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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA REGIÃO DA CAMPANHA CURSO DE ENFERMAGEM EMILY MARTINS O OLHAR DA GESTANTE FRENTE AO PAPEL DO ENFERMEIRO NA IDENTIFICAÇÃO E MONITORAMENTO DO DIABETES GESTACIONAL BAGÉ 2025 EMILY MARTINS O OLHAR DA GESTANTE FRENTE AO PAPEL DO ENFERMEIRO NA IDENTIFICAÇÃO E MONITORAMENTO DO DIABETES GESTACIONAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à banca examinadora do Curso de Enfermagem do Centro Universitário da Região da Campanha, Campus Bagé – RS, como requisito parcial para a obtenção da titulação de Bacharel em Enfermagem. Orientadora: Prof.ª Enf.ª Júlia Cunha Dutra BAGÉ 2025 CENTRO UNIVERSITÁRIO DA REGIÃO DA CAMPANHA CURSO DE ENFERMAGEM A COMISSÃO AVALIADORA, ABAIXO ASSINADA, APROVA O TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO: O OLHAR DA GESTANTE FRENTE AO PAPEL DO ENFERMEIRO NA IDENTIFICAÇÃO E MONITORAMENTO DO DIABETES GESTACIONAL ELABORADO POR: EMILY BORGES MARTINS ORIENTADO POR: PROF. ª ENF. ª JÚLIA CUNHA DUTRA COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM ENFERMAGEM. BANCA EXAMINADORA: _____________________________________ Enf. ª Débora Machado De Souza _____________________________________ Enf. ª. Me. Isadora Roman da Silva JULHO DE 2025 BAGÉ – RS Dedico este trabalho ao homem que me criou, me ensinou muitas coisas importantes e me inspirou a fazer este curso, meu avô, Luis Jorge Borges, in memoriam, que mesmo não estando mais aqui, sua presença continua viva em mim e nas minhas conquistas. AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente, ao meu avô, Luis Jorge Borges (in memoriam), cuja luta corajosa contra o câncer foi a maior inspiração para que eu escolhesse a Enfermagem como caminho de vida. Por mais que eu sinta, no fundo do meu coração que não pude salvá-lo, carrego comigo o desejo e a missão de através da minha profissão, poder salvar muitas outras vidas. Ele será sempre a minha motivação mais profunda. A minha família, em especial, a minha avó que sempre esteve ao meu lado, me apoiando e ao meu pai, que, mesmo diante das desavenças, sempre acreditou em mim e nunca hesitou em dizer "sim" para cada uma das minhas ideias. Seu apoio, mesmo silencioso às vezes, foi essencial para que eu chegasse até aqui. Aos meus professores, minha mais profunda gratidão, não tenho palavras suficientes para expressar o quanto foram importantes nesse trajeto. Foram muito mais que educadores, foram inspiração, apoio e exemplo. Espero, um dia, ser ao menos um terço dos profissionais que vocês são. Em especial, agradeço à minha orientadora Júlia, por sua paciência, dedicação e por acreditar no meu potencial mesmo quando eu duvidava de mim. Sua orientação foi essencial para a realização deste trabalho. Aos meus colegas e amigos, que caminharam ao meu lado, oferecendo força, escuta e incentivo nos momentos mais difíceis. Obrigada por não me deixarem desistir e por celebrarem comigo cada pequena conquista. ‘’Em cada gesto de cuidado com a gestante, a enfermagem escreve silenciosamente a história de uma nova vida’’. (Autor desconhecido) RESUMO O diabetes gestacional é a condição metabólica mais comum durante a gravidez, impactando diretamente tanto a saúde da mãe quanto a do bebê. Aproximadamente 12% das gestantes desenvolvem diabetes gestacional ao longo da gravidez, e cerca de 87% dos casos de diabetes diagnosticados são tratados em unidades especializadas no acompanhamento de gestantes. A equipe de enfermagem desempenha uma função vital ao assegurar um acompanhamento adequado e ao incentivar o autocuidado da gestante, esse acompanhamento é fundamental para prevenir complicações e promover a saúde durante o pré-natal quanto e pós-parto. Esta pesquisa teve como principal objetivo analisar a percepção das gestantes em relação ao papel da enfermagem na identificação precoce e no monitoramento eficaz do diabetes gestacional. A seguinte pesquisa foi conduzida através de um estudo de campo de caráter qualitativo e descritivo, por meio de um questionário que foi aplicado as gestantes maiores de idade e que se disponibilizaram a participar, tendo garantidos todos os preceitos éticos que envolvem as pesquisas com seres humanos. A análise adotada, foi a metodologia sugerida por Bardin. Esta pesquisa foi desenvolvida em um centro de referência em saúde de um Município da Região da Campanha do RS. O estudo evidencia a importância da enfermagem na identificação precoce e no monitoramento contínuo do diabetes gestacional. A atuação qualificada, com foco em educação, acolhimento e vigilância, é essencial para a saúde materno-fetal. O enfermeiro, especialmente na Atenção Primária, é figura central na promoção do autocuidado e adesão ao tratamento. Contudo, foram identificadas falhas nas ações educativas coletivas e limitações estruturais nos serviços. A pesquisa aponta a necessidade de reforçar a educação em saúde com linguagem acessível e materiais adequados. Considera-se que é fundamental valorizar o papel da enfermagem com uma abordagem humanizada, educativa e individualizada, sendo necessário apoio de políticas públicas para fortalecer esse cuidado no pré-natal. A partir da análise dos dados obtidos, foram identificadas falhas na implementação de estratégias coletivas de educação em saúde, além de limitações na estrutura dos serviços. Também se observou a necessidade de reforçar ações educativas com linguagem acessível, materiais de apoio e espaços específicos para o esclarecimento de dúvidas. Os resultados apontam que fortalecer a atuação da enfermagem vai além da assistência clínica, sendo essencial para garantir um cuidado humanizado, acessível e centrado nas necessidades de cada gestante. Palavras-chave: Diabetes Mellitus; Diagnostico; Cuidados; Gestante; Enfermeiro. ABSTRACT Gestational diabetes is the most common metabolic condition during pregnancy, directly impacting both maternal and fetal health. Approximately 12% of pregnant women develop gestational diabetes during pregnancy, and around 87% of diagnosed diabetes cases are treated in specialized units dedicated to maternal care. The nursing team plays a vital role in ensuring proper follow-up and encouraging self-care among pregnant women, which is essential for preventing complications and promoting health during both the prenatal and postpartum periods.This research aimed to analyze the perception of pregnant women regarding the role of nursing in the early identification and effective monitoring of gestational diabetes. The study was conducted through a qualitative and descriptive field research, using a questionnaire applied to adult pregnant women who voluntarily agreed to participate, with all ethical guidelines concerning human research strictly followed. The analysis was carried out using the methodology proposed by Bardin. The research was developed in a reference health center in a municipality in the Campanha Region of Rio Grande do Sul (RS), Brazil. The study highlights the importance of nursing in the early identification and continuous monitoring of gestational diabetes. Qualified nursing practice—focused on education, support, and constant surveillance—is essential for maternal and fetal health. Nurses, particularly in Primary Health Care, play a central role in promoting self-care and treatment adherence. However, shortcomings were identified in collective educational activities and structural limitations within healthcare services. The research points to the need to strengthen health education usingMinistério da Saúde. Caderno de atenção básica: atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília: Ministério da Saúde, 2022. CARDOSO, Soraya Lopes et al. Ações de promoção para saúde da gestante com ênfase no pré-natal. Revista Interfaces Saúde Hum Tecnol, v. 7, n. 1, p. 180-186, 2019. CARPES, F et al. Percepção de acadêmicos de enfermagem acerca do papel do enfermeiro no cuidado pré-natal. Revista Enfermagem Atual In Derme, Goiânia, v. 79, n. 17, p. 20-22, 2019. CARVALHO, T. B et al. 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Aproximadamente 12% das gestantes desenvolvem diabetes gestacional ao longo da gravidez, e cerca de 87% dos casos de diabetes diagnosticados são tratados em unidades especializadas no acompanhamento de gestantes. A equipe de enfermagem desempenha uma função vital ao assegurar um acompanhamento adequado e ao incentivar o autocuidado da gestante, esse acompanhamento é fundamental para prevenir complicações e promover a saúde durante o pré-natal quanto e pós-parto. Este projeto tem como principal objetivo analisar a percepção das gestantes em relação ao papel da enfermagem na identificação precoce e no monitoramento eficaz do diabetes gestacional. O seguinte projeto conduzido através de um estudo de campo de caráter qualitativo e descritivo, por meio de um questionário que será aplicado as gestantes maiores de idade e que se disponham a participar, tendo garantidos todos os preceitos éticos que envolvem as pesquisas com seres humanos. A análise adotada será a metodologia sugerida por Bardin. Esta pesquisa será desenvolvida no Centro de Atenção Materno Infantil Camilo Gomes, na cidade de Bagé/RS. Palavras-chave: Diabetes Mellitus; Diagnostico; Cuidados; Gestante; Enfermeiro. ABSTRACT Gestational diabetes is the most common metabolic condition during pregnancy, directly impacting the health of both the mother and the baby. Approximately 12% of pregnant women develop gestational diabetes throughout pregnancy, and approximately 87% of diagnosed diabetes cases are treated in units specialized in monitoring pregnant women. The nurse plays a vital role in ensuring adequate monitoring and encouraging self-care for pregnant women. This monitoring is essential to prevent complications and promote health during prenatal care and postpartum. This project's main objective is to analyze the perception of pregnant women regarding the role of nursing in the early identification and effective monitoring of gestational diabetes. The following project is conducted through a field study of a qualitative and descriptive nature, using a questionnaire that will be applied to pregnant women of legal age and who are willing to participate, ensuring all ethical precepts involving research with human beings. The analysis adopted will be the methodology suggested by Bardin. This research will be carried out at the Camilo Gomes Maternal and Child Care Center, in the city of Bagé/RS. Keywords: Diabetes Mellitus; Diagnosis; Care; Pregnant woman; Nurse LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS APSAtenção Primária à Saúde CNS Conselho Nacional de Saúde DG Diabetes gestacional DM2 Diabetes tipo 2 DMG Diabetes Mellitus Gestacional ESF Equipe de Saúde da Família MS Ministério da Saúde NASF - AB Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica NPH Neutral Protamine Hagedorn PHPN Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento RN Recém nascido SBD Sociedade Brasileira de Diabetes SEPA Serviço Escola de Psicologia Aplicada TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TOTG Teste Oral de Tolerância à Glicose UBS Unidade Básica de Saúde LISTA DE TABELAS TABELA 1 – Orçamento..................................................................................26 TABELA 2 – Cronograma................................................................................27 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8 1.1 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 9 1.2 TEMA .................................................................................................................. 10 1.3 PROBLEMA ........................................................................................................ 10 1.4 HIPÓTESES ........................................................................................................ 10 1.5 OBJETIVOS ........................................................................................................ 10 1.5.1 Objetivo geral ................................................................................................. 10 1.5.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 10 2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 11 2.1 GESTAÇÃO E PRÉ-NATAL..................................................................................11 2.1.1 Alterações Fisiológicas e Emocionais...........................................................13 2.1.2 Equipe Multiprofissional.................................................................................14 2.2 DIABETES MELLITUS GESTACIONAL...............................................................15 2.3 EDUCAÇÃO EM SAÚDE......................................................................................18 3 METODOLOGIA DE PESQUISA ........................................................................... 22 3.1 CARACTERÍSTICA DA PESQUISA .................................................................... 22 3.2 LOCAL E PERÍODO DO ESTUDO ..................................................................... 22 3.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO .......................................................................... 22 3.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ........................................................ 23 3.5 COLETA DE DADOS .......................................................................................... 23 3.6 ANÁLISE DE DADOS.......................................................................................... 24 3.7 RISCOS E BENEFÍCIOS ..................................................................................... 24 3.8 ASPECTOS ÉTICOS........................................................................................... 25 4 ORÇAMENTO ........................................................................................................ 26 5 CRONOGRAMA .................................................................................................... 27 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 28 APÊNDICES ............................................................................................................. 33 APÊNDICE A - SOLICITAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DA PESQUISA ................... 34 APÊNDICE B – ROTEIRO DA ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA ..................... 35 APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ........... 37 APÊNDICE D – SERVIÇO ESCOLA DE PSICOLOGIA APLICADA – SEPA .......... 39 8 1 INTRODUÇÃO O diabetes gestacional (DG) é a condição metabólica mais comum durante a gravidez, impactando diretamente tanto a saúde da mãe quanto a do bebê. Aproximadamente 12% das gestantes desenvolvem DG ao longo da gravidez, e cerca de 87% dos casos de diabetes diagnosticados são tratados em unidades especializadas no acompanhamento de gestantes (American Diabetes Association, 2021). O diagnóstico precoce do diabetes gestacional (DG) é crucial, por isso é essencial realizar os exames ainda no primeiro trimestre, quando se inicia o pré-natal. Identificar alterações nos níveis de glicose permite orientar a gestante sobre os cuidados necessários durante a gravidez, ajudando a reduzir os efeitos adversos das alterações metabólicas na saúde de ambos. Além disso, o diagnóstico precoce pode ajudar a identificar mulheres com maior risco de desenvolver diabetes no futuro (Rosset, 2020). O desenvolvimento do DG está relacionado ao aumento dos hormônios que antagonizam a insulina e que diminui a capacidade do corpo de metabolizar insulina, aumentando os níveis de açúcar no sangue. Resultado principalmente do estresse provocado pelas mudanças corporais durante a gravidez, além de fatores genéticos e ambientais (Sociedade Brasileira de Diabetes, 2019). Portanto, é fundamental a realização regular e adequada de um acompanhamento tanto do enfermeiro quanto do médico durante todo o pré-natal. Essa assistência visa permitir um diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento para o diabetes gestacional (DG) ou outros distúrbios, ajudando a minimizar as complicações para a saúde da mãe e do feto (Barreto et al., 2020). O diabetes tipo 2 (DM2) tem se tornado cada vez mais comum, principalmente devido aos hábitos de vida da sociedade moderna, que incluem sedentarismo e dietas industrializadas. Isso resultou em um aumento no número de mulheres com diabetes mellitus, seja pré-existente ou diagnosticado durante a gravidez (Moraes et al., 2020). Embora os métodos para diagnóstico e tratamento estejam bem estabelecidos, muitas vezes esses procedimentos não são realizados de maneira precoce ou adequada. Isso pode causar atrasos no início do tratamento, prolongando o período em que a mãe e o feto ficam expostos à hiperglicemia (Muzy et al., 2021). O enfermeiro desempenha uma função vital ao assegurar um acompanhamento adequado e ao incentivar o autocuidado da gestante. Esse 9 acompanhamento é fundamental para prevenir complicações e promover a saúde da mãe do RN, tanto durante o pré-natal quanto no pós-parto (Pitta, 2019). O enfermeiro é responsável por desenvolver um plano de cuidado que identifica as necessidades da gestante, solicita exames trimestrais, prescreve medicações apropriadas para a gestação, avalia os resultados dos exames e ajusta o atendimento conforme as particularidades de cada caso. Oferecendo um atendimento abrangente e humanizado (Gomes et al., 2019). Além disso, a educação em saúde desempenha um papel crucial em todas as consultas, especialmente no contexto do diabetes gestacional. As gestantes frequentemente enfrentam situações delicadas que exigem ajustes rápidos e rigorosos em sua alimentação e estilo de vida. Assim, é essencial que o enfermeiro possua um conhecimento sólido para fornecer informações que facilitem esse processo complexo (Jerke et al., 2019). Portanto,buscar orientações e capacitações específicas sobre a temática é fundamental para garantir um atendimento completo e humanizado, preparando o profissional para oferecer o melhor suporte possível nessa fase de acompanhamento à gestante, para que não haja complicações como hipertensão gestacional, parto prematuro e aumento do risco de diabetes tipo 2 no futuro. Além disso, é fundamental trabalhar em conjunto com outros profissionais de saúde para assegurar um atendimento coeso e eficiente (Cortez et al., 2023). 1.1 JUSTIFICATIVA A intervenção da equipe de enfermagem desempenha um papel muito importante no acompanhamento correto durante a gestação e o pré-natal. É também necessária na assistência à mulher gestante com diabetes gestacional, especialmente quando essas medidas são adotadas no primeiro ou segundo trimestre da gestação. É de extrema importância para o feto e futuramente recém-nascido (RN) que haja o diagnóstico precoce, nas primeiras semanas da gestação, diminuindo assim os riscos de DMG (Mariano et al., 2021). As gestantes devem estar cientes do processo de DG, do seu diagnóstico e das suas complicações. Ressalta-se também a importância não só do acompanhamento do enfermeiro quanto o comparecimento da gestante nas consultas de enfermagem para que com isso os enfermeiros possam criar e realizar um pré-natal adequado, facilitando a identificação dos agravos que podem surgir durante a DG. 10 1.2 TEMA A Enfermagem na Identificação e Monitoramento do Diabetes Gestacional 1.3 PROBLEMA Qual a percepção das gestantes em relação ao papel do enfermeiro na identificação e monitoramento precoce da diabetes gestacional? 1.4 HIPÓTESES Gestantes que apresentam comorbidades como obesidade e hipertensão, estão mais propensas ao desenvolvimento de DMG. A frequência das medições de glicemia pela equipe de enfermagem resulta em controle mais eficaz dos níveis de glicose, diminuindo as complicações; Pacientes que participam de atividades de educação em saúde, apresentam melhor adesão e resposta as orientações; O medo da perda gestacional impacta positivamente na adesão das pacientes aos exames de diagnóstico e controle. 1.5 OBJETIVOS 1.5.1 Objetivo geral Analisar a percepção das gestantes em relação ao papel da enfermagem na identificação precoce e no monitoramento eficaz do diabetes gestacional. 1.5.2 Objetivos específicos Caracterizar os participantes da pesquisa; Analisar a percepção das gestantes quanto ao monitoramento da glicemia e o controle da diabetes no pré-natal; Investigar a educação e o apoio fornecidos pela equipe de enfermagem às gestantes com diabetes gestacional; Averiguar as percepções das pacientes quanto os riscos e complicações do diabetes gestacional. 11 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 GESTAÇÃO E PRÉ-NATAL A gestação provoca mudanças significativas no organismo da mãe, é um período marcado por transformações fisiológicas, físicas e psicológicas na vida da mulher. Essas mudanças, no início, são causadas pelos hormônios produzidos pelo corpo lúteo e pela placenta, e a partir do segundo trimestre também estão relacionadas ao crescimento do útero. As alterações mais importantes na fisiologia da gestante envolvem os sistemas cardiovascular, respiratório e gastrointestinal, além de afetarem o metabolismo e o sistema hematológico (Alves, 2020). A gestação é dividida em três trimestres. No primeiro trimestre, ocorre a fecundação e o estabelecimento do embrião no útero, iniciando o desenvolvimento das primeiras camadas dos órgãos. Ao final desse período, o embrião começa a tomar forma. No segundo trimestre, o feto já desenvolveu completamente todos os seus órgãos. No terceiro, o feto ganha peso e altura, enquanto a mãe se prepara para o parto. Durante toda a gestação, é essencial que a mulher mantenha hábitos saudáveis para garantir o bom desenvolvimento do feto (Montenegro; Rezende, 2019) A gravidez provoca alterações no corpo da mãe que podem chegar ao limite do patológico, impondo uma carga significativa tanto física quanto psicológica. Se a gestante não receber o acompanhamento adequado, pode haver a sobreposição de condições patológicas preexistentes, transformando o processo reprodutivo em uma situação de risco para a mãe e o feto (Fonseca et al., 2021). No ano de 2000, o Ministério da Saúde (MS) fundou o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN). Este programa tem como objetivo reduzir a mortalidade materna e perinatal, proporcionando uma assistência de qualidade e humanizada desde o parto até o puerpério (Lima et al., 2019). De acordo com o Programa de Humanização no pré-natal e nascimento, recomenda-se que a gestante realize pelo menos 6 (seis) consultas pré-natais, distribuídas da seguinte forma: uma no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três no terceiro trimestre. Também é importante lembrar da consulta puerperal, que deve ocorrer até quarenta e dois dias após o parto. Durante as consultas, são realizados exames, vacinas, tratamentos para eventuais alterações, além de ações de prevenção e diagnóstico de câncer de mama e de colo do útero, bem como encaminhamentos necessários (Brasil, 2013). 12 O pré-natal tem como objetivo atender, acolher e garantir as necessidades da mulher desde o início até o final da gestação. Ele assegura o acompanhamento contínuo, o desenvolvimento e a avaliação de todos os aspectos da gravidez, visando um parto seguro e um recém-nascido saudável, sem comprometer a saúde da mãe. Além disso, promove o bem-estar físico, mental e a saúde durante toda a gravidez (Lima et al., 2019). O acompanhamento pré-natal é crucial durante a gestação para identificar possíveis patologias maternas e fetais, prevenir o surgimento de novas condições e tratar aquelas já existentes. Quando realizado de maneira adequada, o pré-natal pode diminuir a morbidade e mortalidade materno-infantil, pois a detecção precoce dos riscos gestacionais possibilita orientações e encaminhamentos apropriados em cada fase da gravidez (Marques et al., 2020). É dever do enfermeiro orientar as mulheres sobre a importância do pré-natal, da amamentação e da alimentação adequada. O enfermeiro é responsável por realizar consultas de pré-natal, solicitar exames conforme os protocolos, realizar exames físicos, como o teste das mamas e a coleta de citologia cervical, quando necessário. Além disso, é essencial que haja a identificação de gestantes com sinais de alerta ou de alto risco e encaminhá-las rapidamente para o pré-natal de alto risco (Carpes et al., 2019). No âmbito desse programa, cada gestante tem o direito a um atendimento humanizado, seguro e de qualidade durante a gestação, o parto e o puerpério, conforme as diretrizes estabelecidas pela prática médica. Além disso, cada recém- nascido tem direito a uma assistência neonatal igualmente humanizada e segura. Para garantir isso, é necessário realizar consultas regulares de pré-natal e pediátricas, além de exames laboratoriais, de imagem, vacinação, avaliação de risco gestacional e atividades educativas para as gestantes (Cardoso et al., 2019). As seis consultas de acompanhamento no pré-natal são oferecidas gratuitamente pelo MS, porém nem todas as gestantes frequentam as consultas marcadas, seja pela incompreensão da real importância desse acompanhamento ou pela falta de comprometimento (Carvalho; Cerqueira, 2020). É importante que o profissional forneça durante o pré-natal orientações detalhadas sobre o trabalho de parto. Essas informações são essenciais para evitar comportamentos que possam aumentar a ansiedade, o medo e a insegurança durante o parto. Além disso, essas orientações ajudam a gestante a tomar decisões de forma 13 autônoma, sem ser influenciada em relação ao que diz respeito ao seu próprio corpo. Encontros regularessão fundamentais para esclarecer dúvidas e garantir que possíveis conflitos não impactem negativamente esse momento especial do nascimento do bebê (Carvalho; Cerqueira, 2020). Segundo o MS, é permitido que o enfermeiro realize o acompanhamento completo do pré-natal de risco habitual. O enfermeiro é um profissional qualificado o suficiente para implementar estratégias de promoção da saúde, prevenção de doenças e cuidados humanizados. Para isso, ele desenvolve um plano de assistência durante as consultas de pré-natal, com base nas necessidades identificadas e priorizadas, definindo as intervenções necessárias, fornecendo orientações e encaminhando a gestante para outros serviços quando necessário (Sehnem et al., 2020). 2.1.1 Alterações Fisiológicas e Emocionais Durante o período da gestação existem muitas modificações no organismo materno que tem como finalidade adaptar-se às necessidades orgânicas materno-fetal e do parto. Essas modificações acontecem a partir no segundo trimestre são resultantes de ações hormonais, resultante do corpo lúteo e da placenta (De Oliveira et al., 2020). Emoções estão presentes em qualquer processo humano comum, e durante a gestação, devido à responsabilidade da mãe com o ciclo gestacional, surge uma carga emocional significativa. Isso faz com que os sentimentos se tornem mais intensos, levando as gestantes a manifestarem essas emoções de forma mais acentuada. Essas emoções, sejam positivas ou negativas, podem ou não se tornar patológicas, dependendo da intensidade com que são vivenciadas (Gomes et al., 2020). A gestação, dura aproximadamente 41 semanas até o parto, é um período de formação de um novo ser. Esse período é caracterizado por modificações no estilo de vida da mulher, impactando também a vida pessoal, a relação do casal, podendo lhes causar um certo desequilíbrio no relacionamento. Este desequilíbrio parte das modificações fisiológicas e psicológicas que acometem a mulher neste período, logo há mudanças hormonais e físicas que interferem diretamente na autoestima e libido da mulher (Ferreira et al., 2021). O estresse se manifesta no dia a dia, sendo visível nas interações cotidianas. Ele está relacionado às mudanças que ocorrem durante a gestação e aos diversos 14 desafios que surgem em função dos papéis sociais, especialmente com o aumento da carga e da responsabilidade da mãe durante esse período (Gomes et al., 2020). Em algumas mulheres, a ansiedade pode se manifestar de maneira intensa, revelando-se em preocupações excessivas e/ou em um estado de tensão, insatisfação, insegurança, incerteza e medo em relação à maternidade (Chemello et al., 2021). A ansiedade materna é identificada como uma emoção comum e um dos impactos mais recorrentes nas gestantes. Isso a torna um fator que prejudica a comunicação entre mãe e bebê, além de afetar a capacidade da mãe de atender às necessidades da criança. O estresse pode resultar em complicações como baixo peso ao nascer, aborto espontâneo e maior risco de prematuridade, além de provocar alterações neurológicas, imunológicas e outras condições patológicas, afetando tanto a mãe quanto o bebê durante a gestação (Gomes et al., 2020). 2.1.2 Equipe Multidisciplinar O trabalho em equipe multiprofissional foi definido como uma forma de colaboração coletiva, na qual profissionais de diversas áreas do conhecimento interagem reciprocamente através de suas intervenções técnicas. Esse tipo de trabalho é baseado na comunicação e na cooperação entre os membros da equipe. Portanto, é essencial discutir a importância dessa colaboração entre diferentes áreas profissionais e como essa interação impacta a qualidade do atendimento oferecido aos pacientes que utilizam esses sistemas (Ávila; Da Costa, 2020). O atendimento às gestantes deve ir além dos consultórios, envolvendo não apenas a Equipe da Saúde da Família (ESF), mas também todo o grupo, incluindo o Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB), (Rocha et al., 2021). O NASF-AB é constituído por uma equipe multiprofissional e interdisciplinar que complementa as equipes que atuam na Atenção Primária à Saúde (APS). Dessa forma, os profissionais do Nasf-AB colaboram com as equipes de Saúde da Família (ESF) na atenção integral durante o pré-natal, participando de discussões de casos, visitas domiciliares e atividades de educação permanente (Franco et al.,2020). A estratégia multiprofissional durante o pré-natal promove a humanização e a integralidade do atendimento, melhorando a qualidade de vida da gestante. Ao final da gravidez, inicia-se o trabalho de parto. Após essa experiência, a mulher entra no 15 puerpério, um período em que seu corpo passa por adaptações para retornar ao estado anterior à gestação. O puerpério é uma fase única, marcada por transformações anatômicas, fisiológicas e psicossociais, tornando essencial a continuidade do cuidado multidisciplinar e o acompanhamento integral da mulher e do recém-nascido (Bortolato-Major, 2021). Durante a gestação e o parto, ocorrem mudanças que exigem uma adaptação à chegada de um novo membro na família. Por isso, é fundamental desenvolver ações preventivas e de promoção da saúde, principalmente na Atenção Básica. Além disso, a participação e o comprometimento de uma equipe integrada, juntamente com os serviços de atenção secundária e terciária, são essenciais (Marques, 2020). No final da gravidez, inicia-se o trabalho de parto, caracterizado por contrações uterinas eficazes e rítmicas que promovem a dilatação e o afinamento do colo do útero. Após o parto, a mulher entra no período do puerpério, quando seu corpo passa por um processo de retorno ao estado pré-gestacional. O puerpério é um período único, com mudanças anatômicas e fisiológicas significativas, além de questões psicossociais. Por isso, é essencial continuar o cuidado multidisciplinar e o acompanhamento integral tanto da mulher quanto do recém-nascido (Bortolato-Major, 2021). 2.2 DIABETES MELLITUS GESTACIONAL A diabetes mellitus (DM) é um distúrbio endócrino caracterizado por níveis elevados de glicose no sangue, conhecidos como hiperglicemia, que são superiores a 100 mg/dL em jejum. Essa condição pode ser causada pela deficiência de insulina (Araújo et al., 2020). A DM pode resultar da deficiência na produção e/ou liberação de insulina pelo pâncreas ou da resistência das células a esse hormônio, sendo classificada em tipo 1 ou tipo 2. A DM tipo 1 geralmente afeta crianças e adolescentes e é considerada um dos tipos mais graves. Por outro lado, a DM tipo 2 é uma doença multifatorial que compromete a qualidade de vida dos indivíduos afetados, caracterizando-se fisiologicamente pela resistência das células à insulina, associada a uma falha na secreção deste hormônio pelo pâncreas (Rodrigues et al., 2019). O rastreamento do diabetes mellitus gestacional (DMG) deve ser realizado a partir da 24ª semana de gestação, através da medição dos níveis de glicose no sangue em jejum. O diagnóstico pode ser confirmado por meio do Teste Oral de 16 Tolerância à Glicose (TOTG), que avalia a resposta do organismo à sobrecarga de glicose. Esse teste inclui a coleta de amostras de glicose no plasma após um jejum de pelo menos 8 horas, geralmente no segundo trimestre da gravidez. Além disso, gestantes com alto risco de desenvolver DMG podem passar por uma triagem precoce já na primeira consulta do pré-natal (Fernandes CN et al., 2020). O diagnóstico relevante que deve ser diferenciado do DMG é o de Diabetes Mellitus diagnosticado durante a gestação. Nesse caso, a mulher já apresentava diabetes, embora sem diagnóstico prévio, e durante a gravidez desenvolve hiperglicemia com níveis de glicose que atingem os critérios para diabetes fora do contexto da gestação, conforme os parâmetros da Organização Mundial da Saúde (Silvaet al., 2021) Apesar de que o Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) normalmente se resolva após o parto, ele pode ter efeitos duradouros sobre a saúde materna. Durante a gestação, mulheres com DMG apresentam maior risco de desenvolver hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia e de necessitar de cesariana. A longo prazo, evidências consistentes mostram uma forte relação entre o DMG e o desenvolvimento posterior de diabetes tipo 2, hipertensão, dislipidemia, disfunção vascular, aterosclerose e outros fatores de risco cardiovascular na mãe (Alesi et al., 2021). Os fatores de risco para o desenvolvimento da DMG são: idade materna avançada, obesidade, sobrepeso ou ganho excessivo de peso na gestação atual, deposição central excessiva de gordura corporal, história familiar de diabetes em parentes de primeiro grau, crescimento fetal excessivo, polidramnia, hipertensão ou pré-eclâmpsia na gestação atual, antecedentes obstétricos de abortamentos de repetição, malformações, morte fetal ou neonatal, macrossomia, síndrome de ovários policísticos, baixa estatura (menos de 1,5 m) (Zajdenverg, 2023). A primeira opção para o tratamento de diabetes deve ser a dieta individualizada e atividades físicas. Recomenda-se exercícios aeróbicos seguros e de baixo impacto, como caminhadas e natação, realizados com intensidade leve a moderada, por 30 a 45 minutos, três vezes por semana, para que haja uma prática adequada de atividade física. A dieta deve ser planejada com o objetivo de manter um bom controle metabólico, garantindo uma nutrição adequada tanto para a mãe quanto para o feto (Bozatski, 2019). É extremamente importante que o tratamento seja iniciado quanto antes após o diagnostico, pois assim diminuem as chances de complicações para o feto. A 17 diabetes mellitus mal controlada na gestação causa muitas complicações como: aborto espontâneo, malformações fetais, pré-eclâmpsia, natimortalidade, macrossomia, hipoglicemia e hiper bilirrubinemia neonatais (Zajdenverg,2023). Quando o controle da glicemia através da dieta e da prática de exercícios físicos não são suficientes é indicado a insulinoterapia. Na atualidade, existem diferentes tipos de insulina, que variam em relação ao tempo de ação no organismo. No entanto, no caso de gestantes, ainda não há um consenso sobre um protocolo padrão para o uso de insulina. A escolha do esquema terapêutico é personalizada, considerando fatores como características individuais, taxa de obesidade e grau de hiperglicemia, sendo o tratamento medicamentoso sempre sujeito à avaliação médica (Martins; Brati, 2021). O tratamento farmacológico é iniciado quando a gestante não atinge o controle glicêmico em duas semanas. A recomendação da Sociedade Brasileira de Diabetes é o uso da insulinoterapia subcutânea, com as insulinas Neutral Protamine Hagedorn (NPH) e sendo as mais comuns. No entanto, o uso da insulina pode ser complicado e menos aceito pelas pacientes. Embora alguns especialistas às recomendem a suspensão dos antidiabéticos orais, outros os veem como uma alternativa viável, destacando principalmente a glibenclamida e a metformina. Recentemente, ambas demonstraram eficácia comparável à insulina (Rodrigues et al., 2019). A insulina é um hormônio essencial para controlar os níveis de glicose no sangue. O corpo depende desse hormônio para utilizar a glicose dos alimentos como fonte de energia, transportando-a para dentro das células. Produzida pelo pâncreas, a insulina previne o excesso de glicose no sangue. Quando ela está ausente ou insuficiente, a glicose não consegue ser absorvida pelas células, o que causa seu acúmulo na corrente sanguínea e pode levar ao desenvolvimento de diabetes mellitus (Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2020). Assim como ocorre no rastreamento e diagnóstico, os valores considerados adequados para o controle glicêmico podem variar ligeiramente conforme a fonte consultada. As referências incluem: glicemia de jejum entre 60 mg/dL e 90 mg/dL, 65 mg/dL e 95 mg/dL, ou até entre 80 mg/dL e 110 mg/dL; glicemia pós-prandial (1h após a refeição) entre 100 mg/dL e 120 mg/dL, ou até 140 mg/dL; e 2h após a refeição, até 120 mg/dL ou 155 mg/dL. Vale destacar que, em mulheres com risco aumentado de 18 hipoglicemia, esses alvos devem ser ajustados para glicemia de jejum até 99 mg/dL e ao deitar entre 80 mg/dL e 120 mg/dL (Organização Pan Americana de Saúde,2019). O rastreamento para a percepção da doença é obrigatório, sendo assim o cuidado à gestante com Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) deve ser iniciado desde a primeira consulta de pré-natal. Avaliações constantes e rigorosas realizadas pelo profissional de saúde, com o objetivo de identificar qualquer alteração, devem ser mantidas ao longo de toda a gestação e finalizadas seis semanas após o parto (Dias, 2019). A enfermagem orienta as gestantes sobre o tratamento proposto, oferecendo suporte emocional e incentivando a continuidade do tratamento, desempenhando um papel fundamental nas ações de promoção durante o pré-natal. Assim, as ações realizadas pelos enfermeiros têm como objetivo reduzir a mortalidade materna e fetal diante das complicações que podem surgir durante a gestação e no pós-parto em decorrência do Diabetes Mellitus Gestacional (De Deus et al., 2022). Nessa perspectiva, a assistência à mulher durante o período gestacional deve ser realizada com a sensibilização das equipes de saúde, a fim de incentivar as gestantes a se manterem ativas no pré-natal, utilizando estratégias que promovam sua participação e atenção ao autocuidado. Nos casos que exigem um acompanhamento mais frequente, consultas adicionais devem ser realizadas, considerando a saúde materno-fetal (Brasil, 2022). 2.3 EDUCAÇÃO EM SAÚDE A educação em saúde é um aspecto fundamental nas atividades das equipes de saúde. Sua abordagem evoluiu ao longo do tempo, influenciada por contextos históricos e políticos. Na segunda metade do século 19, surgiu como uma estratégia autoritária e regulatória, utilizando práticas coercitivas e atribuindo a origem das doenças à falta de observância das normas de higiene pela população. Depois, em meados do século 20, passou a ter uma perspectiva positivista, baseada no modelo biológico, focando em informar a população sobre normas para o bem-estar físico, mental e social, incentivando-a a assumir a responsabilidade por sua própria saúde (Brasil, 2017). A partir das décadas de 1960 e 1970, com o movimento pela reforma sanitária no Brasil, a educação em saúde começou a incluir a discussão sobre os determinantes sociais da saúde e os princípios da educação popular de Paulo Freire, propondo 19 soluções através da problematização para transformar a realidade. A Educação em Saúde é uma abordagem que fortalece o cuidado de enfermagem ao integrar atividades educativas na atenção ao paciente, utilizando os recursos disponíveis nos serviços de saúde, tanto públicos quanto privados. Essas ações são essenciais para promover a qualidade de vida e auxiliar no desempenho das atividades diárias das pessoas (Fittipaldi et al., 2021). A promoção da saúde é eficaz para promover a saúde e incentivar o autocuidado em indivíduos e comunidades. Ela altera o modelo tradicional de ensino, que antes era mais centrado na transmissão de conhecimento, e passa a seguir o princípio de que as ações educativas promovem a autonomia das pessoas em relação aos cuidados com a saúde, mesmo quando não estão sob supervisão de profissionais. A enfermagem assume um papel crucial nas práticas educativas voltadas à saúde da população, fundamentando suas ações nas demandas sociais da comunidade (Moreira et al., 2019). Ao definir educação em saúde, é essencial destacar suas diferentes abordagens. Tradicionalmente, ela évista como parte da saúde pública, voltada para a promoção da saúde e a prevenção de doenças. Também é considerada como um processo de transmissão de conhecimento, que Paulo Freire descreveu como educação bancária, onde o aluno atua como um mero espectador, recebendo informações sem contextualização ou reflexão crítica. Além disso, deve ser entendida pela população como um apoio na compreensão das causas das doenças, assim como na sua prevenção e superação (Carvalho et al., 2019). Ao integrar na sua rotina profissional práticas pedagógicas, o enfermeiro busca transmitir ou ensinar cuidados de saúde com base no relato de problemas, experiências e comportamentos vividos diariamente pelo paciente e/ou seus familiares. Dessa forma, o compartilhamento de conhecimento com o enfermeiro fortalece o vínculo com o paciente e/ou familiares, além de incentivar mudanças nas práticas diárias, promovendo a saúde (Da Costa, 2020). As gestantes se sentem mais seguras quando acompanhadas por enfermeiros obstetras. As ações desenvolvidas por esses profissionais ao longo da gestação, como oferecer conselhos, responder dúvidas e fornecer esclarecimentos, são fundamentais para uma assistência adequada nesse período. Isso reforça a importância de manter uma relação estreita com a comunidade para garantir uma orientação em saúde de qualidade. As ações educativas na área da saúde também 20 envolvem os acompanhantes, ampliando as ações para atingir mais pessoas e transformá-las em multiplicadores do conhecimento adquirido, sempre sob a liderança do enfermeiro que coordena a equipe multidisciplinar (Pereira et al., 2020). A orientação em saúde por meio de reuniões permite a utilização de técnicas e ações adaptadas para aprimorar a qualidade de vida do público-alvo, complementando a assistência prestada. Esse formato de ação educativa é importante para esclarecer dúvidas e contribuir para o aumento do conhecimento sobre diversos aspectos relacionados ao cuidado com a saúde. A liderança do enfermeiro na equipe de saúde coloca esse profissional em posição de destaque no planejamento das ações, mas é fundamental ressaltar a importância da organização do trabalho em equipe, respeitando a autonomia e independência de cada categoria profissional (Pinto, 2019). A importância do planejamento e da execução de ações contínuas de promoção, prevenção e educação em saúde no ambiente escolar é fundamental. Essas ações devem ser fundamentadas na atuação multiprofissional, na qual o enfermeiro desempenha um papel ativo, realizando um trabalho colaborativo e transformador. A implementação do processo de educação em saúde deve ser vista como uma estratégia preventiva e social, com o objetivo de provocar mudanças nos comportamentos e atitudes dos adolescentes em relação às realidades e temáticas abordadas (Da Costa, 2020). Para isso, é essencial oferecer informações de maneira acessível, utilizando uma linguagem próxima ao público, além de promover rodas de conversa para a troca de experiências e outras alternativas eficazes que contribuam para a promoção da saúde e a qualidade de vida dessa população, fazendo assim de maneira eficaz e correta a disseminação de uma educação em saúde de qualidade (Ribeiro, 2019). Planejar é fundamental para o sucesso das ações de educação em saúde, pois há fatores que tanto favorecem quanto dificultam esse processo. Entre os facilitadores estão a eficiência da gestão municipal e da unidade de saúde, o empenho da equipe multidisciplinar, o interesse dos usuários pelas ações educativas e a satisfação dos profissionais com seu trabalho. Já os obstáculos incluem problemas na gestão municipal, equipes multiprofissionais reduzidas, infraestrutura inadequada, falta de recursos materiais e o desinteresse dos usuários. Esses fatores podem atuar como oportunidades ou desafios para a educação e a promoção da saúde (Pinto, 2019). 21 3 METODOLOGIA DE PESQUISA 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA A pesquisa atual será conduzida através de um estudo de campo de caráter qualitativo e descritivo. O principal objetivo é analisar a percepção das gestantes em relação ao papel da enfermagem na identificação precoce e no monitoramento eficaz do diabetes gestacional. A pesquisa qualitativa no ambiente acadêmico busca entender as razões que explicam eventos, fatos, fenômenos, comportamentos ou tendências. Normalmente, trabalha com uma amostra reduzida e utiliza diferentes técnicas de coleta de dados, como grupos focais, entrevistas, análise documental, observações sistemáticas e relatos escritos ou orais. Esses métodos auxiliam na formulação de hipóteses sobre um problema de pesquisa, oferecendo uma compreensão mais profunda e interpretativa dos dados obtidos (Cusati et al., 2024). A pesquisa descritiva é utilizada para observar, registrar e examinar resultados de forma detalhada. Esse tipo de estudo adota métodos padronizados para a coleta de dados e para a observação sistemática, assegurando uma análise estruturada e consistente das informações coletadas (Gil, 2021). 3.2 LOCAL E PERÍODO DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA A pesquisa será desenvolvida no Centro de Atenção Materno Infantil Camilo Gomes, na cidade de Bagé, RS, localizado na Rua Fabrício Pilar, 1201, Bairro Centro. Será desenvolvida nos meses abril e maio, mediante solicitação de realização da pesquisa à Secretaria Municipal de Saúde e Atenção à Pessoa com Deficiência (APÊNDICE A), e somente após autorização, se realizará a coleta de dados. 3.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO As participantes do estudo serão as gestantes do Centro de Atenção Materno Infantil Camilo Gomes que aceitarem participar do estudo, que concordem em ser gravadas, que sejam maiores de idade e consideradas legalmente capazes. As participantes da pesquisa serão identificadas como "E", seguidos de um número sequencial correspondente à entrevista. Para estabelecer o total de entrevistadas, será utilizada a técnica de saturação teórica. 22 A saturação teórica é alcançada quando novas entrevistas não trazem informações adicionais relevantes, ou quando os dados obtidos já preencheram as lacunas existentes no conhecimento, permitindo a interpretação do fenômeno e a ligação entre as categorias analíticas (Gallo et al., 2024). 3.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO 3.4.1 Inclusão Será incluída na pesquisa, toda gestante que esteja em acompanhamento de pré-natal na Unidade, que tenha sido diagnosticada com Diabetes Mellitus Gestacional na gestação atual, desde que demonstre interesse em participar da pesquisa, sejam maiores de idade e legalmente capazes, e que concordem com a gravação da entrevista e com os termos do consentimento livre e esclarecido. 3.4.2 Exclusão Não serão incluídas na pesquisa as gestantes que não aceitarem realizar e/ou não aceitarem os termos apresentados, as menores de idade, as pacientes com dificuldade de estabelecer comunicação verbal e gestantes que não apresentam diabetes gestacional, bem como aquelas que ao longo da entrevista demonstrem interesse, a qualquer tempo, pela autoexclusão. 3.5 COLETA DE DADOS As participantes receberão orientações claras sobre a natureza da pesquisa, o tema a ser explorado e seus objetivos. Será destacado o compromisso com a confidencialidade e a proteção da privacidade das entrevistas e das informações fornecidas. Os participantes serão corretamente informados sobre a necessidade de assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice B), a participação deles na pesquisa será completamente voluntária, sem qualquer tipo de pressão ou influência exercida pelo pesquisador. Como instrumento da pesquisa será utilizada uma entrevista, a qual é uma ferramenta utilizada para a coleta de dados empesquisas qualitativas, sendo amplamente aplicada em estudos de campo para compreender diversos fenômenos. Ela se destaca como uma técnica de interação social dinâmica, flexível e criativa, 23 permitindo que o participante e o pesquisador colaborem na construção conjunta de uma interpretação do fenômeno investigado (OLIVEIRA et al., 2023). 3.6 ANÁLISE DOS DADOS A análise adota a metodologia sugerida por Bardin. Nesse trabalho, Bardin detalha como a análise de conteúdo pode ser aplicada a diversas fontes de informações, propondo três etapas principais: a pré-análise, a exploração do material, e o tratamento dos resultados, inferência e interpretação. A fase inicial de organização, embora intuitiva, tem como objetivo tornar as ideias iniciais operacionais e sistematizadas, resultando em um plano claro para as próximas etapas. Essa fase geralmente envolve três tarefas principais: selecionar os documentos a serem analisados, definir as hipóteses e objetivos, e criar indicadores que sustentem a interpretação final (Bardin, 2016). Na segunda etapa, realiza-se a análise do material, na qual o pesquisador identifica categorias e examina os elementos que constituem um grupo específico. Além disso, ele realiza reagrupamentos por analogia, empregando métodos previamente definidos para auxiliar na formulação das conclusões (Bardin, 2016). Por fim, a terceira etapa consiste no tratamento e interpretação dos dados brutos. Nessa fase, os dados são organizados de maneira a se tornarem relevantes e apropriados para a análise, possibilitando ao pesquisador apresentar os resultados sob diferentes perspectivas (Bardin, 2016). 3.7 RISCOS E BENEFÍCIOS 3.7.1 Riscos O atual estudo não acarretará riscos físicos, pois não envolve procedimentos dolorosos, manipulação de materiais biológicos ou experimentos com seres humanos. As participantes poderão responder às perguntas de forma total ou parcial, sem que isso lhes cause qualquer prejuízo. Caso alguma participante, eventualmente, apresente algum tipo de desconforto ou dano psicológico, este será encaminhado ao Serviço Escola de Psicologia Aplicada (SEPA) (APÊNDICE D) para receber o devido atendimento, caso ocorra o desenvolvimento de possíveis transtornos psicológicos. 24 3.7.2 Benefícios Esta pesquisa contribuirá para a busca de estratégias que enfrentem os desafios enfrentados pelas mulheres na realização dos exames de rastreamento do diabetes gestacional. Ao enfatizar a importância da enfermagem no acolhimento, esclarecimento de dúvidas e orientação sobre tratamentos, o projeto poderá ajudar a melhorar o acesso e a adesão aos exames. Como benefícios esperados, espera-se uma redução na morbidade e mortalidade relacionadas à doença, além de uma melhoria na qualidade de vida das mulheres que recebem um diagnóstico precoce. 3.8 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA A Resolução CNS n. 466/12 estabelece que “o respeito à dignidade humana exige que toda pesquisa seja conduzida com o consentimento livre e esclarecido dos participantes, sejam eles indivíduos ou grupos, que devem manifestar sua concordância por meio de si mesmos e/ou de seus representantes legais para participar da pesquisa.” (Brasil,2012). Conforme a resolução. a pesquisa que envolve seres humanos é definida como aquela que "individual ou coletivamente, tenha como participante o ser humano, em sua totalidade ou partes dele, e o envolva de forma direta ou indireta, incluindo o manejo de seus dados, informações ou materiais biológicos". Assim, fica claro que todas as pesquisas que envolvem seres humanos, devem ser acompanhadas pelo Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Brasil,2012). Ao considerar que a ética na pesquisa demanda respeito à integridade do indivíduo e a proteção dos participantes, a Resolução Nº 510/2016 estabelece que o consentimento e assentimento livre e informado devem ser baseados na confiança mútua entre pesquisador e participante, mantendo um diálogo aberto para perguntas e esclarecimentos. Esse consentimento pode ser concedido ou registrado em qualquer fase da pesquisa e pode ser retirado a qualquer momento, sem prejuízo ao participante (Brasil, 2016). 25 4 ORÇAMENTO Os custos orçamentários relacionados aos gastos para o desenvolvimento desta pesquisa estão apresentados na (Tabela 1). O orçamento será financiado pela pesquisadora responsável por este estudo. Tabela 1 - Orçamento do Projeto e do Trabalho de Conclusão de Curso. Recursos materiais Valor unitário Quantidade Total Internet R$ 85,00 10 R$ 850,00 Impressão R$ 0,50 100 R$ 50,00 Encadernação R$ 5,00 2 R$ 10,00 Deslocamento R$ 230,00 10 R$ 2300,00 Total R$ 3.210,00 Fonte: Autora desta pesquisa. 26 5 CRONOGRAMA Abaixo, no (Quadro 1) apresento o cronograma, que delineia a execução do Projeto e do Trabalho de Conclusão de Curso, permitindo o acompanhamento do progresso das ações de pesquisa. Além disso, tem como finalidade verificar se o desempenho está alinhado e se o estudo se mantém dentro dos prazos estipulados para sua realização. Quadro 1 - Cronograma do Projeto e do Trabalho de Conclusão de Curso. ETAPAS Ago Set Out Nov Dez Mar Abr Mai Jun Jul Elaboração teórica do projeto X X X X Revisão de literatura X X X X X Qualificação do projeto à banca examinadora X Coleta de dados X X Análise de dados X X Defesa do TCC à banca examinadora X Fonte: Autora desta pesquisa. 27 REFERÊNCIAS ALESI, Simon et al. 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Acesso em: 12 nov. 2024. 32 APÊNDICES 33 34 APÊNDICE B – ROTEIRO DA ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA CENTRO UNIVERSITÁRIO DA REGIÃO DA CAMPANHA CURSO DE ENFERMAGEM ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA Entrevista nº _____ DADOS DA PACIENTE: Nome: Idade: Número de filhos: Número de partos: Trimestre que iniciou o Pré- Natal: Histórico de DMG: Histórico de outras alterações em gestações anteriores: Peso: Altura: Questionário: 1- Durante o PN você recebeu orientações sobre diabetes gestacional e quais exames necessários para o diagnóstico? 2- Considera que a realização de exames laboratoriais seja importante para detectar doenças no PN? Poderia nos citar quais? 3- Durante os atendimentos, após o diagnóstico, recebeu orientações para controle de DMG? Saberia relacionar quais? 4- O diagnóstico de DMG resultou em alguma mudança nos seus hábitos de vida diária? Poderia exemplificar? 35 5- Durante o pré-natal, foi convidado a participar de alguma atividade educativa como grupos ou rodas de conversas? Considera estas atividades importantes? 6- Quantos aos hábitos alimentares, foram realizadas orientações durante o PN na UBS? Saberia identificar quais? 7- Em sua UBS existe orientação e acesso para realização de exames de acompanhamento? Você foi orientado sobre como fazer e qual a importância destes? 8- Durante os atendimentos, recebeu orientações sobre os riscos e complicações do DMG? Saberia elencar algumas situações que podem ocorrer? 9- Durante seu pré-natal, considera que as informações sobre controle da doença foram importantes para o sucesso da gestação? Saberia citar qual profissional teve papel principal e porquê? 10- Em algum momento da gestação, o diagnóstico de DMG lhe deixou com medo ou frustração? Poderia identificar quando e porquê? 36 APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO CENTRO UNIVERSITÁRIO DA REGIÃO DA CAMPANHA CURSO DE ENFERMAGEM TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Venho, com o devido respeito, por meio deste, solicitar sua colaboração para a participação no projeto intitulado O OLHAR DA GESTANTE FRENTE AO PAPEL DO ENFERMEIRO NA IDENTIFICAÇÃO E MONITORAMENTO DO DIABETES GESTACIONAL. PROCEDIMENTOS: Serão executadas entrevistas gravadas em formato de áudio com as gestantes diagnosticadas com Diabetes Mellitus do Centro de Atenção Materno Infantil Camilo Gomes. Os resultados serão usados apenas para fins de uso exclusivo da acadêmica e orientadora para o projeto de TCC. As entrevistadas terão sua privacidade e anonimato assegurados, podendo responder às perguntas de maneira total ou parcial, sem que isso cause qualquer dano a elas. RISCOS: A atual pesquisa não desencadeará riscos físicos, pois não será realizado nenhum procedimento doloroso, coleta de material biológico, ou experimento com seres humanos. As indagações poderão ser respondidas em sua totalidade ou parcialidade, sem que ocorra prejuízo para o participante. Se por acaso ocorra algum desconforto psicológico à equipe multidisciplinar participante da investigação a mesma será encaminhada ao Serviço Integrado de Psicologia Aplicada SEPA (APÊNDICE D), para ampará-los em caso de desenvolvimento de possíveis transtornos psicológicos. BENEFICIOS: Está pesquisa irá permitir uma visão mais ampla sobre a temática, além da importância para a pesquisa em curso. Quanto as questões profissionais, que discorrem esta investigação os benefícios vão além da concretização do projeto de trabalho de conclusão de curso na graduação em enfermagem que requerem dedicação, estudo sobre o tema pesquisado e inserção no campo investigado. 37 PARTICIPAÇÃO VOLUNTÁRIA: Como já me foi comunicado, a minha colaboração nesta pesquisa será voluntária e poderei finalizá-la a qualquer instante, se eu desse modo desejar, sem que isso me traga qualquer dano. CONFIDENCIALIDADE: Tenho conhecimento de que minha identidade continuará sigilosa ao longo de todas as etapas da pesquisa. Os resultados desta pesquisa serão todos transcritos em sua totalidade e verificados com integridade e seriedade, e usados unicamente para fins de trabalhos acadêmicos. CONSENTIMENTO: Através do presente consentimento informado, afirmo que fui comunicado, de maneira descomplicada e especificada, livre de qualquer aspecto de imposição, do tema, objetivos, justificativa e benefícios do presente estudo. A pesquisadora responderá todas as minhas dúvidas até meu contentamento. Desta forma, estou de acordo em participar da pesquisa. Este formulário de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido será assinado por mim em duas vias ficando uma em meu poder e a outra com a pesquisadora responsável pela pesquisa. ____________________________________________ ASSINATURA DO PARTICIPANTE ____________________________________________ Emily Borges Martins Acadêmica do curso de enfermagem, módulo VII do Centro Universitário da Região da Campanha - URCAMP, campus Bagé - RS. 38 APÊNDICE D – SERVIÇO ESCOLA DE PSICOLOGIA APLICADA – SEPA CENTRO UNIVERSITÁRIO DA REGIÃO DA CAMPANHA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM APOIO DO SERVIÇO ESCOLA DE PSICOLOGIA APLICADA – SEPA O Serviço Escola de Psicologia Aplicada (SEPA) tem como objetivo aplicar e desenvolver técnicas para a promoção de saúde mental, proporcionando assistência profilática e terapêutica mediante a aplicação dos conhecimentos da psicologia. Respondendo a solicitação da acadêmica Emily Martins, o serviço se compromete a dar suporte psicológico aos participantes do estudo nomeado: A ENFERMAGEM NA IDENTIFICAÇÃO E MONITORAMENTO DO DIABETES GESTACIONAL. R. T. do Serviço Escola de Psicologia Aplicada Bagé, 17 de fevereiro de 2025. 83 ¹Acadêmica do curso de enfermagem - Centro Universitário da Região da Campanha – URCAMP. E- mail: emilymartins194727@sou.urcamp.edu.br ²Docente do curso de Enfermagem – Centro Universitário da Região da Campanha - URCAMP. E-mail: juliadutra@urcamp.edu.br APÊNDICE B – ARTIGO CIENTÍFICO O OLHAR DA GESTANTE FRENTE AO PAPEL DO ENFERMEIRO NA IDENTIFICAÇÃO E MONITORAMENTO DO DIABETES GESTACIONAL Emilyaccessible language and appropriate support materials.It is considered essential to value the role of nursing through a humanized, educational, and individualized approach, with support from public policies to enhance prenatal care. From the analysis of the collected data, failures in the implementation of collective health education strategies were identified, as well as limitations in service structure. Additionally, the need to reinforce educational actions with accessible language, support materials, and specific spaces for addressing doubts was observed. The results indicate that strengthening nursing practice goes beyond clinical care and is crucial to ensuring a humanized, accessible, and needs- centered approach for each pregnant woman. Keywords: Diabetes Mellitus; Diagnosis; Care; Pregnant woman; Nurse LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS APS - Atenção Primária à Saúde CNS - Conselho Nacional de Saúde DG - Diabetes gestacional DM - Diabetes Mellitus DM2 - Diabetes tipo 2 DMG - Diabetes Mellitus Gestacional ESF - Equipe de Saúde da Família MS - Ministério da Saúde NASF-AB - Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica NPH - Neutral Protamine Hagedorn PHPN - Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento RN - Recém nascido SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes SEPA - Serviço Escola de Psicologia Aplicada TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TOTG - Teste Oral de Tolerância à Glicose UBS - Unidade Básica de Saúde OMS - Organização Mundial da Saúde SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11 2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 13 2.1 Objetivo geral .................................................................................................... 13 2.2 Objetivos específicos........................................................................................ 13 3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 14 3.1 GESTAÇÃO E PRÉ-NATAL..................................................................................14 3.1.1 Alterações Fisiológicas e Emocionais...........................................................16 3.1.2 Equipe Multiprofissional.................................................................................17 3.2 DIABETES MELLITUS GESTACIONAL...............................................................18 3.3 EDUCAÇÃO EM SAÚDE......................................................................................21 4 METODOLOGIA DE PESQUISA ........................................................................... 25 4.1 CARACTERÍSTICA DA PESQUISA .................................................................... 25 4.2 LOCAL E PERÍODO DO ESTUDO ..................................................................... 25 4.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO .......................................................................... 25 4.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ........................................................ 26 4.5 COLETA DE DADOS .......................................................................................... 26 4.6 ANÁLISE DE DADOS.......................................................................................... 27 4.7 RISCOS E BENEFÍCIOS ..................................................................................... 27 4.7.1 Riscos .............................................................................................................. 27 4.7.2 Benefícios ....................................................................................................... 27 4.8 ASPECTOS ÉTICOS........................................................................................... 28 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 29 5.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA .................................................................. 29 5.2 A PERCEPÇÃO QUANTO AO CONTROLE E MONITORAMENTO DA GLICEMIA DAS GESTANTES .................................................................................................... 29 5.3 O APOIO E A EDUCAÇÃO DISPONIBILIZADOS PELA EQUIPE DE ENFERMAGEM ......................................................................................................... 31 5.4 PERCEPÇÕES DAS PACIENTES COM RELAÇÃO AS COMPLICAÇÕES E RISCOS DA DIABETES GESTACIONAL ................................................................ 33 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 36 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 37 APÊNDICES ............................................................................................................. 43 APÊNDICE A – PROJETO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO .......... 44 APÊNDICE B – ARTIGO CIENTÍFICO ..................................................................... 83 APÊNDICE C – TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA PUBLICAÇÃO.......................96 11 1 INTRODUÇÃO O diabetes gestacional (DG) é a condição metabólica mais comum durante a gravidez, impactando diretamente tanto a saúde da mãe quanto a do bebê. Aproximadamente 12% das gestantes desenvolvem DG ao longo da gravidez, e cerca de 87% dos casos de diabetes diagnosticados são tratados em unidades especializadas no acompanhamento de gestantes (American Diabetes Association, 2021). O diagnóstico precoce do DG é crucial, por isso é essencial realizar os exames ainda no primeiro trimestre, quando se inicia o pré-natal. Identificar alterações nos níveis de glicose permite orientar a gestante sobre os cuidados necessários durante a gravidez, ajudando a reduzir os efeitos adversos das alterações metabólicas na saúde de ambos. Além disso, o diagnóstico precoce pode ajudar a identificar mulheres com maior risco de desenvolver diabetes no futuro (Rosset et al, 2020). O desenvolvimento do DG está relacionado ao aumento dos hormônios que antagonizam a insulina e que diminui a capacidade do corpo de metabolizar insulina, aumentando os níveis de açúcar no sangue. Resultado principalmente do estresse provocado pelas mudanças corporais durante a gravidez, além de fatores genéticos e ambientais (Sociedade Brasileira de Diabetes, 2019). Portanto, é fundamental a realização regular e adequada de um acompanhamento tanto do enfermeiro quanto do médico durante todo o pré-natal. Essa assistência visa permitir um diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento para o DG ou outros distúrbios, ajudando a minimizar as complicações para a saúde da mãe e do feto (Barreto Andrade et al., 2020). O diabetes tipo 2 (DM2) tem se tornado cada vez mais comum, principalmente devido aos hábitos de vida da sociedade moderna, que incluem sedentarismo e dietas industrializadas. Isso resultou em um aumento no número de mulheres com diabetes mellitus (DM), seja pré-existente ou diagnosticado durante a gravidez (Moraes et al., 2020). O enfermeiro é responsável por desenvolver um plano de cuidado que identifica as necessidades da gestante, solicita exames trimestrais, prescreve medicações apropriadas para a gestação, avalia os resultados dos exames e ajusta o atendimento conforme as particularidades de cada caso. Oferecendo um atendimento abrangente e humanizado (Gomes et al., 2019). 12 Embora os métodos para diagnóstico e tratamento estejam bem estabelecidos, muitas vezes esses procedimentos não são realizados de maneira precoceMartins¹ Júlia Cunha Dutra ² RESUMO O diabetes gestacional é a condição metabólica mais comum durante a gravidez, impactando diretamente tanto a saúde da mãe quanto a do bebê. Aproximadamente 12% das gestantes desenvolvem diabetes gestacional ao longo da gravidez, e cerca de 87% dos casos de diabetes diagnosticados são tratados em unidades especializadas no acompanhamento de gestantes. A equipe de enfermagem desempenha uma função vital ao assegurar um acompanhamento adequado e ao incentivar o autocuidado da gestante, esse acompanhamento é fundamental para prevenir complicações e promover a saúde durante o pré-natal e pós-parto. Este projeto teve como principal objetivo analisar a percepção das gestantes em relação ao papel da enfermagem na identificação precoce e no monitoramento eficaz do diabetes gestacional. O seguinte projeto foi conduzido através de um estudo de campo de caráter qualitativo e descritivo, por meio de um questionário que foi aplicado as gestantes maiores de idade e que se disponibilizaram a participar, tendo garantidos todos os preceitos éticos que envolvem as pesquisas com seres humanos. A análise adotada, foi a metodologia sugerida por Bardin. Esta pesquisa foi desenvolvida no Centro de Atenção Materno Infantil Camilo Gomes, na cidade de Bagé/RS. O estudo evidencia a importância da enfermagem na identificação precoce e no monitoramento contínuo do diabetes gestacional. A atuação qualificada, com foco em educação, acolhimento e vigilância, é essencial para a saúde materno-fetal. O enfermeiro, especialmente na Atenção Primária, é figura central na promoção do autocuidado e adesão ao tratamento. Contudo, foram identificadas falhas nas ações educativas coletivas e limitações estruturais nos serviços. A pesquisa aponta a necessidade de reforçar a educação em saúde com linguagem acessível e materiais adequados. Considera-se que é fundamental valorizar o papel da enfermagem com uma abordagem humanizada, educativa e individualizada, sendo necessário apoio de políticas públicas para fortalecer esse cuidado no pré-natal. Palavras-chave: Diabetes Mellitus; Diagnóstico; Cuidados; Gestante; Enfermeiro. ABSTRACT Gestational diabetes is the most common metabolic condition during pregnancy, directly impacting the health of both mother and baby. Approximately 12% of pregnant women develop gestational diabetes during pregnancy, and approximately 87% of diagnosed diabetes cases are treated in specialized units for monitoring pregnant women. Nurses play a vital role in ensuring adequate monitoring and encouraging pregnant women to take care of themselves. This monitoring is essential to prevent complications and promote health during prenatal and postpartum care. The main objective of this project was to analyze pregnant women's perceptions of the role of nursing in the early identification and effective monitoring of gestational diabetes. The following project was conducted through a qualitative and descriptive field study, using a questionnaire that was administered to pregnant women of legal age who agreed to participate, ensuring all ethical precepts involving research involving human beings. The analysis adopted was the methodology suggested by Bardin. This research was developed in a health reference center in a municipality in the Campanha region of RS. The study highlights the importance of nursing in the early identification and continuous monitoring of gestational diabetes. Qualified work, with a focus on education, support and surveillance, is essential for maternal and fetal health. Nurses, especially in Primary Care, are central figures in promoting self-care and adherence to treatment. However, flaws in collective educational actions and structural limitations in services were identified. The research points to the need to reinforce health education with accessible language and appropriate materials. It is considered essential to value the role of nursing with a humanized, educational and individualized approach, and public policy support is necessary to strengthen this care in prenatal care. Keywords: Diabetes Mellitus; Diagnosis; Care; Pregnant Woman; Nurse. 84 INTRODUÇÃO O diabetes gestacional (DG) é a condição metabólica mais comum durante a gravidez, impactando diretamente tanto a saúde da mãe quanto a do bebê. Aproximadamente 12% das gestantes desenvolvem DG ao longo da gravidez, e cerca de 87% dos casos de diabetes diagnosticados são tratados em unidades especializadas no acompanhamento de gestantes (American Diabetes Association, 2021). O diagnóstico precoce do diabetes gestacional (DG) é crucial, por isso é essencial realizar os exames ainda no primeiro trimestre, quando se inicia o pré-natal. Identificar alterações nos níveis de glicose permite orientar a gestante sobre os cuidados necessários durante a gravidez, ajudando a reduzir os efeitos adversos das alterações metabólicas na saúde de ambos. Além disso, o diagnóstico precoce pode ajudar a identificar mulheres com maior risco de desenvolver diabetes no futuro (Rosset, 2020). O desenvolvimento do DG está relacionado ao aumento dos hormônios que antagonizam a insulina e que diminui a capacidade do corpo de metabolizar insulina, aumentando os níveis de açúcar no sangue. Resultado principalmente do estresse provocado pelas mudanças corporais durante a gravidez, além de fatores genéticos e ambientais (Sociedade Brasileira de Diabetes, 2019). Embora os métodos para diagnóstico e tratamento estejam bem estabelecidos, muitas vezes esses procedimentos não são realizados de maneira precoce ou adequada. Isso pode causar atrasos no início do tratamento, prolongando o período em que a mãe e o feto ficam expostos à hiperglicemia (Muzy et al., 2021). O enfermeiro é responsável por desenvolver um plano de cuidado que identifica as necessidades da gestante, solicita exames trimestrais, prescreve medicações apropriadas para a gestação, avalia os resultados dos exames e ajusta o atendimento conforme as particularidades de cada caso. Oferecendo um atendimento abrangente e humanizado (Gomes et al., 2019). Além disso, a educação em saúde desempenha um papel crucial em todas as consultas, especialmente no contexto do diabetes gestacional. As gestantes frequentemente enfrentam situações delicadas que exigem ajustes rápidos e rigorosos em sua alimentação e estilo de vida. Assim, é essencial que o enfermeiro possua um conhecimento sólido para fornecer informações que facilitem esse processo complexo (Jerke et al., 2019). 85 Portanto, buscar orientações e capacitações específicas sobre a temática é fundamental para garantir um atendimento completo e humanizado, preparando o profissional para oferecer o melhor suporte possível nessa fase de acompanhamento à gestante, para que não haja complicações como hipertensão gestacional, parto prematuro e aumento do risco de diabetes tipo 2 no futuro. Além disso, é fundamental trabalhar em conjunto com outros profissionais de saúde para assegurar um atendimento coeso e eficiente (Cortez et al., 2023). Diante disso, justifica-se a importância da intervenção da equipe de enfermagem para um acompanhamento adequado durante a gestação e o pré-natal. É também necessária na assistência à mulher gestante com diabetes gestacional, especialmente quando essas medidas são adotadas no primeiro ou segundo trimestre da gestação. É de extrema importância para o feto e futuramente recém-nascido (RN) que haja o diagnóstico precoce, nas primeiras semanas da gestação, diminuindo assim os riscos de DMG (Mariano et al., 2021). As gestantes devem estar cientes do processo de DG, do seu diagnóstico e das suas complicações. Ressalta-se também a importância não só do acompanhamento do enfermeiro quanto o comparecimento da gestante nas consultas de enfermagem para que com isso os enfermeiros possam criar e realizar um pré-natal adequado, facilitando a identificaçãodos agravos que podem surgir durante a DG. METODOLOGIA A pesquisa atual foi conduzida através de um estudo de campo de caráter qualitativo e descritivo. O principal objetivo foi analisar a percepção das gestantes em relação ao papel da enfermagem na identificação precoce e no monitoramento eficaz do diabetes gestacional. A pesquisa qualitativa no ambiente acadêmico busca entender as razões que explicam eventos, fatos, fenômenos, comportamentos ou tendências. Normalmente, trabalha com uma amostra reduzida e utiliza diferentes técnicas de coleta de dados, como grupos focais, entrevistas, análise documental, observações sistemáticas e relatos escritos ou orais. Esses métodos auxiliam na formulação de hipóteses sobre um problema de pesquisa, oferecendo uma compreensão mais profunda e interpretativa dos dados obtidos (Cusati et al., 2024). A pesquisa descritiva é utilizada para observar, registrar e examinar resultados de forma detalhada. Esse tipo de estudo adota métodos padronizados para a coleta 86 de dados e para a observação sistemática, assegurando uma análise estruturada e consistente das informações coletadas (Gil, 2021). As participantes do estudo foram as gestantes de um Centro de Referência em Saúde do Município, que aceitaram participar do estudo, que concordaram em ser gravadas, maiores de idade e consideradas legalmente capazes. As participantes da pesquisa foram identificadas como "E", seguidos de um número sequencial correspondente à entrevista. Para estabelecer o total de entrevistadas, foi utilizada a técnica de saturação teórica. A saturação teórica é alcançada quando novas entrevistas não trazem informações adicionais relevantes, ou quando os dados obtidos já preencheram as lacunas existentes no conhecimento, permitindo a interpretação do fenômeno e a ligação entre as categorias analíticas (Gallo et al., 2024). RESULTADOS E DISCUSSÕES CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES DO ESTUDO O estudo contou com a participação de 8 (oito) gestantes com diferentes perfis obstétricos, diagnosticadas com DG, com idades entre 22 a 39 anos. Algumas participantes já haviam passado por gestações anteriores, enquanto para quatro delas esta era a primeira gestação. A maioria iniciou o acompanhamento pré-natal ainda no primeiro semestre gestacional, com exceção de apenas uma gestante que iniciou após esse período. Três participantes relataram histórico prévio de DG em gestações anteriores. Nenhuma das gestantes informou ter antecedentes de outras alterações significativas durante a gestação. Em relação às características antropométricas, o peso das participantes variou entre 47 kg e 128 kg, enquanto a altura apresentou variação de 1,52 m a 1,76 m. Identificou -se que 1 participante se encontra com peso adequado, 4 estão acima do peso, 1 em obesidade grau I, 1 em obesidade grau II e 1 com obesidade grau III, obesidade mórbida. Durante a gestação, ocorrem alterações hormonais naturais que aumentam a resistência à insulina para garantir a oferta adequada de nutrientes ao feto, quando a gestante já apresenta obesidade, essa resistência é potencializada, dificultando ainda mais o controle glicêmico e aumentando o risco de DMG. 87 A PERCEPÇÃO QUANTO AO CONTROLE E MONITORAMENTO DA GLICEMIA DAS GESTANTES Ao entrevistar as participantes do estudo foi possível perceber que a maioria das gestantes receberam orientações quanto ao controle e monitoramento da glicemia. Algumas até realizaram os exames, mas não souberam explicitar quais foram ou qual sua finalidade. Algumas gestantes relatam ter recebido orientações sobre dieta e hábitos de vida após o diagnóstico, mas muitas dessas orientações parecem genéricas ou pouco detalhadas. “Sim. Eu fiz o da glicose e o em jejum”. E3 “Sim, tipo, eu tenho que fazer caminhada, fazer alguma atividade física e diminuir a minha alimentação”. (E5) “Sim, ela me deu, ela mandou fazer o exame de sangue pra ver se tinha diabetes ou não e me passou para o nutricionista [...] ela disse que era pra me evitar comer comida gorda assim, açúcar e pra dar uma controlada”. (E8) “Sim. Me passou a dieta, a enfermeira me passa as questões de como é que eu posso me exercitar, os tipos de exercícios que eu posso fazer durante a gestação e as outras informações que a gente vai buscando”. (E7) “Sim. E ter uma alimentação mais balanceada, para comer coisas saudáveis”. (E5) Percebe-se que a maioria não soube responder de uma forma mais clara quais exame seriam importantes para o diagnóstico de acordo com a pergunta. As respostas revelam uma heterogeneidade nas experiências das gestantes quanto às orientações recebidas durante o pré-natal e que muitas foram centradas apenas na restrição alimentar sem um aprofundamento sobre o monitoramento efetivo da glicemia, (frequência, metas, importância do controle). Isso evidencia que o acompanhamento poderia ser mais estruturado e personalizado. Algumas participantes demonstraram conhecimento sobre os exames laboratoriais realizados para o diagnóstico do DG, como a glicemia em jejum e o teste de tolerância à glicose. Uma das gestantes misturou orientações sobre mudanças de estilo de vida com exames diagnóstico, foi possível notar certa confusão entre orientações voltadas ao diagnóstico e aquelas relacionadas ao controle da doença, indicando a necessidade de uma comunicação mais clara e estruturada por parte da equipe de enfermagem. É possível destacar que a falta de clareza nas orientações prestadas durante o pré-natal compromete a autonomia das gestantes no cuidado com a própria saúde, especialmente em condições como o DG. 88 É responsabilidade do profissional de saúde, durante o pré-natal, fornecer informações, promover educação em saúde e comunicar adequadamente as condições da gestação a cada encontro com a gestante. No entanto, ainda são identificadas falhas nesse processo educativo, o que faz com que muitas mulheres cheguem ao final da gestação sem o conhecimento necessário para vivenciar adequadamente o parto, a amamentação e o puerpério (Secretária da Saúde, 2022). Para promover a educação em saúde, podem ser adotadas diferentes estratégias, tanto coletivas quanto individuais, como palestras, atividades educativas em salas de espera e grupos de gestantes. Dentre essas, os grupos de gestantes têm se destacado por apresentarem melhores resultados, já que permitem o compartilhamento de experiências e a reflexão conjunta entre as participantes (Carvalho et al., 2019). O APOIO E A EDUCAÇÃO DISPONIBILIZADOS PELA EQUIPE DE ENFERMAGEM. Ao questionar as participantes do estudo sobre o papel da equipe da enfermagem, os relatos revelam que, embora grande parte das gestantes reconheça o papel da equipe de enfermagem, especialmente das enfermeiras, como central na orientação e apoio durante o pré-natal, ainda há dificuldades no acesso a atividades educativas e oferta limitada e pouco estruturada de informações relacionadas ao controle da DG. “Eu fui, mas... Não sei o que, infantil, uma coisa assim, de gravidez. Eu não sei te explicar [...] ah, depende, quem tem tempo, né?”. (E1) “Não, não’ [...] ah, eu acho que sim”. (E5) “Não”. (E6) “Ainda não [...] muito porque é uma troca, né?”. (E7) “Não [..] pra mim não é fácil, eu não ia aprender”. (E8) Quanto à participação em atividades educativas, a maioria das gestantes não participou de grupos, rodas de conversa ou ações coletivas, apesar de reconhecerem, em parte, a importância dessas estratégias para a troca de experiências e aprendizado. Algumas justificaram a ausência pela falta de tempo ou dificuldade pessoal de assimilação, indicando a necessidade de diversificação nas formas de 89 educação em saúde, com abordagens mais acessíveis e adaptadas à realidade de cada gestante. Compreende-se que, ao se ampliar o nível deconhecimento das gestantes acerca da DMG, melhores tendem a ser os resultados em termos de prevenção, promoção e proteção contra agravos, especialmente quando há motivação por fatores pessoais e sociais (Veludo; Farinelli, 2022). As ações de educação em saúde na APS, como a implantação de programas de atividades em grupo para gestantes, constituem estratégias relevantes na prevenção da DMG. Tais iniciativas favorecem a troca de conhecimentos e experiências, permitindo às gestantes expressarem seus sentimentos e construírem redes de apoio mútuo (De Paula et al., 2021). A elaboração de estratégias voltadas à prevenção da DMG deve considerar uma abordagem integral, humanizada e com uma visão holística. Isso inclui a capacitação da equipe de saúde, com ênfase na atuação do enfermeiro, a fim de estimular o envolvimento ativo da gestante nas práticas de autocuidado. É essencial que as orientações sejam transmitidas de maneira acessível, permitindo que a gestante compreenda a importância do cuidado diário para a promoção e a manutenção de uma boa qualidade de vida (Oliveira, 2023). Já sobre o acesso e a orientação quanto à realização de exames de acompanhamento, as respostas indicam que, de modo geral, há encaminhamentos adequados e informações básicas são fornecidas. “Ah sim, eles me encaminham pra outro lugar”. (E1) “Agora nessa eu estou achando mais fácil, mais acesso também, porque nas primeiras gestações era bem mais difícil de conseguir um exame”. (E6) “Sim, sim [...] foi a enfermeira desde o começo, eu tive duas, né? A primeira que fez o primeiro atendimento e a enfermeira assistente, que é a pessoa que tá me atendendo, ela me orienta muito sim”. (E7) “Foram, sim, com certeza [...] eu acho que foi a enfermeira assistente”. (E3) “Sim, são importantes [...] aí, deixa eu lembrar o nome dela, é essa enfermeira que veio aqui agora, a enfermeira assistente”. (E8) Seguindo a importância das informações recebidas e o papel dos profissionais, destaca-se de forma consistente a figura da enfermeira assistente, citada muitas vezes, como a principal responsável pelas orientações e apoio emocional durante o 90 acompanhamento pré-natal. Isso reforça a centralidade da enfermagem na educação em saúde e no fortalecimento da autonomia da gestante, mesmo em contextos com limitações estruturais. As ações de prevenção do DMG destacam a informação como ferramenta central no processo de educação em saúde. Essa orientação, realizada durante as consultas de enfermagem na APS, deve ocorrer de forma individualizada, assegurando uma assistência qualificada. O objetivo é oferecer às gestantes com fatores de risco para a DMG programas educativos voltados ao diabetes, favorecendo a compreensão e a adesão às práticas de cuidado essenciais no contexto das Unidades de Saúde (Santos et al., 2022). A consulta de enfermagem adquire um caráter diferenciado quando conduzida de forma humanizada, favorecendo a construção de um vínculo de confiança entre o enfermeiro e a gestante. Esse relacionamento fortalece o diálogo e possibilita trocas significativas de informações ao longo do acompanhamento pré-natal (Trigueiro et al., 2021). PERCEPÇÕES DAS PACIENTES COM RELAÇÃO AS COMPLICAÇÕES E RISCOS DO DIABETES GESTACIONAL. Diante do tema notou-se que a maioria das gestantes demonstra ter algum conhecimento sobre as possíveis complicações do DG, especialmente relacionadas ao bebê, como: Parto prematuro, hipoglicemia neonatal, possibilidade de perda fetal, crescimento fetal excessivo (macrossomia, risco de má-formação e problemas cardíacos no bebê, herança futura da diabetes pela mãe. “Sim. Perca do bebê, o que ele pode nascer um pouco antes da data prevista, essas coisas assim”. (E2) “Sim. O bebê nascer com hipoglicemia, aquela coisa toda”. (E4) “É que eu poderia passar pro bebê se tivesse muita alteração, entendeu? Aí já fiz uma ecografia, ecografia dupla, aquela, entendeu? Que dá pra ver se o bebê teria passado, ele teria passado alguma coisa, deu tudo normal”. (E5) “Ela disse pra eu cuidar por causa que pode acarretar em uma má formação, problemas com o bebê, cardio, assim”. (E6) “Das questões dos riscos, os riscos são o parto prematuro, né? O nenê não se desenvolver direito, né? Ou crescer demais. E as consequências ali é que eu posso ficar com essa diabetes de herança”. (E7) 91 Apesar das respostas demonstrarem uma certa consciência, percebe-se que, os riscos não são completamente compreendidos, indicam também falta de clareza e segurança nas informações recebidas. Nenhuma gestante menciona os riscos maternos, como desenvolvimento futuro de DM2, hipertensão gestacional ou pré- eclâmpsia e complicações no parto para a mãe. O que se observa é que, embora algumas gestantes demonstrem ter escutado sobre complicações da DMG, há uma carência de entendimento claro e completo. Isso evidencia a necessidade de fortalecer a educação em saúde durante o pré-natal, com abordagens mais didáticas, linguagem simples, e ações reforçadas pela equipe de enfermagem. É importante enfatizar que as informações oferecidas às gestantes devem ser simples, compreensíveis e adaptadas à sua realidade. Para garantir uma educação em saúde eficaz, é recomendável empregar recursos educativos variados, como redes sociais, vídeos explicativos, atividades participativas e encontros em grupo, facilitando o entendimento e incentivando a participação ativa no cuidado com a saúde (Santos; Grechi. 2020). Torna-se imprescindível que os profissionais de saúde considerem o nível de escolaridade das gestantes durante o acompanhamento pré-natal, a fim de assegurar a compreensão adequada das informações transmitidas e oferecer suporte às que apresentem dificuldades em assimilá-las (Lungu et al., 2023). Ao abordar o sobre o impacto emocional do diagnóstico de DMG, foi possível observar aspectos importantes na vivência das gestantes. “Me deixou com bastante. Porque eu fiquei com medo de perder o bebê, como é a minha primeira gravidez, também, eu tô tirando a minha glicose todos os dias, até manhã, em jejum, depois do café e depois do almoço”. (E3) “É que eu acho que não é muito sobre o medo, tipo, a minha diabetes gestacional não é uma coisa, tipo, meu Deus, é muito diabetes. Não. É uma coisa balanceada que eu sei que se eu seguir, tipo, direitinho e diminuir somente o doce, é fácil de moderar ali, entendeu? Então é uma coisa que não me deu medo”. (E4) ‘’Sim, fiquei com medo, quando em seguida que eu soube, eu fiquei com bastante medo, porque nunca tinha acontecido comigo, né?’’. Já é a minha quarta gestação, mas eu nunca tinha passado por isso antes, então eu já né. E pela minha idade, também, porque eu não sou mais nova, né? Então, quando eu era antes”. (E6) “Muito, nossa, muito medo. O começo, principalmente, até as minhas duas semanas, eu tinha bastante medo de aborto, muito medo, mas depois, com a diabetes controlada e com as taxas mais controladas, isso foi passando’’. (E7) 92 “Ah, medo a gente tem, né? Eu não esperava, eu tenho uma criança agora, mas, enfim, não é muito fácil’’. (E8) Algumas gestantes expressaram medo intenso, principalmente quanto à possibilidade de perder o bebê, especialmente em gestações de primeiro momento, ou em situações de risco devido à idade materna ou histórico obstétrico Algumas gestantes demonstraram que o medo diminuiu com o tempo, principalmente após compreenderem o tratamento e verem resultados positivos no controle da glicemia. Isso reforça o papel da educação em saúde e do acompanhamento contínuo na redução da ansiedade. Esses achados evidenciam que o diagnóstico de DMG representa um momento de vulnerabilidade emocional para as gestantes, o que ressalta a necessidade de estratégias educativas humanizadas, que incluam o acolhimento, o esclarecimento e o suporte psicológico desde o iníciodo pré-natal, visando minimizar o impacto negativo sobre a saúde mental e favorecer o engajamento no tratamento e autocuidado. Estudos destacam que o medo é uma emoção marcante entre gestantes com diabetes, manifestando-se como uma sensação de intensa inquietação diante da percepção – real ou imaginada – de uma ameaça. Esse sentimento é frequentemente alimentado pela apreensão de que a condição possa ocasionar consequências sérias para o bebê, gerando temor, angústia e até pavor em relação ao desfecho da gestação (Fernandes; Ferreira, 2020). CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante da análise realizada, evidencia-se a importância fundamental da atuação da enfermagem na identificação precoce e no monitoramento contínuo do diabetes gestacional. O estudo permitiu compreender que a qualificação do atendimento, pautada em ações educativas, acolhimento e vigilância constante, é essencial para promover a saúde materno-fetal e prevenir complicações associadas à condição. Ao longo da gestação, o enfermeiro se destaca como profissional-chave na condução de práticas que fortalecem o autocuidado e a adesão ao tratamento, especialmente em contextos da Atenção Primária à Saúde. A equipe de enfermagem, com destaque para as enfermeiras, desempenha um papel essencial na condução do pré-natal, sendo frequentemente identificada pelas 93 gestantes como a principal fonte de orientação sobre o controle do diabetes gestacional. No entanto, há falhas na implementação de estratégias coletivas de educação em saúde, como grupos de gestantes e rodas de conversa, que poderiam complementar o processo educativo de forma mais abrangente e participativa. Embora o acesso aos exames e orientações básicas esteja presente em boa parte dos relatos, limitações quanto à estrutura dos serviços e à efetividade das ações educativas ainda são percebidas pelas usuárias. Ao decorrer da pesquisa, analisando as falas foi possível perceber que há necessidade de reforçar as ações educativas sobre os riscos e complicações do DMG durante o pré-natal, com linguagem acessível, materiais de apoio, e momentos específicos para sanar dúvidas. A atuação da enfermagem, nesse sentido, é fundamental para promover um entendimento mais completo sobre a condição e estimular o autocuidado de forma consciente. Dessa forma, considera-se que fortalecer a atuação da enfermagem no contexto do diabetes gestacional vai além da assistência clínica, trata-se de garantir cuidado humanizado, educativo e acessível, que considere as particularidades de cada gestante. Investir em estratégias que ampliem o diálogo, a escuta ativa e a construção conjunta do conhecimento é essencial para qualificar o acompanhamento pré-natal e, consequentemente, promover melhores desfechos para mãe e bebê. Portanto, é imprescindível que políticas públicas e gestores da saúde reconheçam e valorizem o papel estratégico da enfermagem na linha de frente do cuidado à saúde materna. REFÊRENCIAS AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Improving care and promoting health in populations: standards of medical care in diabetes—2021. Diabetes Care, v. 44, n. Supplement_1, p. S7-S14, 2021. BARRETO ANDRADE et al. Depressive symptoms and family functionality in the elderly with diabetes mellitus. Issues in Mental Health Nursing, v. 41, n. 1, p. 54- 58, 2020. CARVALHO, T. B et al. Importância das orientações sobre trabalho de parto nas consultas de pré-natal: revisão de literatura. Revista de Educação e Saúde, [S. l.], v. 9, n. 4, p. 1–21, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.29237/2358- 9868.2019v7i1.p142-150. 94 CORTEZ-NAVARRETE, Marisol et al. Role of fenugreek, cinnamon, curcuma longa, berberine and Momordica charantia in type 2 diabetes mellitus treatment: a review. 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Assim, é essencial que o enfermeiro possua um conhecimento sólido para fornecer informações que facilitem esse processo complexo (Jerke et al., 2019). Portanto, buscar orientações e capacitações específicas sobre a temática é fundamental para garantir um atendimento completo e humanizado, preparando o profissional para oferecer o melhor suporte possível nessa fase de acompanhamento à gestante, para que não haja complicações como hipertensão gestacional, parto prematuro e aumento do risco de DM2 no futuro. Além disso, é fundamental trabalhar em conjunto com outros profissionais de saúde para assegurar um atendimento coeso e eficiente (Cortez et al., 2023). Diante disso, justifica-se a importância da intervenção da equipe de enfermagem para um acompanhamento adequado durante a gestação e o pré-natal. É também necessária na assistência à mulher gestante com DG, especialmente quando essas medidas são adotadas no primeiro ou segundo trimestre da gestação. É de extrema importância para o feto e futuramente recém-nascido (RN) que haja o diagnóstico precoce, nas primeiras semanas da gestação, diminuindo assim os riscos de DMG (Mariano et al., 2021). As gestantes devem estar cientes do processo de DG, do seu diagnóstico e das suas complicações. Ressalta-se também a importância não só do acompanhamento do enfermeiro quanto o comparecimento da gestante nas consultas de enfermagem para que com isso os enfermeiros possam criar e realizar um pré- natal adequado, facilitando a identificação dos agravos que podem surgir durante a DG. 12 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Analisar a percepção das gestantes em relação ao papel da enfermagem na identificação precoce e no monitoramento eficaz do diabetes gestacional. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Caracterizar os participantes da pesquisa; Analisar a percepção das gestantes quanto ao monitoramento da glicemia e ocontrole da diabetes no pré-natal; Investigar a orientação e o apoio fornecidos pela equipe de enfermagem às gestantes com diabetes gestacional; Averiguar as percepções das pacientes quanto os riscos e complicações do diabetes gestacional. 13 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 GESTAÇÃO E PRÉ-NATAL A gestação provoca mudanças significativas no organismo da mãe, é um período marcado por transformações fisiológicas, físicas e psicológicas na vida da mulher. Essas mudanças, no início, são causadas pelos hormônios produzidos pelo corpo lúteo e pela placenta, e a partir do segundo trimestre também estão relacionadas ao crescimento do útero. As alterações mais importantes na fisiologia da gestante envolvem os sistemas cardiovascular, respiratório e gastrointestinal, além de afetarem o metabolismo e o sistema hematológico (Alves; Bezerra, 2020). A gestação é dividida em três trimestres. No primeiro trimestre, ocorre a fecundação e o estabelecimento do embrião no útero, iniciando o desenvolvimento das primeiras camadas dos órgãos. Ao final desse período, o embrião começa a tomar forma. No segundo trimestre, o feto já desenvolveu completamente todos os seus órgãos. No terceiro, o feto ganha peso e altura, enquanto a mãe se prepara para o parto. Durante toda a gestação, é essencial que a mulher mantenha hábitos saudáveis para garantir o bom desenvolvimento do feto (Montenegro; Rezende, 2019). A gravidez provoca alterações no corpo da mãe que podem chegar ao limite do patológico, impondo uma carga significativa tanto física quanto psicológica. Se a gestante não receber o acompanhamento adequado, pode haver a sobreposição de condições patológicas preexistentes, transformando o processo reprodutivo em uma situação de risco para a mãe e o feto (Fonseca et al., 2021). No ano de 2000, o Ministério da Saúde (MS) fundou o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN). Este programa tem como objetivo reduzir a mortalidade materna e perinatal, proporcionando uma assistência de qualidade e humanizada desde o parto até o puerpério (Lima et al., 2019). De acordo com o Programa de Humanização no pré-natal e nascimento, recomenda-se que a gestante realize pelo menos 6 (seis) consultas pré-natais, distribuídas da seguinte forma: uma no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três no terceiro trimestre. Também é importante lembrar da consulta puerperal, que deve ocorrer até quarenta e dois dias após o parto. Durante as consultas, são realizados exames, vacinas, tratamentos para eventuais alterações, além de ações de prevenção e diagnóstico de câncer de mama e de colo do útero, bem como encaminhamentos necessários (Brasil, 2013). 14 O pré-natal tem como objetivo atender, acolher e garantir as necessidades da mulher desde o início até o final da gestação. Ele assegura o acompanhamento contínuo, o desenvolvimento e a avaliação de todos os aspectos da gravidez, visando um parto seguro e um recém-nascido saudável, sem comprometer a saúde da mãe. Além disso, promove o bem-estar físico, mental e a saúde durante toda a gravidez (Lima et al., 2019). O acompanhamento pré-natal é crucial durante a gestação para identificar possíveis patologias maternas e fetais, prevenir o surgimento de novas condições e tratar aquelas já existentes. Quando realizado de maneira adequada, o pré-natal pode diminuir a morbidade e mortalidade materno-infantil, pois a detecção precoce dos riscos gestacionais possibilita orientações e encaminhamentos apropriados em cada fase da gravidez (Marques et al., 2020). É dever do enfermeiro orientar as mulheres sobre a importância do pré-natal, da amamentação e da alimentação adequada. O enfermeiro é responsável por realizar consultas de pré-natal, solicitar exames conforme os protocolos, realizar exames físicos, como o teste das mamas e a coleta de citologia cervical, quando necessário. Além disso, é essencial que haja a identificação de gestantes com sinais de alerta ou de alto risco e encaminhá-las rapidamente para o pré-natal de alto risco (Carpes et al., 2019). No âmbito desse programa, cada gestante tem o direito a um atendimento humanizado, seguro e de qualidade durante a gestação, o parto e o puerpério, conforme as diretrizes estabelecidas pela prática médica. Além disso, cada recém- nascido tem direito a uma assistência neonatal igualmente humanizada e segura. Para garantir isso, é necessário realizar consultas regulares de pré-natal e pediátricas, além de exames laboratoriais, de imagem, vacinação, avaliação de risco gestacional e atividades educativas para as gestantes (Cardoso et al., 2019). As seis consultas de acompanhamento no pré-natal são oferecidas gratuitamente pelo Ministério da Saúde, porém nem todas as gestantes frequentam as consultas marcadas, seja pela incompreensão da real importância desse acompanhamento ou pela falta de comprometimento (Carvalho; Cerqueira, 2020). É importante que o profissional forneça durante o pré-natal orientações detalhadas sobre o trabalho de parto. Essas informações são essenciais para evitar comportamentos que possam aumentar a ansiedade, o medo e a insegurança durante o parto. Além disso, essas orientações ajudam a gestante a tomar decisões de forma 15 autônoma, sem ser influenciadaem relação ao que diz respeito ao seu próprio corpo. Encontros regulares são fundamentais para esclarecer dúvidas e garantir que possíveis conflitos não impactem negativamente esse momento especial do nascimento do bebê (Carvalho; Cerqueira, 2020). Segundo o Ministério da Saúde, é permitido que o enfermeiro realize o acompanhamento completo do pré-natal de risco habitual. O enfermeiro é um profissional qualificado o suficiente para implementar estratégias de promoção da saúde, prevenção de doenças e cuidados humanizados. Para isso, ele desenvolve um plano de assistência durante as consultas de pré-natal, com base nas necessidades identificadas e priorizadas, definindo as intervenções necessárias, fornecendo orientações e encaminhando a gestante para outros serviços quando necessário (Sehnem et al., 2020). 3.1.1 Alterações Fisiológicas e Emocionais Durante o período da gestação existem muitas modificações no organismo materno que tem como finalidade adaptar-se às necessidades orgânicas materno-fetal e do parto. Essas modificações acontecem a partir no segundo trimestre são resultantes de ações hormonais, resultante do corpo lúteo e da placenta (De Oliveira et al., 2020). Emoções estão presentes em qualquer processo humano comum, e durante a gestação, devido à responsabilidade da mãe com o ciclo gestacional, surge uma carga emocional significativa. Isso faz com que os sentimentos se tornem mais intensos, levando as gestantes a manifestarem essas emoções de forma mais acentuada. Essas emoções, sejam positivas ou negativas, podem ou não se tornar patológicas, dependendo da intensidade com que são vivenciadas (Gomes et al., 2020). A gestação, dura aproximadamente 41 semanas até o parto, é um período de formação de um novo ser. Esse período é caracterizado por modificações no estilo de vida da mulher, impactando também a vida pessoal, a relação do casal, podendo lhes causar um certo desequilíbrio no relacionamento. Este desequilíbrio parte das modificações fisiológicas e psicológicas que acometem a mulher neste período, logo há mudanças hormonais e físicas que interferem diretamente na autoestima e libido da mulher (Ferreira et al., 2021). O estresse se manifesta no dia a dia, sendo visível nas interações cotidianas. Ele está relacionado às mudanças que ocorrem durante a gestação e aos diversos 16 desafios que surgem em função dos papéis sociais, especialmente com o aumento da carga e da responsabilidade da mãe durante esse período (Gomes et al., 2020). Em algumas mulheres, a ansiedade pode se manifestar de maneira intensa, revelando-se em preocupações excessivas e/ou em um estado de tensão, insatisfação, insegurança, incerteza e medo em relação à maternidade (Chemello et al., 2021). A ansiedade materna é identificada como uma emoção comum e um dos impactos mais recorrentes nas gestantes. Isso a torna um fator que prejudica a comunicação entre mãe e bebê, além de afetar a capacidade da mãe de atender às necessidades da criança. O estresse pode resultar em complicações como baixo peso ao nascer, aborto espontâneo e maior risco de prematuridade, além de provocar alterações neurológicas, imunológicas e outras condições patológicas, afetando tanto a mãe quanto o bebê durante a gestação (Gomes et al., 2020). 3.1.2 Equipe Multiprofissional O trabalho em equipe multiprofissional foi definido como uma forma de colaboração coletiva, na qual profissionais de diversas áreas do conhecimento interagem reciprocamente através de suas intervenções técnicas. Esse tipo de trabalho é baseado na comunicação e na cooperação entre os membros da equipe. Portanto, é essencial discutir a importância dessa colaboração entre diferentes áreas profissionais e como essa interação impacta a qualidade do atendimento oferecido aos pacientes que utilizam esses sistemas (Ávila; Da Costa, 2020). O atendimento às gestantes deve ir além dos consultórios, envolvendo não apenas a Equipe de Saúde da Família (ESF), mas também todo o grupo, incluindo o Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB), (Rocha et al., 2021). O NASF-AB é constituído por uma equipe multiprofissional e interdisciplinar que complementa as equipes que atuam na Atenção Primária à Saúde (APS). Dessa forma, os profissionais do NASF-AB colaboram com a ESF na atenção integral durante o pré-natal, participando de discussões de casos, visitas domiciliares e atividades de educação permanente (Franco et al.,2020). A estratégia multiprofissional durante o pré-natal promove a humanização e a integralidade do atendimento, melhorando a qualidade de vida da gestante. Ao final da gravidez, inicia-se o trabalho de parto. Após essa experiência, a mulher entra no 17 puerpério, um período em que seu corpo passa por adaptações para retornar ao estado anterior à gestação. O puerpério é uma fase única, marcada por transformações anatômicas, fisiológicas e psicossociais, tornando essencial a continuidade do cuidado multidisciplinar e o acompanhamento integral da mulher e do recém-nascido (Bortolato-Major, 2021). Durante a gestação e o parto, ocorrem mudanças que exigem uma adaptação à chegada de um novo membro na família. Por isso, é fundamental desenvolver ações preventivas e de promoção da saúde, principalmente na Atenção Básica. Além disso, a participação e o comprometimento de uma equipe integrada, juntamente com os serviços de atenção secundária e terciária, são essenciais (Marques et al., 2020). No final da gravidez, inicia-se o trabalho de parto, caracterizado por contrações uterinas eficazes e rítmicas que promovem a dilatação e o afinamento do colo do útero. Após o parto, a mulher entra no período do puerpério, quando seu corpo passa por um processo de retorno ao estado pré-gestacional. O puerpério é um período único, com mudanças anatômicas e fisiológicas significativas, além de questões psicossociais. Por isso, é essencial continuar o cuidado multidisciplinar e o acompanhamento integral tanto da mulher quanto do recém-nascido (Bortolato-Major, 2021). 3.2 DIABETES MELLITUS GESTACIONAL A diabetes mellitus (DM) é um distúrbio endócrino caracterizado por níveis elevados de glicose no sangue, conhecidos como hiperglicemia, que são superiores a 100 mg/dL em jejum. Essa condição pode ser causada pela deficiência de insulina (Araújo et al., 2020). A DM pode resultar da deficiência na produção e/ou liberação de insulina pelo pâncreas ou da resistência das células a esse hormônio, sendo classificada em tipo 1 ou tipo 2. A DM tipo 1 geralmente afeta crianças e adolescentes e é considerada um dos tipos mais graves. Por outro lado, a DM tipo 2 é uma doença multifatorial que compromete a qualidade de vida dos indivíduos afetados, caracterizando-se fisiologicamente pela resistência das células à insulina, associada a uma falha na secreção deste hormônio pelo pâncreas (Rodrigues et al., 2019). O rastreamento do DMG deve ser realizado a partir da 24ª semana de gestação, através da medição dos níveis de glicose no sangue em jejum. O diagnóstico pode ser confirmado por meio do Teste Oral de Tolerância à Glicose 18 (TOTG), que avalia a resposta do organismo à sobrecarga de glicose. Esse teste inclui a coleta de amostras de glicose no plasma após um jejum de pelo menos 8 horas, geralmente no segundo trimestre da gravidez. Além disso, gestantes com alto risco de desenvolver DMG podem passar por uma triagem precoce já na primeira consulta do pré-natal (Fernandes et al., 2020). O diagnóstico relevante que deve ser diferenciado do DMG é o de DM diagnosticado durante a gestação. Nesse caso, a mulher já apresentava diabetes, embora sem diagnóstico prévio, e durante a gravidez desenvolve hiperglicemia com níveis de glicose que atingem os critérios para diabetes fora do contexto da gestação, conforme os parâmetros da Organização Mundialda Saúde (Silva et al., 2021) Apesar de o DMG normalmente se resolver após o parto, ele pode ter efeitos duradouros sobre a saúde materna. Durante a gestação, mulheres com DMG apresentam maior risco de desenvolver hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia e de necessitar de cesariana. A longo prazo, evidências consistentes mostram uma forte relação entre o DMG e o desenvolvimento posterior de DM2, hipertensão, dislipidemia, disfunção vascular, aterosclerose e outros fatores de risco cardiovascular na mãe (Alesi et al., 2021). Os fatores de risco para o desenvolvimento da DMG são: idade materna avançada, obesidade, sobrepeso ou ganho excessivo de peso na gestação atual, deposição central excessiva de gordura corporal, história familiar de diabetes em parentes de primeiro grau, crescimento fetal excessivo, polidramnia, hipertensão ou pré-eclâmpsia na gestação atual, antecedentes obstétricos de abortamentos de repetição, malformações, morte fetal ou neonatal, macrossomia, síndrome de ovários policísticos, baixa estatura (menos de 1,5 m) (Zajdenverg, 2023). A primeira opção para o tratamento de diabetes deve ser a dieta individualizada e atividades físicas. Recomenda-se exercícios aeróbicos seguros e de baixo impacto, como caminhadas e natação, realizados com intensidade leve a moderada, por 30 a 45 minutos, três vezes por semana, para que haja uma prática adequada de atividade física. A dieta deve ser planejada com o objetivo de manter um bom controle metabólico, garantindo uma nutrição adequada tanto para a mãe quanto para o feto (Bozatski, 2019). É extremamente importante que o tratamento seja iniciado quanto antes após o diagnostico, pois assim diminuem as chances de complicações para o feto. A DM mal controlada na gestação causa muitas complicações como: aborto espontâneo, 19 malformações fetais, pré-eclâmpsia, natimortalidade, macrossomia, hipoglicemia e hiper bilirrubinemia neonatais (Zajdenverg,2023). Quando o controle da glicemia através da dieta e da prática de exercícios físicos não são suficientes é indicado a insulinoterapia. Na atualidade, existem diferentes tipos de insulina, que variam em relação ao tempo de ação no organismo. No entanto, no caso de gestantes, ainda não há um consenso sobre um protocolo padrão para o uso de insulina. A escolha do esquema terapêutico é personalizada, considerando fatores como características individuais, taxa de obesidade e grau de hiperglicemia, sendo o tratamento medicamentoso sempre sujeito à avaliação médica (Martins; Brati, 2021). O tratamento farmacológico é iniciado quando a gestante não atinge o controle glicêmico em duas semanas. A recomendação da Sociedade Brasileira de Diabetes é o uso da insulinoterapia subcutânea, com as insulinas Neutral Protamine Hagedorn (NPH) e sendo as mais comuns. No entanto, o uso da insulina pode ser complicado e menos aceito pelas pacientes. Embora alguns especialistas às recomendem a suspensão dos antidiabéticos orais, outros os veem como uma alternativa viável, destacando principalmente a glibenclamida e a metformina. Recentemente, ambas demonstraram eficácia comparável à insulina (Rodrigues et al., 2019). A insulina é um hormônio essencial para controlar os níveis de glicose no sangue. O corpo depende desse hormônio para utilizar a glicose dos alimentos como fonte de energia, transportando-a para dentro das células. Produzida pelo pâncreas, a insulina previne o excesso de glicose no sangue. Quando ela está ausente ou insuficiente, a glicose não consegue ser absorvida pelas células, o que causa seu acúmulo na corrente sanguínea e pode levar ao desenvolvimento de DM (Sociedade Brasileira de Diabetes, 2020). Assim como ocorre no rastreamento e diagnóstico, os valores considerados adequados para o controle glicêmico podem variar ligeiramente conforme a fonte consultada. As referências incluem: glicemia de jejum entre 60 mg/dL e 90 mg/dL, 65 mg/dL e 95 mg/dL, ou até entre 80 mg/dL e 110 mg/dL; glicemia pós-prandial (1h após a refeição) entre 100 mg/dL e 120 mg/dL, ou até 140 mg/dL; e 2h após a refeição, até 120 mg/dL ou 155 mg/dL. Vale destacar que, em mulheres com risco aumentado de hipoglicemia, esses alvos devem ser ajustados para glicemia de jejum até 99 mg/dL e ao deitar entre 80 mg/dL e 120 mg/dL (Organização Pan Americana de Saúde, 2019). 20 O rastreamento para a percepção da doença é obrigatório, sendo assim o cuidado à gestante com DMG deve ser iniciado desde a primeira consulta de pré- natal. Avaliações constantes e rigorosas realizadas pelo profissional de saúde, com o objetivo de identificar qualquer alteração, devem ser mantidas ao longo de toda a gestação e finalizadas seis semanas após o parto (Dias et al., 2019). A enfermagem orienta as gestantes sobre o tratamento proposto, oferecendo suporte emocional e incentivando a continuidade do tratamento, desempenhando um papel fundamental nas ações de promoção durante o pré-natal. Assim, as ações realizadas pelos enfermeiros têm como objetivo reduzir a mortalidade materna e fetal diante das complicações que podem surgir durante a gestação e no pós-parto em decorrência do DMG (De Deus et al., 2022). Nessa perspectiva, a assistência à mulher durante o período gestacional deve ser realizada com a sensibilização das equipes de saúde, a fim de incentivar as gestantes a se manterem ativas no pré-natal, utilizando estratégias que promovam sua participação e atenção ao autocuidado. Nos casos que exigem um acompanhamento mais frequente, consultas adicionais devem ser realizadas, considerando a saúde materno-fetal (Brasil, 2022). 3.3 EDUCAÇÃO EM SAÚDE A educação em saúde é um aspecto fundamental nas atividades das equipes de saúde. Sua abordagem evoluiu ao longo do tempo, influenciada por contextos históricos e políticos. Na segunda metade do século 19, surgiu como uma estratégia autoritária e regulatória, utilizando práticas coercitivas e atribuindo a origem das doenças à falta de observância das normas de higiene pela população. Depois, em meados do século 20, passou a ter uma perspectiva positivista, baseada no modelo biológico, focando em informar a população sobre normas para o bem-estar físico, mental e social, incentivando-a a assumir a responsabilidade por sua própria saúde (Brasil, 2017). A partir das décadas de 1960 e 1970, com o movimento pela reforma sanitária no Brasil, a educação em saúde começou a incluir a discussão sobre os determinantes sociais da saúde e os princípios da educação popular de Paulo Freire, propondo soluções através da problematização para transformar a realidade. A Educação em Saúde é uma abordagem que fortalece o cuidado de enfermagem ao integrar atividades educativas na atenção ao paciente, utilizando os recursos disponíveis nos 21 serviços de saúde, tanto públicos quanto privados. Essas ações são essenciais para promover a qualidade de vida e auxiliar no desempenho das atividades diárias das pessoas (Fittipaldi et al., 2021). A promoção da saúde é eficaz para promover a saúde e incentivar o autocuidado em indivíduos e comunidades. Ela altera o modelo tradicional de ensino, que antes era mais centrado na transmissão de conhecimento, e passa a seguir o princípio de que as ações educativas promovem a autonomia das pessoas em relação aos cuidados com a saúde, mesmo quando não estão sob supervisão de profissionais. A enfermagem assume um papel crucial nas práticas educativas voltadas à saúde da população, fundamentando suas ações nas demandas sociais da comunidade (Moreira et al., 2019). Ao definir educação em saúde, é essencial destacar suas diferentes abordagens. Tradicionalmente, ela é vista como parte da saúde pública, voltada para a promoção da saúde e a prevenção de doenças. Também é considerada como um processo de transmissão de conhecimento, quePaulo Freire descreveu como educação bancária, onde o aluno atua como um mero espectador, recebendo informações sem contextualização ou reflexão crítica. Além disso, deve ser entendida pela população como um apoio na compreensão das causas das doenças, assim como na sua prevenção e superação (Carvalho et al., 2019). No contexto da pesquisa, a educação em saúde exerce papel fundamental para a construção do conhecimento no que se refere à gravidez e a diabetes. Os esclarecimentos realizados no processo de educação em saúde ofertados pela equipe de saúde propiciam um empoderamento da mulher, devolvendo-lhe seu protagonismo e autonomia no momento da gestação e no processo de descoberta de doenças (Silva et al.,2019). Ao integrar na sua rotina profissional práticas pedagógicas, o enfermeiro busca transmitir ou ensinar cuidados de saúde com base no relato de problemas, experiências e comportamentos vividos diariamente pelo paciente e/ou seus familiares. Dessa forma, o compartilhamento de conhecimento com o enfermeiro fortalece o vínculo com o paciente e/ou familiares, além de incentivar mudanças nas práticas diárias, promovendo a saúde (Da Costa et al., 2020). As gestantes se sentem mais seguras quando acompanhadas por enfermeiros obstetras. As ações desenvolvidas por esses profissionais ao longo da gestação, como oferecer conselhos, responder dúvidas e fornecer esclarecimentos, são 22 fundamentais para uma assistência adequada nesse período. Isso reforça a importância de manter uma relação estreita com a comunidade para garantir uma orientação em saúde de qualidade. As ações educativas na área da saúde também envolvem os acompanhantes, ampliando as ações para atingir mais pessoas e transformá-las em multiplicadores do conhecimento adquirido, sempre sob a liderança do enfermeiro que coordena a equipe multidisciplinar (Pereira et al., 2020). A orientação em saúde por meio de reuniões permite a utilização de técnicas e ações adaptadas para aprimorar a qualidade de vida do público-alvo, complementando a assistência prestada. Esse formato de ação educativa é importante para esclarecer dúvidas e contribuir para o aumento do conhecimento sobre diversos aspectos relacionados ao cuidado com a saúde. A liderança do enfermeiro na equipe de saúde coloca esse profissional em posição de destaque no planejamento das ações, mas é fundamental ressaltar a importância da organização do trabalho em equipe, respeitando a autonomia e independência de cada categoria profissional (Pinto et al., 2019). A importância do planejamento e da execução de ações contínuas de promoção, prevenção e educação em saúde no ambiente escolar é fundamental. Essas ações devem ser fundamentadas na atuação multiprofissional, na qual o enfermeiro desempenha um papel ativo, realizando um trabalho colaborativo e transformador. A implementação do processo de educação em saúde deve ser vista como uma estratégia preventiva e social, com o objetivo de provocar mudanças nos comportamentos e atitudes dos adolescentes em relação às realidades e temáticas abordadas (Da Costa, 2020). Para isso, é essencial oferecer informações de maneira acessível, utilizando uma linguagem próxima ao público, além de promover rodas de conversa para a troca de experiências e outras alternativas eficazes que contribuam para a promoção da saúde e a qualidade de vida dessa população, fazendo assim de maneira eficaz e correta a disseminação de uma educação em saúde de qualidade (Ribeiro et al., 2019). Planejar é fundamental para o sucesso das ações de educação em saúde, pois há fatores que tanto favorecem quanto dificultam esse processo. Entre os facilitadores estão a eficiência da gestão municipal e da unidade de saúde, o empenho da equipe multidisciplinar, o interesse dos usuários pelas ações educativas e a satisfação dos profissionais com seu trabalho. Já os obstáculos incluem problemas na gestão 23 municipal, equipes multiprofissionais reduzidas, infraestrutura inadequada, falta de recursos materiais e o desinteresse dos usuários. Esses fatores podem atuar como oportunidades ou desafios para a educação e a promoção da saúde (Pinto et al., 2019). 24 4 METODOLOGIA DE PESQUISA 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA A pesquisa foi conduzida através de um estudo de campo de caráter qualitativo e descritivo. O principal objetivo foi analisar a percepção das gestantes em relação ao papel da enfermagem na identificação precoce e no monitoramento eficaz do diabetes gestacional. A pesquisa qualitativa no ambiente acadêmico busca entender as razões que explicam eventos, fatos, fenômenos, comportamentos ou tendências. Normalmente, trabalha com uma amostra reduzida e utiliza diferentes técnicas de coleta de dados, como grupos focais, entrevistas, análise documental, observações sistemáticas e relatos escritos ou orais. Esses métodos auxiliam na formulação de hipóteses sobre um problema de pesquisa, oferecendo uma compreensão mais profunda e interpretativa dos dados obtidos (Cusati et al., 2024). A pesquisa descritiva é utilizada para observar, registrar e examinar resultados de forma detalhada. Esse tipo de estudo adota métodos padronizados para a coleta de dados e para a observação sistemática, assegurando uma análise estruturada e consistente das informações coletadas (Gil, 2021). 4.2 LOCAL E PERÍODO DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA A pesquisa foi desenvolvida em um Centro de Referência em Saúde em um Município da Região da Campanha, no Estado do RS. Foi implementada nos meses abril e maio, após a solicitação de realização da pesquisa à Secretaria Municipal de Saúde e Atenção à Pessoa com Deficiência, sendo que, somente após autorização, foi iniciada a coleta de dados. 4.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO As participantes do estudo foram as gestantes de um Centro de Referência em Saúde do Município, que aceitaram participar do estudo, que concordaram em ser gravadas, maiores de idade e consideradas legalmente capazes. As participantes da pesquisa foram identificadas como "E", seguidos de um número sequencial correspondente à entrevista. Para estabelecer o total de entrevistadas, foi utilizada a técnica de saturação teórica. 25 A saturação teórica é alcançada quando novas entrevistas não trazem informações adicionais relevantes, ou quando os dados obtidos já preencheram as lacunas existentes no conhecimento, permitindo a interpretação do fenômeno e a ligação entre as categorias analíticas (Gallo et al., 2024). 4.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO Foi incluída na pesquisa, toda gestante que esteva em acompanhamento de pré- natal na Unidade, que foi diagnosticada com DMG na gestação atual, que demonstrou interesse em participar da pesquisa, desde que fossem maiores de idade e legalmente capazes, que concordaram com a gravação da entrevista e com os termos do consentimento livre e esclarecido. Não foram incluídas na pesquisa as gestantes que não aceitaram realizar e não aceitaram os termos apresentados, as pacientes com dificuldade de estabelecer comunicação verbal e gestantes que não tivessem diagnóstico definido bem como aquelas que ao longo da entrevista demonstraram interesse, a qualquer tempo, pela autoexclusão. 4.5 COLETA DE DADOS As participantes receberam orientações claras sobre a natureza da pesquisa, o tema explorado e seus objetivos. Foi destacado o compromisso com a confidencialidade e a proteção da privacidade das entrevistas e das informações fornecidas. As participantes foram corretamente informadas sobre a necessidade de assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, a participação delas na pesquisa foi completamente voluntária, sem qualquer tipo de pressão ou influência exercida pelo pesquisador.Como instrumento da pesquisa foi utilizada uma entrevista, a qual é uma ferramenta utilizada para a coleta de dados em pesquisas qualitativas, sendo amplamente aplicada em estudos de campo para compreender diversos fenômenos. Ela se destaca como uma técnica de interação social dinâmica, flexível e criativa, permitindo que o participante e o pesquisador colaborem na construção conjunta de uma interpretação do fenômeno investigado (Oliveira et al., 2023). 26 4.6 ANÁLISE DOS DADOS A análise adotou a metodologia sugerida por Bardin. Nesse trabalho, Bardin detalha como a análise de conteúdo pode ser aplicada a diversas fontes de informações, propondo três etapas principais: a pré-análise, a exploração do material, e o tratamento dos resultados, inferência e interpretação. A fase inicial de organização, embora intuitiva, teve como objetivo tornar as ideias iniciais operacionais e sistematizadas, resultando em um plano claro para as próximas etapas. Essa fase geralmente envolve três tarefas principais: selecionar os documentos a serem analisados, definir as hipóteses e objetivos, e criar indicadores que sustentem a interpretação final (Bardin, 2016). Na segunda etapa, realiza-se a análise do material, na qual o pesquisador identifica categorias e examina os elementos que constituem um grupo específico. Além disso, ele realiza reagrupamentos por analogia, empregando métodos previamente definidos para auxiliar na formulação das conclusões (Bardin, 2016). Por fim, a terceira etapa consiste no tratamento e interpretação dos dados brutos. Nessa fase, os dados são organizados de maneira a se tornarem relevantes e apropriados para a análise, possibilitando ao pesquisador apresentar os resultados sob diferentes perspectivas (Bardin, 2016). 4.7 RISCOS E BENEFÍCIOS 4.7.1 Riscos O atual estudo não acarretou riscos físicos, pois não envolveu procedimentos dolorosos, manipulação de materiais biológicos ou experimentos com seres humanos. As participantes puderam responder às perguntas de forma total ou parcial, sem que isso lhes causasse qualquer prejuízo. Caso alguma participante, eventualmente, tivesse apresentado algum tipo de desconforto ou dano psicológico, ela seria encaminhada ao Serviço Escola de Psicologia Aplicada (SEPA) para receber o devido atendimento, caso tenha ocorrido o desenvolvimento de possíveis transtornos psicológicos. 4.7.2 Benefícios Esta pesquisa contribuiu para a busca de estratégias que superem os desafios enfrentados pelas mulheres na realização dos exames de rastreamento do DG. Ao 27 enfatizar a importância da enfermagem no acolhimento, esclarecendo dúvidas e orientando sobre tratamentos, o projeto ajudará a melhorar o acesso e a adesão aos exames. 4.8 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA A Resolução CNS n. 466/12 estabelece que “o respeito à dignidade humana exige que toda pesquisa seja conduzida com o consentimento livre e esclarecido dos participantes, sejam eles indivíduos ou grupos, que devem manifestar sua concordância por meio de si mesmos e/ou de seus representantes legais para participar da pesquisa” (Brasil, 2012). Conforme a resolução. a pesquisa que envolve seres humanos é definida como aquela que "individual ou coletivamente, tenha como participante o ser humano, em sua totalidade ou partes dele, e o envolva de forma direta ou indireta, incluindo o manejo de seus dados, informações ou materiais biológicos". Assim, fica claro que todas as pesquisas que envolvem seres humanos, devem ser acompanhadas pelo Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Brasil, 2012). Ao considerar que a ética na pesquisa demanda respeito à integridade do indivíduo e a proteção dos participantes, a Resolução Nº 510/2016 estabelece que o consentimento e assentimento livre e informado devem ser baseados na confiança mútua entre pesquisador e participante, mantendo um diálogo aberto para perguntas e esclarecimentos. Esse consentimento pode ser concedido ou registrado em qualquer fase da pesquisa e pode ser retirado a qualquer momento, sem prejuízo ao participante (Brasil, 2016). 28 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES DO ESTUDO O estudo contou com a participação de 8 (oito) mulheres gestantes com diferentes perfis obstétricos, diagnosticadas com DG, com idades entre 22 a 39 anos. Algumas participantes já haviam passado por gestações anteriores, enquanto para quatro delas esta era a primeira gestação. A maioria iniciou o acompanhamento pré- natal ainda no primeiro semestre gestacional, com exceção de apenas uma gestante que iniciou após esse período. Três participantes relataram histórico prévio de DG em gestações anteriores. Nenhuma das gestantes informou ter antecedentes de outras alterações significativas durante a gestação. Em relação às características antropométricas, o peso das participantes variou entre 47 kg e 128 kg, enquanto a altura apresentou variação de 1,52 m a 1,76 m. Identificou -se que 1 participante se encontra com peso adequado, 4 estão acima do peso, 1 em obesidade grau I, 1 em obesidade grau II e 1 com obesidade grau III, obesidade mórbida. Durante a gestação, ocorrem alterações hormonais naturais que aumentam a resistência à insulina para garantir a oferta adequada de nutrientes ao feto, quando a gestante já apresenta obesidade, essa resistência é potencializada, dificultando ainda mais o controle glicêmico e aumentando o risco de DMG. 5.2 A PERCEPÇÃO QUANTO AO CONTROLE E MONITORAMENTO DA GLICEMIA DAS GESTANTES Ao entrevistar as participantes do estudo foi possível perceber que a maioria das gestantes receberam orientações quanto ao controle e monitoramento da glicemia. Algumas até realizaram os exames, mas não souberam explicitar quais foram ou qual sua finalidade. Algumas gestantes relatam ter recebido orientações sobre dieta e hábitos de vida após o diagnóstico, mas muitas dessas orientações parecem genéricas ou pouco detalhadas. “Sim. Eu fiz o da glicose e o em jejum”. (E3) “Sim, tipo, eu tenho que fazer caminhada, fazer alguma atividade física e diminuir a minha alimentação”. (E5) “Sim, ela me deu, ela mandou fazer o exame de sangue pra ver se tinha diabetes ou não e me passou para o nutricionista [...] ela disse que era pra me evitar comer comida gorda assim, açúcar e pra dar uma controlada”. (E8) 29 “Sim. Me passou a dieta, a enfermeira me passa as questões de como é que eu posso me exercitar, os tipos de exercícios que eu posso fazer durante a gestação e as outras informações que a gente vai buscando”. (E7) “Sim. E ter uma alimentação mais balanceada, para comer coisas saudáveis”. (E5) Percebe-se que a maioria não soube responder de uma forma mais clara quais exame seriam importantes para o diagnóstico de acordo com a pergunta. As respostas revelam uma heterogeneidade nas experiências das gestantes quanto às orientações recebidas durante o pré-natal e que muitas foram centradas apenas na restrição alimentar sem um aprofundamento sobre o monitoramento efetivo da glicemia, (frequência, metas, importância do controle). Isso evidencia que o acompanhamento poderia ser mais estruturado e personalizado. Algumas participantes demonstraram conhecimento sobre os exames laboratoriais realizados para o diagnóstico do DG, como a glicemia em jejum e o teste de tolerância à glicose. Uma das gestantes misturou orientações sobre mudanças de estilo de vida com exames diagnóstico, foi possível notar certa confusão entre orientações voltadas ao diagnóstico e aquelas relacionadas ao controle da doença, indicando a necessidade de uma comunicação mais clara e estruturada por parte da equipe de enfermagem. É possível destacar que a falta de clareza nas orientações prestadas durante o pré-natal comprometea autonomia das gestantes no cuidado com a própria saúde, especialmente em condições como o DG. É responsabilidade do profissional de saúde, durante o pré-natal, fornecer informações, promover educação em saúde e comunicar adequadamente as condições da gestação a cada encontro com a gestante. No entanto, ainda são identificadas falhas nesse processo educativo, o que faz com que muitas mulheres cheguem ao final da gestação sem o conhecimento necessário para vivenciar adequadamente o parto, a amamentação e o puerpério (Secretária da Saúde, 2022). Para promover a educação em saúde, podem ser adotadas diferentes estratégias, tanto coletivas quanto individuais, como palestras, atividades educativas em salas de espera e grupos de gestantes. Dentre essas, os grupos de gestantes têm se destacado por apresentarem melhores resultados, já que permitem o compartilhamento de experiências e a reflexão conjunta entre as participantes (Carvalho et al., 2019). 30 5.3 O APOIO E A ORIENTAÇÃO DISPONIBILIZADOS PELA EQUIPE DE ENFERMAGEM. Ao questionar as participantes do estudo sobre o papel da equipe da enfermagem, os relatos revelam que, embora grande parte das gestantes reconheça o papel da equipe de enfermagem, especialmente das enfermeiras, como central na orientação e apoio durante o pré-natal, ainda há dificuldades no acesso a atividades educativas e oferta limitada e pouco estruturada de informações relacionadas ao controle da DG. “Eu fui, mas... Não sei o que, infantil, uma coisa assim, de gravidez. Eu não sei te explicar [...] ah, depende, quem tem tempo, né?”. (E1) “Não, não’ [...] ah, eu acho que sim”. (E5) “Não”. (E6) “Ainda não [...] muito porque é uma troca, né?”. (E7) “Não [..] pra mim não é fácil, eu não ia aprender”. (E8) Quanto à participação em atividades educativas, a maioria das gestantes não participou de grupos, rodas de conversa ou ações coletivas, apesar de reconhecerem, em parte, a importância dessas estratégias para a troca de experiências e aprendizado. Algumas justificaram a ausência pela falta de tempo ou dificuldade pessoal de assimilação, indicando a necessidade de diversificação nas formas de educação em saúde, com abordagens mais acessíveis e adaptadas à realidade de cada gestante. Compreende-se que, ao se ampliar o nível de conhecimento das gestantes acerca da DMG, melhores tendem a ser os resultados em termos de prevenção, promoção e proteção contra agravos, especialmente quando há motivação por fatores pessoais e sociais (Veludo; Farinelli, 2022). As ações de educação em saúde na APS, como a implantação de programas de atividades em grupo para gestantes, constituem estratégias relevantes na prevenção da DMG. Tais iniciativas favorecem a troca de conhecimentos e experiências, permitindo às gestantes expressarem seus sentimentos e construírem redes de apoio mútuo (De Paula et al., 2021). A elaboração de estratégias voltadas à prevenção da DMG deve considerar uma abordagem integral, humanizada e com uma visão holística. Isso inclui a 31 capacitação da equipe de saúde, com ênfase na atuação do enfermeiro, a fim de estimular o envolvimento ativo da gestante nas práticas de autocuidado. É essencial que as orientações sejam transmitidas de maneira acessível, permitindo que a gestante compreenda a importância do cuidado diário para a promoção e a manutenção de uma boa qualidade de vida (Oliveira, 2023). Já sobre o acesso e a orientação quanto à realização de exames de acompanhamento, as respostas indicam que, de modo geral, há encaminhamentos adequados e informações básicas são fornecidas. “Ah sim, eles me encaminham pra outro lugar”. (E1) “Agora nessa eu estou achando mais fácil, mais acesso também, porque nas primeiras gestações era bem mais difícil de conseguir um exame”. (E6) “Sim, sim [...] foi a enfermeira desde o começo, eu tive duas, né? A primeira que fez o primeiro atendimento e a enfermeira assistente, que é a pessoa que tá me atendendo, ela me orienta muito sim”. (E7) “Foram, sim, com certeza [...] eu acho que foi a enfermeira assistente”. (E3) “Sim, são importantes [...] aí, deixa eu lembrar o nome dela, é essa enfermeira que veio aqui agora, a enfermeira assistente”. (E8) Seguindo a importância das informações recebidas e o papel dos profissionais, destaca-se de forma consistente a figura da enfermeira assistente, citada muitas vezes, como a principal responsável pelas orientações e apoio emocional durante o acompanhamento pré-natal. Isso reforça a centralidade da enfermagem na educação em saúde e no fortalecimento da autonomia da gestante, mesmo em contextos com limitações estruturais. As ações de prevenção do DMG destacam a informação como ferramenta central no processo de educação em saúde. Essa orientação, realizada durante as consultas de enfermagem na APS, deve ocorrer de forma individualizada, assegurando uma assistência qualificada. O objetivo é oferecer às gestantes com fatores de risco para a DMG programas educativos voltados ao diabetes, favorecendo a compreensão e a adesão às práticas de cuidado essenciais no contexto das Unidades de Saúde (Santos et al., 2022). A consulta de enfermagem adquire um caráter diferenciado quando conduzida de forma humanizada, favorecendo a construção de um vínculo de confiança entre o enfermeiro e a gestante. Esse relacionamento fortalece o diálogo e possibilita trocas 32 significativas de informações ao longo do acompanhamento pré-natal (Trigueiro et al., 2021). 5.4 PERCEPÇÕES DAS PACIENTES COM RELAÇÃO AS COMPLICAÇÕES E RISCOS DO DIABETES GESTACIONAL. Diante do tema notou-se que a maioria das gestantes demonstra ter algum conhecimento sobre as possíveis complicações do DG, especialmente relacionadas ao bebê, como: Parto prematuro, hipoglicemia neonatal, possibilidade de perda fetal, crescimento fetal excessivo (macrossomia, risco de má-formação e problemas cardíacos no bebê, herança futura da diabetes pela mãe. “Sim. Perca do bebê, o que ele pode nascer um pouco antes da data prevista, essas coisas assim”. (E2) “Sim. O bebê nascer com hipoglicemia, aquela coisa toda”. (E4) “É que eu poderia passar pro bebê se tivesse muita alteração, entendeu? Aí já fiz uma ecografia, ecografia dupla, aquela, entendeu? Que dá pra ver se o bebê teria passado, ele teria passado alguma coisa, deu tudo normal”. (E5) “Ela disse pra eu cuidar por causa que pode acarretar em uma má formação, problemas com o bebê, cardio, assim”. (E6) “Das questões dos riscos, os riscos são o parto prematuro, né? O nenê não se desenvolver direito, né? Ou crescer demais. E as consequências ali é que eu posso ficar com essa diabetes de herança”. (E7) Apesar das respostas demonstrarem uma certa consciência, percebe-se que, os riscos não são completamente compreendidos, indicam também falta de clareza e segurança nas informações recebidas. Nenhuma gestante menciona os riscos maternos, como desenvolvimento futuro de DM2, hipertensão gestacional ou pré- eclâmpsia e complicações no parto para a mãe. O que se observa é que, embora algumas gestantes demonstrem ter escutado sobre complicações da DMG, há uma carência de entendimento claro e completo. Isso evidencia a necessidade de fortalecer a educação em saúde durante o pré-natal, com abordagens mais didáticas, linguagem simples, e ações reforçadas pela equipe de enfermagem. É importante enfatizar que as informações oferecidas às gestantes devem ser simples, compreensíveis e adaptadas à sua realidade. Para garantir uma educação em saúde eficaz, é recomendável empregar recursos educativos variados, como redes sociais, vídeos explicativos, atividades participativas e encontros em grupo, 33 facilitando o entendimento e incentivando a participação ativa no cuidado com a saúde (Santos; Grechi. 2020). Torna-se imprescindível que os profissionais de saúdeconsiderem o nível de escolaridade das gestantes durante o acompanhamento pré-natal, a fim de assegurar a compreensão adequada das informações transmitidas e oferecer suporte às que apresentem dificuldades em assimilá-las (Lungu et al., 2023). Ao abordar o sobre o impacto emocional do diagnóstico de DMG, foi possível observar aspectos importantes na vivência das gestantes. “Me deixou com bastante. Porque eu fiquei com medo de perder o bebê, como é a minha primeira gravidez, também, eu tô tirando a minha glicose todos os dias, até manhã, em jejum, depois do café e depois do almoço”. (E3) “É que eu acho que não é muito sobre o medo, tipo, a minha diabetes gestacional não é uma coisa, tipo, meu Deus, é muito diabetes. Não. É uma coisa balanceada que eu sei que se eu seguir, tipo, direitinho e diminuir somente o doce, é fácil de moderar ali, entendeu? Então é uma coisa que não me deu medo”. (E4) ‘’Sim, fiquei com medo, quando em seguida que eu soube, eu fiquei com bastante medo, porque nunca tinha acontecido comigo, né?’’. Já é a minha quarta gestação, mas eu nunca tinha passado por isso antes, então eu já né. E pela minha idade, também, porque eu não sou mais nova, né? Então, quando eu era antes”. (E6) “Muito, nossa, muito medo. O começo, principalmente, até as minhas duas semanas, eu tinha bastante medo de aborto, muito medo, mas depois, com a diabetes controlada e com as taxas mais controladas, isso foi passando’’. (E7) “Ah, medo a gente tem, né? Eu não esperava, eu tenho uma criança agora, mas, enfim, não é muito fácil’’. (E8) Algumas gestantes expressaram medo intenso, principalmente quanto à possibilidade de perder o bebê, especialmente em gestações de primeiro momento, ou em situações de risco devido à idade materna ou histórico obstétrico Algumas gestantes demonstraram que o medo diminuiu com o tempo, principalmente após compreenderem o tratamento e verem resultados positivos no controle da glicemia. Isso reforça o papel da educação em saúde e do acompanhamento contínuo na redução da ansiedade. Esses achados evidenciam que o diagnóstico de DMG representa um momento de vulnerabilidade emocional para as gestantes, o que ressalta a necessidade de estratégias educativas humanizadas, que incluam o acolhimento, o esclarecimento e o suporte psicológico desde o início do pré-natal, visando minimizar o impacto 34 negativo sobre a saúde mental e favorecer o engajamento no tratamento e autocuidado. Estudos destacam que o medo é uma emoção marcante entre gestantes com diabetes, manifestando-se como uma sensação de intensa inquietação diante da percepção – real ou imaginada – de uma ameaça. Esse sentimento é frequentemente alimentado pela apreensão de que a condição possa ocasionar consequências sérias para o bebê, gerando temor, angústia e até pavor em relação ao desfecho da gestação (Fernandes; Ferreira, 2020). 35 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante da análise realizada, evidencia-se a importância fundamental da atuação da enfermagem na identificação precoce e no monitoramento contínuo do DG. O estudo permitiu compreender que a qualificação do atendimento, pautada em ações educativas, acolhimento e vigilância constante, é essencial para promover a saúde materno-fetal e prevenir complicações associadas à condição. Ao longo da gestação, o enfermeiro se destaca como profissional-chave na condução de práticas que fortalecem o autocuidado e a adesão ao tratamento, especialmente em contextos da APS. A equipe de enfermagem, com destaque para as enfermeiras, desempenha um papel essencial na condução do pré-natal, sendo frequentemente identificada pelas gestantes como a principal fonte de orientação sobre o controle do DG. No entanto, há falhas na implementação de estratégias coletivas de educação em saúde, como grupos de gestantes e rodas de conversa, que poderiam complementar o processo educativo de forma mais abrangente e participativa. Embora o acesso aos exames e orientações básicas esteja presente em boa parte dos relatos, limitações quanto à estrutura dos serviços e à efetividade das ações educativas ainda são percebidas pelas usuárias. Ao decorrer da pesquisa, foi possível perceber que há necessidade de reforçar as ações educativas sobre os riscos e complicações do DMG durante o pré-natal, com linguagem acessível, materiais de apoio, e momentos específicos para sanar dúvidas. A atuação da enfermagem, nesse sentido, é fundamental para promover um entendimento mais completo sobre a condição e estimular o autocuidado de forma consciente. Dessa forma, considera-se que fortalecer a atuação da enfermagem no contexto do DG vai além da assistência clínica, trata-se de garantir cuidado humanizado, educativo e acessível, que considere as particularidades de cada gestante. Investir em estratégias que ampliem o diálogo, a escuta ativa e a construção conjunta do conhecimento é essencial para qualificar o acompanhamento pré-natal e, consequentemente, promover melhores desfechos para mãe e bebê. Portanto, é imprescindível que políticas públicas e gestores da saúde reconheçam e valorizem o papel estratégico da enfermagem na linha de frente do cuidado à saúde materna. 36 REFERÊNCIAS ALESI, Simon et al. Metabolomic biomarkers in gestational diabetes mellitus: a review of the evidence. International Journal of Molecular Sciences, v. 22, n. 11, p. 5512, 2021. ALVES, Tuanne Vieira; BEZERRA, Martha Maria Macedo. Principais alterações fisiológicas e psicológicas durante o período gestacional/Main physiological and psychological changes during the management period. ID on line. Revista de Psicologia, v. 14, n. 49, p. 114-126, 2020. AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Improving care and promoting health in populations: standards of medical care in diabetes—2021. Diabetes Care, v. 44, n. Supplement_1, p. S7-S14, 2021. ARAÚJO, I. M et al. Nursing care for patients with gestational diabetes mellitus. ReBIS [Internet], v. 2, n. 1, 2020. 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