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ACIDENTES E COMPLICAÇÕES EM EXODONTIA A melhor maneira de lidar é a prevenção. Planejamento é fundamental para evitar a ocorrência de complicações. Realize as cirurgias para as quais você está preparado. Reconheça seus limites. Prevenção de acidentes e complicações - Realizar o histórico médico adequadamente - Estar sempre em posse do exame imaginológico adequado - Realizar os princípios básicos adequadamente - Explicar corretamente ao paciente as recomendações pós-operatórias - Explicar medicações para o paciente (receituário) - prova Acidentes e complicações na exodontia ● Acidentes: intercorrências que acontecem durante a cirurgia. ● Complicações: após o ato operatório ou durante o pós-operatório. Principais causas: - Radiografias insuficientes ou distorcidas - Seleção da técnica cirúrgica - Planejamento cirúrgico pouco abrangente - Anatomia regional - Habilidade psicomotora - Uso inadequado do instrumento cirúrgico - Uso do instrumental cirúrgico inadequado Acidentes Cirúrgicos: - Fratura do dente a ser avulsionado - Fratura óssea - Hemorragia - Lesão a outros dentes - Lesão de troncos nervosos - Lesão de tecidos moles - Invasão em estruturas anatômicas circunvizinhas - Luxação da ATM - manobra de nelaton - Aspiração de corpo estranho - Fraturas do instrumental Dente cariado - oco Fórceps não é indicado - estoura o dente (coroa) FRATURA DO DENTE A SER AVULSIONADO Dependência de: - Fatores presentes no próprio dente - Uso inadequado do instrumental cirúrgico - Uso do instrumental cirúrgico inadequado Fraturas: Rebordo alveolar: ● Prevenção: osteotomia e odontossecção (planejamento) ● Terapêutica: fraturas ósseas de pequeno tamanho - sempre remover ● Fraturas ósseas de maior volume - se a saúde geral for favorável - tentativa de reincorporação (facilitar a recuperação funcional mastigatória - prótese) Tuber: ● Terapêutica: Osso não aderido ao periósteo: remover o fragmento agregado ao dente, após divulsão do tecido gengival que o recobre. Eliminar espículas. Sutura. Checar: comunicação oro antral. Osso aderido ao periósteo, fratura do túber “emgalho verde”: se o paciente for normorreativo, reincorporação + antibioticoterapia Tuberosidade com excessiva mobilidade e não puder ser dissecada do dente. Mandíbula: ● Terapêutica: Hemorragia intensa: arcada dentária inferior - hemostasia imediata com compressão, sobre intensa pressão, 10-12min no mínimo. ACIDENTES E COMPLICAÇÕES EM EXODONTIA Avaliar continuidade da exodontia: trauma, contaminação, retorno da hemorragia, desgaste emocional do profissional. Imobilizar a mandíbula. Redução e contenção da fratura até sua consolidação. (Paciente operado com placas e parafusos está estabilizado e se alimenta por canudo.) Hemorragia: Complicação e acidente - realizar compressão Transamin - atua no processo de coagulação Classificação: - Quanto ao vaso: capilar, arterial ou venosa. A hemorragia advinda de uma veia tem um fluxo contínuo, enquanto a originada de uma artéria está sujeita a pressão sistólica e é pulsátil. - Quanto a etapa cirúrgica em que ela ocorre: trans e pós-operatória. - Quanto ao momento de sua ocorrência no pós-operatório: mediata, imediata ou tardia. Sendo que a imediata tem início durante o ato cirúrgico e a mediata inicia-se algum tempo depois de finalizada a cirurgia. - Hemorragias trans-operatórias Hemorragia arterial - Pinçar a artéria e aguardar cerca de 10 minutos - Utilizar cera de abelha para osso - Cauterização, ligamento arterial Hemorragia Venosa - Tamponamento com gaze por 5 minutos - Esponja de fibrina absorvível (GelFoam) ou celulose oxidada regenerada (Surgicel) ou cera de abelha para osso (acelera o processo de coagulação) - Sutura oclusiva em massa (em caso de emergência, administrar 1 ampola de 5ml, mantendo por via oral 2cp, de 8/8 horas, durante 2 dias. Injeção por via EV (endovenosa) lenta, cerca de 1 ml/min - Hemorragias pós-operatórias - Normalmente venosa - Anestesiar e curetar, removendo todo o coágulo antigo - Proceder com os mesmos procedimentos da hemorragia trans-operatória ( artéria - jorra / veia - escorre) pós-operatório - mediata, imediata ou tardia imediata: inicia-se durante o ato cirúrgico; mediata: inicia-se algum tempo depois de finalizada a cirurgia. Escorrer sangue é normal, não pode encher a boca de sangue GRAVES - Infecção (abscesso) - sangramento Lesão a outros dentes: - Luxação de dentes vizinhos - Avulsão de dentes vizinhos ou em posição antagônica - Fratura de dentes vizinhos ou em posição antagônica (apoiar a alavanca entre dois dentes - estourar dente vizinho) Lesão de troncos nervosos: Esse acidente pode acometer os nervos: (palatino anterior, infra-orbitário, alveolar inferior, mentual e lingual) Seccionar o nervo - difícil de acontecer Parestesia: Complicação temporária ou permanente. Ocorre principalmente em extrações do 3MI ACIDENTES E COMPLICAÇÕES EM EXODONTIA Tratamento: Etna injetável (1 ampola uma vez ao dia durante 3 dias seguida de 1 ou 2 cp, de 8/8 h, durante 30 dias) / Laserterapia Lesão de tecidos moles: Conduta terapêutica: controlar a hemorragia. Recompor, por manobra de síntese, a estrutura anatômica lesada. ● Lacerações: Resultado da manipulação incorreta dos tecidos, do tipo e tamanho do retalho utilizado - Lacerações do retalho - suturar - Perfuração tecidual pelos instrumentos - não suturar - Perfuração tecidual pela broca - não suturar - Abrasão - não suturar ● Enfisema Acidente pela utilização de brocas - Acúmulo de ar entre as fáscias musculares - Raro - associado a instrumentos rotatórios - Pode persistir por até dois meses, porém, normalmente cede entre a 2 e 3 semana. Tratamento: antibioticoterapia COMPLICAÇÕES CIRÚRGICAS Resposta inflamatória primária exacerbada (dor e edema) Dor: medicação Edema: fazer compressa gelada e descanso Abscesso - pus no alvéolo (edema c/ pus) “normal” edema menor sem pus Equimose: Extravasamento sanguíneo dos vasos superficiais Difícil prevenção, mas não há grande morbidade associada. Certeza de que não há processo infeccioso - proceder com terapia com calor por no mínimo 48h. Alveolite: Inflamação associada ou não ao alvéolo. (há desintegração do coágulo sanguíneo, deixando o alvéolo vazio, recoberto por uma camada amarelo-acinzentada constituída por detritos e tecido necrótico) Sintomas - dor intensa, pulsátil (3 a 5 dias pós exodontia) e irradiada Alveolite seca: Terminações nervosas expostas - dor (não deve curetar) Perda do coágulo vazio com exposição óssea Odor e gosto desagradável Tratamento: Anestesia à distância, irrigação com água fenolada aquecida e curativo com Alveolsan ou Alveolex. Alveolite úmida: Presença de coágulo em desarranjo, alvéolo com corpos estranhos. Dor moderada e intensa além de odor e gosto desagradável. Tratamento: anestesia à distância, curetagem, preenchimento do alvéolo com sangue e sutura. Complicações Bucossinusais: Proximidade dos ápices de dentes superiores, como os dos pré-molares e molares; Movimentos inadequados, como apoios incorretos de alavancas durante exodontias, podem impulsionar um resíduo radicular de um 1MS, por exemplo, para dentro da cavidade. Etiologia das comunicações bucossinusais: Dentes inclusos em íntima relação com o seio maxilar; Fraturas de tábuas ósseas de dentes próximos ao seio maxilar também podem causar uma área de comunicação entre a cavidade bucal e sinusal; Curetagem de alvéolo após exodontia; Lesões causadas por projéteis de arma de fogo. ACIDENTES E COMPLICAÇÕES EM EXODONTIA Diagnóstico das comunicações bucossinusais: As comunicações são classificadas em: - Recentes ou imediatas - Tardias ou fístula Imediatas: acontecem acidentalmente durante o ato cirúrgico Tardias: anteriormente não diagnosticadas sofreram epitelização pelas células do epitélio da mucosa oral e sinusal - canal de comunicação entre a cavidade bucal e sinusal. Aspectosclínicos: Bordas lisas ou com área de hiperplasia - proveniente da proliferação de células da mucosa do seio maxilar; História clínica do paciente - exodontia recente, onde o alvéolo não tenha cicatrizado totalmente; Alguns casos - secreção purulenta + sintomatologia dolorosa. Pode ser feito por sondagem do alvéolo ou utilizando-se a manobra de Valsalva; Sondagem delicada com cureta de Lucas após a exodontia. Estado imunológico das comunicações bucossinusais. TC: mais indicado para avaliação dos seios da face - cortes axial e coronal (1,5 mm de espessura); Radiografias: diagnóstico difícil por superposição de imagem; Comum: incidência póstero-anterior de Waters e fronto-naso-placa (Caldwell). Panorâmica, oclusal, perfil de face e periapical também podem ser utilizadas. Imagem radiográfica do seio maxilar normal: área radiolúcida circunscrita por um contorno radiopaco correspondente às suas paredes ósseas. Às vezes pode-se verificar a projeção de ápices radiculares para dentro do seio maxilar. PA - WATERS DE SEIOS DA FACE (sem sinusite) Estudo imaginológico das comunicações bucosinusais: - A análise radiográfica do seio maxilar deve ser feita por comparação; analisa-se um lado e compara-se com o outro; - Sinusites: imagem radiopaca aumentada na cavidade sinusal alterada + velamento do seio maxilar; - Maior radiopacidade: pode ser conteúdo líquido na cavidade - sangue ou secreção purulenta - sinusite aguda. Sinusite aguda: Acompanhada de dor e de sensação de peso em região paranasal com alteração do olfato, ou cacosmia, às vezes odor fétido decorrente da presença de secreção purulenta. Sinusite crônica: espessamento da mucosa do seio, presença de pólipos antrais - são geralmente os responsáveis pela radiopacidade da cavidade sinusal. com sinusite ACIDENTES E COMPLICAÇÕES EM EXODONTIA TRATAMENTO: Baseado no tempo de existência da comunicação, dimensão, existência ou não de infecção. - Quando limita-se à região apical do dente sem fratura de tábuas ósseas - fechamento primário do alvéolo. - Comunicações tardias: tendem a sofrer epitelização - evoluem para fístula bucossinusal. - Ausência de infecção - avivamento das bordas epitelizadas, com ou sem rotações e deslizamentos de retalhos cirúrgicos para fechar a comunicação. - Presença de infecção - dor e drenagem de pus: apenas após a resolução do processo infeccioso é que se pode instituir o tratamento cirúrgico. Para esses casos o protocolo é: ● Inalações (vapor de água destilada associado a medicamentos à base de substâncias mucolíticas) ● Antibioticoterapia (grupo de penicilinas - amoxicilina) ● Descongestionantes nasais (usados para diminuir o edema da mucosa do seio facilitando a drenagem das secreções e impedindo a obliteração do óstio) ● Irrigação da cavidade sinusal (com auxílio de seringa de 20ml e agulha, através da própria comunicação, com soro fisiológico) TRATAMENTO COMUNICAÇÃO BUCO-SINUSAL Defeitos menores que 3mm - fechamento espontâneo Defeitos maiores que 3mm - necessidade de manobras cirúrgicas Tratamento - retalho de mucosa bucal (técnica mais simples / melhor pós-operatório) - Deixa área de tecido cruento - Limitado para pequenos defeitos - Diminuição do sulco gengivolabial Tratamento - retalho palatino (utilização em defeitos um pouco maiores / maior suprimento sanguíneo) Estrutura óssea do palato exposta - maior tempo de cicatrização (técnica mais difícil) Tratamento - uso do corpo adiposo bucal Pode ser utilizado em defeitos maiores (rápida epitelização da gordura / bom suprimento vascular) Pode ser utilizado uma única vez / possibilidade de lesão à parótida TRATAMENTO: ACIDENTES E COMPLICAÇÕES EM EXODONTIA Tratamento enxerto gengival palatino livre: Utilização em grandes áreas Insucesso devido à falta de vascularização - necrose / Necessidade de 2 sítios cirúrgicos Avivamento das bordas: Remoção da porção superficial que reveste a fístula, tornando-o cruenta e capaz de cicatrizar com o retalho realizado. Acesso cirúrgico: Acesso de Caldwell-Luc Incisão no fundo de vestíbulo bucal superior, em região de pré-molar e molar superior + descolamento mucoperiosteal Acesso à parede anterior do seio maxilar - trepanar com broca esférica - acesso à parte interna do seio maxilar. Irrigação e remoção do resíduo radicular. Cuidados específicos no pós-operatório de fechamento de comunicação buco-sinusal: - Não assoar o nariz; - Não realizar sucção; - Não fumar; - Quando necessário espirrar, fazê-lo de boca aberta, para evitar pressão nos seios maxilares.