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W
BA
01
34
_V
3.
0
COMUNICAÇÃO POPULAR E 
COMUNITÁRIA
2
Beatriz Helena Ramsthaler Figueiredo
Londrina
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
2024
Comunicação Popular e Comunitária
1ª edição
3
2024
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
Homepage: https://www.cogna.com.br/
Diretora Sr. de Pós-graduação & OPM
Silvia Rodrigues Cima Bizatto
Conselho Acadêmico
Alessandra Cristina Fahl
Ana Carolina Gulelmo Staut
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Camila Braga de Oliveira Higa
Giani Vendramel de Oliveira
Gislaine Denisale Ferreira
Henrique Salustiano Silva
Juliana Schiavetto Dauricio
Juliane Raniro Hehl
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Coordenador
Giani Vendramel de Oliveira
Revisor
Daniela de Queiroz Picchiai
Editorial
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Márcia Regina Silva
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ 
Figueiredo, Beatriz Helena Ramsthaler
Comunicação popular e comunitária/ Beatriz Helena 
Ramsthaler Figueiredo, – Londrina: Editora e Distribuidora 2024. 
Educacional S.A., 2024.
32 p.
ISBN 978-65-5903-569-4
1. Fundamentos. 2. Democratização. 3. Processo. I. 
 Título. 
CDD 321.8 
______________________________________________________________________________________ 
 Raquel Torres – CRB 8/10534
F475c 
© 2024 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer 
modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo 
de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e 
Distribuidora Educacional S.A.
https://www.cogna.com.br/
4
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina __________________________________ 05
Fundamentos Básicos da Comunicação _____________________ 07
Comunicação Popular e Comunitária em ambientes analógico e 
digital ________________________________________________________ 21
Participação. Meios de Comunicação. Democratização da 
Comunicação ________________________________________________ 35
A comunicação em rede e a democratização do acesso à 
informação __________________________________________________ 45
COMUNICAÇÃO POPULAR E COMUNITÁRIA
5
Apresentação da disciplina
Nesta disciplina, vamos mergulhar nos estudos que compreendem a 
comunicação popular e comunitária. Trata-se de um universo repleto de 
possibilidades e que nos leva a uma experiência de reflexão e prática no 
exercício do pensamento crítico. 
Este estudo está orientado por questões sociais fundamentais pautadas 
pela democratização do acesso à comunicação, criando mecanismos, 
dispositivos e práticas de comunicação que garantem a liberdade de 
expressão e a construção de espaços de diálogos entre sujeitos sociais e 
a própria comunidade. 
A comunicação popular e a comunicação estão sempre em um campo 
de disputas porque em uma sociedade mediada pelo discurso, detém 
o poder quem detém os meios de promoção e produção de conteúdo 
midiático. Criar projetos de comunicação que pretendam amplificar 
e dar voz a grupos sociais historicamente silenciados é prática de 
resistência socialmente engajada porque possibilita que coloquemos as 
vozes menos favorecidas em espaços de poder. 
Projetos de comunicação popular e comunitária podem ser 
desenvolvidos com os mais variados fins, mas têm em comum o 
objetivo de atender a uma demanda de determinado grupo ou espaço 
social. Podem ser criados para diversos tipos de suportes, sejam eles 
analógicos ou digitais, e seu alcance depende do meio de comunicação 
escolhido e dos objetivos pretendidos pelo projeto.
6
É um universo sedutor de estudos porque amplia o campo de trabalho 
do profissional e possibilita a autonomia necessária para criação de 
projetos independentes e que podem vir a ter grande impacto social. 
Aproveite as aprendizagens! 
7
Fundamentos Básicos da 
Comunicação
Autoria: Beatriz Helena Ramsthaler Figueiredo
Leitura crítica: Daniela Picchiai 
Objetivos
• Compreender os mecanismos sociais que orientam 
as práticas de comunicação.
• Refletir sobre o poder da comunicação em âmbito 
social e político.
• Analisar as características básicas do fazer 
comunicacional.
8
1. Fundamentos da comunicação humana
Em um mundo mergulhado em rede, em que todos temos voz ativa 
diante dos novos processos de comunicação, é fato que esta pauta se 
torna urgente e relevante.
A comunicação é assunto atemporal, mas que se modifica com a 
agilidade do mundo contemporâneo. A vida, depois do advento da 
internet e da rápida evolução tecnológica, se modifica a cada dia. 
Depois da popularização da I.A. (inteligência artificial), a velocidade das 
mudanças ficou ainda mais intensa. Tudo muda o tempo todo. E nós, 
como lidamos com isso? 
Sob o âmbito profissional, a atualização passa a ser pauta de extrema 
necessidade. O mundo de ontem não é mais o mundo de hoje. Estar 
atento aos processos de mudanças no campo comunicacional é tarefa 
imprescindível ao profissional que pretenda exercer uma atividade na 
área. 
Comunicação é política e é poder. Detém o controle de uma sociedade 
quem souber se comunicar com ela. Comunicação é um campo de 
disputas. Qual é o discurso hegemônico que controla a sociedade 
contemporânea? Quais são os discursos na contramão do sistema? 
Como dar voz aos invisibilizados e marginalizados? Como disputar 
o espaço de poder com a elite econômica brasileira? Questione-se o 
tempo todo. O nosso campo de estudos reside na inquietação.
Quem detém o conhecimento sobre o campo da comunicação, detém o 
poder diante de um ou mais grupos sociais. A comunicação é matéria-
prima na relação social. Estamos diariamente inundados de textos 
comunicacionais que têm por objetivo mediar, controlar, incitar, 
provocar respostas de comportamento, informar, entreter; enfim, gerir o 
campo das relações sociais das sociedades contemporâneas.
9
A comunicação popular ou comunitária é uma resposta social diante 
das relações comunicacionais que por anos foram mediadas apenas por 
grandes empresas (como os principais canais de televisão ou jornais e 
revistas impressos).
Comunicação comunitária, como o próprio nome diz, é um espaço 
de conquista de dada comunidade que garante autonomia e poder 
a determinado grupo social diante de pautas que se mostram 
urgentes, sejam elas no campo político, social, cultural, de saúde ou de 
entretenimento. Comunicação comunitária é poder.
Dar acesso à informação de forma responsável e consciente é papel 
importante da comunicação, mas não esqueçamos que o acesso à 
informação não significa, necessariamente, que esta informação será 
compreendida. Há muitas variáveis para que alcancemos o objetivo de 
comunicar. 
2. Conceito de comunicação
O campo da comunicação é extenso e abarca questões dos estudos 
sociais e políticos, tornando-se um conteúdo transversal que abraça 
conhecimentos da psicologia social, da filosofia, dos estudos da 
linguagem, do marketing e dos mais novos e avançados estudos de 
mídia e tecnologia. 
Falar de comunicação é “abraçar o mundo” com o intuito de 
compreendê-lo e de transformar esse conhecimento adquirido em 
potência geradora de controle, manutenção ou transformação social. 
Para nos aventurarmos nesta viagem é preciso que comecemos a 
pensar no que compreende efetivamente o ato de se comunicar. 
Ora, eu me comunico quando digo alguma coisa para alguém. Mas 
10
será que a comunicação se dá apenas pela fala? Comunicamo-nos o 
tempo todo e por várias e inúmeras maneiras, porém devemos pensar 
cuidadosamente nesse processo para melhor entendê-lo.
Os estudos que tratam dos processos comunicacionais no decorrer da 
história são abarcados pelo campo das teorias da comunicação. Estas 
teoriasanalisam a área da comunicação social sob várias óticas. As 
teorias mais conhecidas são a teoria hipodérmica, a teoria funcionalista, 
a teoria culturológica e a teoria crítica e os estudos culturais. Também 
podemos falar das escolas. Nos estudos da teoria da comunicação 
encontraremos a Escola de Chicago, a Escola de Palo Alto, a Escola 
Canadense, a Escola Francesa, a Escola Alemã e a Escola Inglesa. Há 
ainda uma linha de estudos da teoria da comunicação em âmbito 
nacional. A corrente chamada de folkcomunicação foi pautada pelo 
teórico Luiz Beltrão de Andrade Lima, durante a década de 1960.
A teoria mais simples que pretende explicar o processo comunicativo 
diz que temos, em qualquer situação de comunicação, pelo menos 
um emissor, um receptor e uma mensagem (Figura 1). O emissor seria 
aquele que emite a mensagem. O receptor seria aquele que recebe a 
mensagem. A mensagem seria o conteúdo emitido, o texto pronunciado, 
aquilo que é dito. Porém, esse processo compreende também outras 
variáveis. É preciso levar em conta a existência de ruídos, que são mais 
do que simplesmente sons que atrapalham o processo de comunicação. 
11
Figura 1 – A comunicação pressupõe pelo menos um 
emissor e um receptor
Fonte: Shutterstock.com.
A mensagem é construída a partir de um determinado código que 
poderia ser definido como um conjunto de sinais organizados segundo 
um padrão preestabelecido. Este documento que você agora lê é um 
suporte de comunicação organizado a partir de um código comum ao 
autor e ao leitor. É por isso que ao ler este documento você consegue 
compreender o que lê. Se em vez da língua portuguesa este documento 
tivesse sido publicado em russo, talvez você tivesse dificuldade para 
compreender o que está escrito. Teríamos então um ruído gravíssimo 
em nosso processo de comunicação.
Há mais um elemento para construirmos esta leitura, ainda básica, 
do processo de comunicação. É o que chamamos de “canal de 
comunicação”. Como esta comunicação se dá? É uma comunicação 
direta, ou seja, entre duas pessoas que se encontram frente a frente? Ou 
é uma comunicação que se dá por meio de telefone, internet, televisão, 
texto impresso ou por uma emissora de rádio? Estes são canais de 
12
comunicação. É o suporte em que a comunicação se efetiva. Cada meio 
de comunicação tem características próprias que também devem ser 
entendidas para que possamos potencializar o processo comunicacional.
Outro elemento a se levar em conta é a compreensão do repertório 
de quem emite e de quem recebe a mensagem. Iniciamos a nossa 
disciplina dizendo que hoje somos vozes ativas, ou seja, não estamos 
passivamente aguardando o texto que desejam que consumamos, sem 
que queiramos interagir com a informação que recebemos. 
Você já ouviu falar do termo “comunicação de massa”, não é? O que 
seria esse conceito? Você já pensou a esse respeito? Inicialmente, 
quando criado no início do século XX, esse conceito pretendia abordar 
a ideia de uma comunicação advinda do rádio, da televisão e do cinema 
(os chamados novos meios de comunicação) que poderiam alcançar um 
público maior do que a minoria alfabetizada. Apesar de aparentemente 
ser similar ao uso que fazemos do conceito atualmente, ele já não tem 
a mesma carga de significação histórica, em razão de novos tipos de 
suporte (como a internet) que criaram uma relação de comunicação, 
menos hierárquica e mais horizontal. 
Outra questão a se pensar em relação à importância desse tema 
diz respeito à influência do campo da comunicação em nosso 
comportamento. A comunicação pode ditar regras, moda ou nos 
influenciar diante de escolhas. Mas onde essa história começa?
É preciso que tenhamos em mente que são inerentes ao homem a 
capacidade e a necessidade de comunicação. Desde a pré-história o 
homem não só criou sistemas próprios de comunicação como também 
deixou registros que se tornaram documentos para a humanidade. Eles 
pintaram paredes de cavernas e rochas, imprimindo marcas e símbolos 
que continham certa intenção narrativa.
13
O processo de comunicação humana foi evoluindo conforme 
o desenvolvimento das sociedades e atingiu o ápice com o 
desenvolvimento da prensa (1455), que possibilitou a reprodução de 
textos e o desenvolvimento da própria história da comunicação e, dentro 
desse escopo, a própria história da informação e da imprensa. Porém, 
foi com o desenvolvimento tecnológico que se possibilitou criar, ainda 
no contexto global, suportes como o rádio (1900) e posteriormente a 
televisão (1924). Durante o desenvolvimento das sociedades, outras 
tecnologias vão, aos poucos, transformando a nossa relação com esses 
meios. Com o advento da internet, que se popularizou a partir do final 
do século XX, tornamo-nos ainda mais autônomos e, nesse processo, 
fomos capacitados para a interação. Isso fez com que aquela antiga 
fórmula que afirma que o processo de comunicação se dá a partir 
de emissor se tornasse ainda mais complexa. Hoje dizemos que o 
protagonismo não está mais no emissor, mas no receptor da mensagem, 
e devemos estar atentos a um novo processo que se naturaliza nessa 
relação: o feedback (retorno) gerado pelo receptor da mensagem que 
se dá, cada vez mais, de forma imediata e instantânea. Atualmente, o 
desenvolvimento da I.A. (inteligência artificial) nos possibilita entrar em 
mundo ainda mais potente. A comunicação começa a deixar as telas e 
ganha as coisas. A internet das coisas é uma realidade.
3. Filosofia da linguagem
Diante desta introdução, vale dizer que se tornam também 
fundamentais os estudos que envolvem a linguagem, afinal a linguagem 
é o instrumento principal de qualquer processo de comunicação 
humana.
Há diversos caminhos acadêmicos para nos aprofundarmos no campo 
da linguagem, porém, dentro da proposta de estudos aqui apresentada, 
14
algumas de nossas possibilidades são abraçadas pelo campo de estudos 
da filosofia da linguagem.
Podemos considerar que os estudos da filosofia da linguagem surgiram 
ainda na Grécia Antiga, com Platão e Aristóteles. Este campo é apontado 
por muitos pesquisadores modernos como um dos principais para a 
compreensão dos fenômenos filosóficos porque compreende o estudo 
da linguagem, que seria a expressão ou forma que damos às ideias e 
crenças.
Quando pensamos em linguagem, falamos da relação entre seres vivos 
e, especificamente, da nossa relação enquanto seres humanos. É a 
linguagem um suporte de comunicação básico para que as relações 
humanas possam acontecer.
O ser humano, aliás, é considerado o ser vivo que desenvolveu os 
mais complexos códigos de comunicação. Estes códigos fazem parte 
justamente do estudo da linguagem. É preciso reforçar que existe mais 
de um tipo de linguagem e não apenas a verbal (oral ou textual). O texto 
é apenas um dos suportes da linguagem. 
Há interessantes discussões acerca dos estudos da linguagem no campo 
da comunicação televisiva. A televisão se utiliza de linguagem verbal, 
porém são fortes o apelo e as estratégias de uso de linguagem não 
verbal, uma vez que o meio audiovisual potencializa o uso do corpo 
como instrumento de comunicação para além da fala. Na televisão, tudo 
no corpo comunica. 
Podemos falar de linguagem não verbal (visual) porque os símbolos e 
as imagens também comunicam (Figura 2). Você já pensou no quanto 
os símbolos exprimem textos que geram em nós a compreensão da 
mensagem? Um semáforo vermelho nos diz “pare” sem precisar falar 
ou escrever em letras de forma, uma placa de trânsito nos fala o que 
15
devemos, podemos ou não podemos fazer diante dela, e placa não fala, 
mas sinaliza, simboliza o texto que é aprendido a partir do repertório 
adquirido. 
Figura 2 – Comunicação não verbal: quando você vê esta placa, sabe 
o que ela indica sem precisar do texto verbal para explicá-la, não é?
Fonte: Shutterstock.com. 
Podemos falar, ainda, quando o assunto é linguagem não verbal, 
daquilo que convencionamos chamar de linguagem corporal, afinal, 
nosso corpo comunica. Em contato com o ambienteemitimos uma série 
de informações que o transformam, porém somos também o tempo 
todo transformados por ele, pois recebemos informações do ambiente 
externo que influem na percepção deste corpo no espaço em uma 
relação tensionada entre corpo e ambiente.
16
Diante disso, fica claro que não nos interessa simplesmente o significado 
literal de determinado grupo de palavras. Para essa compreensão, 
temos os dicionários.
O que interessa para o campo da filosofia da linguagem é, por exemplo, 
o significado que uma palavra adquire em determinados contextos. 
O estudo da filosofia nos leva a um olhar que torna mais complexa a 
relação entre palavra e significado. É preciso compreender qual a carga 
de significações de determinada palavra em cada grupo social que a 
expressa. Essa variação de significação não acontece apenas de um 
grupo para o outro, mas também de um território para outro, de uma 
cultura para outra, enfim, há palavras que ganham carga de significação 
diferente daquela que pode ser exprimida na compreensão de um 
termo consultado em qualquer dicionário.
Diante do exposto, torna-se ainda mais complexo o estudo do campo 
da comunicação comunitária. É preciso que saibamos fazer escolhas 
a partir de um repertório de informações necessárias. Não é apenas 
a necessidade de comunicação que envolve um processo como este. 
É preciso que consigamos enxergar todas as variáveis do processo 
comunicacional para que possamos posteriormente potencializar a 
capacidade comunicacional de nossos projetos de comunicação popular 
e comunitária.
Quanto mais aprofundarmos o olhar para o campo dos estudos da 
comunicação, maiores se tornam as chances de potencializarmos o 
nosso projeto de comunicação comunitária. 
Saber e compreender o poder da comunicação midiática, que em 
processos de repetição e imitação formam, moldam e mediam as 
relações sociais, torna o pesquisador autônomo e emancipado.
17
Há um elemento social preponderante para entendermos a relação com 
os meios de comunicação em nosso país. Foi-nos ensinada, por décadas, 
uma relação de confiança com os meios. Quanto maior a influência 
do veículo de comunicação, maior é a nossa relação de subordinação 
àquela verdade aparente.
Vale destacar mais dois conceitos: o conceito de meio de comunicação e 
o conceito de veículo de comunicação. Você percebe diferenças? Meio de 
comunicação é o tipo de suporte ou canal (por exemplo, televisão, rádio, 
internet). Já o veículo de comunicação é a empresa, grupo ou instituição 
que veicula a informação ou mensagem comunicacional (por exemplo, 
no meio televisivo, podemos citar os veículos Globo, SBT, Record, 
Bandeirantes etc.).
Diante da reflexão acerca desta relação de dependência que os 
veículos de comunicação despertam em nós, torna-se possível também 
percebermos que a comunicação, dentro de nosso contexto cultural, é 
um campo de regulação social e de fortes tensões políticas. 
4. Conclusão
No contexto dos estudos da comunicação comunitária há um necessário 
entendimento da etimologia do conceito de comunicação.
O termo “comunicação” traz em sua raiz a representação simbólica da 
ideia de comunidade, pois trata-se de palavra de origem latina, derivada 
do termo communicare, que traz em sua significação a ideia de partilhar 
ou tornar comum alguma coisa. 
Isso significa dizer que o ato de comunicar subentende em sua raiz 
a ideia de partilhar conhecimento ou informação. Quem comunica, 
compartilha uma ideia, seja ela qual for. E o que está na base da ideia de 
18
comunidade? Comunidade seria o espaço do compartilhamento comum 
de experiências. Olhe a ideia de “compartilhar” também na raiz do que 
entendemos por comunidade. Há diálogo entre o uso que fazemos de 
ambos os conceitos.
Comunidade é palavra que deriva do termo em latim communitas, que 
tem por objetivo definir aquilo que é comum a determinado grupo. É 
aquilo que nos identifica, é aquilo que partilhamos em comum. 
A mais simples ação de comunicação comunitária poderia ser, por 
exemplo, um carro de som que faça o papel do que chamamos 
popularmente de “rádio itinerante”. Pode-se também pensar na 
impressão de jornais ou panfletos informativos que, impressos e 
reproduzidos por meios simples (à mão ou em xerox), distribuídos 
com certa periodicidade, também ganham caráter de comunicação 
comunitária. Pode-se pensar ainda na organização de uma emissora de 
rádio que atenda à determinada demanda local (porém, tenha muito 
cuidado com o estudo da legislação brasileira nesse quesito – a esse 
respeito, pesquise a Lei nº 9.612/98). Transmitir um sinal através de 
ondas de rádio é fácil, mas fazer isso sem as devidas tramitações legais é 
crime. Pode-se pensar em uma rádio web que possibilite a transmissão 
de uma programação de rádio pela internet de forma legal e livre. Pode-
se pensar também em um programa em vídeo web, ou seja, um canal 
de conteúdo audiovisual transmitido pela internet. Ou ainda, em uma 
ou mais redes sociais transmitindo conteúdos por meio da criação de 
um perfil no X, no Instagram ou no TikTok, ou na criação de página no 
Facebook. 
Lembre-se sempre: o campo da comunicação é fundamental para que 
possamos preservar a autonomia de determinado sujeito ou grupo 
social.
19
Conectando à realidade: exemplos práticos 
A palavra comunicação traz em seu conceito raiz a ideia de partilhar, 
assim como o conceito de comunidade. Isso nos faz perceber que esses 
campos estão intimamente ligados, apesar de algumas vezes nos serem 
apresentados como campos de conflito e oposição. 
• Exemplo prático pertinente: imagine você criando com um grupo de 
amigos de seu bairro um grupo de WhatsApp para trocar experiências e 
criar soluções para melhoria do convívio com o espaço geográfico de seu 
entorno. Com o tempo vocês conseguem detectar que existem demandas 
comuns que podem ser pleiteadas se este grupo se organizar para 
veicular informações, trocar impressões, informar e resolver problemas 
coletivos. Vocês então criam uma página em rede social e dão a ela um 
nome criado especialmente para este projeto, que surge com o intuito 
de comunicar e partilhar ideias, informações e experiências. Com o 
tempo, os moradores começam a perceber que esta página não é apenas 
um projeto de meia dúzia de jovens, mas tem uma função importante 
e socialmente relevante para aquela comunidade. Os gestores locais 
começam a enxergá-la e passam a se preocupar com o reflexo de suas 
ações diante de um novo sistema de comunicação que surge a partir 
desta experiência.
• Impacto e resultados: 
Criar um meio de comunicação que atenda às demandas locais;
Desenvolver uma prática de organização social em torno de uma 
proposta de comunicação comunitária;
Dar visibilidade a uma população comumente marginalizada e 
invisibilizada pela sociedade hegemônica.
20
Referências
CAMPOS, Maria Alice; MELO, Mario Jefferson Leite. Anões na terra dos gigantes: a 
comunicação comunitária televisiva no Brasil. Lisboa: Frenavatec, 2017.
FIGUEIREDO, Beatriz H. R. Comunicação e cultura: diálogos e tensões por trás da 
cena. Curitiba: Appris, 2016.
GONSALEZ, Alexandra. Jornalismo Comunitário. São Paulo: Contexto, 2022. 
21
Comunicação Popular e 
Comunitária em ambientes 
analógico e digital
Autoria: Beatriz Helena Ramsthaler Figueiredo
Leitura crítica: Daniela Picchiai 
Objetivos
• Compreender o conceito e os valores contidos na
comunicação comunitária e popular.
• Refletir a respeito das práticas de comunicação
comunitária.
• Analisar experiências no campo da comunicação
comunitária e popular.
22
1. Formas para desenvolver a comunicação 
popular e comunitária
Partindo do pressuposto de que um projeto de comunicação 
comunitária pretende criar um meio de comunicação entre os próprios 
indivíduos que compõem um determinado grupo social, é preciso que 
tenhamos, antes de qualquer coisa, interesse em conhecer quais as reais 
demandas e condições do grupo que será alcançado pelo projeto. 
Para criar um canal de comunicação via redessociais precisamos 
entender, por exemplo, qual é o acesso que seu público tem à internet. 
Algo que parece simples e comum a todos pode ser o ruído mais grave 
da comunicação proposta. 
A realidade brasileira não é simples de ser lida, as enormes diferenças 
sociais e econômicas impõem barreiras profundas para o processo 
comunicacional. Veicular uma mensagem não é o suficiente para que a 
comunicação aconteça. 
O receptor da mensagem precisa recebê-la com qualidade e precisa 
também conseguir decodificá-la. Neste ponto residem os erros mais 
comuns no planejamento de uma ação de comunicação comunitária. As 
pessoas escolhem muitas vezes aquilo que está mais “à mão” (pelo meio 
mais fácil ou mais barato), sem analisar o que implica sua escolha diante 
daquele grupo ou indivíduo social que receberá sua mensagem. 
Lembre-se de que o protagonismo não está mais em quem fala (o 
emissor), mas em quem recebe e como recebe a mensagem (o receptor). 
Ter consciência disso modifica todo o processo de comunicação porque 
integra o outro como personagem principal da ação.
23
No Brasil, a pesquisadora Cicilia Peruzzo defende que a comunicação 
comunitária é fundamental para mobilizar a conscientização das pessoas 
sobre seu próprio direito de se comunicar. Mas, para isso acontecer de 
fato, as populações que a desenvolvem precisam passar por um processo 
de tomada de consciência, ou de mobilização, até se aproximarem dos 
meios de comunicação. Quando isso ocorre, o emissor e o receptor, 
sendo pertencentes a uma mesma comunidade, conseguem se apropriar 
de assuntos e linguagens próprias, que fazem sentido para aquele 
grupo específico de pessoas. Dessa forma, o emissor não terá o olhar da 
mídia tradicional, de enxergar o receptor apenas como alguém que será 
“informado” sobre alguma notícia, sem se importar sobre a relevância, ou a 
compreensão, do que foi veiculado para aquele indivíduo. (Gonzales, 2022, 
p. 38)
A comunicação pode ser realizada de forma analógica ou digital. Se 
a internet parece o meio mais fácil (Figura 1) de alcançar o público 
(e muitas vezes é), também outros meios simples podem se mostrar 
eficazes. Um carro de som que faça o papel do que chamamos 
popularmente de “rádio itinerante” pode atender à demanda de seu 
projeto. Ou talvez aquele velho conhecido jornal mural pode ser o ideal 
para atender aos interesses que orientam o seu projeto.
24
Figura 1 – A Internet como suporte de projetos de comunicação 
comunitária
Fonte: Shutterstock.com. 
O importante é termos claro o nosso objetivo com a criação de um 
projeto de comunicação comunitária, lembrando que a comunicação 
comunitária tem sempre por elemento norteador a ideia de atender 
a uma demanda de um grupo social determinado, uma comunidade 
ou um bairro, por exemplo. Também é preciso definirmos com clareza 
quem é o nosso público e qual é a forma mais eficiente de alcançá-lo. 
Pode-se, por exemplo, pensar na organização de uma emissora de rádio 
que atenda a determinado contexto geográfico (porém, tenha muito 
cuidado com o estudo da legislação brasileira nesse quesito). Transmitir 
um sinal através de ondas de rádio é fácil, mas fazer isso sem as devidas 
tramitações legais é crime. 
Outra opção é a criação de uma rádio web que possibilite a transmissão 
de uma programação de rádio pela internet de forma legal e livre. 
25
Os podcasts também são ótimas opções. Com plataformas streaming 
que garantem a sua distribuição, eles podem ser um ótimo caminho 
para que a comunicação atenda a um grande público. 
Produções audiovisuais podem ser também a opção. Gravar e editar 
vídeos não é mais tarefa tão árdua, e pode ser realizada apenas com um 
celular em mãos (Figura 2).
Figura 2 – Gravação com celular como opção de forma de 
comunicação
Fonte: Shutterstock.com. 
Também podemos pensar em textos escritos que tenham por suporte 
as redes sociais, um blog ou um portal de notícias criado para atender 
àquela determinada localidade ou grupo social. O texto escrito também 
pode estar em um jornal impresso, simples, realizado por meio de 
reprodução em larga escala (fotocópia) e distribuído mão a mão, em 
dada localidade.
26
Os meios analógicos exigem sem dúvida um maior investimento, porém 
se o público a que se destina a comunicação tem maior facilidade 
de acesso às práticas analógicas, não as descarte. Lembre-se do que 
falamos de quem é o protagonista da ação de comunicação: o público 
receptor da mensagem.
2. O conteúdo no campo da comunicação 
comunitária
Também é preciso pensar no conteúdo a ser transmitido. Criar um 
sistema de comunicação comunitária, seja ele qual for, exige que 
tenhamos certa periodicidade na disponibilização de conteúdo para que 
consigamos criar a cultura do acesso a esse canal de comunicação. As 
pessoas precisam compreender que dentro de determinado período 
poderão acessar um novo conteúdo, criando assim um processo de 
educação para o consumo da informação. A repetição da experiência 
pelo grupo social possibilita que ele desenvolva um comportamento 
de consumo cotidiano daquela informação. É preciso destacar que é 
muitas vezes pela repetição de determinado padrão que as pessoas são 
educadas. A gente aprende pela repetição, por isso na escola, quando 
crianças, repetimos tantas vezes as mesmas atividades. É parte do 
processo de mudança de comportamento e aprendizagem a repetição 
de um padrão que desejamos que seja internalizado.
Outro ponto fundamental nessa construção diz respeito ao tipo de 
conteúdo que podemos transmitir em um processo de comunicação 
comunitária. É fato, e já pontuado, que uma ação de comunicação 
comunitária nasce de determinada demanda. Então, antes de tudo, 
é preciso se certificar se o conteúdo elaborado e veiculado atende 
especificamente a demanda identificada como objeto principal do 
projeto de comunicação.
27
Há um conteúdo central que será o norteador da ação e poderá também 
haver conteúdos secundários, porém não menos importantes. 
Se você deseja criar uma emissora de rádio para discutir os problemas 
cotidianos de determinada comunidade, a sua programação não 
precisa se limitar à abordagem exclusiva dos problemas. Você pode, 
por exemplo, inserir um conteúdo cultural com transmissão musical, 
entrevistas, dicas de programação cultural local e anúncios de 
comerciantes que atendem a região, entre outras opções. Esse conteúdo 
secundário é muitas vezes considerado tão importante quanto o 
objeto central de seu projeto. Isso porque é no consumo daquilo que 
enquadramos como entretenimento que se dá a fidelização de um 
público. 
3. Credibilidade na comunicação comunitária
Outra questão interessante e importante é a credibilidade do veículo 
de comunicação. O cuidado com a notícia é parte fundamental para a 
construção de uma relação de confiança. Especificamente no rádio, o 
ouvinte tende a criar uma relação íntima com o locutor, o que faz com 
que a segurança na informação possa ser reforçada a partir da relação 
entre ouvinte e locutor. 
Lembre-se de que criar audiência é um processo de conquista e, por 
assim ser, dificilmente você terá um resultado imediato. Você precisa 
planejar seu projeto sabendo que para a resposta ideal é preciso tempo. 
Respeitar o tempo do receptor para que ele internalize a relação com 
determinado veículo de comunicação é parte importante para o sucesso 
do projeto.
Mas o que seria o conteúdo central de um projeto de comunicação 
comunitária? 
28
Há inúmeras possibilidades de pensarmos nisso, mas podemos 
destacar que o que orienta a comunicação comunitária é justamente a 
procura por atender às necessidades cotidianas de uma determinada 
comunidade que, ao organizar um canal de comunicação, poderá vir a 
ganhar voz em âmbito mais amplo na relação com o espaço social que a 
circunda. 
Assuntos aparentemente pequenos, como a necessidade de uma 
iluminação em via pública, uma calçada deteriorada que pode causar 
acidentes aos pedestres que passam pela localidade ou mesmo 
campanhas de conscientizaçãoa favor da vacina, da prevenção contra a 
dengue, e outras de cunho educacional, podem ser a pauta principal da 
ação de comunicação, ganhando maior amplitude e importância do que 
fatos cotidianos que impactam para além do território compreendido 
pelo projeto. É importante frisarmos que a comunicação comunitária 
atende mais às demandas de locais do que as globais. 
4. Ética profissional e comunicação comunitária
Quanto maior o repertório cultural, maiores serão as possibilidades 
de desenvolvimento criativo diante de qualquer proposta de exercício 
intelectual. 
Também a postura ética deve ser uma preocupação constante do 
profissional de comunicação. Vivemos em uma sociedade em que o 
imediatismo e as paixões ganham erroneamente o protagonismo em 
nosso consumo de informação. As redes sociais e os dispositivos de 
comunicação instantânea se tornaram uma armadilha para a verdade 
e os fatos. O profissional de comunicação tem o dever de averiguar 
a veracidade da informação antes de compartilhá-la. Aliás, este é um 
dever cidadão. Um descuido pode significar um risco à vida de alguém. 
29
Como bem define Gonzales (2022), “o jornalismo como campo 
profissional tem uma relação intrínseca com a promoção da cidade, 
da democracia e do direito à informação”. Ter consciência do papel 
que assumimos quando resolvemos por desenvolver uma ação de 
comunicação comunitária é fundamental, seja o projeto uma ação de 
jornalismo cidadão, de educação para a comunicação, de comunicação 
interna ou mesmo de criação de um veículo de mídia alternativa e 
independente. Seja qual for o seu objetivo no campo da comunicação 
popular e comunitária, lembre-se de que seu papel é fazer comunicação 
da comunidade para a comunidade.
Responsabilidade social, repertório cultural, ética e senso crítico são 
os quatro elementos orientadores para o profissional de comunicação 
comunitária. A qualidade da notícia não pode ser esquecida no cotidiano 
muitas vezes de tempo escasso e de enorme concorrência. A qualidade 
da informação é parte fundamental de seu trabalho. Verifique, pesquise, 
leia, analise e consulte mais de uma fonte. Uma opinião formada apenas 
pelo consumo de notícias veiculadas por uma determinada emissora 
de televisão não é a sua opinião sobre os fatos, mas a reprodução dos 
interesses e da visão da emissora de origem da notícia. Ouça e leia em 
mais de um veículo de comunicação, compreenda quais são os filtros 
que fazem com que uma mesma notícia chegue de forma diferente em 
cada meio, procure lembrar que comunicação é um campo de disputas, 
não se deixe ser massa de manobra. Análise. Pense. Estude. Você terá 
um papel fundamental à frente de um meio de comunicação popular e 
comunitária. Assuma essa responsabilidade.
5. Conclusão
A atuação profissional em projetos de comunicação comunitária é 
um desafio porque exige uma constante atualização, uma procura 
30
incessante pela formação de repertório cultural plural, uma percepção 
apurada dos direitos sociais e respeito às diferenças, uma postura ética 
na construção do conteúdo a ser veiculado e um exercício diário em 
busca da verdade dos fatos.
É preciso coragem e atenção, mas é também importante concebermos 
que esta ação tem um impacto coletivo muito grande e necessário para 
determinada comunidade. Trata-se de um trabalho bastante sedutor 
porque desperta no profissional o amor à pesquisa e resulta em uma 
ação que garante à comunidade o direito à informação e a amplificação 
de vozes que, individuais, talvez não alcançassem o impacto que podem 
vir a alcançar quando organizadas de forma coletiva.
Lembre-se de escolher cuidadosamente qual será o suporte de 
comunicação de seu projeto. Ele pode ser uma emissora de radiodifusão 
analógica, uma rádio web, um portal de notícias, uma rádio itinerante, 
um jornal mural, um perfil ou página em rede social, um canal no 
YouTube ou plataforma similar, um podcast, um panfleto informativo, 
entre outras possibilidades.
É claro que o ambiente digital prevalece sobre as escolhas, afinal, a 
distribuição é rápida, muitas vezes gratuita, o alcance está nas mãos 
das pessoas pelo celular e você tem a seu favor uma cultura que 
supervaloriza a internet e seus dispositivos.
A internet se tornou um vício e muitas vezes figura nas pautas médicas 
por seu impacto na vida das pessoas. Com todas as variáveis que nos 
fazem viver em um país com desigualdades profundas, ainda somos 
milhares e milhares de pessoas conectados 24 horas pela rede mundial 
de computadores. Nossos celulares se tornaram um cérebro fora do 
corpo (alguns teóricos dizem, inclusive, que os celulares são hora parte 
do corpo, como uma prótese). 
31
Apesar das desigualdades de renda e de qualidade de vida, em tempos 
de comunicação imediata em um mundo cada vez mais digitalizado, nos 
parece surreal que alguém não tenha acesso à internet, às redes sociais 
e aos aplicativos de mensagens instantâneas – um universo virtual que 
se tornou viciante. Aliás, já existe até nome (e tratamento) para esse 
vício bastante contemporâneo: a nomofobia, medo irracional de ficar 
incomunicável pela falta do celular, a principal ferramenta de comunicação 
com a web. (Gonzales, 2022, p. 11)
Em relação ao conteúdo da comunicação, é interessante que ele seja 
organizado em pautas. Toda a informação deve ser verificada, e a forma 
com que é transmitida deve ser pensada cuidadosamente, levando em 
conta o público que receberá a mensagem. Às vezes o que parece óbvio 
para você exige uma explicação cuidadosamente elaborada para que 
o outro possa compreender. Cuide bem de quem recebe o conteúdo e 
traga o público para interagir e participar do processo comunicacional. É 
preciso criar canais de comunicação direta entre o emissor e o receptor 
das mensagens para que você possa atender a demanda do grupo social 
para o qual resolveu criar o seu projeto de comunicação comunitária.
Criar e promover canais de comunicação popular ou comunitária 
envolve planejamento, capacidade de gestão e reflexão constante 
sobre o campo da comunicação. Aprofundar os estudos no campo 
da comunicação possibilita a criação de projetos sólidos e de grande 
potencial social.
Conhecer histórias que se tornaram referências no campo nos ajuda a 
construir o olhar para um projeto particular ou coletivo no exercício de 
observação da experiência do outro.
Comunicação popular e comunitária é um fazer em mão dupla e para o 
bem coletivo. Consciência, respeito e ética são as bases para uma ação 
de sucesso.
32
Conectando à realidade: exemplos práticos
 
Responsabilidade social, repertório cultural, ética e senso crítico são 
os quatro elementos orientadores para o profissional de comunicação 
comunitária.
• Exemplo prático pertinente: imagine que você foi chamado para a 
criar uma emissora de rádio comunitária. O grupo de moradores que 
idealizou a ideia deseja que você assuma a coordenação do projeto, 
afinal, eles sabem que você tem um conhecimento digital muito grande, 
pois você vive conectado à internet. Qual seria o seu primeiro passo? 
Pensar no conteúdo? Na estrutura? Por onde começar? O primeiro 
passo seria, com certeza, o levantamento da legislação que orienta a 
criação de rádios comunitárias, porque um projeto desse precisará 
estar legalizado e orientado pelos parâmetros jurídicos que regem o 
campo. Para isso, o importante é estudar a Lei nº 9.612/98 que institui 
o serviço de radiodifusão comunitária. Tendo clareza da legislação, é 
preciso montar a emissora e então começar a pautar o conteúdo que 
será cotidianamente veiculado. Talvez um perfil em rede social o ajude na 
divulgação da emissora e abra uma possibilidade de contato direto com a 
sua audiência. Também um número de WhatsApp para o qual as pessoas 
possam mandar denúncias e ideias de pautas seja importante. Compor 
a equipe, pois ninguém faz nada sozinho, alinhar o papel de cada um e 
dividir com todos as preocupações diante dos elementos norteadores 
da comunicação comunitária é necessário – é precisoque estejam todos 
alinhados aos valores que nortearão o projeto. 
• Impacto e resultados: 
Criar um meio analógico de comunicação comunitária tendo os meios 
digitais como apoio à ação;
33
Desenvolver reflexões sobre responsabilidade em relação ao conteúdo a 
ser veiculado, orientando a equipe para uma postura que responda aos 
valores do projeto;
Estudar a legislação que compreende o campo da comunicação 
comunitária em radiodifusão.
Referências
CAMPOS, Maria Alice; MELO, Mario Jefferson Leite. Anões na terra dos gigantes: a 
comunicação comunitária televisiva no Brasil. Lisboa: Frenavatec, 2017.
FIGUEIREDO, Beatriz H. R. Comunicação e cultura: diálogos e tensões por trás da 
cena. Curitiba: Appris, 2016.
GONSALEZ, Alexandra. Jornalismo Comunitário. São Paulo: Contexto, 2022. 
34
35
Participação. Meios de 
Comunicação. Democratização da 
Comunicação
Autoria: Beatriz Helena Ramsthaler Figueiredo
Leitura crítica: Daniela Picchiai 
Objetivos
• Compreender a relação entre comunicação e 
participação em âmbito social.
• Refletir a respeito da relação entre direito à 
informação e comunicação social.
• Analisar as práticas de comunicação de massa 
sob a lógica da democratização e do direito à 
comunicação.
36
1. A comunicação influencia o nosso 
cotidiano
Você já pensou acerca do papel que a comunicação assume na vida da 
gente? Tudo à nossa volta comunica. Ao acordar, você será inundado 
de mensagens se abrir o aplicativo preferido de notícias, se acessar sua 
rede social, se ligar o rádio, se abrir a janela e encontrar em frente à sua 
casa um outdoor (aqueles grandes painéis publicitários de rua), se entrar 
em uma estação de metrô de uma grande cidade, ou mesmo se ligar a 
televisão. Em todos os lugares haverá textos que pretendem comunicar 
algo a você. 
A recepção de cada uma dessas mensagens se dará de forma mais ou 
menos eficiente segundo o seu repertório, interesse e disponibilidade 
ao recebê-las, mas é fato que elas chegarão até você. Vivemos em uma 
sociedade que está mergulhada em processos comunicacionais que têm, 
entre outros interesses, uma forte tendência a nos fazer consumidores 
de algo, seja de um produto, de um serviço, de uma ideia ou de uma 
ideologia. Os textos que estão colocados na sociedade são, em grande 
parte, altamente persuasivos e exigem da gente uma capacidade de 
interpretá-los e filtrá-los segundo os nossos interesses e valores. 
Apesar de hoje estarmos menos dependentes da televisão, ela ainda 
é o meio de comunicação de massa mais eficiente neste processo 
de sedução pela mensagem. Aliás, fica a reflexão: você já pensou na 
importância da televisão em seu cotidiano? Já percebeu como até nossas 
casas são arrumadas em função deste aparelho transmissor de ideias e 
mensagens? (Figura 1)
37
Figura 1 – Arrumamos a casa em função do aparelho de televisão
Fonte: Shutterstock.com. 
Já pensou na dependência que temos deste meio? Muitas vezes sequer 
estamos na sala, mas somos capazes de mantê-la ligada dias inteiros. O 
ruído dela nos toca e, se não podemos estar ali sentados, absorvidos por 
aqueles textos audiovisuais, queremos apenas ter a sensação de ouvi-
los. A televisão se faz presente o tempo todo em nossa vida. 
Mesmo se dissermos “eu não vejo televisão”, podemos ampliar a análise 
sobre o conteúdo consumido e verificaremos que, mesmo que você não 
veja televisão, você consome diariamente o conteúdo gerado por ela, 
seja em aplicativos de notícias, seja acompanhando os fatos ocorridos 
no reality do momento, seja interagindo nas redes sociais e conversando 
com amigos sobre novelas, séries ou a última fofoca acerca da vida do 
famoso do momento. A TV media a nossa relação social. 
38
Por isso dizemos que a televisão não se faz presente apenas quando 
temos a possibilidade de ligar o aparelho televisor, ela se faz presente 
no consumo de conteúdos mesmo quando o que temos à nossa frente é 
a tela de um computador conectado à internet. 
Elizabeth Bastos Duarte é uma pesquisadora que aborda 
especificamente o tema dos estudos sobre televisão e que propõe uma 
interessante comparação entre tempo, televisão e cinema. Ela diz que:
A televisão ritma nossos dias e nossos anos. A sessão de cinema suspende 
o tempo social, a televisão estrutura nossa temporalidade, nossa vida. Mas 
esse objeto está longe de ser considerado com a seriedade que merece. 
(Duarte, 2004, p. 7)
É possível compreender facilmente o que ela quer dizer com isso, basta 
olharmos para nós mesmos. Quando vamos ao cinema, temos o tempo 
“suspenso” durante o período em que estivermos ali absorvidos pela 
grande tela. O cinema é uma espécie de “pausa” em nossa vida, porém é 
preciso entendê-lo também como um meio eficiente de comunicação. A 
televisão organiza a nossa rotina. 
2. Participação e comunicação comunitária
No contexto contemporâneo, os estudos da comunicação comunitária 
ganham, a cada dia, mais importância. O processo de participação 
popular nos campos social e político é diariamente fortalecido. A 
participação na produção de conteúdo em processos comunicacionais 
ditos “alternativos” se faz cada dia mais presente, e essas 
movimentações e organizações populares ganham um importante e 
significativo espaço no campo da comunicação.
39
O processo de comunicação democrática subentende o direito à relação 
não apenas de receptor de conteúdo, mas também do produtor e 
do disseminador de mensagens e ideias. Faz parte de um contexto 
democrático o direito a “poder dizer”, além do direito de “poder receber” 
(ouvir e ver).
Comunicar está para nós no campo daquilo que nos é garantido por 
direito, e há também a responsabilidade diante daqueles para quem 
comunicamos algo. É preciso refletir a respeito da responsabilidade de 
quem assume o papel de comunicador. 
Quando se estuda jornalismo, por exemplo, muito se fala da 
necessidade primordial de que o jornalista se mantenha sempre 
imparcial diante da notícia. Quando se estuda publicidade, muito se 
fala dos valores éticos e morais que precisam ser cuidadosamente 
preservados para que não ultrapassemos limites em nome das 
estratégias que têm por objetivo o incentivo ao consumo. Porém, vale 
aqui uma reflexão a respeito dos campos de atuação do jornalista e 
do publicitário. No Brasil, será mesmo que essas premissas básicas 
são constantemente respeitadas? É fato que não. Há muitos outros 
interesses políticos e econômicos em jogo nas relações empresariais que 
envolvem o campo da comunicação em nosso país.
Por isso tudo, a prática participativa faz-se ainda mais fundamental. 
Participação é direito do cidadão em uma relação social de base 
democrática. Porém, a participação é um comportamento que precisa 
ser ensinado e exercitado. Culturalmente, no Brasil, exercitamos muito 
pouco nosso direito à participação. Historicamente não temos uma 
boa relação com a cultura participativa. Talvez seja por causa dos anos 
que passamos sob um regime militar que arrancou à força os nossos 
direitos. Talvez seja porque somos mesmo uma democracia ainda 
jovem. 
40
Para muitos cidadãos brasileiros, a única ação no campo da participação 
política é o voto (Figura 2), que só se dá por ser obrigatório. E por 
que o voto, que é um direito, se mantém ainda obrigatório? Estamos 
engatinhando no campo democrático e há muito a aprendermos a 
respeito da nossa força e das formas de participação dentro de um 
contexto efetivamente democrático. É preciso que nos façamos cada vez 
mais presentes diante das decisões de cunho político e social no país. Só 
assim haverá possibilidade de efetivas mudanças.
Figura 2 – O voto como participação ativa e democrática
Fonte: Shutterstock.com. 
Podemos afirmar que a internet nos tirou da posição cômoda de apenas 
“receber” aquilo que nos era ofertado no campo da comunicação. A 
relação cotidiana com a internet fez com que desenvolvêssemos um 
comportamento mais participativo. Agora desejamos mesmo é ter 
preservado o nosso direito a interagir. 
41
É nesse contexto que muitacoisa à nossa volta rapidamente se altera e, 
dentre outros temas, começamos a adotar para nós mesmos discussões 
como a que chamamos de “democratização da comunicação”.
3. A democratização da mídia
Mas, afinal, o que é essa conversa que trata da “democratização da 
mídia”? Há algum, tempo a sociedade e o governo vêm discutindo a 
necessidade de repensar as leis que regulam a área midiática no Brasil, 
assim como também a regulamentação da internet (outra discussão 
de enorme importância). Assuntos polêmicos e duramente combatidos 
por grandes empresas do ramo da comunicação que, muitas vezes de 
forma tendenciosa, noticiam discussões acerca do tema como tentativas 
governistas de censurar o sistema de comunicação brasileiro. Trata-se 
de assuntos polêmicos, porém essenciais de serem debatidos. 
Segundo estudos que deram origem ao primeiro projeto de lei que 
pretendia a democratização da mídia ainda na primeira década dos 
anos 2000, o que seria esta proposta? E o que há de censura, como 
afirmaram repetidas vezes alguns veículos de comunicação? A ideia 
de democratizar a mídia está explicitada como uma desarticulação de 
indivíduos que ocupam cargos políticos e que são, ao mesmo tempo, 
donos de empresas midiáticas. Muitos de nossos políticos hoje são 
donos de canais de televisão, de jornais impressos e de emissoras de 
rádio, entre outros meios. A proposta primordial apresentada por esse 
projeto de lei é a de que um político passaria, a partir da aprovação da 
lei, a não mais poder exercer cargo político e ser, ao mesmo tempo, 
dono de um veículo de comunicação. 
Aliás, você sabia que uma emissora não é uma empresa privada? 
Emissoras de rádio e televisão são concessões públicas e, por isso 
42
mesmo, devem atender ao interesse público na mesma proporção 
que atendem ao interesse do proprietário de determinada empresa 
midiática. Este é outro ponto que pretende garantir a nova lei: que 
as cotas de programação sejam equilibradamente divididas para 
atender aos interesses sociais (com programação do campo social e 
comunitário), aos interesses públicos de governo (com conteúdo estatal) 
e aos interesses privados do detentor do direito de transmissão (o 
“dono” da emissora).
Outra proposta é acabar com aquilo que se chama de “propriedade 
cruzada”. O conceito de propriedade cruzada no contexto do estudo 
das novas propostas de regulamentação da mídia diz respeito à 
concentração de poder de algumas empresas e conglomerados 
midiáticos diante de diferentes meios de comunicação (uma mesma 
empresa é detentora de poder diante de um número determinado 
de emissoras e retransmissoras de sinal de televisão, de rádio etc.). O 
artigo 220 da Constituição Brasileira proíbe os monopólios e oligopólios 
diretos e indiretos, porém, no Brasil, o direito à exploração dos meios de 
comunicação que servem ao país está nas mãos de poucas famílias que 
detêm o poder de uma gama variada de veículos de comunicação de 
largo alcance.
4. Considerações finais
Democratizar os meios de comunicação é um processo político que 
exige esforço e pressão popular porque é uma briga com grandes e 
conservadoras forças políticas. Mas é essencial que se faça. Países de 
diversas partes do mundo já o fizeram. 
43
A lei (Lei nº 4.117/1962) que regula o campo das telecomunicações 
no Brasil é antiga. Data da década de 1960. Nascida no contexto da 
Ditadura, é uma lei que precisa urgentemente ser revisitada. 
Democratizar significa dar acesso. A ideia é que o espaço para o 
conteúdo nacional possa ser preservado nos meios de comunicação. 
Também está no projeto o fortalecimento da comunicação do Estado 
por meio das emissoras educativas e dos meios de comunicação 
comunitários. A intenção é que se consiga uma melhor distribuição das 
concessões públicas para que tenhamos uma balança mais equilibrada 
no que diz respeito aos espaços de comunicação do Estado, da iniciativa 
privada e das comunidades.
Será que um dia poderemos ter uma consulta pública e uma discussão 
consciente sobre a regulamentação da mídia no Brasil?
Conectando à realidade: exemplos práticos
Sendo a comunicação um direito previsto na Constituição Federal, é 
importante que a gente exercite um olhar mais amplo para os veículos 
de comunicação de nosso país para que passemos a enxergá-los como 
concessões públicas e não apenas como empresas privadas que têm por 
objetivo o lucro acima de todas as coisas. 
• Exemplo prático pertinente: imagine que você é responsável pela 
criação de um projeto de programação de conteúdo de um novo canal 
de televisão. De característica não comercial, este canal passou por 
um processo de licitação para obter a concessão pública para o seu 
funcionamento. Quais seriam as bases deste canal para que a construção 
de sua programação obedecesse ao direito à informação por parte da 
população conforme previsto na Constituição Federal? Quais seriam 
44
os mecanismos de interação social que você proporia para a gestão 
de conteúdo do canal? Como ouvir às necessidades e demandas das 
pessoas? 
• Impacto e resultados: 
Exercitar a capacidade de pensar o conteúdo de comunicação 
respeitando o direito e interesse social;
Desenvolver reflexões acerca da participação social no aspecto da criação 
e desenvolvimento de conteúdo para mídia;
Estudar a legislação que compreende o campo da comunicação social no 
Brasil.
Referências
DUARTE, Elizabeth Bastos. Televisão – ensaios metodológicos. Porto Alegre: 
Sulina, 2004.
MATTOS, Sérgio. História da televisão brasileira: uma visão econômica, social e 
política. Petrópolis: Vozes, 2010. 
FIGUEIREDO, Beatriz H. R. Comunicação e cultura: diálogos e tensões por trás da 
cena. Curitiba: Appris, 2016.
GONSALEZ, Alexandra. Jornalismo Comunitário. São Paulo: Contexto, 2022. 
45
A comunicação em rede e a 
democratização do acesso à 
informação
Autoria: Beatriz Helena Ramsthaler Figueiredo
Leitura crítica: Daniela Picchiai 
Objetivos 
• Compreender como se dá a influência do 
desenvolvimento tecnológico no campo do consumo 
da comunicação social.
• Refletir a respeito das mudanças comportamentais, 
fruto do desenvolvimento social e tecnológico.
• Pensar em como a tecnologia contribui para o 
desenvolvimento da prática profissional no campo 
da comunicação.
46
1. Tecnologia e comunicação na vida 
cotidiana
O desenvolvimento das tecnologias sempre foi responsável direto 
por grandes transformações sociais. Com a invenção da máquina de 
escrever (no final do século XIX), e posteriormente do computador (na 
segunda metade do século XX), pudemos perceber uma primeira e 
clara agilização dos processos comunicacionais. A criação do primeiro 
veículo automotor (no início do século XX) encurtou distâncias. As 
experiências com ondas eletromagnéticas e a posterior criação do 
rádio revolucionaram a nossa relação com os tímidos processos de 
comunicação do início do século XX, e a criação e popularização da 
televisão virou a nossa rotina de cabeça para baixo. A sensação de 
aceleração do tempo é o primeiro impacto trazido pelo desenvolvimento 
das tecnologias.
O século XX pode ser considerado o século da primeira grande revolução 
advinda da tecnologia. Se começamos o século encantados com os 
13 km/h que um carro alcançava na estrada (Figura 1), chegamos na 
metade do século levando o homem a conhecer a Lua e terminamos 
o século fazendo clonagem de ovelhas. Porém, esse desenvolvimento 
não nos leva sempre às melhores escolhas. Também desenvolvemos a 
bomba atômica e destruímos gerações com os efeitos dela.
47
Figura 1 – Os primórdios do desenvolvimento automobilístico: um 
Ford 1896
Fonte: Shutterstock.com.
Adentramos o século XXI com outras grandes experiências que 
transformam, dia a dia, a nossa forma de nos relacionarmos com o 
mundo. A popularização da internet sem fio, o desenvolvimento de 
aparelhos tecnológicos cada vez menores, a possibilidade de acessarmos 
a internet sem a necessidade de uma tela, o metaverso, a inteligência 
artificial e outras grandes ideiasque ainda se farão reais modificam 
nossa forma de nos relacionarmos com o tempo e o espaço e, como 
consequência, modificam também a forma como nos relacionamos com 
a comunicação.
2. Tecnologia e dependência
É fato que a tecnologia transforma o cotidiano. Ela reconfigura o 
nosso tempo e as nossas relações. Temos a clara sensação de que o 
48
tempo está mais curto. As atividades não cabem mais em um único 
dia de trabalho. Mas essa sensação de que o relógio roda mais rápido 
nada mais é do que reflexo de uma sociedade absorvida por sólidos 
processos mediados pela tecnologia.
O cotidiano era mais simples. Vivíamos antes um dia de cada vez, e 
fazíamos uma coisa de cada vez. Atualmente, estamos absorvidos por 
uma lógica que nos exige sermos absolutamente integrados a sistemas 
múltiplos. Fazemos mil coisas ao mesmo tempo, e o mercado exige um 
sujeito social adaptado ao contexto das ferramentas e dos dispositivos 
tecnológicos. Somos hoje novos sujeitos sociais.
Podemos procurar por exemplos do cotidiano para pensarmos em como 
a tecnologia muda a vida da gente e muda a nós mesmos. A tecnologia 
nos torna dependentes. Estes tempos lembram-nos daqueles velhos 
filmes de ficção científica em que se previa que no “futuro” (o nosso 
presente) o ser humano estaria rendido à máquina.
Talvez um dia a sociedade aprenda a lidar melhor com os suportes 
tecnológicos, porém é fato que estaremos a cada dia mais e mais 
absorvidos por uma sociedade que também a cada dia estará mais e 
mais adaptada a processos tecnológicos e, sem dúvida, absolutamente 
conectada à rede.
O celular, quando surgiu, era visto como um “tijolão” (Figura 2), um 
aparelho grande que foi reduzindo em tamanho e aumentando em 
importância nos anos que se seguiram. 
49
Figura 2 – O primeiro celular, também chamado de Mobile Phone 
Motorola
Fonte: Shutterstock.com. 
Atualmente somos tão dependentes dele que não podemos esquecê-
lo em casa, pois a sensação é de que deixamos parte de nós mesmos 
para trás. Ele se tornou parte do corpo; uma extensão ao corpo a que 
está acoplado. Para ele transferimos parte de nossas capacidades. Hoje, 
por exemplo, poucos de nós têm na memória números de telefone. 
Transferimos essa memória para o celular. Este pequeno aparelho 
guarda todos aqueles telefones que antes sabíamos de cor. 
A importância desse aparelho é tanta que não dormimos mais sem 
ele ao lado. Ele nos mantém conectados em 100% de nosso tempo. 
Até para o banho o celular agora nos acompanha. E isso é porque 
não adentramos em um campo em que a dependência se torna vício 
e, consequentemente, doença. Falamos apenas do espaço em que 
ainda caminhamos dentro daquilo que convencionamos chamar de 
50
“normalidade”. Em uma leitura social contemporânea, é “normal” essa 
dependência. Algumas situações são apontadas como incômodas. Uma 
situação cotidianamente criticada é aquela em que vemos um grupo 
de amigos em uma mesa de restaurante e todos os membros do grupo 
estão absolutamente seduzidos pelas telas de seus celulares. Eles estão 
e não estão juntos naquele ambiente.
3. A vida on-line e off-line
Pesquisas recentes falam que não devemos mais separar vida on-line 
de vida off-line como se fossem leituras de duas vidas separadas em 
um único ser humano. O ser humano atual é on e off-line ao mesmo 
tempo. Parece uma conversa filosófica, não é? Mas é essencial para 
entendermos o potencial das redes virtuais no campo dos estudos da 
comunicação. Somos parte da rede agora. A rede já não pode mais ser 
considerada uma escolha externa a nós mesmos. Sendo parte, estamos 
mais absorvidos do que nunca por todos os textos que ela emana.
Quando falamos disso, estamos falando de outra dependência para 
além do aparelho celular: é a dependência da internet. Precisamos 
estar conectados como se, ao escolher não estar na rede, estivéssemos 
perdendo fatos, experiências e momentos imprescindíveis. A sensação 
de estarmos fora do ar pela falta de um sinal é quase a mesma sensação 
de estarmos perdendo algo. Este também é um comportamento novo e 
que vem sendo estudado por pesquisadores do campo. A internet nos 
traz a constante sensação de algo que passou pelos vãos dos dedos e 
que, ao fazer uma escolha, renunciamos a outras tantas que poderiam 
ser até melhores. Essa sensação de sermos insaciáveis é natural, mas 
se potencializa com a relação em rede porque agora estamos o tempo 
todo sendo incitados a estar em algum lugar e, na rede, essa sensação 
51
é sempre a de que esse “lugar” não é onde “estamos agora”. Queremos 
sempre o outro lugar.
A “sensação de estarmos perdendo algo” é um comportamento da vida 
contemporânea que vem sendo estudado por vários especialistas. A este 
fenômeno eles deram o nome de “FOMO”, sigla em inglês que se origina 
do termo Fear of Missing Out (que significa “medo de perder alguma 
coisa”) e tem sido campo de contínuos estudos.
Podemos voltar novamente aos filmes de ficção científica. Eles nos 
mostravam um futuro em que poderíamos ser “onipresentes” e estar 
em mais de um lugar ao mesmo tempo. Este futuro se faz presente. Os 
filmes viraram uma representação simbólica de uma realidade que se dá 
por meio das telas. Hoje estamos em vários ambientes ao mesmo tempo 
e, quando não mais se separa vida on-line e off-line, somos nós mesmos 
presentes na rede social (interagindo, postando ou compartilhando), na 
vida presencial, em uma conversa privada com um amigo ou um grupo, 
em programas de mensagem instantânea.
Nesse contexto, voltamos a algumas teorias como a que alguns 
sociólogos chamam de “não lugar”. Há lugares no cotidiano em 
que estamos sem estar. A rua seria um exemplo de um “não lugar”. 
Passamos pela rua, mas geralmente não estamos nela. O corpo 
passa. A cabeça está em outro lugar e, com o suporte dos dispositivos 
tecnológicos, isso se torna ainda mais fácil. Aeroportos, rodoviárias e 
espaços de passagem são também exemplos de não lugares. Estamos 
sem estar.
As redes também reconfiguram as nossas relações sociais. Amigos 
hoje não são, única e exclusivamente, aquelas pessoas que 
desfrutam conosco momentos de intimidade. Amigos hoje podem ser 
absolutamente virtuais e serem amigos sem nunca terem estado juntos. 
Reconfiguramos o significado da relação de amizade. 
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Reconfiguramos a nossa compreensão do que é público e do que é 
privado a tal ponto que nos interessa ver o que fazem pessoas fechadas 
em uma casa, em programas de televisão transmitidos em âmbito 
nacional, como se olhássemos pela fechadura. Esses são os chamados 
reality shows. Assim também publicitamos experiências que seriam do 
campo privado, como a foto de um braço recebendo medicamento na 
veia quando estamos doentes no hospital, a informação de que vamos 
tomar banho, a foto da comida na mesa da sala de jantar. Tudo se 
torna público, e nessa ânsia por termos um minuto de fama, tornamo-
nos celebridades dentro do contexto de nosso perfil em rede social. 
Fotografamo-nos e damos publicidade às selfies como se fôssemos 
pessoas públicas a divulgar nossa intimidade ao mundo. 
Assim também reconfiguramos o significado da palavra “curtir”. 
Antes curtíamos algo que achávamos legal. Hoje curtimos para dizer 
que vimos. Às vezes um amigo publica em rede social uma notícia 
triste, como a morte de um animal de estimação ou de um familiar, 
a informação de que perdeu o emprego ou qualquer outra situação 
desagradável, e os amigos “curtem” a postagem. Eles não curtem para 
dizer “que legal”, mas para dizer “eu vi o que você falou”. Ser visto na 
rede nos conforta.
4. Considerações finais
Podemos utilizar o ambiente virtual e as práticas do cotidiano para 
potencializar o campo da comunicação no espaço profissional. Porém, 
vale pensar um pouco a respeito das bases da comunicação entre 
pessoas para falarmos de técnicas comunicativas em âmbito profissional 
antes de chegarmos novamente às relações com a tecnologia.
53
Se tenho dificuldade de falar em público, preciso procurar entender um 
pouco mais de oratória.Oratória é um campo de estudos que bebe de 
fontes da antiguidade clássica. Os grandes governantes da Grécia Antiga 
já faziam aulas e treinamentos em oratória para potencializar discursos 
públicos. Um dos ensinamentos dos sofistas é que não importa “o que” 
você fala, mas “como” você fala. 
Se detecto que tenho problemas com uma boa escrita, preciso procurar 
urgentemente suprir essa necessidade. Aprender a escrever bem é 
tarefa fundamental para qualquer que seja o campo de atuação que 
envolva o ato de se comunicar. Posso aprender a escrever bem em aulas 
particulares de gramática e língua portuguesa, em cursos de redação ou 
simplesmente exercitando a leitura. Ler nos ensina a escrever.
Se você souber falar bem e escrever bem, qualquer que seja a 
ferramenta de comunicação que você escolha para aplicar sua 
capacidade comunicacional, esta será bem recebida. Se você investir em 
compreender as potencialidades dos canais de comunicação escolhidos, 
você terá então grande sucesso na empreitada.
Por meio desta leitura, podemos concluir que as novas tecnologias são 
responsáveis por uma grande revolução em nosso cotidiano social. 
Precisamos aprender a potencializar o uso que podemos fazer delas.
A comunicação, por ser um espaço de poder, é sempre um campo 
de tensões de forças e interesses políticos. É preciso cuidado ao se 
relacionar com o conteúdo oferecido por grandes canais de comunicação. 
Questionar e exercitar o olhar para mais de uma fonte de informação se 
faz necessário para a construção de uma postura crítica em relação ao 
campo social e da comunicação. Com os novos dispositivos tecnológicos 
que conseguem, entre outras coisas, criar textos e reproduzir imagens 
e sons que sequer existem, precisamos exercitar ainda mais a nossa 
54
capacidade de averiguar e investigar a verdade. Trabalhar com 
comunicação exige responsabilidade.
Conectando à realidade: exemplos práticos
Responsabilidade social, ética e compreensão dos desafios impostos 
pelas novas tecnologias orientam a prática do profissional de 
comunicação comunitária.
• Exemplo prático pertinente: imagine que você mantém uma página 
em uma rede social com o objetivo de informar o cotidiano da localidade 
onde reside, debater questões urgentes para a comunidade local e 
denunciar todo tipo de prática ilícita no local. Em determinado dia, 
você recebe uma notícia de um rapaz com determinadas características 
físicas que tem entrado nas residências e realizado pequenos furtos 
como botijão de gás, bicicletas e outros objetos. Algumas horas depois 
de receber esta informação, antes mesmo de noticiá-la, um vídeo do 
suspeito em que ele parece confessar os crimes é enviado pelo seu 
WhatsApp. Agora você tem um material completo em mãos. Seu papel 
seria o de publicar a notícia antes que mais alguém seja prejudicado com 
a ação deste rapaz? Claro que não! É preciso checar as informações antes 
de reagir diante do impacto que qualquer texto possa causar a você. A 
reação sem a averiguação dos fatos já causou até morte de inocentes. 
Verificar a veracidade da denúncia analisar os fatos, investigar, levantar 
informações e evitar publicar dados pessoais, vídeos e fotos que não 
sejam oficiais (neste caso, apresentadas pela polícia) poderá evitar danos 
irreversíveis na sua vida e na vida das pessoas que muitas vezes se 
veem envolvidas em notícias caluniosas. Lembre-se de que a inteligência 
artificial quando mal utilizada também pode forjar a realidade.
55
• Impacto e resultados: 
Comunicar com responsabilidade e consciência;
Desenvolver a averiguação dos fatos, definindo fontes oficiais e alinhando 
práticas investigativas;
Constituir um repertório cultural que compreenda, inclusive, o 
conhecimento da prática jornalística no campo da comunicação social 
para aplicação diante da sua realidade.
Referências
CAMPOS, Maria Alice; MELO, Mario Jefferson Leite. Anões na terra dos gigantes: a 
comunicação comunitária televisiva no Brasil. Lisboa: Frenavatec, 2017.
FIGUEIREDO, Beatriz H. R. Comunicação e cultura: diálogos e tensões por trás da 
cena. Curitiba: Appris, 2016.
GONSALEZ, Alexandra. Jornalismo Comunitário. São Paulo: Contexto, 2022. 
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	Sumário
	Apresentação da disciplina 
	Fundamentos Básicos da Comunicação
	Objetivos 
	1. Fundamentos da comunicação humana 
	2. Conceito de comunicação 
	3. Filosofia da linguagem 
	4. Conclusão 
	Referências 
	Comunicação Popular e Comunitária em ambientes analógico e digital
	Objetivos 
	1. Formas para desenvolver a comunicação popular e comunitária 
	2. O conteúdo no campo da comunicação comunitária 
	3. Credibilidade na comunicação comunitária 
	4. Ética profissional e comunicação comunitária 
	Marcador 7
	Referências 
	Participação. Meios de Comunicação. Democratização da Comunicação
	Objetivos 
	1. A comunicação influencia o nosso cotidiano 
	2. Participação e comunicação comunitária 
	3. A democratização da mídia 
	4. Considerações finais 
	Referências 
	A comunicação em rede e a democratização do acesso à informação
	Objetivos
	1. Tecnologia e comunicação na vida cotidiana 
	2. Tecnologia e dependência 
	3. A vida on-line e off-line 
	4. Considerações finais 
	Referências

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