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A TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL PARA CRIANÇAS COM TDAH A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tem se destacado como uma intervenção eficaz no tratamento de crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), abordando tanto aspectos comportamentais quanto emocionais e sociais. Crianças mais velhas, que já possuem um nível maior de autopercepção, conseguem identificar as diferenças entre seu comportamento e o de seus colegas, especialmente em contextos que exigem concentração, como durante os estudos ou a aplicação de provas. Nesses momentos, a dificuldade em manter o foco pode gerar frustração, já que, apesar de interessadas no conteúdo, muitas vezes não conseguem manter a atenção por tempo suficiente, o que as leva a se sentirem inferiores aos colegas. Essa sensação de inadequação pode ter sérias implicações emocionais, como o desenvolvimento de baixa autoestima e, em casos mais graves, depressão. A constante comparação com o desempenho dos outros pode gerar um sentimento de incapacidade, onde a criança passa a perceber um potencial maior nos colegas e um menor em si mesma. Nesse sentido, a combinação entre TCC e medicação se mostra valiosa, ajudando a criança a compreender e aceitar sua condição e oferecendo suporte tanto para o fortalecimento cognitivo quanto para o bem-estar emocional. A TCC tem como um de seus principais objetivos a melhoria da autorregulação, ensinando a criança a controlar suas emoções e comportamentos de forma mais eficaz. Isso é fundamental para que ela consiga lidar com situações cotidianas sem ser dominada por reações impulsivas. Além disso, a TCC foca no desenvolvimento de habilidades sociais, muitas vezes comprometidas em crianças com TDAH. Técnicas como o treinamento de habilidades sociais ensinam a criança a se comportar de maneira mais adequada em diferentes situações, desde o início de conversas até a resolução de conflitos. O reforço positivo é outra técnica frequentemente utilizada, encorajando comportamentos desejáveis por meio de recompensas, o que aumenta a motivação para manter essas atitudes. Outras técnicas, como o automonitoramento, permitem que a criança observe e registre seu próprio comportamento, promovendo a autoconsciência e ajudando-a a ajustar padrões inadequados. O treinamento de resolução de problemas ajuda a criança a identificar e enfrentar desafios do dia a dia de forma mais assertiva, enquanto a reestruturação cognitiva trabalha para modificar pensamentos distorcidos ou negativos que influenciam o comportamento, promovendo uma visão mais realista e positiva de suas capacidades. O plano de tratamento e a escolha das técnicas a serem aplicadas devem levar em consideração o prejuízo dos sintomas, as comorbidades, a motivação do paciente e a disposição da família. Assim, apesar da Terapia Cognitivo-Comportamental utilizar um modelo estruturado e focado no problema, é importante que exista a flexibilidade para ajustar o tratamento e o uso das técnicas conforme a realidade do paciente e de sua família (Lyszkowski & Rohde, 2008). Essas técnicas ajudam a criança a controlar seus impulsos para esclarecer o problema que enfrenta, aumentando assim a probabilidade de obter bons resultados. Faça também com que a criança entenda que chegar a um acordo ou discussão depende de fatores que nem sempre estão sob seu controle ou que às vezes não é possível chegar ao acordo ou discussão ideal. Em outras situações, é preciso decidir pela melhor solução possível ou pela solução menos ruim, trabalhando também a tolerância à frustração (Bunge et al., 2012). Além de selecionar a técnica apropriada para a modificação do comportamento, é crucial proporcionar psicoeducação tanto para a criança quanto para o seu contexto social. É essencial que ela entenda as razões por trás de suas dificuldades de atenção, impulsividade e outros problemas que a fazem enfrentar frustrações em relação às expectativas do ambiente. Também é importante que aprenda conceitos básicos sobre TDAH, o que a ajudará a reconhecer suas dificuldades cotidianas e a compreender a ideia de que cada pessoa tem seu próprio ritmo, sabendo que muitas outras crianças vivem desafios semelhantes. Por outro lado, é vital enfatizar que a criança não deve utilizar o transtorno como uma justificativa para todos os seus comportamentos (Benczik, 2010). Limites e valores são importantes e podem favorecer a adaptação da criança ao seu entorno, desde que trabalhados de maneira apropriada pela família e pela escola. O envolvimento dos pais é essencial para o sucesso da TCC. O treinamento parental visa capacitá-los com estratégias de manejo comportamental, como o uso de reforço positivo e a criação de regras claras e consistentes. Uma comunicação eficaz entre pais e filhos também é promovida, fortalecendo o ambiente familiar e assegurando que as técnicas aprendidas na terapia sejam aplicadas de forma contínua e coerente em casa. Os benefícios da TCC para crianças com TDAH são amplos. A terapia contribui para a melhoria do desempenho escolar, aumentando a atenção e o foco, e promove uma redução da impulsividade e dos comportamentos hiperativos. Além disso, há um claro desenvolvimento nas habilidades sociais, melhorando as interações com colegas e adultos. A autoestima das crianças também tende a aumentar à medida que elas se sentem mais competentes e confiantes em suas habilidades. Assim, as funções executivas, que amadurecem ao longo do desenvolvimento, são responsáveis pela capacidade de autorregulação do indivíduo, principalmente em situações novas ou que exijam adaptação ou flexibilidade para atender às exigências de determinada situação, como será o aprendizado na escola. Mas este processo não é natural em crianças com TDAH. É por isso que as técnicas de terapia cognitivo-comportamental atuam diretamente no exercício dessas ações, para treinar o indivíduo a lidar com processos inibitórios, desenvolver um pensamento mais flexível, realizar atividades de planejamento e demonstrar tolerância à frustração, e assim controlar as emoções, principalmente a raiva, expressão para comportamento agressivo. É importante destacar que, embora a TCC seja uma intervenção eficaz, cada criança possui necessidades específicas, e a terapia deve ser personalizada para maximizar seus benefícios. A colaboração entre terapeutas, pais, professores e outros profissionais de saúde é essencial para garantir o sucesso do tratamento e apoiar o pleno desenvolvimento da criança.