015. 
 
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NASCIDO NO BRASIL: REFLEXOS PARA A ASSISTÊNCIA NEONATAL, Santa 
Catarina, p. 1-14, 14 out. 2019. 
 
DUARTE, Elysângela Dittz et al. Pesquisa. A família no cuidado do recém-nascido 
hospitalizado: possibilidades e desafios para a construção da integralidade, 
Florianópolis, p. 1-8, 14 nov. 2012. 
 
GOMES, Luciana. Fiocruz. Trabalhar em UTI neonatal: os desafios da relação de 
serviço e a saúde das/os técnicas/os de enfermagem”, Rio de Janeiro, p. 1-234, 
11 jul. 2011. 
 
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de terapia intensiva neonatal: entre o ideal, o real e o possível, São Paulo, p. 1-8, 
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MOREIRA, Maria Elisabeth Lopes; RODRIGUES, Mônica Andrade. Scielo. O bebê na 
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recém-nascidos em terapia intensiva neonatal: relato de mães, [S. l.], p. 1-9, 27 
set. 2018. 
 
REFRANDE, Sueli Maria. Scielo. Vivências do enfermeiro no cuidado ao recém-
nascido de alto risco: estudo fenomenológico, Niteroi, p. 1-3, 18 set. 2019. 
 
RIOS, Izabel Cristina. Scielo. Humanização: a essência da ação técnica e ética nas 
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RODRIGUES, Fernanda Araújo et al. Periódicos. SEGURANÇA DO PACIENTE EM 
UNIDADE NEONATAL, [S. l.], p. 1-9, 14 set. 2018. 
 
SAÚDE, Ministerio da. Bvsms. Aleitamento Materno e Alimentação 
Complementar, Brasilia, p. 1-186, 18 nov. 2015. 
 
SAÚDE, MINISTÉRIO DA. Saude. Atenção a saúde do recém-nascido, Brasilia, p. 
1-194, 18 set. 2014. 
 
SAÚDE, MINISTÉRIO DA. Saúde. HumanizaSUS, Brasília, p. 1-20, 17 nov. 2004. 
 
VENANCIO, Sonia Isoyama; ALMEIDA, Honorina de. Scielo. Método Mãe Canguru: 
aplicação no Brasil, evidências científicas e impacto sobre o aleitamento 
materno, Porto Alegre, p. 1-4, 14 nov. 2004.

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