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Questionário de farmacologia v1
1) Quais as propriedades de um fármaco ideal?
1. Eficácia terapêutica: Deve exercer o efeito desejado de maneira eficaz no tratamento de uma condição ou doença.
2. Segurança: Deve ter um perfil de segurança favorável, com efeitos colaterais mínimos e toleráveis, mesmo em tratamentos de longo prazo.
3. Especificidade: Deve atuar de forma seletiva sobre o alvo terapêutico, minimizando os efeitos em outros sistemas ou órgãos, para reduzir reações adversas.
4. Biodisponibilidade: Deve ser facilmente absorvido pelo organismo e disponível na circulação sistêmica em concentrações adequadas para exercer seu efeito.
5. Metabolismo estável: Deve ter uma taxa de metabolização adequada, nem muito rápida (o que pode reduzir sua eficácia) nem muito lenta (o que pode aumentar a toxicidade).
6. Excreção eficaz: Deve ser excretado de maneira eficiente, sem acúmulo no organismo, para evitar efeitos tóxicos a longo prazo.
7. Facilidade de administração: Deve ser de fácil administração (oral, injetável, etc.), promovendo a adesão do paciente ao tratamento.
8. Baixo custo: Deve ser acessível financeiramente, facilitando o acesso para uma maior parte da população.
2) Diferencie farmacocinética de farmacodinâmica.
1. Farmacocinética:
· Refere-se ao caminho que o fármaco percorre no organismo. Estuda o que o corpo faz com o fármaco.
· Envolve processos como:
· Absorção: Como o fármaco entra na corrente sanguínea.
· Distribuição: Como o fármaco se espalha pelos tecidos e órgãos.
· Metabolismo: Como o fármaco é modificado ou quebrado, principalmente no fígado.
· Excreção: Como o fármaco ou seus metabólitos são eliminados, principalmente pelos rins.
· A farmacocinética determina a concentração do fármaco no sangue e tecidos ao longo do tempo.
2. Farmacodinâmica:
· Refere-se ao efeito biológico que o fármaco exerce no corpo. Estuda o que o fármaco faz no organismo.
· Analisa a interação do fármaco com seus alvos biológicos, como receptores, enzimas, ou canais iônicos, e como isso gera uma resposta terapêutica (ou tóxica).
· Envolve conceitos como:
· Mecanismo de ação: Como o fármaco atua no nível molecular.
· Eficácia: A capacidade do fármaco de gerar uma resposta desejada.
· Potência: A quantidade de fármaco necessária para produzir um efeito.
3) Quais são as 5 etapas da farmacocinética?
1. Liberação (L):
· Fase em que o fármaco é liberado da forma farmacêutica (comprimido, cápsula, injeção, etc.) para iniciar sua absorção. 
2. Absorção (A):
· Processo pelo qual o fármaco entra no organismo, geralmente pela corrente sanguínea, após a administração. Depende de fatores como via de administração, solubilidade do fármaco, pH do local de absorção, e a presença de alimentos ou outros medicamentos.
3. Distribuição (D):
· Refere-se ao transporte do fármaco pelo sangue para os tecidos e órgãos. A distribuição depende da afinidade do fármaco por tecidos, do fluxo sanguíneo, da permeabilidade das membranas celulares, e da ligação às proteínas plasmáticas.
4. Metabolismo (M):
· É o processo de biotransformação, onde o fármaco é quimicamente modificado, geralmente no fígado, para formas mais facilmente excretáveis. O metabolismo pode ativar, inativar ou alterar a toxicidade do fármaco.
5. Excreção (E):
· A fase final, onde o fármaco, ou seus metabólitos, é eliminado do corpo. Os principais órgãos de excreção são os rins (via urina), mas também pode ocorrer via fezes, bile, suor, e exalação (pulmões).
4) Quais as etapas da farmacodinâmica?
1. Reconhecimento do Alvo:
· O fármaco interage com seu alvo biológico específico, como receptores, enzimas, canais iônicos ou transportadores. A afinidade do fármaco pelo alvo e sua especificidade influenciam a eficácia do tratamento.
2. Ligação ao Receptor:
· Quando o fármaco se liga a um receptor ou outro alvo, essa interação pode ativar ou inibir uma via bioquímica. A natureza dessa ligação pode ser:
· Agonista: Ativa o receptor para produzir uma resposta.
· Antagonista: Bloqueia o receptor, impedindo a resposta natural.
· Moduladores: Alteram a resposta sem ativação ou inibição direta.
3. Transdução do Sinal:
· Após a ligação do fármaco ao alvo, ocorre a transdução de sinal, ou seja, a conversão dessa interação em uma resposta celular. Este processo pode envolver várias cascatas de sinalização intracelular, ativando ou desativando processos bioquímicos que levam a mudanças no comportamento celular ou nos sistemas corporais.
4. Resposta Biológica:
· A última etapa é a produção da resposta terapêutica, que pode ser benéfica (alívio de sintomas, cura) ou indesejada (efeitos colaterais). A intensidade e a duração da resposta dependem da dose do fármaco, da potência e da interação com outros medicamentos ou substâncias no organismo.
5) Diferencie dose de concentração plasmática.
1. Dose:
· A dose é a quantidade de fármaco administrada ao paciente em um determinado momento ou intervalo de tempo. Ela pode ser expressa em termos de peso (mg, g), volume (mL), ou unidades de medida específicas, dependendo do fármaco.
· A dose é escolhida com base em fatores como a gravidade da condição, o tipo de fármaco, o peso e a idade do paciente.
· Ela determina a quantidade de fármaco que entra no organismo, mas não reflete diretamente quanto desse fármaco realmente está disponível para exercer seu efeito no corpo.
2. Exemplo: Um paciente toma 500 mg de paracetamol como dose para alívio da dor.
3. Concentração plasmática:
· Refere-se à quantidade de fármaco presente no plasma sanguíneo em um dado momento, geralmente medida em unidades como mg/L ou µg/mL. Ela resulta de vários processos farmacocinéticos (absorção, distribuição, metabolismo e excreção).
· A concentração plasmática é importante para avaliar se o fármaco está presente em uma quantidade suficiente para ser eficaz (dentro da janela terapêutica) sem causar toxicidade.
· Ela depende não apenas da dose administrada, mas também de fatores como a taxa de absorção, metabolismo e excreção do fármaco, bem como a forma de administração (oral, intravenosa, etc.).
4. Exemplo: Após tomar uma dose de 500 mg de paracetamol, a concentração plasmática pode ser de 20 µg/mL após 1 hora.
Resumo:
· A dose é a quantidade de fármaco que o paciente ingere ou recebe.
· A concentração plasmática é quanto desse fármaco está no sangue após a administração, e é o que realmente afeta a eficácia e a segurança do tratamento.
6) Quais são as principais vias de administração de fármacos?
As principais vias de administração de fármacos podem ser classificadas em dois grandes grupos: vias enterais (que passam pelo trato gastrointestinal) e vias parenterais (que não passam pelo trato gastrointestinal). A escolha da via de administração depende de fatores como o tipo de fármaco, a condição do paciente e o efeito desejado. Aqui estão as mais comuns:
1. Vias Enterais:
Envolvem o sistema gastrointestinal para a absorção do fármaco.
· Oral (VO):
· O fármaco é ingerido pela boca, sendo absorvido no estômago e intestino.
· Vantagens: Conveniente, seguro e não invasivo.
· Desvantagens: Absorção pode ser lenta e influenciada por alimentos, pH gástrico e metabolismo hepático de primeira passagem.
· Sublingual:
· O fármaco é colocado debaixo da língua, onde é rapidamente absorvido pelos vasos sanguíneos.
· Vantagens: Evita o metabolismo de primeira passagem no fígado e oferece efeito rápido.
· Desvantagens: Limitado a fármacos que podem ser absorvidos pela mucosa oral.
· Retal:
· O fármaco é administrado via supositório ou enema no reto, sendo absorvido pela mucosa retal.
· Vantagens: Útil em pacientes que não podem ingerir medicamentos por via oral (vômitos, inconsciência).
· Desvantagens: Absorção irregular e menor adesão ao tratamento.
2. Vias Parenterais:
Envolvem a administração do fármaco fora do sistema gastrointestinal.
· Intravenosa (IV):
· O fármaco é injetado diretamente na corrente sanguínea.
· Vantagens: Efeito rápido e preciso, permite controle total da dosagem.
· Desvantagens: Invasiva, maior risco de infecção e complicações.
· Intramuscular (IM):
· Oum fármaco ideal: Eficácia, segurança, seletividade, estabilidade, boa absorção, e facilidade de administração.
2. Farmacocinética vs. Farmacodinâmica: Farmacocinética estuda o que o corpo faz com o fármaco (absorção, distribuição, metabolismo e excreção). Farmacodinâmica estuda o que o fármaco faz ao corpo (efeitos e mecanismos).
3. Etapas da farmacocinética: Absorção, Distribuição, Metabolismo, Excreção, e Eliminação.
4. Etapas da farmacodinâmica: Ligação ao receptor, transdução de sinal, e resposta celular.
5. Dose vs. Concentração plasmática: Dose é a quantidade de fármaco administrado, enquanto concentração plasmática é a quantidade presente no sangue.
6. Principais vias de administração: Oral, intravenosa, intramuscular, subcutânea, inalatória e tópica.
7. Vias sem absorção: Intravenosa e intratecal (administração direta no sistema nervoso).
8. Vantagens e desvantagens:
· Oral: Fácil, mas pode haver degradação pelo estômago.
· Intravenosa: Efeito rápido, mas pode ser invasiva e arriscada.
9. Constituições químicas dos fármacos: Em sua maioria, são ácidos fracos ou bases fracas.
10. Parâmetros importantes na absorção: Solubilidade, tamanho molecular, ionização e lipossolubilidade.
11. Condições para absorção rápida: Boa perfusão sanguínea, alta lipossolubilidade e forma não ionizada.
12. Absorção de fármacos ácidos e básicos:
· Ácidos são melhor absorvidos no estômago.
· Básicos no intestino.
13. Fatores que interferem na distribuição: Fluxo sanguíneo, ligação às proteínas plasmáticas, permeabilidade capilar e volume de distribuição.
14. Fármaco livre vs. ligado: Fármaco livre tem efeito terapêutico, fármaco ligado não.
15. Tipos de proteínas plasmáticas: Albumina, glicoproteína ácida e lipoproteínas.
16. Fatores que interferem na síntese de proteínas: Doenças hepáticas ou renais afetam, reduzindo a capacidade de ligação e aumentando efeitos adversos.
17. Função do metabolismo: Inativar o fármaco ou facilitar sua excreção, principalmente no fígado.
18. Metabolismo de fase I e II:
· Fase I: Oxidação, redução, hidrólise.
· Fase II: Conjugação para aumentar a solubilidade.
19. Metabolismo de primeira passagem: Fármaco é metabolizado no fígado antes de entrar na circulação; ocorre na via oral.
20. Genética, patologia e interação: Variam as enzimas, podendo alterar a velocidade do metabolismo.
21. Excreção: Processo de eliminação de fármacos, principalmente pelos rins.
22. Condição para eliminação: Fármacos devem ser solúveis em água.
23. Clearance: Taxa de remoção de um fármaco do sangue.
24. Receptores farmacológicos: Estruturas que os fármacos se ligam para produzir efeitos.
25. Tipos de receptores: Ionotrópicos, metabotrópicos, tirosina-quinase e nucleares.
26. Potência e eficácia: Potência é a quantidade necessária para efeito, eficácia é o efeito máximo que o fármaco pode gerar.
27. Curva dose-resposta: Mostra a relação entre a dose e o efeito.
28. Afinidade, especificidade, seletividade:
· Afinidade: Capacidade de ligação ao receptor.
· Especificidade: Ação em um alvo específico.
· Seletividade: Preferência por um tipo de receptor.
29. Forças de interação: Interações iônicas, de hidrogênio, van der Waals e covalentes.
30. Agonistas e antagonistas:
· Agonistas ativam receptores.
· Antagonistas bloqueiam receptores.
31. Agonistas totais, parciais e inversos:
· Total: Máximo efeito.
· Parcial: Efeito intermediário.
· Inverso: Gera efeito oposto.
32. Índice terapêutico: Calculado como a razão entre a dose tóxica e a dose eficaz (quanto maior, mais seguro).fármaco é injetado no tecido muscular, sendo absorvido pelos vasos sanguíneos locais.
· Vantagens: Absorção mais rápida que a via oral, mas mais lenta que a intravenosa.
· Desvantagens: Pode ser dolorosa e ter risco de lesão no local da injeção.
· Subcutânea (SC):
· O fármaco é injetado no tecido subcutâneo, abaixo da pele.
· Vantagens: Absorção lenta e sustentada, adequada para medicamentos de liberação prolongada.
· Desvantagens: Absorção mais lenta que IM e IV, limitada pelo volume de injeção.
· Intradérmica (ID):
· O fármaco é injetado na camada superior da pele (derme).
· Vantagens: Usada principalmente para testes de alergia e vacinação.
· Desvantagens: Quantidade de fármaco limitada e absorção lenta.
3. Vias Inalatórias:
· O fármaco é inalado, atingindo os pulmões e sendo absorvido pelos alvéolos.
· Vantagens: Efeito rápido, ideal para condições respiratórias (ex.: asma).
· Desvantagens: Requer técnicas específicas para garantir absorção adequada.
4. Vias Tópicas:
· O fármaco é aplicado diretamente na pele ou mucosas (olhos, nariz, vagina, etc.).
· Vantagens: Ação local ou sistêmica em alguns casos (ex.: adesivos transdérmicos).
· Desvantagens: Efeito local limitado, e a absorção sistêmica pode ser lenta.
5. Vias Transdérmicas:
· O fármaco é administrado por adesivos na pele, sendo liberado lentamente e absorvido pela circulação sistêmica.
· Vantagens: Liberação contínua e prolongada.
· Desvantagens: Pode causar irritação local e a absorção depende da condição da pele.
7) Quais as vias de administração onde não há o processo de absorção?
As vias de administração em que não há o processo de absorção envolvem a introdução direta do fármaco na circulação sistêmica ou no local de ação, sem a necessidade de atravessar barreiras biológicas (como membranas celulares ou mucosas). Nessas vias, o fármaco já está disponível no sangue ou no tecido-alvo para exercer seu efeito. As principais vias de administração onde não ocorre absorção são:
1. Via Intravenosa (IV):
· O fármaco é injetado diretamente na corrente sanguínea, o que significa que ele não precisa ser absorvido. Ele está imediatamente disponível para distribuição no organismo.
· Exemplo: Administração de anestésicos intravenosos ou fluidos intravenosos.
· Vantagens: Efeito rápido, controle preciso da dose e administração de grandes volumes.
2. Injeções Intracardíacas:
· O fármaco é injetado diretamente no coração, geralmente em situações de emergência (como em paradas cardíacas).
· Não há absorção, pois o medicamento entra diretamente no sistema circulatório.
3. Injeções Intra-arteriais:
· O fármaco é injetado diretamente em uma artéria para atingir um tecido ou órgão específico.
· Exemplo: Quimioterapia intra-arterial para câncer localizado.
4. Injeção Intratecal:
· O fármaco é injetado diretamente no líquido cefalorraquidiano (LCR), por meio de uma punção na coluna vertebral, para alcançar o sistema nervoso central.
· Exemplo: Administração de anestésicos ou quimioterápicos no espaço subaracnóideo.
· Vantagens: Permite acesso direto ao sistema nervoso central, bypassando a barreira hematoencefálica.
5. Injeção Intraventricular:
· O fármaco é administrado diretamente nos ventrículos cerebrais, normalmente para atingir o sistema nervoso central.
· Usada em tratamentos específicos onde a medicação precisa acessar diretamente o cérebro ou o LCR.
6. Injeção Intracavitária:
· O fármaco é injetado diretamente em cavidades corporais, como a cavidade pleural, peritoneal ou articular.
· Não há absorção sistêmica, pois o medicamento é aplicado diretamente no local de ação.
8) Quais as vantagens e desvantagens das vias oral e intravenosa?
Via Oral (VO)
Vantagens:
1. Conveniência e facilidade de uso:
· É a forma mais comum e simples de administração, fácil de ser realizada pelo próprio paciente, sem a necessidade de equipamentos especializados ou assistência médica.
2. Não invasiva:
· Não causa dor ou desconforto, diferente de injeções ou procedimentos invasivos.
3. Custo mais baixo:
· Geralmente, medicamentos administrados por via oral são mais baratos de produzir e distribuir, além de não exigir cuidados especiais na aplicação.
4. Variedade de formulações:
· Existem várias formas farmacêuticas disponíveis para uso oral (comprimidos, cápsulas, líquidos, etc.), o que permite flexibilidade na administração.
Desvantagens:
1. Metabolismo de primeira passagem:
· Os fármacos administrados por via oral passam pelo fígado antes de entrar na circulação sistêmica, o que pode inativar parte do medicamento, reduzindo sua eficácia. Isso é conhecido como efeito de primeira passagem.
2. Absorção variável:
· A absorção pode ser lenta e afetada por diversos fatores, como a presença de alimentos, pH gástrico, motilidade intestinal, e interações com outros medicamentos.
3. Inadequado em certas condições:
· Não pode ser usada em pacientes que estão inconscientes, com náuseas ou vômitos, ou que tenham dificuldade para engolir (disfagia).
4. Ação mais lenta:
· Comparada com a via intravenosa, a ação do fármaco administrado por via oral é mais lenta, uma vez que ele precisa passar pelo trato gastrointestinal antes de atingir a circulação.
Via Intravenosa (IV)
Vantagens:
1. Ação rápida:
· O fármaco é entregue diretamente na corrente sanguínea, resultando em efeito quase imediato. Isso é essencial em situações de emergência ou quando uma resposta rápida é necessária.
2. Controle preciso da dose:
· Permite controle exato sobre a quantidade de medicamento administrado, o que é importante em tratamentos críticos. Também evita a variação de absorção associada a outras vias.
3. Administração de grandes volumes:
· Fármacos intravenosos podem ser administrados em grandes volumes (ex.: fluidos, nutrientes), o que pode ser necessário para hidratação, reposição de eletrólitos ou administração prolongada de fármacos.
4. Sem metabolismo de primeira passagem:
· Como o fármaco entra diretamente no sangue, ele evita o metabolismo hepático de primeira passagem, o que garante maior biodisponibilidade.
Desvantagens:
1. Invasiva e dolorosa:
· Requer punção venosa, o que pode ser desconfortável ou doloroso para o paciente. Além disso, o uso repetido pode danificar veias ou causar complicações locais.
2. Risco de infecção:
· A quebra da barreira da pele aumenta o risco de infecção no local da aplicação. Também pode haver risco de contaminação ou reações adversas graves (ex.: choque anafilático).
3. Necessidade de assistência profissional:
· Requer um profissional de saúde treinado para realizar a administração, além de equipamento especializado, como seringas ou cateteres.
4. Maior custo e complexidade:
· Medicamentos intravenosos geralmente são mais caros e o processo de administração exige mais recursos em comparação com a via oral.
Resumo:
· Via Oral:
· Vantagens: Conveniente, barata, não invasiva.
· Desvantagens: Efeito mais lento, absorção variável, metabolismo de primeira passagem.
· Via Intravenosa:
· Vantagens: Efeito rápido, controle preciso da dose, sem metabolismo de primeira passagem.
· Desvantagens: Invasiva, risco de infecção, maior custo e complexidade.
9) Quais as constituições químicas da maioria dos fármacos?
A constituição química da maioria dos fármacos inclui principalmente compostos orgânicos com grupos funcionais como hidroxilas, aminas, carboxilas e ésteres. Além disso, muitos medicamentos contêm compostos heterocíclicos e alguns possuem centros quirais. Há também uma classe emergente de fármacos biológicos, compostos de proteínas, peptídeos ou ácidos nucleicos.
10) Quais os parâmetros importantes na absorção dos fármacos?
Os principais parâmetros que influenciam a absorção dos fármacos incluem a solubilidade do fármaco, o tamanho molecular, a forma de apresentação, o grau de ionização, a área de superfície disponível para absorção, o fluxo sanguíneo local, a motilidade gastrointestinal, a presença de alimentos, interações medicamentosas, barreiras fisiológicas e o uso de transportadores de membrana. Todos esses fatores juntos determinam a eficácia com que um fármacoé absorvido e, consequentemente, sua biodisponibilidade e ação terapêutica.
11) Quais as condições que favorecem a absorção mais rápida dos fármacos?
1. Via de administração
· Via intravenosa (IV): A administração direta na corrente sanguínea garante absorção imediata, sem passar pelo trato gastrointestinal.
· Via sublingual: Alguns fármacos, quando colocados sob a língua, são absorvidos rapidamente pela mucosa oral, evitando o metabolismo de primeira passagem pelo fígado.
· Via inalatória: Fármacos inalados têm rápida absorção pelos pulmões devido à alta vascularização alveolar.
2. Forma farmacêutica
· Fármacos líquidos: Soluções ou suspensões tendem a ser absorvidas mais rapidamente do que comprimidos ou cápsulas, pois não precisam ser dissolvidas.
· Fármacos lipossolúveis: Fármacos solúveis em lipídios atravessam mais facilmente as membranas celulares, favorecendo uma absorção mais rápida.
3. Vascularização no local da absorção
· Áreas com alta irrigação sanguínea, como o trato gastrointestinal (em especial o intestino delgado) e os pulmões, permitem uma absorção mais rápida dos fármacos.
4. Superfície de absorção
· Uma grande área de superfície, como a encontrada no intestino delgado (com vilosidades e microvilosidades), favorece a absorção mais rápida.
5. pH do ambiente
· O pH influencia a ionização dos fármacos. Fármacos não ionizados (em seu estado lipossolúvel) são absorvidos mais rapidamente. Por exemplo, ácidos fracos são mais bem absorvidos no estômago (meio ácido), enquanto bases fracas são absorvidas mais no intestino delgado (meio alcalino).
6. Vazio gástrico
· A presença de alimento no estômago pode retardar a absorção de muitos fármacos. Fármacos administrados com o estômago vazio tendem a ser absorvidos mais rapidamente.
7. Motilidade gastrointestinal
· Uma motilidade gastrointestinal mais lenta pode prolongar o tempo de exposição dos fármacos à área de absorção, o que pode, em alguns casos, favorecer uma absorção mais completa, mas não necessariamente mais rápida.
8. Fluxo sanguíneo local
· Um maior fluxo sanguíneo na área de absorção, como em exercícios físicos, pode acelerar a absorção de fármacos administrados por via oral ou intramuscular.
9. Interações medicamentosas
· Alguns fármacos ou alimentos podem interferir na absorção de outros fármacos. Por exemplo, certos antiácidos podem reduzir a absorção de antibióticos ou outros medicamentos.
10. Propriedades físico-químicas do fármaco
· Tamanho da molécula: Moléculas menores são geralmente absorvidas mais rapidamente.
· Solubilidade: Fármacos solúveis em água tendem a ser absorvidos mais rapidamente em ambientes aquosos, enquanto os lipossolúveis são absorvidos mais facilmente pelas membranas celulares.
12) Quanto ao ambiente de absorção, em qual local os fármacos ácidos e básicos são melhores absorvidos? Explique.
· Fármacos ácidos: Melhor absorvidos no estômago (ambiente ácido), onde permanecem na forma não ionizada.
· Fármacos básicos: Melhor absorvidos no intestino delgado (ambiente mais alcalino), onde ficam na forma não ionizada.
13) Quais fatores interferem na distribuição dos fármacos?
A distribuição dos fármacos é influenciada por uma complexa interação entre propriedades do fármaco (como solubilidade e afinidade), características fisiológicas (fluxo sanguíneo, permeabilidade das membranas) e fatores individuais do paciente (idade, doenças, estado nutricional), além de possíveis interações medicamentosas.
14) O que significa fármaco livre e ligado? Qual deles tem efeito terapêutico?
1. Fármaco ligado:
· Quando um fármaco entra na corrente sanguínea, parte dele se liga reversivelmente a proteínas plasmáticas (como a albumina, glicoproteínas e lipoproteínas).
· A fração ligada não pode atravessar as membranas celulares e, portanto, não exerce efeito terapêutico direto. O fármaco ligado age como uma forma de "reserva", liberando-se lentamente conforme o fármaco livre é metabolizado ou excretado.
· Características:
· Inativo enquanto ligado.
· Não pode ser distribuído para os tecidos.
· Não pode ser metabolizado ou excretado.
· Serve como um “reservatório” de fármaco no organismo.
2. Fármaco livre:
· A fração do fármaco que não está ligada às proteínas plasmáticas é chamada de fármaco livre. É essa fração que está disponível para atravessar as membranas celulares e atingir os tecidos, onde pode interagir com seus receptores para exercer o efeito terapêutico.
· O fármaco livre pode ser distribuído, metabolizado e excretado, e é o que realmente atua para produzir os efeitos clínicos.
· Características:
· Ativo e disponível para exercer efeito terapêutico.
· Pode ser distribuído para os tecidos e órgãos.
· Está sujeito a metabolismo (no fígado) e excreção (nos rins).
Qual deles tem efeito terapêutico?
· O fármaco livre é o que tem efeito terapêutico. Somente o fármaco livre pode se distribuir pelos tecidos, interagir com seus alvos biológicos (receptores, enzimas, etc.) e produzir os efeitos desejados. O fármaco ligado é inativo enquanto permanece associado às proteínas plasmáticas.
Fatores que influenciam a proporção de fármaco livre e ligado:
· Afinidade do fármaco pela proteína plasmática: Fármacos com alta afinidade se ligam fortemente e têm menos fármaco livre disponível.
· Concentração de proteínas plasmáticas: Condições como desnutrição, doença hepática ou renal podem diminuir os níveis de proteínas plasmáticas, aumentando a fração de fármaco livre.
· Interações medicamentosas: Alguns fármacos competem pelos mesmos sítios de ligação nas proteínas plasmáticas, aumentando a fração livre de um dos fármacos.
15) Quais são tipos de proteínas plasmáticas?
1. Albumina
· Função principal: A albumina é a proteína plasmática mais abundante (cerca de 60% das proteínas plasmáticas totais) e desempenha um papel crucial no transporte de fármacos, ácidos graxos, hormônios e outras substâncias. Ela também é importante para a manutenção da pressão osmótica no sangue.
· Ligação a fármacos: A albumina se liga principalmente a fármacos ácidos (como a warfarina, ácido acetilsalicílico) e algumas substâncias neutras.
· Relevância clínica: A hipoalbuminemia (níveis baixos de albumina no sangue), comum em doenças hepáticas ou renais, pode aumentar a fração de fármaco livre, aumentando o risco de toxicidade.
2. Glicoproteína ácida alfa-1 (ou orosomucoide)
· Função principal: A glicoproteína ácida alfa-1 está envolvida na resposta inflamatória e no transporte de fármacos.
· Ligação a fármacos: Ligada principalmente a fármacos básicos (como propranolol, lidocaína e alguns antidepressivos tricíclicos).
· Relevância clínica: Seus níveis aumentam em condições inflamatórias ou doenças agudas, o que pode afetar a ligação e a distribuição de fármacos básicos.
Resumo:
As principais proteínas plasmáticas que participam da ligação e transporte de fármacos são albumina, glicoproteína ácida alfa-1, lipoproteínas, globulinas, fibrinogênio, transferrina e ceruloplasmina. A albumina é a mais importante, especialmente para fármacos ácidos, enquanto a glicoproteína ácida alfa-1 é relevante para fármacos básicos. Essas proteínas desempenham um papel fundamental na modulação da distribuição, biodisponibilidade e eficácia dos fármacos no organismo.
16) Quais os fatores ou patologias interferem na síntese de proteínas plasmáticas e quais suas consequências?
1. Doenças hepáticas
· Descrição: O fígado é o principal local de síntese de proteínas plasmáticas, como a albumina, fibrinogênio, globulinas não imunológicas, entre outras.
· Patologias: Cirrose hepática, hepatite crônica, insuficiência hepática e carcinoma hepático.
· Consequências:
· Hipoalbuminemia: Níveis reduzidos de albumina levam a diminuição da pressão oncótica no plasma, causando edema e ascite (acúmulo de líquido no abdômen).
· Deficiência de fatores de coagulação: A redução da síntese de fibrinogênio e outros fatores de coagulação pode resultar em sangramentos e dificuldade na coagulação.
· Aumento da fração livre de fármacos: Como a albumina se liga a muitos fármacos, sua redução aumenta afração livre de fármacos ácidos, aumentando o risco de toxicidade.
2. Doenças renais
· Descrição: A função dos rins é essencial para manter o equilíbrio de proteínas plasmáticas no corpo, especialmente na regulação da perda de proteínas pela urina.
· Patologias: Síndrome nefrótica, glomerulonefrite crônica e insuficiência renal.
· Consequências:
· Perda de proteínas pela urina (proteinúria): Na síndrome nefrótica, grandes quantidades de proteínas plasmáticas, especialmente albumina, são perdidas na urina, levando à hipoalbuminemia, edema e risco de hipovolemia.
· Aumento da fração livre de fármacos: A redução da albumina disponível resulta em maior quantidade de fármacos livres, o que pode aumentar o risco de toxicidade.
3. Desnutrição e estados de carência proteica
· Descrição: A desnutrição, especialmente a deficiência de proteínas, afeta a síntese de proteínas plasmáticas pelo fígado.
· Condições: Kwashiorkor (forma severa de desnutrição proteica), anorexia nervosa, dietas extremamente restritivas.
· Consequências:
· Hipoalbuminemia: A deficiência na ingestão de aminoácidos reduz a síntese de albumina, levando a edema e problemas relacionados à regulação de fármacos.
· Comprometimento do sistema imunológico: A síntese reduzida de globulinas (proteínas envolvidas no sistema imune) pode afetar a resposta imune, aumentando a suscetibilidade a infecções.
4. Inflamação crônica e doenças autoimunes
· Descrição: Processos inflamatórios e doenças autoimunes podem alterar a produção de proteínas plasmáticas, tanto aumentando a síntese de proteínas da fase aguda quanto reduzindo a síntese de outras proteínas.
· Patologias: Artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, doenças inflamatórias intestinais, infecções crônicas.
· Consequências:
· Aumento da síntese de proteínas de fase aguda: Proteínas como a glicoproteína ácida alfa-1 e o fibrinogênio aumentam durante a inflamação, o que pode interferir na ligação de fármacos e aumentar o risco de trombose.
· Redução da albumina: A inflamação crônica pode resultar em hipoalbuminemia, o que contribui para edema, diminuição da pressão oncótica e aumento da fração livre de fármacos.
5. Síndrome de má absorção
· Descrição: Distúrbios que afetam a absorção de nutrientes no intestino, resultando em deficiência na ingestão de proteínas e aminoácidos essenciais para a síntese de proteínas plasmáticas.
· Patologias: Doença celíaca, doença de Crohn, pancreatite crônica.
· Consequências:
· Redução na síntese de proteínas: A falta de aminoácidos essenciais devido à má absorção reduz a produção de proteínas como a albumina, resultando em hipoalbuminemia e edema.
· Alterações na farmacocinética: A menor quantidade de proteínas plasmáticas pode alterar a distribuição e eficácia dos fármacos.
6. Doenças genéticas
· Descrição: Algumas condições hereditárias afetam diretamente a síntese de proteínas plasmáticas.
· Patologias: Doença de Wilson (deficiência de ceruloplasmina), deficiência de antitrombina III (problemas de coagulação).
· Consequências:
· Disfunções específicas: As doenças genéticas podem levar à ausência ou deficiência de proteínas específicas, como a ceruloplasmina (responsável pelo transporte de cobre), causando acúmulo de cobre no fígado e outros órgãos, e a antitrombina III, que pode aumentar o risco de trombose.
7. Distúrbios endócrinos
· Descrição: As alterações hormonais podem influenciar a síntese de proteínas plasmáticas, tanto aumentando quanto diminuindo sua produção.
· Patologias: Síndrome de Cushing, hipotireoidismo, hipertireoidismo.
· Consequências:
· Alterações na globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG): Hiper ou hipotireoidismo, e alterações na função adrenal, podem alterar os níveis de SHBG, interferindo na biodisponibilidade de hormônios como a testosterona e o estradiol.
· Hipoalbuminemia: Em algumas condições endócrinas, a síntese de albumina pode ser prejudicada, contribuindo para edema e alterações na farmacocinética.
8. Idade avançada
· Descrição: O envelhecimento é acompanhado por uma diminuição natural na síntese de proteínas plasmáticas, especialmente albumina.
· Consequências:
· Hipoalbuminemia leve: Comum em idosos, levando a alterações no equilíbrio de fluidos e no transporte de fármacos.
· Aumento da fração livre de fármacos: A menor síntese de proteínas plasmáticas pode resultar em maior fração livre de certos fármacos, aumentando a chance de efeitos adversos.
Consequências gerais da redução na síntese de proteínas plasmáticas:
· Edema: A hipoalbuminemia reduz a pressão oncótica do plasma, resultando em extravasamento de líquido para os tecidos, causando edema e ascite.
· Aumento da fração livre de fármacos: Com menos proteínas disponíveis para ligar fármacos, há maior quantidade de fármacos livres, o que pode aumentar sua toxicidade.
· Alterações na coagulação: A redução de fatores de coagulação plasmáticos (como o fibrinogênio) pode levar a problemas de coagulação, como sangramentos espontâneos.
· Comprometimento da resposta imune: A síntese inadequada de globulinas pode enfraquecer a capacidade do corpo de responder a infecções.
17) Qual é a função do metabolismo ou biotransformação de fármacos? Qual o principal órgão envolvido neste processo?
A função do metabolismo ou biotransformação de fármacos é modificar a estrutura química dos fármacos (ou outras substâncias) no organismo, tornando-os mais fáceis de serem eliminados. O processo tem como objetivo principal facilitar a excreção de substâncias, especialmente de fármacos lipossolúveis, que poderiam se acumular no corpo se não fossem metabolizados.
Funções principais do metabolismo de fármacos:
1. Tornar os fármacos mais hidrossolúveis: A maioria dos fármacos é lipossolúvel para atravessar as membranas celulares e ser absorvida pelo organismo. No entanto, para serem eliminados pelos rins (que excretam melhor substâncias hidrossolúveis), os fármacos precisam ser metabolizados em formas mais hidrossolúveis.
2. Desintoxicação: A biotransformação ajuda a neutralizar ou reduzir a toxicidade de muitos fármacos e substâncias exógenas, embora em alguns casos o metabolismo possa produzir metabólitos tóxicos.
3. Facilitar a excreção: Metabolizar o fármaco em uma forma que possa ser excretada mais facilmente, principalmente pelos rins (urina) ou pela bile (fezes).
4. Inativação de fármacos: Na maioria dos casos, a biotransformação resulta na inativação do fármaco, ou seja, converte o fármaco ativo em um metabólito inativo.
5. Ativação de pró-fármacos: Alguns fármacos são administrados em formas inativas (pró-fármacos) e precisam ser metabolizados para se converterem na forma ativa que exerce o efeito terapêutico.
Fases do metabolismo de fármacos:
O metabolismo de fármacos ocorre geralmente em duas fases:
· Fase I (Reações de funcionalização): Nesta fase, ocorrem reações químicas, como oxidação, redução e hidrólise. Essas reações introduzem ou expõem grupos funcionais (como -OH, -COOH, -NH2) na molécula do fármaco, tornando-o mais reativo e preparado para a fase II.
· Fase II (Reações de conjugação): Ocorre a conjugação do fármaco ou do metabólito da fase I com moléculas endógenas (como ácido glicurônico, sulfato ou glutationa), tornando o fármaco mais hidrossolúvel e facilitando sua excreção.
Principal órgão envolvido no metabolismo de fármacos:
O fígado é o principal órgão envolvido no metabolismo de fármacos. Ele contém uma grande quantidade de enzimas metabolizadoras, principalmente as do sistema enzimático do citocromo P450 (CYP450), que são responsáveis pela oxidação de uma grande variedade de fármacos.
· Outros órgãos e tecidos envolvidos: Embora o fígado seja o principal local de metabolismo de fármacos, outros órgãos também podem participar desse processo, como os rins, pulmões, intestino e a pele, mas em menor escala.
Consequências da biotransformação de fármacos:
· Metabólitos ativos ou tóxicos: Alguns fármacos podem ser convertidos em metabólitos ativos (ex: morfina a partir da codeína) ou metabólitos tóxicos (ex: acetaminofeno em grandes doses produz um metabólitotóxico para o fígado).
· Duração do efeito farmacológico: O metabolismo pode encurtar ou prolongar a ação de um fármaco, dependendo da velocidade com que ele é transformado e eliminado.
18) O que é metabolismo de fase I e II e quais reações estão envolvidas nestas fases?
Metabolismo de Fase I (Reações de Funcionalização)
A fase I do metabolismo envolve a modificação estrutural da molécula do fármaco. As reações da fase I introduzem ou expõem grupos funcionais na molécula do fármaco, como hidroxilas (-OH), aminas (-NH2) ou grupos carboxílicos (-COOH), tornando o fármaco mais polar e reativo.
Principais Reações da Fase I:
1. Oxidação:
· A oxidação é a principal reação da fase I e envolve a adição de oxigênio ou a remoção de hidrogênio da molécula do fármaco.
· Enzimas envolvidas: As enzimas do sistema do citocromo P450 (CYP450) são as mais importantes nessa reação.
· Exemplos de oxidação:
· Hidroxilação: R-H → R-OH (ex: oxidação de benzodiazepínicos).
· Desaminação: Remoção de um grupo amino de compostos nitrogenados.
· Desalquilação: Remoção de grupos alquila (metil, etil) de compostos nitrogenados ou oxigenados.
2. Redução:
· A redução ocorre quando um fármaco ganha elétrons ou átomos de hidrogênio. É comum para fármacos que contêm grupos nitro (-NO2) ou cetonas (-C=O).
· Exemplos de redução:
· Redução de nitrocompostos a aminas.
· Redução de cetonas a álcoois.
3. Hidrólise:
· A hidrólise envolve a quebra de ligações ésteres ou amidas pela adição de uma molécula de água (H2O), resultando na formação de álcoois, ácidos ou aminas.
· Enzimas envolvidas: Esterases e amidades.
· Exemplos de hidrólise:
· Conversão de procaína (um anestésico) em ácido para-aminobenzóico (PABA).
· Hidrólise de ésteres de fármacos pró-fármacos para formas ativas.
Objetivo da Fase I:
· As reações da fase I normalmente tornam o fármaco mais polar (hidrossolúvel) e preparam a molécula para a fase II. Em alguns casos, as reações de fase I podem inativar o fármaco, mas em outros podem gerar metabólitos ativos, ou até metabólitos tóxicos.
Metabolismo de Fase II (Reações de Conjugação)
A fase II envolve a conjugação do fármaco (ou do metabólito gerado na fase I) com uma molécula endógena, como o ácido glicurônico, sulfato ou glutationa. Isso transforma o fármaco ou seu metabólito em uma forma altamente polar e hidrossolúvel, facilitando sua excreção pelos rins ou bile.
Principais Reações da Fase II:
1. Glicuronidação:
· A conjugação com ácido glicurônico é a reação de fase II mais comum.
· Enzimas envolvidas: UDP-glicuroniltransferases (UGT).
· Exemplos: Glicuronidação de morfina, paracetamol (acetaminofeno) e ácido acetilsalicílico.
2. Sulfatação (Sulfoconjugação):
· O fármaco ou metabólito é conjugado com um grupo sulfato (SO4²-).
· Enzimas envolvidas: Sulfotransferases.
· Exemplos: Sulfatação de esteroides, paracetamol e dopamina.
3. Conjugação com Glutationa (GSH):
· O fármaco ou metabólito é conjugado com glutationa, um antioxidante presente nas células.
· Enzimas envolvidas: Glutationa-S-transferases (GST).
· Exemplos: Detoxificação de xenobióticos reativos e metabólitos tóxicos, como os do paracetamol.
4. Acetilação:
· O fármaco é conjugado com um grupo acetil (CH3CO).
· Enzimas envolvidas: N-acetiltransferases.
· Exemplos: Acetilação de isoniazida (usado no tratamento de tuberculose), sulfonamidas.
· Observação: A acetilação pode reduzir a solubilidade de certos fármacos, o que pode gerar problemas, como a formação de cristais nos rins (nefropatia).
5. Conjugação com Aminoácidos:
· Alguns fármacos, especialmente ácidos carboxílicos, podem ser conjugados com aminoácidos, como glicina ou glutamina.
· Exemplos: Conjugação de ácido salicílico com glicina.
6. Metilação:
· O fármaco é conjugado com um grupo metil (CH3).
· Enzimas envolvidas: Metiltransferases.
· Exemplos: Metilação de catecolaminas (dopamina, noradrenalina) e histamina.
Objetivo da Fase II:
· As reações de fase II têm como objetivo principal aumentar ainda mais a solubilidade em água do fármaco, facilitando sua excreção pelos rins (na urina) ou pela bile (nas fezes). Fármacos conjugados são geralmente inativos e prontamente eliminados pelo corpo.
Resumo das Fases:
· Fase I: Inclui reações de oxidação, redução e hidrólise, e transforma fármacos em metabólitos mais polares, introduzindo ou expondo grupos funcionais. Essas reações preparam o fármaco para a fase II ou, em alguns casos, já o tornam apto para a excreção.
· Fase II: Conjugação de fármacos ou metabólitos da fase I com moléculas endógenas (ácido glicurônico, sulfato, glutationa, etc.) para aumentar sua solubilidade em água e facilitar a excreção.
19) O que significa metabolismo de primeira passagem e qual via de administração está envolvida?
Mecanismo do Metabolismo de Primeira Passagem:
1. Quando o fármaco é administrado por via oral, ele é absorvido pelo trato gastrointestinal e transportado pela veia porta até o fígado.
2. No fígado, o fármaco pode ser metabolizado por enzimas hepáticas, como as do sistema citocromo P450 (CYP450), antes de ser liberado na circulação sistêmica.
3. Como resultado, uma fração significativa do fármaco pode ser inativada ou modificada durante essa "primeira passagem" pelo fígado, reduzindo a quantidade que chega à corrente sanguínea.
Consequências do Metabolismo de Primeira Passagem:
· Redução da biodisponibilidade: A biodisponibilidade é a fração de um fármaco que chega à circulação sistêmica em sua forma ativa. O metabolismo de primeira passagem pode reduzir drasticamente a biodisponibilidade de muitos fármacos administrados por via oral.
· Necessidade de doses maiores: Como o metabolismo de primeira passagem reduz a quantidade de fármaco que chega à circulação, pode ser necessário administrar doses orais mais elevadas para obter o efeito terapêutico desejado.
· Variação entre indivíduos: A extensão do metabolismo de primeira passagem pode variar de pessoa para pessoa, devido a fatores como genética, função hepática e interações medicamentosas.
Exemplo de Fármacos Afectados:
· Propranolol: Um betabloqueador amplamente metabolizado pelo fígado em sua primeira passagem, o que reduz sua biodisponibilidade quando administrado por via oral.
· Morfina: Quando administrada por via oral, uma grande parte da morfina é metabolizada no fígado, exigindo doses orais maiores em comparação com outras vias de administração.
Via de Administração Envolvida:
O metabolismo de primeira passagem é principalmente associado à via de administração oral, pois os fármacos ingeridos passam pelo trato gastrointestinal e depois pelo fígado antes de entrar na circulação sistêmica.
Outras vias de administração, como intravenosa (IV), sublingual, intramuscular, transdérmica e retal (parcialmente), evitam ou minimizam o metabolismo de primeira passagem. Quando administrados por essas vias, os fármacos podem entrar diretamente na circulação sistêmica, sem passar inicialmente pelo fígado, resultando em maior biodisponibilidade.
Em Resumo:
· Metabolismo de primeira passagem: É o processo em que o fármaco é metabolizado no fígado (ou intestino) antes de alcançar a circulação sistêmica.
· Via oral: É a via de administração mais associada a esse efeito, o que pode reduzir a eficácia e biodisponibilidade do fármaco.
· Alternativas: Outras vias, como sublingual ou intravenosa, evitam esse metabolismo, resultando em maior quantidade de fármaco disponível no sangue.
20) Como a genética, patologia e interação entre os fármacos podem alterar o metabolismo ou biotransformação de fármacos?
1. Genética: Polimorfismos nas enzimas metabolizadoras (especialmente CYP450) podem alterar a velocidade de metabolismo, fazendo com que as pessoas sejam metabolizadores rápidos, normais ou lentos, afetando a eficácia e o risco de toxicidade.
2. Patologias: Doenças hepáticas, renais, cardíacas e da tireoide podem comprometer o metabolismo de fármacos, alterando a dose necessária para evitar toxicidade ou falta de eficácia.
3. Interações medicamentosas: Fármacos podem inibir ou induzir as enzimas metabolizadoras, resultandoem alterações nos níveis plasmáticos de outros medicamentos, afetando sua eficácia e segurança.
21) O que é o processo de excreção de fármacos e qual os órgãos estão envolvidos neste processo?
O processo de excreção de fármacos refere-se à eliminação de substâncias químicas do corpo após a sua metabolização, garantindo que os fármacos ou seus metabólitos não se acumulem no organismo a níveis tóxicos. A excreção é uma fase crucial no ciclo de vida de um medicamento, permitindo que seus componentes sejam removidos após terem cumprido sua função terapêutica.
Principais órgãos envolvidos na excreção de fármacos:
1. Rins (excreção renal):
· O rim é o principal órgão envolvido na excreção de fármacos. Através da urina, muitos fármacos e seus metabólitos são eliminados do corpo. Esse processo envolve três etapas principais:
· Filtração glomerular: os fármacos no sangue são filtrados pelos glomérulos e entram nos túbulos renais.
· Secreção tubular: algumas substâncias que não foram filtradas inicialmente podem ser secretadas ativamente para os túbulos renais.
· Reabsorção tubular: em alguns casos, fármacos ou seus metabólitos podem ser reabsorvidos de volta para a corrente sanguínea, mas a maioria acaba sendo eliminada na urina.
2. Fígado (excreção biliar):
· O fígado desempenha um papel importante na metabolização de fármacos e também na sua excreção, especialmente via bile. Fármacos lipofílicos, após serem metabolizados no fígado, podem ser excretados na bile e eliminados pelo trato gastrointestinal. Alguns podem sofrer o ciclo entero-hepático, onde são reabsorvidos no intestino e retornam ao fígado, prolongando sua ação no organismo.
3. Pulmões:
· Certos fármacos voláteis, como anestésicos inalatórios, são excretados pelos pulmões na forma de vapor, eliminados na respiração.
4. Pele (glândulas sudoríparas):
· Embora seja uma via de excreção menor, alguns fármacos podem ser eliminados pelo suor, contribuindo, em menor grau, para a eliminação de substâncias do corpo.
5. Glândulas salivares e leite materno:
· Pequenas quantidades de fármacos podem ser excretadas na saliva e no leite materno, o que pode ter implicações para lactantes, pois o fármaco pode passar para o bebê.
Fatores que afetam a excreção de fármacos:
· Função renal e hepática: indivíduos com insuficiência renal ou hepática podem ter a excreção de fármacos comprometida.
· Propriedades do fármaco: a polaridade, solubilidade em água ou gordura, e o tamanho da molécula influenciam a via de excreção.
· Idade e condições de saúde: bebês e idosos costumam ter a excreção de fármacos reduzida.
22) Qual a principal condição para que um fármaco seja eliminado/excretado?
A principal condição para que um fármaco seja eliminado ou excretado é que ele esteja em uma forma polar ou hidrossolúvel. Isso é necessário porque os órgãos excretores, como os rins, tendem a eliminar com mais facilidade substâncias que são solúveis em água.
Detalhamento das condições:
1. Transformação em forma hidrossolúvel (polar):
· A maioria dos fármacos é inicialmente lipofílica (solúvel em gordura) para facilitar a absorção e atravessar as membranas celulares. No entanto, para ser excretado, o fármaco deve ser convertido em uma forma mais hidrossolúvel. O fígado desempenha um papel crucial nesse processo, através da biotransformação ou metabolismo. Durante esse processo, o fígado transforma o fármaco em metabólitos polares, que podem ser mais facilmente excretados pelos rins.
2. Metabolismo hepático (fases I e II):
· Fase I (oxidação, redução, hidrólise): essa fase geralmente introduz ou expõe grupos funcionais polares no fármaco, tornando-o mais hidrofílico.
· Fase II (conjugação): ocorre a ligação de grupos polares, como glicuronídeos ou sulfatos, aos fármacos ou seus metabólitos, aumentando ainda mais sua solubilidade em água.
3. Função renal adequada:
· Para que o fármaco seja excretado via urina, os rins precisam estar funcionando corretamente. A capacidade de filtrar, secretar e reabsorver substâncias afeta diretamente a eliminação dos fármacos.
Se um fármaco não for convertido para uma forma hidrossolúvel, ele pode ser reabsorvido nos túbulos renais e permanecer mais tempo no organismo, o que pode levar ao acúmulo e possíveis efeitos tóxicos. Por isso, a hidrossolubilidade é a principal condição para que um fármaco seja eficientemente eliminado.
23) O que significa clearance de um fármaco?
O clearance de um fármaco é uma medida farmacocinética que indica a eficiência com que o corpo elimina o fármaco da circulação sistêmica. Ele representa o volume de sangue ou plasma que é completamente "limpo" de uma substância por unidade de tempo. O clearance é geralmente expresso em unidades de volume por tempo, como mL/min ou L/h.
Em termos simples:
· Clearance é uma forma de quantificar o quanto do fármaco é removido do sangue por diferentes órgãos excretores, como rins, fígado e pulmões.
· Ele não mede diretamente a quantidade do fármaco excretado, mas sim a taxa com que o fármaco é removido do corpo.
Fatores que afetam o clearance:
1. Função renal (clearance renal): Refere-se à eliminação do fármaco pelos rins, geralmente na urina. Fármacos solúveis em água tendem a ter um clearance renal elevado.
2. Função hepática (clearance hepático): Inclui a metabolização do fármaco no fígado e sua excreção na bile. Fármacos lipossolúveis são frequentemente metabolizados no fígado antes da excreção.
3. Outros órgãos excretores: Embora menos significativos, pulmões, glândulas sudoríparas e glândulas salivares também podem contribuir para o clearance.
Importância clínica do clearance:
O clearance é um parâmetro essencial para determinar a meia-vida de um fármaco no corpo, ajudando a estabelecer a dose e a frequência de administração para manter níveis terapêuticos adequados sem causar toxicidade. Um clearance alto significa que o fármaco é eliminado rapidamente, e um clearance baixo indica uma eliminação mais lenta.
Em resumo, o clearance reflete a capacidade do organismo de remover o fármaco do sistema e é fundamental para entender sua duração de ação e a necessidade de ajustes na dosagem.
24) O que são receptores farmacológicos?
Os receptores farmacológicos são proteínas específicas localizadas nas células (nas membranas celulares ou dentro delas) que interagem com moléculas de fármacos ou outras substâncias químicas, resultando em uma resposta biológica. Eles são essenciais para a ação de muitos medicamentos, pois a interação entre um fármaco e seu receptor é frequentemente o passo inicial que desencadeia a resposta terapêutica.
Características dos receptores farmacológicos:
1. Especificidade: Receptores têm alta afinidade por certos ligantes (como fármacos, hormônios ou neurotransmissores). Isso significa que eles reconhecem e se ligam a substâncias com uma estrutura molecular específica.
2. Ligação reversível: A maioria das interações entre fármacos e receptores é reversível, o que permite que o fármaco se ligue ao receptor e depois se dissocie, dependendo de sua concentração no organismo e das condições locais.
3. Regulação de funções celulares: Quando um fármaco se liga ao receptor, ele pode ativar ou inibir uma via de sinalização celular, o que leva a alterações na função da célula, como secreção de substâncias, contração muscular, ou mudanças na expressão gênica.
Tipos de receptores farmacológicos:
1. Receptores de membrana:
· Receptores acoplados à proteína G (GPCR): São os mais comuns e ativam uma cascata de sinalização celular quando o fármaco se liga ao receptor. Ex.: receptores de adrenalina e serotonina.
· Receptores ligados a canais iônicos: Abrem ou fecham canais na membrana celular, regulando o fluxo de íons (como sódio, potássio ou cálcio), o que altera a excitabilidade da célula. Ex.: receptores de GABA e glutamato.
· Receptores com atividade enzimática intrínseca: Ligam-se a fármacos ou hormônios e ativam diretamente a função enzimática no interior da célula, como a tirosina quinase. Ex.: receptores de insulina.
2. Receptores intracelulares:
· Localizam-se dentro dacélula, geralmente no citoplasma ou no núcleo, e interagem com fármacos que podem atravessar a membrana celular, como hormônios esteroides. Esses receptores costumam alterar a expressão gênica. Ex.: receptores de hormônios esteroides (testosterona, cortisol).
Agonistas e antagonistas:
· Agonista: Um fármaco que se liga ao receptor e ativa a resposta celular, imitando a ação da substância natural que normalmente se ligaria ao receptor.
· Antagonista: Um fármaco que se liga ao receptor, mas não o ativa; em vez disso, ele bloqueia o receptor e impede que outras substâncias (como agonistas ou o ligante natural) o ativem.
25) Quais os tipos e mecanismos de ação de cada receptor farmacológico?
Os receptores farmacológicos podem ser classificados em diferentes tipos, de acordo com sua localização, estrutura e mecanismo de ação. A seguir, estão os principais tipos de receptores farmacológicos e seus mecanismos de ação:
1. Receptores acoplados à proteína G (GPCRs)
Mecanismo de ação:
· Quando um agonista (fármaco ou ligante) se liga ao receptor, ocorre a ativação de uma proteína G associada à parte interna da membrana celular.
· A proteína G tem três subunidades (α, β, γ). A subunidade α é ativada pela troca de GDP por GTP.
· Essa subunidade ativada (α-GTP) interage com enzimas efetoras, como a adenilato ciclase ou fosfolipase C, gerando segundos mensageiros (como AMPc, IP3, e DAG).
· Os segundos mensageiros amplificam a resposta celular, levando a várias ações fisiológicas, como aumento de cálcio intracelular, ativação de canais iônicos, ou alteração na atividade de proteínas quinases.
Exemplos:
· Receptores de adrenalina (β-adrenérgicos).
· Receptores de serotonina (5-HT).
· Receptores de dopamina (D1, D2).
2. Receptores ligados a canais iônicos
Mecanismo de ação:
· Esses receptores estão diretamente ligados a canais iônicos. Quando um agonista se liga ao receptor, o canal iônico abre ou fecha, permitindo o fluxo de íons (como Na⁺, K⁺, Ca²⁺ ou Cl⁻) através da membrana celular.
· A abertura ou fechamento desses canais altera o potencial de membrana e a excitabilidade celular, o que pode gerar uma resposta rápida, como a contração muscular ou a inibição/excitação neuronal.
Exemplos:
· Receptores nicotínicos de acetilcolina (nAChR): Quando ativados, permitem a entrada de sódio e cálcio na célula, gerando despolarização.
· Receptores de GABA-A: Quando ativados, permitem a entrada de cloro (Cl⁻), causando hiperpolarização e efeito inibitório no neurônio.
3. Receptores com atividade enzimática intrínseca (receptores tirosina quinase)
Mecanismo de ação:
· Esses receptores têm uma parte extracelular que se liga ao ligante e uma parte intracelular que tem atividade enzimática (geralmente uma quinase).
· Quando o agonista se liga ao receptor, ocorre a dimerização do receptor (dois receptores se unem) e ativação da sua função quinase. Isso leva à autofosforilação de resíduos de tirosina no receptor.
· As tirosinas fosforiladas servem como locais de ancoragem para outras proteínas sinalizadoras intracelulares, que desencadeiam cascatas de sinalização, como a via MAPK ou a via PI3K-AKT, levando a respostas celulares como proliferação, diferenciação e sobrevivência celular.
Exemplos:
· Receptor de insulina.
· Receptor de fator de crescimento epidérmico (EGFR).
4. Receptores nucleares (intracelulares)
Mecanismo de ação:
· Esses receptores estão localizados no núcleo ou no citoplasma e interagem com ligantes que conseguem atravessar a membrana celular, como hormônios esteroides e hormônios tireoidianos.
· Após a ligação do fármaco, o complexo fármaco-receptor se transloca para o núcleo, onde se liga a regiões específicas do DNA, chamadas elementos de resposta, modulando a transcrição de genes específicos.
· Isso resulta em alterações na síntese de proteínas que controlam funções celulares como crescimento, desenvolvimento, e metabolismo.
Exemplos:
· Receptores de esteroides, como os de cortisol e testosterona.
· Receptores de hormônios tireoidianos.
5. Receptores ligados à serina/treonina quinase
Mecanismo de ação:
· Esses receptores são semelhantes aos receptores tirosina quinase, mas a diferença está na sua função enzimática, que fosforila resíduos de serina ou treonina.
· Quando o ligante se liga, os receptores ativam suas atividades de quinase, desencadeando fosforilação de proteínas intracelulares em serina ou treonina.
· Essa cascata de sinalização regula diversas funções celulares, como diferenciação e resposta ao estresse.
Exemplo:
· Receptores TGF-β (fator de crescimento transformador beta).
6. Receptores acoplados a guanilato ciclase
Mecanismo de ação:
· Esses receptores têm uma atividade enzimática intrínseca de guanilato ciclase. Quando o ligante se liga ao receptor, ocorre a conversão de GTP em GMPc (guanosina monofosfato cíclico), um segundo mensageiro.
· O GMPc então ativa uma série de eventos intracelulares, como a ativação de proteínas quinases dependentes de GMPc, que modulam diversas funções, incluindo relaxamento muscular e vasodilatação.
Exemplo:
· Receptor de peptídeo natriurético atrial (ANP).
26) O que são potência e eficácia de um fármaco?
1. Potência de um fármaco
A potência de um fármaco refere-se à quantidade de fármaco necessária para produzir um efeito biológico específico. Em outras palavras, é uma medida de quão forte é a ação de um fármaco a uma determinada concentração. Quanto mais potente for o fármaco, menor a dose necessária para atingir o mesmo efeito.
· Definição técnica: A potência é frequentemente expressa pela concentração efetiva 50% (EC50), que é a concentração do fármaco necessária para produzir 50% do efeito máximo que ele pode gerar.
· Exemplo: Se dois fármacos produzem o mesmo efeito biológico, mas o fármaco A requer uma dose menor do que o fármaco B para atingir esse efeito, o fármaco A é considerado mais potente.
2. Eficácia de um fármaco
A eficácia de um fármaco refere-se à capacidade máxima que o fármaco tem de gerar uma resposta biológica, ou seja, o tamanho máximo do efeito terapêutico que ele pode alcançar, independentemente da dose utilizada.
· Definição técnica: A eficácia é avaliada pelo efeito máximo (Emax) que o fármaco pode atingir. Um fármaco com alta eficácia pode produzir um efeito máximo mais elevado, independentemente de sua potência.
· Exemplo: Se o fármaco A e o fármaco B têm o mesmo alvo, mas o fármaco A consegue gerar um efeito máximo maior (mesmo que ambos estejam em doses adequadas), então o fármaco A tem maior eficácia do que o fármaco B.
Diferença entre potência e eficácia:
· Potência diz respeito à quantidade do fármaco necessária para gerar uma resposta; fármacos potentes atuam em doses baixas.
· Eficácia refere-se à intensidade máxima do efeito biológico que o fármaco pode alcançar; fármacos eficazes podem gerar um efeito terapêutico maior.
Exemplo para ilustrar:
· Um fármaco X pode ser mais potente do que o fármaco Y (necessitando de uma dose menor para atingir o mesmo efeito).
· No entanto, o fármaco Y pode ter maior eficácia do que o fármaco X (capaz de atingir um efeito máximo maior, mesmo que exija uma dose maior).
Importância clínica:
· A potência é importante para determinar a dose ideal de um medicamento.
· A eficácia é crucial para selecionar qual fármaco utilizar, dependendo do efeito terapêutico desejado.
27) Qual o significado da curva dose-resposta?
A curva dose-resposta é um gráfico utilizado na farmacologia para descrever a relação entre a dose de um fármaco administrado e a intensidade ou frequência da resposta biológica gerada. Essa curva é essencial para entender como um fármaco age no corpo e como diferentes doses influenciam seu efeito.
Estrutura da curva dose-resposta:
· Eixo X (horizontal): Representa a dose do fármaco, geralmente em uma escala logarítmica.
· Eixo Y (vertical): Representa a resposta biológica observada, que pode ser a intensidade do efeito ou a porcentagem de indivíduos que responderam ao tratamento.
Tipos de curvas dose-resposta:
1. Curva dose-resposta gradual (ou contínua):
· Descrição: Mostra a respostacontínua de um organismo a diferentes doses de um fármaco. A resposta vai aumentando conforme a dose do fármaco aumenta, até atingir um plateau (nível máximo), onde mais aumento de dose não gera mais efeito.
· Exemplo: Um fármaco anti-hipertensivo que reduz gradualmente a pressão arterial conforme sua dose é aumentada, até atingir um efeito máximo.
2. Curva dose-resposta quântica (ou al/nada):
· Descrição: Mostra a proporção de indivíduos de uma população que respondem a uma dose de fármaco. Cada indivíduo apresenta uma resposta "sim" ou "não" (efeito "tudo ou nada"). A curva mostra como a frequência da resposta aumenta conforme a dose é aumentada.
· Exemplo: Um anestésico, onde a resposta é definida como "sedado" ou "não sedado", e a curva mostra a porcentagem de indivíduos sedados a cada dose.
Parâmetros importantes da curva dose-resposta:
1. EC50 (Concentração Efetiva 50%):
· A EC50 é a dose necessária para produzir 50% da resposta máxima. É um parâmetro que indica a potência de um fármaco. Quanto menor a EC50, mais potente é o fármaco, pois ele requer uma dose menor para atingir metade de sua eficácia máxima.
2. Emax (Efeito Máximo):
· O Emax representa o efeito máximo que o fármaco pode produzir, independentemente de quão alta seja a dose. O Emax é usado para medir a eficácia do fármaco.
3. Curva sigmoide (forma característica):
· A curva dose-resposta gradual geralmente tem um formato em S (sigmoide), o que indica que a resposta biológica inicialmente é baixa em doses pequenas, aumenta rapidamente em doses intermediárias e atinge um plateau (máximo) em doses altas.
Aplicações da curva dose-resposta:
1. Determinação da dose terapêutica: A curva ajuda a identificar a dose que produz o efeito desejado sem causar toxicidade.
2. Comparação entre fármacos: A curva permite comparar a potência e eficácia de diferentes fármacos. Um fármaco com uma EC50 menor é mais potente, enquanto o fármaco com Emax maior é mais eficaz.
3. Índice terapêutico: A curva pode ser usada para calcular o índice terapêutico, que compara a dose eficaz com a dose tóxica. Isso ajuda a determinar a margem de segurança do fármaco.
Exemplo de curva dose-resposta:
· Imagine um analgésico. À medida que a dose aumenta, a dor começa a diminuir gradualmente até que, em uma dose específica, a dor é totalmente aliviada (Emax). Continuar aumentando a dose acima desse ponto não produzirá mais alívio da dor, mas pode aumentar o risco de efeitos colaterais.
Em resumo, a curva dose-resposta é uma ferramenta fundamental para prever como o corpo reagirá a diferentes doses de um fármaco, ajudando a definir as doses mais seguras e eficazes.
28) Defina afinidade, especificidade e seletividade de um fármaco?
1. Afinidade
· Definição: A afinidade de um fármaco refere-se à capacidade ou força com que ele se liga a seu receptor ou alvo molecular. Quanto maior a afinidade, mais forte e estável é a interação entre o fármaco e o receptor.
· Mecanismo: Um fármaco com alta afinidade se liga eficientemente ao seu receptor em baixas concentrações, pois tem uma forte atração pelas estruturas do receptor.
· Importância: A afinidade é um fator importante na potência do fármaco. Fármacos com alta afinidade requerem doses menores para ativar ou inibir um receptor, porque podem se ligar ao alvo de forma mais eficaz.
· Exemplo: Um fármaco como a morfina tem alta afinidade pelos receptores opioides, o que permite que pequenas quantidades ativem o receptor para produzir analgesia.
2. Especificidade
· Definição: A especificidade de um fármaco é a capacidade de se ligar a um único tipo de receptor ou alvo, sem interagir com outros tipos de receptores ou sistemas biológicos.
· Mecanismo: Um fármaco altamente específico se liga apenas ao seu receptor alvo e não afeta outros receptores ou enzimas, minimizando efeitos indesejados.
· Importância: A especificidade é crucial para a segurança de um fármaco. Quanto mais específico for um fármaco, menor será a probabilidade de causar efeitos adversos em outros sistemas biológicos.
· Exemplo: A insulina é um exemplo de um fármaco altamente específico, pois se liga exclusivamente ao receptor de insulina, regulando a glicose no sangue sem afetar outros sistemas.
3. Seletividade
· Definição: A seletividade refere-se à capacidade de um fármaco de atuar preferencialmente em um tipo de receptor ou subtipo de receptor, mesmo quando há vários receptores similares no corpo. Ou seja, um fármaco seletivo afeta predominantemente um tipo de receptor ou célula, mas pode ter alguma ação em outros receptores em doses mais altas.
· Mecanismo: Um fármaco seletivo tem maior afinidade por um receptor ou subtipo específico, mas em doses elevadas, pode começar a interagir com outros receptores.
· Importância: A seletividade permite que um fármaco atinja um alvo terapêutico específico, minimizando seus efeitos em outras vias que poderiam gerar efeitos colaterais. Isso melhora o perfil de eficácia e segurança do fármaco.
· Exemplo: O propranolol (um betabloqueador) age em múltiplos receptores beta-adrenérgicos (β1 e β2), enquanto o atenolol é seletivo para os receptores β1 no coração, reduzindo os efeitos sobre os pulmões (β2).
Resumo das diferenças:
· Afinidade é a força de ligação entre o fármaco e seu alvo.
· Especificidade é a capacidade do fármaco de se ligar somente a um alvo específico, sem interagir com outros.
· Seletividade é a capacidade do fármaco de agir preferencialmente sobre um alvo, mas ainda pode afetar outros alvos em doses elevadas.
29) Quais as forças de interações estão envolvidas na ligação do fármaco com o seu receptor?
1. Ligações Iônicas
· Descrição: Ocorrem entre grupos carregados positiva e negativamente (íons) presentes no fármaco e no receptor.
· Exemplo: Um grupo amina (carga positiva) no fármaco pode interagir com um grupo carboxilato (carga negativa) no receptor.
· Importância: As interações iônicas são relativamente fortes em comparação com outras interações não covalentes e desempenham um papel crucial na primeira atração entre o fármaco e o receptor.
2. Pontes de Hidrogênio
· Descrição: Ocorrem entre átomos de hidrogênio que estão ligados a átomos altamente eletronegativos (como oxigênio ou nitrogênio) no fármaco e no receptor. Esses átomos eletronegativos "puxam" a densidade eletrônica, criando uma interação eletrostática com outro átomo eletronegativo.
· Exemplo: Um átomo de hidrogênio ligado a um grupo hidroxila (–OH) no fármaco pode formar uma ponte de hidrogênio com um grupo carbonila (C=O) no receptor.
· Importância: As pontes de hidrogênio são cruciais para o posicionamento preciso do fármaco no sítio de ligação do receptor, sendo mais fortes do que as interações de Van der Waals, mas mais fracas que as ligações iônicas.
3. Interações de Van der Waals
· Descrição: São interações fracas que ocorrem devido a atrações temporárias entre dipolos induzidos, que surgem quando há flutuações momentâneas na distribuição de elétrons ao redor dos átomos.
· Exemplo: Pequenas moléculas hidrofóbicas ou partes de uma molécula podem interagir com regiões hidrofóbicas do receptor através dessas forças.
· Importância: Embora fracas individualmente, essas interações podem se somar, sendo importantes para estabilizar a ligação entre o fármaco e o receptor quando há um ajuste próximo entre eles.
4. Interações Hidrofóbicas
· Descrição: Ocorrem quando regiões hidrofóbicas (apolares) do fármaco e do receptor se associam para evitar o contato com a água. Não são interações "diretas", mas sim um resultado da tendência das moléculas apolares de se agruparem em ambientes aquosos.
· Exemplo: Cadeias laterais apolares de aminoácidos no receptor podem interagir com grupos apolares do fármaco.
· Importância: As interações hidrofóbicas são importantes para estabilizar fármacos que contêm regiões apolares e também podem influenciar a seletividade do fármaco por certos receptores.
5. Forças de Dipolo-Dipolo
· Descrição: Ocorrem quando há interação entre dipolos permanentes no fármaco e no receptor, resultantes da presença de átomos comeletronegatividade diferente em uma molécula (por exemplo, oxigênio ou nitrogênio).
· Exemplo: Um grupo polar (como o grupo carbonila C=O) no fármaco pode interagir com um grupo polar complementar no receptor.
· Importância: Essas interações ajudam a estabilizar a ligação do fármaco ao receptor, especialmente se o receptor tiver muitos grupos polares.
6. Interações π-π e Catiônicas-π
· Interações π-π: Ocorrem entre anéis aromáticos presentes no fármaco e no receptor. Essas interações são fracas, mas podem contribuir para a afinidade.
· Exemplo: Um anel benzênico no fármaco pode interagir com um anel aromático de um aminoácido no receptor, como a fenilalanina.
· Interações Catiônicas-π: Ocorrem quando um cátion (molécula carregada positivamente) interage com o nuvem eletrônica de um anel aromático.
· Exemplo: Um grupo amina carregado positivamente no fármaco pode interagir com o anel aromático de um aminoácido como a fenilalanina.
7. Ligações Covalentes (ocasionalmente)
· Descrição: Embora as ligações covalentes sejam raras em interações entre fármacos e receptores (pois são geralmente irreversíveis e muito fortes), em alguns casos, um fármaco pode formar uma ligação covalente com o receptor.
· Exemplo: Fármacos como os inibidores da enzima acetilcolinesterase (usados no tratamento de Alzheimer) podem formar ligações covalentes com o receptor, bloqueando permanentemente sua atividade.
· Importância: Fármacos que formam ligações covalentes são usados quando se deseja um efeito duradouro ou irreversível, mas também têm maior potencial para efeitos colaterais graves.
30) O que são fármacos agonistas e antagonistas?
1. Fármacos Agonistas
· Definição: Fármacos agonistas são substâncias que se ligam aos receptores e ativam esses receptores, desencadeando uma resposta celular que mimetiza o efeito de um ligante endógeno (como hormônios ou neurotransmissores).
· Mecanismo de ação: O agonista se liga ao receptor, induzindo uma mudança conformacional que ativa a função normal do receptor, resultando em uma resposta biológica, como a abertura de canais iônicos, a ativação de vias de sinalização celular ou a produção de uma substância específica.
· Tipos de agonistas:
· Agonista total: Um agonista que gera a resposta máxima possível ao ativar o receptor. Exemplo: A morfina é um agonista total dos receptores opioides, proporcionando alívio completo da dor.
· Agonista parcial: Um agonista que ativa o receptor, mas não consegue gerar a resposta máxima, mesmo que todos os receptores estejam ocupados. Exemplo: A buprenorfina, usada no tratamento de dependência de opioides, é um agonista parcial dos receptores opioides.
· Agonista inverso: Se liga ao mesmo receptor que o agonista, mas provoca uma resposta oposta à ativação do receptor. Exemplo: O carvedilol, um agonista inverso dos receptores adrenérgicos beta, reduz a atividade basal desses receptores.
· Exemplo: A adrenalina (ou epinefrina) é um agonista dos receptores adrenérgicos beta, ativando-os e aumentando a frequência cardíaca e a força de contração do coração.
2. Fármacos Antagonistas
· Definição: Fármacos antagonistas são substâncias que se ligam aos receptores, mas não os ativam. Em vez disso, eles bloqueiam a ação dos ligantes endógenos (ou agonistas) e impedem que o receptor seja ativado.
· Mecanismo de ação: O antagonista ocupa o sítio de ligação do receptor sem induzir uma resposta celular. Ao fazer isso, ele impede que o ligante endógeno (ou um agonista) se ligue e ative o receptor.
· Tipos de antagonistas:
· Antagonista competitivo: Compete diretamente com o agonista pelo mesmo sítio de ligação no receptor. A ligação é reversível, e seu efeito pode ser superado aumentando a concentração do agonista. Exemplo: O propranolol, um antagonista beta-adrenérgico, bloqueia a ação da adrenalina, reduzindo a frequência cardíaca.
· Antagonista não competitivo: Liga-se a um sítio diferente do receptor (alostérico) ou altera irreversivelmente o receptor, tornando-o inativo. Nesse caso, aumentar a dose do agonista não supera o bloqueio. Exemplo: O fenoxibenzamina, um antagonista irreversível dos receptores alfa-adrenérgicos, usado em certas condições como o feocromocitoma.
· Antagonista funcional (ou fisiológico): Atua em receptores diferentes, mas exerce um efeito oposto ao de um agonista. Exemplo: O efeito broncodilatador de um agonista beta-adrenérgico, como o salbutamol, pode ser considerado antagonista funcional do broncoconstritor histamina.
· Exemplo: O naloxona é um antagonista competitivo dos receptores opioides, bloqueando os efeitos de opioides como a morfina ou a heroína, sendo usada em emergências para reverter overdoses.
Diferença principal entre agonistas e antagonistas:
· Agonistas ativam os receptores e provocam uma resposta biológica.
· Antagonistas bloqueiam os receptores, impedindo que os agonistas (ou ligantes endógenos) ativem o receptor.
Aplicações clínicas:
· Agonistas: São usados para estimular processos biológicos que estão enfraquecidos ou ausentes. Exemplo: Insulina como agonista para tratar diabetes.
· Antagonistas: São usados para bloquear ou diminuir processos que estão hiperativados ou prejudiciais. Exemplo: Anti-histamínicos que bloqueiam os receptores de histamina, reduzindo os sintomas alérgicos.
31) Diferencie agonistas totais, parciais e agonistas inversos.
1. Agonistas totais: São substâncias que se ligam aos receptores celulares e produzem uma resposta máxima. Eles ativam totalmente o receptor, resultando na ativação completa da via de sinalização associada. Um exemplo clássico é a morfina, que é um agonista total dos receptores opioides e produz analgesia completa.
2. Agonistas parciais: Ligam-se aos mesmos receptores que os agonistas totais, mas produzem uma resposta submáxima, mesmo quando ocupam todos os receptores disponíveis. Eles não conseguem ativar completamente a via de sinalização, resultando em uma resposta menor. Um exemplo é a buprenorfina, que é um agonista parcial dos receptores opioides e produz analgesia, mas com menor intensidade que a morfina.
3. Agonistas inversos: Ligam-se aos mesmos receptores que os agonistas totais e parciais, mas produzem um efeito oposto ao agonista total. Em vez de ativar o receptor, eles diminuem sua atividade basal, levando a uma resposta negativa. Isso é possível porque muitos receptores têm uma atividade constitutiva (atividade na ausência de ligante), e os agonistas inversos reduzem essa atividade. Um exemplo é o propranolol, que é um agonista inverso dos receptores beta-adrenérgicos, reduzindo a atividade cardíaca e a pressão arterial.
32) O que é e como se calcula o índice terapêutico de um fármaco?
O índice terapêutico (IT) de um fármaco é uma medida da sua segurança e eficácia. Ele indica a margem de segurança entre uma dose terapêutica eficaz e uma dose que pode ser tóxica. Em termos simples, é a relação entre a dose que causa efeitos terapêuticos e a dose que causa efeitos adversos.
O índice terapêutico é calculado pela razão entre a dose letal média (DL50) e a dose eficaz média (DE50):
IT=DL50DE50\text{IT} = \frac{\text{DL50}}{\text{DE50}}IT=DE50DL50​
· DL50 (Dose Letal 50): É a dose de um fármaco que causa morte em 50% de uma população de teste (geralmente animais em estudos pré-clínicos).
· DE50 (Dose Eficaz 50): É a dose de um fármaco que produz o efeito terapêutico desejado em 50% de uma população de teste.
Um índice terapêutico elevado indica que há uma grande margem de segurança entre as doses terapêutica e tóxica, tornando o fármaco mais seguro. Por outro lado, um índice terapêutico baixo significa que a dose terapêutica está muito próxima da dose tóxica, exigindo monitoramento rigoroso e ajuste preciso da dose.
Por exemplo, se um fármaco tem uma DL50 de 200 mg/kg e uma DE50 de 20 mg/kg, seu índice terapêutico seria:
IT=200 mg/kg20 mg/kg=10\text{IT} = \frac{200 \, \text{mg/kg}}{20 \, \text{mg/kg}} = 10IT=20mg/kg200mg/kg​=10
Isso significa que a dose letal é 10 vezes maior que a dose eficaz, sugerindo uma margem de segurança razoável.
1. Propriedades de

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