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202 
 
 
 
DEPRESSÃO: UM OLHAR NA 
PERSPECTIVA DA 
PSICOLOGIA ANALÍTICA 
 
Marcelo Araújo Pinheiro 1 
Sonielson Luciano de Sousa2 
 
 
RESUMO 
A cada dia no Brasil o número de pessoas com sintomas de depressão só aumenta. Citamos alguns 
sintomas como tristeza, desânimo, falta de motivação, apatia, maior esforço para realizar tarefas 
fáceis, entre outros. Logo, é necessário saber/conhecer a doença na perspectiva da Psicologia 
Analítica com fito de responder algumas perguntas, como qual seu significado, sua causa, seu 
sentido, seu valor. Esse artigo apresenta-se com a finalidade de discorrer acerca da depressão, por 
conseguinte trazendo uma visão menos detestável, insuportável, desagradável, e mais “otimista” 
dessa enfermidade, amplificando o conceito a partir de uma pesquisa bibliográfica, colaborando 
com o significado e causas da doença que assola a população mundial neste século. 
PALAVRAS-CHAVE: depressão, transtorno, psicologia analítica 
 
ABSTRACT 
Every day in Brazil the number of people with symptoms of depression only increases. We cite 
some symptoms such as sadness, discouragement, lack of motivation, apathy, greater effort to 
perform easy tasks, among others. Therefore, it is necessary to know/know the disease from the 
perspective of analytical psychology in order to answer some questions about its meaning, its 
cause, its meaning, its value. This article aims to discuss depression, therefore bringing a less 
hateful, unbearable, unpleasant, and more "optimistic" view of this disease, while clarifying, 
amplifying the concept, meaning and causes of the disease that plagues the world population. in 
this century. 
KEYWORDS: depression, disorder, analytical psychology 
 
 
 
1 Aluna de Psicologia. Centro Universitário Luterano de Palmas. Universidade Luterana do Brasil. E-mail: 
marcelo.fleuvis@gmail.com 
2 Psicólogo clínico (CRP-23/1853), Mestre em Comunicação e Sociedade (UFT), Professor do curso de 
Psicologia do Ceulp/Ulbra. E-mail: sonielson.davince@gmail.com 
mailto:marcelo.fleuvis@gmail.com
 
 
 
203 
 
 
 
Existe o pensamento, talvez uma fantasia 
que se repete, de que o objetivo da vida não 
é alcançar a felicidade e sim o significado 
(HOLLIS, 2006). 
 
INTRODUÇÃO 
A depressão é um distúrbio afetivo que acompanha a humanidade ao longo de sua 
história. No sentido patológico, há presença de tristeza, pessimismo, baixa autoestima, que 
aparecem com frequência e podem combinar-se entre si. É imprescindível o acompanhamento 
médico tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento adequado. (Ministério da Saúde, 2005). 
A depressão é um transtorno comum em todo o mundo: estima-se que mais de 300 
milhões de pessoas sofram com ele. A condição é diferente das flutuações usuais de humor e das 
respostas emocionais de curta duração aos desafios da vida cotidiana. Especialmente quando de 
longa duração e com intensidade moderada ou grave, a depressão pode se tornar uma crítica à 
condição de saúde. Ela pode causar à pessoa afetada um grande sofrimento e disfunção no 
trabalho, na escola ou no meio familiar. Na pior das hipóteses, a depressão pode levar ao suicídio. 
Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano sendo essa a segunda principal causa 
de morte entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos. É a principal causa de incapacidade em todo 
o mundo e contribui de forma importante para a carga global de doenças. Mulheres são mais 
afetadas que homens. Existem vários tratamentos medicamentosos e psicológicos eficazes para 
depressão (OPAS, 2021). 
De acordo com a OMS, cerca de 5,8% da população brasileira sofrem de depressão – um 
total de 11,5 milhões de casos. O índice é o maior na América Latina e o segundo maior nas 
Américas, atrás apenas dos Estados Unidos, que registrou 5,9% da população com o transtorno e 
um total de 17,4 milhões de casos. A doença, segundo a entidade, afeta pessoas de todas as idades 
e estilos de vida, causa angústia e interfere na capacidade de o paciente fazer até mesmo as tarefas 
mais simples do dia a dia. “No pior dos casos, a depressão pode levar ao suicídio, segunda 
principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos”, destacou a OMS. “Ainda assim, a 
depressão pode ser prevenida e tratada. Uma melhor compreensão sobre o que é a doença e como 
ela deve ser prevenida e tratada pode ajudar a reduzir o estigma associado à condição, além de 
levar mais pessoas a procurar ajuda”, completou a entidade. 
 
 
 
204 
 
 
 
Ademais, ainda há o Projeto de Lei N.º 2.635 de 2019 que cria a Cria a Política de 
Diagnóstico e Tratamento da Síndrome da depressão nas redes públicas de saúde e dá outras 
providências tramitando na Câmara dos Deputados, a justificativa da criação da lei alerta para o 
fato de que a depressão é na realidade uma ampla família de doenças e por isso é denominada 
Síndrome. Conhecida como o “mal do século”, ela atinge mais de 320 milhões de pessoas de 
todas as idades no mundo (OMS) e no Brasil a estimativa é que 11 milhões sejam afetadas pela 
doença bem como a responsabilidade do Estado em relação à saúde pública e tem o dever de 
esclarecer esta doença que tanto desencadeia sofrimento, incapacita a pessoa de sentir prazer e a 
faz perder a vontade de viver, podendo levar ao suicídio. 
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM 5, para o 
indivíduo ser diagnosticado com a depressão deve se apresentar com 05 (cinco) critérios dos 09 
(nove) arrolados pelo Manual bem como ter duração de pelo menos 02 (duas) semanas de um dos 
sintomas: humor deprimido ou perda de interesse/prazer. Os sintomas descritos no DSM são: 
● Humor deprimido em grande parte do dia, praticamente todos os dias, de acordo com o 
relato do paciente (por exemplo, a pessoa se sente triste, vazia ou sem esperança) ou 
então outra peça observa o comportamento do paciente (por exemplo, a pessoa parece 
chorosa). Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável; 
● Grande diminuição de interesse ou prazer em praticamente todas ou quase todas as 
atividades na maior parte do dia, quase todos os dias, de acordo com o relato subjetivo 
ou observação); 
● Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (por exemplo, uma 
mudança de mais de 5% do peso corporal em menos de um mês) ou redução ou 
aumento no apetite quase todos os dias; 
● Insônia ou hipersonia quase diária; 
● Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias; 
● Fadiga ou perda de energia quase todos os dias; 
● Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada, podendo inclusive ser 
delirantes quase todos os dias, não sendo um mero autorrecriminação ou culpa por estar 
doente; 
● Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão quase todos os dias 
(por relato subjetivo ou observação feita por outra pessoa); 
 
 
 
205 
 
 
 
● Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida 
recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para 
cometer suicídio. 
Outrossim, há outros sintomas aventados pelo Manual que não se apresentam diretamente 
correlacionados à doença, são eles: desesperança, pessimismo, irritabilidade, retraimento social, 
esquecimentos, ansiedade, sintomas físicos sem explicação, sintomas paranóides, sintomas 
obsessivos e compulsivos e baixa autoestima. 
Ainda, o Manual também classifica a depressão em 05 (cinco) tipos: Transtorno 
Disruptivo de Desregulação do Humor, Transtorno Depressivo Maior, Disfórico pré-menstrual, 
Transtorno Depressivo Induzido por Substância/Medicamento, Depressão devido a outra 
condição médica. 
Vale lembrar que conforme o DSM-5, a depressão é caracterizada por um grau de tristeza 
muito grave ou persistente, podendo acabar interferindo no dia a dia da pessoa, diminuindo o seu 
interesse ou prazer em suas atividades diárias. Percebe-seque apesar de alto grau de complexidade 
de sintomas que a doença apresenta, o Manual aventa uma definição simplista e simplória. 
 
MATERIAS E MÉTODO 
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, a qual é classificada como uma modalidade de 
pesquisa exploratória. Este tipo de pesquisa tem como objetivo principal estabelecer o contato 
entre o pesquisador e o que já foi produzido a respeito do tema de escolha para apoiar o trabalho 
científico. 
A pesquisa foi realizada através do Google Acadêmico, incluindo somente a análise de 
produção científica materializada em artigos científicos, uma busca com as palavras chaves 
“depressão”, “C.G. JUNG”, “psicologia analítica”, “transtorno”, somente trabalhos discorridos 
em língua portuguesa. 
A busca resultou em centenas de obras acadêmicas, selecionamos 08 (oito) documentos 
em razão da relevância do assunto para que estes pudessem contribuir para os resultados da 
pesquisa. O título, o resumo e a conclusão das obras selecionadas, apresentou-se como critério 
para a escolha dos trabalhos. Após elegermos os documentos através de uma análise e uma leitura 
 
 
 
206 
 
 
 
(overview) houve a certeza de que os trabalhos selecionados apresentavam informações úteis para 
a pesquisa, evidenciamos que esses documentos embasaram a pesquisa. 
Além de artigos científicos, utilizou-se outras fontes para a construção deste trabalho 
como as Obras Completas de Carl Gustav Jung, composta por 35 (trinta e cinco) volumes, 
incluindo os índices gerais bem como outros livros de analistas junguianos. 
A pesquisa analisou o conteúdo dos documentos (artigos e livros) prezando pela inerência 
e relevância com o objetivo do artigo. 
Ressalta-se que os procedimentos metodológicos desta pesquisa se encontram em 
conformidade com o que prediz a resolução nº 510, de 07 de abril de 2016, sobre a utilização de 
dados em ciências humanas e sociais. O inciso VI, do parágrafo único, do art. 1 da referida 
resolução determina que pesquisa realizada exclusivamente com textos científicos para revisão 
da literatura científica não serão registradas nem avaliadas pelo sistema CEP/CONEP. Como já 
descrito anteriormente, para a obtenção dos dados foram utilizados livros especializados, artigos 
científicos e trabalhos de conclusão de curso armazenados em plataformas digitais (BRASIL, 
2016). 
 
A DEPRESSÃO NA PSICOLOGIA ANALÍTICA 
Nas Obras Completas de C.G Jung, composta por 35 (trinta e cinco) livros, há 
citação da palavra depressão 106 (cento e seis) vezes, todavia o autor, não delimita, não 
enquadra, não conceitua taxativamente a doença, nota-se a complexidade desta doença 
bem como o “respeito” e a cautela que Jung apresentava em seus experimentos. 
[...] as depressões são um estímulo para se percorrer 
novos caminhos, seguir o caminho interior. Entretanto, 
muitas pessoas recusam-se a dar esse passo a frente. Elas 
ficam presas ao seu passado e procuram dar 
prosseguimento aos padrões de vida da primeira metade 
da vida. (DA SILVA, 2011) 
Jung arrolou que a depressão não era uma reação patológica, mas uma 
consequência natural da necessidade interior de modificação, isto é, apresentar-se 
deprimido não é necessariamente um sinal de neurose, assim chamando esse tipo de 
depressão como depressões transformativas. 
 
 
 
207 
 
 
 
Em O eu e o inconsciente (OC 7/2), no Capítulo III - A técnica de diferenciação entre o 
eu e as figuras do inconsciente, o autor relata que o inconsciente, tendo adquirido uma 
preponderância irredutível, dispõe de uma força atrativa capaz de invalidar todos os conteúdos 
conscientes; em outras palavras, pode desviar a libido do mundo consciente, produzindo uma 
“depressão”, um “abaissement du niveau mental 3” (Janet). Consequentemente, de acordo com a 
lei da energia, é de esperar-se um acúmulo de valor (libido) no inconsciente. 
Já no Símbolo da Transformação (OC 5/2), Jung ressalta que a depressão deve ser 
considerada como um fenômeno de compensação inconsciente, cujo conteúdo, para alcançar 
eficiência plena, deveria tornar-se consciente. Isto pode ser feito se se acompanhar a tendência 
depressiva e regredir conscientemente, integrando assim ao consciente as reminiscências 
animadas. Isto corresponde ao objetivo da depressão. 
A depressão acontece quando estamos sobrecarregados, preocupados com várias 
coisas, muitas distrações, as reservas físicas e psicológicas estão esgotadas 
conscientemente, nesses momentos, sofremos uma decepção e, naturalmente, nos 
sentimos vazios, como a fonte de água viva que habita em nós, fosse cortada. Certamente, 
assim que a depressão opera, esta interrompe as nossas energias despendidas de forma 
incorreta para que paremos por um tempo com intuito de recuperá-las. 
Para Esther Harding, considerada a primeira grande psicóloga junguiana nos 
Estados Unidos em seu escrito intitulado “The Value and Meaning of Depression” de 
1981, o Deserto, talvez seja o símbolo mais adequado para a depressão. Simboliza uma 
condição ou experiência psicológica quando se tem a sensação de estar em uma região 
selvagem ou em um deserto – um sentimento de estar perdido, perdido em uma região 
inóspita, tão perdido que se está em um estado de desespero. 
Ainda, segundo Esther, sempre que o deserto aparece no mito ou no sonho, refere-
se a um lugar ou estado de estagnação, onde não há vida, onde tudo é árido e nada pode 
crescer. De fato, o deserto só ganha vida no breve período da chuva da primavera. Então, 
como a Bíblia diz: "o deserto florescerá como a rosa", como qualquer um que esteve no 
deserto do Arizona na primavera viu e se maravilhou. Durante todo o resto do ano, o 
 
3
 Redução do nível mental 
 
 
 
208 
 
 
 
deserto é estéril, pedregoso, sujeito a extremos de calor e frio, os únicos seres vivos 
geralmente são espinhos e cardos - novamente cito a história da Bíblia, enquanto 
serpentes venenosas, insetos que picam e outras coisas nocivas geralmente abundam. 
A vida parece desacelerar. Provavelmente, cada um de nós, já experimentou tal 
depressão em algum momento de nossas vidas. Esse estado pode ser de curta duração, 
apenas um humor passageiro, ou pode ser prolongado de modo que não podemos mais 
considerá-lo como um humor passageiro, mas devemos considerá-lo como uma doença – 
da alma – da psique. Em sua pior forma, tal depressão pode chegar a uma psicose, uma 
melancolia ou a fase depressiva da chamada insanidade maníaco-depressiva. 
Para Esther, a causa da depressão pode ser algum revés na vida – trivial e 
transitório - talvez, desapontamento porque algo que se antecipou não se concretizou, ou 
um plano acalentado fracassou, ou um ego desejo foi frustrado. Quando a depressão é 
mais grave, pode ser devido a um bloqueio em toda a vida da pessoa – a morte de um ente 
querido, o fim de um casamento, doença grave, fracasso nos negócios ou o colapso de 
todas as esperanças e ambições. Mas seja qual for a causa, a causa determinante, como a 
chamamos, o mecanismo da depressão é a perda da libido. A energia vital e o interesse 
desaparecem no inconsciente, e a vida consciente fica alta e seca, estéril, árida, miserável 
e isolada. A pessoa sente-se em um lugar estéril, um deserto ou deserto, onde nada cresce 
e nenhuma vida pode florescer. 
Outra causa para a depressão nas situações que temos considerado, a libido cai no 
inconsciente porque seu fluxo para fora foi frustrado e os desejos conscientes foram 
controlados. Mas há situações em que a libido é retirada da consciência porque algum 
conteúdo inconsciente, algum elemento desconhecido, que tende a subir à consciência, 
exerce uma atração sobre ela. A sensação de vazio e esterilidade e depressão são muito 
semelhantes nos dois casos, mas o significado do acontecimento é muito diferente. Na 
primeira situação a depressão se deve a uma regressão, na segunda se deve a uma 
preocupação da libido com umconteúdo inconsciente interno que exige atenção 
consciente. 
 
 
 
209 
 
 
 
Em seu livro. The Journey Home, Richard Church fala da experiência de um ato 
criativo como sendo frequentemente precedido pela depressão. Ele ressalta que tal 
depressão não é meramente um estado de tédio e desânimo e desgosto pela vida, mas 
geralmente é acompanhada de inquietação e insatisfação e frequentemente com um vago 
sentimento de culpa, que só pode ser aplacado pelo trabalho, não o trabalho extrovertido, 
como Kipling aconselha a respeito da "corcova do camelo", mas o trabalho 
introvertido. O artista pegando suas ferramentas às vezes pode encontrar a paz, o escritor 
e o poeta começando a escrever. Mas não é apenas o artista que sofre desse tipo de 
depressão, escreve Richard Church: É uma condição perigosa (continua ele). É a causa 
daquela languidez4 que domina a maioria das pessoas na meia-idade. Essa 'escuridão ao 
meio-dia', essa acídia que interrompe o trânsito entre a terra e o paraíso, é o resultado 
direto da perda do lazer criativo." 
Quando caímos em uma depressão severa, uma que poderia realmente ser descrita 
como uma viagem noturna no mar, ou o vale da sombra da morte, talvez a pior parte da 
experiência seja a perda do sentido do significado. Parece que a vida chegou ao fim e 
podemos desistir. Em suas Memórias, Jung diz: "O homem não pode suportar uma vida 
sem sentido". É preciso um ato heróico para se manter firme nessa "noite escura da 
Alma". 
Jung achava que a neurose não apenas é uma defesa contra os ferimentos da vida, como 
também o esforço para curar as feridas. Assim, podemos respeitar a intenção da neurose mesmo 
que não respeitemos suas consequências. Os sintomas, portanto, são expressões de um desejo de 
cura. Em vez de reprimi-los ou eliminá-los precisamos compreender a ferida que eles 
representam. Então o ferimento e o motivo da cura podem contribuir para a expansão da 
consciência. 
Se conseguirmos suportar a ansiedade da solidão, novos horizontes se abrirão para nós e 
finalmente aprenderemos a existir independente do outro. A autora, ainda, aconselha o ar livre e 
o exercício, e assim discorre: A cura para este mal não é ficar parado e deitar um livro junto ao 
fogo, mas pegar uma enxada grande ou uma pá e cavar até você suar suavemente. Vejamos que o 
 
4
 Que se encontra em estado de abatimento, de grande fraqueza física e psicológica; sem forças, sem energia. 
 
 
 
210 
 
 
 
autor não somente acha importante o exercício, mas devemos ir além disso devemos voltar à Mãe 
Natureza que evoca o primitivo, o homem original em sua vida, ele mesmo cavando a terra. 
Os transtornos mentais, mais claramente a depressão, para a Psicologia Analítica, surgem 
enquanto tentativa de autorregulação psíquica sendo que a “busca de si mesmo, o encontro com 
o inconsciente e com as imagens da depressão são essenciais para o desenvolvimento pessoal” 
(PURCOTES, 2012, p. 618). O ego enfraquece e toda vontade de vida involui e regride para o 
inconsciente, lá essa vontade permanece indiferenciada. Lembra de um paciente de Jung que: 
A partir da ótica da Psicologia Junguiana, o sintoma é sempre uma 
parte de nós mesmos que está sendo negligenciada e que, por isso, 
sofre. Mas adoramos pensar em nossas dores como algo que não somos 
nós, que nos acomete de fora, que podemos extirpar com medicações e 
com o efeito tranquilizador dos diagnósticos (CONTRERA, 2019). 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Percebe-se que a depressão é um pedido de socorro da alma, sem este, talvez, 
permaneceríamos incrustrados, enraizados, emaranhados na persona dominante, personificando 
os personagens, depreendendo que a trajetória da vida segue em linha reta, rumo a um objetivo 
sempre desconhecido, inencontrável, pois somente há busca de sentido na vida com o encontro 
de um propósito, do Self. 
A depressão, poderíamos conceituar como pressão para baixo, talvez esta qualificação 
não seja tão desprezível assim, concernente a Psicologia Analítica sem a depressão não há um 
caminho para o Self, para imago Dei. Metaforicamente, vejo uma árvore com seu caule e vários 
galhos adjacentes, imaginando o cume como o Self e os galhos “as depressões” no decorrer da 
vida possivelmente o indivíduo apresentará sintomas, todavia este deve superar para continuar no 
caule (caminho da vida) rumo ao cume (Self), a caminhada seria o processo de individuação. 
Agradecer, talvez não seja o adjetivo correto, ou melhor, perceber, ouvir estes sintomas 
que a própria doença nos apresenta para enxergarmos que há algo de errado, algo se apresenta 
“fora do eixo”, ter em mente que está fora de si, do objetivo, do sentido, do propósito de vida e 
vislumbrar, certamente, a depressão é um último aviso antes da morte, seja ela simbólica ou real. 
A depressão convida o indivíduo ao movimento negativo e lento: recolher-se, paralisar-
se, deter-se, observar-se fora de si, ou seja, um movimento que tende à supressão do agir. Talvez 
seja por isso que as grandes imagens usadas para se referir a ela retratem seres pequenos e passivos 
 
 
 
211 
 
 
 
diante de algo maior que toma, envolve e é o verdadeiro agente da emoção: a noite que cai, a 
velhice que chega, o frio da separação, a certeza da perda. (GUIMARAES, 2016). Há um espírito 
de embotamento, desesperança, melancolia, nada vale a pena, na depressão a vida perdeu o 
significado, o propósito, os objetivos, ou melhor perdeu o sabor. 
No fim, devemos seguir a caminhada no deserto, símbolo, conforme Eliade (1952) que 
retrata certamente a definição, estado, significado, objetivo e de como devemos nos comportar 
através da simbologia do deserto: 
É um símbolo da alienação do homem e representa a noite 
escura da alma, a derrota do ego. Contudo é só a partir daí 
que podemos encontrar alguma manifestação de Deus pois a 
psique arquetípica tem maior potencial para servir de suporte 
quando o ego exaure seus recursos próprios e está consciente 
de que por si mesmo tornou-se incapaz. As imagens de 
deserto espelham desorientação, mas a partir delas o homem 
se torna capaz de entrar em sintonia com seu centro. É 
comum nos momentos de ruptura entre dois períodos 
distintos da existência que nos sintamos como que perdidos 
no deserto e sem orientação, mas é nessa solidão onde a dor 
de tão lancinante faz-se mais do que consciente que 
conseguimos nos redescobrir e entrar em contato com nossa 
totalidade (Eliade, 1952). 
Evidencia-se que Esther Harding, Em “The value and meaning of depression” (O 
valor e o significado da depressão), escrito em 1981, faz alusão no início da obra acerca 
do Deserto, afirmando que talvez seja o símbolo mais adequado para a depressão. Neste 
ambiente, ela diz, que o indivíduo está sozinho, isolado, sua vida em grande perigo. As 
fontes de água, de água vivificante, falharam e nenhuma chuva cai do céu. O céu e a terra 
parecem ter esquecido seus filhos. 
Talvez o psicólogo Frederic Flach esteja certo quando aduz que a depressão é sempre 
uma chance de vida, ela nos presta um serviço, pois nos induz de forma natural à recuperação do 
tempo e reflexão sobre o nosso objetivo de vida. 
Para Hollis (2006), evitar os sombrios estados da alma torna-se uma forma de sofrimento 
porque nunca podemos relaxar, nunca podemos abandonar o frenético desejo de sermos felizes e 
despreocupados, nunca podemos repousar tranquilos. Em vez disso somos puxados, 
inevitavelmente para baixo frequentemente e dolorosamente. 
 
 
 
212 
 
 
 
Entender o processo talvez seja a melhor forma ou a menos difícil de perpassar 
pelo estado da depressão de uma forma mais serena, remansada, compreender o 
significado, saímos do prumo da vida, a enfermidade está nos tentando mostrar isso, assim 
podemos ver, ter uma visão otimista, quase sempre, o tesouro se apresenta nas 
profundezas, era assim que os filmes do Indiana Jones nos mostravam.REFERÊNCIAS 
BRASIL. Presidência da República. Projeto de Lei N.º 2.635 de 2019. Acessado em: 08 de 
agosto de 2022. Disponível em 
 
BRASIL. Depressão. Secretaria de Vigilância em Saúde – Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 
Acessado em 22 de abril de 2022. Disponível em 
BRASIL. Resolução Nº 510, de 07 de abril de 2016. Brasília: Ministério da Saúde, 
2016. Disponível em: . Acesso em: 26 out. 2022. 
 
CONTRERA, M.S. O rebaixamento dos sentidos – toda queda é uma depressão. 
Acessado em 30 de agosto de 2022. https://www.ijep.com.br/artigos/show/o-
rebaixamento-dos-sentidos-toda-queda-e-uma-depressao 
CONTRERA, M. S. “Imagens endógenas e imaginação simbólica”, 
in https://pt.scribd.com/document/361902274/CONTRERA-imagens-endogenas-e-imaginac-
ao-simbolica-pdf 
DA SILVA, A. A. A crise existencial da meia idade e o valor da depressão como um sinal de 
transformação. Recuperado em 17 set. 2011, em 
http://www.mitranh.org.br/s2/index.php/gerais/753-a-crise-existencial-da-meia-idade-e-o-valor-
da-depressao-como-um-sinal-de-transformacao.html 
ELIADE, Mircea. Universidade/UFRGS, 2002. Imagens e Símbolos. 
Esther M. Harding, The Value and Meaning of Depression , Analytical Psychology 
Club, junho de 1985, ISBN 0-318-04660-1 
GUIMARAES, Ana Rosa Gonçalves de Paula. SATURNO e NUN: O desamparo e o 
ser em depressão. Psicanálise & Barroco em revista | v.14, n. 02 | dez. de 2016. 
HOLLIS, James. Os pantanais da Alma: Nova vida em lugares sombrios - 2ªED. (2006) 
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1756514&filename=Avulso+-PL+2635/2019
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1756514&filename=Avulso+-PL+2635/2019
https://bvsms.saude.gov.br/depressao-4/
https://www.ijep.com.br/artigos/show/o-rebaixamento-dos-sentidos-toda-queda-e-uma-depressao
https://www.ijep.com.br/artigos/show/o-rebaixamento-dos-sentidos-toda-queda-e-uma-depressao
https://pt.scribd.com/document/361902274/CONTRERA-imagens-endogenas-e-imaginac-ao-simbolica-pdf
https://pt.scribd.com/document/361902274/CONTRERA-imagens-endogenas-e-imaginac-ao-simbolica-pdf
https://en.wikipedia.org/wiki/ISBN_(identifier)
https://en.wikipedia.org/wiki/ISBN_(identifier)
 
 
 
213 
 
 
 
JUNG, Carl Gustav, 1875-1961. O eu e o inconsciente; tradução de Dora Ferreira da Silva. – 
Petrópolis, Vozes, 2014. Jung, Carl Gustav, 1875-1961. 
_________. Símbolos da transformação: analise dos prelúdios de uma esquizofrenia; tradução de 
Eva Stern ; revisão técnica Jette Bonaventure. - Petrópolis, Vozes, 2011. 
PURCOTES, Francisco Junior. O simbolismo da depressão na perspectiva junguiana Psicol. 
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