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RELATÓRIO DE AULAS PRÁTICAS ENSINO DIGITAL RELATÓRIO DATA: ______/______/______ RELATÓRIO DE PRÁTICA Milena Pelicer Ribeiro 47010874 RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: Bioquímica Clínica DADOS DO(A) ALUNO(A): NOME: Milena Pelicer Ribeiro MATRÍCULA: 47010874 CURSO: Biomedicina POLO:UNIFAEL Machadinho RS PROFESSOR(A) ORIENTADOR(A): Claudeir Dias da Silva Junior ORIENTAÇÕES GERAIS: · O relatório deve ser elaborado individualmente e deve ser escrito de forma clara e · concisa; · O relatório deve conter apenas 01 (uma) lauda por tema; · Fonte: Arial ou Times New Roman (Normal e Justificado); · Tamanho: 12; Margens: Superior 3 cm; Inferior: 2 cm; Esquerda: 3 cm; Direita: 2 cm; · Espaçamento entre linhas: simples; · Título: Arial ou Times New Roman (Negrito e Centralizado). TEMA DE AULA: UREIA E CREATININA RELATÓRIO: 1. Explique o princípio bioquímico dos métodos utilizados para a dosagem de ureia e creatinina no sangue. Dosagem de Ureia A ureia é um produto final do metabolismo das proteínas, resultante da desaminação de aminoácidos no fígado, sendo excretada pelos rins. A dosagem de ureia no sangue pode ser realizada por métodos enzimáticos, que utilizam a enzima urease para converter a ureia em amônia e dióxido de carbono. Esta amônia liberada pode ser quantificada por métodos que envolvem a reação com o hipoclorito de sódio e fenol, formando um composto colorido, ou pela medição direta de amônia por eletrodos específicos. A intensidade da cor ou a concentração de amônia é proporcional à quantidade de ureia presente no sangue. Reação: Ureia+ água = 2 amônias + Dióxido de carbono (Urease) Dosagem de Creatinina Já a creatinina é um produto de degradação da creatina, sendo um composto de alta energia encontrado nos músculos. A dosagem de creatinina no sangue é geralmente realizada pelo método de Jaffé, baseado na reação da creatinina com o ácido pícrico em meio alcalino, formando um complexo de cor vermelha alaranjada. Esta intensidade da cor formada, é medida por espectrofotometria sendo proporcional à concentração de creatinina no sangue. Esse método, embora amplamente utilizado, pode sofrer interferências de outras substâncias presentes no sangue, como proteínas e glicose, o que pode afetar sua precisão. Reação: Creatina + Ácido Pícrico= (Alcalino) Complexo de cor vermelha alaranjada. Ambos os testes são rotineiramente utilizados para avaliar a função renal, uma vez que a ureia e a creatinina são filtrados pelos rins, e seus níveis sanguíneos aumentam em casos de insuficiência renal. 2. Quais são os valores de referência para ureia e creatinina no sangue e como os resultados fora desses intervalos podem ser interpretados clinicamente? Ureia: Valores de Referência: Adultos: 15 a 45 mg/dL (2,5 a 7,5 mmol/L) Crianças: 10 a 40 mg/dL (1,7 a 6,7 mmol/L) Níveis Elevados (Acima de 45 mg/dL): · Insuficiência Renal Aguda ou Crônica, diminuição da filtração glomerular. · Desidratação · Dietas ricas em proteínas, aumenta a produção de ureia. · Hemorragia gastrointestinal, sangue digerido aumenta a produção de ureia. · Uso de certos medicamentos (corticoides e tetraciclinas). Níveis Baixos (Abaixo de 15 mg/dL): · Doenças hepáticas graves, a síntese pode ser comprometida em casos de insuficiência hepática. · Desnutrição ou dietas pobres em proteínas. · Síndrome de secreção inadequada de hormônio antidiurético (SIADH), dilui a ureia no plasma. Creatinina: Valores de Referência: Homens adultos: 0,7 a 1,3 mg/dL (62 a 115 µmol/L) Mulheres adultas: 0,6 a 1,1 mg/dL (53 a 97 µmol/L) Crianças: 0,3 a 1,0 mg/dL (26 a 88 µmol/L) Níveis Elevados: · Insuficiência Renal Aguda ou Crônica, indica uma redução na taxa de filtração glomerular. · Rabdomiólise, lesões musculares liberam grandes quantidades de creatina no sangue. · Desidratação severa, aumenta a creatina no sangue. · Uso de certos medicamentos (aminoglicosídeos, AINEs e outros que afetem a função renal). Níveis Baixos: · Redução da massa muscular. · Gravidez, aumenta a taxa de filtração glomerular. · Dietas pobres em proteínas, reduzem a produção de creatinina. 3. Discuta os fatores que podem interferir nos resultados da dosagem de ureia e creatinina e como minimizar esses interferentes durante o procedimento. Fatores Interferentes na Dosagem de Ureia: · Alta ou baixa ingestão de proteínas, orientar o paciente a manter uma dieta estável. · Desidratação ou super-hidratação, garantir que o paciente esteja bem hidratado antes da coleta. · Corticoides, tetraciclinas e alguns antibióticos devem ser revisados antes do teste. · Doenças hepáticas devem ser consideradas em um contexto clinico. · Usar técnicas adequadas de coleta de sangue para evitar a hemólise. Fatores Interferentes na Dosagem de Creatinina · Índice de massa muscular, deve-se considerar a composição corporal do paciente para interpretar os resultados. · Ingestão de carne, orientar o paciente a evitar o consumo de carne antes da coleta. · Antibióticos, anti-inflamatórios não esteroides e cimetidina, devem ser revisados antes do teste. · Exercícios físicos intensos podem elevar os níveis de creatinina, recomendar que se evite exercícios 24 horas antes da coleta. · Reação de Jaffé, substâncias como glicose, acetoacetato, e proteínas podem interferir na reação, causando leituras falsamente elevadas ou baixas. 4. Como a dosagem de ureia e creatinina é utilizada para avaliar a função renal e quais são as limitações desses testes? A Ureia é uma substância produzida pelo metabolismo das proteínas, e seus níveis elevados podem indicar problemas renais ou desidratação, valores baixos podem indicar problemas hepáticos ou uma baixa ingestão de proteinases. A quantidade de ureia é afetada pela alimentação e hidratação, limitando sua precisão. Creatinina vem da degradação da creatina muscular e é um marcador mais específico da função renal. Níveis elevados indicam redução na taxa de filtração glomerular, sugerindo insuficiência renal. A creatinina é menos influenciada por fatores externos, mas pode ser afetada pela massa muscular e não detecta disfunções renais em estágios iniciais. Limitações do teste de Ureia: · Os níveis de ureia são fortemente influenciados pela ingestão proteica e pela função hepática, o que pode levar a interpretações errôneas se esses fatores não forem considerados. · A ureia é menos específica para a função renal comparada à creatinina, pois outras condições, como desidratação ou hemorragia gastrointestinal, podem aumentar os níveis de ureia sem haver disfunção renal. Limitação do teste de Creatinina: · Indivíduos com maior massa muscular tendem a ter níveis de creatinina mais altos, independentemente da função renal, enquanto aqueles com baixa massa muscular (como idosos ou desnutridos) podem ter níveis baixos de creatinina, mascarando a insuficiência renal. · A produção de creatinina varia entre indivíduos devido a diferenças em massa muscular, idade, sexo, e etnia, o que pode dificultar a interpretação dos resultados. · A creatinina sérica pode não se elevar até que a função renal esteja significativamente comprometida, limitando sua utilidade na detecção precoce de doenças renais. TEMA DE AULA: ÁCIDO ÚRICO E PROTEÍNAS TOTAIS RELATÓRIO: 1. Explique o princípio bioquímico dos métodos utilizados para a dosagem de ácido úrico no sangue. A dosagem de ácido úrico no sangue é um teste bioquímico utilizado para avaliar os níveis de ácido úrico, sendo um produto final do metabolismo das purinas. O princípio bioquímico que sustenta os métodos de dosagem de ácido úrico, geralmente, envolve reações enzimáticas que produzem um produto quantificável, que pode ser medido espectrofotometricamente. Método enzimático com uricase A uricase é uma enzima que catalisa a oxidação do ácido úrico em alantoína, peróxido de hidrogênio (H₂O₂) e dióxido de carbono (CO₂). O peróxido de hidrogênio gerado pode ser utilizado em uma segunda reação que envolve a peroxidase (POD), que catalisa a oxidação de um cromógeno(como a 4-aminoantipirina) em um composto colorido. A intensidade da cor produzida é proporcional à concentração de ácido úrico e pode ser medida por espectrofotometria a um comprimento de onda específico, geralmente em torno de 520 nm. Reação: Ácido úrico + O2 + H2O = Alantoína = CO2 = H2O2 Método colorimétrico com fosfotungstato Neste método, o ácido úrico reduz o fosfotungstato em um meio ácido, resultando na formação de tungstênio azul, um complexo colorido que pode ser medido espectrofotometricamente.A intensidade da cor azul é proporcional à concentração de ácido úrico no plasma e é medida em um comprimento de onda de aproximadamente 700 nm. Reação: Ácido úrico = Fosfotungstato = Tungstênio azul Método enzimático com uricase acoplado a eletrodo Este método utiliza uricase para oxidar o ácido úrico, similar ao método enzimático descrito anteriormente, mas, em vez de medir a produção de cor, o peróxido de hidrogênio produzido é detectado diretamente usando um eletrodo amperométrico sensível ao H₂O₂. A corrente gerada no eletrodo é proporcional à concentração de H₂O₂, que por sua vez é proporcional à quantidade de ácido úrico na amostra. 2. Quais são os valores de referência para ácido úrico e proteínas totais no sangue e como os resultados fora desses intervalos podem ser interpretados clinicamente? Ácido Úrico: Homens: 3,5 a 7,2 mg/dL (210 a 430 µmol/L) Mulheres: 2,6 a 6,0 mg/dL (155 a 360 µmol/L) Crianças: 2,0 a 5,5 mg/dL (120 a 330 µmol/L) Níveis elevados: · A hiperuricemia é um fator de risco significativo para a gota, uma forma de artrite caracterizada pela deposição de cristais de urato nas articulações. · Pode ser um indicativo de redução na função renal (doença renal crônica), já que os rins são responsáveis por excretar o ácido úrico. · Síndrome de lise tumoral, em pacientes com câncer, causa a destruição rápida de células tumorais pode liberar grandes quantidades de ácido úrico no sangue. · Dietas ricas em purinas, alimentos como carnes vermelhas e frutos do mar, podem aumentar os níveis de ácido úrico. · Uso de medicamentos como diuréticos e salicilatos. Níveis baixos: · A hipoalbuminemia associada à doença hepática pode reduzir a produção de ácido úrico. · Síndrome de Fanconi, é um distúrbio renal que causa perda de ácido úrico na urina. · Dietas muito pobres em proteínas podem resultar em níveis baixos de ácido úrico. · Uso de medicamentos, como alopurinol e uricosúricos. Proteínas Totais: Adultos: 6,4 a 8,3 g/dL (64 a 83 g/L) Crianças: 6,0 a 8,0 g/dL (60 a 80 g/L) Níveis elevados: · A perda de líquidos concentrada no sangue pode aumentar artificialmente os níveis de proteínas totais. · Doenças como artrite reumatoide e lúpus, devido à resposta inflamatória. · Condições como mieloma múltiplo, devido à produção excessiva de imunoglobulinas. Níveis baixos: · Condições como cirrose ou hepatite podem prejudicar a síntese de proteínas. · Doenças renais, como a síndrome nefrótica, que causa a perda de proteínas na urina, pode levar à hipoproteinemia. · Deficiência de proteínas na dieta ou distúrbios que afetam a absorção de nutrientes, como doença celíaca. · Hemodiluição ou sobrecarga de líquidos, pode diluir o sangue. 3. Discuta os fatores que podem interferir nos resultados da dosagem de ácido úrico e proteínas totais e como minimizar esses interferentes durante o procedimento. Fatores que interferem na dosagem de Ácido Úrico: · Recomenda-se que o paciente esteja em jejum de 4 a 8 horas antes da coleta para evitar a influência da ingestão alimentar imediata, evitar alimentos ricos em purinas. · Medicamentos diuréticos, como aspirina em doses baixas, ciclosporina e certos quimioterápicos podem elevar os níveis de ácido úrico. Por outro lado, medicamentos como alopurinol, uricosúricos e corticosteroides podem reduzi-los, o médico deve ser informado sobre todos os medicamentos que o paciente está tomando. · Desidratação pode concentrar o ácido úrico no sangue, resultando em níveis elevados, garanta que o paciente esteja adequadamente hidratado antes da coleta de sangue. · Exercícios intensos podem aumentar temporariamente os níveis de ácido úrico devido à maior produção de ácido lático, evitar atividades físicas intensas nas 24 horas anteriores à coleta de sangue. · Coletar o sangue cuidadosamente para evitar hemólise e processar as amostras rapidamente. Fatores que interferem na dosagem de Proteínas Totais: · A desnutrição ou dietas com baixa ingestão de proteínas podem reduzir os níveis de proteínas totais, avaliar o estado nutricional do paciente. · Doenças hepáticas e renais podem alterar significativamente os níveis de proteínas totais, considerar as condições clínicas do paciente. · A hemólise pode liberar proteínas intracelulares no plasma, resultando em falsos aumentos nos níveis de proteínas totais, a coleta deve ser feita cuidadosamente para evitar a hemólise. · A desidratação pode elevar artificialmente os níveis de proteínas totais, enquanto a sobrecarga de líquidos (hemodiluição) pode reduzi-los. · A posição do paciente durante a coleta de sangue (em pé versus deitado) pode influenciar a concentração de proteínas devido à redistribuição dos fluidos corporais, recomenda-se que a coleta seja feita com o paciente em posição supina (deitado) e após alguns minutos de repouso. · Erros durante a coleta, como o uso de tubos inadequados ou a demora na separação do soro, podem alterar os resultados. 4. Como a dosagem de ácido úrico e proteínas totais é utilizada para avaliar condições clínicas específicas e quais são as limitações desses testes? A determinação do ácido úrico e das proteínas totais no sangue são exames essenciais na prática clínica, que permitem avaliar diversas condições de saúde, amplamente utilizada na prática clínica para avaliar e monitorar diversas condições de saúde. Esses testes fornecem informações importantes sobre o estado metabólico, função renal, função hepática, e outras condições patológicas. No entanto, como qualquer teste, eles têm limitações e precisam ser interpretados em conjunto com outros achados clínicos e laboratoriais. Dosagem de Ácido Úrico · Gota: A dosagem de ácido úrico é essencial no diagnóstico e no monitoramento da gota, uma condição caracterizada pela deposição de cristais de urato nas articulações, resultando em inflamação e dor intensa. Níveis elevados de ácido úrico (hiperuricemia) são um fator de risco primário para o desenvolvimento de gota. Monitorar os níveis de ácido úrico ajuda a prevenir crises agudas e a controlar o tratamento com medicamentos, como alopurinol e uricosúricos. · Doença Renal Crônica: O ácido úrico é excretado principalmente pelos rins. Níveis elevados podem indicar comprometimento da função renal, sendo comum em pacientes com doença renal crônica. A dosagem de ácido úrico ajuda a avaliar a função renal e a ajustar o tratamento para evitar a progressão da doença renal e possíveis complicações, como a gota. · Síndrome Metabólica e Risco Cardiovascular: Hiperuricemia está associada à síndrome metabólica, que inclui fatores de risco como obesidade, hipertensão, dislipidemia e resistência à insulina. A dosagem de ácido úrico pode ser usada como um marcador adicional para avaliar o risco de doenças cardiovasculares, especialmente em pacientes com múltiplos fatores de risco. · Síndrome de Lise Tumoral: Em pacientes com câncer, especialmente aqueles que recebem quimioterapia, a destruição maciça de células tumorais pode levar a um aumento rápido dos níveis de ácido úrico, resultando em insuficiência renal aguda. Monitorar o ácido úrico nesses pacientes é crucial para prevenir a síndrome de lise tumoral e gerenciar suas complicações. Limitações do teste de Ácido Úrico: · Inespecificidade, níveis elevados de ácido úrico podem ocorrer em diversas condições, como dieta rica em purinas, desidratação, uso de medicamentos e outras doenças metabólicas, tornando o teste inespecífico. · Variabilidade diária, os níveis de ácido úrico podem flutuar ao longo do dia, especialmente após refeições. · Influênciade medicamentos que afetam os níveis de ácido úrico, o que pode dificultar a interpretação dos resultados sem um histórico medicamentoso detalhado. Dosagem de Proteínas Totais · Doenças Hepáticas: O fígado é responsável pela síntese da maioria das proteínas plasmáticas, incluindo albumina. Níveis baixos de proteínas totais, especialmente de albumina, podem indicar disfunção hepática, como na cirrose ou hepatite crônica. A dosagem de proteínas totais ajuda a avaliar a severidade da doença hepática e a monitorar o progresso do tratamento. · Síndrome Nefrótica: Na síndrome nefrótica, há perda excessiva de proteínas na urina, levando à hipoproteinemia. A dosagem de proteínas totais pode ajudar a diagnosticar e monitorar essa condição. Esse teste é essencial para avaliar a perda proteica e ajustar o manejo clínico, incluindo o uso de medicamentos e alterações dietéticas. · Desnutrição e Má Absorção: Níveis baixos de proteínas totais podem indicar desnutrição, especialmente em pacientes com ingestão inadequada de proteínas ou condições que afetam a absorção de nutrientes, como a doença celíaca. A dosagem de proteínas totais é usada para avaliar o estado nutricional e orientar a intervenção dietética e suplementação nutricional. · Gamopatias Monoclonais: Níveis elevados de proteínas totais podem ser um sinal de gamopatias monoclonais, como o mieloma múltiplo, onde há produção excessiva de imunoglobulinas anormais. A dosagem de proteínas totais, com a eletroforese de proteínas, é utilizada para diagnosticar essas condições e monitorar a resposta ao tratamento. Limitações do Teste de Proteínas Totais: · Incapacidade de diferenciar frações proteicas, este teste mede o total de proteínas no soro, mas não distingue entre as diferentes frações proteicas, como albumina e globulinas. · Hidratação, posição corporal durante a coleta, e condição geral do paciente (como febre ou inflamação) podem afetar os níveis de proteínas totais, levando a possíveis interpretações errôneas. · Inespecificidade, como com o ácido úrico, as proteínas totais são um marcador inespecífico. Níveis anormais requerem investigação adicional para determinar a causa subjacente. TEMA DE AULA: COLESTROL TOTAL E FRAÇÕES RELATÓRIO: 1. Explique o princípio bioquímico dos métodos utilizados para a dosagem de colesterol total e suas frações (HDL, LDL, VLDL) no sangue. A determinação da dosagem do colesterol total e suas frações (HDL, LDL e VLDL) no sangue é baseada em reações bioquímicas específicas que permitem determinar a quantidade de colesterol presente em diferentes formas lipoproteicas. São baseadas em reações enzimáticas que permitem a conversão do colesterol em produtos detectáveis, geralmente mediante uma alteração de cor através de espectrofotometrização. Enquanto o colesterol total e o HDL são geralmente medidos diretamente, o LDL e o VLDL podem ser estimados indiretamente, usando métodos diretos em casos específicos. Dosagem de Colesterol Total O colesterol total é medido através de uma série de reações enzimáticas. O método mais comum é o enzimático colorimétrico. Processo: · Hidrólise: O colesterol esterificado é convertido em colesterol livre pela enzima colesterol esterase. · Oxidação: O colesterol livre é então oxidado pela enzima colesterol oxidase para produzir colest-4-en-3-ona e peróxido de hidrogênio (H₂O₂). · Reação Cromogênica: O peróxido de hidrogênio gerado reage com um cromógeno (geralmente 4-aminoantipirina e fenol) na presença da enzima peroxidase, produzindo um composto colorido (quinonaimina). · Medição: A intensidade da cor gerada é medida espectrofotometricamente, e é diretamente proporcional à concentração de colesterol total no sangue. Dosagem de HDL (High-Density Lipoprotein) A dosagem de HDL é realizada após a separação das lipoproteínas por precipitação, seguida de uma medição enzimática similar à do colesterol total. Processo: · Precipitação das LDL e VLDL: Reagentes específicos, como polianions (ácido fosfotúngstico) em combinação com íons de magnésio, são adicionados à amostra para precipitar as LDL e VLDL. · Centrifugação: A amostra é centrifugada para remover o precipitado, deixando o HDL no sobrenadante. · Medição do Colesterol HDL: O sobrenadante é então submetido ao método enzimático descrito acima para medir o colesterol contido nas HDL. Dosagem de LDL (Low-Density Lipoprotein) A dosagem de LDL geralmente é calculada pela fórmula de Friedewald, mas também pode ser medida diretamente. Processo (Cálculo de Friedewald): · Fórmula de Friedewald: A LDL é calculada indiretamente usando a equação: LDL= Colesterol Total – HDL – Triglicerídeos/ 5 Isso assume que o VLDL é aproximadamente um quinto do valor dos triglicerídeos. · Medição Direta: Métodos diretos envolvem reagentes que bloqueiam a medição de HDL e VLDL, permitindo a medição específica do LDL utilizando métodos enzimáticos semelhantes aos descritos para o colesterol total. Dosagem de VLDL (Very Low-Density Lipoprotein) O VLDL é geralmente estimado indiretamente pela medição dos triglicerídeos. Processo: · Estimativa: Assume-se que o VLDL é aproximadamente 1/5 da concentração dos triglicerídeos, dado pela fórmula: VLDL= Triglicerídeos/5 · Importância: Esta relação é válida principalmente quando os níveis de triglicerídeos estão dentro de uma faixa normal (100-400 mg/dL). 2. Quais são os valores de referência para colesterol total e suas frações (HDL, LDL, VLDL) e como os resultados fora desses intervalos podem ser interpretados clinicamente? Colesterol Total Valor de Referência: · Menos de 200 mg/dL Interpretação Clínica: · Desirável: Menos de 200 mg/dL · Limítrofe alto: 200-239 mg/dL Valores elevados podem indicar um risco aumentado de doença cardiovascular (DCV). No entanto, o colesterol total sozinho não é um bom preditor de risco, sendo necessário considerar também as frações de colesterol. · Colesterol Total Elevado: Pode indicar risco aumentado de DCV, mas precisa ser avaliado junto com HDL, LDL e outros fatores de risco, como hipertensão, tabagismo e diabetes. Colesterol HDL Valores de Referência: · Homens: 40-60 mg/dL (idealmente, maior que 60 mg/dL) · Mulheres: 50-60 mg/dL (idealmente, maior que 60 mg/dL) Interpretação Clínica: · Baixo: Menos de 40 mg/dL em homens; menos de 50 mg/dL em mulheres · Alto (Proteção contra DCV): 60 mg/dL ou mais HDL é conhecido como "colesterol bom" porque níveis elevados estão associados a um menor risco de DCV, enquanto níveis baixos aumentam o risco. · HDL Baixo: Associado a maior risco de DCV. Pacientes com HDL baixo podem se beneficiar de intervenções para aumentar os níveis, como exercício físico regular e cessação do tabagismo. Colesterol LDL Valores de Referência: · Ótimo: Menos de 100 mg/dL · Quase ótimo/acima do ideal: 100-129 mg/dL · Limítrofe alto: 130-159 mg/dL · Alto: 160-189 mg/dL Interpretação Clínica: LDL é conhecido como "colesterol ruim". Níveis elevados de LDL estão fortemente associados ao risco de desenvolvimento de aterosclerose e DCV. Reduzir o LDL é uma das principais metas no tratamento para prevenir eventos cardiovasculares, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral. · LDL Elevado: Indicador de alto risco de DCV. Níveis muito altos podem justificar o uso de medicamentos hipolipemiantes (como estatinas) além de mudanças no estilo de vida. Colesterol VLDL Valor de Referência: · 2-30 mg/dL Interpretação Clínica: O VLDL é uma das principais fontes de triglicerídeos no sangue. Níveis elevados de VLDL estão associados a um aumento do risco de DCV e pancreatite, principalmente quando os níveis de triglicerídeos são elevados (acima de 400 mg/dL). · VLDL Elevado: Geralmente indica níveis altos de triglicerídeos, o que pode aumentar o risco de DCV e pancreatite. Pode ser tratado com mudanças na dieta, perda de peso e, em casos graves, medicação. 3. Discuta os fatores que podem interferir nos resultados da dosagem de colesterol total e suas frações e como minimizar esses interferentes durante o procedimento. A dosagem de colesterol total esuas frações pode ser influenciada por vários fatores que podem comprometer a precisão dos resultados. Esses fatores incluem variáveis pré-analíticas, como jejum inadequado, interferentes biológicos e uso de medicamentos, assim como aspectos técnicos relacionados ao procedimento laboratorial · Os níveis de triglicerídeos (e, consequentemente, VLDL) podem ser significativamente elevados após a ingestão de alimentos, o que pode influenciar a precisão da dosagem de LDL (especialmente se calculada pela fórmula de Friedewald) e do colesterol total. Recomendar um jejum de 9 a 12 horas antes da coleta da amostra. · Certos medicamentos podem alterar os níveis de colesterol. Por exemplo, estatinas reduzem o LDL, diuréticos tiazídicos podem aumentar os triglicerídeos e betabloqueadores podem diminuir o HDL. Revisar a lista de medicamentos do paciente antes do teste. Se possível, realizar o teste em um período em que o paciente não esteja sob influência de medicações conhecidas por alterar os lipídios, ou considerar esses fatores na interpretação dos resultados. · Doenças agudas, como infecções ou infarto do miocárdio, podem temporariamente alterar os níveis de colesterol. Condições crônicas como diabetes mellitus, síndrome nefrótica e doenças hepáticas também afetam os níveis de lipídios. Realizar a dosagem em um estado basal, quando possível, evitando momentos de doenças agudas. Em caso de condições crônicas, considerar a influência da patologia na interpretação dos resultados e, se necessário, repetir a dosagem em diferentes momentos para confirmar os achados. · Hemólise (ruptura das hemácias) durante a coleta pode aumentar falsamente os níveis de colesterol, enquanto o armazenamento inadequado da amostra pode causar degradação dos lipídios, levando a resultados falsamente baixos. Utilizar técnicas adequadas de coleta, evitando traumatismos na veia. Manter a amostra refrigerada se não for analisada imediatamente e realizar a análise o mais rápido possível. · Os níveis de colesterol podem variar naturalmente entre diferentes dias ou épocas do ano, devido a fatores como variações hormonais, estresse e dieta. Se um resultado fora dos valores de referência for detectado, repetir a dosagem em diferentes ocasiões para confirmar a tendência. Considerar o histórico do paciente e outras variáveis ao interpretar um único valor de colesterol. · Substâncias presentes no sangue, como bilirrubina elevada, hemoglobina livre (por hemólise) e lipemia (excesso de triglicerídeos), podem interferir nas reações enzimáticas usadas na dosagem de colesterol, levando a resultados incorretos. Utilizar métodos analíticos que minimizem a interferência dessas substâncias. Verificar a presença de interferentes visíveis, como hemólise ou lipemia, e, se necessário, tratar ou eliminar essas interferências antes da análise (por exemplo, usando ultracentrifugação para separar lipídios). · O consumo de álcool pode aumentar os níveis de triglicerídeos e VLDL. Dietas ricas em gorduras saturadas ou trans podem aumentar o LDL e colesterol total. Orientar o paciente a evitar o consumo de álcool e manter uma dieta equilibrada nos dias que antecedem a coleta. Informar ao laboratório sobre o histórico dietético recente se resultados inesperados forem obtidos. · Atividade física intensa pode aumentar temporariamente o HDL e diminuir o LDL, enquanto o estresse pode elevar os níveis de colesterol total. Recomendar que o paciente evite atividades físicas extenuantes nas 24 horas antes da coleta. Realizar a coleta em um ambiente calmo e assegurar que o paciente esteja relaxado. · Polimorfismos genéticos podem afetar os níveis de lipídios e a resposta aos tratamentos. Considerar a história familiar e, se necessário, realizar testes genéticos para entender melhor as causas de anomalias persistentes nos níveis de colesterol. 4. Como a dosagem de colesterol total e suas frações é utilizada para avaliar o risco cardiovascular e quais são as limitações desses testes? Avaliação do Risco Cardiovascular com Base nas Frações de Colesterol: Colesterol Total Embora o colesterol total forneça uma visão geral dos níveis lipídicos, ele não diferencia entre o colesterol "bom" (HDL) e o "ruim" (LDL). Portanto, sozinho, não é um preditor suficientemente específico de risco cardiovascular. · Interpretação: Valores elevados de colesterol total podem indicar um risco aumentado de DCV, mas é essencial considerar as frações de colesterol para uma avaliação mais precisa. HDL O HDL é considerado o "colesterol bom" porque ajuda a remover o colesterol das artérias e transportá-lo de volta ao fígado, onde é eliminado ou reutilizado. · Interpretação: Níveis altos de HDL estão associados a um menor risco de DCV, enquanto níveis baixos aumentam o risco. Estratégias para aumentar o HDL, como exercício físico e cessação do tabagismo, podem ser recomendadas para reduzir o risco cardiovascular. LDL O LDL é o principal transportador de colesterol no sangue e é conhecido como o "colesterol ruim" porque níveis elevados contribuem para o acúmulo de placas nas artérias (aterosclerose), levando a um maior risco de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral. · Interpretação: A redução dos níveis de LDL é uma meta central na prevenção e tratamento das DCV. Pacientes com alto risco cardiovascular ou com LDL elevado podem ser tratados com medicamentos, como estatinas, além de mudanças no estilo de vida. VLDL O VLDL transporta triglicerídeos no sangue e pode ser um preditor de risco quando elevado, particularmente em conjunto com níveis altos de triglicerídeos. · Interpretação: Níveis elevados de VLDL indicam um aumento no risco de DCV e podem também estar associados a um risco aumentado de pancreatite. A redução dos triglicerídeos, geralmente por meio de mudanças na dieta e, se necessário, medicamentos, é uma estratégia para mitigar esse risco. Índices e Fórmulas de Avaliação do Risco Cardiovascular: · Fórmula de Friedewald: Usada para calcular o LDL indiretamente, importante quando a dosagem direta não está disponível. · Índice Colesterol Total/HDL: Um indicador de risco, onde valores mais baixos sugerem menor risco cardiovascular. · Índice LDL/HDL: Outro índice de risco cardiovascular, onde um valor mais baixo indica menor risco. Limitações da Dosagem de Colesterol na Avaliação do Risco Cardiovascular: · Mesmo com níveis normais de colesterol, alguns pacientes podem ter risco cardiovascular elevado devido a outros fatores, como inflamação, genética ou estilo de vida. Isso é conhecido como risco residual. Exemplo: Pacientes com síndrome metabólica ou diabetes podem ter risco cardiovascular elevado, independentemente dos níveis de LDL. · A dosagem de colesterol não avalia diretamente outros fatores de risco cardiovascular, como pressão arterial, tabagismo, diabetes, inflamação (marcada por proteína C-reativa), e fatores genéticos. Limitação: Uma avaliação completa do risco cardiovascular deve incluir uma análise abrangente, incluindo esses fatores adicionais. · Os níveis de colesterol podem variar em resposta a fatores como dieta, estresse, atividade física e estado de saúde. Impacto: Pode haver variações significativas nos níveis de colesterol de um dia para outro ou em diferentes momentos do dia, levando a potenciais erros de interpretação. · A fórmula de Friedewald para calcular o LDL não é precisa quando os níveis de triglicerídeos estão muito elevados (acima de 400 mg/dL). Limitação: Nesses casos, a dosagem direta de LDL é preferível. · A lipoproteína(a), ou Lp(a), é uma variante do LDL e é um fator de risco independente para DCV. Ela não é rotineiramente medida na dosagem padrão de colesterol. Impacto: Pacientes com níveis elevados de Lp(a) podem ter risco cardiovascular elevado, mesmo com níveis normais de LDL e colesterol total. · Incorporar a dosagem de colesterol como parte de uma avaliação global que inclui fatores de risco tradicionais e marcadores emergentes, como proteína C-reativa ultrassensível (PCR-us), análise de genoma, e avaliação do escorede cálcio coronário. Repetição de Testes: Quando resultados anômalos são obtidos, repetir os testes em diferentes momentos para confirmar os valores. Testes Complementares: Em alguns casos, a avaliação do risco cardiovascular pode ser complementada com testes como o painel lipídico avançado, que inclui a medição de subfrações de LDL, HDL e VLDL, além da dosagem de apolipoproteínas. TEMA DE AULA: FERRO SÉRICO E GLICOSE RELATÓRIO: 1. Explique o princípio bioquímico dos métodos utilizados para a dosagem de ferro sérico no sangue. A determinação do nível de ferro sérico no sangue está relacionada à quantidade de ferro que está circulando, principalmente ligado à proteína transferrina. Há diversos métodos bioquímicos para a determinação dessa dosagem, mas o princípio geral envolve a liberação do ferro ligado às proteínas e a sua reação posterior com um corante, o que permite a sua quantificação por espectrofotometria. · Liberação do Ferro Ligado O ferro no soro está principalmente ligado à transferrina, uma proteína de transporte. Para quantificar o ferro total, é necessário primeiro dissociá-lo da transferrina. Isso pode ser feito através de agentes químicos como ácidos (por exemplo, ácido clorídrico) ou surfactantes que denaturam a proteína. · Redução do Ferro Após a liberação, o ferro está na forma férrica (Fe³⁺). Para a maioria dos métodos, o ferro férrico é reduzido à forma ferrosa (Fe²⁺), geralmente usando um agente redutor como o ácido ascórbico ou o hidroxilamina. · Formação de Complexo Colorido O ferro ferroso (Fe²⁺) reage então com um corante específico para formar um complexo colorido. Os corantes mais comumente usados são a ferrozina ou a 2,4,6-tri(2-piridil)-s-triazina (TPTZ). O complexo ferroso-ferrozina ou ferroso-TPTZ tem uma cor característica (geralmente púrpura ou azul), cuja intensidade é diretamente proporcional à concentração de ferro no soro. · Leitura Espectrofotométrica A intensidade da cor é então medida por espectrofotometria, em um comprimento de onda específico (geralmente 562 nm para ferrozina e 593 nm para TPTZ). A concentração de ferro no soro é determinada comparando-se a absorvância medida com uma curva padrão previamente estabelecida. · Especificidade: A especificidade do método é importante para evitar interferências de outros metais presentes no sangue, como o cobre. Reagentes adicionais ou ajustes de pH podem ser usados para garantir que o método seja específico para o ferro. · Controle de Qualidade: É fundamental o uso de controles e calibrações adequadas para assegurar a precisão e a exatidão da dosagem. 2. Quais são os valores de referência para ferro sérico e glicose no sangue e como os resultados fora desses intervalos podem ser interpretados clinicamente? Ferro Sérico Valores de Referência: · Homens: 65 a 176 µg/dL (microgramas por decilitro) · Mulheres: 50 a 170 µg/dL Interpretação Clínica: Níveis Baixos de Ferro Sérico: · Deficiência de ferro: A causa mais comum de níveis baixos de ferro sérico. Pode resultar em · Perda de sangue crônica: Sangramentos gastrointestinais, menstruações abundantes ou doações de sangue frequentes. · Doenças crônicas: Certas condições inflamatórias e doenças crônicas (por exemplo, doenças renais, câncer) podem diminuir os níveis de ferro sérico. Níveis Elevados de Ferro Sérico: · Hemocromatose: Uma condição genética que leva à absorção excessiva de ferro, podendo causar danos ao fígado, coração e outros órgãos. · Anemias hemolíticas:Onde a destruição aumentada de glóbulos vermelhos libera ferro para o sangue. · Supersaturação de ferro:Pode ocorrer devido à administração excessiva de ferro, seja por suplementos orais ou intravenosos. Glicose no Sangue Valores de Referência: · Glicose em jejum: 70 a 99 mg/dL (miligramas por decilitro) · Glicose pós-prandial (2 horas após refeição): Menos de 140 mg/dL Interpretação Clínica: Níveis Baixos de Glicose (Hipoglicemia): · Sintomas: Tremores, sudorese, confusão, visão turva, desmaios. · Causas: Jejum prolongado, uso excessivo de insulina ou medicamentos hipoglicemiantes, distúrbios endócrinos, consumo de álcool sem ingestão adequada de alimentos. Níveis Elevados de Glicose (Hiperglicemia): · Pré-diabetes: Glicose em jejum de 100 a 125 mg/dL ou glicose pós-prandial de 140 a 199 mg/dL. Indica um risco aumentado de desenvolvimento de diabetes tipo 2. · Diabetes Mellitus: Glicose em jejum ≥ 126 mg/dL ou glicose pós-prandial ≥ 200 mg/dL. Associado a sintomas como sede excessiva, poliúria, perda de peso e pode levar a complicações graves, como neuropatia, nefropatia e retinopatia. · Estresse ou infecção: Níveis elevados de glicose podem ser observados em resposta ao estresse físico ou infecções, mesmo em indivíduos sem diabetes. 3. Discuta os fatores que podem interferir nos resultados da dosagem de ferro sérico e glicose e como minimizar esses interferentes durante o procedimento. Interferentes na Dosagem de Ferro Sérico · A destruição dos glóbulos vermelhos durante a coleta ou manipulação da amostra pode liberar ferro intracelular, elevando artificialmente os níveis de ferro sérico. Evitar o uso de agulhas finas durante a coleta e manusear as amostras com cuidado para prevenir hemólise. · A ingestão recente de suplementos de ferro pode resultar em um aumento transitório dos níveis de ferro no sangue. Recomendar que o paciente evite tomar suplementos de ferro pelo menos 24 horas antes da coleta de sangue. · A inflamação pode alterar a distribuição do ferro no corpo, geralmente resultando em uma diminuição dos níveis de ferro sérico, independentemente do estoque total de ferro. Considerar testes adicionais, como a dosagem de ferritina e PCR (proteína C-reativa), para avaliar a presença de inflamação ou doença crônica. · Os níveis de ferro sérico podem variar ao longo do dia e são mais altos pela manhã. O estado de jejum também influencia os resultados. Coletar a amostra de sangue pela manhã e em jejum para reduzir variações diurnas e interferências alimentares. · Alguns medicamentos, como contraceptivos orais, antibióticos ou suplementos de ferro, podem interferir na dosagem. Revisar os medicamentos do paciente antes da coleta e, se possível, suspender temporariamente aqueles que podem interferir com o teste, sob orientação médica. Interferentes na Dosagem de Glicose no Sangue · Se o paciente não estiver em jejum apropriado (mínimo de 8 horas), os níveis de glicose podem ser elevados. Confirmar que o paciente cumpriu o período de jejum antes da coleta de sangue. · A glicose no sangue pode diminuir rapidamente após a coleta devido à glicólise, especialmente se a amostra não for processada rapidamente. Usar tubos com fluoreto de sódio (que inibe a glicólise) e processar a amostra o mais rápido possível. · Estresse agudo e exercício físico podem aumentar temporariamente os níveis de glicose no sangue. O paciente deve evitar esforço físico intenso e estresse emocional significativo antes da coleta de sangue. · A presença de substâncias como álcool, cafeína ou alguns medicamentos (como corticosteroides) pode alterar os níveis de glicose. Aconselhar o paciente a evitar o consumo de álcool e cafeína antes do teste e revisar o uso de medicamentos com potencial para interferência. · Variabilidade no hematócrito pode afetar a leitura dos níveis de glicose, particularmente em métodos de medição que dependem de dispositivos portáteis (glicosímetros). Para resultados laboratoriais, utilizar métodos de medição que corrijam automaticamente o hematócrito, ou, em dispositivos portáteis, estar ciente de potenciais discrepâncias em pacientes com hematócrito anormal. 4. Como a dosagem de ferro sérico e glicose é utilizada para avaliar condições clínicas específicas e quais são as limitações desses testes? Dosagem de Ferro Sérico] · Anemia Ferropriva A dosagem de ferro sérico, em conjunto com outros marcadores como ferritina, capacidade total de ligação do ferro (TIBC) e saturação de transferrina, é utilizada para diagnosticar anemia ferropriva. Baixos níveis de ferro sérico indicamdeficiência de ferro, que é a causa mais comum de anemia. Limitações: O ferro sérico sozinho não é suficiente para diagnosticar anemia ferropriva, pois pode ser influenciado por outros fatores como inflamação ou doenças crônicas. A ferritina, um marcador de reserva de ferro, é geralmente mais específica para avaliar o estoque de ferro no corpo. · Doenças Crônicas e Inflamatórias Níveis baixos de ferro sérico são comuns em doenças crônicas e inflamatórias, como artrite reumatoide e insuficiência renal crônica, devido ao "sequestro" de ferro pelos macrófagos. A dosagem de ferro sérico pode ajudar a diferenciar a anemia associada a doenças crônicas de outras causas. Limitações: A inflamação pode reduzir os níveis de ferro sérico independentemente do estoque total de ferro, dificultando a interpretação sem testes adicionais, como PCR e ferritina. · Sobrecarga de Ferro Níveis elevados de ferro sérico podem indicar condições como hemocromatose (uma doença genética que causa absorção excessiva de ferro) ou sobrecarga de ferro devido a transfusões frequentes. Isso pode levar a danos em órgãos como o fígado e o coração. Limitações: Resultados elevados de ferro sérico devem ser confirmados com testes adicionais, como a dosagem de ferritina e a biópsia hepática, para avaliar a gravidade da sobrecarga de ferro. Dosagem de Glicose no Sangue · Diagnóstico de Diabetes Mellitus A glicose em jejum e a glicose pós-prandial são utilizadas para diagnosticar diabetes mellitus e pré-diabetes. Níveis elevados indicam hiperglicemia, que é o principal marcador de diabetes. Limitações: Os níveis de glicose no sangue podem ser influenciados por fatores agudos como estresse, infecção ou medicamentos, o que pode resultar em diagnósticos falso-positivos ou falso-negativos. A hemoglobina glicada (HbA1c) é frequentemente usada como um teste complementar para avaliar o controle glicêmico a longo prazo. · Monitoramento do Diabetes A dosagem de glicose no sangue é fundamental para o monitoramento do controle glicêmico em pacientes com diabetes. Isso ajuda a ajustar a terapia com insulina ou medicamentos hipoglicemiantes. Limitações: A glicose sérica reflete apenas o estado glicêmico no momento da coleta, não fornecendo informações sobre flutuações ao longo do tempo. Além disso, fatores como alimentação recente ou exercício podem afetar os resultados. · Detecção de Hipoglicemia Níveis baixos de glicose no sangue podem indicar hipoglicemia, que pode ser causada por excesso de insulina, jejum prolongado ou distúrbios endócrinos. A dosagem de glicose é crucial para o diagnóstico e manejo da hipoglicemia. Limitações: A hipoglicemia pode ser episódica e não detectada em uma única amostra de sangue. Monitoramento contínuo de glicose (CGM) pode ser necessário para capturar episódios intermitentes de hipoglicemia. Limitações Gerais dos Testes · Variabilidade Biológica: Os níveis de ferro e glicose no sangue podem variar ao longo do dia e em resposta a fatores como dieta, estresse e exercício físico, o que pode impactar a precisão dos resultados. · Interferências Analíticas: Substâncias como hemólise, lipemia e icterícia podem interferir na leitura dos resultados laboratoriais, levando a resultados errôneos. · Contexto Clínico: A interpretação dos resultados depende fortemente do contexto clínico. Níveis normais de ferro ou glicose podem não excluir doenças subjacentes, enquanto níveis anormais requerem uma avaliação cuidadosa e, muitas vezes, testes adicionais para confirmar o diagnóstico. TEMA DE AULA: ASPARTATO TRANSAMINASE E ALANINA TRANSAMINASE RELATÓRIO: 1. Explique o princípio bioquímico dos métodos utilizados para a dosagem de AST e ALT no sangue. A presença das enzimas AST (Aspartato aminotransferase) e ALT (Alanina aminotransferase) no sangue é crucial para avaliar a função hepática, uma vez que níveis elevados dessas enzimas podem indicar danos ao fígado. Em ambos os métodos, a atividade das enzimas AST e ALT é medida indiretamente por uma ocorrência acoplada que envolve a oxidação do NADH, cuja absorção pode ser monitorada a 340 nm. A velocidade de absorção está diretamente relacionada à concentração da enzima presente na amostra, permitindo a determinação precisa de AST e ALT no sangue. Aspartato aminotransferase (AST) A AST é uma enzima responsável por promover a conversão do aspartato e do α-ceto glutarato em oxalacetato e glutamato. Essa ocorrência é dependente de piridoxal-fosfato (vitamina B6) como cofator. Princípio bioquímico do método de dosagem: · Reação enzimática: uma amostra de sangue (soro) é incubada com um substrato específico (geralmente aspartato e α-ceto glutarato) e piridoxal-fosfato. · Formação de oxalacetato: A AST apresenta no soro catalisa a transferência do grupo amino do aspartato para o α-ceto glutarato, formando oxalacetato e glutamato. · Detecção: O oxalacetato produzido é subsequentemente reduzido ao malato na presença de NADH, utilizando a enzima malato desidrogenase (MDH). A quantidade de NADH oxidado, que pode ser medida espectrofotometricamente pela diminuição da absorbância a 340 nm, é diretamente proporcional à atividade da AST na amostra. Alanina aminotransferase (ALT) A ALT é uma enzima que catalisa a conversão de alanina e α-cetoglutarato em piruvato e glutamato, também dependente de piridoxal-fosfato. Princípio bioquímico do método de dosagem: · Reação enzimática: Uma amostra de sangue é incubada com alanina, α-cetoglutarato e piridoxal-fosfato. · Formação de piruvato: A ALT catalisa a transferência do grupo amino da alanina para o α-cetoglutarato, formando piruvato e glutamato. · Detecção: O piruvato formado é então convertido em lactato pela lactato desidrogenase (LDH) na presença de NADH. Assim como na dosagem da AST, a diminuição da absorbância a 340 nm, devido à oxidação do NADH, é medida espectrofotometricamente e é proporcional à atividade da ALT na amostra. 2. Quais são os valores de referência para AST e ALT no sangue e como os resultados fora desses intervalos podem ser interpretados clinicamente? AST Valores de referência: · Homens: 8 a 40 U/L · Mulheres: 8 a 35 U/L ALT Valores de referência: · Homens: 10 a 55 U/L · Mulheres: 7 a 45 U/L Interpretação clínica: Níveis elevados de AST e ALT: · AST e ALT são frequentemente elevados em condições que causam danos ao fígado, como hepatite viral, hepatite hepática específica, hepatite causada por medicamentos (por exemplo, paracetamol) e esteatohepatite não eficaz. · Doenças como cirrose hepática ou hepatite crônica também podem elevar os níveis, mas geralmente em uma faixa mais moderada. · A AST, pode ser elevada em condições de dano muscular, como rabdomiólise ou após exercício intenso, já que essa enzima também é encontrada no musculo esquelético. · A AST pode aumentar após um ataque cardíaco, embora o uso desta enzima para diagnostico de infarto tenha sido substituído por marcadores mais específicos, como a troponina. Níveis baixos de AST e ALT: · Geralmente não tem significado clinico. Ocasionalmente, uma deficiência de vitamina B6 pode reduzir a atividade enzimática, mas isso raramente causa níveis perigosamente baixos. 3. Discuta os fatores que podem interferir nos resultados da dosagem de AST e ALT e como minimizar esses interferentes durante o procedimento. A interpretação correta dos níveis de AST e ALT requer uma análise cuidadosa dos possíveis interferentes. Para minimizar esses efeitos, é essencial seguir protocolos rigorosos de coleta, controle e processamento de amostras, além de considerar o histórico clínico completo e as condições individuais do paciente. Isso garante que os resultados obtidos sejam os mais precisos e representem. · AST, em particular, também é encontrado no músculo esquelético, coração e outros tecidos. Condições como exercício intenso, trauma muscular, rabdomiólise e infarto do miocárdio podem elevar os níveis de AST (e em menor grau, ALT), mesmo na ausência de doença hepática. Evite atividade física extenuante antes da coleta de sangue. · A ruptura dos glóbulosvermelhos durante a coleta de sangue pode liberar AST e, em menor medida, ALT, elevando os níveis detectados. Além disso, a hemoglobina liberada pode interferir na leitura espectrofotométrica. Realize a coleta de forma cuidadosa para evitar hemólise. · Condições inflamatórias sistêmicas ou sepse podem aumentar os níveis dessas enzimas. Considerar o estado clínico geral do paciente e as condições possíveis que possam influenciar os resultados. · Fármacos Hepatotóxicos como paracetamol, estatinas e alguns antibióticos podem causar aumento das enzimas hepáticas. Revisar a história medicamentosa completa do paciente, incluindo o uso de suplementos e fitoterápicos. · Suplementos e fitoterápicos como aqueles à base de ervas (por exemplo, Kava, efedra) ou grandes doses de vitamina A, podem causar toxicidade hepática e aumento das enzimas hepáticas. Monitore os níveis de AST e ALT em pacientes que utilizam medicamentos conhecidos por potencial hepatotoxicidade. · O tempo entre a coleta e o processamento da amostra pode depender da estabilidade das enzimas. A exposição prolongada da amostra a temperaturas expostas pode degradar as enzimas ou alterar os resultados. Processar as amostras o mais rapidamente possível após a coleta e armazenamento específico até o processamento. · A contaminação da amostra com anticoagulantes ou outros reagentes durante a coleta e os relacionados pode interferir nas respostas enzimáticas. Certifique-se de que os tubos de coleta e outros materiais contenham contaminantes que possam interferir no ensaio. · Sexo, idade, etnia podem influenciar os níveis basais de AST e ALT. Interpretar os resultados considerando a variabilidade biológica do paciente. · A deficiência de vitamina B6, necessária como cofator para as enzimas, pode resultar em níveis diminuídos de AST e ALT. Garantir uma avaliação completa do estado nutricional e suplementação, se necessário. · Embora não seja necessário restringir o jejuar para a dosagem de AST e ALT, algumas pessoas preferem realizar a coleta em jejum para evitar interferências de dietas ricas em proteínas ou gorduras. As enzimas hepáticas podem apresentar variações circadianas, sendo mais baixas pela manhã. Estabeleça um protocolo consistente para a coleta de amostras, de preferência no mesmo horário do dia e em condições de jejum, se recomendado pelo médico. 4. Como a dosagem de AST e ALT é utilizada para avaliar a função hepática e quais são as limitações desses testes? A dosagem de AST e ALT (é amplamente utilizada na prática clínica para avaliar a função hepática. Essas enzimas são importantes marcadores de integridade e lesão hepática devido à sua presença em altas concentrações no fígado. No entanto, há limitações que devem ser consideradas ao interpretar os resultados. Indicadores de Lesão Hepatocelular: · A ALT é mais específica para o fígado do que a AST, pois é encontrada em maior quantidade nas células hepáticas (hepatócitos). Níveis elevados de ALT são frequentemente indicativos de lesão hepática, como ocorre na hepatite viral, lesão induzida por medicamentos, e esteatohepatite não alcoólica. · Embora a AST também seja encontrada no fígado, ela é menos específica porque está presente em outros tecidos, como coração, músculos esqueléticos e rins. No entanto, a AST ainda é um marcador útil para lesão hepática, especialmente quando utilizada em conjunto com a ALT. Avaliação de Doenças Hepáticas Específicas: · Em hepatites agudas, a ALT geralmente é mais elevada que a AST, com elevações que podem ser várias vezes o limite superior normal. · Na hepatite alcoólica a relação AST/ALT (índice de De Ritis) é frequentemente maior que 2:1, com AST mais elevada que ALT, uma característica comum da hepatite alcoólica. · Em doenças como a esteatohepatite não alcoólica (NASH), tanto AST quanto ALT podem estar elevadas, embora em graus moderados. Monitoramento e Progressão de Doença: · A dosagem regular de AST e ALT pode ser usada para monitorar a resposta ao tratamento em pacientes com doenças hepáticas crônicas ou para detectar exacerbações agudas. Limitações dos Testes de AST e ALT: · Como a AST é encontrada em muitos outros tecidos além do fígado, níveis elevados podem refletir condições como infarto do miocárdio, rabdomiólise, ou outras lesões musculares, e não necessariamente lesão hepática. · Embora mais específica para o fígado, elevações leves de ALT podem ocorrer em doenças não hepáticas, como obesidade, diabetes, ou doenças metabólicas, limitando sua especificidade para patologias hepáticas. Limitações na Detecção de Lesões Hepáticas Crônicas: · Em condições hepáticas crônicas, como cirrose, os níveis de AST e ALT podem ser normais ou apenas ligeiramente elevados, mesmo na presença de doença hepática significativa. Isso ocorre porque, em casos avançados, há menos hepatócitos funcionais para liberar as enzimas na circulação. Sensibilidade a Fatores Externos: · Fatores como medicamentos, exercício físico, dieta, e condições pré-analíticas (ex. hemólise) podem alterar os níveis de AST e ALT, causando elevações que não refletem necessariamente a saúde do fígado. · Variações de níveis entre indivíduos e em diferentes momentos do dia podem dificultar a interpretação isolada dos resultados. Relação com o Grau de Lesão: · Nem sempre há uma correlação direta entre os níveis de AST e ALT e a gravidade da lesão hepática. Pequenas elevações podem ocorrer em lesões significativas, enquanto elevações muito altas podem ser transitórias e não associadas a danos hepáticos permanentes. image3.jpeg image4.jpeg image5.jpeg image6.jpeg image7.jpeg image8.jpeg image9.jpeg image2.jpeg image10.emf image1.png