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Prof. Dr. Milton Junior UNIDADE I Morfossintaxe da Língua Portuguesa O gramático e o linguista operam um objeto científico “escondido” – o português brasileiro –, uma vez que tal objeto está guardado em suas mentes e na mente dos indivíduos de suas comunidades. Todos operam com a língua, seja na fala ou na escrita, ambas possuem propriedades internas, não evidentes no mundo, e todo falante recorre a estas propriedades-regras que já estão internalizadas e, a partir delas, se formulam frases, orações, textos. Todo falante possui a capacidade de reconhecer frases/orações “bem formadas” e rejeitar as que não são bem formadas. Teorias sobre a língua e a gramática – Morfossintaxe Os estudos gramaticais ou a gramática remontam à Idade do Ferro indiano, isto é, 1000 a.C., e, no Ocidente, Grécia, 100 a.C. A gramática é um conjunto de regras que regem o uso de uma língua. “A arte de colocar as palavras certas nos lugares certos” – Eckersley e Macaulay (1955). A gramática se divide em: Fonologia – estudar os fonemas ou sons da língua, e as sílabas formadas por tais fonemas; Morfologia – é o estudo das palavras e os elementos que as constituem, a análise da estrutura e os mecanismos de flexão referentes às palavras; Sintaxe – análise estrutural dos termos que compõem as orações e as relações que se estabelecem entre estes. É o estudo dos termos essenciais da oração e termos integrantes; Então, a morfossintaxe é... Estudos gramaticais definindo a morfossintaxe O sistema linguístico é constituído por estruturas cristalizadas ou em processo de cristalização que operam em uma dupla articulação, e organizam a fala e escrita. Esta dupla articulação foi postulada por Martinet, nas décadas de 1960 e 1970. A primeira articulação (ou plano do conteúdo) corresponde ao léxico = palavras, raízes/radical, afixos; ou seja, que contém a significação. A segunda articulação (ou plano da expressão) corresponde às unidades desprovidas de sentido, tais como: fonemas, acentos, sílabas. Por exemplo: Eles chegaram rápido. 1ª Eles / chegaram / rápido (léxico/palavras) eles / che-ga-ram / rá-pi-do (sílabas) eles / cheg-a-ram/ rapi -do (morfemas) 2ª ˈɛleʃ / ʃeˈɡaɾɐw̃̃ / ʁapidu (transcrição fonética) ram (marcador de modo e tempo verbal) Dupla articulação Garot- / -o (morfema). Garoto (vocábulo/palavra/léxico). O garoto (sintagma). O garoto sumiu (frase/oração/período). Na construção de unidades significativas, além da dupla articulação, devemos levar em conta a existência do eixo sintagmático e do eixo paradigmático, em outras palavras, são os eixos da combinação de termos e da seleção de termos. Dupla articulação e hierarquia gramatical O menino caiu do muro A garota sentou na calçada Os amigos vieram à festa As mulheres deram o colar Um senhor passou o recado O eixo paradigmático é o da palavra, da seleção que fazemos por similaridade. Eixo paradigmático O menino caiu do muro A menina sentou na calçada Os garotos vieram à festa As garotas deram o colar Um senhor passou o recado ESCOLA ensinar ensinamento ensinou aprendizagem educação lugar quadra sala O eixo sintagmático é o eixo da frase, da contiguidade, em que os termos da oração se combinam para construir as unidades de sentido. Estabelece a combinação das unidades mínimas significativas (radical + desinência =) que formaram a palavra, esta irá combinar/concordar com outras unidades mínimas ou não em gênero, número, grau etc. Eixo sintagmático O menino caiu do muro A menina sentou na calçada Os garotos vieram à festa As garotas deram o colar Um senhor passou o recado O morfema é a unidade mínima significativa da língua; há, ainda, a proposta de classificação feita por Sautchuk (2004) de que esses morfemas se dividem em dois grupos. Os lexemas têm por função nomear ou relacionar os três elementos básicos do mundo “biossocial/antropocultural, isto é, por meio deles, se apreende os objetos representados pelos substantivos, a qualidade representada pelos adjetivos e as ações representados pelos verbos e advérbios nominais, uma vez que são carregadas semanticamente. Ex.: senhor, passou, recado. Gramemas ou morfemas gramaticais têm por função, apenas, relacionar os lexemas; expressam os significados sintáticos ou a função gramatical. Ex.: sexo, número ou tempo verbal. São dependentes e compõem a classe dos artigos, preposições, certos advérbios e os diversos afixos: in-, -oso, -mente, para, de etc. Morfema – Lexemas ou gramemas Um senhor passou o recado G L L G L São elementos mórficos ou estruturais das palavras: Radical: elementos básicos e significativos da palavra (detém a representação ou significação da palavra). Ex.: CERT-o, CERT-eza, in-CERT-eza. Tema: é o radical acrescido de uma vogal temática (dos verbos); evidencia-se em derivados de verbos. Ex.: CANTAr, CANTAdo, CANTÁvel. Estrutura das palavras – Lexemas São elementos modificadores da significação do radical. Os afixos das palavras são elementos que se agregam a um radical ou tema, e se dividem em: Sufixos – quando ocorre a associação de gramemas após o radical. Ex.: pedrEIRO, pedrada; Prefixos – quando ocorre a associação de gramemas prefixos. Ex.: IMprovável, difundir etc. As desinências são elementos terminais indicativos das flexões das palavras; elas se dividem em: Desinências nominais indicam as flexões de gênero e número. Ex.: ama-VA, ama-VAS; Desinências verbais indicam as flexões de número, pessoa, modo e tempo verbal. Ex.: ama-RIA-MOS , fala-VAM, fala-VA. Afixos, desinências e vogal temática No português, há dois processos de formação de palavras: Derivação – a palavra deriva de uma primitiva pela sufixação, prefixação, parassíntese ou derivação regressiva. Ex.: florISTA, EMpalidecer, AnoiteCER/DESalmaDO, muda/pesca. Composição – associam-se duas ou mais palavras para formar uma nova; se dá por aglutinação ou justaposição. Ex.: passatempo, guarda-roupa, televisão, planalto, pernalta, embora. Formação de palavras Prefixal – quando ocorre a inclusão de um gramema pre(fixo). Ex.: analfabeto, EPIcentro, HIPERtensão, METAmorfose, HIPOtensão. Sufixal – quando ocorre a inclusão de um gramema após o fixo. Ex.: cruelDADE, fracaMENTE, florISTA, floricultura. Parassíntese – quando ocorre, simultaneamente, a inclusão do prefixo e sufixo. Ex.: AmanhECER, ENvelheCER, DESalmaDO, ENtristeCER. Regressiva – quando ocorre a supressão da palavra primitiva, gerando uma derivada. Ex.: ajuda (ajudaR), comuna (comunISTA), japa, consumo (consumIR). Derivação Ocorre quando há a associação de duas ou mais palavras para formar uma nova; se dá por aglutinação ou justaposição. Aglutinação – quando há a união, mistura ou fusão de duas ou mais palavras que darão origem a um novo termo. Ex.: água-ardente = aguardente; em + boa + hora = embora; perna + alta = pernalta. Justaposição – quando há a união de duas ou mais palavras sem a perda de elementos. Ex.: gira + sol = girassol; passa + tempo = passatempo etc. Composição É um fenômeno linguístico que consiste na criação de uma palavra ou expressão nova, ou na atribuição de um novo sentido a uma palavra já existente. É uma nova palavra criada na língua e, geralmente, surge quando o indivíduo quer se expressar, mas não encontra a palavra ideal. Como o falante nativo tem total domínio dos processos de formação de palavras, ele cria uma nova palavra, sem se dar conta de que está utilizando um dos processos existentes na língua, como: prefixação, sufixação, aglutinação ou justaposição. Neologismos Segundo Alves (1994), os neologismos são criados a partir de um item lexical criado sem tomar como base nenhuma palavra já existente. Exemplo: “bebemorar”, para fazer par com comemorar, associa as ideias de beber e comer. Veja esse exemplo muito relevante: “um exemplomuito utilizado pela mídia [...] ocorreu com a palavra ‘valerioduto’, popularizada pela imprensa para se referir a um dos muitos e grandes escândalos da política brasileira”. (HENRIQUES, 2007, p. 140) Neologismos fonológicos Quando a palavra já existe, mas ganha uma nova conotação, um novo significado. Ex.: Estou a fim de fulano. (Estou interessado). Beltrano, não vai dar, deu zebra. (Algo não deu certo). Vou fazer um bico. (Trabalho temporário). Neologismo semântico Quando é criada uma palavra nova, com um novo conceito. Geralmente, ocorre pela incorporação de palavra estrangeira em sua forma original. Ex.: Deletar (eliminar); Abobado (aquele que é “bobo”, sonso); Internetês (a língua da internet); Pizza; Blecaute. Neologismo lexical São resultados da organização de um novo vocábulo. Supõem a combinatória de elementos já existentes na língua como a derivação ou a composição. Ex.: “A não informação conduz o homem à Idade das Trevas”; “O papa Francisco reinventa a Igreja papalizando com êxito”; “A Operação Desmonte foi um sucesso contra os desmanches de automóveis”. Neologismo sintático Assinale a alternativa incorreta no que diz respeito aos neologismos fonológicos: a) São criados a partir de um item lexical. b) Tomam por base um item lexical já existente. c) São criações lexicais para apresentar um novo valor, uma nova ideia. d) São novas significações do mundo. e) São associações efetuadas com a finalidade de criar uma nova palavra. Interatividade Assinale a alternativa incorreta no que diz respeito aos neologismos fonológicos: a) São criados a partir de um item lexical. b) Tomam por base um item lexical já existente. c) São criações lexicais para apresentar um novo valor, uma nova ideia. d) São novas significações do mundo. e) São associações efetuadas com a finalidade de criar uma nova palavra. Resposta A palavra formada nos leva ao estudo e à sua classificação em classe, isto é, se define a palavra fora de contexto ou isolada, e se caracteriza pelo potencial funcional, ou seja, pelo que as palavras podem ser, as funções que elas podem ocupar. O conhecimento das classes de palavras é considerado indispensável para o conhecimento das suas funções sintáticas, que é imprescindível para a compreensão do sentido da frase. A função se define pelo contexto, ou seja, ela pode exercer papéis, funções diferentes em uma oração, mesmo sendo da mesma classe. Morfologia Substantivo – é toda palavra que se deixa anteceder pelos determinantes (artigos, pronomes possessivos, pronomes demonstrativos, e numerais cardinais ou ordinais). Exemplos: a, uma, minha, esta, primeira – casa. o, um, nosso, aquele, terceiro – filho. Esse mecanismo auxilia, principalmente, na identificação de substantivos abstratos, como nos exemplos: a, nossa – emoção; o, primeiro – amor. Classificação morfológica – Substantivo Vai definir o significado dos substantivos, que, tendo a mesma forma, ao mudarem de gênero, mudam de sentido. O artigo indefinido tem como função a de introduzir uma entidade, que, anteriormente, não era conhecida. O artigo definido possui um contexto, uma relação regular com o substantivo. Veja os exemplos a seguir: O cabeça – chefe, dirigente, líder; A cabeça – parte superior do corpo humano; O capital – riqueza, patrimônio de uma empresa; UMA capital – cidade onde está instalada a alta administração de um país ou de um Estado; UM gato pulou o meu muro. Classificação morfológica – Artigo É a palavra que varia em gênero, número e deixa-se articular (ou modificar) por outra da classe do advérbio. Além disso, aceita o sufixo “mente”. Para tornar-se mais fácil, levemos em conta que “tão” é um advérbio (que pode ser substituído por outro intensificador, como “bem” ou “muito”, por exemplo). A (minha, aquela) amiga (tão) tranquila. Um (este, meu) aluno (tão) atento. Em suma, é a palavra que se deixa anteceder por “tão”, variável em gênero, número e aceita o sufixo -mente. Classificação morfológica – Adjetivo É a palavra que varia em gênero e encarregada de determinar a quantidade do substantivo a que se refere, ou seja, quantifica as pessoas, os objetos, as coisas ou o lugar. Exemplos: Os dois meninos foram ao cinema. Minhas três primas são gêmeas. As quatro estações do ano ocorrem em um dia. Classificação morfológica – Numeral A própria designação PRO-NOME aponta para a relação entre esta categoria gramatical e o nome. Lista fechada de formas. Flexionáveis em gênero e número acompanham o substantivo ou o substitui, definindo um limite de significação. Encontram a sua definição no discurso apontando para as pessoas, os seres vivos, os objetos ou o estado de coisas. Há vários tipos de pronomes: pessoais, possessivos, demonstrativos, interrogativos, relativos e indefinidos. Os pronomes vão ser substitutos ou representantes do nome (pronome substantivo). Como também acompanham como determinante do substantivo (pronomes adjetivos). Classificação morfológica – Pronome São denominados de pronomes pessoais aqueles que fazem a referência ou retomada em um enunciado a uma situação, ao momento de enunciação ou aos interlocutores. Os pronomes pessoais do caso reto são denominados também como pronomes substantivos, uma vez que os substituem. Ex.: Eu estou em aula, ele saiu. Os pronomes pessoais do caso oblíquo serão denominados como pronomes adjetivos, como os demais pronomes, uma vez que acompanham o substantivo. Ex.: As minhas meias, ele lava-as todos os dias. Pronomes pessoais Pessoa Função sintática Sujeito Objeto direto Objeto indireto Singular 1ª Eu Me Me, mim 2ª Tu Te Te, ti 3ª Ele/Ela O/A Lhe, (a) ele/ela Plural 1ª Nós Nos Nos, (a) nós 2ª Vós Vos Vos, (a) vós 3ª Eles/Elas Os/As Lhes, (a) eles/elas Os pronomes possessivos indicam a “posse” e derivam do genitivo do pronome pessoal – de mim = meu; de ti = teu etc. Pronomes possessivos podem funcionar com determinantes ou como substitutos. Pronomes possessivos Pessoa Um possuidor Vários possuidores Função sintática Objeto indireto Singular Pessoa Um possuidor Vários possuidores Função sintática Objeto indireto Singular 1ª o meu/a minha o nosso/a nossa Adjunto adnominal 2ª o teu/a tua o vosso/a vossa Adjunto adnominal 3ª o seu/a sua o seu/a sua Adjunto adnominal Plural Plural 1ª os meus/as minhas os nossos/as nossas Adjunto adnominal 2ª os teus/as tuas os vossos/as vossas Adjunto adnominal 3ª os seus/as suas os seus/as suas Adjunto adnominal Expressa o que é deduzível do contexto (algo que, antes, fora mencionado ou, ainda, vai ser mencionado). Identifica a pessoa, as coisas ou os estados de coisas. Equivale a um gesto, um sinal com as mãos ou os olhos etc. Pronomes demonstrativos Pronomes demonstrativos Variável InvariávelSingular Plural Masculino Feminino Masculino Feminino 1ª pessoa este esta estes estas isto 2ª pessoa esse essa esses essas isso 3ª pessoa aquele aquela aqueles aquelas aquilo São palavra que representam os nomes já referidos, com os quais estão relacionados (antecedente). Leve tantos ingressos quantos quiser. Sejamos gratos a Deus, a quem tudo devemos. Pronomes relativos Pronomes relativos InvariáveisVariável Masculino Feminino O qual Os quais A qual As quais Quem Cujo Cujos Cuja Cujas Que Quanto Quantos Quanta Quantas Onde Se referem a 3ª pessoa do discurso, usamos para designar algo vago, impreciso. Algo sicrano beltrano ninguém alguém outrem muito todo bastante vários nenhum pouco fulano nada tanto algum Ex.: Algo o incomoda. Alguns contentam-se com pouco. Pronomes indefinidos Como os indefinidos, referem-se a 3ª pessoa do discurso de modo impreciso. Que há? Quem foi? Qual será? Quantos vêm hoje? Que dia é hoje? Quantas irmãs você tem? Pronomes interrogativos Substantivo Adjetivo ArtigoNumeral Pronome *PCR Termos nominais São as palavras (ou a classe de palavras) que podem ser constituintes imediatos, ou seja, certas palavras ligam-se com mais facilidade dentro da frase, sugerindo a existência de uma estruturação interna intermediária entre as palavras e a frase/oração. Ex.: Essa blusa branca da Paula. Apesar de não ser uma oração, forma um grupo que “gira” em torno do termo “blusa”. Verifica-se, portanto, que existem certos níveis de associação que vão de um nível inferior, lexical, até chegar à própria frase/oração. Blusa. Blusa branca. Essa blusa branca. Essa blusa branca da Paula. Termos nominais Assinale a alternativa correta quanto ao que seja a morfossintaxe: a) A análise do léxico – proposições e orações. b) A análise do léxico (plano do conteúdo e da expressão) e análise sintática (qual função desempenham). c) A análise da sintaxe – qual é o sujeito e o predicado. d) A análise dos fonemas e morfemas. e) A análise das menores unidades da língua. Interatividade Assinale a alternativa correta quanto ao que seja a morfossintaxe: a) A análise do léxico – proposições e orações. b) A análise do léxico (plano do conteúdo e da expressão) e análise sintática (qual função desempenham). c) A análise da sintaxe – qual é o sujeito e o predicado. d) A análise dos fonemas e morfemas. e) A análise das menores unidades da língua. Resposta É o termo que exprime a ação, o estado, o fato ou o fenômeno. É a classe mais rica em flexões, pois se flexiona em: Número – singular ou plural; Pessoa – 1ª) Eu penso/nós pensamos; 2ª) Tu pensas/vós pensais; 3ª) Ele pensa/eles pensam; Tempo – Presente, passado (pretérito), futuro; Modo – Indicativo, subjuntivo e imperativo. Desinência número-pessoal: Fal-o; Fal-a-mos. Desinência modo-temporal: Fal-a-va; Fal-á-va-mos. Classificação morfológica – Verbo O modo indica a maneira como um fato se realizou: Indicativo – indica um fato certo, positivo; Imperativo – exprime uma ordem, uma proibição, um conselho, um pedido; Subjuntivo – indica um fato possível, duvidoso, hipotético. Modos do verbo Modo Indicativo Indicativo Pretérito Presente Futuro Imperfeito Mais que perfeito Perfeito Presente Pretérito É o modo da dúvida, ou seja, indica um fato possível, duvidoso, hipotético. Modo Subjuntivo Subjuntivo Imperfeito Presente Futuro Subjuntivo Presente Pretérito Imperfeito Futuro que eu viaje se eu viajasse quando eu viajar que tu viajes se tu viajasses quando tu viajares que ele viaje se ele viajasse quando ele viajar que nós viajemos se nós viajássemos quando nós viajarmos que vós viajeis se vós viajásseis quando vós viajardes que eles viajem se eles viajassem quando eles viajarem Exprime uma ordem, proibição, conselho, pedido. Não existe a primeira pessoa do singular (eu). Imperativo afirmativo: Imperativo negativo: para tu não pares tu pare você não pare você paremos nós não paremos nós parai vós não pareis vós parem vocês não parem vocês Na segunda pessoa (tu ou vós), usa-se o verbo conjugado nas segundas pessoas do singular e plural, respectivamente, pertencentes ao Presente do Indicativo, cortando-se a letra “s”. Para os pronomes você ou vocês, usa-se o verbo conjugado na terceira pessoa do Presente do Subjuntivo. Na primeira pessoa do plural (nós), usamos o verbo conjugado na primeira pessoa do plural do Modo Subjuntivo. Modo Imperativo São denominadas as formas nominais do verbo, àquelas que podem se comportar como verbos ou como nomes. Estas formas vão se apresentar ora como substantivos, ora como adjetivos, ora como advérbio. São as formas nominais: infinitivo, gerúndio e particípio. Formas nominais dos verbos Apresenta sentido genérico ou indefinido, não relacionado a nenhuma pessoa. Algumas vezes, pode ter o valor de substantivo. Ex.: Ele tem um falar horrível! É proibido colar cartazes neste muro. Eles não têm o direito de gritar assim. As meninas foram impedidas de participar do jogo. Infinitivo O gerúndio caracteriza-se pela terminação –ndo, que indica a continuidade de uma ação, não se flexiona, e pode exercer o papel de advérbio e de adjetivo. Ex.: A religiosa agradeceu chorando a oferenda dos fiéis. A florista recebeu sorrindo a gorjeta do cliente. Na esquina, havia mulheres protestando continuamente. No hospital, havia pacientes gritando absurdamente. Gerúndio Indica uma ação já finalizada ou relacionada com o passado, e caracteriza-se pela terminação -ADO e –IDO. Pode desempenhar a função de adjetivo. Ex.: Tinha fritado batatas para o jantar. Tenho aceitado todos os presentes com carinho. O particípio pode se mostrar com e sem o verbo auxiliar. Na forma sem o auxiliar, expressa uma ação concluída. Ex.: Diagnosticada a doença, o tratamento foi direcionado. Particípio É a classe que se articula ao verbo, ao adjetivo e ao próprio advérbio, além de não variar em gênero e número (como o adjetivo). Do ponto de vista morfológico, toda palavra que aceitar o sufixo “mente” passa a ser um advérbio. Exemplos: Todos pareciam bem. (adv.) Todos estavam bem cansados. (adv. + adj.) Todos chegaram bem mal. (adv. + adv.) Classificação morfológica – Advérbio De lugar: aqui, cá, lá, acolá, ali, aquém etc. De tempo: amanhã, hoje, depois, antes, agora, anteontem, ontem, sempre, nunca etc. De modo: bem, mal, assim, depressa, devagar, como, pior etc. De intensidade: muito, pouco, assaz, mais, menos, tão, bastante, demasiado etc. De afirmação: sim, deveras, certamente, realmente, efetivamente. De dúvida: acaso, porventura, possivelmente etc. Interrogativos: Onde? Quando? Por quê? Como? Classificação dos advérbios Termo invariável que liga um termo dependente a um termo principal, estabelecendo uma relação entre ambos. A, ante, após, com, contra, de, desde, em, entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás, entre outros. Preposição É o termo invariável que liga as orações ou os termos das orações; são elas: Aditivas – e, nem, mas também, mas ainda, como também, bem como; Adversativas – mas, porém, todavia, contudo, entretanto, senão, ao passo que, no entanto, não obstante; Alternativas – ou, ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer; Conclusivas – logo, portanto, por conseguinte, por isso, pois (posposto ao verbo); Explicativas – que, porque, porquanto, pois (anteposto ao verbo). Conjunção É o termo formado por uma preposição + substantivo. Podem exercer o papel de adjetivo ou advérbio. Ex.: Ela tem um coração de anjo. Com muito esforço, conseguiu a aprovação. Locução Assinale alternativa correta quanto ao conceito de modo verbal: a) Indica a posição da pessoa falante em relação ao tempo. b) Indica a posição da pessoa falante em relação ao interlocutor (eu, tu ou ele). c) Indica a posição da pessoa falante em relação ao gênero. d) Indica a posição da pessoa falante relação à ação verbal. e) Indica a posição da pessoa falante em relação ao número. Interatividade Assinale alternativa correta quanto ao conceito de modo verbal: a) Indica a posição da pessoa falante em relação ao tempo. b) Indica a posição da pessoa falante em relação ao interlocutor (eu, tu ou ele). c) Indica a posição da pessoa falante em relação ao gênero. d) Indica a posição da pessoa falante relação à ação verbal. e) Indica a posição da pessoa falante em relação ao número. Resposta Morfema é a unidade linguística mínima portadora de significado, que não se pode dividir em unidades mais pequenas sem passar ao nível fonológico, isto é, são as partes de uma palavra que possui significado ou a menor partícula significativa da língua. Quando analisamos uma palavra morfologicamente, podemos separar as partes desta palavra, os seus morfemas. Os morfemas que compõem a palavra são: RAIZ, RADICAL, DESINÊNCIA, VOGAL TEMÁTICA, TEMA e AFIXOS. O que é morfema? RAIZ – é o morfema que contém o núcleo significativo comum a uma família linguística, ou seja, é a partir da raiz ou do elemento básico da palavra que é comum a todas as palavras da mesma família, e que identificamos o seu significado. Por exemplo: política, polícia, cosmopolita. As palavras “erva” e “herbívoro” são da mesma família. Sabemos disso por causa da sua raiz em comum: herbae. Mesmo que o radical tenha sofrido alterações, identificamos a semelhança por meio do significado. Morfema RADICAL – quando funciona como o segmento lexical da palavra, geralmente, se repetindo em todas ou na maioria das palavras daquela família. Ex.: pedra, pedreira, pedregulho e empedrar, que possuem o mesmo radical pedr-. Morfema raiz e morfema radical DESINÊNCIA – serve para indicar as flexões da palavra, ou seja, as variações de gênero e número (nos nomes) e de pessoa, número, modo e tempo (nos verbos). Ex.: menina(s), menino(s) e cantar, cantaremos, cantarão, cantaria. VOGAL TEMÁTICA – caracteriza os nomes e verbos quando não são flexionados. No nome, a vogal temática nominal aparece quando não há a variação de gênero. Ex.: poeta, casa, corpo, livro, dente, ponte; quando no final da palavra temos as vogais A, E e O. Vogal temática verbal – nos verbos, indicam a conjugação que pertence. Na Língua Portuguesa, há três grupos de conjugações verbais, sendo a primeira conjugação constituída pela vogal temática -A; a segunda, pela vogal temática -E; a terceira, pela vogal temática -I. Morfemas – Desinência e vogal temática TEMA – quando juntamos o radical à vogal temática, formamos o tema da palavra. AFIXOS – quando uma palavra é formada por processo de derivação, ela recebe uma partícula a mais no início, no meio ou no fim dela. Essas partículas são chamadas de afixos e, dependendo do local onde se encontram na palavra, são denominadas diferentemente. Não fixos = prefixo + radical – des cobrir. sufixo + radical – flor eira. parassíntese = sufixo + radical + sufixo – em pobre cer. Morfema, tema e afixos Gramema, na terminologia de B. Pottier, é um morfema gramatical, por oposição aos morfemas lexicais ou lexemas. Um gramema possui um valor relativo a uma categoria gramatical, isto é, não possui sentido próprio e cria relação gramatical na frase (morfema gramatical). O gramema pode ser independente (artigos, preposições, certos advérbios) ou dependente (os diversos afixos: in-, -oso etc.). Ex.: o, para, de, com, ele. Não possui sentido fora da frase. O garoto vai para casa com ele. Gramema Determinantes: artigos, pronomes possessivos, demonstrativos, indefinidos em posição adjetiva, pronomes relativos. Exemplos: “o livro”; “minha blusa”; “aquele dia”; “nenhuma dúvida”; “garota cujo pai”. Quantificadores: numerais cardinais, alguns advérbios, como: “muito”, “pouco”, “demais”; alguns pronomes indefinidos (em posição adjetiva), como: “muito(s)/muita(s)”, “todo(s)/toda(s)”. Exemplos: “os dois parceiros”, “livro muito extenso”, “muito pouco provável”. Funções dos gramemas na relação morfossintática Relatores: preposições e conjunções que, apenas, fazem a relação entre as palavras e as orações. Exemplos: “Gritou até perder a voz”; “você e eu”. Preposições: a, ante, após, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, trás. Conjunções – coordenativas: e, nem, mas, porém, contudo, pois, logo, portanto etc.; e subordinativas: que, quando, porque, à medida que, se, embora etc. Auxiliares: deve empregar o auxiliar “ter” e “haver”: com o particípio regular do verbo principal (na voz passiva). Exemplo: Tenho estudado muito. Com o infinitivo do verbo principal antecedido da preposição “de”. Exemplo: Tenho de estudar hoje./Hei de vencer. Sempre deve empregar o auxiliar “ser”: com o particípio irregular do verbo principal (na voz passiva). Exemplo: Sua proposta foi aceita pelo grupo. Funções dos gramemas na relação morfossintática A análise morfossintática possibilita a análise dos planos morfológico, fonológico, sintático, podemos fazer a analogia entre os constituintes e os períodos compreendendo melhor as escolhas do autor e o sentido pretendido. Dessa forma, pode-se dizer que a seleção lexical centrada nos campos semântico (significado) e fono-mórfico-sintático, que relacionam as estruturas frasais selecionadas, levam à construção de sentido ou significado. Morfossintaxe Ao produzir um texto, o autor pode se valer de recursos fonológicos, morfossintáticos para a produção de sentido, criando o denominado recurso estilístico. “E como ficou chato ser moderno. Agora serei eterno. Eterno! Eterno! O Padre Eterno, a vida eterna, o fogo eterno. (Le silence éternel de ces espaces infinis m’effraie.) – O que é eterno, Yayá Lindinha? – Ingrato! é o amor que te tenho. Eternalidade eternite eternaltivamente eternuávamos eternissíssimo A cada instante, se criam novas categorias do eterno”. (ANDRADE, 1954). Morfossintaxe Drummond, em seu poema Eterno, materializa o potencial morfossemântico dos vocábulos portugueses, por meio do verso “Eternalidade eternite eternaltivamente/ eternuávamos/eternissíssimo”. Em que o radical etern- dá origem aos vocábulos: eternalidade, eternite, eternaltivamente. Eternalidade – substantivo abstrato derivado do adjetivo eternal, que, por sua vez, é derivado de eterno. Eternite – substantivo concreto (derivado do adjetivo eterno) designador de nomes médicos em que o –ite (suf. derivacional) significa inflamação (eternite seria uma doença – desejo de ser eterno). Eternaltivamente – eterno + altivo + mente – formação que dá margem a duas interpretações: a) Adjetivo + adjetivo + suf. adverbial = modo de ser simultaneamente eterno e altivo; b) Adjetivo + adjetivo + substantivo = mente. Morfossintaxe As criações do poeta (neologismos) vêm em socorro da expressão quando é preciso designar coisas novas. Observe-se que cada inovação morfológica responde a uma necessidade semântica, portanto, insere um novo vocábulo na língua, as criações linguísticas realizadas por poetas, cronistas, romancistas e pessoas comuns quando, por falta de repertório, criam palavras nos seus discursos, que acabam sendo incorporados nos usos da língua. Outro ponto importante é a íntima relação da morfologia com a sintaxe. Relação tão íntima que gerou o plano de análise (morfossintaxe). Nesse enfoque, há mecanismos de estruturação linguística que implicam a acomodação vocabular, quais sejam: concordância, regência e colocação. Morfossintaxe Assinale alternativa correta quanto à diferença entre a desinência e a vogal temática: a) A desinência caracteriza os nomes e a VT indica as flexões da palavra. b) A desinência aponta as flexões das palavras com a VT. c) A desinência indica as flexões da palavra, e a VT caracteriza os nomes e os verbos. d) A desinência aparece quando não há uma variação de gênero e a VT aparece na variação de gênero. e) A desinência e a VT possuem a mesma função. Interatividade Assinale alternativa correta quanto à diferença entre a desinência e a vogal temática: a) A desinência caracteriza os nomes e a VT indica as flexões da palavra. b) A desinência aponta as flexões das palavras com a VT. c) A desinência indica as flexões da palavra, e a VT caracteriza os nomes e os verbos. d) A desinência aparece quando não há uma variação de gênero e a VT aparece na variação de gênero. e) A desinência e a VT possuem a mesma função. Resposta ABREU, A. S. Gramática mínima para o domínio da língua padrão. Cotia: Ateliê Editorial, 2003. ALVES, I. M. Neologismo: criação lexical. 2. ed. São Paulo: Ática, 1994. ANDRADE, C. D. de. Eterno. In: Fazendeiro do ar. Rio de Janeiro: José Olympio, 1954. AZEREDO, J. C. Iniciação à sintaxe do português. 7. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. CHOMSKY, N. The minimalist program.Cambridge: The MIT Press, 1995. CUNHA, C.; CINTRA, L. F. L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 4. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2007. ECKERSLEY, C. E.; MACAULAY, M. Brighter grammar. London: Longmans, Green & Co. Ltda., 1955. FARACO, C. A. Estrangeirismos: guerras em torno da língua. São Paulo: Parábola, 2001. HENRIQUES, C. C. Morfologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Referências MARTINET, A. Conceitos fundamentais da Linguística. Lisboa: Presença, 1976. NEVES, M. H. M. A gramática: história, teoria e análise, ensino. São Paulo: Unesp, 2002. SAUTCHUK, I. 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