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Daniella Machado TURMA XXVI MEDICINA DA FAMÍLIA E COMUNIDADE IV: MÓDULO 1 POLÍTICA DE PROMOÇÃO DE EQUIDADE NA SAÚDE (PPES)– INTERAÇÃO ORGANISMO HUMANO E DROGAS É um dos princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde (SUS) e tem relação direta com os conceitos de igualdade e de justiça. No âmbito do sistema nacional de saúde, se evidencia, por exemplo, no atendimento aos indivíduos de acordo com suas necessidades, oferecendo mais a quem mais precisa e menos a quem requer menos cuidados. Busca-se, com este princípio, reconhecer as diferenças nas condições de vida e saúde e nas necessidades das pessoas, considerando que o direito à saúde passa pelas diferenciações sociais e deve atender a diversidade. Por esse princípio, uma vítima de acidente grave passará na frente de quem necessita de um atendimento menos urgente, mesmo que esta pessoa tenha chegado mais cedo ao hospital. O princípio da equidade também norteia políticas de saúde, reconhecendo necessidades de grupos específicos e atuando para reduzir o impacto dos determinantes sociais da saúde aos quais estão submetidos. Neste sentido, no Brasil, existem programas de saúde em acordo com a pluralidade da população, contemplando as populações do campo e da floresta, negros, ciganos, pessoas em situação de rua, idosos, pessoas com deficiência, entre outros. Políticas de Equidade em Saúde são propostas para que as populações em vulnerabilidade e que sofram desigualdade social, possam ter seu acesso garantido à saúde e respeito à sua diversidade. Vulnerabilidade Resultado negativo da relação entre disponibilidade dos recursos materiais ou simbólicos dos atores, sejam eles indivíduos ou grupos, e o acesso à estrutura de oportunidades sociais, econômicas e culturais oriundas do Estado, do mercado e da sociedade Desigualdade social Oriunda de processos relacionais na sociedade. Ela condiciona, limita ou prejudica o status e a classe social de uma pessoa ou um grupo e, consequentemente, interfere em requisitos primários para a qualidade de vida. Acesso em saúde No campo da saúde, o acesso é concebido como o conjunto de circunstâncias, de diversas naturezas, que viabiliza a entrada de cada usuário, ou paciente, na rede de serviços, em seus diferentes níveis de complexidade, bem como em suas diversas modalidades de atendimento. Diversidade Um substantivo feminino que caracteriza tudo aquilo que é diverso, que tem multiplicidade, ou seja, é tudo aquilo que apresenta pluralidade e que não é homogêneo. Artigo 196 da Constituição Federal “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação.” Populações minorizadas (etnia, identidade de gênero, orientação sexual ou condição socioeconômica) enfrentam barreiras de acesso a esses serviços e apresentam piores indicadores de saúde. Sendo o paciente e o profissional de saúde muitas vezes pertencentes a contextos culturais diferentes. Política De Promoção De Equidade Na Saúde (PPES)– – Módulo 1 Daniella Machado Medicina da Família e Comunidade – 4º período UniEVANGÉLICA TURMA XXVI 2 Necessidade de mudanças institucionais para incentivar e valorizar a prática da competência cultura, com disponibilização de tempo e infraestrutura para o desenvolvimento dessa competência pelos profissionais da atenção primária. Brasil tem uma alta desigualdade social, com raízes históricas pelo processo de colonização. A Declaração de Alma-Ata previa saúde para todos no ano de 2000. Algumas minorias sofrem mais, como a população negra, que sofrem com a falta de equilíbrio nas relações de poder na dinâmica médico-paciente, por preconceito e falta de treinamento desses profissionais para atuar com pessoas de diferentes cenários culturais. A LGBTQI+ enfrenta discriminação dos profissionais de saúde, condutas inadequadas, constrangimentos, conotações preconceituosas ou mesmo ofensas proferidas dos profissionais. Pessoas em situação de rua, mais prevalência de IST e doenças mentais, mas recusam a procura de serviços de saúde pelo mau atendimento e ao acesso negado. Os indígenas a mortalidade infantil é 3x maior que nacional, ocasionadas por doenças respiratórias, parasitárias e nutricionais. As dificuldades estão na garantia do acesso e da qualidade no atendimento em terras indígenas pelas dificuldades legais, logísticas e operacionais. É necessário o reconhecimento das características culturais dos grupos sociais e de suas diferentes necessidades e concepções do processo saúde-doença. Políticas públicas: política nacional de saúde integral da população negra; política nacional de saúde integral das populações do campo e da floresta; política nacional de saúde integral de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais; política nacional para população em situação de rua. Cultura Conjunto difuso de premissas e valores fundamentais, orientações para a vida, crenças, políticas, procedimentos e convenções comportamentais que são compartilhadas por um grupo de pessoas e que influenciam (mas não determinam) o comportamento de cada membro e suas interpretações do significado do comportamento de outras pessoas. A cultura pode ser examinada em diferentes camadas. A mais superficial é o comportamento humano (expressões artísticas, modo de comer, vestir e relacionar com outros). O segundo nível é a motivação para determinado comportamento (normas, objetivos e valores). As motivações ocultadas das normas e valores, são as premissas fundamentais, entendimento da natureza humana, relacionamentos humanos, educação de filhos, conceito de tempo e espaço, o que é bom ou ruim, certo ou errado, aceitável ou inaceitável. O que é competência cultura? Capacidade de realizar um cuidado efetivo, compreensivo e respeitoso, de maneira compatível com as crenças e práticas culturais de saúde do usuário e no idioma de sua preferência. Processo pelo qual um profissional de saúde se empenha para se tornar capaz de trabalhar adequadamente/efetivamente dentro do contexto cultural da pessoa, família ou comunidade que necessita de seus cuidados. Sendo resultado, necessário haver um desejo cultural para desenvolvimento de consciência cultura, habilidades cultuas e encontros culturais Um compromisso vitalício de autoavaliação e autocrítica para os desequilíbrios de poder existentes na relação médico-paciente, desenvolver parcerias clínicas de benefícios mútuos, e advocacia não paternalista com as comunidades, em nome de indivíduos e populações. Ou seja, a competência cultural possuí 7 componentes: mente aberta, consciência de si, ausência de ego, autorreflexão, autocrítica e solidariedade. “Segurança cultural”, responsabilidade política e social, à saúde negligenciada de um povo, demandando equidade na prestação de cuidados pelo sistema de saúde. Enfocando no empoderamento dos usuários e diminuição da desigualdade na relação de poder médico- paciente. Política De Promoção De Equidade Na Saúde (PPES)– – Módulo 1 Daniella Machado Medicina da Família e Comunidade – 4º período UniEVANGÉLICA TURMA XXVI 3 Ações que reconhecem, respeitam e alimentam a identidade cultural de um povo e atendem às suas necessidades, expectativas e direitos. O profissional desenvolve sensibilidade cultural e é capaz de identificar e refletir sobre a própria cultura e influência que exerce sobre sua prática. Trata-se de entender a pessoa à sua frente e estabelecer uma relação de confiança, considerando opressões históricas e das relações de poder nesses relacionamentos. É necessário um treinamento do MFC priorizando uma prática antirracista, crítica e autorreflexivapara identificação dos preconceitos inconscientes (tarefa necessária e urgente). A habilidade de comunicação é um componente essencial. Como ter o método clínico centrado na pessoa. Engloba o domínio cognitivo, conhecimento epidemiológico e manifestações de doenças em diversos grupos étnicos, além do conhecimento sobre a história e cultura de cada grupo, domínio atitudinal, relacionado à consciência de como a cultura modela o comportamento e a maneira de pensar, reconhecer que temos o próprio preconceito e tendencia a estereótipos. Há resistência dos profissionais de saírem de sua zona de conforto, para desenvolverem consciência do privilégio e desvantagem, racismo e preconceito presentes nas relações. Apesar do conhecimento, os profissionais não têm atitudes culturalmente compenetres e não sabem sobre o cuidado de populações minorizadas. Então, é necessário um treinamento para sensibilidade cultural, o acesso ao conhecimento teórico a respeito dessas populações e a um método de avaliação que considere aspectos atitudinais da competência cultural. Com múltiplos cenários, contextos e estratégias pedagógicas. Faltam instrumentos validados e padronizados para avaliação. Contribuições para os programas de residência Fazer um diagnóstico cultural da população da sua região e construí os objetivos de aprendizagem com base as principais competência identificadas na revisão da literatura. Mas não existe sistematização de ensinamento da competência de competência cultural no Brasil. É necessário a criação e/ou validação de instrumentos para avaliação direta da competência cultural.