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UM MODELO DE TRABALHO PARA PENSAMENTO CRÍTICO NA SALA DE AULA DE LÍNGUA INGLESA 1 National Geographic Learning || 01 November 2019 || John HUGHES Em nosso artigo de outubro sobre Critical Thinking in ELT, meu coautor Paul Dummett sugeriu que o pensamento crítico no ensino de língua inglesa deveria envolver mais do que simplesmente identificar fato de informação errada ou a busca por textos que deem respaldo às evidências. Ao invés disso, argumentamos que o pensamento crítico é mais abrangente e deveria ser visto como uma “disposição crítica” (Davis and Barnett, 2015) ou como um pensamento questionador a respeito da aprendizagem. Para entender isso no contexto do ensino de língua inglesa, parece útil ver o pensamento crítico em termos de habilidades de pensamentos de ordem inferior e superior, de modo que possamos entender por completo o papel dessas habilidades em nosso planejamento de aula. Na Taxonomia de Bloom (Anderson and Krathwohl, 2001), o pensamento de ordem inferior inclui lembrar-se, entender e aplicar. Estes três processos são fundamentais no aprendizado de uma língua. Considere, por exemplo, como um estudante aprende uma nova palavra: ao lembrar-se, ao entender o que ela significa, e ao usá-la ou aplicá-la. Como professores de língua, nós devemos passar boa parte do tempo ajudando nossos estudantes a alcançar isso ‒ e de forma correta! Entretanto, nós também podemos nos perguntar se é possível desafiar os estudantes e estimulá-los a usar as habilidades de pensamento de ordem superior, dentre as quais (novamente, em referência à Taxonomia de Bloom) analisar, avaliar e criar. Em outras palavras, nós devemos estimular os estudantes a pensar tanto de forma crítica, como de forma criativa, de maneira que eles consigam engajar-se com a língua e, por fim, conseguir uma maior autonomia de aprendizagem. Paul e eu desenvolvemos o diagrama abaixo para mostrar a relação entre os pensamentos de ordem superior e inferior, e como a compreensão básica, o pensamento crítico e o pensamento criativo se interrelacionam na sala de aula. 1 Tradução: José Ricardo de Oliveira Cunha, para o CEPF. Original disponível em: https://www.modernenglishteacher.com/a-working-model-for-critical-thinking-in-the-elt-classroom Acesso em 15 mar. 2024. https://www.modernenglishteacher.com/a-working-model-for-critical-thinking-in-the-elt-classroom (Diagram from Dummett, P & Hughes, J. , 2019) Em primeiro lugar, vale a pena notar que nossa escala de pensamento de ordem inferior/superior está na horizontal. Muitas outras representações de níveis de pensamento a apresentam na vertical, mas isso pode sugerir que o pensamento de ordem inferior é, de certo modo, “inferior” ou é algo a ser completado antes que possamos pedir aos estudantes que utilizem pensamento de ordem superior. Isso não é verdade. O conhecimento e a compreensão são uma parte crucial do aprendizado e não são, de forma alguma, algo “inferior”. Além disso, o pensamento na sala de aula não é uma série de passos no qual procedemos de uma escala inferior para uma superior. Na realidade, uma aula de língua eficiente pode começar com uma atividade de pensamento criativo e, então, envolver algum trabalho de compreensão com um vídeo, seguido por uma discussão em aula e que envolva o pensamento crítico. Desta forma, o processo de pensamento é raramente linear (se é que o é alguma vez, claro). Nós também acreditamos que a abordagem do planejamento de aula com uma noção desse pensamento de ordem inferior/superior melhora a capacidade do professor de planejar tarefas de engajamento da língua em qualquer estágio da aula. Por exemplo, imagine que você iria começar uma aula com o tópico “Estágios na vida” com a imagem a seguir: Tipicamente, nós poderíamos começar perguntando aos estudantes o que eles veem e verificar as palavras-chave que tenham (por ex., mulheres, bengalas, banco, telefone celular, etc.). Entretanto, nós também poderíamos considerar quaisquer tipos de perguntas para ampliar o uso da imagem e encorajar os estudantes a pensar a respeito de diferentes maneiras. Aqui estão algumas perguntas que nós poderíamos fazer: Para Compreensão: ― Onde estão as mulheres? ― O que elas estão esperando? ― O que elas estão fazendo? Para o Pensamento Crítico: ― Você pode dar um título à foto? ― O que a foto nos diz a respeito de comunicação? ― Por que você acha que o fotógrafo tirou esta foto? Para o Pensamento Criativo: ― O que você acha que as duas mulheres mais velhas estão dizendo uma para a outra? ― O que você acha que a mulher mais jovem está digitando? ― Você consegue escrever uma pergunta para cada mulher? Como vocês podem ver, ao pensar desta maneira, o professor vai além das atividades de compreensão básicas que tipicamente preenchem muitas aulas e desenvolve lentamente as habilidades de pensamento de ordem superior dos estudantes. Estimular ambos, o pensamento crítico e o pensamento criativo, desta maneira é um processo lento que somente funciona se for uma parte constante de cada aula. Porém, parece mais razoável do que simplesmente tratar o pensamento crítico como algo separado. Referências: Anderson, L. and Krathwohl, D. (Eds.) (2001) A taxonomy for learning, teaching, and assessing: A revision of Bloom’s taxonomy of educational objectives. London, UK: Pearson. Davis M & Barnett R (2015) The Palgrave Handbook of Critical Thinking in Higher Education (pp1– 26) Basingstoke: Palgrave Macmillan Dummett, P & Hughes, J (2019) Critical thinking in ELT National Geographic Learning Hughes, J. (2015) ETpedia Pavilion ELT: Pavilion Publishing