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Resenha do filme Fahrenheit 451
Por Dayane Timoteo da Silva Rocha
O filme segue um bombeiro de uma sociedade futurista onde a leitura e o
pensamento livre são considerados crimes. O governo alcança um estado de
obediência e paz social absoluto através do cuidado com a educação. Nas escolas,
as crianças aprendem a não-ler, na qual a utilidade do livro é para queimar. Por
intervenção da força policial, o governo controla as ideias da população,
perseguindo, prendendo as pessoas e queimando livros para evitar a disseminação
de conteúdos que possam causar insubordinação. Os livros são queimados na
temperatura de 451 Fahrenheit (ou 233 graus celsius), temperatura em que o papel
começa a entrar em combustão, daí o nome do livro.
Montag, o bombeiro protagonista, que inicialmente segue suas ordens sem
questionar, passa a duvidar dessa realidade após conhecer Clarisse, uma jovem
que o faz refletir sobre o mundo ao seu redor. Seguindo sua vida até que em um
chamado para queimar uma grande biblioteca escondida, Guy tem sua consciência
despertada, o bombeiro começa a questionar sua noção de felicidade e o seu
trabalho como agente do governo responsável pela queima de livros. Aos poucos,
Guy vai se atentando para os vastos aspectos fúteis de sua vida, desde seu
casamento até a relação com amigos que o visitam. Até que em um dia, atendendo
a um chamado de denúncia, os bombeiros descobrem uma grande biblioteca
escondida, e ao botar fogo na grande pilha de livros, presenciam a cena chocante
da senhora que era dona da coleção se recusar a largar seus tesouros, e ser
queimada junto com eles. Tal ato tão drástico faz Guy começar a se perguntar o que
de tão importante há nesses livros ao ponto da senhora ser queimada junto com
eles, e assim, desse momento em diante, todas as vezes que o bombeiro saia para
atender algum chamado, escondia livros para ler em casa, em segredo.
À medida que Montag começa a se questionar sobre seu trabalho e a repressão à
liberdade intelectual, ele se torna mais envolvido com a resistência clandestina,
formada por aqueles que ainda preservam livros e o conhecimento que eles
representam. A narrativa explora a crescente luta entre a conformidade e a
liberdade, entre a opressão e a revelação do verdadeiro saber.
Completamente convencido então de que o trabalho dos bombeiros está sendo feito
de forma errônea, Guy se une com um professor que conhece para construir um
plano de destruição da instituição. Porém seu plano dá errado após em um
momento de fúria com a esposa e as amigas fúteis, Guy pega um de seus livros
escondidos e lê para todos os presentes, expondo seu grande segredo. No dia
seguinte, após denúncia de sua esposa, o chamado que Guy tem para atender é na
sua própria casa e ele se vê obrigado a queimar seu lar e suas obras escondidas. O
seu chefe, que antes deste momento já estava desconfiado do bombeiro, descobre
seu plano de destruição com o professor Faber e ameaça matá-lo. Tomado por
desespero, Guy vira o lança-chamas em direção do seu chefe, matando-o. Guy é
obrigado então a fugir, e vai ao encontro do Senhor Faber, única pessoa naquele
momento que pode ajudá-lo. O professor diz a ele que deve seguir a linha do trem,
onde encontrará uma comunidade escondida de professores que irão abrigá-lo.
Guy segue o conselho dele a acha não só os professores, mas uma
comunidade comprometida com a função de memorizar o maior número possível de
livros, para que um legado tão importante para a sociedade livre não se perca em
meio ao fogo e ao totalitarismo. O livro faz um importante questionamento sobre a
importância do conhecimento e dos livros na sociedade, principalmente em tempos
sombrios de regimes totalitários, como a Alemanha nazista. Ele nos mostra através
dos olhos do protagonista, que até então estava adormecido, o despertar do
conhecimento e da luta contra a opressão, se tornando assim um livro de leitura
indispensável para qualquer cidadão.
O filme aborda diversos temas profundos e atemporais, como o controle da
informação, a censura, a alienação da sociedade e a importância da liberdade de
pensamento. Em um mundo onde a superficialidade e a falta de questionamento
são a norma, a trama de *Fahrenheit 451* nos convida a refletir sobre os perigos de
um futuro onde a liberdade individual e o conhecimento estão em risco.
Outro tema relevante é a perda da individualidade em uma sociedade que valoriza a
conformidade. A adaptação também destaca a luta entre as gerações, com a mais
velha representada pela geração que ainda preserva a memória e o saber, e a mais
jovem, moldada pela cultura de massa e pela obediência cega.
Em um nível mais amplo, a trama expõe os perigos do controle autoritário
sobre o conhecimento. A queima de livros simboliza não apenas a destruição física
da cultura escrita, mas a tentativa de exterminar a memória coletiva, o pensamento
divergente e a reflexão individual. Em uma sociedade sem livros, a verdade se torna
maleável, dependente das narrativas criadas pelos que detêm o poder. O próprio
protagonista, Guy Montag, começa sua jornada como um agente do regime, mas, à
medida que se depara com a possibilidade do questionamento e da descoberta
intelectual, ele se vê imerso na busca pela liberdade de pensamento.
A reflexão que Fahrenheit 451 nos propõe é ainda mais pertinente em nossa
era digital, onde algoritmos determinam o que consumimos, e as redes sociais
funcionam como uma espécie de "pão e circo" contemporâneo. O filme nos desafia
a pensar se, ao trocarmos o livro impresso pelo feed incessante de informações,
não estamos, de alguma forma, permitindo que uma nova forma de censura surja,
uma censura sutil e insidiosa, que pode estar tão presente quanto as chamas que
consomem os livros de Montag.
A obra nos coloca em uma posição de autocrítica: até que ponto estamos
dispostos a defender a liberdade de pensamento em um mundo que, muitas vezes,
nos incentiva a desistir dela em troca de uma existência mais fácil, mais tranquila e
menos desafiadora? A mensagem de Fahrenheit 451 é, portanto, atemporal, pois
apela à consciência crítica sobre os modos de controle e à necessidade de cultivar o
pensamento independente, a reflexão e a busca pela verdade, independentemente
dos obstáculos ou das pressões sociais.
Em suma, *Fahrenheit 451* Não é apenas um filme sobre livros, mas um alerta
sobre o controle autoritário e a importância de proteger a liberdade de expressão e o
pensamento crítico. A obra carrega uma mensagem poderosa e atemporal, que
ressoa com as questões de liberdade e censura que ainda enfrentamos hoje, onde
podemos dizer que a sociedade quer escravos porque seus interesses
estabelecidos requerem obediência.

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