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Autor: Prof. Euclides Pedrozo Jr.
Colaborador: Prof. Mauricio Felippe Manzalli
Organização Industrial / 
Regulação da Concorrência
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Professor conteudista: Euclides Pedrozo Jr.
Economista pela Universidade São Judas Tadeu (1993). Mestre e doutor em Economia pela Fundação Getulio 
Vargas (FGV São Paulo, 2004, 2010). Atualmente, é professor titular da Universidade Paulista (UNIP) no curso de 
Ciências Econômicas. Também leciona como professor convidado nos cursos de mestrado profissionalizante em 
Economia da Escola de Economia de São Paulo (EESP-FGV) e de pós-graduação em Direito dos Contratos na FGV 
Direito SP (GVlaw). Como pesquisador e consultor, tem larga experiência em avaliação de impacto socioeconômico 
de políticas públicas, organização industrial e economia internacional. Autor dos seguintes livros-textos para a EaD: 
Microeconomia em Concorrência Perfeita, Microeconomia em Concorrência Imperfeita, Economia Internacional e 
Desenvolvimento Socioeconômico.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
P372o Pedrozo Junior, Euclides.
Organização industrial/Regulação da Concorrência. / Euclides 
Pedrozo Junior. – São Paulo: Editora Sol, 2017.
164 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIII, n. 2-099/17, ISSN 1517-9230.
1. Organização industrial. 2. Regulação da concorrência. 3. 
Concentração industrial. I. Título.
CDU 658
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Amanda Casale
 Ricardo Duarte
 Elaine Pires
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Sumário
Organização Industrial / Regulação da Concorrência
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9
Unidade I
1 ESTRUTURA DE MERCADO, BEM-ESTAR E INDICADORES DE PODER DE MERCADO .......... 11
1.1 Modelo estrutura-conduta-desempenho (ECD) ...................................................................... 14
1.2 Definição de mercados ....................................................................................................................... 20
1.3 Poder de mercado ................................................................................................................................ 24
1.3.1 Poder de mercado e bem-estar ......................................................................................................... 24
1.3.2 Lucro econômico e taxa de retorno sobre o investimento .................................................... 29
1.3.3 Ineficiência-X............................................................................................................................................ 32
1.3.4 Rent-seeking ............................................................................................................................................. 33
2 MEDIDAS DE CONCENTRAÇÃO DE MERCADO .................................................................................... 33
2.1 Medidas de poder de monopólio ................................................................................................... 35
2.1.1 Índice de monopólio de Lerner ......................................................................................................... 35
2.1.2 Índice de monopólio de Bain ............................................................................................................. 38
2.1.3 Índice de monopólio de Rothschild ................................................................................................ 39
2.2 Razão de concentração ...................................................................................................................... 39
2.3 Índice Herfindahl-Hirschman .......................................................................................................... 42
2.4 Limitações das medidas de concentração .................................................................................. 45
3 EQUILÍBRIO DE LIVRE ENTRADA ................................................................................................................ 46
3.1 A solução de Cournot ......................................................................................................................... 46
3.2 Quantidade de empresas sob livre entrada ............................................................................... 50
3.3 Número socialmente ótimo de competidores .......................................................................... 55
3.4 Número eficiente de competidores .............................................................................................. 58
4 COMPORTAMENTO ESTRATÉGICO ............................................................................................................ 62
4.1 Decisões estratégicas ao longo do tempo .................................................................................. 63
4.2 Jogo de Stackelberg ............................................................................................................................ 66
4.3 Diferenciação de produtos ............................................................................................................... 72
Unidade II
5 BARREIRAS ESTRATÉGICAS À ENTRADA ................................................................................................ 82
5.1 Estratégia competitiva ....................................................................................................................... 82
5.2 Estratégia do preço-limite ................................................................................................................ 88
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5.2.1 Modelo Bain-Sylos ................................................................................................................................. 88
5.2.2 Teorias estratégicas de preço-limite ............................................................................................... 90
5.3 Prevenção estratégica à entrada: o modelo de Dixit ............................................................. 94
5.4 Barreiras à saída .................................................................................................................................... 99
6 INTEGRAÇÃO VERTICAL ..............................................................................................................................100pelo menos, duas hipóteses: 
• O produto é homogêneo, e, portanto, nenhuma outra firma oferta produto similar.
• Há barreiras à entrada, ou seja, a entrada nesse mercado é ignorada pelos demais ofertantes ou é 
bloqueada pelo empresário monopolista.
Com base nessas informações, um monopolista pode ser facilmente identificado. Uma definição 
simples de poder de mercado do monopolista passa pela capacidade de a firma definir o preço de seu 
produto (Pi) acima do custo marginal (CMgi). Ao dividirmos a diferença entre preço e custo marginal 
pelo preço da mercadoria negociada pelo monopolista, podemos mensurar a intensidade de poder de 
mercado ou markup. Num mercado com n empresas, o poder de mercado de cada uma é conhecido 
como índice de Lerner (Li):
L
P CMg
Pi
i i
i
 
Os valores do índice de Lerner são estabelecidos no intervalo Li E [0,1). Quanto maior Li, maior o grau 
de poder de mercado em determinada indústria. Isto é, em certo mercado, quanto maior for o índice de 
Lerner, maiores serão, em média, as margens das empresas sobre o respectivo custo marginal.
É importante observar que todos os valores do índice de Lerner são medidos a partir da quantidade 
produzida que maximiza o lucro da empresa. Sob a hipótese de maximização do lucro, o índice de Lerner 
também é igual ao inverso do valor da elasticidade-preço da demanda, denotado por εD
P .
L
P CMg
Pi
i i
i D
P    1

 Observação
Elasticidade-preço da demanda representa a variação percentual 
na quantidade demandada de um bem (∆%QD) devido a uma variação 
percentual no próprio preço desse bem (∆%P). Matematicamente:
D
P D
d
DQ
P
P
Q
Q
P
  



%
%
Por exemplo, se o preço praticado pela firma monopolista for o dobro do custo marginal (P = 2CMg), 
o índice de Lerner será igual a 0,5 (L = 0,5). Podemos inferir, assim, que a elasticidade-preço da demanda, 
em valores absolutos, é 2:
Índice de Lerner é como se fosse a taxa de "lucro" entre o preço e o custo marginal, mas sobre o preço e não sobre o custo
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
2
2
1
0 5
1
2
CMg CMg
CMg D
P
D
P
D
P
  
  




,
Desse resultado, segue-se que elasticidades muito grandes implicam muito pouco poder de 
monopólio. Com isso, o índice de Lerner proporciona os seguintes resultados:
• L = 0: o preço tende ao custo marginal, e temos uma condição em que a firma opera de forma 
competitiva, pois D
P  .
• L → 1: o preço tende a ser muito superior ao custo marginal, P > CMg (Q) e D
P  0 . No limite, 
a firma tem condições de impor poder de mercado absoluto.
Os órgãos antitruste – que regulam a atuação das empresas nos diversos mercados – utilizam o índice 
de Lerner para apurar o poder de monopólio de uma empresa. É comum o uso da seguinte classificação:
• L > 0,5: há uma condição monopolista forte.
• Lo valor dos índices C4 e C8, maior o poder de mercado exercido pelas k maiores 
empresas do segmento industrial. Esse indicador varia da mais baixa concentração até a máxima, entre 
k / nque o IHH sempre decresça com o aumento do número de empresas. A 
entrada de uma empresa adicional na indústria é compatível tanto com um aumento quanto com uma 
redução na concentração medida pelo IHH. Isso pode ser visualizado expressando-se o valor do índice 
em termos do coeficiente de variação das parcelas de mercado.
Em primeiro lugar, observe que o valor inverso do IHH propicia o número equivalente de empresas 
(N), definido pela seguinte fórmula:
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
N
IHH
= 10 000.
Esse indicador revela o número de empresas de igual tamanho que teria de existir em determinado 
mercado para obtermos o mesmo IHH calculado para esse mercado. Nesse caso, em que todas as 
empresas têm a mesma participação, a participação média é dada por S = 1/N, e o IHH pode ser definido 
da seguinte forma:
IHH
N
N 10 000 2. 
Em que σ2 é a variância do tamanho da firma. 
Essa fórmula indica que as variações no IHH dependem tanto da mudança no número absoluto de empresas 
quanto da distribuição de tamanho das empresas. Quanto maior for a variância do tamanho das firmas – 
indicando uma distribuição mais ampla do tamanho das firmas em torno da média –, maior será o IHH.
O IHH apresenta uma clara desvantagem: requer informação sobre todas as empresas que atuam 
em determinado mercado. Assim, em mercados com uma franja significativa de pequenas empresas, o 
volume de informação pode tornar a probabilidade de erro do índice muito grande. Por outro lado, o 
IHH tem as seguintes vantagens:
• O volume de informação que se capta acerca da concentração de mercado é maior.
• Maior ponderação é atribuída às firmas de maior tamanho.
• O valor calculado depende unicamente da dimensão relativa de cada empresa existente no mercado.
2.4 Limitações das medidas de concentração
O cálculo dos indicadores de concentração apresenta algumas limitações e dificuldades associadas 
aos seguintes fatores:
• Complexidade da definição do mercado relevante: como acontece quando as empresas oferecem 
diferentes bens ou serviços. No caso do sistema financeiro, por exemplo, devemos analisar a 
posição de cada banco em relação aos diferentes produtos (créditos, poupanças, seguros etc.) ou 
analisar a posição total de cada banco?
• Evolução do grau de substituição entre os produtos: por diversas razões (como as tecnológicas), 
a possibilidade de substituição entre bens se altera. No setor de telecomunicações, por exemplo, 
verificam-se grandes alterações: atualmente várias empresas no mercado oferecem pacotes que 
incluem, além dos serviços de telecomunicações, acesso à internet, aluguel de filmes e seriados e 
TV por assinatura.
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Unidade I
• Impacto da área geográfica relevante nas medidas de concentração: uma empresa pode não ter 
grande expressão em nível nacional, mas ser dominante em determinada região. Verifica-se esse 
fato, por exemplo, no caso dos inúmeros jornais regionais.
• Impacto do comércio exterior: as medidas de concentração, frequentemente, são calculadas com base 
no faturamento das empresas nacionais devido à facilidade de acesso aos dados. Contudo, nos setores 
mais expostos ao mercado internacional, essa opção pode ocasionar distorções na aferição do grau 
de concorrência do mercado. Nesses casos, os indicadores de concentração deverão ser ajustados, de 
modo a levar em consideração o impacto do comércio internacional (importações e exportações).
• Impacto de mercados contestáveis: relativo à não consideração da facilidade de entrada num 
determinando mercado ou à existência de barreiras.
• Impacto de participações cruzadas de capital: dificuldade na avaliação do impacto na concentração 
decorrente de participações cruzadas de capital entre empresas, como no caso das holdings.
3 EQUILÍBRIO DE LIVRE ENTRADA
Em nossa análise, até o momento, a competitividade em uma indústria foi medida pelo número 
de firmas ou por alguma medida de concentração de mercado. Outro fator igualmente relevante, no 
entanto, é a facilidade com que uma firma pode entrar ou sair de certo mercado. As condições de 
entrada são importantes por duas razões:
• O número de empresas pode ser determinado pelo custo de entrada, bem como por outros fatores, 
como a existência de economias de escala. Assim, as condições de entrada desempenham um 
papel de destaque na determinação da concentração. 
• As condições de entrada determinam a extensão da concorrência potencial. Em geral, uma ameaça 
crível de entrada induz as empresas a competir com mais vigor. Caso não o façam, para que a 
indústria tenha uma margem de preço-custo elevada, a barreira à entrada terá lugar e conduzirá 
o preço para cima. 
De acordo com esses argumentos, as condições de entrada são importantes porque o custo elevado 
decorrente da dificuldade de entrada afeta a eficiência da concorrência potencial. Portanto, quando a 
entrada é relativamente barata, as empresas devem competir vigorosamente. Essa linha de análise será 
desenvolvida nas seções a seguir.
3.1 A solução de Cournot
Uma das características relevantes do IHH é a de que esse indicador tem aplicações na teoria do 
oligopólio. Um oligopólio é uma indústria com um pequeno número de empresas – e, mesmo havendo 
muitas empresas, algumas poucas dominam o mercado. A essência dos oligopólios é a interdependência 
reconhecida entre as firmas. São exemplos de oligopólio os segmentos industriais de automóveis, de 
aço, de alumínio, de fornecimento de serviços de telefonia celular etc.
Assistir playlist equilibrio de cournot e outros e fazer resumo pelos videos
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
Suponha que as empresas pertencentes a determinado mercado ofertem produtos homogêneos e se 
envolvam no modelo de concorrência oligopolística de Cournot. 
 Observação
O modelo de oligopólio de Cournot refere-se a um tipo de mercado 
com poucos concorrentes, em que as empresas produzem mercadorias 
homogêneas, cada uma considera fixo o nível de produção da concorrente 
e todas decidem simultaneamente a quantidade a ser produzida.
Suponha ainda que essas empresas tenham diferentes funções de custo. CMgt denotará o custo 
marginal (constante) da firma i, em que i = l, ..., n. Considerando que as n firmas pertencentes a 
determinado segmento industrial tenham uma participação percentual igual a 100Si, o índice de Lerner 
do mercado será dado por:
L S
P CMg
P
L ei n
i
n
i
i i
i
    100 0 1 1; , ,
Como o índice de Lerner é igual ao inverso da elasticidade-preço da demanda ( εD
P
), podemos 
reescrever a fórmula desse índice por empresa da seguinte forma:
L s
P CMg
P
s
P CMg
P
s
P CMg
i n 



 



  
100 100 1001
1 1
1
2
2 2
2
1

11
1
100
P
Si
D
P




 

Logo, o índice de Lerner de cada empresa (Li) será igual à participação de mercado da empresa i 
dividida pela elasticidade-preço da demanda. Igualando o resultado anterior com a fórmula já vista do 
índice de Lerner por empresa, temos:
P CMg
P
Si i
i
i
D
P
  100

Multiplicando ambos os lados dessa equação por 100Si e somando o resultado de todas as i empresas, 
obtemos a solução de Cournot:
Highlight
Equilíbrio de Cournot: a maximização do lucro acontece quando a derivada da função lucro em função da quantidade é igual a zero (curva de reação). O exercício da a curva de demanda, isola pra achar preço. A quantidade é referente a quantidade de mercado (q1+q2+q3...). O lucro é a receita total (preço x quantidade) menos o custo total. O equilíbrio acontece quando as duas curvas de reação se encontram. Resolver com sistema.
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Unidade I
100 100
100
100
100
1
S
P CMg
P
S
S
S
P CMg
P
S
i
i i
i
i
i
D
P
i
n
i
i i
i
i
n
i
  
    

 
   
2


D
P
D
PL
P CMg
P
IHH
Em que L é o índice de Lerner de mercado, P é o preço médio de Cournot e CMg é a média dos custos 
marginais da empresa ponderados pelas quantidades produzidas em equilíbrio. 
Essa equação revela que, quanto maior for o IHH (mantendo-se a elasticidade-preço da demanda), 
maior será o markup médio ponderado ou o índice de Lerner de poder de mercado da indústria. Logo, 
se a solução de Cournot capta corretamente a natureza da interação oligopolística em uma indústria, o 
IHH e a elasticidade-preço da demanda fornecem informações sobre o desempenho da indústria.
Também é possível mostrar que a solução de Cournot indica a participação de mercado de uma 
empresa como negativamente relacionada ao seu custo marginal. Quanto mais baixo for o custo 
marginal da empresa i, maior será sua quantidade produzida de maximização de lucro e, portanto, maior 
será sua participação no mercado. 
Outro resultado importante é que o IHH está diretamente relacionado a uma média ponderada das 
margens preço-custo das empresas na solução de Cournot:
• Se estivermos diante de um mercado potencialmente concorrencial (IHH → ), todas as empresas 
serão tomadoras de preço e o valor da elasticidade-preço da demanda será irrelevante (uma vez 
que o IHH será zero). Alternativamente, quanto maior a elasticidade-preço da demanda, para 
dado grau de concentração, menor o poder de mercado.
• Quanto maior for o IHH, maior será a margem preço-custo da indústria. Dito de outro modo, 
quanto menor a elasticidade-preço da demanda, para dado grau de concentração, maior o poder 
de mercado.
Até agora, assumimos que o número de empresas no modelo de Cournot é exógeno – tipicamente, 
apenas duas. Nesse caso, a estrutura de mercado é denominada duopólio. 
 Observação
Duopólio é um tipo de oligopólio em que somente duas empresas 
concorrem entre si.
Highlight
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
Um incentivo para a entrada de mais firmas no mercado passará a existir se uma empresa candidata 
(denominada entrante) previr que seus lucros possam ser positivos. Desse modo, devemos expandir o 
modelo de Cournot para que o número de empresas em equilíbrio seja endógeno, isto é, dependa da 
expectativa de lucros futuros positivos.
Uma empresa que considera a possibilidade de entrada no mercado tem que antecipar a natureza 
da concorrência pós-entrada e seus lucros. Suponha que os participantes do mercado esperam que as 
empresas sejam concorrentes de Cournot e competem via definição das quantidades produzidas. Se 
todas as empresas tiverem a mesma função de custo, o equilíbrio será simétrico e elas apresentarão 
o mesmo nível de produção. Nesse caso, quando todas as N empresas têm a mesma participação de 
mercado (Si):
s
Ni =
1
Um entrante sabe que, se for uma das N empresas da indústria, seus lucros serão uma média do 
mercado (πN).
 Observação
Empresas entrantes, também chamadas de empresas potenciais, 
correspondem a qualquer capital interessado em atuar na indústria ou 
no mercado em análise. Empresas estabelecidas, também chamadas de 
incumbentes, são aquelas que já atuam na indústria considerada.
Em equilíbrio simétrico, a produção das N empresas estabelecidas irá satisfazer a solução de Cournot, 
ou seja:
P CMg
P N D
P
   1

Essa equação representa o equilíbrio de livre entrada. Ela mostra que, conforme o número de 
empresas aumenta, diminuem o exercício do poder de mercado e o markup médio na indústria. No 
limite, à medida que o número de empresas tende ao infinito, o preço é reduzido ao custo marginal.
Outra proposição decorrente do equilíbrio de livre entrada é a de que haverá entrada de empresas 
se os lucros forem positivos. Um equilíbrio de livre entrada também requer que uma empresa que 
considera a entrada antecipe lucros negativos (prejuízos). Assim, o número de firmas de equilíbrio é igual 
à quantidade necessária de firmas para que os lucros esperados possam ser negativos.
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Unidade I
 Observação
Uma firma pode ter prejuízo no curto prazo desde que sua receita 
média seja maior do que seu custo variável médio. Nesse caso, ela poderá 
recuperar os investimentos iniciais (custos fixos de entrada) e, no longo 
prazo, passará a auferir lucro econômico.
O aumento no número de empresas causa os seguintes efeitos: 
• A produção de cada empresa diminui, porque suas receitas marginais e demandas residuais (isto 
é, as parcelas da demanda que pertencem à cada empresa) diminuem.
• A produção total aumenta, porque, à medida que são acomodados novos entrantes, a redução 
da produção individual das empresas que já pertencem ao mercado é menor do que a produção 
do entrante.
• O preço tende a cair, porque a produção total aumenta. 
• Os lucros de cada empresa diminuem, devido à queda do preço e da produção individual da 
empresa.
3.2 Quantidade de empresas sob livre entrada
Observamos de forma intuitiva que, no caso de o número de firmas ofertantes do mercado aumentar, 
o equilíbrio de Cournot tende ao equilíbrio competitivo. Para comprovar essa hipótese, consideremos o 
cálculo da quantidade de equilíbrio de Cournot para duas ou mais empresas a partir de uma função de 
demanda linear. Suponha que a demanda inversa para um bem homogêneo seja dada genericamente por: 
 P = A - bQ (3.1)
Em que A e b são parâmetros positivos (A, b > 0) da função de demanda, Q qii
n  1
, e a 
participação de mercado das firmas é idêntica, ou seja, q1 = q2 = ... qn.
Todas as empresas têm funções de custo total idênticas, dadas por:
CTi = cqi
Os custos marginais dessas empresas também são idênticos e iguais a:
 CMgi = c (3.2)
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
Suponha adicionalmente que A > c. Assim, a curva de demanda estará acima da curva de custo 
marginal (caso contrário, a indústria não produzirá nada).
O equilíbrio do modelo de oligopólio de Cournot para N empresas (com N → ∞) é obtido a partir da 
curva de demanda descrita na equação 3.1 transformada da seguinte forma:
 P = A = bqi - bX (3.3)
Em que q1 é a quantidade produzida pela firma 1 e X representa a produção combinada de todas 
as outras N - 1 empresas. Desse modo, a receita total e a receita marginal da firma 1 são expressas, 
respectivamente, por:
 
RT Pq A bq bX q Aq bq bq X
RMg
RT
q
A bq bX A
1 1 1 1 1 1
2
1
1
1
1
12
       
 

      b q X2 1
 (3.4)
Fazendo RMg1 = CMg, obtemos o nível ótimo de produção da firma 1: 
 
A b q X c
q
A c
b
X
   
  
2
1
2
1
2
1
1
 (3.5)
Como em oligopólio de Cournot q1 = q2 = ... = qn e X = (N - 1) qi, a equação 3.5 se transforma em:
 
q
A c
b
N
q
q
N
A c
b
i i
i
   



1
2
1
2
1
1 (3.6)
O nível de produção total (Q*) é N vezes qi. Logo:
 
Q Nq N
N
A c
b
Q
N
N
A c
b
i
*
*
 





1
1
1 (3.7)
Substituindo o resultado encontrado na equação 3.7 na função de demanda (equação 3.1), 
encontramos o preço de mercado para o equilíbrio de Cournot com N empresas:
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Unidade I
 
P A b
N
N
A c
b N
A
N
N
c
P
N
A Nc
*
*
 











 
1
1
1 1
1
1 (3.8)
Os lucros de cada firma (πi) são definidos por: πi = RTi - CTi = Pqi - cqi. Logo:
 


i
i
A Nc
N N
A cb
c
N
A c
b
A Nc A c
N b
Ac c
N
 
 
 



   
 
 

1
1
1
1
1
1 12
2
 

        



 
  

b
A Nc A c N Ac c
N b
A Ac c
N
i
i


1
1
2
1
2
2
2 2

 




2
2
1
1
b
A c
N b
 (3.9)
As equações 3.6, 3.7, 3.8 e 3.9 confirmam os efeitos que a mudança no número de firmas tem sobre 
o equilíbrio de Cournot. O aumento no número de empresas (N) reduz a produção da empresa individual, 
aumenta a produção do mercado, diminui o preço e diminui o lucro por empresa. O equilíbrio de livre 
entrada é ilustrado na figura a seguir: 
Q*
P* 
CMg
CMe
P
1
2
0
P (qi)
RMgi
PCP
QCP Q0
Figura 9 – Equilíbrio de Cournot de livre de entrada
Highlight
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
Na quantidade produzida de equilíbrio de Cournot, Q*, as empresas estabelecidas maximizam seu 
lucro. O número de empresas na indústria ajusta-se no ponto de tangência entre a curva de custo médio 
de cada empresa, CMe, e sua curva de demanda residual, P(qi), a partir da produção de equilíbrio de 
Cournot. O efeito da variação do número de empresas é o deslocamento da curva de demanda residual 
de uma empresa. 
 Observação
A curva de demanda residual representa a parcela da curva de 
demanda dos consumidores pelos bens ofertados apenas por uma 
empresa individual. Logo, ela não considera os bens fornecidos por outras 
empresas do mesmo mercado relevante. Portanto, a demanda residual 
é a função de demanda do mercado menos a quantidade fornecida por 
outras empresas a um dado preço.
O aumento no número de competidores desloca a curva de demanda residual para dentro, que fica 
cada vez mais próxima da curva de receita marginal (RMgi); a redução no número de concorrentes, por 
outro lado, desloca a curva de demanda para fora.
O equilíbrio de livre entrada é caracterizado por duas condições:
• Equilíbrio de Nash em quantidades: RMgi = Cmg (ponto 0 na figura anterior). Cada empresa é 
maximizadora de lucro, independentemente do número de empresas com capacidade de entrada 
e da quantidade produzida de equilíbrio de todos os concorrentes.
• Condição de lucro zero: P* = CMe (ponto 2 na figura anterior). Considerando a produção de 
equilíbrio de Cournot e a livre entrada de empresas, o número suficiente de empresas para 
caracterizar um mercado como competitivo aufere lucro nulo e não há incentivo para saída e/
ou entrada.
Portanto, à medida que o número de empresas em uma indústria aumenta infinitamente – ou seja, 
não há barreiras à entrada –, o equilíbrio de Cournot se aproxima da concorrência perfeita. Nesse caso, 
o preço cai até se igualar ao custo marginal, e os lucros tendem a zero.
Exemplo de aplicação
Suponha que o mercado apresente a seguinte demanda: P = A - bQ, em que Q qii
n  1
, e que 
todas as empresas têm a mesma função de custo total: CTi = cqi + f, em que c representa o custo 
marginal e f representa o custo fixo de entrada no mercado. 
a) Qual é a expressão que define o número de empresas de equilíbrio de livre entrada, assumindo a 
concorrência de Cournot?
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Unidade I
Resolução
Os incentivos para uma empresa produzir não são afetados pela introdução do custo fixo f, uma vez 
que este não altera o custo marginal. Dessa forma, o equilíbrio de Cournot em função do número de 
empresas – equações 3.6, 3.7 e 3.8 – continuará a caracterizar o equilíbrio da empresa N. A exceção é a 
equação 3.9, que representa o lucro bruto, ou seja, sem incluir o custo fixo de entrada (f). 
Os custos fixos alteram o incentivo à entrada no mercado. Uma firma será entrante somente se 
antecipar a possibilidade de recuperar os custos fixos de entrada. Isso exige que os lucros brutos sejam 
pelo menos tão grandes quanto f. Assim, as empresas deverão ter uma participação de mercado mínima 
e uma margem sobre o custo marginal para cobrir seus custos fixos. Portanto, aumentar o número de 
empresas diminui tanto a participação de mercado quanto o markup.
O número de empresas de equilíbrio, nesse caso, é alcançado igualando-se os lucros brutos 
(equação 3.9) ao custo fixo de entrada f:
A c
N b
f







1
12
Resolvendo para N, obtemos:
A c
N
bf
A c
N
bf
A c
N
bf
N
bf
A c
N
A c
bf




















 
1
1
1
1
1
2
2
1
b) Suponha que os parâmetros A, b, c e f tenham os valores indicados na tabela a seguir:
Tabela 4
Parâmetro Valor
A 10
b 1
c 2
f 3
Curva de demanda:
P = a - bQ
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
Qual a quantidade de empresas de equilíbrio de livre entrada sob concorrência de Cournot?
Resolução
Aplicando os valores na fórmula desenvolvida em (a), obtemos:
N
A c
bf
    

 1
10 2
1 3
1 3 6188,
O número de firmas de equilíbrio de livre entrada com custo fixo é igual a 3. Nesse caso, deve-se 
sempre considerar o número inteiro e descartar os decimais. A tabela que se segue mostra os lucros de 
equilíbrio em função do número de empresas. Cada uma das três primeiras empresas estabelecidas na 
indústria obtém lucros positivos. A quarta empresa, por sua vez, não deve entrar, pois seu lucro líquido 
do custo fixo de entrada será negativo.
Tabela 5
Número de 
firmas (i) qi CMe Q* P* Lucro 
líquido
1 4,00 2,75 4,00 6,00 13,00
2 2,67 3,13 5,33 4,67 4,11
3 2,00 3,50 6,00 4,00 1,00
4 1,60 3,88 6,40 3,60 -0,44
Observe nessa tabela que, à medida que uma firma a mais entra no mercado: a produção por 
empresa cai (qi ↓); o custo médio se eleva (CMe ↑); o produto total aumenta (Q*); o preço de 
mercado cai (P*); e o lucro líquido tende a zero.
3.3 Número socialmente ótimo de competidores
Qual é a relação entre eficiência e número de concorrentes? O bem-estar da sociedade melhora 
com mais concorrentes? A teoria da concorrência perfeita sugere que a competição e a livre entrada 
são socialmente desejáveis. No exercício de aplicação anterior, observamos o efeito de um entrante 
no mercado: 
• Queda na produção por empresa, devido à elevação do custo médio. Isso provoca perda de 
bem-estar dos produtores.
• Aumento na produção total e queda no preço de mercado. Isso provoca ganho de bem-estar para 
os consumidores.
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Unidade I
Portanto, de acordo com o modelo de Cournot, um aumento no número de empresas leva a uma 
maior concorrência e a uma redução no exercício de poder de mercado. Ter mais concorrentes significa, 
dessa forma, uma elevação na produção agregada e uma queda nos preços, o que conduzirá, por sua 
vez, a um aumento no bem-estar se a variação no excedente dos produtores e consumidores provocar 
um aumento no excedente total.
No entanto, quando há economias de escala, não é necessariamente verdade que a presença de mais 
concorrentes seja melhor. Ter mais concorrentes, nesse caso, significa que cada firma produz em uma 
escala menor com aumentos no custo médio. Os aumentos no custo médio reduzem o excedente total 
líquido e o bem-estar. 
A ocorrência de economias de escala está frequentemente associada a casos em que são requeridos 
custos fixos para a entrada. O aumento no número de concorrentes envolve duplicar esses (e outros) 
custos fixos de longo prazo. Suponha que a função de custo total para todas as empresas do mercado 
seja dada por:
CT = cq + f
Em que c é o custo marginal constante de produção e f é a fonte de economias de escala baseada 
em um custo fixo de instalação ou de entrada.
Suponha ainda que seja possível controlar o número de empresas em um mercado, mas não seucomportamento. Para tanto, devemos assumir que a quantidade de firmas de equilíbrio, os lucros, a 
produção agregada e o preço dependem do número de empresas do setor. Adicionalmente, suponha 
que existem N empresas no mercado. Quais são os custos e os benefícios de permitir a entrada de uma 
empresa adicional?
O gráfico a seguir representa os custos e os benefícios de um entrante. O preço e a produção de 
mercado das N firmas são PN e QN. O preço e a produção de equilíbrio nesse mercado quando há N + 
1 firmas são PN+1 e QN+1. O ganho de bem-estar (aumento do excedente total) a partir da expansão da 
produção é definido pela área sombreada da figura. 
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
QN QN+1
PN 
PN+1
CMg
P
A
D
B
C
P (qi)
RMgN RMgN+1
Q0
Figura 10 – Custos e benefícios de um entrante
Mesmo que o aumento na produção decorrente da entrada de mais uma firma (de QN para QN+1) seja 
pequeno, esse acréscimo acarretará diminuição de preço (de PN para PN+1) e, consequentemente, o ganho 
de bem-estar passará a ser medido pelo retângulo ABCD. Essa área representa a variação incremental 
dos lucros brutos da indústria (∆Π) decorrente da expansão da produção (∆Q), ou seja:
   P c QN
A variação do excedente total é aproximadamente igual à variação dos lucros brutos da indústria 
(∆Π), porque o excedente do consumidor no nível de produção QN é igual a zero. Em QN, o preço PN 
expressa a vontade de todos os consumidores de pagar essa quantidade. O custo associado ao entrante 
é igual a f. A entrada de mais uma empresa elevará o excedente total se a variação nos lucros brutos da 
indústria exceder os custos de entrada:
P c Q fN   
A condição para a existência de um número socialmente ótimo de empresas (NS) é representada pela 
equiparação do benefício marginal P c QN
S
N
S   com o custo marginal (f) decorrente da entrada de 
mais uma empresa no mercado, ou seja: 
 
P c Q fN
S
N
S  
 (3.10)
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Unidade I
3.4 Número eficiente de competidores
Como o número de empresas em equilíbrio de livre entrada se compara ao número socialmente 
ótimo de empresas? Haverá entrada excessiva ou insuficiente? A condição de livre entrada implica que 
o lucro de cada firma (πN) no mercado tenda a zero:
πN = 0
O número de empresas de livre entrada (NE) num mercado é definido pela seguinte condição:
N
E f
Em que πN
E
 é o lucro bruto de uma firma quando há N empresas no mercado e f é o custo fixo do 
entrante. A condição de livre entrada, portanto, estabelece que a entrada ocorra até o ponto em que o 
lucro de uma empresa individual for igual aos custos fixos de entrada. 
A condição que definiu o número socialmente ótimo de empresas determinou que haverá entrantes 
até o ponto em que a variação incremental nos lucros brutos da indústria for igual aos custos fixos de 
entrada:
 N NP c Q f   
Em geral, as duas condições – a social e a de livre entrada – não são as mesmas, pois podemos 
derivar a condição de livre entrada da seguinte forma: 
 
N N
N
NN
dq
dN
P c   
 (3.11)
Em que dqN / dN NS. Assim, o equilíbrio de entrada livre será caracterizado 
por um número excessivo de empresas que não podem apropriar todo o excedente que criam.
O business-stealing effect acontece nos casos de concorrência imperfeita – em que os preços são maiores 
do que o custo marginal; o entrante penaliza a empresa estabelecida com redução de sua produção e de 
seu excedente. Na concorrência perfeita, as firmas tomadoras de preço igualam preço ao custo marginal, e 
o business-stealing effect é zero. Dessa forma, esse efeito enseja que um imposto governamental sobre a 
entrada limite o número de empresas e, com isso, haja uma elevação do bem-estar.
Exemplo de aplicação
Ineficiência do equilíbrio de livre entrada de Cournot
O equilíbrio de livre entrada de Cournot é definido pela fórmula: 
N
A c
bf
E   1
Que é equivalente a:
N
A c
bf
N
A c
bf
N
A c
bf
E
E
E
  
   



  
 
1
1
1
2
2
2
2
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Unidade I
Usando as equações 3.10 e 3.11, podemos definir o número eficiente de empresas da seguinte forma:
N
s N
NN
dq
dN
P c f   
Sabemos pelas equações 3.9 e 3.8 que:
N s
N s
s
A c
N b
P
N
A N c
 







 
1
1
1
1
2
Além disso, sabemos que qN, pela equação 3.6, é:
q
N
A c
b
N
A c
bN s
s

    1
1
1
1
Ao derivarmos esse último resultado em relação a NS, obtemos:
dq
dN N
A c
b
N
s s
 
 
1
1
2
Substituindo os valores de πN, PN e dqN / dNS na equação que define o número eficiente de 
empresas, obtemos:
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
A c
N b
N
N
A c
b
A N c
N
cs
s
s
s
s






 
 

















1
1 1
1 1
2
2 ff
A c
N b
N
N
A c
b
A c
N
f
A
s
s
s s






 
 

















1
1
1 1
2
2
cc
v b
N
N
A c
b
f
A c
b N
N
s
s
s





 
 
 






 
 
 

1
1
1
1
2
3
2
2
2
ss
s
s s
s
s
A c
b N
f
N A c N A c
b N
f
A c
b N
 
 

      
 

 
2
3
2 2
3
2
1
1
1
 

  
 
1
1
3
3
2
f
N
A c
bf
s
Por fim, resolvendo para NS:
N
A c
bf
N
A c
bf
s
s
  
 

  
1
1
3
3
2
3
2 3
3
/
Torna-se claro que, ao compararmos as duas condições de entrada, NE > NS, ou seja:
N
A c
bf
N
A c
bf
E s    
  1 1
2 3
3
/
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Unidade I
Esse resultado revela um incentivo à entrada devido ao business-stealing effect. Suponha os valores 
para os seguintes parâmetros:A = 10, b = 1, e c = 2. A tabela a seguir mostra que, se o número 
socialmente justo de empresas fosse 2, o número de empresas de livre entrada deveria ser 4; se o 
número socialmente justo de empresas fosse 3, o número de empresas de livre entrada deveria ser 7.
Tabela 6
NS NE A b c f
2 4,20 10 1 2 2,370
3 7,00 10 1 2 1,000
5 13,70 10 1 2 0,296
8 26,00 10 1 2 0,088
30 171,60 10 1 2 0,002
Portanto, à medida que o número de empresas socialmente justas (NS) aumenta, o número 
de empresas de livre entrada (NE) aumenta mais que proporcionalmente. Observe que esse viés 
é sempre crescente. Além disso, o aumento em NE envolve redução nos custos fixos de entrada 
f. Assim, a perda de excedente dos produtores estabelecidos devido à entrada excessiva não é 
crescente, mas decrescente.
 Saiba mais
O modelo de crescimento econômico de Schumpeter destaca-se 
por incorporar um fenômeno observado na vida real: novas invenções 
tornam as tecnologias anteriores obsoletas. Esse fenômeno é descrito 
como destruição criativa. No entanto, as inovações correntes geram uma 
externalidade negativa para o produtor que está presente no mercado: 
o business-stealing effect. Esse efeito causa um crescimento econômico 
“excessivo”, mesmo em mercados perfeitamente concorrenciais. Para mais 
detalhes, consulte:
AGHION, P.; HOWITT, P. Endogenous growth theory. Cambridge: The MIT 
Press, 1998.
4 COMPORTAMENTO ESTRATÉGICO
O comportamento estratégico, de acordo com Schelling (1960), envolve três conceitos: 
• Ameaças: denotam uma penalidade a ser imposta a um rival se ele tomar alguma ação. Nesse 
caso, a intenção é impedir uma ação.
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
• Promessas: envolvem uma recompensa a ser paga a um rival se ele fizer alguma ação. Nesse caso, 
há um incentivo para que ocorra uma ação. 
• Compromissos: uma ameaça ou uma promessa serão um compromisso se a punição for executada 
ou se a recompensa for, de fato, o melhor interesse do agente.
A regra básica de um movimento estratégico é converter uma ameaça ou uma promessa em um 
compromisso. Uma questão-chave para a análise de comportamento estratégico é se as ameaças ou 
promessas são críveis. Se o agente a ser influenciado tomar uma ação indesejada, e não for do interesse 
deste efetuar uma ameaça, então essa ameaça será não crível. Esse raciocínio é o mesmo para uma 
promessa. O agente aprimora a sua credibilidade – ou seja, a estimativa de seus rivais sobre a disposição 
de cumprir – se ele pode se comprometer a cumprir suas ameaças e/ou promessas.
 Saiba mais
Thomas Schelling iniciou o estudo formal do comportamento estratégico 
e introduziu muitos dos conceitos importantes em seu livro pioneiro The 
Strategy of Conflict (1960). Entre esses conceitos, encontram-se os três 
mencionados: ameaças, promessas e compromissos. Com base neles, o autor 
definiu o movimento estratégico como aquele que influencia a escolha de 
seu rival da maneira que você achar favorável, afetando as expectativas 
de seus rivais sobre como você vai se comportar no futuro. Mais detalhes 
podem ser vistos em:
SCHELLING, T. The strategy of conflict. Cambridge: Harvard University 
Press, 1960.
A seguir estudaremos os principais conceitos por trás do comportamento estratégico de uma empresa 
diante da ação de seus concorrentes. Finalizaremos o capítulo com o estudo de dois importantes jogos 
estratégicos em OI: o modelo de Stackelberg e a diferenciação de produtos.
4.1 Decisões estratégicas ao longo do tempo
Schelling (1960) argumentou que são necessários quatro elementos para que determinada ação seja 
considerada um movimento estratégico:
• Movimentos sequenciais: um agente é capaz de se mover antes que os outros oponentes façam 
seus próximos movimentos.
• Comunicação: os outros jogadores devem estar cientes do movimento ou da ação do agente 
antes que eles se movam.
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Unidade I
• Incentivos: o movimento do agente deve mudar os incentivos ou escolhas quanto ao futuro. 
• Expectativas racionais: o movimento do agente não deve mudar apenas seus incentivos ou escolhas, 
mas também deve mudar o que seus oponentes notam sobre qual é melhor curso de ação no 
futuro. Isso, por sua vez, deve afetar seu comportamento – e, para que o movimento estratégico seja 
bem-sucedido, essa mudança no seu comportamento deve elevar seu retorno (payoff).
Essas quatro propriedades determinam que um movimento estratégico de sucesso requer que o 
agente olhe para frente (look forward) e antecipe seus resultados (reason back). Ao fazer uma escolha, 
o agente deve tentar antecipar como seus rivais reagirão, com base na sua percepção (hoje) de seus 
ganhos e recompensas (futuras).
O estudo do comportamento estratégico envolve distinguir entre escolhas estratégicas e escolhas 
táticas. De modo geral, as escolhas estratégicas condicionam futuras escolhas táticas. Escolhas 
estratégicas e escolhas táticas diferenciam-se em dois aspectos: 
• Timing: as escolhas estratégicas devem ocorrer antes das escolhas táticas.
• Compromisso: não é possível alterar decisões estratégicas quando as escolhas táticas estão sendo 
feitas.
Podemos classificar os diferentes tipos de decisão que as empresas tomam ao longo do tempo em: 
de curto prazo, de médio prazo e de longo prazo. Essa classificação é apresentada na figura a seguir:
Pesquisa e 
desenvolvimento 
(P&D)
Capacidade
Características de produção
Integração vertical
Marketing
Competição via 
quantidades ou preços
Resultados
Longo prazoMédio prazoCurto prazo
Figura 11 – Decisões estratégicas ao longo do tempo
No curto prazo, as empresas competem apenas com base no preço ou na quantidade, elementos que 
afetam diretamente o resultado (lucro). Essas decisões tomam como dados: a tecnologia de produção, 
as características do produto (embalagem, diferenciação de público-alvo, propaganda etc.), o nível de 
capacidade instalada, a intensidade na utilização de capital etc. Essas são variáveis de médio prazo e têm 
impacto direto na forma de concorrência de curto prazo. A capacidade de uma empresa ou a natureza 
de seus produtos, por exemplo, definem as condições pelas quais as empresas fixam os preços e as 
quantidades produzidas.
Finalmente, no longo prazo, as empresas tomam decisões sobre esforços de P&D. O resultado 
desses esforços determina, no médio prazo, o conjunto de escolhas com as quais as empresas devem 
se defrontar. Por exemplo, o resultado dos esforços de P&D determina os tipos de tecnologia que a 
As ações de maior prazo definem/condicionam as decisões do menor
P&D condiciona caract de prod, que condiciona competição/preços
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
empresa poderá utilizar e os tipos e as características dos produtos que ela poderá produzir. As decisões 
de longo e médio prazo são estratégicas, pois condicionam as decisões táticas de curto prazo (preços, 
quantidades e, consequentemente, resultados).
No curto prazo, as empresas podem ajustar os preços e a produção (esta, talvez, com menos 
espaço que os preços) mais facilmente do que alterar decisões com horizontes de tempo mais longos. 
Geralmente, leva mais tempo para uma empresa decidir sobre alterações em sua capacidade produtiva 
(médio prazo) do que para alterar seu preço (curto prazo). Do mesmo modo, normalmente leva mais 
tempo para as empresas iniciarem e levarem a bom termo projetos de P&D (longo prazo) do que para 
alterar o nível de capacidade que elas têm disponível (médio prazo). 
Os julgamentos sobre a velocidade com que as empresas podem ajustar os aspectos produtivos são, 
de fato, avaliações dos custos de oportunidade da mudança. Algumasdecisões apresentam horizontes de 
tempo mais longos, pois os custos de alterar a intensidade de produção mais rapidamente são muito caros.
De modo geral, podemos classificar as ações de curto prazo como táticas e as de horizonte de tempo 
maior (médio e longo prazo) como estratégicas: 
• As decisões sobre preços e quantidades são táticas quando essas variáveis podem ser alteradas 
rapidamente e não exigem sunk costs significativos.
• As decisões de médio e longo prazo são estratégicas, pois não podem ser rapidamente alteradas e 
exigem sunk costs significativos.
 Observação
Sunk costs (custos irrecuperáveis) representam os custos que não 
podem ser evitados em determinada atividade produtiva, como o capital 
investido na realização de um projeto de expansão da capacidade ou o 
custo associado ao encerramento das atividades.
As empresas que atuam estrategicamente consideram o impacto de suas decisões de longo prazo 
sobre o resultado de suas concorrentes no curto prazo. Assim, as decisões estratégicas podem ter:
• Efeitos diretos: quando as decisões alteram a natureza da concorrência de curto prazo, afetando 
o custo marginal ou a receita marginal das empresas rivais. 
• Efeitos indiretos: quando as decisões alteram a natureza da competição de curto prazo, afetando 
o custo marginal ou a receita marginal da própria empresa.
Mudanças no custo marginal ou na receita marginal de uma empresa afetarão seus incentivos para 
fixar preços ou o nível de produção. Além disso, a empresa deve entender que seus rivais irão responder às 
mudanças de preço ou decisões de produção da empresa, alterando também sua produção ou seu preço.
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 Observação
Em teoria dos jogos, as estratégias de um jogador dizem respeito aos 
movimentos permitidos e podem se referir a escolhas táticas e estratégicas. 
No jogo de Cournot, por exemplo, as estratégias dos jogadores consistem 
na definição das quantidades produzidas, mas a decisão de saída é tática, 
pois ocorre a partir da situação de mercado determinada por decisões 
estratégicas anteriores.
4.2 Jogo de Stackelberg
Vejamos agora uma reinterpretação do modelo ou jogo de Stackelberg para demonstrar a importância 
do timing e do compromisso dos jogadores.
O jogo de Stackelberg também é conhecido como modelo de liderança por quantidades. Nesse jogo, 
apenas uma firma (a líder ou incumbente) reconhece que, à medida que modifica sua quantidade 
produzida, pode induzir uma modificação no nível de produção de seus concorrentes (os seguidores). 
As demais empresas continuam a se comportar conforme o modelo de equilíbrio de Cournot.
O jogo de Stackelberg é tradicionalmente exemplificado a partir de um duopólio composto de uma 
firma líder e outra seguidora. Nesse caso, o modelo apresenta as seguintes características em relação à 
definição do nível de produção:
• A firma 1, a líder, decide antes da firma 2 a quantidade (q1) que irá produzir.
• A firma 2, a seguidora, ajustará sua quantidade (q2) à escolha de q1 pela líder.
O jogo de Stackelberg é idêntico ao jogo de Cournot, em que as empresas competem via quantidades, 
mas eles diferem no timing das decisões de produção. Enquanto no jogo de Cournot as empresas 
escolhem as quantidades produzidas simultaneamente, no jogo de Stackelberg as firmas seguidoras 
tomam a produção da líder como algo dado, sobre o qual não podem exercer nenhuma influência.
Uma representação esquemática da forma extensiva do jogo de Stackelberg aparece na figura a 
seguir. Como a variável estratégica definida pela produção de cada firma (q1) pode assumir um número 
infinito de valores, são apresentadas apenas cinco opções de quantidades produzidas diferentes para as 
firmas 1 e 2. Quando a firma 2 se move, o número de subjogos é infinito, mas eles diferem apenas em 
função da definição da quantidade produzida pela firma 1. Desse modo, a produção da firma 1 é usada 
para indexar os subjogos que começam quando a firma 2 se move. 
Explicação dos cálculos no chatgpt. Basicamente monta eq do lucro, vai na l2 e maximiza pra descobrir q2 e jogar na q1
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
q 1
 = 5 q 2
 = 5
q
1 = 1
q
1 = 2
q1 = 3 q2 = 3
q 1
 = 4
q
2 = 1
q
2 = 2
(π1 ; π2)
q 2
 = 4
1
2
2
2
2
2
Figura 12 – Forma extensiva do jogo de Stackelberg
Uma estratégia para a firma 2 seria uma regra que dê a ela um nível maximizador de lucro para 
qualquer nível q escolhido pela firma 1. Por sua vez, a firma 1 também pode prever a resposta da firma 
2, o que lhe permite fazer sua própria escolha da quantidade que maximiza seus lucros, levando em 
conta a melhor resposta da firma 2.
 Observação
Um equilíbrio de subjogo perfeito de Nash é definido como um 
conjunto de estratégias que permite que a estratégia de cada jogador seja 
um equilíbrio de Nash em cada subjogo possível, dadas as estratégias dos 
outros jogadores.
Para obter a estratégia de equilíbrio de subjogo perfeito de Nash da firma 2, devemos maximizar 
seu lucro para cada valor possível de q1. A curva de demanda residual da firma 2 mostra como o preço 
mudará à medida que a firma 2 alterar sua produção, mantendo q1 constante. A curva de demanda 
residual da firma 2 é denotada por P2(q1;q2). O problema que define a estratégia da firma 2 é:
 
max ; ;
q
q q RT CT Q P q q q CT q
2
2 1 2 2 2 2 1 2 2 2 2            
 (4.1)
Assim, a empresa líder escolhe uma quantidade total que deve induzir a empresa seguidora a produzir 
uma quantidade adequada à maximização dos lucros da líder. Para resolver o problema de otimização 
descrito na equação 4.1, a firma 2 deve obedecer a uma função de reação:
 q2 = f(q1) (4.2)
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Unidade I
A firma 1 (líder) deve escolher uma quantidade a ser produzida que resolva seu problema de 
maximização de lucro sujeito à restrição da função de reação da firma 2 (seguidora), isto é:
 
max ;
. .
q
RT CT q P q q q CT q
s a q f q
1
1 1 1 1 1 2 1 1 1
2 1
          
   (4.3)
A produção total da indústria é dada por Q = q1 + q2. A função de demanda inversa com que as 
firmas se defrontam pode ser especificada como:
 P(Q) = a - b (q1 + q2) (4.4)
As receitas total e marginal da firma 1 são definidas da seguinte forma:
 
RT P q q q a b q q q aq bq bq q
RMg
RT
q
1 1 2 1 1 2 1 1 1
2
1 2
1
1
1
          
 

;
  a bq bq2 1 2
 (4.5)
Em relação à firma 2, as receitas total e marginal são as seguintes:
 
RT P q q q a b q q q aq bq bq q
RMg
RT
q
2 1 2 2 1 2 2 2 2
2
1 2
2
2
2
          
 

;
  a bq bq2 2 1
 (4.6)
As funções de custo total, por sua vez, são:
 CT1 = cq1 (4.7)
 CT2 = cq2 (4.8)
Em que c é o custo marginal.
A condição de máximo lucro das duas firmas prevê que a receita marginal seja igual ao custo marginal. 
A otimização para a firma 2 requer que primeiro seja igualada a equação 4.6 ao custo marginal em 4.8, 
e depois resolva-se a expressão para q2. Logo:
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
 
a bq bq c
q
b
a bq c
  
   
2
1
2
2 1
2 1
 (4.9)
A equação 4.9 é a função de reação da firma 2, ou seja, o nível de produção da firma 2 depende da 
definição das quantidades produzidas pela firma 1.
A firma 1 decide seu nível de produção, conforme a função de lucro descrita em 4.3. Assim, 
substituindo-se RT1 e CT1 pelos valores constantes das equações 4.5 e 4.7, a função de lucro da firma 1 
passa a ser:
 1 1 1
2
1 2 1   aq bqbq q cq (4.10)
Por outro lado, a firma 2 deve considerar a função de reação descrita na equação 4.9 para decidir 
quanto ela deve produzir. Desse modo, a função de lucro da firma 2 é equivalente à da líder (equação 4.10), 
com a exceção de que q2 deve ser substituído pelo resultado alcançado em 4.9:
 
2 1 1
2
1 1 1
1
2
     



aq bq bq
b
a bq c cq
 (4.11)
Para definir as quantidades produzidas pela firma 1, basta maximizar a função em 4.11 com 
respeito aq1:
 


      
 
 
2
1
1 1
1
1
2
2 2
0
2 2
1
2
q
a bq
a
bq
c
c
bq
a c
q
a c
b (4.12)
Substituindo o resultado em 4.12 na função de reação da firma 2, obtemos:
 
q
b
a b
a c
b
c
q
a c
b
2
2
1
2
1
2
1
4
   



 
 (4.13)
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Unidade I
Logo, a quantidade produzida pela seguidora é metade da que a líder produz (q1 > q2). Por que a 
participação de mercado da firma líder é maior do que a da seguidora? Como a firma líder determina 
inicialmente a quantidade que irá produzir, ela também aufere um prêmio por ser a pioneira e, com isso, 
define um preço menor do que o praticado pela seguidora. 
Somando as quantidades produzidas de cada firma – equações 4.12 e 4.13 –, obtemos a produção 
da indústria:
Q q q
a c
b
a c
b
a c
b
       
1 2
1
2
1
4
3
4
Substituindo os resultados obtidos em 4.12 e 4.13 na função de demanda (equação 4.4), encontramos 
o preço praticado nesse mercado:
 
P Q a b
a c
b
a c
b
P Q a b
a c
b
    



 







    



1
2
1
4
3
4       a
a c
a c
3
4
1
4
3
( )
 (4.14)
Por fim, utilizando as equações 4.10 e 4.11, podemos descrever os lucros das firmas 1 e 2 da seguinte 
forma:
• Firma líder: 
 
1
21
2
1
2
1
2
1
4
 



 



 







a
a c
b
b
a c
b
b
a c
b
a c
b
cc
a c
b
a c
b
1
2
1
81
2





 
 (4.15)
• Firma seguidora: 
2
21
2
1
2
1
2
1
2
1
2
 



 



 



 a
a c
b
b
a c
b
b
a c
b b
a b
a c
b











 





 
c c
a c
b
a c
b
1
2
1
162
2

 (4.16)
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
Exemplo de aplicação
Comparação entre os jogos de Stackelberg e Cournot
Confrontando as equações 3.6, 3.7, 3.8 e 3.9 (que descrevem os resultados do equilíbrio de Cournot) 
com as equações 4.12, 4.13, 4.14, 4.15 e 4.16 (que mostram o resultado do jogo de Stackelberg), podemos 
efetuar uma comparação entre os modelos de Cournot e de Stackelberg.
Primeiramente, vamos analisar as quantidades individuais produzidas em cada modelo. O nível de 
produção individual sob duopólio de Cournot (com N = 2) é:
q
a c
b
C
12
1
3,  
Comparando com os resultados encontrados para as firmas líder e seguidora no duopólio de 
Stackelberg (equações 4.12 e 4.13), podemos verificar que:
q
a c
b
q
a c
b
q
a c
b
S C S
1 12 2
1
2
1
3
1
4
       
,
Ou seja, a quantidade produzida pelas duas firmas no modelo de Cournot (QC
12, ) fica numa posição 
intermediária entre as quantidades produzidas pelas firmas líder e seguidora no modelo de Stackelberg. 
Esse resultado implica a seguinte comparação dos lucros auferidos em cada modelo:
  1 12 2
S C S ,
Por outro lado, a quantidade total de mercado encontrada no duopólio de Cournot foi:
Q q q
Q
a c
b
a c
b
a c
b
T
C C C
T
C
 
     
1 2
1
3
1
3
2
3
Quanto ao modelo de Stackelberg, a quantidade total produzida sob esse modelo é a soma dos 
resultados encontrados para as firmas líder e seguidora, ou seja:
Q q q
Q
a c
b
a c
b
a c
b
T
S S S
T
S
 
     
1 2
1
2
1
4
3
4
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Unidade I
Comparando esse resultado com a quantidade total no modelo de Cournot:
Q QT
S
T
C>
Logo, a oferta da indústria sob o oligopólio de Stackelberg é maior do que sob o oligopólio de Cournot. 
Em outras palavras, o modelo de Stackelberg proporciona maior bem-estar ou, ainda, é socialmente 
preferível ao modelo de Cournot. A tabela a seguir mostra a comparação dos principais resultados de 
ambos os modelos:
Tabela 7
Indicador
Stackelberg Cournot (N = 2)
Firma 1 (líder) Firma 2 
(seguidora) Indústria Firma 1 Firma 2 Indústria
Produção q
a c
b1
1
2
 
q
a c
b2
1
4
 
Q
a c
b
 3
4
q
a c
b1
1
3
 
q
a c
b2
1
3
 
Q
a c
b
 2
3
Preço P a c  1
4
3 P a c  1
3
2
Lucro 1
2
1
8

 a c
b
2
2
1
16

 a c
b
1
2
1
9

 a c
b
2
2
1
9

 a c
b
Está implícita no jogo de Stackelberg a suposição de que a firma 1 pode se comprometer com seu 
nível de produção. Para verificar como isso é importante, suponha uma mudança nas regras do jogo. 
Em vez de as duas empresas escolherem as quantidades sequencialmente, elas escolhem as quantidades 
simultaneamente (como no jogo de Cournot), mas a empresa 1 tem a oportunidade de anunciar à 
empresa 2 a produção que pretende produzir. O que aconteceria se a firma 1 anunciasse que iria produzir 
q1 = q2? O equilíbrio de Nash em quantidades seria q1 = q2 = Q? A resposta é não, pois esse equilíbrio 
envolve a firma 1 fazendo uma ameaça não crível de produzir uma quantidade q1, menor do que a que 
seria ideal para ela maximizar seu lucro, caso realmente imagine que a firma 2 vá produzir q2, que é 
maior do que ela poderia produzir dada a sua capacidade instalada.
4.3 Diferenciação de produtos
Uma das formas mais expressivas de se apropriar de maiores participações de mercado ocorre quando 
as empresas tentam tornar seu produto único em relação aos outros produtos no mercado. A razão para 
tanto é que, quanto mais diferenciado for o produto, mais a empresa poderá agir como um monopolista. 
Dessa forma, uma empresa pode fixar um preço mais alto sem induzir uma parte dos consumidores a 
mudar suas compras para um concorrente.
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
No caso de disputa por participação de mercado entre empresas que produzam produtos diferenciados, 
é mais razoável supor que elas concorram a partir da definição simultânea de preços (jogo de Bertrand) 
do que de quantidades (jogo de Cournot). 
 Observação
O jogo de Bertrand é um modelo de oligopólio no qual as empresas 
produzem um produto homogêneo e cada empresa decide simultaneamente 
qual o preço a ser cobrado por essa mercadoria.
A ideia de utilizar o jogo de Bertrand deve-se ao fato de que, mesmo que as empresas venham a 
concorrer via preços, nada garante que as parcelas de mercado sejam iguais quando há diferenciação 
de produto. Isso ocorre porque as empresas procuram diferenciar seus produtos – por embalagens, 
por localização ou por publicidade. Dessa forma, quando os produtos são diferenciados, as parcelas de 
mercado de cada empresa dependem não apenas do preço dos produtos, mas também de diferenças 
marcantes no desempenho, na durabilidade, no design etc. O equilíbrio de Bertrand com diferenciação 
de produtos é ilustrado na figura a seguir:
Curva de reação da firma 1
P1 = f(Q2)
Curva de reação da firma 2
P2 = f(Q1)
P1
P2
B
C
A
P1
Conluio
P2
Conluio
P1
CP
P2
CP0
P1*
P2*
Equilíbrio de 
conluio
Equilíbrio 
competitivo
Equilíbrio de Bertrand com 
diferenciação de produtos
Figura 13 – Jogo de Bertrand com diferenciação de produtos
Portanto, quando há diferenciação de produtos, a guerra de preços leva a um equilíbrio parecido 
com o obtido no equilíbrio de Cournot, ou seja, no ponto de intersecção das funções de reação das 
firmas 1 e 2 (pontoA da figura anterior). Nesse caso, uma firma passa a definir o preço de seu produto 
como uma função do preço a ser definido pelo concorrente. Esse resultado não é tão bom quanto o 
socialmente desejado (equilíbrio de concorrência perfeita, ponto B), porém é melhor que o ponto C, de 
equilíbrio de conluio, em que as firmas definem o preço de forma cooperativa.
Highlight
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Unidade I
Para considerar o papel da diferenciação de produtos, vamos assumir que as empresas tomem 
decisões de preço simultâneas com custo marginal constante, mas que os produtos comercializados por 
elas sejam ligeiramente diferenciados. Isso significa que os consumidores percebem que esses produtos 
são substitutos imperfeitos – isto é, há consumidores dispostos a comprar o produto de uma empresa 
ainda que ele tenha um preço mais alto que o de seus concorrentes. Também significa que uma pequena 
mudança no preço de uma empresa causa uma pequena alteração na quantidade demandada. 
Para um mercado em duopólio de Bertrand, q p pD
1 1 2;  denota a quantidade demandada do produto 
da empresa i (i = 1: firma 1; i = 2: firma 2) quando os preços são P1 e P2, praticados, respectivamente, 
pelas firmas 1 e 2. São exemplos de curva de demanda quando os produtos são diferenciados as 
seguintes expressões: 
 q p p p pD
1 1 2 1 2100 0 5; ,     (4.17)
 q p p p pD
2 1 2 2 1100 0 5; ,     (4.18)
Observe que a demanda de uma empresa diminui em relação a seu próprio preço, mas aumenta em 
relação ao preço de seu rival. Essa propriedade reflete que os produtos são substitutos. Desse modo, 
quando a firma 2 aumenta seu preço, alguns consumidores que compram o produto dela decidem 
mudar para o produto da firma 1. 
Outra característica evidente das equações 4.17 e 4.18 é que, mesmo que P1 > P2, a firma 1 ainda 
tem demanda positiva (desde que a diferença entre os preços não seja muito grande). Como o produto 
da firma 1 é diferente do produto da firma 2, alguns consumidores estão dispostos a pagar um prêmio 
pelo produto da firma 1 – por exemplo, em razão de fidelidade à marca. 
Finalmente, a demanda de uma empresa é mais afetada por uma mudança em seu próprio preço 
do que por uma mudança no preço do concorrente. Para confirmar essa proposição, comecemos com a 
definição de lucro econômico para as duas firmas:
 i i i i i
D
i
Dp p RT CT p q cq i1 2 12; , ,       (4.19)
 
i i
D
i i
Dp p q p cq1 2;     (4.20)
Se assumirmos que cada empresa tem um custo marginal constante (c) igual a 20, as funções de 
lucro das firmas 1 e 2, informadas pelas equações 4.17 e 4.18, passarão a ser descritas, respectivamente: 
 1 1 2 1 2 1100 0 5 20p p p p p; ,        (4.21)
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
 2 1 2 2 1 2100 0 5 20p p p p p; ,        (4.22)
Nesse caso, as firmas 1 e 2 auferem pi - 20 para cada unidade vendida.
Para derivar o equilíbrio de Nash para o jogo de preços com produtos diferenciados, podemos aplicar 
o mesmo método utilizado no jogo de quantidade de mercadorias homogêneas (equilíbrio de Cournot). 
O primeiro passo é determinar o preço de maximização de lucro de cada empresa, dado o preço de seu 
concorrente, ou seja, a função de reação. Para a firma 1, a função de reação é obtida derivando-se 4.21 
em relação a pi: 
 
  

   
 
1 1 2
1
1 2
1 2
120 2 0 5 0
60 0 25
p p
p
p p
p p
;
,
, (4.23)
De modo simétrico, a função de reação da firma 2 será:
 p2 = 60 + 0,25 p1 (4.24)
Como no equilíbrio do jogo de Cournot, o equilíbrio de Nash no jogo de Bertrand com diferenciação 
de produtos é alcançado no ponto em que as duas funções de reação se encontram. Dessa forma, 
substituindo p2 em 4.23 pelo resultado obtido em 4.24, temos:
 
p p
p p
p
1 1
1 1
1
60 0 25 60 0 25
60 15
1
16
80
   
  

, ,
 (4.25)
Como as funções de reação são simétricas, então p2 = 80. O equilíbrio de Nash ocorre no ponto em 
que ambas as empresas praticam o mesmo preço: p1 = p2 = 80.
Um resultado importante decorrente dessa derivação é que, quanto mais diferenciados forem os 
produtos das empresas, maiores serão os preços de equilíbrio. Para entender essa intuição, consideremos 
inicialmente o caso extremo de os produtos serem homogêneos. Se o preço da firma 1 for praticado 
no mesmo nível do da firma 2, ambas as empresas compartilharão a mesma demanda de mercado, 
na medida em que os consumidores serão indiferentes à compra dos produtos das duas empresas. No 
caso da diferenciação, como os consumidores compram da empresa com o preço mais baixo, a firma 1 
pode induzir todos os consumidores da firma 2 a comprar dela com um preço ligeiramente inferior ao 
da firma 2. Assim, uma pequena queda no preço da firma 1 produz uma duplicação de sua quantidade 
demandada. Esse forte incentivo para subcotar o preço de um concorrente resulta, em equilíbrio, em 
preços que são reduzidos até o custo marginal. Essa é a demonstração do paradoxo de Bertrand.
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Unidade I
 Lembrete
O paradoxo de Bertrand postula que uma indústria com apenas dois 
competidores, concorrendo via preços num mercado de bem homogêneo, 
operaria do mesmo modo que uma firma em concorrência perfeita, com o 
preço igualando o custo marginal.
Exemplo de aplicação
Custos e produtos diferenciados
Sejam duas firmas, A e B, com as seguintes funções de demanda:
q p p
q p p
A A B
B B A
  
  
60 4 2 5
50 4 2
,
Em que q é a quantidade demandada e P é o preço em $. As firmas apresentam funções de custo 
diferentes para produzir as quantidades a serem vendidas no mercado. Logo, os produtos deverão ser 
necessariamente diferenciados. Os custos marginais dessas firmas são mostrados a seguir:
CMg c
CMg c
A A
B B
= =
= =
$
$
5
4
Por simplicidade, as firmas não apresentam custos fixos. As funções de lucro de cada firma são 
as seguintes:
• Firma A:


A A B A
A A A A B A
p p p
p p p p p P
     
     
60 4 2 5 5
60 4 2 5 300 20 12 52
,
, , AA
A A A A B Ap p p p P     80 4 2 5 300 12 52 , ,
• Firma B:



B B A B
B B B B A B A
B
p p p
p p p p p P
p
     
     

50 5 2 4
50 5 2 200 20 8
70
2
BB B B A B Ap p p p P    5 2 200 20 82
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
Diferenciando essas funções de lucro e igualando-as a zero, chegamos às funções de reação de 
cada firma:
• Firma A:


   
 
A
A
A B
A B
p
p p
p p
80 8 2 5 0
10 0 3125
,
,
• Firma B:


   
 
B
B
B A
B A
p
p p
p p
70 10 2 0
7 0 2,
Resolvendo as funções de reação simultaneamente para derivar o preço de equilíbrio:
• Firma A:
p p
p p
p
A A
A A
A
   
 

10 0 3125 7 0 2
12 1875 0 0625
13
, ,
, ,
$
• Firma B:
p
p
B
B
 

7 0 2 13
9 6
, ( )
$ ,
Esses valores, bem como as funções de reação, são ilustrados no gráfico a seguir:
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Unidade I
PB
PA = f (PB)
PB = f (PA)
9,6
7
0
0
10 13
PA
Figura 14
 Resumo
Esta unidade foi reservada ao estudo introdutório das principais ferramentas 
de análise da organização industrial (OI). Vimos que o estudo moderno da OI 
parte do princípio de análise do modelo estrutura-conduta-desempenho (ECD). 
Essa abordagem assume uma relação estável entre as variáveis estruturais da 
indústria (concentração de mercado e barreiras à entrada) e6.1 Vantagens e desvantagens da integração vertical ...............................................................102
6.2 Monopolização vertical ...................................................................................................................105
6.3 Integração vertical e discriminação de preços .......................................................................109
6.4 Integração vertical e informação assimétrica ........................................................................110
7 CONCENTRAÇÃO HORIZONTAL ................................................................................................................111
7.1 Análise custo-benefício de fusões horizontais ......................................................................111
7.1.1 Análise custo-benefício da fusão considerando competição perfeita 
no estágio pré-fusão ......................................................................................................................................114
7.1.2 Análise custo-benefício da fusão considerando competição imperfeita 
no estágio pré-fusão ......................................................................................................................................118
7.2 O uso de indicadores de concentração na análise da concentração horizontal ......119
7.3 Conluio ...................................................................................................................................................124
7.3.1 A estratégia do gatilho ...................................................................................................................... 124
7.3.2 Formas de cooperação ....................................................................................................................... 133
8 INTRODUÇÃO A POLÍTICAS ANTITRUSTE E REGULAÇÃO ECONÔMICA ....................................137
8.1 Políticas públicas antitruste ...........................................................................................................137
8.2 Análise de antitruste no Brasil ......................................................................................................139
8.3 Fundamentos de regulação econômica ....................................................................................141
8.3.1 Monopólios naturais ........................................................................................................................... 142
8.3.2 Externalidades ....................................................................................................................................... 149
8.4 Regulação no Brasil ...........................................................................................................................154
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APRESENTAÇÃO
Era uma vez um industrial brasileiro que chegou a ser apontado como o oitavo mais rico do mundo. 
Foi celebrado como um dos maiores empresários do Brasil e tornou-se ídolo de novos milionários e 
políticos. Orgulhava-se de gerar empregos e competir honestamente. Entretanto, após investigações 
sobre a sua conduta e declarações sobre a inviabilidade de seus negócios, o império construído por 
esse industrial ruiu. Foi revelada uma série de fraudes que contribuíram para o seu enriquecimento, 
como prejuízos impostos a acionistas minoritários, exploração da fragilidade de agências reguladoras, 
financiamentos sem garantias em bancos públicos e capitalização de recursos a partir de fundos de 
pensão controlados por estatais.
Essa fábula sobre empresários inescrupulosos mostra que a negligência de uma economia de 
mercado leva a um mau funcionamento das instituições legais, políticas e regulatórias. O efeito dessas 
más ações empresariais sobre o bem-estar da sociedade é a maior ineficiência da economia e uma maior 
desigualdade entre ricos e pobres. Em outras palavras, é importante uma compreensão lógica e útil a 
respeito do modo de operação das firmas e indústrias no mundo em que vivemos, e este é o objetivo 
primordial da disciplina Organização Industrial / Regulação da Concorrência. 
A disciplina ganha corpo não apenas pela curiosidade e interesse teóricos que suscita sobre a questão 
da concorrência na economia, mas primordialmente em função da necessidade prática de obtenção de 
subsídios analíticos para a formulação e avaliação das políticas públicas de fiscalização, regulação e 
ordenação dos fenômenos de mercado. 
O interesse científico sobre o comportamento e o desempenho das firmas e indústrias tornou-se 
mais efetivo a partir de meados do século XVIII, com os avanços tecnológicos e as repercussões sociais 
que marcaram a primeira Revolução Industrial. As invenções provenientes dessa época propiciaram e 
estimularam um forte movimento de urbanização e concentração das atividades econômicas, com o 
desenvolvimento de métodos de organização dos recursos compatíveis que, em larga medida, ainda 
deixam traços sobre as firmas e indústrias hoje observadas.
As primeiras argumentações sobre a operação dos mercados, que semearam as bases da teoria da 
organização industrial (OI), foram propostas por Adam Smith em sua obra Uma Investigação sobre 
a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações (1776/1996). Os referenciais encontrados nessa obra 
permanecem fundamentais na análise teórica sobre a prática dos mercados e o comportamento dos 
agentes econômicos. 
Alfred Marshall, tentando evitar argumentos de natureza político-filosófica recorrentes nos trabalhos 
de Smith, reservou em seus Princípios de Economia (1920/1996) grande espaço à análise da organização 
industrial. Com sua peculiar objetividade e pragmatismo, Marshall abordou mais detalhadamente as 
questões da eficiência produtiva, das tecnologias, da localização fabril e dos investimentos produtivos, 
antecipando importantes aspectos da base temática com a qual posteriormente se ocuparia a moderna 
teoria da firma, em especial a OI.
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Deve-se notar, entretanto, que a OI só ganha feições de disciplina relativamente autônoma e 
delimitada do ponto de vista científico no período posterior à Segunda Guerra Mundial, processo 
que envolve nomes importantes, como Edward Chamberlin, Ronald Coase, Joe Bain, Edward Mason 
e John Nash. 
Mais atualmente, alguns autores procuram estabelecer uma fronteira entre as disciplinas de 
Microeconomia e OI. Richard Schmalensee (1988), por exemplo, entende que a OI está voltada para 
aspectos dinâmicos, como aqueles associados ao aparecimento e desenvolvimento histórico de firmas e 
indústrias. Por outro lado, a teoria dos preços neoclássica, base do estudo da Microeconomia tradicional, 
tem como foco a análise das estruturas de mercado sob uma perspectiva estática.
Feitas essas considerações, é possível definir OI como o estudo da lógica de operação e comportamento 
das firmas nos mais diferentes mercados, enfatizando-se a busca de implicações sobre o bem-estar 
da sociedade, bem como a formulação, implementação e avaliação de políticas públicas que possam 
regulamentar a ação dessas firmas.
Este livro-texto não tem como objetivo principal seguir rigorosamente todos os modelos 
microeconômicos associados à OI. Ele servirá, porém, para o propósito de traçar os modelos básicos que 
descrevem os processos de aparecimento e desenvolvimento das firmas, bem como as análises sobre 
regulação dos mercados. Por conta disso, sempre que possível, indica-se ao aluno complementar os 
tópicos contidos aqui com a leitura de livros indispensáveis sobre o assunto, como dos autores Carlton 
e Perloff (2004), Church e Ware (2000), Kupfer e Hasenclever (2013), Shy (1995) e Viscusi, Vernon e 
Harrington (2005). O aluno poderá encontrar casos de regulação econômica e de ações antitruste 
específicos para o Brasil em Mattos (2003).o desempenho do 
mercado, normalmente medido pelo grau de poder de mercado. 
A hipótese mais importante é a de que o poder de mercado deverá 
crescer na medida em que houver maior concentração de ofertantes e um 
aumento no número de barreiras à entrada. As empresas competitivas que 
maximizam lucros produzem até o ponto em que sua receita marginal se 
iguala ao custo marginal. Se os mercados são perfeitamente competitivos, 
a alocação de recursos é eficiente e maximiza o excedente total. Firmas com 
poder de mercado podem aumentar o lucro praticando preços acima do 
custo marginal. O poder de mercado de uma empresa varia inversamente à 
sua elasticidade-preço da demanda e, quando ocorre, gera um custo para a 
sociedade medido pelo peso morto.
A seguir, foram estudadas várias formas de medir a concentração de 
mercado. Primeiramente, analisamos as medidas de poder de mercado dos 
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
monopólios, como o índice de Lerner, o índice de Bain e o índice de Rothschild. 
No caso de mercados concentrados em poucas empresas, os indicadores 
mais utilizados pelas agências antitruste são: a razão de concentração (C4 
ou C8) e o índice Herfindahl-Hirschman (IHH). No equilíbrio de Cournot, o 
IHH é uma medida do índice de Lerner de toda a indústria.
Vimos, na sequência, que o equilíbrio de Cournot de livre entrada 
é definido por duas condições: equilíbrio de Nash em quantidades e 
existência de lucro zero. Sem barreiras à entrada que limitem a quantidade 
de firmas concorrentes, o equilíbrio de Cournot de livre entrada converge 
para o equilíbrio de concorrência perfeita, ou seja, o preço é igual ao custo 
marginal. Com a exceção do caso-limite de não haver barreiras à entrada, o 
número de empresas de equilíbrio de livre entrada não se iguala ao número 
eficiente de empresas. O número de empresas no equilíbrio de livre entrada 
pode ser excessivo quando ocorre o business-stealing effect e as empresas 
não podem apropriar todo o excedente que criam.
A concorrência oligopolística efetuada a partir de variáveis não 
referenciadas em preços pode ser considerada estratégica. O objetivo desse 
tipo de estratégia é alterar o resultado da concorrência para favorecer 
determinada empresa. No comportamento estratégico, um compromisso 
é uma promessa ou uma ameaça crível. As ameaças ou promessas não 
críveis não fazem parte do interesse de um agente econômico. Movimentos 
estratégicos convertem ameaças ou promessas em compromissos. Os 
principais jogos estratégicos são o de Stackelberg (ou modelo de liderança 
por quantidades) e o de Bertrand com produtos diferenciados.
 Exercícios
Questão 1. (Cespe 2013, adaptada) Em relação à análise da indústria e da concorrência, assinale a 
alternativa correta:
A) Na teoria econômica ortodoxa, a estrutura de mercado refere-se a costumes, políticas, métodos 
de gestão e padrões de concorrência.
B) A razão de concentração considera todas as firmas de modo diferenciado e ressalta a importância 
das grandes empresas, visto que há, sobre estas, uma ponderação maior do que nas pequenas firmas.
C) Os modelos da nova organização industrial fornecem o instrumental necessário para quantificar o 
comportamento competitivo dos mercados, mas não consideram diretamente o número de firmas 
existentes nesses mercados. 
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Unidade I
D) O teste da razão de concentração na indústria implica a maximização do lucro pela firma quando 
a receita marginal iguala o custo marginal da produção, determinando produto de equilíbrio e 
número de firmas de equilíbrio.
E) O grau de competição de uma indústria demonstra o relacionamento entre mudança no preço 
dos insumos e seu impacto na receita. Também indica que, em ambiente de conluio e havendo 
maximização do lucro, o aumento no preço dos insumos aumenta o custo marginal, reduz o 
produto de equilíbrio e aumenta a receita total.
Resposta correta: alternativa B.
Análise das alternativas
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: o que caracteriza a estrutura de mercado é o número de vendedores e compradores, as 
barreiras à entrada de novas empresas e a diferenciação de produtos. 
B) Alternativa correta.
 Justificativa: a alternativa corresponde exatamente à razão de concentração em que a ponderação 
é dada pela participação no mercado, com maior atenção às maiores empresas do setor analisado.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: todos os modelos levam em conta o número de firmas em um setor, como forma de 
medir a participação ou o nível de concentração em dado mercado.
D) Alternativa incorreta. 
Justificativa: o teste da razão de concentração não considera a maximização do lucro das empresas, 
mas o comportamento das vendas para a definição do grau de concentração.
E) Alternativa incorreta. 
Justificativa: o grau de competição de uma indústria ressalta a relação entre o poder de mercado e 
o impacto na receita de uma empresa ou firma, isso sendo analisado num setor específico.
Questão 2. (Enade 2012) A entrada de uma empresa em uma indústria pode assumir diferentes 
formas, seja como uma nova empresa, seja como uma empresa existente que visa à diversificação de suas 
atividades ou do mercado geográfico. Para avaliar as condições de ingresso em determinado mercado, 
uma empresa potencial entrante pode deparar-se com condutas de inibição à sua entrada aplicadas por 
empresas estabelecidas. Constitui conduta adotada por empresas e estabelecida para inibir a entrada de 
empresa potencial entrante:
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
I – A restrição à empresa potencial entrante de acesso a canais de distribuição.
II – O estabelecimento de preços elevados, que incitem a cooperação entre empresas.
III – O estabelecimento de laços entre fornecedores e consumidores, que resultem em elevados 
custos de mudança para os consumidores.
IV – A instalação de capacidade produtiva elevada diante de demanda estável desse mercado.
V – O estabelecimento de reputação, que reflita fatores como qualidade, confiabilidade e 
relacionamento de longo prazo com os consumidores.
É correto apenas o que se afirma em:
A) I e II.
B) I e III.
C) II, IV e V.
D) I, III, IV e V.
E) II, III, IV e V.
Resolução desta questão na plataforma.Por ser uma obra condensada, o texto corrido é substituído pela apresentação de modelos, gráficos 
e muitos exemplos de aplicação. Para aqueles alunos com dificuldade na utilização de ferramentas 
microeconômicas e de teoria dos jogos, é indicada a leitura, respectivamente, de Pindyck e Rubinfeld 
(2014) e Bierman e Fernandez (1998).
Por fim, embora o conhecimento dos modelos econômicos e a realização dos exercícios sejam 
essenciais para a formação do aluno, também é preciso que você absorva a intuição por trás dos modelos. 
Ou seja, é necessário ter uma compreensão elementar sobre o funcionamento do desenvolvimento 
econômico das diversas nações. As ferramentas aqui apresentadas são utilizadas para analisar algumas 
das questões mais importantes da firma contemporânea, como crescimento industrial, ações antitruste 
e regulação econômica. Sem recorrer a gráficos e equações, alguns livros de divulgação da ciência 
econômica ajudam bastante a entender esses problemas de maneira objetiva – por exemplo, Chang 
(2015), Harford (2007, 2016) e Wheelan (2014).
Bons estudos!
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INTRODUÇÃO
A disciplina Organização Industrial / Regulação da Concorrência auxilia o aluno a analisar o 
posicionamento e as estratégias da firma sob o enfoque da interdependência e da complexidade dos 
mercados. A disciplina tem como objetivo principal avaliar o desenvolvimento e a aplicação de algumas 
teorias modernas de oligopólio, incluindo a teoria dos jogos. 
Este curso enfatiza dois aspectos fundamentais das empresas capitalistas modernas: em primeiro 
lugar, o fato de que essas empresas mostram uma evolução (quanto à determinação de preços, margens 
de lucro, crescimento, inovação tecnológica etc.) que reflete as mudanças da estrutura industrial 
em que elas se inserem; em segundo lugar, o fato de que a própria estrutura pode ser afetada pelo 
comportamento das grandes empresas, através da formação de cartéis e outras formas de conluio. Serão 
enfatizadas tanto a análise das organizações industriais e sua interação com instituições encontradas 
no mundo real quanto a análise da regulação governamental e da prática antitruste.
Começaremos por conceitos necessários para o entendimento da disciplina. Introduziremos conceitos 
básicos da Microeconomia Neoclássica e mostraremos de que forma eles podem ser desdobrados em 
novas categorias analíticas. Nessa primeira parte do livro, também consideraremos:
• A análise do modelo estrutura-conduta-desempenho.
• A questão da concentração dos mercados e suas medidas.
• O efeito de bem-estar decorrente da concentração de mercados.
• A interação estratégica entre empresas pertencentes a um mercado, no sentido de que a decisão 
de cada empresa tem consequências sobre as demais, ao mesmo tempo que as decisões das 
demais determina a forma de atuação da indústria.
Veremos, a seguir, as políticas e a regulação dos mercados. Trataremos essencialmente das políticas 
que fundamentam os princípios que devem nortear a intervenção do Estado nos mercados, bem como 
da institucionalidade específica da economia brasileira. Serão expostos em detalhes nessa etapa:
• Questões relativas a barreiras à entrada e aspectos que dizem respeito a formas de prevenção, 
poder de mercado e conluio. 
• O impacto de fusões horizontais e integrações verticais.
• Tópicos de análise antitruste.
• Questões relacionadas às políticas públicas de regulação econômica.
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
Unidade I
1 ESTRUTURA DE MERCADO, BEM-ESTAR E INDICADORES DE PODER DE MERCADO
Este capítulo introduz o aluno aos conceitos básicos de organização industrial (OI). Esses conceitos 
serão analisados a partir de novas definições microeconômicas, além daquelas tratadas na visão 
tradicional neoclássica. Existem ao menos duas grandes abordagens no estudo de OI: 
• A teoria neoclássica de preços.
• O modelo estrutura-conduta-desempenho (ECD).
O primeiro modelo analisa os incentivos econômicos, caracterizados pelo preço de mercado dos 
mais diversos bens e serviços com que indivíduos e firmas se defrontam. Stigler (1968) foi o grande 
proponente dessa abordagem analítica da OI, que emprega a teoria microeconômica para delinear os 
estudos empíricos de mercado e os efeitos das políticas públicas utilizadas para combater o poder de 
mercado excessivo dos agentes econômicos. Atualmente, tal análise é aprofundada pelas ferramentas 
estudadas na disciplina Microeconomia em Concorrência Imperfeita.
Mais recentemente, essa abordagem foi estendida por mais três aplicações teóricas específicas:
• A teoria dos custos de transação.
• A teoria dos jogos.
• A teoria dos mercados contestáveis.
Os custos de transação podem ser entendidos como as despesas relativas à negociação entre 
partes, despesas que estão além dos custos de produção que determinam os preços de negociação do 
bem, como:
• Custos de negociar, elaborar e fazer valer contratos (enforcement).
• Custos de mensuração e fiscalização dos direitos de propriedade.
• Custos de monitoramento do desempenho e da eficiência de determinada atividade econômica.
• Custos de organização das atividades, de modo geral.
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Unidade I
 Observação
Direitos de propriedade são conjuntos de leis que estabelecem o que 
os agentes econômicos podem fazer com suas respectivas propriedades. 
Enforcement de contratos é o custo para executar eficientemente as 
cláusulas compactuadas entre os agentes econômicos. 
Os custos de transação, portanto, são aqueles não ligados à produção, mas que aparecem à medida 
que os agentes se relacionam, quando surgem problemas de coordenação de suas ações. A teoria dos 
custos de transação tem início com os estudos efetuados, ainda na década de 1930, por Ronald Coase. 
Ele propôs que as firmas e os mercados podem ser vistos como meios alternativos de organização 
dos recursos econômicos. O argumento de Coase (1960) parte da ideia de que, quando os custos de 
transação são altos, as firmas se colocam como alternativas mais interessantes do que a utilização dos 
mercados na organização dos recursos. Os empresários, dessa forma, comparam os custos de produção 
dos insumos e serviços produtivos dentro da empresa com os custos da aquisição destes através dos 
mercados (ou seja, de terceiros).
 Saiba mais
O economista britânico Ronald H. Coase foi agraciado, em 1991, com 
o Prêmio Nobel de Economia pelos trabalhos sobre a teoria da firma e a 
análise econômica do Direito. Coase demonstrou, pelo teorema de Coase, 
que existe a possibilidade de uma solução privada ótima às externalidades, 
isto é, uma solução sem a intervenção do Estado que maximiza o bem-estar 
social. Coase afirmou que, para lidar com externalidades, deve-se atentar 
para os direitos de propriedade, de modo que as ineficiências passem a ser 
identificadas e que seus custos de transação sejam negociáveis. Confira:
COASE, R. H. The problem of social cost. Journal of Law and Economics, 
Chicago, v. 3, p. 1-44, Oct. 1960.
Outro economista proponente da abordagem dos custos de transação, Oliver Williamson (1975), 
destaca pelo menos três conceitos básicos que fundamentam a análise de Ronald Coase:
• A utilização dos mercados ou dos recursos próprios por parte de uma firma é determinada pelo 
custo correspondente à sua escolha.
• Os custos de transação relativos a meio ambiente, direitos de propriedade e execução de contratos 
complexos variam, por um lado, com as características dos agentes tomadores de decisão 
envolvidos na transação (fatores humanos) e, por outro, com as particularidades de cada mercado 
(fatores ambientais).
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
• Esses fatores humanos e ambientais afetam os custos de transação entre os mercados e entre as 
próprias empresas.
Portanto, Williamson propõe que os custos de transação sejam uma categoria abrangente, podendo 
ser classificados em ambientais e humanos. 
Os custos ambientais estão associados à incerteza contratual e à quantidade de firmas envolvidas nas 
negociações de mercado. Para operações de mercado simples – de resolução imediata, como uma compra 
de material de escritório ou a contratação de uma assistência técnica de informática por uma consultoria –, 
o pagamento e a instalação por parte de terceiros são suficientes para eliminar a maior parte das incertezas 
envolvidas, sendo também fácil substituir o fornecedor ou o comprador caso esse relacionamento de 
mercado seja por algum motivo frustrado, uma vez que há uma infinidade de demandantes e ofertantes.
Havendo grande incerteza e poucos agentes envolvidos, as dificuldades contratuais aumentam 
significativamente, dificultando (ou tornando mais custosa) a preparação, redação e controle dos 
contratos. Em diversas situações, esses fatores ambientais justificam a opção pela prestação direta dos 
serviços pelo próprio fabricante ou a decisão por fazer em vez de comprar. 
Os fatores humanos estão ligados à dificuldade que o Homem tem em lidar com situações complexas 
e fazer previsões. Essa característica é referida na literatura da Psicologia Econômica pela expressão 
bounded rationality (racionalidade limitada). Um fator tipicamente humano que cria obstáculos ao uso 
dos mercados decorre, por exemplo, da possibilidade de comportamentos oportunistas por uma ou por 
várias das partes contratantes na vigência dos contratos.
As incertezas e os problemas estratégicos entre os agentes econômicos, para além dos problemas 
de custos de transação, são úteis à racionalização de diversos outros fenômenos na OI. A teoria dos 
jogos é a área da Economia que cuida da avaliação dessas interações estratégicas. Sua utilização nas 
Ciências Econômicas foi amadurecida a partir do argumento descrito pelos autores John von Neumann 
e Oskar Morgenstern (1944) sobre a teoria da utilidade esperada em interações estratégicas. Assim, os 
jogos cooperativos, por exemplo, podem ser usados para explicar a existência de conluios e cartéis. Os 
jogos não cooperativos, por sua vez, têm inúmeras configurações e aparecem como ferramenta auxiliar 
para a compreensão das práticas de mercado (lícitas e/ou ilícitas).
Os agentes econômicos têm mostrado, ao longo do tempo, uma grande diversidade de estratégias 
na condução de suas negociações. Frequentemente suas táticas incorporam ações e reações esperadas 
tanto de seus concorrentes quanto do próprio governo. Ainda que esses jogos possam assumir alta 
complexidade e sofisticação, a teoria dos jogos tem se revelado um instrumento útil para a compreensão 
científica da conduta dos agentes, fazendo atualmente parte inseparável da moderna OI.
Por fim, a teoria dos mercados contestáveis procura explicar a importância das barreiras para o processo 
de competitividade das firmas. Como será observado ao longo deste livro, o estudo das barreiras à entrada 
e saída nos mercados contribuirá muito para a compreensão dos processos competitivos. Demsetz (1968) e 
Baumol, Panzar e Willig (1982) enfatizam que segmentos industriais, ainda que compostos de poucas firmas 
(ou até mesmo uma), podem ser competitivos caso exista a ameaça de entrada de novas firmas.
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Unidade I
Com efeito, quando as barreiras à entrada em determinado mercado – podendo ser incluídos, 
também, os custos esperados de uma provável reversão dos investimentos realizados – são baixas, diz-
se que esse mercado é altamente contestável. Caso contrário, se as barreiras à entrada são altas, o 
mercado é chamado de reduzidamente contestável.
Diversos trabalhos mostram que a alta contestabilidade disciplina a conduta das firmas que 
efetivamente participam do mercado, uma vez que a tentativa de elevar preços ou reduzir as quantidades 
ofertadas pode ser rapidamente suprimida pela entrada de novos concorrentes ou potenciais entrantes. 
Essa questão – que é um elemento básico no estudo da OI – será retomada ao longo do livro.
Como pode ser verificado nos três tipos de análise estudados, pertencentes à abordagem 
da teoria de preços de mercado, o instrumental da OI vem sendo construído aos poucos, de 
modo que já se dispõe, atualmente, de um conjunto de ferramentas bastante vigoroso para a 
organização e o desenvolvimento das ideias sobre o funcionamento das firmas e dos segmentos 
industriais. Em virtude de sua importância para o estudo da OI, a análise do modelo ECD será 
reservada para a próxima seção.
1.1 Modelo estrutura-conduta-desempenho (ECD)
Um panorama dos temas tratados pela OI aparece esquematizado no modelo ECD, idealizado por 
Edward S. Mason na década de 1930 e posteriormente aperfeiçoado por diversos seguidores.
O modelo ECD explora diferenças fundamentais entre a Microeconomia tradicional e a OI, além de 
revelar um modo geral de organização do estudo da disciplina. Esse modelo propõe:
• Uma contextualização histórica da firma, bem como de sua relação com os segmentos industriais.
• Um maior detalhamento e fundamentação em testes empíricos para a formulação e avaliação dos 
argumentos econômicos sobre o desempenho da empresa. 
Mason (1939) deixa claros esses pontos ao propor a utilização de uma classificação das estruturas 
de mercado como passo necessário à compreensão das práticas empresariais e posterior avaliação do 
desempenho da indústria. 
 Observação
A estrutura de mercado representa as características aparentes do 
setor ao qual pertence a firma, como: concorrência perfeita, concorrência 
monopolística (produtos diferenciados), monopólio, mercado com firmas 
dominantes, oligopólio não cooperativo ou concorrencial e oligopólio 
cooperativo ou cartel.
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A abordagem ECD assume uma relação estável entre as variáveis estruturais da indústria 
(concentração de mercado e barreiras à entrada) e o desempenho do mercado (em geral, medido pelo 
grau de poder de mercado). A ideia central do modelo, portanto, é classificar as diferentes estruturas de 
mercado, tentando associá-las a tipos de conduta empresarial observados e, por fim, ao desempenho 
econômico das firmas envolvidas. Versões mais modernas dessa abordagem incluem, ainda, as condições 
básicas de oferta e demanda no mercado e o papel das políticas públicas nos mercados analisados. Essa 
esquematização pode ser observada na figura a seguir:
Demanda
Elasticidade
Substitutos
Sazonalidade
Taxa de crescimento do PIB
Localização
Quantidade de pedidos
Método de aquisição
Quantidade de compradores e vendedores
Barreiras à entrada de novas firmas
Diferenciação do produto
Integração vertical
Diversificação
Propaganda
Pesquisa e desenvolvimento
Precificação
Investimento em capital fixo
Táticas legais
Escolha do nível de produção
Conluio
Fusões e aquisições
Regulação
Políticas antitruste
Barreiras à entrada (políticas e fitossanitárias)
Impostos e subsídios
Políticas creditícias e parafiscais
Incentivos ao investimento
Incentivos ao emprego
Políticas macroeconômicas
Preço
Eficiência produtiva
Eficiência alocativa
Quantidade produzida
Nível de progresso técnico
Lucratividade
Oferta / Produção
Tecnologia
Matérias-primas
Organização administrativa
Durabilidade do produto
Localização
Economias de escala
Economias de escopo
Condições básicas
Estrutura
Conduta
Políticas públicas
Desempenho
Figura 1 – Modelo estrutura-conduta-desempenho
O modelo ECD apresentainicialmente as condições básicas necessárias para a definição da 
estrutura de mercado. Faz parte dessa análise, por exemplo, a avaliação das condições de produção 
ou oferta, como: o controle das tecnologias de produção, a identificação das potenciais economias de 
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escala e escopo, a localização das plantas, a durabilidade do produto, o acesso a matérias-primas e 
o poder de organização dos trabalhadores. Além disso, o arcabouço legal e institucional existente no 
país também é útil para a contextualização dos aspectos básicos que condicionam os ofertantes de 
determinados mercados. 
Pela ótica da demanda do consumidor, surgem como potenciais definidores de estruturas de mercado 
observadas na indústria: a especificação dos produtos e substitutos próximos disponíveis, a partir do 
conhecimento prévio das elasticidades próprias e cruzadas da demanda; a presença de sazonalidade ou 
ciclos nas compras; a distribuição espacial ou geográfica dos consumidores; a taxa de crescimento na 
demanda; a frequência das compras; e os canais de distribuição típicos.
A estrutura de mercado normalmente é caracterizada pelo número de ofertantes e demandantes. 
A figura que se segue descreve as diversas estruturas de mercado a partir da quantidade de ofertantes 
num mercado: 
COMPETIÇÃO PERFEITA
OLIGOPÓLIO DUOPÓLIO MONOPÓLIO
ESTÁTICO
NÃO COOPERATIVO
COURNOT BERTRAND
MOVIMENTOS 
SIMULTÂNEOS
MOVIMENTOS 
SEQUENCIAIS
COOPERATIVO
JOGOS REPETIDOS
ND NDD D
DINÂMICO
COMPETIÇÃO IMPERFEITA
(comportamento: tomador de preços) 
Decisão: quantidade produzida
(cada firma obtém a demanda residual)
(o mesmo do duopólio)
(modelos líder-seguidor) 
Decisão: quantidade ou preço
Nota D = discriminação de preços; ND = não discriminação de preços
Decisão: quantidade ou preço
Decisão: quantidade Decisão: preço
CARTEL: CONLUIO
(conluio no preço ou 
na quantidade)
Estruturas de mercado
(cada firma obtém a demanda residual) (obtém a demanda de mercado)
Figura 2 – Estruturas de mercado: classificação quanto ao número de ofertantes
Highlight
Highlight
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
Observa-se, nesse esquema, que uma estrutura de mercado competitiva apresenta muitos vendedores, 
mas o bem ofertado deve ser perfeitamente homogêneo (portanto, sem substitutos próximos). Nesse 
caso, os agentes econômicos são tomadores de preços, e o máximo bem-estar pode ser atingido com as 
transações econômicas entre esses agentes.
Se houver alguma diferenciação no produto vendido, mesmo em mercados com muitos ofertantes, 
a estrutura de mercado passará a ser chamada de concorrência monopolística. Quando o mercado 
é composto apenas de alguns vendedores (dois ou mais, mas não muitos), a estrutura de mercado é 
denominada de oligopólio. Nessa estrutura, os participantes podem concorrer entre si via definição 
de quantidades produzidas e/ou preços. No monopólio, por sua vez, existe apenas um único vendedor 
de um produto único para inúmeros compradores, de modo que ele é capaz de obter a totalidade da 
demanda de mercado. Em cada uma dessas estruturas, o bem-estar da sociedade é reduzido em função 
da ineficiência produzida pela imperfeição dos mercados.
A definição de uma estrutura de mercado também depende da presença (ou ausência) de barreiras 
à entrada e/ou saída. Essas barreiras são representadas por qualquer ação que impede um empresário 
de criar (ou fechar) uma firma instantaneamente. Existem as mais variadas formas de criação de 
barreiras, podendo ser tanto governamentais quanto privadas. As barreiras estruturais mais comuns 
são as seguintes:
• Vantagem absoluta de custos: normalmente associada à existência de licenças, patentes, 
investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e autorizações especiais de exploração de 
algum recurso natural.
• Estruturas de custos com significativas economias de escala: economias de produção em larga 
escala requerem maiores gastos com capital.
• Diferenciação de produtos: relacionada aos bens e serviços que têm variações em suas características 
para que os consumidores não os vejam como substitutos.
• Patentes e concessões: são proteções legais para o uso exclusivo do produto pela empresa que o 
desenvolveu, permitindo a recuperação dos investimentos assumidos e fomentando a inovação.
• Poder de influência nos mercados: a imposição da marca ou conquista de consumidores (fidelização) 
a partir de anúncios, publicidade e merchandising, em geral, pode tornar uma entrada no mercado 
mais dispendiosa.
• Restrições do comércio internacional: é o caso de tarifas e quotas estabelecidas para proteger os 
ofertantes situados no mercado doméstico.
Afora o número de ofertantes e a existência de barreiras, a estrutura de mercado também pode ser 
influenciada pelo tipo de produto ofertado (padronizado, único ou diferenciado), pelo poder que a firma 
tem de afetar os preços e por outras estratégias de competição que não a determinação de preços (non-
price competitions). O quadro a seguir resume as características das principais estruturas de mercado:
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Unidade I
Quadro 1 – Características das estruturas básicas de mercado
Estrutura de 
mercado
Quantidade 
de ofertantes
Tipo de 
produto
Barreiras à 
entrada
Poder de 
afetar preços
Outras estratégias de 
competição
Concorrência 
perfeita Muitos Padronizado Nenhuma Nenhum Nenhuma
Concorrência 
monopolística Muitos Diferenciado Baixa Baixo Publicidade e diferenciação
Oligopólio Poucos Padronizado ou 
diferenciado Alta Médio
Publicidade intensiva, 
diferenciação e inovação 
tecnológica
Monopólio Um Produto único Muito alta Alto Publicidade
Adaptado de: Carlton e Perloff (2004, p. 7).
Determinadas, ainda que parcialmente, pelas condições básicas de estrutura de mercado, as condutas 
ou práticas mercadológicas fazem parte da essência do modelo ECD. A conduta de mercado refere-se 
aos padrões de comportamento que as firmas seguem para se ajustar ao mercado no qual operam. 
Especificamente, a conduta das firmas pode levar a um distanciamento (ou a uma aproximação) das 
condições de concorrência perfeita. Tais condutas podem ser relacionadas a:
• Técnicas de determinação de preços (discriminação de preços em primeiro, segundo e terceiro graus).
• Estratégias de escolha de produtos e propaganda.
• Investimentos com pesquisa e desenvolvimento.
• Acordos entre concorrentes (acordos horizontais, fusões e aquisições) e entre agentes que operam 
em diferentes elos da cadeia produtiva (integração e restrições verticais).
• Práticas propositalmente formuladas para fragilizar ou disciplinar concorrentes (preços predatórios, 
conluios e cartéis).
O desempenho de mercado refere-se aos resultados finais atingidos pelas firmas em função da 
estrutura e da conduta do mercado no qual se encontram. Esse desempenho não pode ser aferido de 
forma unidimensional. São atributos tradicionalmente usados para sua avaliação: 
• A eficiência na produção e na alocação de recursos – por exemplo, a ausência de desperdício e a 
adequação em quantidade e qualidade às demandas de mercado.
• Os padrões de preço e lucro observados. 
• Os efeitos do investimento em pesquisa e desenvolvimento no progresso tecnológico. 
• A justiça na distribuição dos resultados gerados no mercado específico.
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
Por fim, o esquema ECD é complementado pelas políticas governamentais, que impactam, direta ou 
indiretamente, no livre funcionamento do mercado. Entre as inúmeras possibilidades de intervençãogovernamental, podem-se destacar as políticas macroeconômicas, de incentivo ao investimento 
(incluindo políticas creditícias), à educação ou ao emprego, bem como os impostos e subsídios e as 
barreiras ao comércio internacional. Tais ações, muitas vezes, compõem um pacote amplo conhecido 
como políticas industriais e visam, de modo geral, à obtenção de ganhos de desempenho industrial 
considerado desejável socialmente.
Merecem especial atenção, principalmente por afetar a OI diretamente, as políticas públicas de 
defesa da concorrência e de regulação. Os governos providenciam a defesa da concorrência a partir de 
políticas antitruste, com os seguintes objetivos:
• Reforço dos mecanismos de mercado.
• Foco mais restrito em eficiência alocativa.
• Ações mais tópicas para restabelecer os mecanismos de mercado.
 Lembrete
Legislação antitruste é o conjunto de leis utilizadas pelos países e 
aplicadas pelos órgãos de defesa da concorrência para restringir a ação de 
monopólios ou de práticas contrárias à competição dos mercados.
A criação de marcos regulatórios pelas agências governamentais, por sua vez, tem como objetivo 
limitar e regulamentar a substituição dos mecanismos de mercado em virtude da presença de monopólios 
naturais. Nesse caso, os governos atuam traçando metas mais amplas, como universalização dos serviços, 
integração regional, proteção ambiental e promoção de ações contínuas de fiscalização e controle.
 Lembrete
Marco regulatório é o conjunto de leis utilizadas pelos países e aplicadas 
pelas agências reguladoras para disciplinar mercados em monopólio natural.
Em suma, o modelo ECD integra a análise das seguintes questões:
• Quanto uma estrutura de mercado se distancia da concorrência perfeita? 
• Qual a natureza da conduta dos agentes quando estes não são tomadores de preço? 
• Como o desempenho desses mercados se afasta da eficiência dos mercados competitivos?
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Unidade I
1.2 Definição de mercados
São objeto de análise da OI a firma e a indústria. A firma ou empresa é representada por uma 
unidade voltada para a produção de bens ou serviços com um duplo objetivo: satisfazer as necessidades 
ou o bem-estar dos demandantes nos mercados e atender o próprio bem-estar da firma e de seus 
proprietários ou acionistas, via maximização de lucros. Indústria é o conjunto de firmas envolvidas na 
produção de um mesmo bem ou serviço.
Os mercados são ambientes em que atuam as firmas e as indústrias, quer como demandantes, quer 
como ofertantes. Nas aplicações práticas, é necessário delimitar rigorosamente esses mercados em relação:
• Ao leque de produtos ou serviços envolvidos. 
• Aos seus limites geográficos. 
• Aos fatores demográficos (sexo, faixa etária etc.).
• Ao nível de rendimento.
Exemplo de aplicação
Extensão de um mercado
Quando o produto é bem conhecido, ou seja, quando se conhece perfeitamente sua utilização, suas 
correlações e sua vida útil, é possível determinar sem grande dificuldade quais são os consumidores 
potenciais do produto. Assim, para determinarmos um mercado, devemos definir quais compradores 
e quais vendedores devem ser incluídos nele. A seguir, mostramos alguns exemplos de extensão de 
mercado para certos segmentos industriais:
1) Em relação ao leque de produtos:
• Gasolina: comum, aditivada, alta octanagem, para aviação.
• Transportes: veículos terrestres (de passeio, de carga, de transporte coletivo, agrícolas, 
ferroviários etc.); aeronaves (aeroplanos, aviões, helicópteros etc.); veículos marítimos (navios, 
balsas, lanchas, iates etc.).
• Confecções: linha lar (cama, mesa e banho); vestuário (roupas e acessórios); linha técnica 
(sacarias, encerados, fraldas, correias, automotivos etc.).
2) Em relação aos limites geográficos:
• Gasolina comum: local.
• Aeronaves: nacional e/ou internacional.
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
• Vestuário: local, regional, nacional e internacional, podendo ainda ser delimitado pela forma de 
comercialização (física, eletrônica ou por catálogo).
3) Em relação aos fatores demográficos:
• Gasolina comum: qualquer gênero; faixa etária: maiores de 18 anos.
• Veículos de passeio sedãs: qualquer gênero; faixa etária: adultos de meia idade (40 anos ou mais).
• Vestuário: moda feminina e/ou masculina; faixa etária: linhas infantil, juvenil e adulta.
4) Em relação ao nível de rendimento:
• Gasolina aditivada versus gasolina comum.
• Veículos de passeio de luxo (Mercedes-Benz, BMW etc.) versus veículos de passeio populares 
(automóveis com motorização 1.0).
• Acessórios de luxo de vestuário feminino (bolsa Louis Vuitton, bota Burberry etc.) versus 
acessórios populares de vestuário feminino (bolsa Corello, calçados Arezzo etc.).
Os mercados, de modo geral, podem ser entendidos como o ambiente em que ocorrem interações 
entre agentes econômicos ofertantes e demandantes, que buscam realizar, de forma voluntária, trocas 
mutuamente benéficas. 
Na perspectiva da OI, um mercado é composto de empresas que produzem um mesmo produto (bem 
ou serviço) ou um conjunto de bens ou serviços relacionados entre si. Logo, o conjunto de produtos 
pertencentes a determinado mercado inclui apenas os produtos cujos preços afetam a demanda ou a 
oferta de outros produtos nesse mercado. Uma das maneiras de delimitar um mercado é considerar as 
elasticidades-preço cruzadas.
 Observação
A elasticidade-preço cruzada da demanda εij é a variação percentual na 
quantidade demandada Q do produto i devido a uma variação percentual 
no preço P do produto j:
ij
i
j
Q
P
 

%
%
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Unidade I
A elasticidade de substituição pode ser um número positivo ou negativo, 
de modo que: se εij > 0, o bem é substituto; se εijserviços específicos. Logo, 
uma atividade é caracterizada pela entrada de recursos, um processo de produção 
e uma saída de produtos (bens e serviços) (IBGE, 2007, p. 20).
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Portanto, uma unidade de produção é enquadrada numa classe ou subclasse da CNAE quando 
sua atividade econômica atende à definição dessa classe ou subclasse, conforme se dá seu 
processo produtivo.
Exemplo de aplicação
Extensão de um mercado pela CNAE
O critério básico de classificação das unidades de produção em categorias da CNAE consiste em 
classificar cada firma de acordo com sua atividade principal. A natureza hierárquica da CNAE permite 
a identificação instantânea das categorias em que a unidade está classificada nos demais níveis da 
classificação: subclasse, classe, grupo, divisão e seção. O nível mais alto de agregação da CNAE 2.0, 
também chamado de seção, está organizado em 21 categorias, discriminadas no quadro a seguir:
Quadro 2 – Seções da CNAE
Seção Denominação
A Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura
B Indústrias extrativas
C Indústrias de transformação
D Eletricidade e gás
E Água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e 
descontaminação
F Construção
G Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas
H Transporte, armazenagem e correio
I Alojamento e alimentação
J Informação e comunicação
K Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados
L Atividades imobiliárias
M Atividades profissionais, científicas e técnicas
N Atividades administrativas e serviços complementares
O Administração pública, defesa e seguridade social
P Educação
Q Saúde humana e serviços sociais
R Artes, cultura, esporte e recreação
S Outras atividades de serviços
T Serviços domésticos
U Organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais
Fonte: IBGE (2017). 
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Unidade I
Assim, por exemplo, uma fazenda de cultivo de arroz num município do estado do Rio Grande do 
Sul, a qual representa a menor unidade estatística, ou seja, a firma, faz parte da seguinte classificação:
• Seção A: Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura.
• Divisão 01: Agricultura, pecuária e serviços relacionados.
• Grupo 01.1: Produção de lavouras temporárias.
• Classe 01.11-3: Cultivo de cereais.
• Subclasse 0111-3/01: Cultivo de arroz.
Outras estruturas de mercado, de acordo com a CNAE 2.0, podem ser verificadas em IBGE (2017).
1.3 Poder de mercado
1.3.1 Poder de mercado e bem-estar
Um mercado é perfeitamente concorrencial quando ele é composto de muitos agentes econômicos 
comprando e vendendo determinado bem homogêneo, de modo que nenhum desses agentes 
individualmente consegue gerar um impacto significativo no preço de mercado do bem ou serviço. São 
seis as hipóteses básicas do modelo de concorrência perfeita: 
• Grande número de vendedores e compradores.
• Produto homogêneo.
• Ausência de barreiras à entrada e à saída.
• Informações completas dos agentes.
• Ausência de custos de transação.
• Maximização de lucros e de bem-estar.
Os produtos oferecidos por todas as empresas desse mercado são substitutos perfeitos, ou seja, não 
existe diferenciação dos produtos vendidos dentro do mercado relevante (o espaço composto de um 
grupo de empresas que produzem e comercializam o mesmo bem que seus concorrentes).
Highlight
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
 Observação
Os agentes são tomadores de preço quando, num mercado com grande 
número de compradores e vendedores transacionando um bem homogêneo, 
cada empresa vende uma parte suficientemente pequena do total da 
produção desse mercado e cada consumidor adquire uma quantidade 
mínima dessa produção, sem que haja estoques nem escassez do produto. 
Nesse caso, os agentes econômicos não apresentam influência no preço de 
equilíbrio desse mercado, ou seja, aceitam o preço vigente.
Eficiência e máximo bem-estar são propriedades desejáveis do equilíbrio de competição perfeita. 
A partir do primeiro teorema do bem-estar, é possível demonstrar que o mercado competitivo traz 
ganhos tanto para os consumidores quanto para os produtores de determinado bem ou serviço. 
 Observação
O primeiro teorema do bem-estar diz que todo equilíbrio competitivo 
gera alocações de recursos eficientes, independentemente da dotação 
inicial desses recursos. Isto é, se os agentes tomarem suas decisões 
livremente, em condições de competição perfeita, o resultado será 
eficiente e, portanto, maximizará o bem-estar da sociedade.
No equilíbrio competitivo, o preço que prevalece é o de mercado (p*). O ganho da sociedade, nessas 
condições, é traduzido pela soma do excedente de consumidores (obtido a partir da maximização do 
bem-estar) com o de produtores (alcançado a partir da maximização dos lucros). Essa medida é máxima 
quando as quantidades produzidas e demandadas da sociedade (Q*) se estabelecem no nível eficiente, 
ou seja, no ponto de equilíbrio competitivo (ponto E da figura a seguir).
Excedente do 
consumidor (EC)
Excedente do 
produtor (EP)
S
D
E
0 Q
P
Pmáx
Pmín
Ps = Pd = p*
Q* = Qs = Qd
Figura 3 – Equilíbrio de mercado e máximo bem-estar
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Unidade I
Se o mercado não for perfeitamente competitivo, isto é, se um dos agentes tiver excessivo 
poder de mercado (por exemplo, um monopolista), a alocação dos recursos não será eficiente. Esse 
fato aponta para a presença de desperdícios na atividade econômica, que implicam custos para a 
sociedade pelo fato de o mercado não funcionar perfeitamente. Note, no gráfico a seguir, que a 
produção Q1, fixada abaixo do nível ótimo, acarreta perdas de bem-estar para consumidores (área 
A) e ganhos para produtores (área C). Além disso, sobre a sociedade incide um custo extra (área 
B+D) devido à ineficiência decorrente de uma produção inferior ao socialmente ideal. A diferença 
de preços entre PS e P* é considerada a ineficiência do monopólio. Esse custo extra é conhecido 
como peso morto. 
Peso morto
EC
EP
S
D
E
0 QQ*Q1
C
D
B
A
P
Pmáx
Pmín
Ps
Pd
Ps = Pd = p*
Figura 4 – Perda de bem-estar devido à ineficiência de mercado
 Lembrete
Peso morto é o ônus infligido à sociedade em função da ineficiência de 
mercado, que faz o nível de produção ser menor do que o socialmente ótimo 
e os consumidores pagarem um preço maior do que o preço competitivo.
Highlight
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
Exemplo de aplicação
Monopólio versus competição perfeita
Para reforçar os pontos sobre poder de mercado, podemos usar funções específicas de demanda e de 
custos. Em particular, vamos assumir:
Demanda (D): P = 100 - Q
Custo marginal (CMg) e custo médio (CMe) constantes: CMg = CMe = 20
Em primeiro lugar, devemos obter a receita marginal do monopolista a partir da derivação da função 
de receita total:
RT P Q Q Q Q Q
RMg
RT
Q
Q
      
 

 
100 100
100 2
2
Um empresário racional maximiza seu lucro igualando a receita marginal ao custo marginal. Logo, as 
quantidades produzidas pelo monopolista (QM) e o preço por ele praticado (PM) serão:
RMg CMg
Q

 100 2 20
      Q e PM M40 100 2 20 60$
O equilíbrio competitivo (QCPe PCP) é obtido a partir do equilíbrio entre as curvas de demanda (D) e 
oferta (S), sendo que esta última é dada pela curva de custo marginal constante:
D CMg
Q

 100 20
      Q e PCP CP80 10080 20$
Assim, o preço de equilíbrio competitivo é exatamente igual ao custo marginal. O gráfico que se 
segue mostra os resultados encontrados para as duas estruturas de mercado:
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Unidade I
QM = 40
PM = 60
CMg = CMe = S
100
P
A
1
B
0 2
DRMg
D
C
PCP = 20
QCP = 80 Q0
Figura 5
Os excedentes do consumidor (EC) e do produtor (EP) bem como o benefício líquido total (BLT), para 
cada estrutura de mercado, podem ser verificados a seguir:
Monopólio:
EC rea A
EP rea B
BL
 
   
     
Á
Á
$
$ .
100 60 40
2
800
60 20 40 1 600
TT EC EP    800 1 600 2 400. $ .
Concorrência perfeita:
EC rea A B D
EP
BLT EC EP
   
   

    
Á $ .
$
.
100 20 80
2
3 200
0
3 200 0 $$ .3 200
A área D representa a perda de eficiência devido à atuação do monopólio. Essa perda de eficiência 
equivale a:
Peso morto = Área D = 
60 20 80 40
2
800
      $
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
Uma política pró-mercado por parte do governo levaria a um aumento no benefício total de $ 2.400 
para $ 3.200. Observe, no entanto, que o excedente do produtor cai de $ 1.600 para zero. O monopolista, 
dessa forma, é prejudicado. Os consumidores, por sua vez, ganham o suficiente para compensar a perda 
dos proprietários de monopólios e ainda ficar em melhor situação em termos de bem-estar. Isto é, os 
consumidores ganhariam $ 3.200 - $ 800 = $ 2.400. 
Em princípio, os consumidores poderiam compensar os proprietários de monopólios com, por 
exemplo, $ 1.600 e ainda ter um ganho líquido de: $ 2.400 - $ 1.600 = $ 800. Essa compensação, porém, 
não precisa ser realizada. A não compensação pode ser justificada caso o governo esteja preocupado 
com o nível de renda dos proprietários de monopólio (ou com aquilo que eles podem ofertar em termos 
de bens e serviços). Por outro lado, o governo pode lidar com essa preocupação diretamente por meio 
da política tributária.
1.3.2 Lucro econômico e taxa de retorno sobre o investimento
Lucro econômico (π) é a diferença entre as receitas totais (RT) e o custo total de produção (CT):
π = RT - CT
Entende-se por custo total de produção o custo de oportunidade de todos os insumos. O custo total 
pode ser subdividido entre custos diversos com outros insumos (CD) e custo de capital (CK):
CT = CD + CK
Portanto, o lucro econômico pode ser definido como:
π = RT - CD - CK
 Observação
O custo de capital consiste na soma da depreciação econômica (δ) com 
a taxa de retorno do melhor investimento disponível (r). Assim, a soma 
desses dois custos, expressos em termos de percentagem, é igual à taxa de 
retorno do capital obtido de terceiros (i):
i = r + δ
No longo prazo, os lucros econômicos são um indicador de poder de mercado. Em mercados 
competitivos, os lucros econômicos tendem a zero no longo prazo devido à ausência de barreiras à 
entrada. Lucros de monopólios, por sua vez, só podem persistir no longo prazo se existirem barreiras à 
entrada que propiciem poder de mercado à empresa. 
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No entanto, os lucros são um indicador imperfeito de poder de mercado, uma vez que uma empresa 
pode ter poder de mercado, mas não auferir lucros econômicos significativos ou, até mesmo, enfrentar 
prejuízos. Além disso, no curto prazo, as firmas tomadoras de preço podem alcançar lucros econômicos. 
A taxa de retorno sobre o investimento (r) é definida como a relação entre ganhos (ou rendimentos) 
líquidos e o investimento efetuado pela empresa. Matematicamente:
r
RT CD D
K
  
Em que RT e CD são, respectivamente, a receita total e o custo dos demais insumos, D é a depreciação 
econômica e K é o investimento total da empresa em ativos. 
Se o lucro econômico for positivo, a taxa de retorno da empresa será maior do que a taxa de retorno 
do mercado competitivo. Lucros econômicos e taxas de retorno altas indicam rentabilidade em excesso 
sobre o custo de oportunidade.
 Observação
Custo de oportunidade não representa o custo absoluto da firma. Ele 
deve ser considerado como uma segunda melhor oportunidade de benefícios 
não aproveitados. Logo, quando a decisão de investir em um projeto A exclui 
a escolha de um melhor projeto B, podem ser considerados os benefícios não 
aproveitados decorrentes de B como um custo de oportunidade.
Como a quantidade de investimento de capital varia de acordo com o conjunto de indústrias da economia, 
as taxas de retorno são muitas vezes a medida preferida de rentabilidade. Uma indústria pode ter grandes 
lucros econômicos por ser capital-intensiva, mesmo que sua taxa de retorno seja apenas marginalmente 
superior à alternativa de mercado competitivo. As taxas de retorno usadas para medir a lucratividade incluem 
a taxa de retorno sobre os ativos e a taxa de retorno sobre o patrimônio líquido (investimento).
Exemplo de aplicação
Retorno do investimento em serviços de transporte por aplicativo
Um estudante de economia comprou um automóvel para utilizá-lo no transporte de pessoas via 
aplicativo de celular. O veículo custou $ 10.000 no início do ano. Seu valor de revenda no final do ano foi 
de $ 7.000, e o melhor investimento alternativo (por exemplo, uma aplicação financeira) representava 
um ganho de 10% ao ano. A taxa de retorno do capital de terceiros é de 40%, igual à soma da melhor 
taxa alternativa de retorno com a taxa de depreciação econômica (30%), ou seja:
i r     0 10 0 30 0 40 40, , , %ou
Highlight
Isso aqui é o ROI
Lucro / investimento
Lucro: receita - custo explicito - custo de oportunidade (investimento melhor)
Lê isso aqui de novo e faz um resuminho explicando
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O investimento inicial (K) foi de $ 10.000. Logo, o custo total do capital investido é igual à taxa de 
retorno do capital de terceiros multiplicada pelo investimento:
CK = i x K
CK = 0,40 x 10.000 = $ 4.000
No entanto, os investidores devem se preocupar com o retorno após a depreciação. Se a taxa de 
retorno realizada após o investimento fosse usada apenas para determinar a taxa de custo de capital 
(i), o lucro econômico da empresa seria igual a zero. Dessa forma, a taxa de retorno realizada após o 
investimento é aquela além da taxa de recuperação do capital.
A taxa de retorno obtida pelo estudante de economia depende de suas receitas e outros custos. Suponha 
que as receitas do estudante com os serviços de transporte por aplicativo fossem $ 20.000, os custos de 
combustível $ 3.000, o seguro $ 2.000, e o custo de oportunidade relativo ao tempo destinado ao serviço 
prestado $10.000. Os lucros econômicos do estudante são receitas menos custos de oportunidade:


  
     
RT CD CK
20 000 3 000 2 000 10 000 4 000 1 000. . . . . $ .
Sabendo-se que a depreciação do investimento do estudante é igual a:
D K
D
 
  

0 30 10 000 3 000, . $ .
A taxa de retorno realizada após o investimento é definida como:
r
RT CD D
K
r
R
ou
  
     20 000 3 000 2 000 10 000 3 000
10 000
0 2
. . . . .
.
, 220%
Portanto, quando uma empresa aufere lucro econômico, ela também obtém uma taxa de retorno 
maior do que a taxa competitiva de retorno (ou sua melhor alternativa) usada para definir o custo de 
capital de terceiros. 
Os lucros econômicos (π) igualam o investimento (K) da empresa ponderado pela diferença entre a 
taxa de retorno realizada (r) e o próximo melhor retorno alternativo utilizado para determinar a taxa de 
retorno do capital de terceiros (i). Para o nosso motorista:


  
   
r i K
020 0 10 10 000 1 000, , . $ .
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1.3.3 Ineficiência-X
O conceito de ineficiência-X foi formulado por Leibenstein (1966) e refere-se à existência de 
uma relação positiva entre as pressões externas sobre uma empresa e o esforço despendido pelos 
funcionários. Em particular, Leibenstein propôs que há um custo social significativo devido ao poder de 
mercado exercido por uma empresa. Isso decorre da elevação dos custos da empresa monopolista, pois 
seus funcionários percebem que a maximização do esforço não é necessária. Essa relação exposta por 
Leibenstein é semelhante à hipótese levantada por Hicks (1935) sobre poder de mercado, em que “[…] o 
melhor de todos os lucros do monopólio é ter uma vida tranquila” (apud CHURCH; WARE, 2000, p. 145).
 Observação
A hipótese de vida tranquila (quiet life hypothesis) sugere que a 
ineficiência gerencial, ou ineficiência-X, será maior quanto mais amplo for 
o poder de mercado praticado por uma empresa. Se isso for verdade, os 
custos sociais relacionados ao monopólio poderão ser ainda mais elevados.
Suponha que o efeito da ineficiência-X aumenta os custos unitários de CMg0 para CMg1. Na figura 
a seguir, o excedente da sociedade perdido por conta do monopólio consiste em dois componentes. O 
nível socialmente ideal de produção é QCP e a área E + F é a perda de peso morto associada à produção de 
monopólio QM. Ademais, sobre a sociedade incide um custo adicional igual à área D devido ao desperdício 
de insumos causado pela ineficiência do monopolista em minimizar seus custos.
QM
PM 
CMg1
CMg0
P
A
1
B
0
2
DRMg
D
E
F
C
PCP
QCP Q0
Figura 6 – Ineficiência-X
RESUMO:
Quando o poder de mercado é alto (monopólio) a empresa vive uma vidinha "fácil". Nesse caso os funcionários não vão querer se esforçar ao máximo (além de outros fatores) porque já ta tudo "de boa".
Essa tranquilidade toda [hipótese de vida tranquila (quiet life hypothesis)] vai fazer com que os custos aumentem. 
Isso vai gerar perda de lucro econômico para o monopolista e custo pra sociedade é ainda maior.
Exemplo: gestor não se preocupa em conseguir melhores negociações com fornecedor porque já tem lucros satisfatórios.
Está desperdiçando capacidade
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1.3.4 Rent-seeking
Rent-seeking refere-se aos custos sociais adicionais decorrentes dos esforços das empresas em 
adquirir e manter poder de mercado. Nessa visão de mundo, os lucros de monopólio são vistos como 
um prêmio – como aquele que se ganha em uma loteria. O rent-seeking diz respeito aos esforços das 
empresas em ganhar esse “concurso”.
A hipótese de busca de renda consiste em duas possibilidades:
• O desperdício: os gastos com rent-seeking representam um desperdício – os recursos utilizados 
pelas empresas para adquirir poder de monopólio são mal aproveitados. Em vez de produzir bens 
e serviços que podem ser consumidos pela sociedade, o rent-seeking procura apenas produzir 
lucros de monopólio, sem qualquer subproduto socialmente útil.
• A dissipação completa do rendimento: às vezes, as empresas estão dispostas a incorrer em custos 
improdutivos até o valor total das receitas para obter poder de mercado, e todo o lucro de 
monopólio pode ser desperdiçado.
Se ambos os casos forem verdadeiros, os custos sociais do monopólio não consistirão apenas na 
perda de peso morto devido aos preços de monopólio; além disso, o lucro de monopólio será uma 
medida dos recursos produtivos desperdiçados em atividades improdutivas.
As duas proposições mencionadas dependem da fonte de poder de mercado – por exemplo, a natureza da 
barreira de entrada que protege o lucro de monopólio – e do tipo de concorrência. O comportamento de rent-
seeking pode advir de lobby com o governo, suborno a funcionários públicos, pressão sobre as autoridades 
reguladoras e outros tipos de prática não competitiva, com o objetivo de obter empréstimos de bancos 
públicos com juros subsidiados, redução de impostos ou proteção tarifária. Muitas vezes, essas atividades não 
criam qualquer benefício para a sociedade: apenas redistribuem recursos dos indivíduos para o rent-seeker.
 Lembrete
O comportamento de rent-seeking refere-se ao uso dos recursos de 
uma empresa, de uma organização ou de um indivíduo para obter ganhos 
econômicos de outros agentes sem reciprocidade em termos de geração de 
riqueza para a sociedade.
2 MEDIDAS DE CONCENTRAÇÃO DE MERCADO
Uma vez conhecida a delimitação do mercado, é relevante medir o quanto ele é concentrado em uma 
ou mais firmas. À medida que o nível de concentração aumenta, ou seja, conforme cresce o poder de 
mercado, o grau de concorrência e o nível de eficiência tendem a diminuir. Além disso, com o aumento 
do grau de concentração do mercado, a probabilidade de observância de comportamentos de conluio 
entre empresas ou de atingir um monopólio também aumenta. 
influenciar decisões políticas
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Unidade I
As causas pelas quais um nível de concentração em determinado mercado é alto são diversas, sendo 
preponderantes aquelas relacionadas com:
• A dimensão do mercado.
• O comportamento estratégico das empresas.
• A tecnologia da indústria, como a existência de economias de escala ou de escopo, que tendem a 
resultar em estruturas de mercado mais concentradas.
•Os fenômenos de externalidades de rede. 
• A legislação específica sobre concorrência no mercado (leis antitruste).
 Observação
Economias de escala estão associadas às firmas que apresentam 
custos médios de longo prazo decrescentes. Economias de escopo ocorrem 
sempre que o custo para produzir dois (ou mais) produtos conjuntamente 
por uma firma é menor do que o custo de produzir esses produtos por 
firmas diferentes.
As medidas de concentração, portanto, buscam quantificar o poder de mercado, isto é, a proximidade 
da estrutura de um mercado relativamente às situações de monopólio ou de concorrência perfeita. As 
principais medidas de concentração são:
• As medidas de poder de monopólio ou índices de lucratividade (índice de Lerner e índice de Bain).
• As razões de concentração.
• O índice Herfindahl-Hirschman.
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ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL / REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
 Saiba mais
Externalidades de rede ocorrem quando a utilidade proporcionada 
por determinado bem ou serviço depende não só das suas características 
intrínsecas, mas também da dimensão e/ou da tipologia da rede de 
consumidores instalada. Verifica-se esse tipo de externalidade em setores 
como telecomunicações, mídias, comércio eletrônico e, frequentemente, em 
indústrias com as características de two-sided markets (ou seja, firmas que 
dividem seu espaço em atividades tradicionais e em prestação de serviços). 
Para mais informações sobre esse fenômeno, consulte: 
VISCUSI, W. K.; VERNON, J. M.; HARRINGTON, J. E. Economics of 
regulation and antitrust. 4th ed. Cambridge: The MIT Press, 2005. chap. 9.
2.1 Medidas de poder de monopólio
2.1.1 Índice de monopólio de Lerner
O equilíbrio do monopolista pode ser verificado na figura a seguir. O monopolista é o único fornecedor 
do produto Q e, assim, escolhe a quantidade QM, em que a receita marginal (RMg) é igual ao custo 
marginal (CMg). O lucro econômico do monopolista é representado pela área B + E. 
QM
PM 
CMg
CMe
P
A
1
B
0
D = RMeRMg
E
F
Pmín
Q0
Figura 7 – Equilíbrio do monopolista
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Unidade I
A análise de equilíbrio do monopólio contém,

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