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Sumário INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 UNIDADE NEONATAL E CUIDADO HUMANIZADO À FAMÍLIA DO RECÉM-NASCIDO DE ALTO RISCO ......................................................................... 5 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL ................................................................................................................. 9 3.1 HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM .................. 10 ATENÇÃO AO RECÉM-NASCIDO NO CONTEXTO HOSPITALAR ........ 12 PROJETO MÃE CANGURU ..................................................................... 16 A FAMÍLIA NO CUIDADO DO RECÉM-NASCIDO HOSPITALIZADO ..... 21 A IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO .................................. 23 7.1 Tipos de Aleitamento Materno ............................................................ 24 7.2 Duração da amamentação ................................................................. 25 IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO ...................................... 26 8.1 Evita diarreia ...................................................................................... 26 8.2 Diminui o risco de alergias ................................................................. 27 8.3 Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes .................. 27 8.4 Reduz a chance de obesidade ........................................................... 27 8.5 Melhor nutrição ................................................................................... 28 8.6 Melhor desenvolvimento da cavidade bucal ....................................... 28 8.7 Evita nova gravidez ............................................................................ 29 8.8 Melhor qualidade de vida ................................................................... 29 DIFICULDADES NO ALEITAMENTO MATERNO .................................... 30 9.1 Bebê que não suga ou tem sucção débil............................................ 30 9.2 Ingurgitamento mamário ..................................................................... 31 9.3 Trauma mamilar ................................................................................. 32 9.4 Mastite ................................................................................................ 33 9.5 Pouco leite, leite “fraco”, hiperlactação............................................... 34 BANCO DE LEITE HUMANO ................................................................ 35 10.1 Organização do Banco de Leite e do Posto de Coleta .................... 36 PRINCIPAIS PATOLOGIAS DO PERÍODO NEONATAL ...................... 39 POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE AO RECÉM-NASCIDO NO BRASIL: REFLEXOS PARA A ASSISTÊNCIA NEONATAL .................................................... 44 12.1 A conquista de direitos da mulher/mãe e do recém-nascido ........... 46 ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL FÍSICA DA UTI NEONATAL – UTIN .. 48 SEGURANÇA DO PACIENTE EM UNIDADE NEONATAL ................... 52 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 54 4 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 UNIDADE NEONATAL E CUIDADO HUMANIZADO À FAMÍLIA DO RECÉM- NASCIDO DE ALTO RISCO Fonte: www.hospsagradafamilia.com.br A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal constitui-se em ambiente tera- pêutico apropriado para tratamento de neonatos em estado grave, sendo considerada uma unidade de alta complexidade. Além da tecnologia de ponta e equipamentos di- versicados, esta unidade conta com prossionais altamente capacitados e protocolos especícos para a assistência ao recém-nascido (RN). Sendo assim, as UTIs neona- tais constituem-se em importante campo de trabalho para a enfermagem, exigindo conhecimento técnico e cientíco avançado (Kamada, Rocha e Barbeira, 2003 apud MONTANHOLI, 2008). A prática de enfermagem neonatal consiste em pelo menos três componentes refere Refrande (2019) implementar o cuidado de enfermagem, intervir com cuidado e interagir com os demais profissionais de saúde. Lembrando que a inter-relação 6 desses três componentes se centra na melhora ou manutenção da saúde neonatal e da família. Diante de um cuidado mais especializado, os avanços tecnológicos presentes na unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN) contribuem para uma mudança significativa nos cuidados neonatais, dando uma garantia de sobrevida ao recém- nascido. O ambiente neonatal também é um problema para o profissional enfermeiro, gerando desconforto, desgaste físico e emocional por conta da natureza do trabalho e características do setor. Apesar da maioria dos profissionais de enfermagem sentirem prazer em cuidar de seres tão frágeis, vivenciam momentos de angústia relacionados a procedimentos complexos e dolorosos em um momento tão delicado desse ser que está entre a vida e a morte (REFRANDE, 2019). Desta forma, exemplifica Refrande (2019) em um ambiente de cuidados com todo um aparato tecnológico como a UTIN, podem ser associados aos benefícios da tecnologia leve identificada como trabalho em ação, o acolhimento, as atitudes de humanização e as interações dos familiares do recém-nascido com a equipe multidisciplinar de saúde. Diante disso, como o ambiente neonatal é considerado complexo, o profissional de enfermagem possui atividades que envolvem riscos psicossociais decorrentes das prolongadas jornadas de trabalho, tarefas que exigem um ritmo acelerado, ações repetitivas, insuficiência de pessoal e material, turnos diversos, entre outros. Nesse sentido, assim como os riscos psicossociais se destacam em atividades desenvolvidas pelos profissionais de enfermagem, um estudo enfatiza fatores de risco relacionados aos recém-nascidos de muito baixo peso, como a ocorrência de infecção em virtude de fatores de risco intrínsecos relacionados com a imaturidade do desenvolvimento imunológico e as barreiras de proteção de pele e mucosas ineficazes. No entanto, constata-se também a preocupação com os riscos psicossociais da equipe de saúde na neonatologia, visto ser um ambiente que envolve muitos sentimentos, tanto dos profissionais quanto de familiares (REFRANDE, 2019). 7 De acordo com o autor acima destaca-se também os fatores de riscos extrínsecos, como a manipulação do prematuro de muito baixo peso por profissionais de saúde, o ambiente hospitalar, antibióticos, nutrição parenteral e dispositivos invasivos; porém, existe a necessidade de mais rigor nas técnicas utilizadas nos procedimentos com o prematuro, o quantitativo de pessoal e maior atenção na realização das técnicas assépticas. Uma das importantes técnicas assépticas realizadas com o recém-nascido prematuro é na pele, pois esse é o maior órgão vital, o qual protege todo nossocorpo com um sistema integumentário íntegro, contribui na termorregulação, sensação tátil, no isolamento e no armazenamento de gorduras, provê barreiras contra infecções, toxinas, perdas de fluidos eletrolíticos e, assim, promove o envolvimento entre enfermeiro e familiar no contato pele a pele com o recém-nascido.A maior parte dos profissionais em neonatologia é de dedicação exclusiva, sendo apenas uma pequena parte especialista e que destaca o interesse em participar de procedimentos como a instalação do cateter central de inserção periférica e envolver-se nas discussões com a equipe multiprofissional e, em grande parte, de assistência de enfermagem no Brasil (REFRANDE, 2019). O enfermeiro se vê assumindo funções que antes eram de técnicos e auxiliares, como descrito por Refrande (2019) saindo do papel de supervisão e gerenciamento para executar as tarefas no cuidado ao paciente. A partir de 2011, os cuidados de enfermagem aos recém-nascidos no setor de neonatologia, antes realizados por técnicos, vem sendo realizados por profissionais graduados. Por isso, enquanto temos um corpo e através dele atuamos no mundo, o espaço e o tempo não são uma soma de pontos sobrepostos, nem tampouco uma infinidade de relações das quais nossa consciência extrairia a síntese que implicaria nosso corpo. Não estamos no espaço e no tempo, não pensamos o espaço e o tempo; nós somos no espaço e no tempo, nosso corpo aplica-se a eles e os envolve. Além disso, o corpo do recém-nascido demonstra significados tão importantes para o 8 enfermeiro que o faz se preocupar em não errar momento algum em uma atitude de compromisso e responsabilidade com a profissão. E a despeito de cuidar do corpo, ele também percebe um “além” do corpo. O corpo que o enfermeiro percebe e não vê é o corpo das vivências, da objetividade. É o corpo virtual ou fenomenal, aquele que funda o corpo objetivo (REFRANDE, 2019). 9 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL Fonte: laboro.edu.br O enfermeiro é um dos profissionais responsáveis pelo cuidado voltado ao desenvolvimento físico, psíquico e social do recém-nascido na unidade de terapia intensiva neonatal. A constante interação com os familiares dos recém-nascidos requer capacitação da equipe de saúde para lhes oferecer suporte nesse momento de fragilidade. Ademais, a enfermeira (o) é responsável pela implantação de cuidado que valoriza o desenvolvimento físico, psíquico e social do RN. (MONTANHOLI; MERIGH; JESUS, 2011). No Brasil, o Artigo 11 da Lei n 7.498/86 assegura que cabe privativamente ao enfermeiro o cuidado direto de enfermagem a pacientes graves com risco de vida, cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos 10 de base cientíca e capacidade de tomar decisões imediatas (Brasil, 1986 apud MONTANHOLI, 2008). 3.1 HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A necessidade da humanização dos cuidados no âmbito hospitalar existe em um contexto social no qual alguns fatores têm contribuído para a fragmentação do ser humano como alguém compreendido com necessidades puramente biológicas: a tecnologia, a visão de que é a equipe de saúde que detém todo o saber e, não ter a percepção da integralidade do Ser Humano são exemplos destes fatores (RIOS, 2019). O avanço da tecnologia médica, principalmente a partir da segunda metade do século XX, fez com que, por muitas vezes o cuidado se torne a aplicação de um procedimento técnico, a fim de cumprir com um objetivo mecanicista, como puncionar um acesso venoso, aplicar uma medicação ou realizar determinado exame; a fragilização do ser humano na posição de "paciente" desfavorece o exercício da autonomia quando ocorre a visão paternalista de que a equipe de saúde detém o poder e o conhecimento, subestimando assim a capacidade do doente em fazer julgamentos com relação a si e a sua saúde. Perceber o ser humano como alguém que não se resume meramente a um ser com necessidades biológicas, mas como um agente biopsicossocial e espiritual, com direitos a serem respeitados, devendo ser garantida sua dignidade ética, é fundamental para começarmos a caminhar em direção à humanização dos cuidados de saúde (RIOS, 2019). A preocupação com a humanização iniciou-se no final da década de 80, com a implantação do SUS, através da Reforma Sanitária, fruto de esforços de grupos de profissionais e de movimentos populares de saúde, no contexto da redemocratização da sociedade brasileira e de luta por uma política pública de saúde universal e de qualidade (RIOS, 2019). 11 A Política Nacional de Humanização (PNH) é uma política do SUS, criada em 2003 pelo Ministério da Saúde, pactuada na Comissão Intergestores Tripartite e no Conselho Nacional de Saúde. Nossa Instituição adota a PNH e a enfermagem como parte do todo, está intimamente inserida nesta vertente da assistência de enfermagem. Com a tecnologia e as medidas de prevenção e controle de infecções e a assistência médica e de enfermagem especializadas empregadas na UTI Neonatal, muitos recém-nascidos (RN) de alto risco conseguem sobreviver à fase inicial de suas vidas (SAÚDE, 2004). Na opinião de SAÚDE (2004) o período de internação destes recém-nascidos pode estender-se por várias semanas ou meses, dependendo de sua gravidade e evolução clínica. É essencial que a família acompanhe o RN durante esta fase para que após a alta seja capaz de cuidá-lo de forma adequada. Humanizar a assistência neonatal é atender de maneira individualizada as necessidades do recém-nascido e de sua família, visando uma alta qualidade de assistência. Independente do resultado, na sobrevida ou na morte do recém-nascido, a assistência humanizada deve transmitir aos pais o sentimento de solidariedade e respeito aos seus sentimentos. Pai e Mãe são considerados o foco das influências ambientais sobre seu filho. A integração pais/filho não são intuitivas e resultam de comportamento socioeconômico condicionado e aprendido SAÚDE (2004). 12 ATENÇÃO AO RECÉM-NASCIDO NO CONTEXTO HOSPITALAR Fonte: www.iespe.com.br O cuidado de enfermagem implica em auxiliar as pessoas a buscar caminhos que lhes dêem sentido,e que prolonguem e renovem as formas de ser e sentir-se saudáveis através do cuidado de si (Silva et al., 2005 apud REFRANDE, 2019). Cuidar não se relaciona, somente, a saber fazer, realizar técnicas ou investimento em tecnologias sofisticadas, é muito mais que isso. Concordamos com Bonner (1999 apud REFRANDE, 2019) quando afirma que cuidar signica ter intimidade, acolher, respeitar, proporcionar sossego e conforto, lembrando-se de que tudo começa com o sentimento que nos une e nos faz sensíveis ao que está à nossa volta. A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal constitui-se em ambiente tera- pêutico apropriado para tratamento de neonatos em estado grave, sendo considerada uma unidade de alta complexidade. Além da tecnologia de ponta e equipamentos diversicados, esta unidade conta com prossionais altamente capacitados e protocolos especícos para a assistência ao recém-nascido (RN). Sendo assim, as UTIs neonatais constituem-se em importante campo 13 de trabalho para a enfermagem, exigindo conhecimento técnico e cientíco avançado (Kamada, Rocha e Barbeira, 2003 apud REFRANDE, 2019). Rolim e Cardoso (2006 apud REFRANDE, 2019) complementam que o cuidado em UTI neonatal deve ser estruturado no sentido de atender a todas as necessidades dessa população sujeita a riscos. Para isso, é preciso que os prossionais da saúde sejam capazes de garantir observação rigorosa a esses RNs que apresentam doenças capazes de ocasionar sua morte ou sequelas que interferirão no seu desenvolvimento. Ademais, no cuidado ao recém-nascido deve-se tentar reduzir manuseios excessivos que possam comprometer seu bem-estar, provocandoestresse, dor, alterações siológicas e comportamentais. Os recém-nascidos internados nas UTIs necessitam de uma série de cuidados e procedimentos especializados para garantir sua sobrevivência, desenvolvimento saudável e inserção no seio familiar.Com o nascimento, ocorrem ajustes fisiológicos essenciais para garantir a adaptação à vida extra-uterina. As alterações no sistema cardiopulmonar e estabilização da temperatura corporal são vitais nas primeiras horas de vida, principalmente no que diz respeito aos recém-nascidos pré-termos, nos quais a imaturidade geral pode desencadear uma ampla faixa de problemas perinatais. Ademais, alterações patológicas, a sobrecarga de estímulo e a de ciente interação entre mãe e bebê podem comprometer o desenvolvimento do recém-nascido (REFRANDE, 2019). Os cuidados que envolvem a manipulação e o contato direto com o recém- nascido internado na UTI neonatal são, em geral, atividades complexas e que requerem constante interação com as famílias dos recém-nascidos. Alton, Mericle e Brandon (2006 apud REFRANDE, 2019) acrescentam que a fragilidade dos recém- nascidos, a introdução e crescente implementação de procedimentos de alto risco em neonatos de extremo baixo peso, somados à baixa tolerância a erros nas microdoses de medicação, constituem-se em algumas das preocupações dos profissionais das UTIs neonatais. 14 Assim, observamos que é grande a necessidade do cuidado direto de enfermagem ser prestado pelo enfermeiro, visto a peculiaridade dos cuidados a esta clientela, como, por exemplo, o uso de ventilação mecânica, cateterismo venoso central, microdoses de medicação e a instabilidade clínica desses recém-nascidos. Ademais, são os enfermeiros que estão continuamente ao lado do recém-nascido, o que possibilita decisões de condutas importantes. Na maioria das vezes, os tratamentos recebidos pelos recém-nascidos na UTI causam dor e desconforto. Marter e Pryor (2005 apud REFRANDE, 2019) argumentam que a dor neonatal não controlada pode resultar em efeitos colaterais na saúde e no prognóstico do desenvolvimento neurológico em longo prazo. Há evidências de que a dor e o estresse no período neonatal infuenciam no desenvolvimento e nas percepções aos estímulos dolorosos nas outras fases da vida. Assim, os profissionais devem estar habilitados e familiarizados com os instrumentos de avaliação e com o tratamento da dor, para serem capazes de identificar e prontamente minimizar os estímulos dolorosos. No dizer de Refrande (2019) a educação em saúde é outro importante campo de atuação do enfermeiro na UTI neonatal. O contato próximo e a interação com os pais podem facilitar a promoção do vínculo entre pais e lho e orientações para o cuidado ao recém-nascido. Dentre esses cuidados destacam-se: garantir a lactação e promover o aleitamento materno, quando indicado. Barreira e Machado (2004 apud Refrande, 2019) , em estudo realizado com as famílias de recém-nascidos, referem que a prática da educação em saúde é de grande importância para a promoção e manutenção do aleitamento materno. Iniciativas como grupo de nutrizes e sala de espera são estratégias de incentivo e orientação valorizadas pelas puérperas.Muitas vezes, os pais dos recém-nascidos, internados na UTI, encontram-se em situações de vulnerabilidade pela apreensão quanto ao estado do bebê e aos cuidados que terão que dedicar a ele. 15 A família sente-se ameaçada em sua autonomia, sob pressão da doença, da própria família e da equipe. Os elementos desencadeadores são as experiências vividas anteriormente, o acúmulo de demandas que comprometem sua capacidade para lidar com a situação e o despreparo para agir. Como conseqüência, a família alterna momentos que não consegue fazer nada, com outros que tenta resgatar sua autonomia, sendo, portanto, um movimento dinâmico e contínuo que atribue uma transitoriedade a seu sentimento de vulnerabilidade ao longo da experiência da doença e da hospitalização da criança. A ameaça à autonomia exprime o signicado de vulnerabilidade para a família nessa circunstância (Pettengil e Angelo, 2005 apud Refrande ,2019). Nesse sentido, Vieira e Rossi (2000 apud Refrande ,2019 ) salientam que esses momentos difíceis demandam uma adaptação, para que ocorra a aceitação dessa condição do recém-nascido, requerendo ações por parte daqueles que estão inseridos nesse contexto. O enfermeiro, como profissional da equipe, deve estar capacitado para dar suporte aos pais neste momento de fragilidade. 16 PROJETO MÃE CANGURU Fonte: santacasa.pa.gov.br Método Mãe Canguru (MMC), também conhecido como "Cuidado Mãe Canguru" ou "Contato Pele a Pele", tem sido proposto como uma alternativa ao cuidado neonatal convencional para bebês de baixo peso ao nascer (BPN). Foi idealizado e implantado de forma pioneira por Edgar Rey Sanabria e Hector Martinez em 1979, no Instituto Materno-Infantil de Bogotá, Colômbia, e denominado "Mãe Canguru" devido à maneira pela qual as mães carregavam seus bebês após o nascimento, de forma semelhante aos marsupiais. Era destinado a dar alta precoce para recém-nascidos de baixo peso (RNBP) frente a uma situação crítica de falta de incubadoras, infecções cruzadas, ausência de recursos tecnológicos, desmame precoce, altas taxas de mortalidade neonatal e abandono materno (VENANCIO; ALMEIDA, 2004). Na visão de Venâncio e Almeida (2004) o novo programa domiciliar de atenção ao RNBP era baseado nos seguintes princípios: 17 a) alta precoce independentemente do peso, desde que o bebê apresentasse condições clínicas estáveis; b) não utilização de fórmula infantil, e sim apenas leite materno; c) incentivo ao contato pele a pele precoce entre mãe e bebê, sendo o mesmo colocado entre as mamas; d) manutenção do bebê em posição vertical. Essa iniciativa contou com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o qual divulgou amplamente seus resultados, especialmente no tocante à redução da mortalidade, aos benefícios psicológicos e ao baixo custo. O método mãe canguru é outro cuidado que torna imprescindível a participação do enfermeiro no direcionamento da equipe e na orientação e incentivo dos pais. Esse método vem sendo implementado em muitas instituições hospitalares. O sucesso de sua implantação e aplicação deve-se principalmente ao cuidado de enfermagem constante e atento às necessidades dos pais e dos recém-nascidos (REFRANDE, 2019, p. 1). O Ministério da Saúde (1999, pg18 apud Refrande ,2019) denominou o método mãe canguru como contato pele a pele precoce, entre mãe e recém-nascido de baixo- peso, de forma crescente e pelo tempo que ambos entenderem ser prazeroso e su ciente, permitindo dessa forma uma participação maior dos pais no cuidado ao seu recém-nascido . Além dessas atividades, cabe ao enfermeiro, proporcionar ao recém-nascido um ambiente adequado para sua recuperação, pois, como comenta Gamboa (1997 apud Refrande,2019), o cuidado ao RN requer diariamente uma manipulação prolongada, por um longo período de tempo. Ademais, o ambiente da UTI neonatal, carregado de estímulos nem sempre gentis, difere dramaticamente do sossegado ambiente uterino. O cuidado voltado para o desenvolvimento do recém-nascido prematuro visa muito mais ao seu crescimento e desenvolvimento. É uma soma de fatores que envolvem a colaboração interprofissional, o envolvimento dos pais no cuidado e a 18 valorização do recém-nascido como um ser humano em processo de desenvolvimento físico, psíquico e social. Ademais, os profissionais devem estar atentos para atender às necessidades individuais de cada recém-nascido e de sua família. Assim, o trabalho da equipe deve estar voltado para a promoção de um cuidado de qualidade durante a internação e após a alta hospitalar do recém-nascido (Aita e Snider, 2003 apud Refrande ,2019 ).Dessa forma, refere o autor acima , esse é um modelo de cuidado que considera o recém-nascido de forma holística e não apenas sua doença, busca minimizar o desconforto, a dor e as possíveis seqüelas físicas e emocionais. Dentre outros aspectos, esse modelo de cuidado visa à diminuição de estímulos agressivos ao recém-nascido, como, por exemplo, estímulos sonoros, luminosidade, manipulação freqüente e exposição à dor. Gamboa (1997 apud Refrande ,2019 ), em estudo realizado com enfermeiros que atuam em UTI neonatal sobre o signicado do cuidado de enfermagem na perspectiva do enfermeiro, observou que é na atuação do enfermeiro que se constata a conciliação entre a técnica e sentimento. Apesar de todos os enfermeiros, sujeitos desta pesquisa, informarem assumir o cuidado direto ao neonato, havia diferença no que se refere à atitude com que executavam tais cuidados e procedimentos. A autora, acima citada, afirma que se a enfermagem argumenta que seu conhe- cimento fundamenta-se no cuidado como experiência de saúde humana, seus objetos de estudo são as pessoas e não as patologias. Dessa forma, os programas curriculares devem ser centrados nas pessoas que vivenciam o cuidado, para serem congruentes com esta loso a e, com isso, formarem prossionais aptos a prestar assistência centrada nas necessidades do cliente e sua família.Em vários países desenvolvidos, o enfermeiro presta cuidados diretos contínuos ao neonato de alto risco, ocupando uma posição de destaque nas unidades neonatais, o que resulta em grande respeito ao seu trabalho. 19 Larguía (2001 apud Refrande ,2019 ) ao discorrer sobre a assistência perinatal na cidade de Buenos Aires, afirma que recém-nascidos prematuros e enfermos exigem uma atenção específica e rigorosa que é amplamente reconhecida. Dentre os prossionais envolvidos no cuidado perinatal, o enfermeiro é um dos mais essenciais, sendo sua atuação imprescindível. Estudo americano destaca o enfermeiro neonatal como o esteio da UTI, é ele quem trabalha, juntamente com o médico, na decisão de condutas de tratamento, realiza assistência direta ao neonato e oferece suporte emocional às famílias (Hendrick-Munoz et al., 2007 apud Refrande ,2019 ). Além das atividades de cuidado direto ao paciente, a Lei 7498/86 garante que cabe, privativamente, a este prossional atividades de gerência da unidade e do cui- dado. Essas atividades incluem: checar o serviço e a unidade de enfermagem; plane- jamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços de assistência de enfermagem, consulta de enfermagem e prescrição da assistência de enfermagem. Para desenvolver atividades de gerência da unidade e da assistência de enfermagem, há necessidade de construir uma identidade prossional do enfermeiro. Os enfemeiros precisam adaptar-se à função gerencial e buscar conciliar a gerência com o cuidado de enfermagem (Brito, Gazzinelli e Melo, 2006 apud Refrande ,2019).Como se pode constatar, são muitas as atividades que competem ao enfermeiro que atua na UTI neonatal. Somam-se à importância do cuidado direto ao recém- nascido as atividades de gerência, pois são estas que garantem um cuidado de enfermagem de qualidade e um ambiente de trabalho seguro para toda a equipe. Lima et al. (2001 apud Refrande ,2019 ) observam que existe predominância de atividades de gerenciamento do cuidado em relação às atividades assistenciais. As enfermeiras, participantes deste estudo, ressaltam que as atividades gerenciais e assistenciais são dimensões indissociáveis em seu trabalho. A prática assistencial da enfermagem é dependente da política de trabalho da instituição de saúde sendo que, na maioria das vezes, a enfermeira exerce funções 20 administrativas e burocráticas, pois o hospital não conta com recursos humanos especializados em número su ciente para prestar uma assistência quali cada princi- palmente ao paciente grave (Refrande ,2019). O crescimento na assistência neonatal se fez e continua ocorrendo sem um pla nejamento estratégico. Há uma carência de equipamentos e leitos para o cuidado neonatal, e a qualidade da assistência prestada é extremamente contrastante, vari- ando de unidades altamente so sticadas a outras sem a mínima estrutura necessária. No entanto, esta carência não pode ser sanada sem um concomitante investimento na quali cação dos prossionais que irão manejá-los, sob pena de se fazer uma in- corporação inadequada da tecnologia, com alto custo e baixa efetividade (Lansky et al., 2002; Barbosa, 2004 apud Refrande ,2019 ). Consideramos ser o enfermeiro o prossional da área de saúde com formação e competência mais adequadas para prestar cuidado direto ao neonato em UTI. Cuidado que, como já foi mencionado, requer atenção, capacidade de tomar decisões imediatas, habilidade técnica, constante interação com a equipe de trabalho, pais e familiares dos recém nascidos e mais ainda cuidar com delicadeza, sensibilidade e amor (Refrande ,2019). Concordamos com Hendricks Munoz e Prendergast (2007 apud Refrande ,2019 ) quando comentam que a atuação do enfermeiro na UTI neonatal é vital para a implementação do cuidado que visa ao desenvolvimento do recém-nascido e à garantia de uma assistência adequada. 21 A FAMÍLIA NO CUIDADO DO RECÉM-NASCIDO HOSPITALIZADO Fonte: repositorio.uniceub.br A participação dos pais no cuidado ao recém-nascido tem sofrido as repercussões das transformações da assistência ao neonato. Em meados do século XX, novas formas de cuidados foram desenvolvidas em resposta aos questionamentos e estudos abordando os prejuízos da separação do binômio mãe- filho para o desenvolvimento do neonato e das relações familiares. Apesar disso, o cuidado em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) revela-se mecânico e impessoal, centrado em técnicas e procedimentos considerados capazes de garantir a sobrevivência do prematuro (DUARTE et al., 2012). Segundo Duarte et al. (2012) a forma de cuidado predominante na UTIN é importante para a melhora dos indicadores de morbimortalidade neonatal, entretanto, reconhece-se que essa lógica de cuidado não se mostra suficiente para assegurar o atendimento às necessidades de saúde do recém-nascido, nas quais se incluem as relacionadas aos aspectos emocionais e sociais. Para garantir resultados mais eficientes no processo de cura ou de controle das morbimortalidades devem ser utilizadas práticas de saúde que contemplem as singularidades do indivíduo, da 22 família e da comunidade na condução terapêutica, por meio do compartilhamento de saberes. Pensar o cuidado ao recém-nascido considerando essa perspectiva direciona para a noção de integralidade como um princípio norteador das políticas e das práticas em saúde. A integralidade revela sentidos que não se resumem em um conceito único, sendo a expressão de diferentes aspirações e valores. Independente do sentido atribuído, a integralidade implica uma recusa ao reducionismo, uma recusa à objetivação dos sujeitos e talvez uma afirmação da abertura para o diálogo (DUARTE et al., 2012). A construção da integralidade da assistência pode ser reconhecida nas práticas que valorizam o cuidado e tem, em suas concepções, a idéia força de considerar o usuário como sujeito a ser atendido e respeitado em suas demandas e necessidades. Assim, oferecer uma assistência na UTIN que contemple os significados e sentidos da integralidade implica em considerar a participação da família no contexto do cuidado ao recém-nascido (DUARTE et al., 2012). A presença dos pais na UTIN é um direito e sua participação no cuidado do filho hospitalizado contribui para o estabelecimento do vínculo afetivo entre mãe e filho, para a redução do estresse na família causado pela hospitalização e para seu preparo para o cuidado do filho no domicílio. Um estudo realizado com pais de bebês internadosna UTIN evidencia as contradições em relação às oportunidades de participação no cuidado do filho. Se, por um lado, os profissionais de saúde expressaram interesse em desenvolver uma assistência ideal, promovendo a participação dos pais, por outro, o cuidado ao recém-nascido na UTIN mostrou-se centrado nas rotinas e nos procedimentos técnicos (DUARTE et al., 2012). 23 A IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO Fonte: www.unimedfortaleza.com.br O aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança e constitui a mais sensível, econômica e eficaz intervenção para redução da morbimortalidade infantil. Permite ainda um grandioso impacto na promoção da saúde integral da dupla mãe/bebê e regozijo de toda a sociedade. Se a manutenção do aleitamento materno é vital, a introdução de alimentos seguros, acessíveis e culturalmente aceitos na dieta da criança, em época oportuna e de forma adequada, é de notória importância para o desenvolvimento sustentável e equitativo de uma nação, para a promoção da alimentação saudável em consonância com os direitos humanos fundamentais e para a prevenção de distúrbios nutricionais de grande impacto em Saúde Pública (SAÚDE, 2015). Porém, segundo o autor acima a implementação das ações de proteção e promoção do aleitamento materno e da adequada alimentação complementar 24 depende de esforços coletivos intersetoriais e constitui enorme desafio para o sistema de saúde, numa perspectiva de abordagem integral e humanizada. Amamentar é muito mais do que nutrir a criança. É um processo que envolve interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional, e em sua saúde no longo prazo, além de ter implicações na saúde física e psíquica da mãe (SAÚDE, 2015). 7.1 Tipos de Aleitamento Materno É muito importante conhecer e utilizar as definições de aleitamento materno adotadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e reconhecidas no mundo inteiro (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2007 apud SAÚDE, 2015). Assim, conforme citado por Saúde (2015) o aleitamento materno costuma ser classificado em: • Aleitamento materno exclusivo – quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos. • Aleitamento materno predominante – quando a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais. • Aleitamento materno – quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado), independentemente de receber ou não outros alimentos. • Aleitamento materno complementado – quando a criança recebe, além do leite materno, qualquer alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementá- lo, e não de substituí-lo. 25 • Aleitamento materno misto ou parcial – quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leite. 7.2 Duração da amamentação Vários estudos sugerem que a duração da amamentação na espécie humana seja, em média, de dois a três anos, idade em que costuma ocorrer o desmame naturalmente (KENNEDY, 2005 apud SAÚDE, 2015). A OMS, endossada pelo Ministério da Saúde do Brasil, recomenda aleitamento materno por dois anos ou mais, sendo exclusivo nos primeiros seis meses. Não há vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes dos seis meses, podendo, inclusive, haver prejuízos à saúde da criança, pois a introdução precoce de outros alimentos está associada a: • Maior número de episódios de diarreia; • Maior número de hospitalizações por doença respiratória; • Risco de desnutrição se os alimentos introduzidos forem nutricionalmente inferiores ao leite materno, como, por exemplo, quando os alimentos são muito diluídos; • Menor absorção de nutrientes importantes do leite materno, como o ferro e o zinco; • Menor eficácia da amamentação como método anticoncepcional; • Menor duração do aleitamento materno. No segundo ano de vida, o leite materno continua sendo importante fonte de nutrientes. Estima-se que dois copos (500 mL) de leite materno no segundo ano de vida fornecem 95% das necessidades de vitamina C, 45% das de vitamina A, 38% das de proteína e 31% do total de energia. Além disso, o leite materno continua protegendo contra doenças infecciosas. Uma análise de estudos realizados em três continentes concluiu que quando as crianças não eram amamentadas no segundo ano de vida elas tinham uma chance quase duas vezes maior de morrer por doença infecciosa 26 quando comparadas com crianças amamentadas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000 apud SAÚDE, 2015). IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO Graças aos inúmeros fatores existentes no leite materno que protegem contra infecções, ocorrem menos mortes entre as crianças amamentadas. Estima-se que o aleitamento materno poderia evitar 13% das mortes em crianças menores de 5 anos em todo o mundo, por causas preveníveis (JONES, 2003 apud SAÚDE, 2015). Segundo estudo de avaliação de risco, no mundo em desenvolvimento poderiam ser salvas 1,47 milhões de vidas por ano se a recomendação de aleitamento materno exclusivo por seis meses e complementado por dois anos ou mais fosse cumprida (SAÚDE, 2015). 8.1 Evita diarreia Além de evitar a diarreia, a amamentação também exerce influência na gravidade dessa doença. Crianças não amamentadas têm um risco três vezes maior de desidratarem e de morrerem por diarreia quando comparadas com as amamentadas (VICTORIA, 1992 apud SAÚDE, 2015). Há fortes evidências de que o leite materno protege contra diarreia, principalmente em crianças mais pobres. É importante destacar que essa proteção pode diminuir quando o aleitamento materno deixa de ser exclusivo. Oferecer à criança amamentada água ou chás, prática considerada inofensiva até pouco tempo atrás, pode dobrar o risco de diarreia nos primeiros seis meses (BROWN, 1989; POPKIN, 1990 apud SAÚDE, 2015). 27 8.2 Diminui o risco de alergias A exposição a pequenas doses de leite de vaca nos primeiros dias de vida parece aumentar o risco de alergia ao leite de vaca. Por isso é importante evitar o uso desnecessário de formulas infantis. Estudos mostram que a amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida diminui o risco de alergia à proteína do leite de vaca, de dermatite atópica e de outros tipos de alergias, incluindo asma e sibilos recorrentes (VAN ODIJK, 2003 apud SAÚDE, 2015). 8.3 Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes Não só o indivíduo que é amamentado adquire proteção contra diabetes, mas também a mulher que amamenta. Foi descrita uma redução de 15% na incidência de diabetes tipo 2 para cada ano de lactação (STUEBE, 2005 apud SAÚDE, 2015). Atribui-se essa proteção a uma melhor homeostase da glicose em mulheres que amamentam. Há evidências sugerindo que o aleitamento materno apresenta benefícios em longo prazo. A OMS publicou importante revisão sobre evidências desse efeito (HORTA, 2007 apud SAÚDE, 2015). Essa revisão concluiu que os indivíduos amamentados apresentaram pressões sistólica e diastólica mais baixas (- 1,2mmHg e -0,5mmHg, respectivamente), níveis menores de colesterol total (- 0,18mmol/L) e risco 37% menor de apresentar diabetes tipo 2. 8.4 Reduz a chance de obesidade A maioria dos estudos que avaliaram a relação entre obesidade em crianças maiores de 3 anos e tipo de alimentação no início da vida constatou menor frequência de sobrepeso/obesidade em crianças que haviam sido amamentadas. Na revisão da OMS sobre evidências do efeito do aleitamento materno em longo prazo, os indivíduos28 amamentados tiveram uma chance 22% menor de vir a apresentar sobrepeso/obesidade (DEWEY, 2003 apud SAÚDE, 2015). É possível também que haja uma relação dose/resposta com a duração do aleitamento materno, ou seja, quanto maior o tempo em que o indivíduo foi amamentado, menor será a chance de ele vir a apresentar sobrepeso/ obesidade. Entre os possíveis mecanismos implicados a essa proteção, encontram-se um melhor desenvolvimento da auto-regelação de ingestão de alimentos das crianças amamentadas e a composição única do leite materno participando no processo de “programação metabólica”, alterando, por exemplo, o número e/ou tamanho das células gordurosas ou induzindo o fenômeno de diferenciação metabólica. Foi constatado que o leite de vaca altera a taxa metabólica durante o sono de crianças amamentadas, podendo esse fato estar associado com a “programação metabólica” e o desenvolvimento de obesidade (HAISMA, 2005 apud SAÚDE, 2015). 8.5 Melhor nutrição Do ponto de vista de Saúde (2015) por ser da mesma espécie, o leite materno contém todos os nutrientes essenciais para o crescimento e o desenvolvimento ótimos da criança pequena, além de ser mais bem digerido, quando comparado com leites de outras espécies. O leite materno é capaz de suprir sozinho as necessidades nutricionais da criança nos primeiros seis meses, e continua sendo uma importante fonte de nutrientes no segundo ano de vida, especialmente de proteínas, gorduras e vitaminas. 8.6 Melhor desenvolvimento da cavidade bucal O exercício que a criança faz para retirar o leite da mama é muito importante para o desenvolvimento adequado de sua cavidade oral, propiciando uma melhor 29 conformação do palato duro, o que é fundamental para o alinhamento correto dos dentes e uma boa oclusão dentária. Quando o palato é empurrado para cima, o que ocorre com o uso de chupetas e mamadeiras, o assoalho da cavidade nasal se eleva, com diminuição do tamanho do espaço reservado para a passagem do ar, prejudicando a respiração nasal. Assim, o desmame precoce pode levar à ruptura do desenvolvimento motor-oral adequado, podendo prejudicar as funções de mastigação, deglutição, respiração e articulação dos sons da fala, ocasionar má- oclusão dentária, respiração bucal e alteração motora- oral (SAÚDE, 2015). 8.7 Evita nova gravidez A amamentação é um excelente método anticoncepcional nos primeiros seis meses após o parto (98% de eficácia), desde que a mãe esteja amamentando exclusiva ou predominantemente e ainda não tenha menstruado (GRAY, 1990 apud SAÚDE, 2015). Estudos comprovam que a ovulação nos primeiros seis meses após o parto está relacionada com o número de mamadas; assim, as mulheres que ovulam antes do sexto mês após o parto em geral amamentam menos vezes por dia que as demais. 8.8 Melhor qualidade de vida O aleitamento materno pode melhorar a qualidade de vida das famílias, refere Saúde (2015) uma vez que as crianças amamentadas adoecem menos, necessitam de menos atendimento médico, hospitalizações e medicamentos, o que pode implicar menos faltas ao trabalho dos pais, bem como menos gastos e situações estressantes. Além disso, quando a amamentação é bem-sucedida, mães e crianças podem estar mais felizes, com repercussão nas relações familiares e, consequentemente, na qualidade de vida dessas famílias. 30 DIFICULDADES NO ALEITAMENTO MATERNO Fonte: www.aleitamentomaternoexclusivo.com.br Alguns problemas podem ocorrer durante o aleitamento materno (AM). Se não forem prontamente identificados e tratados, podem ser importantes fontes de ansiedade e sofrimento, podendo culminar com a interrupção da amamentação. Este capítulo tem por objetivo abordar aspectos relevantes para a prevenção, o diagnóstico e o manejo dos principais problemas relacionados à amamentação (SAÚDE, 2014). 9.1 Bebê que não suga ou tem sucção débil SAÚDE (2014) refere que não é raro RNs, aparentemente normais, não sugarem ou apresentarem sucção débil, ineficaz, logo após o nascimento. Essa condição pode durar poucas horas ou dias. As seguintes medidas são úteis para o adequado estabelecimento da amamentação: 31 • Enquanto o bebê não estiver sugando vigorosamente, orientar a mãe a estimular suas mamas regularmente (no mínimo cinco vezes ao dia) por meio de ordenha manual ou por bomba de extração de leite. Isso garantirá a produção de leite e permitirá que o bebê receba leite de sua própria mãe. • Se houver resistência às tentativas de ser amamentado sem causa aparente, acalmar o bebê e a mãe, suspender o uso de bicos e chupetas e insistir nas mamadas por alguns minutos cada vez. Observar se o bebê sente dor quando posicionado para mamar. •Se o bebê não consegue pegar a aréola adequadamente ou não consegue manter a pega, observar se ele está bem posicionado, se abre bem a boca, se as mamas estão muito tensas, ingurgitadas, ou se os mamilos são invertidos ou muito planos. O manejo vai depender do problema detectado. 9.2 Ingurgitamento mamário Ingurgitamento discreto é um sinal positivo de que o leite está “descendo”, conceitua SAÚDE (2014) não sendo necessária qualquer intervenção. No ingurgitamento patológico, a mama fica excessivamente distendida, causando grande desconforto, às vezes acompanhado de febre e mal-estar. Pode haver áreas difusas avermelhadas, edemaciadas e brilhantes. Os mamilos ficam achatados, dificultando a pega do bebê, e o leite muitas vezes não flui com facilidade, devido ao edema e à viscosidade aumentada do leite represado. As medidas a serem adotadas no manejo do ingurgitamento mamário incluem: •Ordenha manual da aréola, se estiver tensa, antes da mamada, para que fique macia, facilitando a pega adequada do bebê. A ordenha deve ser delicada. • Mamadas frequentes, sem horários preestabelecidos (livre demanda). •Massagens delicadas das mamas, com movimentos circulares, particularmente nas regiões mais afetadas pelo ingurgitamento; elas fluidificam o leite 32 viscoso acumulado, facilitando sua retirada, e são importantes estímulos do reflexo de ejeção do leite. •Uso de analgésicos sistêmicos. Ibuprofeno é considerado o mais efetivo, auxiliando também na redução da inflamação e do edema. Paracetamol ou dipirona podem ser usados como alternativas. •Suporte para as mamas, com o uso ininterrupto de sutiã com alças largas e firmes, para alívio da dor e manutenção dos ductos em posição anatômica. 9.3 Trauma mamilar Eritema, edema, fissuras, bolhas, manchas brancas, amarelas ou escuras, hematomas ou equimoses são as diversas manifestações do trauma mamilar, cujas causas mais comuns são posicionamento e/ou pega inadequados durante as mamadas segundo SAÚDE (2014) outras causas incluem mamilos curtos, planos ou invertidos, disfunções orais na criança, frênulo lingual excessivamente curto, sucção não nutritiva prolongada e uso impróprio de bombas de extração de leite. Fazem parte do manejo dos traumas mamilares: • Início da mamada pela mama menos afetada. •Ordenha de um pouco de leite antes da mamada, o suficiente para desencadear o reflexo de ejeção de leite, evitando dessa maneira que a criança tenha que sugar muito forte no início da mamada para desencadear o reflexo. • Uso de diferentes posições para amamentar, reduzindo a pressão nos pontos dolorosos ou áreas machucadas. • Utilização de analgésicos sistêmicos por via oral, se necessário. • Aplicação do próprio leite materno ordenhado nos mamilos machucados. A prevenção de traumas mamilares é possível com as seguintes medidas: 33 • Amamentação com técnica adequada (posicionamento e pega adequados). • Cuidados para que os mamilos se mantenham secos, expondo-os ao ar livre ou à luz solar, e trocas frequentes dos forros utilizados quando há vazamento de leite. • Restrição ao uso de produtos que retiram a proteção natural do mamilo,como sabões, álcool ou qualquer produto secativo. • Amamentação em livre demanda. A criança que é colocada no seio materno assim que dá os primeiros sinais de que quer mamar vai ao peito com menos fome, e, portanto, com menos risco de sugar com força excessiva. • Prevenção do ingurgitamento mamário. • Ordenha manual da aréola antes da mamada se ela estiver ingurgitada, o que aumenta sua flexibilidade, permitindo uma pega adequada. • Introdução do dedo indicador ou mínimo pela comissura labial da boca do bebê sempre que for preciso interromper a mamada, de maneira que a sucção seja interrompida antes de a criança ser retirada do seio. • Restrição ao uso de protetores (intermediários) de mamilo, pois podem provocar trauma mamilar. • Restrição ao uso de cremes e óleos, os quais podem causar reações alérgicas nos mamilos. 9.4 Mastite SAÚDE (2014) mastite é um processo inflamatório que acomete um ou mais segmentos da mama, podendo progredir ou não para uma infecção bacteriana, mais comumente pelo Staphylococcus (aureus e albus). Ocorre mais frequentemente na segunda e terceira semanas após o parto, e raramente após a 12 semana. Nem sempre é fácil distinguir a mastite infecciosa da não infecciosa apenas pelos sinais e sintomas. Em ambas, a parte afetada da mama encontra-se dolorosa, vermelha, 34 edemaciada e quente. Quando há infecção, o quadro costuma estar acompanhado por mal-estar importante, febre alta (acima de 38 C) e calafrios. O tratamento da mastite deve ser instituído o mais precocemente possível, para que essa condição não evolua para abscesso mamário. Fazem parte do manejo da mastite: Ordenha da mama se não houver esvaziamento adequado pelo bebê. • Antibioticoterapia, quando houver sintomas graves já no início do quadro, fissura mamilar ou ausência de melhora dos sintomas após 12 – 24 horas da remoção efetiva do leite; Medidas gerais: suporte emocional; repouso da mãe (de preferência no leito); analgésicos ou anti-inflamatórios não-esteroides como ibuprofeno; início das mamadas pela mama não afetada e uso de sutiã firme. Qualquer fator que favoreça a estagnação do leite materno predispõe ao aparecimento de mastite, incluindo mamadas com horários regulares, redução súbita no número de mamadas, longo período de sono do bebê à noite, uso de chupetas ou mamadeiras, não esvaziamento completo das mamas, frênulo lingual curto, criança com sucção fraca, produção excessiva de leite, separação entre mãe e bebê e desmame abrupto (SAÚDE, 2014). Assim, as medidas de prevenção da mastite são as mesmas do ingurgitamento mamário, do bloqueio de ductos lactíferos e das fissuras, bem como seu manejo precoce 9.5 Pouco leite, leite “fraco”, hiperlactação Apesar de a maioria das mulheres ter condições biológicas para produzir leite suficiente para atender à demanda de seus filhos, a queixa de pouco leite ou leite “fraco” é muito comum e deve ser valorizada e adequadamente manejada. Muitas vezes, a percepção de produção de pouco leite ou leite “fraco” é fruto da insegurança materna quanto a sua capacidade de nutrir plenamente seu bebê. Essa insegurança, 35 com frequência reforçada por pessoas próximas, faz com que o choro do bebê e as mamadas frequentes (que fazem parte do comportamento normal em bebês pequenos) sejam interpretados como sinais de fome (SAÚDE, 2014). BANCO DE LEITE HUMANO Fonte: portal.fiocruz.br O primeiro banco de leite humano do Brasil foi implantado em outubro de 1943 no então Instituto Nacional de Puericultura, atual Instituto Fernandes Figueira (IFF). O seu principal objetivo era coletar e distribuir leite humano (LH) com vistas a atender os casos considerados especiais, como prematuridade, distúrbios nutricionais e alergias a proteínas heterólogas. A partir de 1985, com o desenvolvimento do Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno (PNIAM) – criado em 1981 – 36 , os BLHs passaram a assumir um novo papel no cenário da saúde pública (A EVOLUÇÃO..., 1992 apud ALMEIDA et al., 2008). Segundo relatos de puericultores das décadas de 40 e 50, o BLH foi inicialmente projetado para atender a casos especiais, considerando as propriedades farmacológicas e não as nutricionais do leite humano. Na época, o leite humano distribuído não era visto como um competidor dos produtos industrializados e se constituía numa alternativa segura para as situações em que o paradigma do desmame comerciogênico falhava. A gravidade do cenário epidemiológico era evidenciada por meio de estudos. Destacava-se o fato de que 85% dos óbitos por desnutrição entre lactentes desmamados estavam associados ao uso de alimentação artificial. Consequentemente, a necessidade de se dispor de leite humano em quantidades que permitissem o atendimento nas situações emergenciais transformou- se em um fato concreto, capaz de justificar a implantação de um BLH (ALMEIDA, 1999 apud ALMEIDA et al., 2008). 10.1 Organização do Banco de Leite e do Posto de Coleta O banco de leite humano é um serviço especializado vinculado a um hospital de atenção materna e/ou infantil. O BLH é responsável por ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e execução de atividades de coleta da produção lática da nutriz, seleção, classificação, processamento, controle de qualidade e distribuição, sendo proibida a comercialização dos produtos por ele distribuídos (HINRICHSEN, 2004; BRITTO, 2002; BRASIL, 2006 apud ALMEIDA et al., 2008). O posto de coleta de leite humano é uma unidade fixa ou móvel, intra ou extra- hospitalar, vinculada tecnicamente a um banco de leite humano e administrativamente a um serviço de saúde ou ao próprio banco. O PCLH é responsável por ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e execução de atividades de 37 coleta da produção lática da nutriz e sua estocagem, não podendo executar as atividades de processamento do leite, que são exclusivas do BLH (BRASIL, 2001; BRASIL, 2006 apud ALMEIDA et al., 2008). O BLH e o PCLH, para funcionar, devem possuir licença sanitária atualizada, emitida pelo órgão de vigilância sanitária competente, observando as normas legais e regulamentares pertinentes (BRASIL, 1977; BRASIL, 2006 ALMEIDA et al., 2008). O banco de leite e o posto de coleta devem possuir documentação com a descrição dos cargos, das funções de pessoal e da estrutura organizacional, além da definição de qualificação exigida e responsabilidades. A direção do serviço de saúde, a coordenação e o responsável técnico (RT) do BLH ou do PCLH devem planejar, implementar e garantir a qualidade dos processos, incluindo: os recursos humanos, materiais e equipamentos necessários para o desempenho de suas atribuições, em conformidade com a legislação vigente; a responsabilidade sobre o processo de trabalho; e a supervisão do pessoal técnico durante o período de funcionamento (BRASIL, 2006 apud ALMEIDA et al., 2008). Competem ao posto de coleta de leite humano as seguintes atividades: a) Desenvolver ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, como programas de incentivo e sensibilização sobre a doação de leite humano. (HINRICHSEN, 2004). b) Prestar assistência à gestante, puérpera, nutriz e lactente na prática do aleitamento materno. 1) Em relação à gestante: • prepará-la para a amamentação; • elaborar medidas de prevenção de doenças e outros fatores que impeçam a amamentação ou a doação de leite humano ordenhado. 2) Quanto à puérpera, à nutriz e ao lactente, prestar orientações sobre: 38 • autocuidado com a mama puerperal (HINRICHSEN, 2004); • cuidados ao amamentar; • pega, posição e sucção (HINRICHSEN, 2004 apud ALMEIDA et al., 2008); •ordenha, coleta e armazenamento do leite ordenhado no domicílio (HINRICHSEN, 2004 apud ALMEIDA et al., 2008); • cuidados na utilização do leitehumano ordenhado cru (LHOC) e do leite humano ordenhado pasteurizado (LHOP). 3) Executar as operações de controle clínico da doadora. a) Coletar, armazenar e repassar o leite humano ordenhado para o BLH ao qual o posto está vinculado. b) Registrar as etapas e os dados do processo, garantindo a rastreabilidade do produto. c) Manter um sistema de informação que assegure os registros – relacionados às doadoras e aos produtos – disponíveis às autoridades competentes, guardando sigilo e privacidade. d) Estabelecer ações que permitam a rastreabilidade do leite humano ordenhado. Além dessas atividades exercidas pelo posto de coleta, o banco de leite humano também processa e distribui o leite pasteurizado; responde tecnicamente pelo processamento e controle de qualidade do leite humano ordenhado procedente do PCLH a ele vinculado; e realiza o controle de qualidade dos produtos e processos sob sua responsabilidade (ALMEIDA et al., 2008, p. 1). 39 PRINCIPAIS PATOLOGIAS DO PERÍODO NEONATAL Fonte: bebe.abril.com.br Os bebês podem necessitar de internação em uma UTI por diversos motivos. Os mesmos problemas podem se apresentar de forma diferente entre os recém-nascidos, sendo, em cada caso, mais ou menos graves, acarretando períodos de internação e resultados diferentes. Alguns fatores influenciam esses resultados, e um bom acompanhamento pré-natal é fundamental, bem como a decisão do momento de interrupção da gravidez (MOREIRA; RODRIGUES, 2019). Prematuro é todo bebê que nasce antes de 37 semanas completas de gestação exemplifica Moreira e Rodrigues (2019) o problema mais comum nessa situação é sempre relacionado à maturidade dos órgãos e sistemas, decorrente, acima de tudo, da idade gestacional. Portanto, quanto mais prematuro (menor número de semanas gestacionais) for o neonato, maiores serão os riscos que ele enfrentará na vida fora do útero. As intercorrências mais comuns nos prematuros são: DOENÇAS RESPIRATÓRIAS – a mais comum é a chamada Doença de Membrana Hialina. Ela ocorre por falta de uma substância chamada surfactante, que atualmente pode ser administrada diretamente nos pulmões dos recém-nascidos que 40 apresentam doenças graves. Nos casos mais preocupantes, os prematuros podem necessitar da ajuda de ventiladores artificiais para sobreviver. Nos casos menos graves, podem necessitar de outros tipos de ajuda para respirar, fazendo uso, então, de aparelhos chamados CPAP ou hood (capacete). Na medida em que o tempo passa, os recém-nascidos vão amadurecendo e as necessidades de oxigênio diminuindo. Posteriormente, esse oxigênio não será mais necessário (MOREIRA; RODRIGUES, 2019). APNÉIAS – o bebê diminui seus batimentos cardíacos e suspende a respiração, podendo apresentar também cianose ao redor dos lábios e das extremidades. São comuns nos prematuros, mas podem significar que alguma coisa errada está acontecendo, por isso serão sempre investigadas. Se todos os exames forem normais, serão tratadas como apneias da prematuridade e algumas medicações aminofilina ou cafeína – podem ser prescritas para controlar sua ocorrência (MOREIRA; RODRIGUES, 2019). PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL – o canal arterial é um vaso sanguíneo que comunica a artéria pulmonar com a aorta. Essa comunicação é essencial na vida dentro do útero, mas após o nascimento espera-se que feche espontaneamente. Nos prematuros, em alguns casos, esse canal não fecha, ocorrendo uma sobrecarga de líquido para o pulmão, o que determina a necessidade de seu fechamento com medicamentos ou cirurgia (MOREIRA; RODRIGUES, 2019). ANEMIA – é uma situação comum no prematuro. Ocorre geralmente por perdas sanguíneas perto do parto ou pela necessidade de frequentes coletas de sangue para a realização de exames laboratoriais, os quais têm lugar principalmente na fase de maior gravidade do bebê. Também pode ocorrer mais tarde, quando então estará relacionada ao rápido crescimento do bebê prematuro (MOREIRA; RODRIGUES, 2019, p. 1). DISPLASIA BRONCOPULMONAR – é um problema que pode ocorrer com uma certa frequência nos recém-nascidos mais prematuros. Está relacionada à 41 própria prematuridade, ao uso de altas concentrações de oxigênio por tempo prolongado e a pressões e volumes usados nos respiradores. Quando o bebê chega a 36 semanas de idade corrigida – isto é, 36 semanas contando com as que ele viveu dentro do útero e ainda precisa de oxigênio suplementar, dizemos que ele apresenta quadro de displasia broncopulmonar (MOREIRA; RODRIGUES, 2019, p. 1). RETINOPATIA DA PREMATURIDADE – é um problema que pode ocorrer com frequência na vascularização da retina do bebê, em especial nos mais prematuros, e está relacionada à prematuridade extrema e ao uso de oxigênio. Em casos graves pode levar a perdas visuais significativas por descolamento de retina (MOREIRA; RODRIGUES, 2019). HEMORRAGIA INTRAVENTRICULAR – ocorre também nos prematuros mais graves e pode se apresentar em diversos graus. Refere-se a um sangramento no cérebro, mais especificamente nos ventrículos cerebrais. Em graus avançados, pode levar a hidrocefalias e preocupar quanto à evolução neurológica do bebê. O diagnóstico é realizado por meio da ultrassonografia cerebral e, em alguns casos, o neurologista ou neurocirurgião será chamado para avaliar e sugerir intervenções (MOREIRA; RODRIGUES, 2019). ASFIXIA – é quando há menos oxigênio que o normal no corpo todo ou em qualquer órgão que dele faz parte. Um fluxo sanguíneo insuficiente para um órgão pode causar asfixia, pois diminui o recebimento de oxigênio por parte deste. Isso pode ocorrer com o bebê em qualquer momento, ainda durante a vida intrauterina ou durante o parto, caso este seja demorado ou a extração difícil. Após o parto, essa intercorrência pode acontecer por questões clínicas ou no cuidado com o bebê. Se o período de asfixia for curto, o bebê se recupera sem apresentar alterações em seu desenvolvimento; em contrapartida, se o tempo for mais longo, pode haver lesão reversível, não permanente, que poderá ou não exigir a intervenção de profissionais da reabilitação. De qualquer forma, oferecerá ao bebê boas possibilidades de desenvolvimento adequado. Se o período for muito longo, pode haver lesão 42 permanente em um ou mais órgãos do corpo, gerando preocupação quanto ao funcionamento deste órgão ou quanto ao futuro desenvolvimento do bebê (MOREIRA; RODRIGUES, 2019). ASPIRAÇÃO – é respirar algum líquido ou sólido para dentro dos pulmões. As aspirações comuns em recém-nascidos incluem: • aspiração de mecônio, que é o líquido amniótico (o líquido da bolsa de água) misturado com as fezes, próximo ao nascimento (MOREIRA; RODRIGUES, 2019); • líquido amniótico (não contendo fezes); •sangue, frequentemente misturado ao líquido amniótico, novamente próximo ao momento do nascimento; • leite ou conteúdo do estômago durante a alimentação do bebê. PRESSÃO SANGUÍNEA BAIXA – bebês podem ter pressão baixa por muitas razões. Isso é comum, principalmente logo após o nascimento. Essas razões incluem: • perda de sangue antes ou durante o parto; • perda de líquido depois do parto; • infecção; • medicações dadas para a mãe antes do parto. Vale ressaltar que algumas vezes não se sabe porque a pressão sanguínea está baixa. PNEUMOTÓRAX, PNEUMOMEDIASTINO E ENFISEMA INSTERSTICIAL PULMONAR – normalmente, o ar que respiramos vai pela traquéia para uma série de ramos chamados brônquios. O ar então segue para os sacos aéreos (alvéolos), nos quais o oxigênio é liberado para o sangue e o gás carbônico para a atmosfera. Se os alvéolos ficam muito cheios de ar, este pode escapar e ir para espaços onde não deveria estar. Essa condição é algumas vezes chamada de ‘escape de ar’, e inclui as seguintes regiões: • pneumotórax – localiza-se entre a parede torácica e o pulmão. É a região onde o ar ficaretido dentro do tórax, causando colapso pulmonar; 43 • pneumomediastino – região sob a parte média do tórax, logo abaixo do osso esterno, onde o ar fica preso; • enfisema pulmonar intersticial – região entre os alvéolos, ao redor dos pequenos vasos sanguíneos e brônquios onde o ar fica retido. Menos rotineiramente, o ar pode ficar ao redor do coração (pneumopericárdio), sob a pele (enfisema subcutâneo), dentro da cavidade abdominal (pneumoperitônio) ou ao redor dos rins (pneumoretroperitônio). Um bebê frequentemente tem mais de uma forma de escape de ar. TAQUIPNÉIA TRANSITÓRIA – ocorre mais comumente em bebês a termo (nascidos aos nove meses completos de gestação), ou próximo do termo, principalmente naqueles que nasceram de partos cesarianos. O bebê respira muito rápido, mas precisa de pouco oxigênio. A causa costuma ser o acúmulo de fluidos no interstício pulmonar, que deverá ser reabsorvido. Esta reabsorção e a normalização da respiração do bebê ocorre entre 48h e 72h de vida (MOREIRA; RODRIGUES, 2019). 44 POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE AO RECÉM-NASCIDO NO BRASIL: REFLEXOS PARA A ASSISTÊNCIA NEONATAL Fonte: eudesquintino.jusbrasil.com.br As primeiras políticas públicas de saúde surgiram a partir de grandes transformações políticas, sociais e econômicas na Europa no século XVIII, quando houve o estabelecimento de novas relações de poder entre estado e sociedade e o nascimento da medicina social. Estas políticas eram voltadas fundamentalmente para o controle social, privilegiando a higiene, a infância e a medicalização da família (COSTA et al., 2019). Neste período, segundo Costa et al. (2019) a família começou a se organizar em torno da criança, atribuindo-lhe certa importância, o que a fez sair do anonimato. Tornou-se conveniente limitar o número de filhos, para melhorar a atenção dispensada a eles. Também o cuidado com o corpo, que antes era realizado com intuito moral, 45 passou a ter um sentido novo: saúde, disciplina e higiene; e como o corpo abrigava a alma, ele precisava ser sadio. Assim, no século XVIII surgiu um marco em relação à infância. O reconhecimento deste período cronológico como uma etapa distinta e com características próprias de desenvolvimento humano conferiu ao mesmo certa individualidade, passando então a ter um mundo próprio, separado do mundo dos adultos. O principal objetivo das primeiras políticas de saúde consistia em produzir maior número de crianças, com boas condições de vida, sob a imposição de um conjunto de obrigações, tanto aos pais, quanto aos filhos. Isso porque para o estabelecimento dessas novas relações, o capitalismo burguês, baseado na razão, na tecnologia e na produtividade, necessitava reformular o modo de entender os indivíduos, transformando a visão de corpo individual para corpo social produtivo, que deve ser protegido e cuidado, de modo quase médico biológico, higienista, sob controle e vigilância do estado (COSTA et al., 2019, p. 1). As transformações sociais ocorridas na vida infantil como exemplifica Costa et al. (2019) se deram concomitantemente às mudanças estruturais na produção dos bens materiais das sociedades europeias, pois foi no período mercantilista, caracterizado como o de transição do modo de produção feudal para o capitalista, que emergiu um novo juízo valorativo para a infância. O aumento da população tornou-se objetivo do estado, que tinha como meta o aumento da produtividade e o fortalecimento do exército. Uma das medidas implementadas para o exercício do controle estatal foi a institucionalização do parto, constituindo-se numa das tentativas de se controlar e monitorar o desenvolvimento da população. Desde então, o entendimento sobre os processos fisiológicos e patológicos referentes à gestante, ao parto e ao recém-nascido avançaram pelo desenvolvimento científico e tecnológico, permitindo a intervenção médica para melhoria das condições de saúde materno-infantil. Foucault analisa a natureza política da medicina na sociedade capitalista como uma estratégia de controle social que começa com o 46 controle do corpo. O autor questiona se o controle da sexualidade e da reprodução não teria implicações sociais para assegurar o controle populacional, reproduzir a força de trabalho e os modos que as relações sociais são estabelecidas, de forma a garantir que se tenha uma sexualidade socialmente útil e politicamente conservadora. No Brasil, ao longo das últimas décadas, o conjunto de intervenções voltadas para a atenção ao período da gestação e primeiro ano de vida esteve sempre no escopo das políticas públicas de saúde. A elaboração das políticas públicas voltadas ao recém-nascido culminou na consolidação de diversas leis e programas de saúde, voltados à atenção materno- infantil, que tiveram papel preponderante na organização dos sistemas e serviços de saúde. O objetivo deste estudo é identificar as principais políticas públicas de saúde ao recém-nascido no cenário brasileiro, a partir da década de oitenta do século XX e refletir sobre o impacto destas, na assistência neonatal. 12.1 A conquista de direitos da mulher/mãe e do recém-nascido Na década de 1980, o principal foco das leis e políticas públicas estava voltado para as conquistas dos direitos da mulher-mãe e, particularmente, para a consolidação das lutas anteriores, procurando dar visibilidade a este campo de atenção. Cabe-nos destacar que, durante esta década, o recém-nascido não era visto como sujeito do cuidado, até então ele ficava subsumido na atenção “integral” à mulher-mãe. No início dos anos 80, a regulamentação sobre o alojamento conjunto, pela Portaria 18 do Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS) do MS, apresentava algumas normas básicas para a implantação de alojamentos conjunto em instituições hospitalares (COSTA et al., 2019). Na medida em que proporcionava maior contato entre a mãe e o recém-nascido para o incentivo ao aleitamento materno, também apontava o início de uma série de transformações no campo assistencial da saúde. Embora fosse restrita a abrangência 47 populacional dessa medida, nascia nesse momento a percepção sobre a necessidade de amparo legal como premissa inicial para a efetivação de práticas humanizadas, direcionadas para o parto e o puerpério. O recém-nascido não aparecia como sujeito do cuidado, sendo que as ações e condutas estavam quase inteiramente voltadas para a mulher-mãe. Não eram, por conseguinte, respeitadas as especificidades da criança que chegava ao mundo (COSTA et al., 2019). Em 1983, de acordo com Costa et al. (2019) uma das maiores conquistas do movimento feminista foi a formulação, pelo MS, do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), sendo um programa inédito até então, não apenas voltado ao binômio mãe-filho, mas à atenção à saúde da mulher em sua totalidade e abrangência. O PAISM nasceu no processo de discussão do movimento sanitário, fundamentado na necessidade de reestruturação do Sistema Nacional de Saúde, e tendo como prioridade a atenção primária e a integralidade da atenção à saúde. Nesse sentido, a proposta do PAISM considerava a necessidade de articulação das ações de pré-natal, a assistência ao parto e ao puerpério, além da prevenção ao câncer e às doenças sexualmente transmissíveis, a assistência ao adolescente, assim como assistência específica às mulheres que vivenciavam a menopausa e a anticoncepção. O PAISM foi anunciado como uma nova e diferenciada abordagem da saúde da mulher, baseado no conceito de “atenção integral à saúde das mulheres” (AISM). Esse conceito implica o rompimento com a visão tradicional acerca desse tema, sobretudo no âmbito da medicina, que centralizava o atendimento às mulheres nas questões relativas à reprodução. Paradoxalmente, entretanto, esse programa constituiu-se também na primeiravez em que o Estado brasileiro propôs, oficial e explicitamente, e efetivamente implantou, embora de modo parcial, um programa que inclui o planejamento familiar dentre suas ações, ou seja, um projeto que contemplava o controle da reprodução. Desta forma, o PAISM foi pioneiro, inclusive, no cenário mundial, ao propor o atendimento à saúde reprodutiva das mulheres e não mais a 48 utilização de ações isoladas em planejamento familiar. O foco do programa era o planejamento familiar e a saúde da mulher (COSTA et al., 2019, p. 1). ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL FÍSICA DA UTI NEONATAL – UTIN Fonte: www.prosaude.org.br O serviço de saúde em que a UTI está inserida deve possuir alvará de licenciamento atualizado, expedido pela vigilância sanitária local. A Portaria nº 930, também orienta e estabelece as diretrizes para a estrutura física de uma UTIN, a classificação das UTINs, organização dos leitos, etc. Art. 5º A Unidade Neonatal é um serviço de internação responsável pelo cuidado integral ao recém-nascido grave ou potencialmente grave, dotado de estruturas assistenciais que possuam condições técnicas adequadas à prestação de http://www.prosaude.org.br/ 49 assistência especializada, incluindo instalações físicas, equipamentos e recursos humanos. § 1º As Unidades Neonatal devem articular uma linha de cuidados progressivos, possibilitando a adequação entre a capacidade instalada e a condição clínica do recém-nascido. § 2º Os recém-nascidos que necessitem dos cuidados específicos de Unidade Neonatal e que se encontrem em locais que não disponham destas unidades devem receber os cuidados necessários até sua transferência para uma Unidade Neonatal, que deverá ser feita após estabilização do recém-nascido e com transporte sanitário adequado, realizado por profissional habilitado. Art. 6º As Unidades Neonatal são divididas de acordo com as necessidades do cuidado, nos seguintes termos: I - Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN); II - Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal (UCIN), com duas tipologias: a) Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Convencional (UCINCo); e b) Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Canguru (UCINCa). Quanto a organização, estrutura e números de leitos, a portaria Nº 930, regulamenta: Parágrafo único. Poderá ser implantada, alternativamente, uma Unidade Neonatal de 10 (dez) leitos com um subconjunto de leitos, na proporção de 4 (quatro) leitos de UTIN para 4 (quatro) leitos de UCINCo e 2 (dois) leitos de UCINCa. (Incluído pela PRT GM/MS nº 3.389 de 30.12.2013) Art. 7º O número de leitos de Unidades Neonatal atenderá ao seguinte parâmetro de necessidade populacional: para cada 1000 (mil) nascidos vivos poderão ser contratados 2 (dois) leitos de UTIN, 2 (dois) leitos de UCINCo e 1 (um) leito de UCINCa. § 1º A UCINCa somente funcionará em unidade hospitalar que conte com UCINCo, de forma anexa ou como subconjunto de leitos de uma UCINCo. 50 § 2º O conjunto de leitos de Cuidados Intermediários, Convencional e Canguru, conterá, no mínimo, 1/3 (um terço) de leitos de Canguru. (Redação dada pela PRT GM/MS nº 3.389 de 30.12.2013) § 3º A Unidade Neonatal que contar com leitos de UTIN, UCINco e UCINca deverá contar com, no mínimo, 10 (dez) leitos totais em ambiente contíguo, compartilhando a mesma equipe prevista para UTIN de que trata os arts. 13 e 14. (Incluído pela PRT GM/MS nº 3.389 de 30.12.2013). § 4º Na abertura de Unidades Neonatais que contar com leitos de UTIN, UCINco e UCINca com módulos de 10 (dez) leitos, deverá ser considerada a proporção prevista no parágrafo único do art. 6º. (Incluído pela PRT GM/MS nº 3.389 de 30.12.2013). § 5º A Unidade Neonatal terá custeio de acordo com a tipologia de cada leito, na proporção de 4 (quatro) leitos de UTIN para 4 (quatro) leitos de UCINCo e 2 (dois) leitos de UCINCa. (Incluído pela PRT GM/MS nº 3.389 de 30.12.2013). Art. 8º Para novos estabelecimentos de saúde que disponham de maternidade e que possuam também UTIN ou UCIN é obrigatória a previsão, no projeto arquitetônico de sua área física, de alojamento para as mães cujos recém-nascidos estiverem internados em UTIN ou UCIN, de forma a garantir condições para o cumprimento do direito do recém-nascido a acompanhante em tempo integral. Art. 9º Serão habilitadas pelo Ministério da Saúde as novas Unidades Neonatal, bem como as já existentes que se adequarem aos requisitos desta Portaria. Serviço de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) Art. 10. UTIN são serviços hospitalares voltados para o atendimento de recém- nascido grave ou com risco de morte, assim considerados: I recém-nascidos de qualquer idade gestacional que necessitem de ventilação mecânica ou em fase aguda de insuficiência respiratória comFiO2 maior que 30% (trinta por cento); 51 II recém-nascidos menores de 30 semanas de idade gestacional ou com peso de nascimento menor de 1.000 gramas; III recém-nascidos que necessitem de cirurgias de grande porte ou pós- operatório imediato de cirurgias de pequeno e médio porte; IV - recém-nascidos que necessitem de nutrição parenteral; e V - recém-nascidos que necessitem de cuidados especializados, tais como uso de cateter venoso central, drogas vasoativas, prostaglandina, uso de antibióticos para tratamento de infecção grave, uso de ventilação mecânica e Fração de Oxigênio (FiO2) maior que 30% (trinta por cento), exsanguineo transfusão ou transfusão de hemoderivados por quadros hemolíticos agudos ou distúrbios de coagulação. (Redação dada pela PRT GM/MS nº 3.389 de 30.12.2013) Art. 11. As UTIN deverão cumprir os seguintes requisitos de Humanização: I - Controle de ruído; II - Controle de iluminação; III - Climatização; IV - Iluminação natural, para as novas unidades; V - Garantia de livre acesso da mãe e do pai, e permanência dos mesmos; VI - garantia de visitas programadas dos familiares; e VII - garantia de informações da evolução dos pacientes aos familiares, pela equipe médica, no mínimo, uma vez ao dia. Art. 12. Para fins de habilitação como UTIN, o serviço hospitalar deverá dispor de equipe multiprofissional especializada, equipamentos específicos próprios e tecnologia adequada ao diagnóstico e terapêutica dos recém-nascidos graves ou com risco de morte. (Redação dada pela PRT GM/MS nº 3.389 de 30.12.2013). 52 SEGURANÇA DO PACIENTE EM UNIDADE NEONATAL Fonte: http:www.hmjmj.com.br Em Unidade de Internação Neonatal (UIN) há distintas circunstâncias que permeiam riscos às crianças; por isso, incidentes de segurança, com ou sem danos, podem ocorrer independente da intenção dos profissionais. Ressalta-se que um incidente consiste em um evento que pode resultar em dano desnecessário; e, evento adverso, um incidente que resultou em dano. Assim, estabelece-se como segurança do paciente a redução do risco de danos desnecessários associados aos cuidados de saúde para um mínimo aceitável (RODRIGUES et al., 2018). As circunstâncias de cuidado caracterizam o atendimento ofertado, sendo tal concepção proposta para além de intervenções, envolvendo equipe de saúde, paciente, familiar, contexto e cenário Rodrigues et al. (2018) alega que os incidentes de segurança nas UIN relacionam-se, principalmente, com o processo medicamentoso, sendo suas causas associadas a fatores humano. O manuseio por 53 vários profissionais e o prolongado período de internação constituem elementos que elevam a exposição à falha. A inserção do pai e/ou da mãe na rotina beneficia paciente, familiar e instituição. Porém, apesar de delegar cuidado aos pais, percebe- se a família apenas como um acompanhante que auxilia quando convém aos profissionais. No entanto, a assistência em neonatologia deve extrapolar a criança, envolvendo também o cuidado com o familiar. No dizer de Rodrigues et al. (2018) a presença do acompanhante consisteem requisito fundamental para o desenvolvimento da cultura de segurança, pois as mães possuem atitudes proativas como: capacidade de observar, oferecer proteção à criança e questionar os profissionais. Portanto, salienta-se a importância de a equipe conhecer os sentimentos do familiar em relação à situação experenciada. Acredita-se que, de forma geral, acompanhantes podem ser parceiros para a segurança na identificação e prevenção de eventos adversos. Ainda, o conhecimento da perspectiva da família pode contribuir para a mudança do cenário de segurança do paciente. Assim, diante da escassez de estudos sobre incidentes/eventos adversos em UIN e do pressuposto de que a participação do familiar não é explorada em sua plenitude, justifica-se a realização desta pesquisa, a qual teve como questão norteadora: Quais as preocupações e estratégias sobrea segurança do paciente percebidas por pais em unidade neonatal? Portanto, este estudo teve por objetivo analisar como os pais identificam a segurança do paciente em unidade neonatal (RODRIGUES et al., 2018). 54 REFERÊNCIAS ALMEIDA, João Aprígio Guerra de et al. Redeblh. Banco de Leite Humano: Funcionamento, Prevenção e Controle de Riscos, Brasilia, p. 1-160, 8 out. 2008. ALMEIDA, Jordana Moreira de; LUZ, Sylvana de Araújo Barros; UED, Fábio da Veiga. Scielo. Apoio ao aleitamento materno pelos profissionais de saúde: revisão integrativa da literatura, Uberaba, p. 1-8, 10 jun. 2015. COSTA, Roberta et al. Here. POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE AO RECÉM- NASCIDO NO BRASIL: REFLEXOS PARA A ASSISTÊNCIA NEONATAL, Santa Catarina, p. 1-14, 14 out. 2019. DUARTE, Elysângela Dittz et al. Pesquisa. A família no cuidado do recém-nascido hospitalizado: possibilidades e desafios para a construção da integralidade, Florianópolis, p. 1-8, 14 nov. 2012. GOMES, Luciana. Fiocruz. Trabalhar em UTI neonatal: os desafios da relação de serviço e a saúde das/os técnicas/os de enfermagem”, Rio de Janeiro, p. 1-234, 11 jul. 2011. MONTANHOLI, Liciane Langona et al. Scielo. Atuação da enfermeira na unidade de terapia intensiva neonatal: entre o ideal, o real e o possível, São Paulo, p. 1-8, 10 abr. 2011. MOREIRA, Maria Elisabeth Lopes; RODRIGUES, Mônica Andrade. Scielo. O bebê na UTI, [S. l.], p. 1-9, 14 nov. 2019. 55 NAIDON, Ângela Maria et al. Scielo. Gestação, parto, nascimento e internação de recém-nascidos em terapia intensiva neonatal: relato de mães, [S. l.], p. 1-9, 27 set. 2018. REFRANDE, Sueli Maria. Scielo. Vivências do enfermeiro no cuidado ao recém- nascido de alto risco: estudo fenomenológico, Niteroi, p. 1-3, 18 set. 2019. RIOS, Izabel Cristina. Scielo. Humanização: a essência da ação técnica e ética nas práticas de saúde, Rio de Janeiro, p. 1-7, 1 jan. 2019. RODRIGUES, Fernanda Araújo et al. Periódicos. SEGURANÇA DO PACIENTE EM UNIDADE NEONATAL, [S. l.], p. 1-9, 14 set. 2018. SAÚDE, Ministerio da. Bvsms. Aleitamento Materno e Alimentação Complementar, Brasilia, p. 1-186, 18 nov. 2015. SAÚDE, MINISTÉRIO DA. Saude. 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