Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
MINISTÉRIO DA SAÚDE / SAPS
PROGRAMA MÉDICOS PELO BRASIL
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE – UNASUS / FIOCRUZ / MS
Aluna: Estefany Ludmila Santos Silva
Data: 07/09/2024
Atividade: Desafio avaliativo módulo 25 – Atenção à saúde das populações do campo, florestas e águas e populações tradicionais
A atenção à saúde das populações do campo, florestas, águas e populações tradicionais, demanda uma abordagem diferenciada e culturalmente sensível, que leve em conta as especificidades territoriais, sociais e culturais desses grupos. Essas comunidades apresentam formas particulares de viver e conceber saúde, doença e cuidado, baseadas em conhecimentos tradicionais e vínculos com a natureza. A oferta de serviços de saúde voltados a esses grupos precisa, portanto, transcender os modelos biomédicos convencionais, incorporando práticas de promoção de saúde, prevenção de agravos e tratamento que respeitem suas tradições, valorizem suas práticas ancestrais e garantam o acesso equitativo a cuidados de qualidade.
A população adscrita da Unidade Básica de Saúde do Minuim, localizada na zona rural do município de Santa Brígida – Bahia, conta com uma população com características rurais, constituída em sua grande maioria de agricultores familiares e criadores de bovinos e suínos. Entre as principais particularidades dessa comunidade, está a vinculação ao território, já que suas vidas são moldadas pelo uso da terra para agricultura e/ou pecuária. Essa relação com o ambiente influencia não apenas seu sustento, mas também sua organização social e cultural. Além disso, há uma forte presença de saberes tradicionais, como o uso de plantas medicinais e rituais comunitários.
Outro fator relevante é o isolamento geográfico, já que vivem distantes do centro urbano e enfrentam dificuldades de acesso devido a falta de infraestrutura e transporte. Esse isolamento contribui para a vulnerabilidade socioeconômica, caracterizada por condições econômicas frágeis, trabalho informal e acesso limitado a recursos essenciais, o que acentua as desigualdades e compromete a qualidade de vida.
Além disso, o trabalho no campo é extenuante e envolve exposição a riscos como agrotóxicos e acidentes, resultando em problemas de saúde física e mental. A falta de reconhecimento dos direitos desses trabalhadores e as condições adversas em que vivem agravam ainda mais esses desafios. A baixa escolaridade e o acesso limitado à informação dificultam a compreensão sobre direitos de saúde e prevenção de doenças. 
Como proposta de educação permanente, com foco em capacitar a equipe a refletir criticamente sobre suas próprias atitudes e preconceitos, além de compreender e integrar os saberes tradicionais das populações atendidas, pode-se realizar uma atividade estruturada em oficinas de capacitação que promovam a reflexão sobre privilégios e preconceitos. É necessário que toda a equipe reconheça como seus valores e crenças influenciam o atendimento, muitas vezes de forma inconsciente, contribuindo para relações desiguais e práticas discriminatórias. 
Outro ponto que precisa ser abordado nessa capacitação, é o conhecimento sobre as práticas tradicionais de cuidado, como o uso de plantas medicinais e rituais espirituais, que desempenham um papel central na concepção de saúde da população adscrita. Ao incorporar esses saberes, a equipe de saúde pode construir uma abordagem mais integrativa e respeitosa, fortalecendo o vínculo com os usuários. 
Para isso, alguns representantes da comunidade podem ser convidados para transmitir seus saberes, o que resultará em uma ótima oportunidade para praticar a escuta ativa e uma postura empática, respeitando as concepções de saúde da comunidade e favorecendo o diálogo entre diferentes práticas de cuidado. O impacto esperado de uma iniciativa como essa é a transformação das práticas de saúde, de modo que os profissionais estejam preparados para oferecer um cuidado mais inclusivo, humanizado e eficaz. 
Dentro do continuum da competência cultural proposto por Terrell e Lindsey (2009), a USF pode ser classificada como “Pré-competência cultural”, na qual as limitações das habilidades de comunicação são reconhecidas e há consciência de como a própria cultura interfere nas relações com diferenças culturais, demandando esforço para entender como agir de maneira culturalmente competente. Para torná-la um ambiente culturalmente seguro, é necessário a educação permanente da equipe de saúde, com foco no aprofundamento da competência cultural, através de discussões sobre temas como diversidade cultural, preconceitos inconscientes e racismo estrutural. Uma equipe capacitada é capaz de identificar e desconstruir preconceitos que, muitas vezes, são internalizados de forma inconsciente, melhorando a qualidade do atendimento e a relação com os usuários.
A valorização dos saberes tradicionais da população atendida é extremamente importante e é preciso integrar esses saberes ao processo de cuidado, respeitando a visão da comunidade. Além disso, é necessário estabelecer canais de comunicação e participação ativa da comunidade no planejamento das ações de saúde. Criar espaços para que os usuários possam compartilhar suas experiências, preocupações e práticas de cuidado é uma forma eficaz de construir um ambiente de respeito e confiança mútua. 
Por fim, o compromisso institucional com a competência cultural é essencial para o sucesso das demais estratégias. Iniciativas que promovam a inclusão cultural devem ser priorizadas e apoiadas, garantindo que todos os membros da equipe estejam engajados nesse processo. A criação de protocolos de atendimento que considerem as especificidades culturais e a alocação de recursos para formação e melhoria contínua são passos fundamentais para garantir que o ambiente da USF se torne culturalmente seguro.

Mais conteúdos dessa disciplina